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Tema: A Necessidade de se voltar para Deus Texto base: Sl 8.4 “Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?” Introdução: “Pensar o homem no contexto da pós-modernidade, quinhentos anos após a Renascença e o Humanismo pré-iluminista é uma tarefa de deveras complexa, mesmo por que o homem que chegou ao âmago do século XX e inaugurou o novo milênio, não mais pode ser conceituado pela tricotomia Corpo-Alma-Espírito, nem mesmo pela dicotomia material-espiritual. Desde o advento do cientificismo, o Fenômeno Humano, como diz Chardin, vem enfrentado uma crise antropológica de gigantesca proporção, ao ponto de se afirmar que "não há essência humana alguma no homem, por que ninguém nasce homem, faz-se homem". Segundo Bernadette Abraão, Sartre afirmava que "o homem nada é enquanto não fizer de si alguma coisa” 1. O que é o Homem no conceito Psico-filosófico Na Psicologia: Sigmund Freud (1856-1939), identifica um sistema ternário inerente à condição psíquica humana: origem, sexo e morte. Eros e Tánatos: pulsão de libido (ação) e de morte (não- ação, repouso). Órfão, numa cega e desesperada curiosidade genealógica é homoreligious, em sua eterna busca pelas origens, pelo Pai, à procura do Criador. Na Filosofia: Aristóteles define o homem como sendo Zoopolitiken. Aqui, entendemos o animal político como sendo um Ser de “acordos”. Não necessariamente justos, como bem o queria o filósofo grego Platão, quando enaltecia a simetria, harmonia e eqüidade, enfim, a Justiça. Paul Tilich define o ser humano como visto pelo viés de um sujeito Plurifacetado em vista de ser uma unidade e uma pluralidade simultaneamente, O ser humano é uma unidade e uma totalidade. 2. O que é o Homem na visão bíblico-teológica A Bíblia ensina que o homem ocupa um lugar central de importância na revelação geral de Deus através da Sua Palavra. À doutrina do homem segue-se imediatamente a doutrina de Deus i) A Imagem de Deus Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou” (Gn 1.27) Quando falamos que Deus fez o homem à sua própria imagem significa que esse é uma mente Racional. Muitos animais correm mais rapidamente que o homem, muitos são mais fortes, e alguns podem até voar, mas nenhum pode entender silogismos dedutivos ou resolver equações matemáticas. Berkhof afirma que, quando Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. na narrativa da criação, a criação do homem sobressai como uma coisa distintamente característica e superior à toda a criação

Esboço homem

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Page 1: Esboço homem

Tema: A Necessidade de se voltar para Deus

Texto base: Sl 8.4 “Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para

que o visites?”

Introdução:

“Pensar o homem no contexto da pós-modernidade, quinhentos anos após a Renascença e o

Humanismo pré-iluminista é uma tarefa de deveras complexa, mesmo por que o homem que

chegou ao âmago do século XX e inaugurou o novo milênio, não mais pode ser conceituado

pela tricotomia Corpo-Alma-Espírito, nem mesmo pela dicotomia material-espiritual. Desde o

advento do cientificismo, o Fenômeno Humano, como diz Chardin, vem enfrentado uma crise

antropológica de gigantesca proporção, ao ponto de se afirmar que "não há essência humana

alguma no homem, por que ninguém nasce homem, faz-se homem". Segundo Bernadette

Abraão, Sartre afirmava que "o homem nada é enquanto não fizer de si alguma coisa”

1. O que é o Homem no conceito Psico-filosófico

Na Psicologia: Sigmund Freud (1856-1939), identifica um sistema ternário inerente à condição

psíquica humana: origem, sexo e morte. Eros e Tánatos: pulsão de libido (ação) e de morte (não-

ação, repouso). Órfão, numa cega e desesperada curiosidade genealógica é homoreligious, em

sua eterna busca pelas origens, pelo Pai, à procura do Criador.

Na Filosofia: Aristóteles define o homem como sendo Zoopolitiken. Aqui, entendemos o

animal político como sendo um Ser de “acordos”. Não necessariamente justos, como bem o

queria o filósofo grego Platão, quando enaltecia a simetria, harmonia e eqüidade, enfim, a

Justiça.

Paul Tilich define o ser humano como visto pelo viés de um sujeito Plurifacetado em vista de

ser uma unidade e uma pluralidade simultaneamente, O ser humano é uma unidade e uma

totalidade.

2. O que é o Homem na visão bíblico-teológica

A Bíblia ensina que o homem ocupa um lugar central de importância na revelação geral de Deus

através da Sua Palavra. À doutrina do homem segue-se imediatamente a doutrina de Deus

i) A Imagem de Deus “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o

criou” (Gn 1.27)

Quando falamos que Deus fez o homem à sua própria imagem significa que esse é uma mente

Racional. Muitos animais correm mais rapidamente que o homem, muitos são mais fortes, e

alguns podem até voar, mas nenhum pode entender silogismos dedutivos ou resolver equações

matemáticas. Berkhof afirma que, quando Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem,

conforme a nossa semelhança”. na narrativa da criação, a criação do homem sobressai como

uma coisa distintamente característica e superior à toda a criação

Page 2: Esboço homem

Principais modelos da Imagem de Deus

Ponto de vista da filosofia

Alienada da revelação bíblica, mas impulsionada por um sentimento de vazio

interior, insegurança, incerteza quanto ao futuro e medo da realidade pós-morte, a

humanidade sempre trilhou pelas veredas do pensamento filosófico na busca de

respostas sobre a origem do homem e sua concepção plena. O homem no contexto

histórico pode ter passado pelo menos por quatro períodos na busca de si mesmo.

Período Mitológico

Na narração mitológica o homem veio ao mundo como um titã (semideus) sem

consciência da infinitude da vida. Quando ele recebeu (de Prometeu) o fogo da

consciência roubado (de Zeus), se tornou uma ameaça aos deuses (do Olimpo). Os

deuses para se vingarem criaram (Pandora) a primeira mulher. Trazendo em sua

caixa toda sorte de males para a procriação do homem até o tempo determinado por

(Cronos).

Período Clássico

Os poetas e contadores de história (Homero, Heródoto, Hesíodo) aceitam a finitude

humana, mas, tentam garantir a sua imortalidade pelos seus feitos históricos. Foi o

período em que o homem saiu da praxe-(ação) e começa a explorar o lexo-(fala), o

(discurso). O homem deixa de ser titã para ser bio individual se distinguindo da

natureza que se renova como ciclo vital.

Período Moderno

É o período da subjetividade que tira o universo como centro da ciência e coloca o

homem. Neste período os construtores do universo Copérnico, Galileu século XVI,

XVII, deixam de ser importantes para dar lugar ao homem. O período das luzes do

século XVIII (Iluminismo Intelectual) foi de grandes revoluções sociais, políticas,

quebra de regimes, absolutistas e religiosos.

Período das Feridas Narcísicas

Já o século XIX recebe o homem- autônomo, livre, mas, sofrendo as dores da celeuma provocada pelas revoluções históricas. Os cinco baques sofridos pela humanidade nos anais

de sua historia ocorreram quando:

O homem não era mais um titã - (biopsíquico e mortal).

O homem não era mais senhor de universo (o Sol) (Copérnico – Kepler – Galileu). O homem não era mais senhor de si mesmo (o Inconsciente) Freud.

O homem não era mais o senhor da história (o Capital) Marx.

O homem não era mais o centro da natureza (Evolução) Darwin.

Os Pais da Igreja

Os primeiros pais da Igreja concordavam plenamente que a imagem de Deus no homem

consistia primordialmente das características racionais e morais do homem, e em sua capacidade

para a santidade; mas alguns se inclinavam a incluir também as características corporais. Irineu

e Tertuliano traçaram uma distinção entre a imagem e a semelhança de Deus, vendo a primeira

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nas características corporais e a última na natureza espiritual do homem. Outros, porém, como

Clemente de Alexandria e Orígenes, rejeitaram a ideia de qualquer analogia corporal e

sustentavam que a palavra “imagem” indica as características do homem como tal, e a palavra

“semelhança”,

Para Emil Brunner e Karl Barth

Nossa compreensão da imagem é obtida da revelação divina; A imagem diz respeito ao relacionamento que a pessoa tem com Deus; é algo que a pessoa

experimenta. Portanto, ela é dinâmica e não estática;

A relação do homem com Deus, que constitui a imagem de Deus, é comparada na relação entre

os humanos; A imagem de Deus é universal. Está presente na humanidade pecadora.

Haverá sempre um relacionamento positivo ou negativo;

Não se pode nem é necessário concluir qual o requisito espiritual para que haja relacionamento com Deus;

Para Brunner e Barth a Imagem de Deus não é uma entidade que possuímos,

mas uma experiência que está presente quando um relacionamento está em atividade”.

ii) Coroa da criação de Deus (Gn 1:26) “E disse Deus: Façamos o homem à nossa

imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre

as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se

move sobre a terra”

iii) Criado para Reinar e dominar sobre os outros (Gn 1:26) “E disse Deus:

Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre

os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e

sobre todo o réptil que se move sobre a terra”

iv) Criado para Louvor da Glória de Deus (1ª CO 10.31-33) “Portanto, quer comais

quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Não

vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus;

assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu

próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos. Isto serve para todo ser

que respira deve louvar a Deus. Os animais através de suas vozes, a plantas pelas

suas flores e frutos que alimentam os animais e lhes dão vida alimentada. Se os

animais e árvores glorificam a Deus, o que deverá então fazer o homem que foi

criado segundo a sua imagem e semelhança?”

3) O Homem Pecador (Rm 3:23) “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória

de Deus;” (Rm 3:20) “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras

da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.”

Quando Adão caiu em pecado, toda a humanidade caiu com ele: “... o pecado entrou no mundo

por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens... uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens...” (Rm 5.12,18).

Adão representou a raça humana no Éden como um “cabeça federal” e não como um “cabeça

orgânico”. Toda a humanidade está condenada por seu pecado, não por causa de relação física com ele.Portanto, toda pessoa concebida após Adão está condenada pela culpa herdada mesmo

antes do indivíduo ter uma oportunidade de cometer quaisquer pecados pessoais.

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4) Os efeitos do pecado original (Rm 7:18) “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha

carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-

lo”.

Depravação total

A morte espiritual Havendo pecado, ele foi condenado a retornar ao pó do qual

fora tomado, (Gn 3.19). Diz-nos Paulo que por um homem a morte entrou no

mundo e passou a todos os homens, (Rm 5.12), e que o salário do pecado é a morte,

(Rm 6.23).

Morte física

Sofrimentos da vida

5) A Redenção em Jesus Cristo (At 4:12) “E em nenhum outro há salvação, porque

também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual

devamos ser salvos”

Ele é Penhor ou Fiador (Hb 7.22) “por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de

superior aliança.”

Conclusão

Cristo, nosso modelo Ideal

A plenitude da revelação da imagem de Deus está em Jesus, uma humanidade imaculada: “porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude” (Cl 1:19). Paulo, o apóstolo, na

carta aos crentes em Roma asseverou: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os

predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8:28). O estandarte do

ministério cristão deve proclamar que Deus “fará” com que estes se tornem parecidos com seu Filho Jesus.

Um relacionamento correto e pleno com Deus permite, também, o experimentar da plena

humanidade. Existe, portanto, lugar para o humanismo na teologia do ministério cristão, que propõe um relacionamento correto com Deus.

A importância da reiteração da doutrina da Imagem de Deus homem no período pós-queda é extremamente relevante como explica Erickson: “A Imagem de Deus é universal em toda a raça

humana”; “A Imagem de Deus não se perdeu em conseqüência do pecado ou, especificamente,

da queda. Neste caso, a Imagem de Deus não é algo acidental ou externo à natureza humana. É

algo inseparavelmente ligado à humanidade”; “Não há indicação que a Imagem de Deus esteja mais presente em maior grau numa pessoa que em outra. Dotes naturais superiores, tais como

inteligência elevada, não são provas da presença ou graduação da Imagem”;