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A ENTREVISTA métodos da pesquisa sociológica Profª Flávia Motta FAED/UDESC

Entrevista sociologia

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A ENTREVISTA

métodos da pesquisa sociológica

Profª Flávia Motta

FAED/UDESC

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a entrevista

Aproximei-me de carro. À porta a senhora esperava-me...— Tenho estado a pensar no que me vai perguntar! Espero

saber responder!— Com certeza que sabe! — respondo eu.— Ainda preocupada, a senhora afirma:— No que estiver ao meu alcance!— Vai ver, é apenas da sua vida que se trata... nada mais!Então faça-me perguntas!Mas, lançada a primeira, a conversa desfiou como quem

abre a comporta de um dique... [Diário de bordo, 7-8-98.]872Piedade Lalanda

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224154176E1jDU8rb4Nc15SI4.pdf

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metodologias e técnicas de pesquisa social

A entrevista é um dos métodos clássicos empregados na pesquisa social.

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A Antropologia, a Sociologia e a História, por exemplo, desenvolveram uma série de metodologias de pesquisa cujo objetivo é investigar a realidade social.

A entrevista tem importância fundamental e pode ser considerada uma das mais importantes técnicas de pesquisa social.

educacao.uol.com.br/planos-de-aula/medio/sociologia-metodologia-de-pesquisa-social-a-entrevista.htm

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entrevista

Já vimos no curso de Antropologia a importância da entrevista para a pesquisa nesta área, e receberam algumas orientações sobre o uso da entrevista na pesquisa de campo. Naquela ocasião a turma teve já suas primeiras experiências de entrevista.

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Entrevista como instrumento da pesquisa sociológica

Assim como vimos na Antropologia, em Sociologia, para se realizar uma pesquisa, é necessário encontrar uma estratégia de investigação através de técnicas e métodos científicos. Uma das técnicas que melhor auxilia o investigador a obter informação mais pormenorizada e fiel é a entrevista. A entrevista constitui uma técnica que pode ir do breve contato formal, a uma entrevista longa e relativamente vaga, na qual o investigador permite ao entrevistado desenvolver pontos à sua vontade ou sugerir outros que deseja considerar.

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A entrevista é um processo social com certo grau de complexidade:

a) o pesquisador precisa ter informações prévias sobre o tema da entrevista e ter bem claro seus objetivos e o que ele quer com cada uma das entrevistas que pretende realizar

educacao.uol.com.br/planos-de-aula/medio/sociologia-metodologia-de-pesquisa-social-a-entrevista.htm

b) as informações que deseja obter devem ser compreensíveis para os entrevistados; ou seja, as perguntas contidas no questionário/roteiro devem respeitar as condições cognitivas (grau de consciência e conhecimento) dos indivíduos que estão sendo entrevistados;

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entrevista

c) o pesquisador deve se assegurar de que o entrevistado está em condições de fornecer as informações requeridas; ou seja, o entrevistador deve esperar o momento mais oportuno e propício para o entrevistado responder aos questionamentos.

d) o pesquisador deve estar motivado para a realização do trabalho de campo, de modo que a aplicação dos questionários e a abordagem dos entrevistados sejam feitas com educação, respeito e empatia.

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A investigação sociológica se vale de técnicas qualitativas baseadas na relação aprofundada

com um pequeno número de atores sociais

Existem várias modalidades de

entrevista. A história de vida, a biografia, a

entrevista em profundidade, são exemplo disso e

representam instrumentos de

obtenção de dados para a investigação sociológica.

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Entrevista, subjetividade e objetividade científica

O contato direto do sociólogo com os atores não anula o distanciamento que a ciência exige. Antes transforma a recolha de informação numa experiência que «humaniza» a própria investigação, ou seja, proporciona ao investigador a possibilidade de «ver por dentro», tomando uma dupla posição de observação: a de investigador e a do próprio actor.Piedade Lalanda http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224154176E1jDU8rb4Nc15SI4.pdf

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Entrevista como experiência que «humaniza» a própria investigação

Entenda-se humanização no sentido em que introduz o contato direto com o objeto de estudo, introduz a subjetividade dos atores e o contato face a face do investigador com a humanidade desses atores em contextos concretos de interação.

Piedade Lalanda

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Entrevista: resulta de uma relação

— Sente-se, esteja à vontade...não sei se quer ficar aqui, na cozinha?

— Por mim, tudo bem!

— Mas, se quiser, podemos ir para a sala!

— Não é necessário, estamos muito bem aqui e assim podemos conversar à volta da mesa. Já agora, a sua cozinha é muito bonita, tem muita luz!... [Diário de bordo, 8-8-98.]

— Desculpe lá a pequenez, mas é o único sítio que eu tenho para receber as pessoas. [Diário de bordo, 28-7-98

Piedade Lalanda http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224154176E1jDU8rb4Nc15SI4.pdf.

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locus + empatia

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Entrevista: uma relação

A relação do sociólogo com o entrevistado deverá transformar-se, durante a entrevista, numa relação de confiança, o que pressupõe uma certa familiaridade com a população em estudo.

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Entrevista: relação O entrevistado deve sentir-se à

vontade e ser levado a ocupar lugar central durante a entrevista. Daí que seja ele a tomar em muitos momentos a iniciativa do discurso. O entrevistador deve evitar condicionar as respostas pelas próprias perguntas que faz. Este risco existe sobretudo quando se parte para o trabalho de campo com um esquema teórico explicativo predefinido e demasiado elaborado. Ou ainda um roteiro de entrevista muito fechado com questões muito diretivas.

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Entrevista: cada um tem seu estilo Podemos ir a campo

sozinhos ou em grupo, assim como podemos fazer entrevistas individuais ou com grupos de pessoas. Cada pesquisador desenvolve seu próprio estilo e faz uso de diferentes recursos e métodos de apoio: bloco de notas, equipamento de gravação/ fotográfico e/ou o mantenimento de um diário de campo.

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Entrevista e performance:a fala é acompanhada de gestos, emoções, movimentos, objetos... Dona J., 65, costumava me falar longamente sobre seus

problemas de saúde. Um dia, ela pegou o centro de mesa, um enorme morango de louça, colocou-o em

minha frente e disse: “olha, meu coração é isso aqui.” De tão doente, seu coração podia muito bem ser

representado por aquele enorme morango vermelho. Simbolizava também a viuvez recente (um mês), a

perda do filho adulto inválido (há 2 anos) e todas as dores de um coração de mãe de 17 filhos. Dona J. nesse

dia me fez ver o tamanho de sua dor.(Flávia Motta. Sonoro Silêncio: Por uma história social do aborto)

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Entrevista e diário de campo Diferente do que

aprendemos em Antropologia, nem todos os pesquisadores mantêm um diário de campo concomitante à realização das entrevistas. O diário nos ajuda a registrar aquilo que está fora do roteiro de entrevista, aquilo que o gravador não capta e tende a se perder em nossa memória ao longo do trabalho de campo.

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Entrevista e diário de campo

Em dado momento da entrevista, ela olha para a grande folha de papel quadriculado com a genealogia que estou fazendo com os dados que ela me fornece

e comenta “depois tu entendes mesmo isso?”. Eu olho a renda dela, cujos bilros ela acabara de soltar e digo “acho que o seu é mais complicado que o meu”.

Rimos e nos olhamos nos olhos, subitamente antropóloga uma da outra, subitamente informante uma para a outra - cada uma com a sua tramóia.

Flávia Motta diário de campo (21 de setembro de 1999)

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TIPOS DE ENTREVISTA

• Entrevista Estruturada

• Entrevista Semi- Estruturada

• Entrevista não Estruturada

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TIPOS DE ENTREVISTAEntrevista não Estruturada

Nas entrevistas não-estruturadas, o entrevistador segue o informante, mas faz perguntas ocasionais para ajustar o foco ou para clarificar aspectos importantes. O pesquisador tem geralmente um guia com os tópicos a serem cobertos na entrevista, mas não tem uma ordem para perguntar sobre estes tópicos.

Entrevista Estruturada

As perguntas estão claramente definidas. Nas entrevistas estruturadas, o entrevistador quer ter certeza que ele faz as mesmas perguntas para cada informante.

Entrevista Semi- Estruturada

As entrevistas semi-estruturadas, contém sugestões de perguntas e dicas a serem usados pelo pesquisador para garantir que todos os tópicos de interesse serão abordados.

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Uma entrevista corresponde sempre a uma versão de uma história

Estamos perante uma construção seletiva baseada na memória e nas representações. Por outro lado, a entrevista é conduzida segundo os objetivos definidos pela própria investigação. Não se trata, por isso, de ouvir um qualquer relato ou uma história sem estrutura de sentido, mas de ouvir falar a realidade segundo um traçado que lhe é proposto e em relação ao qual o entrevistado se cola ou se desvia.

Cabe depois, ao sociólogo, explicar esses discursos, decodificar-lhes o sentido, interpretá-los, aproximando a definição inicial do seu objeto com o real encontrado

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FICA O QUE SIGNIFICA

Memória é reelaboração.

Investigar a memória é interpretar os

sentidos dados hoje

a eventos e experiências passadas.

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Coisas que nos fazem lembrar...

A memória tem bases

materiais:

um prédio

as pedras na calçada

um móvel

um objeto

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Fontes bibliográficasEsta aula foi construída com excertos de textos de vários autores eventualmente

refraseados ou acrescido de comentários e complementações.Aspas e outros rigores acadêmicos foram evitados para não pesar sobre o fluxo da

aula com excesso de informações e sinalizações. Abaixo e nos próximos slides estão as referências de impressos, e endereços de sites e imagens usados.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade - lembranças de velhos. 3ed. São Paulo: Cia das Letras, 1994. 484p.; 23 cm.

Meihy, José Carlos Sebe B.; Holanda, Fabíola. História oral, como fazer, como pensar. Editora Contexto, 2007.

Minayo, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade, Editora Vozes, 1996.

THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo, Editora Polis, 1980.

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Fontes/ web

educacao.uol.com.br/planos-de-aula/medio/sociologia-metodologia-de-pesquisa-social-a-entrevista.htm

http://www.esds1.pt/site1514/index.php?option=com_content&view=article&id=75:principais-estrategias-de-investigacao-em-sociologia&catid=43:sociedade&Itemid=71

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224154176E1jDU8rb4Nc15SI4.pdf

http://www.ufpa.br/cdesouza/teaching/topes/3-interviews.pdf

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Imagens

https://www.google.com.br/search?q=entrevista&hl=pt-BR&client=firefox-a&hs=11h&rls=org.mozilla:en-US:official&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=HcZlUYO7Hqbe0QGE3oCQCg&ved=0CAoQ_AUoAQ&biw=1250&bih=554#imgrc=OrFU5h_xxG60yM%3A%3BEDAuPIfdhCk8-M%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.pananananananapanananananana.blogger.com.br%252Fentrevista.gif%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.pananananananapanananananana.blogger.com.br%252F2006_07_01_archive.html%3B200%3B168

http://bievufrgs.blogspot.com.br/2010/05/narradores-urbanos-ruben-oliven.html

www.upupi.com.br

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132001000100007&script=sci_arttextSchapera em campo

http://bievufrgs.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822010000200009

http://fernandajimenez.com/2013/01/14/o-homem-que-queria-eliminar-a-memoria/