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GABARITO

1. C 2. E 3. E 4. D

5. A 6. A 7. E 8. E

9. B 10. D 11. B 12. D

13. D 14. C 15. A 16. A

17. C 18. E 19. C 20. A

21. D 22. D 23. E 24. E

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RESOLUÇÃO

Para responder às questões de números 1 a 6, considere o texto abaixo.

O preço foi uma das mais revolucionárias criações de todos os tempos. Invenção sem dono. Melhor seria chamá-la de uma evolução darwinista, resultado de milhares de anos de adaptação do ser humano à vida em sociedade: sobreviveu a maneira mais eficiente que o homem encontrou para alocar recursos escassos, no enunciado da definição clássica da ciência econômica.

Diariamente tomamos decisões (comprar uma gravata, vender um apartamento, demitir um funcionário, poupar para uma viagem, ter um filho, derrubar ou plantar uma árvore), ponderando custos e benefícios. É a soma dessas ações, feitas no âmbito pessoal, que regula o custo e a disponibilidade de gravatas, apartamentos, funcionários, viagens, filhos ou mesmo árvores.

Como diz o jornalista americano Eduardo Porter em O preço de todas as coisas, "toda escolha que fazemos é moldada pelo preço das opções que se apresentam diante de nós, pesadas em relação a seus benefícios". As consequências dessa atitude, mostra Porter, nem sempre são óbvias. Até as formas femininas estão submetidas a uma virtual bolsa de valores, e o que se apresenta como grátis também tem seu preço – sem falar que a dinâmica da fixação de preços pode falhar miseravelmente, como comprovam as bolhas financeiras.

(Giuliano Guandalini. Veja, 3 de agosto de 2011, com adaptações) 1. De acordo com o texto, o preço de todas as coisas é estabelecido (A) pelo valor das escolhas pessoais, apesar das regras da economia clássica existentes na sociedade de consumo. (B) por sua situação no mercado consumidor, que determina custos menores em função do aumento da oferta. (C) por economistas que se especializam em avaliar os objetos de consumo mais procurados pelas pessoas. (D) pelo acordo possível entre pessoas que desejam comprar e aquelas que precisam desfazer-se de seus bens. (E) pela relação que as pessoas fazem habitualmente entre custo e benefício quando tomam suas decisões. 2. A ideia contida no 2º parágrafo é (A) o cálculo do preço de qualquer produto pode basear-se não somente em aspectos objetivos como também em elementos subjetivos. (B) todas as escolhas feitas determinam um preço real, calculado pelos envolvidos nos negócios, a partir da importância de cada uma dessas escolhas. (C) as decisões de comprar ou vender algo são rotineiras em uma sociedade de consumo, fato que dá origem a um cálculo do valor dos produtos. (D) os benefícios resultantes da fixação de preços adequados para as diferentes decisões tomadas individualmente atingem todo o grupo social. (E) as pessoas geralmente tendem a optar por escolhas cujo preço esteja de acordo com as possibilidades de realização daquilo que pretendem obter.

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3. Invenção sem dono. (1º parágrafo). A afirmativa acima se justifica pelo fato de que (A) as condições que regulavam as trocas comerciais na antiguidade não permitiam estabelecer valores adequados para os objetos em circulação. (B) a história da humanidade não tem registros a respeito do primeiro grupo social que estabeleceu preços para todas as coisas. (C) o preço das coisas sofreu evolução resultante da necessidade de acomodação do homem às condições da vida em sociedade. (D) os formuladores das doutrinas econômicas que atualmente vigoram no mercado não se preocuparam em identificar os idealizadores da fixação de preços. (E) os poucos recursos à disposição do homem primitivo impediam que houvesse qualquer espécie de transação comercial, o que impossibilitava a fixação de preços. 4. Evidencia-se uma opinião pessoal do autor e não simplesmente um fato no segmento (A) ... uma evolução darwinista, resultado de milhares de anos de adaptação do ser humano à vida em sociedade (B) O preço foi uma das mais revolucionárias criações de todos os tempos. (C) ... que o homem encontrou para alocar recursos escassos, no enunciado da definição clássica da ciência econômica. (D) É a soma dessas ações [...] que regula o custo e a disponibilidade de gravatas ... (E) As consequências dessa atitude, mostra Porter, nem sempre são óbvias. 5. ...sem falar que a dinâmica da fixação de preços pode falhar miseravelmente, como comprovam as bolhas financeiras. O segmento grifado acima constitui, no contexto, (A) comentário crítico do autor do texto à obra do jornalista americano citado. (B) exemplo para realçar o equilíbrio nos preços de todas as coisas nas relações de compra e venda. (C) argumento que confirma a possibilidade de erros de avaliação no estabelecimento de preços. (D) referência a uma situação que contribui para o desenvolvimento da economia. (E) demonstração da eficácia das teorias econômicas no controle de preços. 6. (comprar uma gravata, vender um apartamento, demitir um funcionário, poupar para uma viagem, ter um filho, derrubar ou plantar uma árvore). O segmento entre parênteses constitui (A) transcrição de um diálogo, que altera o foco principal do que vem sendo exposto. (B) constatação de situações habituais, com o mesmo valor de mercado, vivenciadas pelas pessoas. (C) reprodução exata das palavras do jornalista americano citado no texto, referentes à rotina diária das pessoas. (D) interrupção intencional do desenvolvimento das ideias, para acrescentar informações alheias ao assunto abordado. (E) sequência explicativa, que enumera as eventuais decisões que podem ser tomadas diariamente pelas pessoas.

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Para responder às questões de números 7 a 10, considere os Textos I e II abaixo. Texto I Entre outras, constam no Dicionário Houaiss as seguintes definições a respeito do verbo vender:

transferir (bens ou mercadorias) para outrem em troca de dinheiro; praticar o comércio de; comerciar com; negociar; convencer (alguém) a aceitar (alguma coisa); persuadir (alguém) das boas qualidades de

(uma ideia, um projeto etc.); trabalhar como vendedor; ser facilmente vendável; ter boa aceitação de consumo. [...]

Texto II

Também são determinantes no discurso persuasivo a afirmação e a repetição. A propaganda não pode dar margem a dúvidas; a meta é aconselhar o destinatário e conquistar a sua adesão. Daí as frases afirmativas e o uso do imperativo na peroração ("abra sua conta", "ligue já"). A repetição objetiva minar a opinião contrária do receptor por meio da reiteração. É possível encontrá-la não apenas na construção frasal, sobretudo nos slogans que são insistentemente repetidos (quer na forma verbal quer na escrita) junto à marca do produto, mas também nas diversas inserções da peça publicitária nos veículos conforme seu plano de mídia. Não por acaso, o termo propaganda [...] originou-se do verbo propagare, "técnica do jardineiro de cravar no solo os rebentos novos das plantas a fim de reproduzir novas plantas que depois passarão a ter vida própria" – uma ação, portanto, nitidamente repetitiva.

(Carrascoza, João A. A evolução do texto publicitário. São Paulo: Futura, 1999, p. 44 e 45)

7. Tomando-se como referência o que consta nos dois textos, a afirmativa correta é (A) O Texto I pode ser corretamente entendido como uma espécie de resumo do assunto que é desenvolvido no Texto II. (B) O desenvolvimento do Texto II está desvinculado do que consta do dicionário em relação aos sentidos do verbo vender. (C) O conteúdo do Texto I apresenta sentido de oposição ao que se lê no Texto II. (D) O sentido principal do Texto I está no verbo vender, enquanto o do Texto II está no verbo propagar, verbos que não podem ser empregados como sinônimos. (E) A ideia central do Texto II aparece explicitada em um dos possíveis significados do verbo vender, transcritos no Texto I. 8. Com base no Texto II, conclui-se que o sentido de propaganda está corretamente expresso em (A) repetição de uma única ideia até que o público a quem se dirige a mensagem se canse de ouvir sempre as mesmas frases. (B) serviços oferecidos por um vendedor, ao criar novas ideias em um mercado já estabilizado e conhecido. (C) imitação por vendedores de um fenômeno da natureza, o de espalhar ideias como se faz a reprodução de plantas.

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(D) difusão de mensagens convincentes e repetitivas, faladas ou escritas, nos meios de comunicação, visando ao consumo de um produto. (E) insistência voltada para os benefícios trazidos pelo consumo, seja de produtos naturais, seja de objetos criados pelo homem. 9. ...a meta é aconselhar o destinatário e conquistar a sua adesão. (Texto II). Entre os verbos que constam como sinônimos de vender no Texto I, o sentido mais próximo do segmento destacado acima é (A) transferir (bens ou mercadorias) para outrem em troca de dinheiro. (B) persuadir (alguém) das boas qualidades de (uma ideia, um projeto etc). (C) praticar o comércio de. (D) ser facilmente vendável. (E) trabalhar como vendedor. 10. “técnica do jardineiro de cravar no solo os rebentos novos das plantas a fim de reproduzir novas plantas que depois passarão a ter vida própria.” (Texto II) O segmento transcrito acima (A) esclarece o sentido exato do antigo verbo propagare. (B) contém a ideia principal de todo o parágrafo em que ele se encontra. (C) confirma a informação de que não pode haver dúvida na propaganda. (D) traz a informação de que jardineiros também são propagandistas de ideias. (E) diferencia o trabalho manual daquele que envolve a divulgação de ideias. Para responder às questões de números 11 a 15, considere o texto abaixo.

Depois de passar quase 200 mil anos vivendo em pequenos grupos nômades, os seres humanos (ou alguns deles, pelo menos) resolveram que era hora de assentar, criando vilas e cidades. A questão é: por quê?

Durante muito tempo, a resposta-padrão foi simples: por causa da invenção da agricultura. Ao descobrir maneiras de produzir alimentos em grande escala, certos povos que viveram a partir de uns 10 mil anos atrás desencadearam uma explosão populacional que foi resolvida com outra invenção, a da vida urbana. Acontece que a sequência verdadeira pode ser exatamente a oposta, indicam dados arqueológicos que se acumularam nos últimos anos.

Ao menos no Crescente Fértil – a região que engloba países como Iraque, Israel, Turquia e Síria, considerada o berço da civilização ocidental –, as pessoas parecem ter primeiro se juntado em assentamentos densos e só depois – em parte como consequência da aglomeração – ter desenvolvido o cultivo de plantas e a criação de animais. E o processo parece ter começado muito antes do momento em que a agricultura propriamente dita entra em cena.

Restos de plantas aparecem em sítios arqueológicos com indícios de população cada vez maior. O número de espécies vegetais usadas se reduz, mas essas plantas continuam com suas características selvagens, o que indica que estavam apenas sendo coletadas mais intensivamente. Da mesma maneira a caça consumida por esses grupos sedentários fica menos diversificada, concentrando-se em poucas espécies que se reproduzem rápido, como lebres, raposas e aves. E só quando o uso dos recursos selvagens chega ao limite, sinais claros de vegetais cultivados aparecem.

(Reinaldo José Lopes. Folha de S. Paulo, Ciência, C15, 15 de abril de 2012, com adaptações)

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11. A afirmativa que resume corretamente o desenvolvimento do texto é (A) alguns povos primitivos descobriram técnicas de reprodução rápida de diversas espécies animais. (B) o cultivo de alimentos permitiu o assentamento de seres humanos em vilas bastante povoadas. (C) a agricultura acelerou a evolução da espécie humana em núcleos densamente habitados. (D) pesquisas arqueológicas indicam que a vida urbana pode ter surgido bem antes da agricultura. (E) dados arqueológicos revelam cultivo intenso de vegetais em núcleos de habitação bastante primitivos. 12. (ou alguns deles, pelo menos) (1º parágrafo). Considerando-se o contexto, a observação transcrita acima (A) sugere que a explosão populacional da antiguidade foi a consequência imediata da invenção da vida urbana. (B) confirma a hipótese de que a resposta para o assentamento urbano está na invenção da agricultura. (C) assinala que a descoberta de maneiras de produzir alimentos em larga escala extinguiu os pequenos grupos nômades. (D) restringe a afirmativa de que os seres humanos resolveram que era hora de assentar, criando vilas e cidades. (E) indica que as primeiras cidades surgiram há muito tempo no Crescente Fértil [...], berço da civilização ocidental. 13. Da mesma maneira a caça consumida por esses grupos sedentários fica menos diversificada, concentrando-se em poucas espécies que se reproduzem rápido ... (último parágrafo) A partir do segmento grifado na frase acima, é correto afirmar que (A) alguns povos primitivos se alimentavam unicamente da caça aos pequenos animais criados nos assentamentos. (B) somente animais domesticados podiam servir de alimento para as pessoas que viviam em assentamentos. (C) um grande número de pessoas em núcleos bastante povoados levava à necessária oferta de alimentos. (D) a reprodução de animais era sinal da prosperidade dos grupos que passaram a viver em comunidades primitivas. (E) o número de espécies animais criadas pelo homem primitivo nos primeiros assentamentos era grande e diversificado. 14. Há no texto informação clara de que (A) as cidades da região mais civilizada da antiguidade serviram de modelo para as sociedades que se espalharam por todo o mundo conhecido nessa época. (B) o homem que vivia em núcleos urbanos somente passou a cultivar vegetais depois que se reduziu a oferta de recursos naturais, que eram até então coletados. (C) a produção de alimentos foi responsável pela explosão populacional em uma região que, por sua localização, facilitou o surgimento das primeiras cidades bem organizadas.

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(D) a maior dificuldade existente nos assentamentos urbanos mais antigos se concentrava na área de cultivo de alimentos, em função do grande número de habitantes. (E) é extremamente difícil encontrar dados arqueológicos que tragam respostas para explicar o modo de vida do homem primitivo nos aglomerados urbanos. 15. Ao descobrir maneiras de produzir alimentos em grande escala, certos povos que viveram a partir de uns 10 mil anos atrás desencadearam uma explosão populacional que foi resolvida com outra invenção, a da vida urbana. Outra redação para a frase acima, em que se mantêm a correção, a clareza e, em linhas gerais, o sentido, está em (A) Há mais ou menos 10 mil anos, a descoberta da produção de alimentos para um grande número de pessoas permitiu o crescimento da população e, em consequência, os aglomerados urbanos. (B) O vertiginoso aumento da população, onde se criou os assentamentos urbanos, com a produção de alimentos para o grande número de pessoas que ali viviam, há 10 mil anos. (C) Com a descoberta dos alimentos e o que podia ser cultivado para manter um grande número de seres humanos nos assentamentos, criou-se as condições da vida urbana, em época primitiva. (D) Foi uns povos primitivos, de 10 mil anos atrás, que descobriram como cultivar alimentos, destinados para as pessoas que explodiram a população da vida urbana, também criada. (E) Aos 10 mil anos, com a descoberta de como ter alimentos cultivados para a explosão do número das pessoas vivendo em núcleos de vida urbana, permitindo sua alimentação.

GABARITO

1. E 2. A 3. C 4. B 5. C

6. E 7. E 8. D 9. B 10.A

11. D 12. D 13. C 14. B 15. A

Resolução 1: "toda escolha que fazemos é moldada pelo preço das opções que se apresentam diante de nós, pesadas em relação a seus benefícios". Resolução 2: (comprar uma gravata, vender um apartamento, demitir um funcionário, poupar para uma viagem, ter um filho, derrubar ou plantar uma árvore) Resolução 3: evolução darwinista, resultado de milhares de anos de adaptação do ser humano à vida em sociedade Resolução 4: uma das mais revolucionárias criações = juízo de valor. Resolução 5: fixação de preços pode falhar: exemplo = “bolhas financeiras. Resolução 6: tomamos decisões, a saber = trecho entre parênteses. Expressões explicativas são isoladas por vírgulas, travessões ou parênteses. Resolução 7: convencer (alguém) a aceitar (alguma coisa); persuadir (alguém) das boas qualidades de (uma ideia, um projeto etc.); Resolução 8: discurso persuasivo a afirmação e a repetição [...](quer na forma verbal quer na escrita) [...]aconselhar o destinatário e conquistar a sua adesão [...]veículos [...] de mídia

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Resolução 9: conquistar = fazer aderir a; atrair ao seio de, para (alguma coisa). / persuadir = mostrar a importância, a necessidade ou a conveniência de. Resolução 10: observe que o trecho, apresentado imediatamente após o verbo propagare, está isolado por vírgula – marca dos termos explicativos. Resolução 11: indicam dados arqueológicos [...]as pessoas parecem ter primeiro se juntado em assentamentos densos e só depois – em parte como consequência da aglomeração – ter desenvolvido o cultivo de plantas e a criação de animais. Resolução 12: os (= todos os) seres humanos X alguns deles (= quantidade, quantia ou medida indeterminada de algo; nem muito, nem pouco). Resolução 13: pessoas parecem ter primeiro se juntado em assentamentos densos [...] população cada vez maior = esses grupos sedentários; logo, os grupos são numerosos / espécies que se reproduzem rápido redundam em maior oferta de alimentos. Resolução 14: vida urbana. [...]O número de espécies vegetais usadas se reduz, mas essas plantas continuam com suas características selvagens, o que indica que estavam apenas sendo coletadas mais intensivamente. [...] E só quando o uso dos recursos selvagens chega ao limite, sinais claros de vegetais cultivados aparecem. Resolução 15: (B) O vertiginoso aumento da população, (onde) DEVIDO AO QUAL se (criou) CRIARAM os assentamentos urbanos, (com) PROVOCOU a produção de alimentos para o grande número de pessoas que ali viviam (,) há 10 mil anos. (C) (Com) DEVIDO À descoberta dos alimentos e (o) DO que podia ser cultivado para manter um grande número de seres humanos nos assentamentos, (criou-se) CRIARAM-SE as condições da vida urbana (,) em época primitiva. (D) (Foi uns) Povos primitivos, HÁ 10 mil anos (atrás), (que) descobriram como cultivar alimentos (,) destinados (para as) ÀS pessoas que (explodiram) COMPUNHAM ASSENTAMENTOS DENSOS / NUMEROSOS NÚCLEOS URBANOS (a população da vida urbana, também criada). (E) HÁ (Aos) 10 mil anos, (com a) DEVIDO À descoberta (de) DA MANEIRA como (ter) CONTAR COM alimentos cultivados (para) A FIM DE ATENDER AO (a explosão do) GRANDE número (das) DE pessoas (vivendo) QUE VIVIAM em núcleos (de vida urbana) URBANOS, (permitindo) PERMITIU-SE sua alimentação.

EXERCITANDO

Exame Médico

Reforçam-se as evidências da baixa qualidade de ensino em cursos de medicina do país. Esse retrato vem sendo confirmado anualmente desde 2005, quando o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) decidiu implementar uma prova de avaliação, facultativa, dos conhecimentos dos futuros médicos.

Neste ano, 56% dos formandos que prestaram o exame foram reprovados. O número já é expressivo, mas é razoável supor que a proporção de estudantes despreparados seja maior. A prova não é obrigatória, e os responsáveis por sua execução avaliam que muitos dos maus alunos boicotam o exame, frequentemente estimulados por suas faculdades.

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A prova da Ordem dos Advogados do Brasil pode fornecer um parâmetro, ainda que imperfeito. Na primeira fase do exame da OAB neste ano, o índice de reprovados na seccional paulista chegou a 88%. A vantagem do teste entre advogados está em sua obrigatoriedade. Trata-se de uma prova de habilitação, ou seja, a aprovação é indispensável para o exercício da profissão. É do interesse da sociedade, da saúde pública e de seus futuros pacientes que os alunos de medicina também sejam submetidos a uma prova de habilitação obrigatória.

O Cremesp, que defende o exame compulsório, diz, no entanto, que a aplicação de testes teóricos, aos moldes do que faz a OAB, seria insuficiente. Devido ao caráter prático da atividade médica, seria imprescindível, afirma a entidade, a realização de provas que averiguem essa capacidade entre os recém-formados. Se implementado nesses moldes, um exame obrigatório nacional cumpriria dupla função: impediria o acesso à profissão de recém-formados despreparados e, ao longo do tempo, estimularia uma melhora gradual dos cursos universitários de medicina.

(Editorial da Folha de S. Paulo, 17 de dez. de 2009, Opinião, A2) 1. Considere as afirmações abaixo sobre o editorial. I. Faz sugestivo jogo de palavras: usa a expressão Exame médico, que remete à inspeção feita no corpo de um indivíduo para chegar a um diagnóstico sobre seu estado de saúde, para referir uma prova de avaliação a ser realizada por formandos em medicina. II. Aproxima a área médica e a área do direito, acerca da avaliação dos indivíduos que desejam exercer as respectivas profissões, de modo a evidenciar o reconhecimento, em plano mundial, da fragilidade da formação desses futuros profissionais. III. Critica a imperfeição do sistema de avaliação dos formados em direito, considerando essa falha como fator que tira da prova realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil a possibilidade de ser tomada como padrão para outras áreas do conhecimento. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II. (E) II e III.

Inferno e paraíso

1. Por certo, existe o Carnaval. Mas a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha corresponde, em boa medida, a um preconceito, quando se tomam em comparação os padrões vigentes nas sociedades europeias, por exemplo. Já se a métrica for a realidade de países asiáticos, não há razão para 5.tomar como especialmente infelizes as declarações do empresário taiwanês Terry Gou, presidente da Foxconn, a respeito da operosidade dos brasileiros. O Brasil – país em que a empresa de componentes eletrônicos planeja investir uma soma bilionária para fabricar telefones e tablets –, tem grande potencial, disse Terry Gou numa entrevista à TV taiwanesa. Mas os brasileiros “não 10.trabalham tanto, pois estão num paraíso”, acrescentou o investidor.

A frase, relatada pelo correspondente da Folha em Pequim, Fabiano Maisonnave, insere-se entre outras ressalvas feitas pelo empresário quanto à possibilidade de o Brasil tornar-se fornecedor internacional de componentes eletrônicos. 15. Quaisquer que sejam os seus julgamentos sobre o Brasil, as declarações do empresário embutem um paradoxo típico da era globalizada. Refletem o clássico modelo da ética do trabalho – antes associada aos países anglo-saxônicos, agora proeminente nas economias do Oriente.

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Ocorre que, na sociedade de consumo contemporânea, a esse modelo veio sobrepor-se outro – 20.o da ética empresarial.

Nem sempre os modelos coincidem. Haja vista as frequentes denúncias a respeito de superexploração de mão de obra nas economias asiáticas, que já se voltaram, por exemplo, contra empresas de artigos esportivos e agora ganham projeção no mundo da informática. A tal ponto que a Apple, preocupada com o 25.impacto moral negativo em sua imagem, instituiu um sistema de inspeções de fornecedores para precaver-se de acusações dessa ordem. A própria Foxconn, de Terry Gou, foi objeto de severas reportagens e denúncias a respeito.

É de perguntar em que medida a globalização dos mercados – e dos 30. próprios hábitos culturais – permitirá, no futuro, a coexistência entre regimes “infernais” e “paradisíacos” nas relações de trabalho. Sob crescente pressão pública, é possível que noções como a de Terry Gou venham, aos poucos, parecer bem menos modernas do que os produtos que fabrica.

(Folha de S.Paulo. Editoriais. A2 opinião. Domingo, 26 de fevereiro de 2012. p. 2)

2. O editorialista (A) confronta a Foxconn com a Apple, com o objetivo de defender a segunda como modelo que garante, em escala global, todos os direitos do trabalhador em empresa de eletrônicos. (B) admite desconhecer os verdadeiros motivos de o taiwanês Terry Gou ter declarado que o Brasil é um país paradisíaco. (C) apresenta as razões que o fazem defender a competência do Brasil em tornar-se fornecedor internacional de componentes eletrônicos. (D) interpreta a fala de Terry Gou como expressão do específico momento histórico em que o intercâmbio econômico e cultural entre países é uma realidade. (E) analisa as implicações econômicas da falta de coerência dos empresários internacionais ao avaliarem a capacidade produtiva de um país que deseja ingressar no mercado globalizado. 3. No primeiro parágrafo, quando o autor (A) vale-se da expressão Por certo, está tornando patente que a frase constitui uma resposta ao empresário taiwanês, que supostamente pôs em dúvida essa expressão cultural brasileira, o carnaval. (B) emprega a expressão uma espécie de, está antecipando o detalhamento que fará do grupo a que pertence o Brasil em função de seus hábitos culturais. (C) refere-se ao Carnaval, está apresentando um fato que poderia, em parte, ser tomado como justificativa para a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha. (D) menciona um preconceito, está expressando seu entendimento de que a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha é um prejulgamento absolutamente inaceitável. (E) cita os padrões vigentes nas sociedades europeias, está remetendo a uma base de comparação que considera sinônimo de excelência. 4. O editorial abona o seguinte comentário: (A) Se o parâmetro de avaliação do Brasil por Terry Gou for a realidade de países asiáticos, o peso de seus comentários sobre o trabalho nesse país está por si só minimizado. (B) Considerado o ramo de componentes eletrônicos, os países asiáticos são reconhecidamente insuperáveis no que se refere a sua capacidade de trabalho e à excelência dos seus produtos.

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(C) Apesar do grande potencial que o Brasil tem de ser um líder mundial na fabricação de eletrônicos, o atual contexto da globalização não lhe é favorável, dado o especial desenvolvimento dos países do Oriente. (D) São muitas, e as mais variadas, as opiniões que empresários estrangeiros têm a respeito dos brasileiros no trabalho, mas todas coincidem no que se refere à pouca produtividade do Brasil quando comparado aos outros países. (E) A relevância da economia dos países orientais se deve a seu apego ao modelo clássico de produção e distribuição de produtos, ainda que com adaptações à realidade contemporânea. 5. Afirma-se com correção que o editorialista (A) lança dúvidas sobre o futuro do mercado globalizado, dado que os específicos hábitos culturais dos países que o integram impedem uma estrutura organizacional adequada a cada um deles. (B) lança a hipótese de que a influência coativa da população pode tornar ultrapassados regimes de trabalho que ele denomina “infernais”, como o das economias asiáticas. (C) defende a harmonia entre o produto comercializado e o regime de trabalho adotado para sua manufatura, do que decorre, necessariamente, a coexistência de distintos sistemas produtivos. (D) defende a superposição da ética do trabalho e da ética empresarial, sob a condição de que os empresários vigiem para que sua mão de obra não especializada não afete a imagem do produto. (E) mostra que o povo, informado pelos meios de comunicação, poderá monitorar a presença simultânea dos regimes ditos “infernais” e “paradisíacos”, visando à adequada adoção de cada um deles. CRÔNICAS

Pós-11/9

Li que em Nova York estão usando “dez de setembro” como adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em: “Que penteado mais dez de setembro!”. O 11/9 teria mudado o mundo tão radicalmente que tudo o que veio antes – culminando com o day before [dia anterior], o último dia das torres em pé, a última segunda-feira normal e a véspera mais véspera da História – virou preâmbulo. Obviamente, nenhuma normalidade foi tão afetada quanto o cotidiano de Nova York, que vive a psicose do que ainda pode acontecer. Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade e reorganizam suas prioridades para acomodá-las, inclusive sacrificando alguns direitos de seus cidadãos, sem falar no direito de cidadãos estrangeiros não serem bombardeados por eles.

Protestos contra a radicalíssima reação americana são vistos como irrealistas e anacrônicos, decididamente “dez de setembro”. Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem no bom sentido, não como submissão à chantagem terrorista, mas para não perder a oportunidade do novo começo, um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados Unidos com relação a Israel e os palestinos são exemplos disto. E é certo que nenhuma reunião dos países ricos será como era até 10/9, pelo menos por algum tempo. No caso dos donos do mundo, não se devem esperar exames de consciência mais profundos ou atos de contrição mais espetaculares, mas o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude.

O horror de 11/9 teve o efeito paradoxalmente contrário de me fazer acreditar mais na humanidade. A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exatamente, de quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma questão de moda, já que ninguém vai querer ser chamado de “dez de setembro” na rua.

(Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)

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6. Já se afirmou a respeito de Luis Fernando Verissimo, autor do texto aqui apresentado que "trata-se de um escritor que consegue dar seriedade ao humor e graça à gravidade, sendo ao mesmo tempo humorista inspirado e ensaísta profundo". Essa rara combinação de planos e tons distintos pode ser adequadamente ilustrada por meio destes segmentos do texto: I. Que penteado mais dez de setembro! e Os Estados Unidos descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade. II. um pouco como Deus – o primeiro autocrítico – fez depois do Dilúvio e o instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude. III. fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às nações se repensarem e não se devem esperar exames de consciência mais profundos. Em relação ao texto, atende ao enunciado dessa questão o que se transcreve em (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I e III, apenas. (E) II, apenas.

7. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em (A) significando antigo, ultrapassado (1º parágrafo): conotando nostálgico, recorrente. (B) reorganizam suas prioridades para acomodá-las (1º parágrafo): ratificam suas metas para as estabilizarem. (C) atos de contrição mais espetaculares (2º parágrafo): demonstrações mais grandiosas de arrependimento. (D) teve o efeito paradoxalmente contrário (3º parágrafo): decorreu de uma irônica contradição. (E) foi prólogo, exatamente, de quê? (3º parágrafo): a que mesmo serviu de pretexto? 8. Ao comentar a tragédia de 11 de setembro, o autor observa que ela (A) foi uma espécie de prólogo de uma série de muitas outras manifestações terroristas. (B) exigiria das autoridades americanas a adoção de medidas de segurança muito mais drásticas que as então vigentes. (C) estimularia a população novaiorquina a tornar mais estreitos os até então frouxos laços de solidariedade. (D) abriu uma oportunidade para que os americanos venham a se avaliar como nação e a trilhar um novo caminho. (E) faria com que os americanos passassem a ostentar com ainda maior orgulho seu decantado nacionalismo.

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Notícias municipais Chegaram notícias de minha cidade natal. Um pouco antigas: têm quarenta anos e estão

numa coleção de jornais velhos que me ofereceu um amigo, conterrâneo. Começo a compreender a atitude de Machado de Assis, ao responder a alguém que lhe dizia serem feias certas casas do Rio: “São feias, mas são velhas”. O prestígio da ancianidade, que não é aparente, velava a seus olhos a mesquinhez da arquitetura.

Assim me ponho a folhear com emoção estas páginas amarelecidas, temendo que se rasguem, porque a fibra do papel se gastou como fibra humana. Cheiram preciosamente a 1910, e embora ninguém tenha nada que ver com a infância do autor, eu direi que cheiram também a meninice, porque nelas se revê o menino daquele tempo, e o menino vai pelas ruas, sobe nas árvores, contempla longamente o perfil da serra, prova o gosto dos araçás, dos araticuns e dos bacuparis* silvestres – tudo isso que o jornal não tem, mas que se desenrola do jornal como uma fita mágica.

* Araçás, araticuns e bacuparis:frutas tropicais

(Adaptado de Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha)

9. Nos dicionários, o sentido primeiro da palavra notícia é nova, ou novidade. No texto, o autor sugere que (A) as notícias mais surpreendentes fazem-nos esquecer de tudo o que é inapelavelmente antigo. (B) dos tempos remotos podem surgir lembranças que emprestam atualidade ao passado. (C) a oposição entre o que é novo e o que é antigo torna-se absoluta, quando lemos velhos documentos. (D) há notícias antigas que parecem novas, sobretudo se associadas a velhas amarguras. (E) as lembranças mais felizes de nosso passado fazem sombrias as notícias do presente. 10. Atente para as seguintes afirmações. I. De acordo com o contexto, na frase “São feias, mas são velhas”, a conjunção sublinhada tem o mesmo sentido de dado que. II. Na frase O prestígio da ancianidade, que não é aparente, velava a seus olhos a mesquinhez da arquitetura, afirma-se, em relação a certas casas do Rio, que seu ar de velhice, aparentemente valorizada, não oculta a pobreza de sua arquitetura. III. No 3º parágrafo, as páginas antigas do jornal são associadas, pela fragilidade de sua matéria, à fragilidade dos homens, também condenados ao envelhecimento. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

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O motorista do 8-100 Um colega meu, jornalista, teve outro dia a oportunidade de ver uma coisa bela. Estava

numa manhã, bem cedo, junto ao edifício Brasília, na Avenida Rio Branco, aonde fora para reportar uma singular coleta de lixo. Viu chegar o caminhão 8-100 da Limpeza Urbana e saltarem os ajudantes, que se puseram a carregar e despejar as latas de lixo. Enquanto isso, o que fazia o motorista? O mesmo de toda manhã. Pegava um espanador e um pedaço de flanela, e fazia o seu carro ficar rebrilhando de limpeza. Esse motorista é “um senhor já, de estatura mediana, cheio de corpo, claudicando da perna direita – não ficamos sabendo seu nome”.

Não poupa meu amigo repórter elogios a esse humilde servidor municipal. E sua nota no jornal, feita com certa emoção e muita justeza, mostra que não apenas sabe reportar as coisas da rua como também as coisas da alma. Cada um de nós tem, na memória da vida que vai sobrando, seu caminhão de lixo que só um dia despejaremos na escuridão da morte. Grande parte do que vamos coletando pelas ruas desiguais da existência é apenas lixo; dentro dele é que levamos a joia de uma palavra preciosa, o diamante de um gesto puro.

Esse motorista que limpa seu caminhão não é um conformado, é o herói silencioso que lança um protesto superior. A vida o obrigou a catar lixo e imundície; ele aceita sua missão, mas a supera com esse protesto de beleza e de dignidade. Muitos recebem com a mão suja os bens mais excitantes e tentadores da vida; as flores que vão colhendo no jardim de uma existência fácil logo têm, presas em seus dedos frios, uma sutil tristeza e corrupção, que as desmerece e avilta. O motorista do caminhão 8-100 parece dizer aos homens da cidade: “O lixo é vosso: meus são estes metais que brilham, meus são estes vidros que esplendem, minha é esta consciência limpa”.

(Adaptado de Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas)

11. O motivo central da admiração do autor da crônica pelo motorista do 8-100 está resumido no seguinte segmento: (A) Não poupa meu amigo repórter elogios a esse humilde servidor municipal. (B) mostra que não apenas sabe reportar as coisas da rua como também as coisas da alma. (C) Grande parte do que vamos coletando pelas ruas desiguais da existência é apenas lixo. (D) A vida o obrigou a catar lixo e imundície; ele aceita sua missão. (E) não é um conformado, é o herói silencioso que lança um protesto superior. 12. Atente para as seguintes afirmações. I. Um jornalista, colega do autor, presenciou acidentalmente uma cena cotidiana em que encontrou inspiração para criar uma matéria de interesse para o jornal. II. Na nota que redigiu para o jornal, soube o repórter reconhecer na justa medida a dignidade daquele hábito do motorista do caminhão. III. Tal como ocorria entre o motorista e o caminhão, muita gente colhe suas flores num jardim de facilidades. Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

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13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em (A) Não poupa meu amigo repórter elogios (2º parágrafo) / não elogio suficientemente meu amigo jornalista (B) feita com certa emoção e muita justeza (2º parágrafo) / intentada por algum sentimento de rebuscada justiça (C) o diamante de um gesto puro (2º parágrafo) / a cortante frieza de um ato desinteressado (D) que lança um protesto superior (3º parágrafo) / que se insurge de modo elevado (E) que as desmerece e avilta (3º parágrafo) / que as reprime e nobilita 14. Emprega-se em sentido figurado o elemento em destaque na frase (A) Um colega meu, jornalista, teve outro dia a oportunidade de ver uma coisa bela. (B) Pegava um espanador e um pedaço de flanela, e fazia seu carro ficar rebrilhando de limpeza. (C) as flores que vão colhendo no jardim de uma existência fácil logo têm (...) uma sutil tristeza e corrupção (...) (D) Não poupa meu amigo repórter elogios a esse humilde servidor municipal. (E) Esse motorista é “um senhor já, de estatura mediana, cheio de corpo, claudicando da perna direita (...)”

Modéstia à parte, também tenho lá a minha experiência em rádio. Quando era menino, em Belo Horizonte, fui locutor do programa "Gurilândia" da Rádio Guarani. Não me pagavam nada, a Rádio Guarani não passando de pretexto para namorar uma menina que morava nas imediações. Mas ainda assim, bem que eu deitava no ar a minha eloquência cheia de efes e erres, como era moda na época. Quase me iniciei nas transmissões esportivas, incitado pelo saudoso Babaró, que era o grande mestre de então, mas não deu pé: eu não conseguia guardar o nome dos jogadores.

Em compensação, minha irmã Berenice me estimulando a inspiração, usei e abusei do direito de escrever besteiras, mandando crônicas sobre assuntos radiofônicos para a revista "Carioca". "O que pensam os rádio-ouvintes" era o nome do concurso permanente. Com o quê, tornei-me entendido em Orlando Silva, Carmen Miranda, César Ladeira, Sílvio Caldas, Bando da Lua, Assis Valente, Ary Barroso, e tudo quanto era cantor, locutor ou compositor de sucesso naquele tempo.

Rádio é mesmo uma coisa misteriosa. Começou fazendo sucesso na sala de visitas, acabou na cozinha. Cedeu lugar à televisão, que já vai pelo mesmo caminho. Ninguém que se preze [...] tem coragem de se dizer ouvinte de rádio − a não ser de pilha, colado ao ouvido, quando apanhado na rua em dia de futebol. Mas a verdade é que tem quem ouça. Ainda me lembro que Francisco Alves morreu num fim de semana, sem que a notícia de sua morte apanhasse nenhum jornal antes do enterro; bastou ser divulgada pelo rádio, e foi aquela apoteose que se viu.

Todo mundo afirma que jamais ouve rádio, e põe a culpa no vizinho, embora reconhecendo que deve ter uma grande penetração, "principalmente no interior". Os ouvintes, é claro, são sempre os outros. Mas hoje estou pensando no mistério que é o rádio, porque de repente me ocorreu ter vivido uma experiência para cujas consequências não encontro a menor explicação, e que foram as de não ter consequência nenhuma.

Todo mundo sabe que a BBC de Londres é uma das mais poderosas e bem organizadas estações radiofônicas do mundo. [...] Ao longo de dois anos e meio, chovesse ou nevasse, fizesse frio ou gelasse, compareci semanalmente aos estúdios do austero edifício da Bush House em Aldwich, para gravar uma crônica, transmitida toda terça-feira, exatamente às 8 e 15 da noite,

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hora de Brasília, ou zero hora e quinze de quarta-feira, conforme o Big Ben. Eram em torno de 10 minutos de texto que eu recitava como Deus é servido, seguro de estar sendo ouvido por todo o Brasil, "principalmente no interior". E imaginava minha voz chegando a cada cidade, a cada fazenda, a cada lugarejo perdido na vastidão da pátria amada. [...]

Pois bem − e aí está o mistério que me intriga: sei de fonte limpa que os programas da BBC têm no Brasil esses milhares de ouvintes. No entanto, nunca encontrei ninguém que me tivesse escutado: nem um comentário, uma palavra, uma carta, ainda que desfavorável − nada. A impressão é de que passei todo esse tempo falando literalmente para o éter, sem que nenhum ouvido humano me escutasse. [...]

(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Rio de Janeiro: Record, 6.ed. 1976. pp. 36-37)

15. De acordo com o texto, o (A) cronista cita o endereço do estúdio radiofônico, em Londres, onde gravava suas crônicas, para evitar a repetição da expressão a BBC de Londres. (B) desenvolvimento permite entrever que o cronista conviveu com cantores famosos, sobre os quais tinha informações privilegiadas para transmitir aos leitores. (C) rádio foi, certamente, e ainda o é, o meio de comunicação mais abrangente em todo o país, levando-se em conta a vastidão territorial e a precária formação dos brasileiros. (D) título permanece sem explicação plausível, porque as lembranças do cronista passam a ser mais importantes à medida que o assunto se desenvolve. 16. Pois bem − e aí está o mistério que me intriga ... (6º parágrafo). Com a afirmativa acima, o autor aponta para a (A) conclusão de que a transmissão de crônicas através das ondas do rádio era, na época, sujeita a múltiplas interferências, embora a BBC de Londres fosse uma das mais poderosas e bem organizadas estações radiofônicas do mundo. (B) enorme aceitação do rádio, bastante popular na época, ainda que esse público não se declarasse ouvinte assíduo, pois todo mundo afirma que jamais ouve rádio, e põe a culpa no vizinho. (C) falta de explicação para o fato de que, embora soubesse que os programas da BBC eram acompanhados por milhares de ouvintes, ele nunca recebera qualquer manifestação de alguém que o tivesse escutado. (D) oposição entre a qualidade dos programas transmitidos pela BBC de Londres e o despreparo dos locutores brasileiros, apesar da penetração do rádio, que chegava a cada cidade, a cada fazenda, a cada lugarejo perdido na vastidão da pátria amada. 17. Ninguém que se preze [...] tem coragem de se dizer ouvinte de rádio − a não ser de pilha, colado ao ouvido, quando apanhado na rua em dia de futebol. (3º parágrafo) A afirmativa acima vem justificar o que fica implícito a respeito (A) da força do rádio, ouvido por um vasto público, fato que, entretanto, torna incompreensível a informação de que os ouvintes, é claro, são sempre os outros. (B) da perda de popularidade do rádio, ao ser superado pela televisão, perda essa assinalada pelo fato de que, tendo começado por fazer sucesso na sala de visitas, acabou na cozinha. (C) da dúvida que cerca a veracidade das transmissões de rádio vindas do exterior, confirmada pela constatação de que Rádio é mesmo uma coisa misteriosa.

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(D) do acentuado desinteresse em torno das notícias transmitidas pelo rádio, apesar da ressalva Mas a verdade é que tem quem ouça. 18. Mas ainda assim, bem que eu deitava no ar a minha eloquência cheia de efes e erres, como era moda na época. (1º parágrafo). É correto entender, a partir da afirmativa, que o cronista (A) havia evidentemente conseguido transformar-se em famoso locutor de rádio. (B) dificilmente conseguia ser claro em sua transmissão radiofônica. (C) se preocupava com estilo mais elaborado, especialmente ao falar no rádio. (D) geralmente se derramava em explicações longas e desnecessárias. 19. Quanto à repetição da expressão "principalmente no interior", (4º parágrafo) isolada por aspas, é correto afirmar que se trata de (A) insistência desnecessária, a se considerarem os comentários referentes à enorme popularidade atingida pelo rádio. (B) recurso estilístico para realçar, com viés pejorativo, a pouca instrução dos ouvintes do rádio, na maioria, analfabetos. (C) justificativa aceitável para o fato de o autor não ter sido reconhecido pelos ouvintes, na época, como um prestigiado cronista. (D) ironia com relação ao bordão repetido por todos sobre a penetração do rádio como meio de comunicação na época.

A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem. Três lagoas mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos.

Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito: o mar! Era qualquer coisa de largo, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo para o lado do mar. As ondas batiam nas pedras e jogavam espuma que brilhava ao sol. Ondas grandes, cheias, que explodiam com barulho. Ficamos ali parados, com a respiração apressada, vendo o mar...

(Fragmento de crônica de Rubem Braga, Mar, Santos, julho, 1938)

20. As menções a rios e lagoas no primeiro parágrafo apontam para (A) o fracasso da tentativa de se imaginar algo nunca visto por meio de associações inteiramente despropositadas. (B) as tentativas de compor uma imagem do desconhecido a partir de elementos conhecidos e familiares. (C) o desconhecimento da salinidade da água do mar por aqueles que só conheciam cursos ou acúmulos de água doce. (D) a inabilidade daquele que se vale de analogias para dar ideia de um elemento único e incomparável.

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(E) a importância da analogia, que muitas vezes propicia melhor conhecimento das coisas do que o contato com a própria realidade. 21. O texto é construído por meio (A) do perfeito encadeamento entre os dois parágrafos: as explicações sobre o mar, no primeiro, harmonizam-se com sua visão extasiada, no segundo. (B) da violenta ruptura entre os dois parágrafos: o primeiro alonga-se em explicações sobre o mar que não têm qualquer relação com o que é narrado no segundo. (C) de procedimentos narrativos diversos correspondentes aos dois parágrafos: no primeiro, o narrador é o autor da crônica; no segundo, ele dá voz ao menino que já vira o mar. (D) do contraste entre os dois parágrafos: as frustradas explicações sobre o mar para quem nunca o vira, no primeiro, são seguidas pela arrebatada visão do mar, no segundo. (E) da inversão entre a ordem dos acontecimentos em relação aos dois parágrafos: o que é narrado no primeiro só teria ocorrido depois do que se narra no segundo. 22. De repente houve um grito: o mar! Era qualquer coisa de largo, de inesperado. Mantendo-se o sentido da frase, o elemento grifado acima poderia ser substituído por (A) Oportunamente (B) De modo rápido (C) Logo (D) Tempestivamente (E) Subitamente

Nosso espaço Já somos mais de 6 bilhões, não contando o milhão e pouco que nasceu desde o começo

desta frase. Se fosse um planeta bem administrado isso não assustaria tanto. Mas é, além de tudo, um lugar mal frequentado. Temos a fertilidade de coelhos e o caráter dos chacais, que, como se sabe, são animais sem qualquer espírito de solidariedade. As megacidades, que um dia foram símbolos da felicidade bem distribuída que a ciência e a técnica nos trariam – um helicóptero em cada garagem e caloria sintética para todos, segundo as projeções futuristas de anos atrás -, se transformaram em representações da injustiça sem remédio, cidadelas de privilégio cercadas de miséria, uma réplica exata do mundo feudal, só que com monóxido de carbono.

Nosso futuro é a aglomeração urbana e as sociedades se dividem entre as que se preparam – conscientemente ou não – para um mundo desigual e apertado e as que confiam que as cidadelas resistirão às hordas sem espaço. Os jornais ficaram mais estreitos para economizar papel, mas também porque diminui a área para a expansão dos cotovelos. Adeus advérbios de modo e frases longas, adeus frivolidades e divagações superficiais como esta. A tendência de tudo feito pelo homem é a diminuição – dos telefones e computadores portáteis aos assentos na classe econômica. O próprio ser humano trata de perder volume, não por razões estéticas ou de saúde, mas para poder caber no mundo.

(Adaptado de Luís Fernando Veríssimo, O mundo é bárbaro)

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23. Tendo em vista o rápido crescimento populacional, o autor imagina, com seu humor peculiar, que o futuro da humanidade se caracterizará (A) pela dispersão das pessoas por áreas até agora pouco povoadas, abandonando os centros urbanos já congestionados. (B) pela inevitável redução do espaço físico de convívio, o que fará da diminuição de tudo uma necessidade geral. (C) por pesados investimentos nas áreas da ciência e da tecnologia, de modo a modernizar e agilizar os meios de comunicação. (D) por uma revolucionária distribuição de renda, sem a qual se renderão as ricas cidadelas às hordas das classes humilhadas. (E) pelo advento das megacidades, em que devem cumprir-se as alentadoras metas futuristas projetadas anos atrás. 24. Os seguintes segmentos estabelecem entre si uma estreita relação, em que um exemplifica e reforça o sentido do outro: (A) um lugar mal frequentado // o caráter dos chacais. (B) símbolos da felicidade // representações da injustiça. (C) caloria sintética para todos // aglomeração urbana. (D) projeções futuristas // cidadelas de privilégio. (E) um helicóptero em cada garagem // Os jornais ficaram mais estreitos 25. Deve-se entender que, no contexto, o segmento (A) Se fosse um planeta bem administrado expressa uma hipótese que quase certamente se confirmará. (B) um lugar mal frequentado projeta o mundo em que viveremos, caso não se tomem rápidas medidas contra as aglomerações. (C) símbolos da felicidade bem distribuída alude a projeções fantasiosas que obviamente não se cumpriram com o tempo. (D) as cidadelas resistirão às hordas sem espaço corresponde a uma projeção otimista do autor do texto. (E) Adeus advérbios de modo expressa o lamento de um escritor diante do atual desprestígio de um recurso essencial da língua. 26. Atente para as seguintes afirmações. I. A palavra megacidades é adequada para expressar a aglomeração urbana, tanto quanto cidadela é adequada para expressar o pequeno contingente de privilegiados. II. Referindo-se ao Nosso futuro, o autor antevê que a progressiva falta de espaço só agravará as presentes desigualdades sociais. III. Em adeus frivolidades e divagações superficiais como esta, o cronista mostra-se um crítico implacável do novo estilo a que os escritores deverão submeter-se. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I e III, apenas. (E) I, apenas.

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Fomos uma geração de bons meninos. E acreditem: em boa parte por causa dos heróis dos quadrinhos. Éramos viciados em gibis. Nosso ideal do bem e mesmo a prática do bem podem ser creditados ao Batman & Cia. tanto quanto ao medo do inferno, aos valores da família e aos ensinamentos da escola. Os heróis eram o exemplo máximo de bravura, doação pessoal e virtude.

Gibis abasteciam de ética o vasto campo da fantasia infantil, sem cobrar pela lição. Não era só por exigência da família, da escola ou da religião que os meninos tinham de ser retos e bons; eles queriam ser retos e bons – como os heróis. Viviam o bem na imaginação, porque o bem era a condição do herói. A lei e a ordem eram a regra dentro da qual transitavam os heróis. Eles eram o lado certo que combatia o lado errado.

Atualmente não sei. Parei de ler gibis, só pego um ou outro da seção nostalgia. Nos anos de 1970 e 80 ainda surgiram heróis interessantes, mas alguns parecem cheios de rancor, como o Wolverine, ou vítimas confusas sem noção de bem e mal, como o Hulk, ou exilados freudianos, como o belo Surfista Prateado, ou presas possíveis da vaidade, como o Homem-Aranha. Complicou-se a simplicidade do bem. Na televisão, os heróis urram, gritam, destroem, torturam, tão estridentes quanto os arqui-inimigos maléficos. Não são simples, e retos, e fortes, e afinados com seus dons, como os heróis clássicos; são complexos, e dramáticos, e ambíguos, como ficou o mundo.

(Fragmento de Ivan Angelo. Meninos e gibis. Certos homens. Porto Alegre: Arquipélago, 2011.

p.147-9) 27. Ao tratar da leitura de gibis, o autor contrapõe (A) a complexidade das histórias antigas, ainda que o bem sempre triunfasse, ao maniqueísmo dos quadrinhos recentes, em que o que sobressai é a pura maldade. (B) a bondade dos meninos de seu tempo à ausência da prática da virtude no mundo atual, em função da ausência de heróis em que se espelhar. (C) a virtude como aspiração pessoal, despertada pelo exemplo dos heróis, ao dever de praticar o bem, imposto pelas instituições sociais. (D) os heróis dos quadrinhos antigos, voltados para a prática do bem, aos personagens maléficos das histórias surgidas depois dos anos 1970 e 80. (E) o aprendizado que levava à prática do bem, proporcionado pelos quadrinhos, àquele sem nenhum efeito prático, propiciado pelas instituições sociais. 28. A conclusão expressa no último parágrafo do texto aponta para (A) a constatação da inexistência de heróis de qualquer tipo no mundo atual, tanto na ficção quanto na vida real. (B) o descompasso entre os heróis dos quadrinhos, mesmo os mais recentes, e aqueles que aparecem na televisão. (C) a impossibilidade de separação entre o bem e o mal, seja nas histórias em quadrinhos, seja na vida real. (D) os paralelos que podem ser estabelecidos entre os heróis de ontem e os de hoje, a despeito das diferenças que os separam. (E) a adequação entre a personalidade dos heróis e as características do tempo em que as histórias são criadas.

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O lixo é nosso Cena comum nas cidades: engolfado no trânsito, e também obstruindo-o, um homem, uma

formiga, puxa com enorme esforço pedaços do caos. É o carroceiro. Paciência, motorista, com o pobre carroceiro. Cala a tua buzina irritada, que o homem que ali vai, puxando sua carga enorme e desequilibrada, trabalha para o nosso bem. Não é muito o que ele pode fazer, ele não é mais do que uma formiga na paisagem, um nada, mas faz sua parte mínima com a força e a teimosia das formigas. Leva restos que espalhamos pelos caminhos.

Não o apresses, ele não consegue ir mais depressa. Não é ele que vai devagar, somos nós, o país. O atraso é nosso. O homem da carroça, o burro sem rabo, caro motorista, está ali por um conjunto de circunstâncias: para ele existir, tem de haver pobreza, tem de faltar trabalho, tem de sobrar lixo nas ruas, tem de faltar educação, respeito, cidadania, planejamento administrativo, consciência do bem comum.

Considera que ele nas ruas é mais “verde” – mais limpo – do que nós: o carro dele não emite gases, não buzina, ele não é um consumidor de artigos descartáveis, não produz esse lixo, antes o leva para reciclagem. Vê que curiosa contradição: ele é uma pecinha na grande engrenagem do avanço, a reciclagem, enquanto nós, participantes da poderosa cadeia de consumo, modernos, temos um pé nos séculos passados, ligados à descuidada atitude que formou a sociedade atual – pegar, usar e largar.

(Adaptado de Ivan Ângelo. Certos homens. Porto Alegre: Arquipélago, 2011. p.167-9)

29. O carroceiro é mostrado no texto (A) com certo saudosismo, imaginando-se já o seu desaparecimento num futuro próximo, superado por funções mais modernas. (B) com algum desprezo, manifesto em sua associação a animais como a formiga e o burro. (C) com indiferença, podendo-se entrever o cuidado do autor para não deixar transparecer sua posição pessoal. (D) sem isenção, enaltecendo-se o seu trabalho de modo a que surja desvinculado da privação e da miséria. (E) sem condescendência, reconhecendo-se a importância de seu trabalho, ainda que limitado, e as agruras de sua existência. 30. A contradição a que se refere o autor no último parágrafo surge a partir de (A) uma ocultação: todas as características que remeteriam o carroceiro ao atraso são desconsideradas em favor do único elemento que permite associá-lo ao progresso. (B) um embaralhamento: avanço e atraso, geralmente vistos como opostos, passam a significar a mesma coisa, a ponto de ser o mais atrasado descrito como o mais moderno. (C) uma inversão: o que costuma ser associado ao atraso é visto como elemento progressista; o que se tem como mais moderno é relacionado ao mais retrógrado. (D) um equívoco: a suposição de que todos os motoristas sejam consumidores inveterados, despreocupados do meio ambiente e hostis à reciclagem. (E) uma constatação: a sociedade atual progrediu tão velozmente que não há mais lugar para elementos antiquados, mesmo os que têm uma função relativamente moderna.

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31. Os segmentos que, no contexto da crônica, se aproximam pelo sentido estão em (A) Cena comum nas cidades, grande engrenagem do avanço e poderosa cadeia de consumo. (B) restos que espalhamos pelos caminhos, consumidor de artigos descartáveis e pegar, usar e largar. (C) Cala a tua buzina irritada, o carro dele não emite gases e grande engrenagem do avanço. (D) consciência do bem comum, consumidor de artigos descartáveis e trabalha para o nosso bem. (E) O atraso é nosso, descuidada atitude que formou a sociedade atual e consciência do bem comum. ARTIGOS

Multidões de mascarados e maquiados com cores alegóricas das nacionalidades envolvidas nas disputas da Copa do Mundo falam por esse meio uma linguagem que simbolicamente quer dizer muito mais do que pode parecer. Trata-se de um ritual cíclico de renovação de identidades nacionais expressas nos ornamentos e paramentos do que é funcionalmente uma nova religião no vazio contemporâneo. Aqui no Brasil as manifestações simbólicas relacionadas com o futebol e seus significados têm tudo a ver com o modo como entre nós se difundiu a modernidade, nas peculiaridades de nossa história social.

Embora não fosse essa a intenção, rapidamente esse esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas que se prolongam até nossos dias e respondem por sua imensa popularidade. A República, em que todos se tornaram juridicamente brancos, sucedeu a monarquia segmentada em senhores e escravos, brancos e negros, todos acomodados numa dessas duas identidades. A República criou o brasileiro genérico e abstrato. O advento do futebol entre nós coincidiu com a busca de identidades reais para preencher as incertezas dessa ficção jurídica. Clubes futebolísticos de nacionalidades, de empresas, de bairros, de opções subjetivas disfarçaram as diferenças sociais reais e profundas, sobrepuseram-se a elas e tornaram funcionais os conflitos próprios da nova realidade criada pela abolição da escravatura.

No futebol há espaço para acomodações e inclusões, mesmo porque, sem a diversidade de clubes e sem a competição, o futebol não teria sentido. O receituário da modernidade inclui, justamente, esses detalhes de convivência com a diversidade e com a rotatividade dos que triunfam. Nela, a vida recomeça continuamente; depois da vitória é preciso lutar pela vitória seguinte.

O futebol, essencialmente, massificou e institucionalizou a competição e a concorrência, elevou-as à condição de valores sociais e demonstrou as oportunidades de vitória de cada um no rodízio dos vitoriosos. Nele, a derrota nunca é definitiva nem permanente. Por esse meio, o que era mero requisito do funcionamento do mercado e da multiplicação do capital tornou-se expressamente um rito de difusão de seus princípios no modo de vida, na mentalidade e no cotidiano das pessoas comuns.

É nesse sentido que o futebol só pode existir em sociedades competitivas e de antagonismos sociais administráveis. Fora delas, não é compreendido. Há alguns anos, um antropólogo que estava fazendo pesquisa com os índios xerentes, de Goiás, surpreendeu-se ao ver que eles haviam adotado entusiasticamente o futebol. Com uma diferença: os 22 jogadores não atuavam como dois times de 11, mas como um único time jogando contra a bola, perseguida em campo todo o tempo. Interpretaram o futebol como ritual de caça. Algo próprio de uma sociedade tribal e comunitária.

(Adaptado de José de Souza Martins. O Estado de S. Paulo, Aliás, J7, 4 de julho de 2010)

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32. É correto perceber no texto que o autor (A) contesta a noção de que o futebol, com seu ritual próprio, possa ser considerado símbolo de uma única nação ou região geográfica. (B) assinala a interferência dos rituais religiosos numa atividade esportiva, que deveria se caracterizar por linguagem e normas específicas. (C) critica a interferência de interesses financeiros e de mercado que cercam o futebol, extrapolando seus objetivos originais, de esporte e lazer. (D) defende a ideia de que o futebol é democrático, ao permitir a ascensão social, independentemente de eventuais desigualdades. (E) aponta a transformação de um esporte, de início democrático, em elemento primordial de afirmação de valores pessoais e de nacionalidades distintas. 33. O exemplo dos índios xerentes coloca em evidência a (A) retomada da imagem de multidões de mascarados e maquiados que falam por esse meio uma linguagem que simbolicamente quer dizer muito mais do que pode parecer. (B) insistência na opinião já exposta de como entre nós se difundiu a modernidade, nas peculiaridades de nossa história social. (C) dúvida a respeito do que foi afirmado sobre o modo como rapidamente esse esporte assumiu entre nós funções sociais extrafutebolísticas. (D) importância, no Brasil, de um esporte cujas opções subjetivas disfarçaram as diferenças sociais reais e profundas. (E) justificativa da afirmação de que o futebol só pode existir em sociedades competitivas e de antagonismos sociais administráveis. 34. Dentre as funções sociais extrafutebolísticas apontadas no texto, só NÃO se encontra a (A) descoberta de identidades que surgiram com a difusão desse esporte entre nós. (B) valorização do capital financeiro, que possibilita maior número de conquistas vitoriosas. (C) democratização, por ter se transformado em uma atividade acessível a todos. (D) igualdade de tratamento e de oportunidades aos integrantes das diferentes classes sociais. (E) possibilidade de triunfo em diferentes situações e a qualquer momento, com base no esforço individual. 35. Algo próprio de uma sociedade tribal e comunitária. O comentário acima, que encerra o texto, deve ser corretamente entendido como (A) reconhecimento de um engano na avaliação da importância do futebol no mundo moderno, a partir do desrespeito às suas regras em algumas sociedades. (B) percepção de que nem sempre o esporte é corretamente praticado, especialmente em agrupamentos sociais afastados dos centros mais populosos. (C) conclusão coerente da constatação de que as regras do futebol reproduzem a competitividade e a concorrência que caracterizam as sociedades contemporâneas. (D) concordância com uma visão conservadora do futebol, como símbolo de comunidades mais desenvolvidas e organizadas socialmente. (E) opinião, de certo modo preconceituosa, de que sociedades marcadas por um certo primitivismo não conseguem assimilar normas de sociedades mais avançadas.

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Verdes, bonitas e de aparência inofensiva, as plantas também podem ser ecologicamente incorretas – as chamadas "invasoras", por exemplo, representam a segunda maior causa de destruição da biodiversidade do planeta, perdendo apenas para o desmatamento. Só para se ter parâmetro de sua agressividade, segundo os especialistas, elas são mais predadoras do que o aquecimento global. Trata-se de espécies exóticas trazidas de outros países que, plantadas em um novo habitat, passam a destruir a flora e a fauna nativas. Livres de "adversários", elas vão se alastrando até virarem praga. Mas quem poderia desconfiar de uma jaqueira, de uma amendoeira ou de um bambuzal? Plantas invasoras como essas estão agora chamando a atenção do governo federal e de secretarias do meio ambiente de todo o país.

Crescem as constatações de que ameaçam a flora causando, juntamente com outros animais, um prejuízo anual superior a R$ 100 milhões. Para atacar o problema, o Ministério do Meio Ambiente está elaborando uma estratégia para combatê-las, que deve ser colocada em prática no próximo ano. Uma lista preliminar já tachou 542 seres vivos de "exóticos e invasores" no Brasil, e cerca de 100 deles são plantas. O Ministério também lançará um livro que reúna dados sobre espécies invasoras marinhas. Depois virão outros volumes, mostrando as vilãs dos rios, do meio terrestre, do sistema de produção agrícola e da saúde humana − isso se dá no momento em que diversos Estados também se ocupam do problema.

Quando se comemorou o Dia da Mata Atlântica (27 de maio), a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio recebeu de pesquisadores um rol de 226 espécies invasoras da flora local. "Queremos que sirva como critério para barrar sua entrada e o seu plantio", diz a Superintendente de Biodiversidade da secretaria. Entre as principais ameaças identificadas está a jaqueira – que, ao contrário do que muitos julgam, não é um exemplar original. Trazida da Ásia durante a colonização, foi proliferando aos poucos e hoje ocupa o lugar de espécies nativas nos parques e reservas do Rio, como a floresta da Tijuca.

Segundo especialistas, o homem, desavisado do estrago que pode provocar no ambiente, acaba sendo responsável pela introdução de boa parte das espécies invasoras. Uma forma de disseminação é o uso dessas árvores exóticas no paisagismo urbano – tradição brasileira que começou com a corte portuguesa, foi alterada na década de 1920 por paisagistas como Burle Max (que preferiam as exóticas tropicais), mas que agora começa a ser revista.

(Adaptado de Maíra Magro. Revista Istoé, 24 de junho de 2009, p. 100-101) 36. De acordo com o texto, a afirmativa correta é: (A) Autoridades do governo federal e dos governos estaduais buscam descobrir a origem de algumas espécies de plantas, para evitar seu plantio no país. (B) O desmatamento indiscriminado no Brasil atinge também espécies exóticas, que trazem beleza à paisagem de muitas cidades, como o Rio de Janeiro. (C) Espécies alienígenas, incorporadas à paisagem brasileira por sua beleza, estão se transformando em séria ameaça à flora nativa. (D) Plantas estrangeiras utilizadas no paisagismo urbano estão sendo proibidas por determinação do Ministério do Meio Ambiente. (E) Uma das causas para o aquecimento global está na disseminação descontrolada, no Brasil, de espécies da flora de outros países.

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A liberdade ameaçada Costumo dizer que a liberdade de imprensa, mais do que direito dos jornalistas e das

empresas jornalísticas, é da sociedade. Só com a livre circulação de ideias e de informações uma nação pode evoluir e construir uma sociedade realmente justa e equilibrada. Foi para defender essas propostas e para informar a sociedade brasileira sobre seu direito inalienável de receber informação livre que criamos a nossa Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa (RDLI).

Há três grandes temas em debate: “O direito à informação x privacidade”, “O acesso à informação pública” e “As responsabilidades e os interesses dos jornalistas e das fontes”.

Em relação à informação e à privacidade, houve consenso de que se trata de questão complexa e difícil. O direito da sociedade à informação e o direito das pessoas à privacidade são dois princípios constitucionais, fundamentais, mas muitas vezes conflitantes.

Quanto ao tema do acesso à informação pública, a principal conclusão é a de que o Brasil precisa avançar muito. Infelizmente, alguns homens públicos ainda tratam a informação pública como se fosse propriedade do Estado, e não da sociedade a que devem servir. O livre acesso à informação pública é uma das principais características das democracias modernas.

Finalmente, no que se refere aos interesses e responsabilidades dos jornalistas e das fontes, referendamos a velha máxima: o jornal e os jornalistas nunca deverão ter interesse próprio. Eles trabalham para a sociedade e, por isso, devem sempre preservar sua independência.

(Nelson Pacheco Sirotsky. Folha de S. Paulo, 12/06/2005, p. 3)

37. Justifica-se o título do texto quando se considera, por exemplo, a preocupação do autor com o fato de que (A) as notícias de violência da sociedade brasileira costumam predominar em nossos jornais. (B) nossos jornalistas não defendem o interesse da classe, no exercício de sua função. (C) há políticos que se beneficiam das informações públicas em seus negócios particulares. (D) a informação de interesse público é por vezes considerada como se fosse uma propriedade do Estado. (E) o direito do público à informação não é um princípio fundamental garantido em nossa Constituição. 38. Considere as seguintes afirmações: I. A frase o jornal e os jornalistas nunca deverão ter interesse próprio encarece o respeito que se deve ter à função pública da imprensa. II. A criação da RDLI deveu-se ao desejo de se garantir o direito das pessoas à privacidade. III. No Brasil, o acesso à informação de interesse público é um direito garantido e um fato consolidado. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

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39. A questão complexa e difícil referida no terceiro parágrafo diz respeito ao conflito entre (A) os interesses do Estado e os interesses particulares. (B) um direito da coletividade e um direito do cidadão. (C) o direito à privacidade e o direito ao segredo de Estado. (D) os interesses dos jornalistas e os das empresas jornalísticas. (E) o direito ao ocultamento e a prática da revelação da fonte jornalística. 40. Finalmente, no que se refere aos interesses e responsabilidades dos jornalistas e das fontes, referendamos a velha máxima (...) Não haverá prejuízo para a correção e para o sentido básico da frase acima caso se substituam os elementos sublinhados, respectivamente, por (A) em função dos - vinculamos (B) tendo por base os - reputamos (C) no caso dos - propomos (D) a partir dos - cogitamos (E) no tocante aos - aprovamos

Da política ao espetáculo A rebeldia voltou. E nos lugares mais inesperados. O rastilho foi aceso em Túnis, seguiu

para o Cairo e depois para Sanaa, Manama, Damasco − cidades onde ação política não é um direito. Onde as praças tiveram de ser ocupadas com o risco de prisão, tortura e morte. Mesmo assim, as manifestações só ficaram violentas porque as autoridades as atacaram.

A centelha da revolta atravessou o Mediterrâneo e acendeu outras centenas de milhares de pessoas na Grécia e na Espanha, países subitamente forçados ao empobrecimento. Na África, no Levante, no Oriente Médio e na Europa, o que se quer é liberdade, trabalho e justiça.

Nenhuma mobilização foi tão inesperada quanto a que explodiu, no mês passado, do outro lado do Atlântico Norte, numa das cidades mais ricas do mundo: Vancouver, no Canadá. Sua motivação foi frívola. Por 4 a 0, o time local de hóquei no gelo perdeu a final do campeonato. Não houve reivindicação social ou política: chateada, a gente saiu à rua e botou fogo em carros, quebrou vitrines, invadiu lojas.

Fizeram tudo isso com a leveza da futilidade, posando para câmeras de celulares, autorregistrando-se em instantâneos ambivalentes de prazer e agressão. O impulso de se preservarem em fotos e filmes era tão premente quanto o de destruir. Alguns intelectuais poderiam explicar assim o fenômeno: se o espetáculo do jogo não satisfez, o do simulacro da revolta o compensará; o narcisismo frustrado vira exibicionismo compartilhado.

Em meio ao quebra-quebra, um casal de namorados tentava fugir quando a moça foi atingida pelo escudo de um policial e caiu. O namorado deitou-se ao lado e, para acalmá-la, deu-lhe um beijo. Um fotógrafo viu apenas dois corpos que pareciam feridos no chão e, sem perceber direito o que fotografava, captou o beijo. Pronto: os jovens viraram celebridades. Namorando há apenas seis meses, o casal cancelou uma viagem à Califórnia para cumprir uma agenda extensa de entrevistas em Nova York. A sociedade do espetáculo não pode parar.

(Adaptado da Revista Piauí, n. 58, julho 2001, p. 55)

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41. Ao tratar de diferentes manifestações de rebeldia no mundo, o autor considera que elas (A) têm em comum tão somente o fato de irromperem e se extinguirem com a mesma velocidade, em países de regime político fechado. (B) diferem quanto às suas motivações políticas particulares, mas traduzem a mesma insatisfação com a economia global. (C) são todas inesperadas, uma vez que os fatores que as desencadeiam surgem de forma misteriosa, sem qualquer razão objetiva. (D) variam quanto às reivindicações políticas ou econômicas, podendo ocorrer até mesmo por força de uma motivação banal. (E) buscam conferir um grande peso político a algumas insatisfações menores, geradas pelas razões mais injustificáveis. 42. Considerando-se o contexto, estas duas expressões se aproximam e reforçam reciprocamente uma mesma linha de argumentação, referindo-se ao mesmo fenômeno: (A) a leveza da futilidade e a centelha da revolta. (B) o rastilho foi aceso e não houve reivindicação social. (C) sua motivação foi frívola e a leveza da futilidade. (D) forçados ao empobrecimento e exibicionismo compartilhado. (E) ação política não é um direito e sua motivação foi frívola. 43. Atente para as seguintes afirmações. I. Deve-se entender por sociedade do espetáculo, de acordo com o texto, a caracterização dos movimentos de massa que pretendem explicitar publicamente sua insatisfação política. II. O exibicionismo e o narcisismo estão na raiz de manifestações dos grupos que também as promovem para se dar a conhecer nas imagens que eles mesmos produzem e cultuam. III. O vandalismo das manifestações políticas acaba por desqualificar as justas reivindicações que deram origem a um legítimo movimento social. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. 44. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em (A) O rastilho foi aceso (1º parágrafo) / inflamou-se em seu efeito (B) A centelha da revolta (2º parágrafo) / a meta da insubordinação (C) instantâneos ambivalentes (4º parágrafo) / encenações rápidas (D) simulacro da revolta (4º parágrafo) / sacralização insatisfeita (E) narcisismo frustrado (4º parágrafo) / autoadmiração baldada

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45. Ao registrar a cena dos namorados caídos no chão, o fotógrafo, (A) imaginando-os vítimas, involuntariamente os promoveu a celebridades. (B) sabendo-os feridos, quis compensá-los com a notoriedade de um flagrante oportuno. (C) tomando-os por revoltosos, quis demonstrar que havia amor entre os manifestantes. (D) dando-os como mortos, quis perpetuar o beijo em que se imobilizaram. (E) não atinando bem com o que via, quis documentar o que imaginou mero exibicionismo. 1. Não há dúvida de que o preconceito contra a mulher é forte no Brasil e que cabe ao poder público tomar medidas para reduzi-lo. Pergunto-me, porém, se faz sentido esperar uma situação de total isonomia entre os gêneros, como parecem querer os discursos dos políticos. Nos anos 60 e 70, acreditava-se que as diferenças de comportamento 5.entre os sexos eram fruto de educação ou de discriminação. Quando isso fosse resolvido, surgiria o equilíbrio. Não foi, porém, o que ocorreu, como mostra Susan Pinker, em "The Sexual Paradox". Para ela, não se pode mais negar que há diferenças biológicas entre machos e fêmeas. Elas se materializam estatisticamente (e não deterministicamente) em gostos e 10.aptidões e, portanto, na opção por profissões e regimes de trabalho.

Embora não tenham sido detectadas, por exemplo, diferenças cognitivas que as tornem piores em ciências e matemática, mulheres, quando podem, preferem abraçar profissões que lidem com pessoas (em oposição a objetos e sistemas). Hoje, nos Estados Unidos, elas dominam a medicina e permanecem 15.minoritárias na engenharia.

Em países hiperdesenvolvidos, como Suécia e Dinamarca, onde elas gozam de maior liberdade de escolha, a proporção de engenheiras é menor do que na Turquia ou na Bulgária, nações em que elas às vezes são obrigadas a exercer ofícios que não os de seus sonhos. Só quem chegou perto do 50-50 foi 20.a URSS, e isso porque ali eram as profissões que escolhiam as pessoas, e não o contrário.

Mulheres também não se prendem tanto à carreira. Trocam um posto de comando para ficar mais tempo com a família. Assim sacrificam trajetórias promissoras em favor de horários flexíveis. É esse desejo, mais que a 25.discriminação, que explica a persistente diferença salarial entre os gêneros em nações desenvolvidas.

Para Pinker, as mulheres seriam mais felizes se reconhecessem as diferenças biológicas e não perseguissem tanto uma isonomia impossível.

(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, A2 opinião, 10 de março de 2012)

46. Fica evidente no texto que o autor (A) discorda de Susan Pinker, ao considerar que, não só em países subdesenvolvidos como também nos mais ricos, persistem as diferenças salariais entre homens e mulheres. (B) considera as diferenças biológicas entre homens e mulheres como razão suficiente que explica a inabilidade feminina para os estudos científicos e os cálculos matemáticos. (C) aceita as afirmativas de Susan Pinker de que diferenças biológicas dificultam o equilíbrio entre os sexos em relação à escolha das profissões e dos regimes de trabalho. (D) demonstra a necessidade de atuação dos governos de todo o mundo no sentido de propiciar a igualdade de gêneros quanto à escolha e ao exercício das profissões. (E) defende a busca do equilíbrio entre homens e mulheres na escolha das diferentes profissões, necessário para um desenvolvimento equitativo de todas as nações.

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47. No 4º parágrafo, evidencia-se (A) indicação das razões, muitas vezes de cunho político, que explicam a presença de menor número de mulheres em determinadas profissões. (B) proposta de possíveis mudanças quanto à opção feminina por determinadas profissões em alguns dos países mais desenvolvidos. (C) preferência por certas atividades determinada por fatores educacionais, que acabam diferenciando o desempenho, seja o de homens, seja o de mulheres. (D) direcionamento das mulheres para algumas carreiras em países onde não há liberdade pessoal para escolher a atividade profissional desejada. (E) ressalva à hipótese inicial de que se mantém o preconceito contra mulheres no mercado de trabalho em diferentes países.

Economia religiosa 1. Concordo plenamente com Dom Tarcísio Scaramussa, da CNBB, quando ele afirma que não faz sentido nem obrigar uma pessoa a rezar nem proibi-la de fazê-lo. A declaração do prelado vem como crítica à professora de uma escola pública de Minas Gerais que hostilizou um aluno ateu que se recusara a 5.rezar o pai-nosso em sua aula. É uma boa ocasião para discutir o ensino religioso na rede pública, do qual a CNBB é entusiasta. Como ateu, não abraço nenhuma religião, mas, como liberal, não pretendo que todos pensem do mesmo modo. Admitamos, para efeitos de argumentação, que seja do interesse do Estado que os jovens sejam 10.desde cedo expostos ao ensino religioso. Deve-se então perguntar se essa é uma tarefa que cabe à escola pública ou se as próprias organizações são capazes de supri-la, com seus programas de catequese, escolas dominicais etc.

A minha impressão é a de que não faltam oportunidades para conhecer as mais diversas mensagens religiosas, onipresentes em rádios, TVs e também 15.nas ruas. Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem mais templos (algo em torno de 4.000) do que escolas públicas (cerca de 1.700). Creio que aqui vale a regra econômica, segundo a qual o Estado deve ficar fora das atividades de que o setor privado já dá conta. Outro ponto importante é o dos custos. Não me parece que faça muito 20.sentido gastar recursos com professores de religião, quando faltam os de matemática, português etc. Ao contrário do que se dá com a religião, é difícil aprender física na esquina.

Até 1997, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação acertadamente estabelecia que o ensino religioso nas escolas oficiais não poderia representar 25.ônus para os cofres públicos. A bancada religiosa emendou a lei para empurrar essa conta para o Estado. Não deixa de ser um caso de esmola com o chapéu alheio.

(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 06/04/2012) 48. No que diz respeito ao ensino religioso na escola pública, o autor mantém-se (A) esquivo, pois arrola tanto argumentos que defendem a obrigatoriedade como o caráter facultativo da implementação desse ensino. (B) intransigente, uma vez que enumera uma série de razões morais para que se proíba o Estado de legislar sobre quaisquer matérias religiosas. (C) pragmático, já que na base de sua argumentação contra o ensino religioso na escola pública estão razões de ordem jurídica e econômica. (D) intolerante, dado que deixa de reconhecer, como ateu declarado, o direito que têm as pessoas de decidir sobre essa matéria. (E) prudente, pois evita pronunciar-se a favor da obrigatoriedade desse ensino, lembrando que ele já vem sendo ministrado por muitas entidades.

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49. Atente para estas afirmações. I. Ao se declarar um cidadão ao mesmo tempo ateu e liberal, o autor enaltece essa sua dupla condição pessoal valendo-se do exemplo da própria CNBB. II. A falta de oportunidade para se acessarem mensagens religiosas poderia ser suprida, segundo o autor, pela criação de redes de comunicação voltadas para esse fim. III. Nos dois últimos parágrafos, o autor mostra não reconhecer nem legitimidade nem prioridade para a implementação do ensino religioso na escola pública. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) II e III, apenas. (D) I e III, apenas. (E) III, apenas. 50. Pode-se inferir, com base numa afirmação do texto, que (A) o ensino religioso demanda profissionais altamente qualificados, que o Estado não teria como contratar. (B) a bancada religiosa, tal como qualificada no último parágrafo, partilha do mesmo radicalismo de Dom Tarcísio Scaramussa. (C) as instituições públicas de ensino devem complementar o que já fazem os templos, a exemplo do que ocorre na cidade de São Paulo. (D) o aprendizado de uma religião não requer instrução tão especializada como a que exigem as ciências exatas. (E) os membros da bancada religiosa, sobretudo os liberais, buscam favorecer o setor privado na implementação do ensino religioso. 51. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente um segmento em (A) A declaração do prelado vem como crítica (l. 3) / o pronunciamento do dignitário eclesiástico surge como censura (B) Admitamos, para efeitos de argumentação (l. 8-9) / Consignemos, a fim de especulação (C) sejam desde cedo expostos ao ensino religioso (l. 9-10) / venham prematuramente a expor-se no ensino clerical (D) onipresentes em rádios (l. 14) / discriminadas por emissoras de rádio (E) não poderia representar ônus (l. 24-25) / implicaria que se acarretasse prejuízo

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NOTÍCIAS

Palavra indígena

A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows (oventã).

Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz.

Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena.

A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário.

— Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar computador de “computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI.

Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010.

52. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos

termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original como mouse, windows,

download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à

língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela

(A) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.

(B) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real.

(C) o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura índigena.

(D) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo em ambiente inóspito.

(E) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade de acesso à internet.

E se uma droga derivada do alcaçuz fosse capaz de salvar as nossas recordações? Segundo

um estudo da Universidade de Edimburgo (Escócia), a carbenoxolona melhora as capacidades mentais dos idosos, incluindo a memória, que vai se deteriorando com o passar dos anos. Essa substância − na realidade, um agente derivado da raiz do alcaçuz − poderá ser útil para combater o mal de Alzheimer e talvez também para melhorar nossa performance nos exames.

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“As memórias são um ‘fato’ químico”, confirma Nancy Ip, diretora de Instituto de Pesquisa em Hong Kong: “Recentemente, nós identificamos a proteína que contribui para a sobrevivência e para o desenvolvimento das células nervosas e que poderia oferecer recursos para criar medicamentos contra doenças que afetam a memória”.

Enquanto se espera que os estudos possam conduzir a resultados mais concretos, o que podemos fazer para melhorar a nossa capacidade mental? A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis. Ela não é monolítica, mas constituída de diversas atividades e funções. Uma importante distinção a ser feita é entre a memória de curto e a de longo prazo. A primeira, que é encarregada de reter as informações por pouco tempo, localiza-se no lobo parietal inferior e no lobo frontal do cérebro, enquanto a memória de longo prazo é ligada ao hipocampo e às áreas vizinhas.

De acordo com Alan Baddelay, da universidade inglesa de York, a memória de curto prazo tem espaço limitado, podendo reter de cinco a nove unidades de informação: palavras, datas, números. Já a memória de longo prazo é ilimitada. O problema é arquivar a informação na memória de longo prazo, para recordar quando necessário. Como? “Quanto mais a pessoa souber, mais fácil será recordar”, diz Baddelay. Em suma, a memória não é um recipiente que é totalmente preenchido: ao contrário, ela sempre possibilita o ingresso de novas informações.

Quem usa uma linguagem rica e articulada recorda-se melhor. Da mesma forma, quem sabe vários idiomas tem mais facilidade para aprender um novo.

(Adaptado de Fabíola Musarra, “Memória: segredos para explorar todo o seu poder”. In. Planeta:

conheça o mundo, descubra você.)

53. Considerado o primeiro parágrafo do texto, é correto afirmar: (A) A frase inicial levanta hipótese que, embora expressando um desejo humano, se revela fantasiosa, pois não tem apoio algum na realidade atual. (B) A carbenoxolona é a nova droga que garantirá imunidade contra o mal de Alzheimer. (C) A capacidade mental mais afetada com o passar dos anos é a memória, conforme estudo realizado com idosos em universidade escocesa. (D) Pessoas que não apresentam bom desempenho em exames podem ser potenciais portadores de doenças como o mal de Alzheimer. (E) Na base da memória está um mecanismo químico que a ciência começa a conhecer. 54. No segundo parágrafo do texto, a autora, (A) ao definir o que é a memória, expressa seu desacordo com o entendimento de Nancy Ip sobre essa capacidade mental. (B) ao afirmar que a memória não é monolítica, quer dizer que a memória não se compõe de um único elemento. (C) ao mencionar a importante distinção, refere-se a uma diferença que os pesquisadores citados têm deixado de lado em seus trabalhos. (D) ao caracterizar a memória de curta e a de longa duração, revela que a primeira é a que a maioria das pessoas apresenta, e a segunda, só cérebros privilegiados. (E) ao caracterizar a memória de curta e a de longa duração, mostra que a segunda é a menos conhecida pelos pesquisadores.

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55. Considerado o terceiro parágrafo, é correto afirmar: (A) O emprego da expressão podendo reter evidencia que afirmações sobre a memória de curto prazo são unicamente suposições. (B) Palavras, datas e números fixam-se de modo exclusivo na memória de curto prazo. (C) A memória de longo prazo já ultrapassou, na contemporaneidade, todo o seu limite. (D) O desafio a enfrentar não é a limitação do espaço da memória de longo prazo, mas o arquivamento das informações para posterior utilização. (E) A autora apresenta um problema para o qual ainda não existem soluções possíveis.

1. Os robôs têm se mostrado ferramentas valiosas para soldados, cirurgiões e pessoas que desejam limpar seu carpete. Mas, em cada caso, eles são projetados e construídos especificamente para uma tarefa. Agora existe um movimento que pretende construir máquinas multifuncionais − robôs que 5.naveguem mudando de ambientes como escritórios ou salas de estar e trabalhem com as próprias mãos. É claro que robôs multiuso não são uma ideia nova. “Faz cerca de 50 anos que faltam cinco ou dez anos para que isso aconteça”, ironiza Eric Berger, codiretor do Programa de Robótica Pessoal da Willow Garage, empresa iniciante do Vale do Silício. A demora deve-se em parte 10.ao fato de que mesmo tarefas simples requerem um grande conjunto de habilidades. Para que busque uma caneca, por exemplo, um robô precisa processar dados coletados por uma série de sensores − scanners a laser que identificam possíveis obstáculos, câmeras que procuram o alvo, resposta de sensores de força nos dedos para segurar a caneca, e muito mais. Mas Berger e 15.outros especialistas estão confiantes em relação a um progresso real que possa ser obtido na próxima década.

(Adaptado de Gretory Mone. O robô faz-tudo. Scientific American Brasil. Ano 8, n. 92,

01/2010, p.39) 56. “Faz cerca de 50 anos que faltam cinco ou dez anos para que isso aconteça”, ironiza Eric Berger... (l. 7-8). A ironia da frase evidencia dois aspectos do tema tratado no texto, que são (A) as dificuldades insuperáveis da criação de robôs multifuncionais e a persistência dos pesquisadores do passado e do presente para ao menos chegarem perto dessa meta. (B) o longo tempo de existência do propósito de se criarem robôs multifuncionais e o erro das previsões sobre quando isso poderia vir a ocorrer. (C) o reconhecimento de que robôs multiuso existem há bastante tempo e o desconhecimento disso por aqueles mesmos que deles se beneficiam. (D) o uso já antigo dos robôs multifuncionais nos setores de ponta e a constatação de que ainda vai demorar muito a sua utilização em tarefas cotidianas. (E) a impossibilidade de se especular sobre quando os robôs multiuso poderão ser criados e a pouca utilidade das pesquisas feitas nos últimos anos. 57. A demora deve-se em parte ao fato de que mesmo tarefas simples requerem um grande conjunto de habilidades. Substitui adequadamente o termo grifado na frase acima (A) instituem. (B) estatuem. (C) engendram. (D) demandam. (E) revelam.

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FÁBULA: história curta de onde se extrai uma lição ou um preceito moral. O corvo e o jarro

Um pobre corvo, quase morto de sede, avistou de repente um jarro de água. Aliviado e muito alegre, voou velozmente para o jarro. Mas, embora o jarro contivesse água, o nível estava tão baixo que, por mais que o corvo se esforçasse, não havia meio de alcançá-la. O corvo, então, tentou virá-lo, na esperança de pelo menos beber um pouco da água derramada. Mas o jarro era pesado demais para ele. Por fim, correndo os olhos à volta, viu pedrinhas ali perto. Foi, então, pegando-as uma a uma e atirando-as dentro do jarro. Lentamente a água foi subindo até a borda, e finalmente pôde matar a sede.

(Fábulas de Esopo, recontadas por Robert Mathias, Círculo do Livro, p. 46)

58. Típica das fábulas, a moral da história que pode ser depreendida da leitura de O corvo e o jarro é (A) A utilidade é mais importante do que a beleza. (B) Devagar se vai ao longe. (C) O hábito torna as coisas familiares e fáceis para nós. (D) A necessidade é a mãe da invenção. (E) Contra esperteza, esperteza e meia. BREVE ENSAIO 1. O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso. Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa 5.delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios.

Ocorre que a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo é neutra em relação aos fins, mas exigente no tocante aos meios. Ela cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do 10.valor do tempo gasto. O problema é que isso tende a minar uma certa disposição à entrega e ao abandono, os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do 15.tempo.

Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna: “O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. O nosso ócio interno, todavia, algo muito diferente do lazer cronometrado, está 20.desaparecendo. Estamos perdendo aquela vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade. As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam esse precioso repouso.”

O paradoxo é claro. Quanto mais calculamos o benefício de uma hora “gasta” desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que 25.gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade e no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição do belo − as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora. (Adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã. São Paulo, Cia. das Letras, 2005, p.206-209)

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59. O posicionamento crítico adotado pelo autor em relação ao emprego do cálculo econômico sobre a utilização do tempo está em (A) O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. (B) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios. (C) A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo. (D) Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. (E) O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. 60. O paradoxo a que o autor se refere está corretamente resumido em (A) O tempo despendido na busca de conhecimento é recompensado pelo saber. (B) Os momentos de relaxamento pleno advêm do bom planejamento do uso do tempo. (C) A criatividade confere maior qualidade ao tempo despendido com o trabalho. (D) O controle do uso do tempo compromete o seu aproveitamento prazeroso. (E) As horas de maior prazer são aquelas empregadas em atividades bem planejadas.

O romance policial, descendente do extinto romance gótico, conserva características

significativas do gênero precursor: a popularidade imensa e os meios para obtê-la. “Romances policiais”, reza um anúncio do editor de Edgar Wallace, “são lidos por homens e mulheres de todas as classes; porque não há nada que seja tão interessante como a explicação de um crime misterioso. Não há nada que contribua com eficiência maior para divertir os espíritos preocupados”.

Os criminosos e detetives dos romances policiais servem-se dos instrumentos requintados da tecnologia moderna para cometer e revelar horrores: sociedades anônimas do crime, laboratórios científicos transformados em câmaras de tortura. Os leitores contemporâneos acreditam firmemente na onipotência das ciências naturais e da tecnologia para resolver todos os problemas e criar um mundo melhor; ao mesmo tempo, devoram romances nos quais os mesmíssimos instrumentos físicos e químicos servem para cometer os crimes mais abomináveis.

Leitores de romances policiais não são exigentes. Apenas exigem imperiosamente um final feliz: depois da descoberta do assassino, as núpcias entre a datilógrafa do escritório dos criminosos e o diretor do banco visado por eles, ou então a união matrimonial entre o detetive competente e a bela pecadora arrependida.

Não adianta condenar os romances policiais porque lhes falta o valor literário. Eles são expressões legítimas da alma coletiva, embora não literárias, e sim apenas livrescas de desejos coletivos de evasão.

(Adaptado de Otto Maria Carpeaux. Ensaios reunidos 1942-1978. Rio de Janeiro: UniverCidade e TopBooks, v.1, 1999. p. 488-90)

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61. O leitor de romances policiais, tal como caracterizado no texto, (A) pertence a determinada classe social e despreza a técnica literária. (B) é difícil de satisfazer e descrente da moral contemporânea. (C) confia na soberania da ciência e é condescendente com enredos inverossímeis. (D) é leigo em tecnologia e demonstra alto grau de erudição. (E) usa a leitura como fonte de entretenimento e prescinde de finais felizes.

Um dos mitos narrados por Ovídio nas Metamorfoses conta a história de Aglauros. A jovem

é irmã de Hersé, cuja beleza extraordinária desperta o desejo do deus Hermes. Apaixonado, o deus pede a Aglauros que interceda junto a Hersé e favoreça os seus amores por ela; Aglauros concorda, mas exige em troca um punhado de moedas de ouro. Isso irritou Palas Atena, que já detestava a jovem porque esta a espionara em outra ocasião. Não admitia que a mortal fosse recompensada por outro deus; decide vingar-se, e a vingança é terrível: Palas Atena vai à morada da Inveja e ordena-lhe que vá infectar a jovem Aglauros.

A descrição da Inveja feita por Ovídio merece ser relembrada, pois serviu de modelo a todos os que falaram desse sentimento: “A Inveja habita o fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas. A palidez cobre o seu rosto e o olhar não se fixa em parte alguma. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor alheia. Assiste com despeito aos sucessos dos homens, e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício”.

(Adaptado de Renato Mezan. “A inveja”. Os sentidos da paixão. São Paulo: Funarte e Cia. das Letras, 1987. p.124-25)

62. Atente para as afirmações abaixo. I. O autor sugere que se rememore a descrição da Inveja feita por Ovídio com base no fato de que antes dele nenhum autor de tamanha magnitude havia descrito esse sentimento de maneira inteligível. II. A importância do mito de Aglauros deriva do fato de que, a partir dele, se explica de maneira coerente e lógica a origem de um dos males da personalidade humana. III. Ao personificar a Inveja, Ovídio a descreve como alguém acometido por ressentimentos e condenado à infelicidade, na medida em que não tolera a alegria de outrem. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) I. (E) III.

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Numa dessas anotações que certamente contribuíram para lhe dar a reputação de grande fotógrafo da existência humana em sua época, Stendhal observou que a Igreja Católica aprendeu bem depressa que o seu pior inimigo eram os livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a competição com outras religiões; isso tudo podia atrapalhar, claro, mas o que realmente criava problemas sérios eram os livros. Neles as pessoas ficavam sabendo coisas que não sabiam, porque os padres não lhes contavam, e descobriam que podiam pensar por conta própria, em vez de aceitar que os padres pensassem por elas.

Abria-se para os indivíduos, nesse mesmo movimento, a possibilidade de discordar. Para quem manda, não pode haver coisa pior − como ficou comprovado no caso da Igreja, que foi perdendo sua força material sobre países e povos, e no caso de todas as ditaduras, de ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava falando, na sua França de 200 anos atrás, de algo que viria a evoluir, crescer e acabar recebendo o nome de "opinião pública". Os livros ou, mais exatamente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias foram a sua pedra fundamental.

(J.R.Guzzo. Veja, 3 de agosto de 2011, p. 142)

Stendhal escritor francês (1783-1842) que valorizava o perfil psicológico das personagens. 63. Segundo o texto, (A) a livre e ampla divulgação do conhecimento resulta naquilo que se entende por "opinião pública", reflexo do acesso à informação e do desenvolvimento do espírito crítico. (B) Stendhal foi o criador do termo "opinião pública", para se referir à atuação da Igreja Católica na França quanto ao controle da divulgação do conhecimento, o que em sua época era feito pelos padres. (C) a grande força da Igreja Católica, em todos os tempos e lugares, se deve à educação esmerada recebida pelos padres, única fonte do conhecimento transmitido aos fiéis. (D) a competição pelo poder é marcada, há alguns séculos, pela oposição entre valores políticos, relativos aos reis, e religiosos, especialmente quanto à atuação da Igreja Católica em todo o mundo. (E) escritores de todas as épocas, como Stendhal, aprofundaram-se na discussão de problemas da sociedade de seu tempo e, por consequência, voltaram-se para a análise do poder que a Igreja sempre manteve sobre os governantes. PEÇA PUBLICITÁRIA: a propaganda é um modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empresa, ideia ou política, visando influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação. A propaganda comercial é chamada, também, de publicidade. Ao contrário da busca de imparcialidade na comunicação, a propaganda apresenta informações com o objetivo principal de influenciar uma audiência. Para tal, frequentemente, apresenta os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Costuma ser estruturado por meio de frases curtas e em ordem direta, utilizando elementos não verbais para reforçar a mensagem.

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64. Sobre o folheto é correto afirmar que (A) vale-se da linguagem e da visual para apresentar as qualificações dos novos medicamentos a ser lançados até o fim de 2010. (B) utiliza o recurso gráfico que amplia a visibilidade para detalhar o que se encontra numa embalagem de remédio. (C) serve-se da personagem para explicitar a ideia de que somente médicos e farmacêuticos podem responder pela procedência do remédio. (D) mostra, ao indicar as marcas medicamento verdadeiro, que os equívocos ocorrem unicamente por falha do comprador, pois os meios de segurança adotados atualmente são os mais eficazes que existem. (E) demonstra, minuciosamente, como comprovar a procedência de um medicamento, mecanismo de garantia da sua qualidade e, de maneira implícita, sugere que os medicamentos falsos não têm eficácia garantida. PIADA: dito ou pequena história espirituosa e/ou engraçada.

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65. Na piada acima, o efeito de humor

(A) deve-se, principalmente, à situação constrangedora em que ficou um dos amigos quando a mulher o cumprimentou.

(B) constrói-se pela resposta inesperada de um dos amigos, revelando que não havia entendido o teor da pergunta do outro.

(C) é provocado pela associação entre uma mulher e minha esposa, sugerindo ilegítimo relacionamento amoroso.

(D) firma-se no aproveitamento de distintos sentidos de uma mesma expressão linguística, devo muito.

(E) é produzido prioritariamente pela pergunta do amigo, em que se nota o emprego malicioso da expressão sua protetora.

66. É legítima a afirmação de que, na piada, (A) ouve-se exclusivamente a voz de personagens, exclusividade que é condição desse tipo de produção humorística. (B) há a presença efetiva de um narrador, expediente típico desse tipo de texto. (C) as falas das personagens constituem recurso para a defesa de um ponto de vista, sinal da natureza dissertativa desse específico texto. (D) os elementos caracterizadores da mulher, dados na descrição, são contrastados com a sua profissão. (E) ocorre uma inadequação, dadas as normas da narrativa: a introdução à fala da primeira personagem está no próprio trecho em que se compõe a cena introdutória. TEXTOS LITERÁRIOS

Texto I No fim do século XIV, Portugal, vitimado por uma sucessão de administrações perdulárias,

se convertera em um reino endividado. Sem alternativas para produzir riquezas em seu território, a coroa voltou os olhos para o mar. Essa epopeia em busca de riquezas é narrada pelo jornalista mineiro Lucas Figueiredo em Boa Ventura!. Calcada sobre um minucioso levantamento histórico, a obra traça um quadro desolador da penúria em que então vivia Portugal e retrata as adversidades que enfrentou para achar uma solução: a chamada Corrida do Ouro brasileira, que se deu entre os anos de 1697 e 1810.

Foi o sonho dourado português que levou dom Manuel a ordenar, em março de 1500, a viagem de Pedro Álvares Cabral ao desconhecido. Depois de atingir o arquipélago de Cabo Verde, o jovem navegador voltou a proa de sua caravela para o Ocidente, com a missão de salvar a coroa da falência. O rei apostou nas terras ermas e inexploradas do Novo Mundo. Para ele, poderia estar ali a fonte rápida e repleta de riquezas que guindariam Portugal à fartura.

A pressão de Lisboa levou o governador-geral Tomé de Sousa a organizar a primeira expedição oficial em busca do metal, seduzido pelos rumores sobre a existência de uma montanha dourada margeada por um lago também de ouro − local fantástico que os nativos chamavam de Sabarabuçu. A comitiva partiu de Pernambuco em 5 de novembro de 1550, e os homens que se embrenharam na floresta nunca mais foram vistos. Mas o mito de Sabarabuçu levaria à organização de outras dezenas de expedições no decorrer dos 121 anos seguintes − todas fracassadas.

Em 1671, o paulista Fernão Dias, uma das maiores fortunas da região, aceitou o pedido de Lisboa para empreender mais uma missão em busca de Sabarabuçu. Ao contrário de seus antecessores, porém, o bandeirante não partiu sem antes analisar os erros daqueles que haviam perecido na floresta, devorados por animais ferozes ou índios e mortos eles próprios pela fome e pelas adversidades naturais. Os preparativos levaram três anos. Ciente de que era impossível que

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centenas de homens sobrevivessem sem uma linha de abastecimento, Dias ordenou que, à medida que se embrenhassem na floresta, os pioneiros providenciassem a plantação de lavouras e a criação de animais. Ao longo de toda a rota que interligava a vila de São Paulo ao que hoje é o Estado de Minas Gerais, Dias montou a infraestrutura necessária para o que seria a primeira experiência bem sucedida dos portugueses na busca de riquezas. Em sete anos de trabalhos, ele percorreu 900 quilômetros entre São Paulo e Minas. Morreu no caminho de volta para casa, sem jamais ter alcançado a lendária Sabarabuçu. Mas fizera algo ainda mais extraordinário: havia inaugurado a primeira via de interligação entre o litoral e o interior do país em um terreno antes intransponível.

Doze anos depois da morte de Fernão Dias, surgiram as primeiras notícias dando conta da localização de ouro onde hoje é Minas Gerais. Com a descoberta de novas lavras, o sonho de ouro continuava a mover os aventureiros. Em 1700, o bandeirante Borba Gato deu as boas novas ao governador: havia encontrado Sabarabuçu. Festas e missas foram celebradas para comemorar a "providência divina". Localizada onde hoje é a cidade de Sabará, a terra batizada com o nome mítico por Borba Gato incendiou a imaginação dos europeus. Dessa forma, a corrida do ouro levou um dos lugares mais hostis de que se tinha notícia a abrigar o embrião do que viria a ser o estado de governança no Brasil.

(Leonardo Coutinho. Veja, 30 de março de 2011, pp. 134-136, com adaptações)

67. O texto (A) expõe, com argumentos, a tese do enriquecimento da coroa portuguesa, levado a efeito pelos destemidos colonizadores. (B) apresenta teor informativo, com base em fatos históricos narrados em uma obra que aborda a procura do ouro pelos portugueses no Novo Mundo. (C) adquire forma de crônica histórica, em que o autor expõe sua própria opinião a respeito dos fatos abordados sobre a busca do ouro no Brasil Colônia. (D) se desenvolve sob viés narrativo, em que as personagens dos fatos referentes à colonização surgem tanto como heróis quanto como aventureiros fracassados. 68. O segmento que traduz uma opinião e não simplesmente um fato, considerando-se o contexto, é (A) Morreu no caminho de volta para casa, sem jamais ter alcançado a lendária Sabarabuçu. (B) A comitiva partiu de Pernambuco em 5 de novembro de 1550, e os homens que se embrenharam na floresta nunca mais foram vistos. (C) Mas fizera algo ainda mais extraordinário: havia inaugurado a primeira via de interligação entre o litoral e o interior do país em um terreno antes intransponível. (D) Em 1700, o bandeirante Borba Gato deu as boas novas ao governador: havia encontrado Sabarabuçu. Para responder às questões que seguem, considere as estrofes seguintes (Texto II), em correlação com o Texto I.

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Texto II

O caçador de esmeraldas

Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entrada Do outono, quando a terra, em sede requeimada, Bebera longamente as águas da estação,

Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata, À frente dos peões filhos da rude mata, Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão. Ah! quem te vira assim, no alvorecer da vida, Bruta Pátria, no berço, entre as selvas dormida, No virginal pudor das primitivas eras, Quando, aos beijos do sol, mal compreendendo o anseio Do mundo por nascer que trazias no seio, Reboavas ao tropel dos índios e das feras! .............. Ah! mísero demente! o teu tesouro é falso! Tu caminhaste em vão, por sete anos, no encalço De uma nuvem falaz, de um sonho malfazejo! Enganou-te a ambição! mais pobre que um mendigo, Agonizas, sem luz, sem amor, sem amigo, Sem ter quem te conceda a extrema-unção de um beijo! ............. Morre! morrem-te às mãos as pedras desejadas, Desfeitas como um sonho, e em lodo desmanchadas ... Que importa? dorme em paz, que o teu labor é findo! Nos campos, no pendor das montanhas fragosas, Como um grande colar de esmeraldas gloriosas, As tuas povoações se estenderão fulgindo!

(Olavo Bilac. O caçador de esmeraldas, in: Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, pp. 227, 233, 234)

69. É correto afirmar que o 4o parágrafo do Texto I e os versos do Texto II (A) abordam de maneira subjetiva o tema recorrente na época colonial sobre lugares fantásticos cheios de riquezas, cuja procura se tornou o centro das expedições pelo sertão adentro. (B) mostram que Fernão Dias, impelido pelo sonho de riquezas a entrar pelo sertão, foi vencido por ataques de índios e pelas precárias condições então existentes na colônia. (C) atestam a importância de Fernão Dias que, apesar de não haver descoberto as riquezas que desejava encontrar, desempenhou marcante papel no desenvolvimento do então inexplorado interior do Brasil. (D) exaltam simplesmente a figura de um aventureiro, como tantos outros que se aproveitavam da ingenuidade de peões para enriquecer com a conquista de pedras e de metais preciosos.

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70. Como um grande colar de esmeraldas gloriosas, As tuas povoações se estenderão fulgindo! (versos finais do Texto II) A imagem presente nos versos acima faz referência à seguinte informação constante do Texto I: (A) ... o paulista Fernão Dias (...) aceitou o pedido de Lisboa para empreender mais uma missão em busca de Sabarabuçu. (B) ... o bandeirante não partiu sem antes analisar os erros daqueles que haviam perecido na floresta, devorados por animais ferozes ou índios e mortos eles próprios pela fome e pelas adversidades naturais. (C) Os preparativos levaram três anos. (D) ... Dias ordenou que, à medida que se embrenhassem na floresta, os pioneiros providenciassem a plantação de lavouras e a criação de animais.

Eu, etiqueta

Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. [...] Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, premência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. [...] Não sou vê lá anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender [...] Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.

(Carlos Drummond de Andrade. Corpo. Rio de Janeiro, Record, 1984)

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71. Há no poema de Drummond (A) incentivo ao uso de frases de efeito em vestimentas e acessórios, desde que ofereçam comentários educativos a quem as lê. (B) opinião desfavorável sobre o excesso de preocupação com a aparência física, o que leva o homem a esquecer de buscar um bem-estar duradouro. (C) opinião favorável sobre a criatividade das agências de propaganda, que conseguem veicular seus anúncios até mesmo através da vestimenta dos consumidores. (D) crítica à sociedade de consumo marcada pela comunicação visual, em que o próprio corpo acaba sendo usado para exibir marcas de produtos diversos. 72. O verso em que o poeta se dirige diretamente ao leitor, incluindo-o em sua fala, está em (A) Não sou − vê lá − anúncio contratado. (B) Meu nome novo é Coisa. (C) E fazem de mim homem-anúncio itinerante. (D) Meu blusão traz lembrete de bebida. 73. Eu sou a Coisa, coisamente. Considerando-se que coisamente não existe no dicionário, é correto afirmar que (A) por estar fora de contexto, a palavra não foi bem empregada, já que, sendo a última do poema, abre ao leitor múltiplas possibilidades de interpretação, o que enfraquece o poema e o torna inconcluso. (B) o uso da palavra é inadequado, pois leva o leitor à falsa noção de que tal palavra possa ter algum significado na língua portuguesa, induzindo-o, desnecessariamente, a correr o risco de empregá-la mal e cometer um erro gramatical. (C) apesar de inventada, a palavra é apropriada, pois, além de ter sido empregada na poesia, gênero literário que oferece ampla liberdade ao autor, ressalta a ideia de que o sujeito se identifica com uma coisa. (D) a palavra é inapropriada para o gênero poético, pois palavras novas só devem ser empregadas em gêneros como o romance, por exemplo, em que o autor tem a possibilidade de explicar o significado que imaginou para elas.

Madrugada na aldeia

Madrugada na aldeia nervosa, com as glicínias escorrendo orvalho, os figos prateados de orvalho, as uvas multiplicadas em orvalho, as últimas uvas miraculosas. O silêncio está sentado pelos corredores, encostado às paredes grossas, de sentinela. E em cada quarto os cobertores peludos envolvem o sono: poderosos animais benfazejos, encarnados e negros. Antes que um sol luarento dissolva as frias vidraças, e o calor da cozinha perfume a casa

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com lembrança das árvores ardendo, a velhinha do leite de cabra desce as pedras da rua antiquíssima, antiquíssima, e o pescador oferece aos recém-acordados os translúcidos peixes, que ainda se movem, procurando o rio.

(Cecília Meireles. Mar absoluto, in Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.311)

74. Considere as afirmativas seguintes. I. O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título. II. Predominam nos versos elementos descritivos da realidade. III. Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol que surge e traz o calor do dia. Está correto o que consta em (A) I, II e III. (B) I, apenas. (C) III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I e II, apenas. 75. O verso com lembrança das árvores ardendo remete (A) ao ambiente natural existente em toda a aldeia. (B) à queima da lenha no fogão da casa. (C) ao costumeiro hábito de atear fogo às florestas. (D) ao nascer do sol, que aquece as frias vidraças. (E) à colheita de frutas, no quintal da casa. 76. A afirmativa INCORRETA, considerando-se o que dizem os versos, é (A) As cabras e os peixes são considerados animais benfazejos, por constituírem a base da alimentação dos moradores. (B) A velhinha e o pescador oferecem seus produtos ainda bastante cedo aos moradores, recém-acordados. (C) O silêncio que impera durante a madrugada pode ser visto como guardião do sono das pessoas aconchegadas em suas camas. (D) O último verso deixa evidente o fato de que o pescador trazia peixes que havia acabado de pescar. (E) A repetição da palavra orvalho acentua a sensação de frio e de umidade característicos de uma madrugada de inverno.

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Os privilegiados da Terra

O fragmento de satélite artificial – só podia ser de satélite – caído sobre o povoado transformou de repente a vida dos moradores, que não chegavam a trezentos. Repórteres e cinegrafistas cobriram o fato com o maior relevo. Não houve ninguém que deixasse de dar entrevista. O fiscal do Governo apareceu para recolher o pedaço de coisa inédita, mas foi obstado pelo juiz de paz, que declarou aquilo um bem da comunidade. A população rendeu guarda ao objeto e jurou defender sua posse até o último sopro de vida. A força policial enviada para manter a ordem aderiu aos moradores, pois seu comandante era filho do lugar. Acorreram turistas, pessoas dormiam na rua por falta de acomodação, surgiram batedores de carteira, que foram castigados, e começou a correr o boato de que aquele corpo metálico tinha propriedades mágicas. Quem chegava perto dele seria fulminado se fosse mau-caráter; conquistava a eterna juventude se fosse limpo de coração; e certa ardência que se evolava da superfície convidava ao amor.

Não se desprendeu do satélite, diziam uns; veio diretamente do céu, emanado de uma estrela, alvitravam outros. De qualquer modo, era dádiva especial para o lugarejo, pois ao tombar não ferira ninguém, não partira uma telha, nem se assustaram os animais domésticos com sua vinda insólita.

Tudo acabou com o misterioso desaparecimento da coisa. Seus guardas foram tomados de letargia, e ao recobrarem a consciência viram-se despojados do grande bem. Mas tinham assimilado esse bem, e passaram a viver de uma alegria inefável, que ninguém poderia roubar-lhes. Eram os privilegiados da Terra.

(Carlos Drummond de Andrade, Contos plausíveis)

77. O preceito moral que se deve concluir da leitura do texto encontra adequada formulação nesta frase: As coisas que efetivamente nos trazem benefícios (A) fazem-nos tão acomodados que passamos a viver desacreditando da existência de todo e qualquer mal. (B) trazem-nos também os dissabores que passamos a experimentar quando já não contamos com elas. (C) são as que nos legam o poder de desfrutá-los mesmo quando elas não mais se ofereçam ao nosso convívio. (D) são as que nos ensinam a desfrutá-los somente quando começamos a descrer deles. (E) fazem-nos conscientes tanto da alegria que elas nos dão quanto das tristezas que podem nos causar. 78. A presença do misterioso objeto provocou várias reações entre os moradores do vilarejo, que passaram, por exemplo, a (A) adotar rituais de fanática adoração diante da coisa. (B) comprometer-se com sua permanente proteção. (C) condescender com os autores de pequenos delitos. (D) abandonar antigos hábitos religiosos. (E) resistir às tentações mundanas e aos apelos do corpo.

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Só me faltam seis meses e 28 dias para estar em condições de me aposentar. Deve fazer pelo menos cinco anos que mantenho este cômputo diário de meu saldo de trabalho. Na verdade, preciso tanto assim do ócio? Digo a mim mesmo que não, que não é do ócio que preciso, mas do direito a trabalhar no que eu quiser. Por exemplo? Jardinagem, quem sabe. É bom como descanso ativo para os domingos, para contrabalançar a vida sedentária e também como defesa secreta contra minha futura e garantida artrite.

(Mário Benedetti. A trégua. Trad. de Joana Angelica D’Avila Melo)

79. Atente para as seguintes afirmações. I. O autor afirma que ao completo ócio da aposentadoria prefere seu trabalho atual, que ele classifica como um descanso ativo. II. Ainda que já há muito tempo venha contando os dias que faltam para aposentar-se, o autor teme não conseguir desfrutar de tamanho benefício. III. Apesar de manter expectativa em relação à aposentadoria, o autor mostra-se preocupado com os riscos de uma vida sedentária. Em relação ao texto está correto APENAS o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. GRÁFICOS E TABELAS

80. Observe o gráfico abaixo:

Analisando as informações contidas no gráfico, é correto afirmar que

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(A) a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais manteve-se a mesma em todas as regiões do país desde 2000. (B) o número de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais diminuiu entre a população brasileira em geral nas últimas décadas. (C) a região Centro-oeste é a que vem apresentando, nos últimos vinte anos, o menor número de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais. (D) em comparação com o ano de 1991, pode-se dizer que, no Nordeste, em 2010, o número de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais aumentou. TIPOLOGIA

Rio Grande do Norte: a esquina do continente

Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual.

O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas.

Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem.

O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.

(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).

81. O texto se estrutura notadamente (A) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. (B) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. (C) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela.

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(D) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. (E) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação.

Depois de subir uma serra que parecia elevar-se do caos, o taubateano Antônio Dias de

Oliveira se deparou com uma vista inebriante: uma sequência de morros enrugados, separados por precipícios e vales. No fundo desses grotões, corriam córregos de água transparente. O mais volumoso deles era o Tripuí. Foi nele que Antônio Dias encontrou um ouro tão escuro que foi chamado de ouro preto. A região, que ficaria conhecida como Ouro Preto, tinha uma formação geológica rara. Portugal tinha enfim seu Eldorado. O ouro era encontrado nas margens e nos leitos dos rios, e até à flor da terra.

Já em 1697, el-rei pôde sentir em suas mãos o metal precioso do Brasil. Naquele ano, doze navios vindos do Rio de Janeiro aportaram em Lisboa. Além do tradicional açúcar, traziam ouro em barra. A presença do metal na frota vinda do Brasil era tão inusitada que espiões franceses pensaram que o ouro era proveniente do Peru. Mas logo todos saberiam da novidade e o mundo voltaria seus olhos para o Brasil.

Como só havia dois caminhos que levavam às lavras, o trânsito de ambos se intensificou. Os estrangeiros que chegavam por Salvador ou Recife se embolavam às massas vindas do Nordeste. Juntos, desciam às minas acompanhando o rio São Francisco até o ponto em que este se encontra com o rio das Velhas, já em território mineiro. Os portugueses que desembarcavam no Rio de Janeiro seguiam o fluxo dos moradores da cidade. Em Guaratinguetá, portugueses e fluminenses agregavam-se às multidões vindas do Sul e de São Paulo e, unidos, subiam o chamado Caminho Geral do Sertão, que terminava nas minas. Foi dessa forma desordenada e no meio do sertão bruto que pela primeira vez o Brasil se encontrou.

(Adaptado de: Lucas Figueiredo. Boa Ventura!. Rio de Janeiro, Record, 2011, pp. 120; 131; 135)

82. Segundo o texto, (A) a região de Ouro Preto deve seu nome à cor de seus rios, muito escuros, onde foi encontrado ouro no século XVII. (B) enganados pelos portugueses, espiões franceses acreditaram que o ouro enviado a Portugal era de fato proveniente do Peru. (C) incentivadas pela promessa de enriquecimento, no século XVII pessoas de diversas regiões do Brasil e de fora do país se dirigiram para Minas Gerais. (D) Antônio Dias experimentou um enorme prestígio na corte portuguesa ao se tornar o primeiro homem a deparar com as densas serras mineiras. 83. O texto apresenta, predominantemente, características (A) da narração de um episódio histórico, com o objetivo de oferecer ao leitor fatos e comentários sobre um determinado assunto. (B) de uma exposição argumentativa, com o objetivo de defender um determinado ponto de vista sobre um assunto polêmico. (C) da narração de fatos fictícios, sem vínculo com a realidade, com o objetivo de entreter o leitor. (D) da descrição de um episódio biográfico de certa personagem histórica, com o objetivo de fazer dela um herói nacional.

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84. O segmento em que o autor emite uma opinião pessoal é (A) A região, que ficaria conhecida como Ouro Preto, tinha uma formação geológica rara. (B) Foi dessa forma desordenada e no meio do sertão bruto que pela primeira vez o Brasil se encontrou. (C) Juntos, desciam às minas acompanhando o rio São Francisco até o ponto em que este se encontra com o rio das Velhas... . (D) Os portugueses que desembarcavam no Rio de Janeiro seguiam o fluxo dos moradores da cidade. NÍVEIS DE LINGUAGEM

− Ã-hã, quer entrar, pode entrar... Mecê sabia que eu moro aqui? Como é que sabia? Hum, hum...Cavalo seu é esse só? Ixe! Cavalo tá manco, aguado. Presta mais não.

(João Guimarães Rosa. Trecho de "Meu tio o Iauaretê", adaptado. Estas estórias. Rio de Janeiro,

José Olympio, 1969, p.126)

85. Observando-se a variedade linguística de que se vale o falante do trecho acima, percebe-se uso de (A) linguagem marcada por construções sintáticas complexas e inapropriadas para o contexto, responsáveis por truncar a comunicação e dificultar o entendimento. (B) linguagem formal, utilizada pelas pessoas que dominam o nível culto da linguagem, sendo, portanto, adequada à situação em que o falante se encontra. (C) gírias e interjeições, como ixe e aguado, prioritariamente utilizadas entre os jovens, sendo, assim, incompatíveis com a situação em que o falante se encontra. (D) coloquialismos e linguagem informal, como mecê e tá, apropriados para a situação de informalidade em que o falante se encontra. MAIS COMPREENSÃO...

A média universal do Índice de Desenvolvimento Humano aumentou 18% desde 1990. Mas a melhora estatística está longe de animar os autores do Relatório de 2010. Eles argumentam que, embora os números reflitam avanços em determinadas áreas, o mundo continua a conviver com problemas graves, que exigem uma nova perspectiva política.

O cenário apresentado pelo Relatório não é animador. O documento adverte que, nestes 20 anos, parte dos países enfrentou sérios problemas, sobretudo na saúde, anulando em alguns anos os ganhos de várias décadas. Além disso, o crescimento econômico tem sido desigual. Os padrões de produção e consumo atuais são considerados inadequados.

Embora não queira apresentar receitas prontas, o Relatório traça caminhos possíveis. Entre eles, o reconhecimento da ação pública na regulação da economia para proteger grupos mais vulneráveis. Outro aspecto ressaltado é a necessidade de considerar pobreza, crescimento e desigualdade como temas interligados. "Crescimento rápido não deve ser o único objetivo político, porque ignora a distribuição do rendimento e negligencia a sustentabilidade do crescimento", informa o texto.

Um aspecto importante revelado pelo Relatório é que muitas das ações para melhoria da saúde e da educação não necessitam de grande investimento financeiro. Isso está mais presente sobretudo onde os indicadores são ruins. "Numa primeira etapa, medidas simples como inclusão

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do soro caseiro e lavagem das mãos já trazem impacto relevante", avalia Flávio Comim, economista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

(Adaptado de Lígia Formenti. O Estado de S. Paulo, A30 Vida, 5 de novembro de 2010)

86. De acordo com o texto, o Relatório de 2010 (A) aponta vários problemas de saúde da população mundial, com as medidas a serem adotadas para resolvê-los. (B) deixa de lado a avaliação das causas do crescimento econômico desigual, que ocorre no mundo todo. (C) mostra preocupação com a persistência de problemas no mundo, apesar da constatação de alguns avanços, desde 1990. (D) assinala algumas divergências, entre os autores do documento, em relação às conclusões possíveis a partir de seus dados. (E) reconhece a importância da intervenção da ação pública no controle permanente da economia. 87. O texto informa claramente que (A) muitas ações voltadas para a melhoria das condições de vida em situação precária se valem de expedientes bastante simples, como a adoção de hábitos de higiene. (B) alguns dados estatísticos sobre desenvolvimento humano vêm melhorando desde 1990, realçando os indiscutíveis avanços em todo o mundo. (C) os atuais índices encontrados a respeito de desenvolvimento humano demonstram que os problemas mais sérios já estão solucionados. (D) os grandes investimentos financeiros necessários para a solução de problemas mundiais, como as crises econômicas, ainda não têm sido suficientes. (E) os ganhos em crescimento econômico, cujos resultados foram comprovados pelo recente Relatório, foram bastante expressivos nas últimas décadas.

Desde o início da evolução humana, buscamos formas alternativas para o nosso

desenvolvimento, seja por meio da fala, de ferramentas ou de associações para superar barreiras. Nos últimos tempos, nos acostumamos à expressão Tecnologia Social, sem compreender exatamente o que isso significa.

Para a Fundação Banco do Brasil, o conceito de Tecnologia Social percorre as experiências desenvolvidas nas comunidades urbanas e rurais, nos movimentos sociais, nos centros de pesquisa e nas universidades −que podem produzir métodos, técnicas ou produtos que contribuam para a inclusão e a transformação social, em particular quando desenvolvidas em um processo no qual se soma e se compartilha o conhecimento científico com o saber popular.

Muitas experiências foram desenvolvidas no Brasil, nos últimos anos, tendo como perspectiva a construção do desenvolvimento local, com sustentabilidade. Nesse processo, o objetivo é, ao mesmo tempo, dinamizar as potencialidades locais e desbloquear aqueles entraves que impedem esse potencial de se realizar. Grupos e comunidades organizadas, ou em organização, presentes em todo o país, buscam levar adiante projetos de geração de trabalho e renda nas mais diversas realidades, seja no campo, seja nas pequenas, médias e grandes cidades.

Nos povoados com características do mundo rural, esses projetos aparecem em atividades tradicionais que vão do artesanato, casas de farinha, criação de galinha caipira, produção de rapadura ou de cachaça até às atividades mais novas da apicultura, piscicultura, fruticultura. Nas

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grandes cidades, na reciclagem, nos espaços de inclusão digital e nas rádios comunitárias, entre outras atividades, milhares de pessoas desenvolvem empreendimentos econômicos e solidários, dos quais muitos contam com a parceria da Fundação Banco do Brasil.

(Adaptado de artigo de Jacques de Oliveira Pena.

http://www.fbb.org.br/portal/pages/publico/expandir.fbb?codConteudoLog 8577, acessado em 15 de janeiro de 2011)

88. O texto afirma que (A) as áreas rurais, por suas características, têm recebido maior número de propostas direcionadas para seu desenvolvimento. (B) projetos de desenvolvimento urbano são em número reduzido por serem essas áreas já consideradas em desenvolvimento. (C) as atividades artesanais que se baseiam no saber popular nem sempre geram emprego e renda na quantidade necessária para as comunidades carentes. (D) as atividades econômicas, cujo objetivo está no auxílio a comunidades carentes, devem estar vinculadas a instituições financeiras. (E) projetos de geração de trabalho e renda surgem em todo o país, de acordo com as características e necessidades do lugar onde são desenvolvidos. 89. A afirmativa correta, segundo o texto, é (A) A organização de grupos voltados para melhorias das atividades econômicas esbarra na ausência de formação de seus componentes. (B) O 2º parágrafo explica claramente o significado da expressão Tecnologia Social e seu papel no desenvolvimento sustentável de comunidades. (C) É difícil determinar, com clareza, quais formas alternativas seriam necessárias para o desenvolvimento de comunidades. (D) A indefinição sobre o que seja conhecimento científico ou saber popular torna difícil a aplicação de um ou de outro nas comunidades mais pobres. (E) Nem sempre as experiências programadas para determinados lugares apresentam resultados satisfatórios, devido à resistência contra inovações no modo de vida local. 90. ...que impedem esse potencial de se realizar. (3º parágrafo) A expressão grifada acima retoma, considerando-se o contexto, o sentido de (A) busca de formas alternativas. (1º parágrafo) (B) compartilhamento do saber científico. (2º parágrafo) (C) conceito de Tecnologia Social. (2º parágrafo) (D) construção do desenvolvimento local. (3º parágrafo) (E) espaço de inclusão digital. (4º parágrafo) 91. Nesse processo, o objetivo é, ao mesmo tempo, dinamizar as potencialidades locais e desbloquear aqueles entraves que impedem esse potencial de se realizar. (3º parágrafo) Os dois segmentos grifados acima podem ser substituídos, mantendo-se o mesmo sentido, na ordem, por (A) reduzir - equacionar os problemas (B) incentivar - afastar os obstáculos (C) desconsiderar - libertar os fatores

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(D) diversificar - identificar os empecilhos (E) valorizar - perceber as dificuldades

A multiplicação de desastres naturais vitimando populações inteiras é inquietante:

tsunamis, terremotos, secas e inundações devastadoras, destruição da camada de ozônio, degelo das calotas polares, aumento dos oceanos, aquecimento do planeta, envenenamento de mananciais, desmatamentos, ocupação irresponsável do solo, impermeabilização abusiva nas grandes cidades. Alguns desses fenômenos não estão diretamente vinculados à conduta humana. Outros, porém, são uma consequência direta de nossas maneiras de sentir, pensar e agir.

É aqui que avulta o exemplo de Hans Jonas. Em 1979 ele publicou O Princípio Responsabilidade. A obra mostra que as éticas tradicionais – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – não estavam à altura das consequências danosas do progresso tecnológico sobre as condições de vida humana na Terra e o futuro das novas gerações. Jonas propõe uma ética para a civilização tecnológica, capaz de reconhecer para a natureza um direito próprio. O filósofo detectou a propensão de nossa civilização para degenerar de maneira desmesurada, em virtude das forças econômicas e de outra índole que aceleram o curso do desenvolvimento tecnológico, subtraindo o processo de nosso controle.

Tudo se passa como se a aquisição de novas competências tecnológicas gerasse uma compulsão a seu aproveitamento industrial, de modo que a sobrevivência de nossas sociedades depende da atualização do potencial tecnológico, sendo as tecnociências suas principais forças produtivas. Funcionando de modo autônomo, essa dinâmica tende a se reproduzir coercitivamente e a se impor como único meio de resolução dos problemas sociais surgidos na esteira do desenvolvimento. O paradoxo consiste em que o progresso converte o sonho de felicidade em pesadelo apocalíptico – profecia macabra que tem hoje a figura da catástrofe ecológica. [...]

Jonas percebeu o simples: para que um "basta" derradeiro não seja imposto pela catástrofe, é preciso uma nova conscientização, que não advém do saber oficial nem da conduta privada, mas de um novo sentimento coletivo de responsabilidade e temor. Tornar-se inventivo no medo, não só reagir com a esperteza de "poupar a galinha dos ovos de ouro", mas ensaiar novos estilos de vida, comprometidos com o futuro das próximas gerações.

(Adaptado de Oswaldo Giacoia Junior. O Estado de S. Paulo, A2 Espaço Aberto, 3 de abril de 2010)

92. A conclusão do texto propõe, em outras palavras, (A) o respeito aos inúmeros benefícios oferecidos às condições de vida moderna pelos avançados recursos decorrentes da tecnologia. (B) uma atitude comunitária voltada para a prevenção e disposta a alterações no modo de vida na Terra para evitar a ocorrência de catástrofes ecológicas. (C) procedimentos conjuntos entre órgãos oficiais e a sociedade civil como solução para a correta aplicação dos avanços tecnológicos. (D) uma preocupação mais ampla com o emprego da tecnologia em algumas áreas do conhecimento humano, para evitar os atuais abusos. (E) uma visão otimista centrada na resolução dos problemas oriundos do progresso tecnológico, por serem eles relativamente simples. 93. – antropocêntricas e baseadas numa concepção instrumental da tecnologia – (3º parágrafo). O sentido da afirmativa acima está corretamente reproduzido, com outras palavras, em (A) voltadas para o homem e fundamentadas na tecnologia como meio de atingir determinados fins.

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(B) preocupadas com a relação entre homem e natureza, atualmente imposta pela tecnologia. (C) determinadas pelo homem e expostas às comodidades trazidas a todos pelo progresso tecnológico. (D) direcionadas para o bem-estar da humanidade e determinadas pelos avanços tecnológicos. (E) centralizadas nos avanços tecnológicos, mas preocupadas com a vida humana na Terra. 94. Considerando-se a organização do texto, a afirmativa INCORRETA é (A) O autor toma como base os diversos desastres naturais que vêm ocorrendo em todo o planeta para discutir aspectos ligados à questão ambiental. (B) A retomada das ideias do filósofo Hans Jonas constitui a base da argumentação necessária para que o autor do texto fundamente suas próprias ideias. (C) O título da obra O Princípio Responsabilidade remete à necessária tomada de consciência dos homens sobre os abusos que vêm cometendo contra o meio ambiente. (D) A relação de catástrofes ambientais apresentada no 1º parágrafo tem por objetivo demonstrar a impossibilidade de deter o progresso tecnológico, cujos avanços são os principais causadores desses desastres. (E) Todo o texto se desenvolve a partir da constatação de que o modo de vida atual, voltado para o uso abusivo da tecnologia, leva o planeta a uma catástrofe ecológica. 95. A ideia central do texto está explicitada em (A) Impotência da natureza contra os abusos decorrentes da tecnologia. (B) Proposição de uma nova ética para a civilização tecnológica. (C) Aceitação das inevitáveis consequências do atual progresso tecnológico. (D) Uso limitado dos recursos tecnológicos na vida moderna. (E) Práticas abusivas contra o meio ambiente, apesar das tecnociências.

“O folhetim é frutinha de nosso tempo”, disse Machado de Assis numa de suas deliciosas

crônicas. E volta ao assunto na crônica seguinte. “O folhetinista é originário da França [...] De lá espalhou-se pelo mundo, ou pelo menos por onde maiores proporções tomava o grande veículo do espírito moderno; falo do 5.jornal.” E Machado tenta “definir a nova entidade literária”, procura esmiuçar a “organização do novo animal”. Mas dessa nova entidade só vai circunscrever a variedade que se aproxima do que hoje chamaríamos crônica. E como na verdade a palavra folhetim designa muitas coisas, e, efetivamente, nasceu na França, há que ir ver o que o termo recobre lá na matriz. 10. De início, ou seja, começos do século XIX, “le feuilleton” designa um lugar preciso do jornal: “o rez-de-chaussée” –rés-do-chão, rodapé −, geralmente o da primeira página. Tinha uma finalidade precisa: era um espaço vazio destinado ao entretenimento. E pode-se já antecipar, dizendo que tudo o que haverá de constituir a matéria e o modo da crônica à brasileira já é, desde 15.a origem, a vocação primeira desse espaço geográfico do jornal, deliberadamente frívolo, oferecido como chamariz aos leitores afugentados pela modorra cinza a que obrigava a forte censura napoleônica. (“Se eu soltasse as rédeas da imprensa”, explicava Napoleão ao célebre Fouché, seu chefe de polícia, “não ficaria três meses no poder.”)

(MEYER, Marlyse, Folhetim: uma história. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 57)

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96. No fragmento acima, (A) nota-se que o autor, reconhecendo a autoridade de Machado de Assis, acata sua observação explícita de que os fundamentos do folhetim devem ser pesquisados na própria cultura francesa. (B) fica evidente que Machado de Assis, nas crônicas citadas, trata de assunto relevante − o jornal de sua época −, comparando sua organização à estrutura original do grande veículo de comunicação de massa francês. (C) Machado de Assis é citado porque as crônicas desse escritor brasileiro constituem o tema central do texto, especialmente o caráter recorrente de seus assuntos. (D) o autor vale-se das palavras de Machado de Assis para introduzir o assunto que pretende desenvolver, ressaltando a necessidade de ampliar a perspectiva assumida pelo cronista no texto citado. (E) está claro que Machado de Assis revela entusiasmo pelo jornal e procura definir o que seria “o artigo de fundo” do novo meio de comunicação de seu tempo. 97. No texto, (A) (linhas 10 a 17) a finalidade do folhetim é citada em associação com o lugar que lhe era destinado no jornal. (B) (linha 10) a expressão ou seja foi empregada para introduzir uma retificação: em busca da precisão, anula-se o valor da expressão anteriormente utilizada (De início). (C) (linha 11) os dois-pontos justapostos à palavra jornal introduzem a citação de distintos espaços associados ao folhetim. (D) (linhas 7-8) o emprego da expressão na verdade denota a concordância plena do autor com as informações obtidas nas crônicas, de que cita passagens para provar que o cronista se concentrou nos significados da palavra folhetim. (E) (linhas 17 a 19) a transcrição das palavras de Napoleão constitui recurso para sugerir que o imperador era tema constante dos folhetins. Atenção: as questões 98 e 99 referem-se ao fragmento que segue. E pode-se já antecipar, dizendo que tudo o que haverá de constituir a matéria e o modo da crônica à brasileira já é, desde a origem, a vocação primeira desse espaço geográfico do jornal, deliberadamente frívolo, oferecido como chamariz aos leitores afugentados pela modorra cinza a que obrigava a forte censura napoleônica. 98. Considerado o contexto, a expressão que está corretamente traduzida é (A) procura esmiuçar - tenta desacreditar. (B) só vai circunscrever a variedade – reconhecerá como válida unicamente uma das variantes. (C) o que o termo recobre lá na matriz - o significado original da palavra. (D) é, desde a origem, a vocação primeira - revela sua tendência mais elevada. (E) deliberadamente frívolo – propositalmente anárquico. 99. De lá [o folhetinista] espalhou-se pelo mundo, ou pelo menos por onde maiores proporções tomava o grande veículo do espírito moderno. Uma nova redação para a frase acima, que não prejudica o sentido original e está em conformidade com o padrão culto, é (A) Sendo espalhado [o folhetinista] de lá para o mundo, ou a considerar minimamente onde o grande veículo do espírito moderno tomava maiores proporções.

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(B) O grande veículo do espírito moderno ganhava boa importância pelo mundo e de lá [o folhetinista] estava se espalhando, pelo menos por esses certos lugares. (C) [O folhetinista] Espalhou-se, de lá, pelo mundo todo, ou, quando menos, pelos lugares onde o grande veículo do espírito moderno adquiria mais força. (D) Salvo os lugares que o grande veículo do espírito moderno ganhou terreno, [o folhetinista] chegou a se espalhar, de lá, pelo mundo. (E) De lá não para o mundo todo, talvez, mas os espaços cobertos pelo grande veículo do espírito moderno, nestes [o folhetinista] se espalhou.

Em todo o continente americano, a colonização europeia teve efeito devastador. Atingidos

pelas armas, e mais ainda pelas epidemias e por políticas de sujeição e transformação que afetavam os mínimos aspectos de suas vidas, os povos indígenas trataram de criar sentido em meio à devastação. Nas primeiras décadas do século XVII, índios norte-americanos comparavam a uma demolição aquilo que os missionários jesuítas viam como “transformação de suas vidas pagãs e bárbaras em uma vida civilizada e cristã.” (Relações dos jesuítas da Nova França, 1636). No México, os índios comparavam seu mundo revirado a uma rede esgarçada pela invasão espanhola. A denúncia da violência da colonização, sabemos, é contemporânea da destruição, e tem em Las Casas seu representante mais famoso.

Posterior, e mais recente, foi a tentativa, por parte de alguns historiadores, de abandonar uma visão eurocêntrica da “conquista” da América, dedicando-se a retraçá-la a partir do ponto de vista dos “vencidos”, enquanto outros continuaram a reconstituir histórias da instalação de sociedades europeias em solo americano. Antropólogos, por sua vez, buscaram nos documentos produzidos no período colonial informações sobre os mundos indígenas demolidos pela colonização.

A colonização do imaginário não busca nem uma coisa nem outra.

(Adaptado de PERRONE-MOISÉS, Beatriz, Prefácio à edição brasileira de GRUZINSKI, Serge, A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México espanhol

(séculos XVI-XVIII)).

100. A autora cita as comparações feitas pelos indígenas norte-americanos e mexicanos (A) como recurso para comprovar que a ruína dos povos indígenas tinha sido provocada pela ação das armas dos colonizadores espanhóis. (B) para beneficiar-se, na argumentação, de pontos de vista divergentes sobre o mesmo processo de colonização. (C) como recurso para mostrar como a colonização europeia agiu de forma distinta em relação a povos distintos. (D) como exemplificação da tentativa dos indígenas de compreender o que lhes acontecera pela presença dos colonizadores. (E) para evidenciar que, em épocas distintas, os nativos só poderiam conceber de modo diverso as aproximações entre a sua cultura e a do colonizador.

O exercício da memória, seu exercício mais intenso e mais contundente, é indissociável da

presença dos velhos entre nós. Quando ainda não contidos pelo estigma de improdutivos, quando por isso ainda não constrangidos pela impaciência, pelos sorrisos incolores, pela cortesia inautêntica, pelos cuidados geriátricos impessoais, pelo isolamento, quando então ainda não-calados, dedicam-se os velhos, cheios de espontaneidade, à cerimônia da evocação, evocação

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solene do que mais impressionou suas retinas tão fatigadas, enquanto seus interesses e suas mãos laborosas participavam da norma e também do mistério de uma cultura.

(GONÇALVES FILHO, José Moura, “Olhar e memória”. IN: O olhar. NOVAES, Adauto (org.). 10a

reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 97) 101. A única substituição que não prejudica o sentido original é a de (A) dedicam-se os velhos por “esforçam-se os velhos”. (B) cuidados geriátricos impessoais por “cuidados geriátricos desprovidos de calor humano”. (C) cheios de espontaneidade por “espontaneamente”. (D) do que mais impressionou suas retinas por “de tudo o que se esvaiu das suas retinas”. (E) suas retinas tão fatigadas por “suas retinas já comprometidas”. 102. Observe atentamente os segmentos ainda não contidos pelo estigma de improdutivos e ainda não constrangidos pela impaciência. No contexto, eles (A) expressam ideias que estão unicamente justapostas, sem nenhuma outra relação entre elas. (B) expressam, respectivamente, uma causa e uma consequência. (C) estão em relação de alternância. (D) expressam dois desejos, por isso estão associados como se estivessem unidos pela conjunção e. (E) expressam comparação entre dois fatos.

CONSUMIR NÃO É PECADO

A maneira como o consumo é visto no Brasil explica um bocado de coisas Muita gente no Brasil vê o consumismo como um gesto um pouco nobre. Atribuem-se à sua lógica coisas como a depauperação dos valores e o acirramento de desigualdades sociais. Essa postura está refletida já em nosso léxico. O verbo “consumir”, segundo o Aurélio, significa “1. Gastar ou corroer até a destruição; devorar, destruir, extinguir [...] 2. Gastar, aniquilar, anular [...] 3. Enfraquecer, abater [...] 4. Desgostar, afligir, mortificar [...] 5. Fazer esquecer; apagar[...] 6. Gastar; esgotar [...]”. Os sentidos são negativos; as conotações, pejorativas. Não há uma única referência à ideia de comprar ou adquirir. Muito menos uma associação com o ato de satisfazer uma necessidade ou saciar um desejo. Um marciano de boa índole, que tivesse chegado à Terra pelo Brasil e estivesse estudando a humanidade munido da língua portuguesa, certamente anotaria na agenda que “consumir” é uma das coisas ruins que se fazem por aqui. (...)

Por que, enfim, tantas reservas em relação ao consumo? O primeiro foco de explicação para essa antipatia reside no fato de que nossa economia fechada sempre encurralou os consumidores no país. A falta de um leque efetivo de opções de compra tem deixado os consumidores à mercê dos produtores no Brasil. Não por acaso, os apologistas do consumo entre nós têm sido basicamente aqueles que podem exercer seu inchado poder de compra sem tomar conhecimento das fronteiras nacionais. O resto da população, mantida em situação vulnerável, ignora os benefícios de uma economia baseada no consumo. Mais do que isso, o entrincheiramento de consumidores no mercado doméstico fez, ao longo dos anos, com que a própria imagem do cliente se deturpasse no país. No capitalismo avançado, a oferta corre atrás da demanda – o vendedor lisonjeia o comprador, trata-o bem, estende à sua frente o tapete vermelho.

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No Brasil, ao contrário, os clientes servem às empresas docilmente. É como se o capital no país, ao produzir e vender, fizesse um favor aos consumidores. Quem tem chiliques para ter seus caprichos, desejos e necessidades atendidos por aqui são os produtores, e não os clientes – um disparate. (...)

Só se pode falar efetivamente em sociedade de consumo se a competição entre os produtores for aberta, aguda e justa. Essa é a alavanca que coloca o consumidor no camarote, no centro e acima da arena econômica. (...)

A segunda explicação para as travas brasileiras em relação ao consumo está no fato de que ele, enquanto acesso a benesses materiais, sempre foi privilégio de poucos no país. Outra vez a estrutura social fendida em dois extremos, que arquitetamos no passado, azucrina nosso presente e atravanca nosso futuro. Com um detalhe: o aparecimento de hábitos de consumo avançados nos últimos anos, na porção abastada da sociedade brasileira, acarretou um aumento das tensões em relação à porção destituída. (...)

Para responder a esse segundo foco de crítica, é necessário perceber que uma sociedade de consumo não funciona se não se fizer extensiva a todos os indivíduos. O acesso ao consumo é um direito individual sine qua non em uma economia desenvolvida. (...)

Ao transformar o sertanejo, o peão, o matuto em consumidores, o consumo se revela um método extremamente eficaz para integrar os excluídos e estender a cidadania a todos os brasileiros. Passando ao largo de discursos grandiloquentes e demagogias ocas, o advento de uma sociedade de consumo no Brasil funcionaria como atalho econômico para a solução de muitas de nossas mazelas. (...)

Adriano Silva – EXAME – 3/12/97– (Adaptado)

103. Com a alusão às definições do verbo consumir, o autor pretende (A) demonstrar o cuidado com o significado no uso de determinadas palavras. (B) enfatizar a ideia de consumismo como algo prejudicial à sociedade. (C) esclarecer qualquer dúvida que o leitor possa ter quanto à significação do termo. (D) explicar o comportamento preconceituoso de muita gente quanto ao ato de consumir. (E) mostrar a incoerência entre o significado do termo e o comportamento das pessoas. 104. Para o autor, o consumismo se constitui na(o) (A) maneira mais fácil de manipular as massas. (B) forma de exacerbar os desníveis sociais. (C) estratégia que transforma o consumidor em cidadão. (D) estímulo à depauperação de valores. (E) hábito característico de países do terceiro mundo. 105. O texto aponta como uma das razões para a ideia deturpada de consumidor que há no país (A) o entrincheiramento de consumidores no mercado doméstico. (B) o advento de uma sociedade de consumo. (C) a sociedade de consumo extensiva a todos. (D) a transformação do sertanejo, do peão e do matuto em consumidores. (E) discursos grandiloquentes e demagogias ocas.

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106. Segundo o autor, existe uma tensão entre a classe privilegiada e a classe destituída. Essa tensão é causada por (A) avanço cultural das classes abastadas. (B) ignorância da porção destituída da sociedade. (C) resistência da sociedade a uma economia desenvolvida. (D) desigualdade de condições de acesso aos bens. (E) travas brasileiras em relação ao consumo. 107. A atitude dos produtores em relação aos consumidores e o fato de que só parte da sociedade tem a prerrogativa do consumo são apresentados pelo autor como (A) motivos da demanda da parte vulnerável da população. (B) consequências de uma apologia do consumismo. (C) explicações para as reservas em relação ao consumo. (D) resultados da transformação dos destituídos em cidadãos. (E) soluções para o acesso indiscriminado ao consumo.

MODERNIDADE É HUMANIDADE

Pensar qual o processo de desenvolvimento que queremos é um dos pontos fundamentais da Ação pelo Emprego e o Desenvolvimento. Temos uma massa de desempregados de “quarto mundo” enquanto a classe empresarial, ao pensar em emprego, pensa em um mercado para país de “primeiro mundo”. Quando pensamos em emprego pensamos em crescimento, em integração no processo produtivo? O que passa exatamente pela cabeça da sociedade e dos empresários que convivem com a fantástica situação dos países do primeiro mundo que têm um PIB sensacional... e o desemprego igual? (...)

O grande desafio colocado hoje, principalmente para a ciência e a tecnologia é: como podemos pensar uma sociedade onde haja lugar, espaço e ocupação para todos os seus membros? Um processo capaz de incorporar e não de excluir e marginalizar, até porque não inventamos ainda uma sociedade onde 5% trabalham e 95% vivem de bolsa de estudo, ou de bolsa de consumo. Seria uma forma de distribuir a riqueza, dar “vale cidadania” pra todo mundo. O sujeito iria com o seu vale e teria saúde, educação, bolsa de alimentação. Sem dúvida, um quadro formidável, mas totalmente irreal.

O problema imediato é pensar primeiro o desenvolvimento humano. É essa a grande questão que desafia a ciência e, portanto, as pesquisas e a tecnologia a terem como principal parâmetro a sociedade. Na verdade, estamos diante de uma questão ética. A quem serve nosso conhecimento? A quem serve a economia? Para quem exatamente pensamos o desenvolvimento? Para darmos respostas a estes problemas, fica impossível olhar pelo retrovisor. É preciso pensar o futuro, em, como reinventar a sociedade, isto é, as relações culturais e econômicas e as relações de poder. Com essa visão, a ciência e a tecnologia podem perfeitamente questionar o mundo atual e contribuir para criar um novo, porque este, definitivamente, não está dando certo.

O que é importante perceber é que estamos hoje diante da consciência de que o desenvolvimento humano se constitui no grande desafio moderno. Modernidade é humanidade. E essa visão só é possível para quem pensa a sociedade do ponto de vista ético. (...)

Ironias à parte, entendo que deste ponto de vista, a contribuição das universidades e também do mundo empresarial, apesar de sua visão imediatista e muito ligada ao primeiro mundo, é da maior importância, porque quando qualquer setor coloca como questão central a

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estabilização da economia, faz aterrissar no centro de nossa agenda um problema, quando a questão central é: como eliminar, num prazo digno, a miséria, a indigência e a fome? E é para isso que inteligências e vontades têm que se dirigir.

Quando colocamos o emprego como arma contra a miséria, apontamos caminhos e saímos Brasil afora cobrando essa resposta, porque não temos mais tempo. Estamos correndo contra o tempo, contra esta tragédia que se estabeleceu no país. O Brasil não pode mais aumentar a sua taxa de indigência, sua massa de indigentes. Não falamos mais de pobreza e sim de indigência – o estado extremo da miséria.

A Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida e a Ação pelo Emprego e o Desenvolvimento existem, crescem e ecoam hoje em milhares de comitês, na mais densa corrente de solidariedade já construída nos últimos tempos, porque – mesmo sabendo que está fazendo o caminho da história pela contramão – a sociedade brasileira confia na mudança.

HERBERT DE SOUZA – (Adaptado)

108. No quarto parágrafo o autor afirma: “Modernidade é humanidade. E essa visão só é possível para quem pensa a sociedade do ponto de vista ético.” Assinale a opção que NÃO confirma esta ideia. (A) Um país avança e se desenvolve satisfatoriamente quando há a adequada integração da sociedade ao processo produtivo. (B) Ciência e tecnologia constituem fatores indispensáveis ao desenvolvimento, se tiverem como parâmetro a sociedade. (C) O crescimento de um país se dá à medida que há a prioridade para o desenvolvimento humano. (D) O emprego deve ser sempre planejado em função do tipo de desenvolvimento que se quer para o país. (E) O crescimento de um país mede-se pelo comportamento de primeiro mundo, demonstrado pela sociedade. 109. Em “... e também do mundo empresarial, apesar de sua visão imediatista e muito ligada ao primeiro mundo...”, a parte sublinhada pode ser substituída, sem alteração de sentido, por (A) quanto à sua visão imediatista. (B) caso seja sua visão imediatista. (C) em razão da sua visão imediatista. (D) enquanto sua visão é imediatista. (E) ainda que considerando sua visão imediatista. 110. Leia atentamente a afirmativa: A exclusão social poderá ser afastada pela _______________. Analise os trechos abaixo, preenchendo os parênteses com (V) ou (F), conforme completem a afirmativa dada de modo verdadeiro ou falso, segundo o sentido geral do texto. A sequência correta é ( ) possibilidade de ocupação para todos os membros da sociedade. ( ) distribuição equânime da riqueza. ( ) alienação do indivíduo do processo produtivo. ( ) eliminação da taxa de indigência. ( ) volta aos processos de desenvolvimento do passado.

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(A) F – V – V – V – F (B) F – F – V – F – F (C) V – V – F – V – F (D) V – V – F – V – V (E) V – V – V – F – V 111. Os textos CONSUMIR NÃO É PECADO e MODERNIDADE É HUMANIDADE apresentam como preocupação comum o (a) (A) desenvolvimento da tecnologia. (B) questionamento da modernidade. (C) competição entre os produtores. (D) distância entre as camadas sociais. (E) distribuição de parcelas do poder entre as classes. 112. Depreende-se da leitura e análise que os textos CONSUMIR NÃO É PECADO e MODERNIDADE É HUMANIDADE têm como base, respectivamente (A) economia e ética. (B) cidadania e individualismo. (C) lógica e liberalismo. (D) consumismo e imediatismo. (E) clientelismo e mercantilismo. 113. Considere as afirmações abaixo. I – O texto MODERNIDADE É HUMANIDADE faz alusão à distribuição de bolsas de consumo e nisto se aproxima do texto CONSUMIR NÃO É PECADO. II – No texto CONSUMIR NÃO É PECADO, seletividade e espírito crítico dependem da possibilidade de aquisição de bens; no texto MODERNIDADE É HUMANIDADE cidadania está na dependência das condições do desenvolvimento humano. III – No texto CONSUMIR NÃO É PECADO, o autor sugere um encurtamento de caminho para a solução dos nossos problemas; no texto MODERNIDADE É HUMANIDADE o autor propõe bases para o estabelecimento de novas estruturas sociais. De acordo com os textos lidos, é(são) verdadeira(s) somente a(s) afirmação(ções) (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

Na prática, não é lei, e não há nenhuma obrigatoriedade. Mesmo assim, 140 países se

comprometeram a aumentar o acesso à água potável, ao tratamento de esgoto e a promover o uso inteligente da água, na conclusão do último Fórum Mundial da Água.

Os acordos firmados no Fórum não têm caráter vinculante. Isso significa que as promessas não serão cobradas de ninguém. A ideia, no entanto, é levar esse documento para a Rio+20, conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável, que acontecerá em junho no país.

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Hoje, cerca de 28 agências ligadas à ONU lidam com a água sob várias abordagens, como produção de energia e agricultura. Mas a água, por si só, não é o foco do trabalho de nenhuma delas. O Ministério do Meio Ambiente, o das Relações Internacionais e a ANA (Agência Nacional de Águas) propuseram durante o encontro mundial a criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável na ONU para tratar desse tema.

O Brasil possui 12% da água doce do planeta, mas há problemas: 70% dela estão na bacia amazônica, longe dos maiores centros urbanos. E só 45% dos brasileiros têm água tratada.

(Sabine Righetti. Folha de S.Paulo, 19 de março de 2012, C11, com adaptações)

114. Conclui-se corretamente do texto que (A) o Brasil, apesar da quantidade de água doce disponível, ainda não atende aos objetivos previstos no acordo firmado no Fórum Mundial da Água. (B) a proposta sobre o aproveitamento sustentável da água será inatingível se esse tema não for obrigatoriamente discutido na conferência Rio+20. (C) a quantidade de água disponível para a agricultura e para produzir energia prejudica o fornecimento desse recurso natural para uso humano responsável. (D) a destinação prática da água, seja para a agricultura, seja para uso humano, está sujeita à disponibilidade desse recurso natural, escasso no mundo todo. (E) os compromissos assumidos, principalmente quanto ao uso sustentável da água, serão respeitados pelos países participantes do Fórum Mundial. 115. Na prática, não é lei, e não há nenhuma obrigatoriedade. O sentido do segmento grifado acima reaparece no texto, com outras palavras, em (A) ... aumentar o acesso à água potável ... (B) ... promover o uso inteligente da água ... (C) ... não têm caráter vinculante. (D) ... não é o foco do trabalho ... (E) O Brasil possui 12% da água doce do planeta ... 116. Outra redação clara e correta para o 1º parágrafo do texto, mantendo-se, em linhas gerais, o sentido original, está em (A) Com a conclusão do último Fórum Mundial da Água que, na prática, não é lei nem tem obrigatoriedade, nem mesmo assim, 140 países se comprometeram a aumentar o acesso à água potável, o tratamento de esgoto e promover o uso inteligente da água. (B) Sem a prática da lei, e sem obrigatoriedade, surgiu na conclusão do último Fórum Mundial da Água comprometimento dos 140 países de aumentar a água potável, o tratamento de esgoto e à promover o uso inteligente da água. (C) Os 140 países que mesmo assim, na conclusão do último Fórum Mundial da Água se comprometeu à aumentar o acesso à água potável, ao tratamento de esgoto e a promover o uso inteligente da água, não são obrigados por lei a fazer isso. (D) Na prática, a conclusão do último Fórum Mundial da Água não é lei, e não se tem nenhuma obrigatoriedade no comprometimento dos 140 países que vai aumentar o acesso a água potável, ao tratamento de esgoto e promover o uso inteligente da água. (E) Na conclusão do último Fórum Mundial da Água, mesmo não havendo compromisso obrigatório de nenhum deles, 140 países se dispuseram a aumentar o acesso à água potável, ao tratamento de esgoto e a promover o uso inteligente da água.

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A mecanização dos meios de comunicação e da impressão foi de fundamental importância para a expansão da imprensa no início do século XX. Os novos prelos (*) utilizados pela grande imprensa eram comemorados em pequenos comentários dos semanários de narrativa irreverente paulistana.

Surgiam as Marionis e outras tantas marcas de prelos, capazes de multiplicar os exemplares e combinar textos e imagens como, durante o século XIX, nunca havia sido possível. Aliados à maior capacidade de produção, impressão e composição estavam os correios e telégrafos, principais responsáveis pela distribuição dos jornais, assim como meio de comunicação fundamental para que leitores e os próprios produtores de jornais mantivessem contato com os acontecimentos do momento.

Apesar de sua péssima fama, que atravessara o século XIX e permanecia ao longo da primeira década do século XX em pequenas notas e comentários críticos dos jornais satíricos, por meio dos correios se faziam entregas em locais distantes do interior paulista, recebiam-se jornais de várias partes do mundo e correspondências de leitores e colaboradores das folhas.

*prelo aparelho manual ou mecânico que serve para imprimir; máquina impressora, prensa.

(Paula Ester Janovitch. Preso por trocadilho. São Paulo: Alameda,

2006. p.137-138) 117. Fica evidente no texto (A) a importância dos correios e telégrafos como meio de comunicação em alguns pontos do país, ainda no início do século passado. (B) o papel predominante dos jornais brasileiros como elementos de divulgação dos fatos importantes, acontecidos em todo o mundo. (C) a dificuldade para imprimir e distribuir jornais em uma época de reduzida capacidade técnica para acompanhar essas atividades. (D) o grande número de jornais que se incumbiam de divulgar os fatos da época, mesmo com as dificuldades de distribuição em locais distantes. (E) o pequeno número de leitores interessados nos acontecimentos diários, até mesmo mundiais, publicados nos jornais da época. 118. Surgiam as Marionis e outras tantas marcas de prelos, capazes de multiplicar os exemplares e combinar textos e imagens como, durante o século XIX, nunca havia sido possível. O segmento transcrito acima refere-se, implicitamente, (A) à presença de uma imprensa livre, atraente para seus leitores. (B) aos comentários críticos publicados nos jornais da época. (C) ao poder de divulgação de fatos recentes conferido aos jornais. (D) ao desenvolvimento industrial que possibilitava avanços nessa época. (E) aos recursos financeiros dos jornalistas no início do século XX.

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Para responder às questões de números 119 e 120, considere o segmento que inicia o 3º parágrafo. Apesar de sua péssima fama, que atravessara o século XIX e permanecia ao longo da primeira década do século XX ... 119. O emprego dos tempos dos verbos grifados acima indica, respectivamente, (A) fato a se realizar no futuro e ação repetitiva no passado. (B) situação presente e ação habitual também no presente. (C) ação realizada no presente e situação passada, sob certa condição. (D) fato habitual, repetitivo, e desejo de que uma ação se realize. (E) tempo passado anterior a outro e ação contínua na época referida. 120. Apesar de sua péssima fama ... A observação inicial do parágrafo indica (A) opinião que confirma o que vem sendo exposto desde o início do texto. (B) hipótese que introduz uma afirmativa que não poderá se realizar. (C) ideia oposta à que vai ser expressa, contrariando uma possível expectativa. (D) conclusão das ideias contidas em todo o desenvolvimento textual. (E) retificação de um engano cometido no parágrafo anterior. Para responder às questões de números 121 a 125, considere o texto abaixo.

O sonho de voar alimenta o imaginário do homem desde que ele surgiu sobre a Terra. A inveja dos pássaros e as lendas de homens alados, como Dédalo e Ícaro (considerado o primeiro mártir da aviação), levaram a um sem-número de experiências, a maioria fatal.

A história dos homens voadores é a mesma, desde a mitologia até o século XXI. Na antiguidade grega e latina, assim como em várias religiões asiáticas, africanas e pré-colombianas, os heróis tinham asas. Entre o imaginário e o voo real, as ideias mais absurdas trouxeram, às vezes, elementos para o progresso. A verdadeira compreensão da energia desenvolvida para voar passa por essa relação histórica e os seus pontos fortes.

Em 1903, um autor francês estava convencido de que a história de Ícaro não era uma lenda, mas sim o relato de uma experiência autêntica de voo. O cuidado com que Dédalo dispôs as penas, rígidas na base, soltas nas extremidades, e o fato de ter decolado do alto de uma colina lhe pareceram provas de uma profunda reflexão. Mas o poeta latino Ovídio cometeu um erro ao afirmar que a cera se derreteu ao se aproximar do sol. De fato, quanto mais alto se voa, mais baixa é a temperatura.

Portanto, é necessário procurar outra causa para o acidente. Passaram-se os anos e chegamos ao avião, que para os homens-pássaros foi uma decepção. Encontrou-se o que não se procurava. Viajar dentro de uma caixa voadora não corresponde ao que o homem quis durante milênios, nem ao ideal que contribuiu para animá-lo no seu inconsciente e nos seus sonhos.

(Xaropin Sotto. Céu Azul, n. 36. São Paulo: Grupo Editorial Spagat. p. 62-65, com adaptações)

121. A referência ao avião, no último parágrafo, permite (A) concluir que a possibilidade de voar com segurança veio preencher o sonho humano, existente desde a antiguidade, de imitar os pássaros. (B) perceber que, mesmo sendo possível a utilização desse aparelho, permanece em algumas pessoas o sonho de voar livremente, como os pássaros.

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(C) entender as razões da existência de heróis alados desde a antiguidade, cuja imitação levou o homem a construir esses aparelhos voadores. (D) descobrir as causas da frustração humana quanto ao fato de não poder se locomover livremente no espaço, como o fazem as aves. (E) compreender a perda da capacidade de sonhar que o homem havia conseguido manter ao longo da história, desde a antiguidade. 122. No 3º parágrafo, (A) comprova-se a dificuldade de alguns pesquisadores em aceitar as narrativas mitológicas sobre homens que conseguiram voar com asas de pássaros. (B) aborda-se a incapacidade de autores mais antigos em interpretar corretamente as narrativas sobre homens voadores e as causas dos fracassos. (C) evidencia-se a eficácia das tentativas humanas de voar como os pássaros, rompendo dessa forma a ordem dos fatos imposta pela natureza. (D) exemplifica-se o fato de que as histórias antigas, narradas como fantasias, forneceram elementos que permitiram a concretização do sonho de voar. (E) mostra-se que as experiências humanas não trouxeram benefícios para a arte de voar, devido aos acidentes fatais resultantes dessas experiências. 123. Heróis alados, existentes desde a antiguidade, (A) comprovam o permanente desejo do homem quanto à possibilidade de voar como os pássaros. (B) mostram a expectativa do homem primitivo de dominar a natureza, igualando-se aos deuses. (C) apontam para a impossibilidade humana de voar, mesmo utilizando mecanismos inovadores. (D) confirmam as tentativas humanas de voar, apesar dos castigos impostos por forças superiores. (E) contrariam a constante busca do homem de, mesmo em imaginação, imitar o voo dos pássaros. 124. (considerado o primeiro mártir da aviação) Os parênteses isolam, no 1º parágrafo, (A) citação fiel de outro autor. (B) comentário explicativo. (C) informação repetitiva. (D) retificação necessária. (E) enumeração de fatos. 125. De fato, quanto mais alto se voa, mais baixa é a temperatura. (3º parágrafo) A relação lógica entre as duas afirmativas acima estabelece noção de (A) consequência. (B) condição. (C) finalidade. (D) proporcionalidade. (E) temporalidade.

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Para responder às questões de números 126 a 134, considere o texto abaixo.

No casarão dos Vianna no Catumbi, que no fim do século XIX era um bucólico bairro carioca, o som do choro preenchia todos os espaços. Quem comandava o sarau era o patriarca, um flautista amador. Ainda pequeno para se juntar ao grupo instalado na sala, o 12º de 14 irmãos resignava-se a espiadelas pela porta entreaberta do quarto. Não tardaria, entretanto, a revelar seu talento e conquistar o direito de fazer parte da foto em que toda a família aparece junta, cada qual com seu instrumento.

O ano era 1865 e o garoto de 11 anos, Alfredo da Rocha Vianna Júnior, o Pixinguinha. Na imagem desbotada, ele empunha um cavaquinho. Pouco depois viria a flauta de prata presenteada pelo pai, as aulas de música e os convites para tocar nas festas de família. O raro domínio técnico como intérprete, o talento para compor e arranjar e a permeabilidade às novas sonoridades acabaram por fazer de Pixinguinha um artista inigualável.

“O Brasil jamais produziu um músico popular dessa envergadura”, atesta o maestro Caio Cezar. Ele divide com o neto de Pixinguinha, Marcelo Vianna, a direção musical da exposição que o Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília apresenta de terça 13 de março a 6 de maio – Pixinguinha. Para a produtora Lu Araújo, curadora da exposição e coordenadora do livro Pixinguinha – O gênio e seu tempo, de André Diniz, a ser lançado na mostra, o músico “uniu o saber das notas musicais à riqueza da cultura popular. Pixinguinha incorporou elementos brasileiros às técnicas de orquestração. Fator fundamental para isso foi sua experiência nas diversas formações em que atuou: bandas, orquestras regionais e conjuntos de choro e samba”. E acrescenta: “As orquestras dos teatros de revista também foram fundamentais para a formação dele como arranjador”.

(Fragmento adaptado de Ana Ferraz, O mago do Catumbi, CartaCapital, 14 de março de

2012, n. 688. p. 52-4) 126. No primeiro parágrafo do texto, a autora enfatiza (A) o triunfo do talento de Pixinguinha sobre as restrições paternas ao desejo do menino de onze anos de aprender a tocar um instrumento musical. (B) a precocidade do interesse pela música e do talento de Pixinguinha, que aos onze anos já é mostrado junto da família portando um instrumento musical. (C) o descompasso entre a alegria reinante no sarau familiar e a tristeza do menino que devia permanecer trancado no quarto durante toda a noite. (D) a falta de um lugar para Pixinguinha no conjunto musical familiar, devido ao grande número de irmãos músicos, até que completasse onze anos de idade. (E) o caráter ambivalente do pai de Pixinguinha, que durante parte da infância do filho mostrava-se ao mesmo tempo festivo e autoritário. 127. Afirmações como uniu o saber das notas musicais à riqueza da cultura popular e incorporou elementos brasileiros às técnicas de orquestração apontam para a mistura operada por Pixinguinha entre (A) a aptidão e a destreza. (B) a destreza e o romântico. (C) a aptidão e o popular. (D) o clássico e o romântico. (E) o erudito e o popular.

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Compreensão e Produção de Textos Banco do Brasil

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128. O segmento cujo sentido está adequadamente expresso em outras palavras é (A) raro domínio - controle invulgar (B) bucólico bairro - distrito cosmopolita (C) imagem desbotada - personificação esquecida (D) teatros de revista - encenações periódicas (E) curadora da exposição - crítica da exibição 129. ... o som do choro preenchia todos os espaços. O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado na frase acima está em (A) Não tardaria, entretanto, a revelar seu talento ... (B) “O Brasil jamais produziu um músico popular dessa envergadura”... (C) Fator fundamental para isso foi sua experiência nas diversas formações ... (D) ... o 12º de 14 irmãos resignava-se a espiadelas pela porta entreaberta do quarto. (E) ... atesta o maestro Caio Cezar. 130. Pixinguinha incorporou elementos brasileiros às técnicas de orquestração. O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está em (A) “As orquestras dos teatros de revista também foram fundamentais para a formação dele como arranjador”. (B) “O Brasil jamais produziu um músico popular dessa envergadura”... (C) Ele divide com o neto de Pixinguinha, Marcelo Vianna, a direção musical da exposição... (D) ... o som do choro preenchia todos os espaços. (E) Na imagem desbotada, ele empunha um cavaquinho.

GABARITO

1. A 2. D 3. C 4. A 5. B 6. B 7. C 8. D 9. B 10. C

11. E 12. B 13. D 14. C 15. A 16. C 17. B 18. C 19. D 20. B

21. D 22. E 23. B 24. A 25. C 26. B 27. C 28. E 29. E 30. C

31. B 32. D 33. E 34. B 35. C 36. C 37. D 38. A 39. B 40. E

41. D 42. C 43. B 44. E 45. A 46. C 47. D 48. C 49. E 50. D

51. A 52. A 53. E 54. B 55. D 56. B 57. D 58. D 59. C 60. D

61. C 62. E 63. A 64. E 65. D 66. B 67. B 68. C 69. B 70. C

71. D 72. A 73. C 74. E 75. B 76. A 77. C 78. B 79. A 80. B

81. D 82. C 83. A 84. B 85. D 86. C 87. A 88. E 89. B 90. D

91. B 92. B 93. A 94. D 95. B 96. D 97. A 98. C 99. C 100. D

101.B 102. B 103. D 104. C 105. A 106. D 107. C 108. E 109. E 110. C

111.D 112. A 113. E 114. A 115. C 116. E 117. A 118. D 119. E 120. C

121.B 122. D 123. A 124. B 125. D 126. B 127. E 128. A 129. D 130. C

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Redação Banco do Brasil

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REDAÇÃO INFORMAÇÕES DO EDITAL

Na Prova Discursiva – Redação será apresentada uma única proposta, a respeito da qual o candidato deverá desenvolver a redação.

Na avaliação da Prova Discursiva – Redação serão considerados, para atribuição dos pontos, os seguintes aspectos:

Conteúdo – até 40 (quarenta) pontos: a) perspectiva adotada no tratamento do tema; b) capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto; c) consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento.

A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra uma abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a divagações e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova. Estrutura – até 30 (trinta) pontos:

a) respeito ao gênero solicitado; b) progressão textual e encadeamento de ideias; c) articulação de frases e parágrafos (coesão textual).

Expressão – até 30 (trinta) pontos: Avaliação da expressão não será feita de modo estanque ou mecânico, mas sim de acordo com

sua estreita correlação com o conteúdo desenvolvido. A avaliação será feita considerando-se

a) desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido; b) adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso; c) domínio da norma culta formal, com atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação. Obs.: na aferição do critério de correção gramatical, por ocasião da avaliação do desempenho na Prova Discursiva – Redação, poderão os candidatos valer-se das normas ortográficas em vigor antes ou depois daquelas implementadas pelo Decreto Presidencial nº 6.583, de 29 de setembro de 2008, em decorrência do período de transição previsto no art. 2º, parágrafo único da citada norma, que estabeleceu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Será atribuída nota ZERO à redação que a) fugir à modalidade de texto solicitada e/ou ao tema proposto; b) apresentar textos sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado; c) for assinada fora do local apropriado; d) apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato; e) for escrita a lápis, em parte ou em sua totalidade; f) estiver em branco; g) apresentar letra ilegível e/ou incompreensível.

A folha para rascunho no Caderno de Provas é de preenchimento facultativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção da Prova Discursiva - Redação pela banca examinadora.

Na Prova Discursiva – Redação, deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação.

A Prova Discursiva – Redação terá caráter exclusivamente habilitatório, exceto quanto ao critério de desempate, não influindo na classificação do candidato, e será avaliada na

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Redação Banco do Brasil

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escala de 0 (zero) a 100 (cem) pontos, considerando-se habilitado o candidato que nela obtiver nota igual ou superior a 50 (cinquenta) pontos.

Somente será avaliada a redação dos candidatos habilitados e mais bem classificados na Prova Objetiva.

Os candidatos não habilitados na Prova Discursiva – Redação serão excluídos da Seleção Externa.

OBSERVAÇÕES QUANTO À BANCA (FCC) 1. Na FCC, pequenos deslizes gramaticais têm tanto peso quanto o conteúdo; por isso,

atenção redobrada: duas acentuações incorretas mais duas ou três vírgulas mal empregadas, por exemplo, podem significar cinco pontos a menos na avaliação da banca.

2. Procure ocupar quase todas as trinta linhas e torne o tema abstrato (caso ele o seja) mais realista. Em outras palavras: use exemplos claros para o seu blábláblá. Se o tema envolver valores humanos, apresente conceito sobre ética, educação, justiça e cidadania. Se desconhecer tais conceitos, utilize estatísticas, provas concretas, resultados de pesquisa, o que conferirá ao seu texto maior objetividade.

A Fundação Carlos Chagas é muito clara ao expor, no edital, seus parâmetros. Na correção propriamente dita, apresenta informações vagas sobre as falhas cometidas pelo candidato. Os avaliadores, em alguns casos, apenas comentam brevemente qual o motivo das punições (de cinco em cinco pontos num total de 100).

DÚVIDAS QUANTO À FORMA

DÚVIDAS COMUNS

Linhas: respeite o número de linhas: 20 a 30.

Margens: obedeça às margens direita eesquerda, bem como a do parágrafo.

Letra: faça letras de tamanho regular.Diferencie maiúsculas de minúsculas.

Retificações: (excessão) exceção

Translineação: hífen ao lado da palavra

TÍTULO: é uma expressão, geralmente curta, colocada antes da dissertação. Não se deve pular linha depois do título. É importante para o texto – agrega qualidade – e deve corresponder ao âmago da redação.

com verbo – apenas a primeira letra maiúscula e ponto final;

com pontuação intermediária – apenas a primeira maiúscula e ponto final; sem verbo e sem pontuação intermediária – letras maiúsculas no início das palavras

(exceto nexos e artigos).

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DÚVIDAS QUANTO À TIPOLOGIA E ESTRUTURA

DISSERTAÇÃO

Padrão: quatro parágrafos.

Em cada parágrafo: mínimo de dois períodos com,

aproximadamente, três linhas em cada um.

Discussão de problemas por meio de um texto

argumentativo.

Partes: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

Texto objetivo, veiculando informações consensuais.

Visa a convencer, a persuadir o leitor.

Obs.: evite definições e críticas virulentas às instituições

bem como manifestação de preconceitos.

ESTRUTURA e PLANEJAMENTO

Introdução

(+/- 5 linhas)

Desenvolvimento 1

(+/- 10 linhas)

Desenvolvimento 2

(+/- 10 linhas)

Conclusão

(+/- 5 linhas)

ESTRUTURA

1. INTRODUÇÃO: a principal finalidade da introdução é anunciar o assunto, definir o tema que vai ser tratado, de maneira clara e concisa. Procura-se dar uma visão geral, de forma sintética, do que se pretende fazer, quais as ideias principais que constarão do desenvolvimento. Delimita-se o assunto por meio de uma opinião evidente.

EXEMPLIFICANDO

Em uma relação comercial, há sempre duas partes

envolvidas: a empresa e o consumidor. O acordo entre

os interesses de cada uma dessas partes é um desafio

a ser superado quando se quer transformar intenções

em realidade.

Considerando o que se afirma acima, redija um texto

dissertativo-argumentativo, posicionando-se a respeito

do seguinte tema:

Conciliar as necessidades dos consumidores aos

objetivos da empresa

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2. MODELOS DE INTRODUÇÃO Declaratória - consiste em expor o mesmo que sugere a proposta, usando outras

palavras e outra organização, ao apresentar o tema e as delimitações sugeridas em, no mínimo, dois períodos. O principal risco desse tipo de introdução é o de ser parafrástica.

TIPOS DE INTRODUÇÃO

DECLARATÓRIA

Em qualquer relacionamento, há, no

mínimo, duas partes comprometidas entre

si. Não seria diferente no comercial, que

aproxima consumidor e empresa, sendo,

pois, necessário harmonizar os interesses

de ambos, a fim de remover qualquer

obstáculo que se apresente.

Levantamento de hipótese - esse tipo de introdução traz o ponto de vista a ser

defendido, ou seja, a tese que se pretende provar durante o desenvolvimento. Evidentemente, a tese será retomada - e não copiada - na conclusão. O principal risco desse tipo de introdução é não ser capaz de realmente comprovar a tese apresentada.

TIPOS DE INTRODUÇÃO

DECLARATÓRIA

Em qualquer relacionamento, há, no

mínimo, duas partes comprometidas entre

si. Não seria diferente no comercial, que

aproxima consumidor e empresa, sendo,

pois, necessário harmonizar os interesses

de ambos, a fim de remover qualquer

obstáculo que se apresente.

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Perguntas - pode-se iniciar a redação com uma série de perguntas. Porém, cuidado! Devem ser perguntas que levem a questionamentos e reflexões, e não vazias cujas respostas sejam genéricas. As perguntas devem ser respondidas, no desenvolvimento, por meio de argumentos coerentes. Portanto, use esse método apenas quando já tiver as respostas, ou seja, escolha primeiramente os argumentos que serão utilizados no desenvolvimento e elabore perguntas sobre eles, para funcionar como introdução da dissertação. Por ser uma forma bastante simples de começar um texto, às vezes não consegue atrair suficientemente a atenção do leitor.

PERGUNTAS

Será possível estabelecer

relacionamentos nos quais não se

compatibilizem os interesses das partes

envolvidas? Quando se trata dos

comerciais, como proceder para que

consumidor e empresa sintam-se

atendidos quanto a seus interesses? Como

superar os desafios que podem impedir tal

desejo de se tornar realidade?

Histórica - traçar uma trajetória histórica é apresentar uma analogia entre elementos do passado e do presente. Já que uma comparação será apontada, os elementos devem ser similares; há de existir semelhança entre os argumentos apresentados, ou seja, só será usada a trajetória histórica, quando houver um fato no passado que seja comparável, de alguma maneira, a outro no presente. Deve-se tomar o cuidado de escolher fatos históricos conhecidos e significativos para o desenvolvimento que se pretende dar ao texto.

HISTÓRICA

As primeiras atividades comerciais

baseavam-se em trocas naturais: as partes

estipulavam livremente o que se envolvia em

suas negociações. Com o passar do tempo,

tais transações tornaram-se mais e mais

complexas. Assim sendo, é imperioso que se

harmonizem os interesses de consumidor e

empresa, a fim de impedir que possíveis

obstáculos impeçam a concretização de

uma parceria.

Comparação social, geográfica ou de qualquer outra natureza - também é apresentar uma analogia entre elementos, porém sem buscar no passado a argumentação. Constitui-se na comparação de dois países, dois fatos, de duas personagens, enfim, de dois elementos, para comprovar a tese. Lembre-se de que se

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trata da introdução, portanto a comparação apenas será apresentada para, no desenvolvimento, ser discutido cada elemento da comparação em um parágrafo.

COMPARAÇÃO SOCIAL,

GEOGRÁFICA OU DE QUALQUER

OUTRA NATUREZA

As relações afetivas – ao menos as

prazerosas – baseiam-se no conhecimento e

no respeito mútuo. O diálogo claro é a melhor

arma contra qualquer obstáculo que se

interponha entre os nela envolvidos. Não é

diferente nos relacionamentos comerciais,

os quais contemplam interesses tanto do

consumidor quanto da empresa.

Comparação por oposição - procura-se, nesse tipo de introdução, mostrar como o

tema - ou aspectos dele - opõe-se a outros.

COMPARAÇÃO POR OPOSIÇÃO

As relações comerciais podem

marcar-se por embates ou por harmonia. As

primeiras caracterizam-se pelo fato de

consumidores e empresas não deixarem

claras suas necessidades e objetivos. Já as

segundas priorizam a transparência e o

respeito mútuo em suas negociações, o que

redunda em parceria profícua.

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Citação / Argumento de Autoridade – abre-se esse tipo de introdução por meio de uma citação – ipsis litteris – pertencente a qualquer área do conhecimento ou mediante a afirmação de uma autoridade no tema em pauta. É preciso ressaltar que tais expedientes não são gratuitos – meros “enfeites” – e que, portanto, a ideia que veiculam deve ser retomada ao longo do texto ou na conclusão.

CITAÇÃO OU ARGUMENTO DE

AUTORIDADE

Segundo Pessoa, “Nada revela mais uma

incapacidade fundamental para o exercício do

comércio que o hábito de concluir o que os outros

querem sem estudar os outros, fechando-nos no

gabinete da nossa própria cabeça.” É necessário,

por conseguinte – a fim de conciliar

necessidades e objetivos de consumidores e

empresas –, dar-se a conhecer. Só assim,

eventuais obstáculos a tal relacionamento

poderão ser superados.

3. EXPRESSÕES INTRODUTÓRIAS – DICAS O (A) ..... é de fundamental importância em .... É de fundamental importância o (a) .... É indiscutível que ... / É inegável que ... Muito se discute a importância de ... Comenta-se, com frequência, a respeito de ... Não raro, toma-se conhecimento, por meio de ..., de ... Apesar de muitos acreditarem que ... (refutação) Ao contrário do que muitos acreditam ... (refutação) Pode-se afirmar que, em razão de ... (devido a, pelo ) ... “Os recentes acontecimentos ... evidenciaram...” “A questão ... está novamente em evidência...

4. DESENVOLVIMENTO: é a parte nuclear e a mais extensa da redação. Nessa parte, são apresentados os argumentos, as ideias principais. É muito comum ouvir-se dizer que o desenvolvimento deve ser dividido em partes, mas muito raramente se explica que partes são essas. No D1 (tomando-se por base dois parágrafos de desenvolvimento) primeiramente, analisa-se o tema, desdobrando-o, decompondo o todo em partes. Dessa primeira análise surgirão os detalhes importantes que serão, por sua vez, analisados, entendidos, justificados, demonstrados, com base na compreensão das partes, para chegar-se ao entendimento do todo. A discussão dos detalhes dará ensejo para a apresentação, no D2, dos argumentos (A TESE), a favor ou contra, confrontando-os, demonstrando a validade de uns e a fragilidade de outros, de maneira ordenada, com clareza e convicção. A discussão pode ser ilustrada com citações textuais ou conceituais de autoridades, escritores, filósofos, cineastas, pensadores, educadores, atores etc.

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5. MODELOS DE DESENVOLVIMENTO Causas e consequências – é a apresentação, em um parágrafo, dos aspectos que

levaram ao problema discutido e, em outro parágrafo, das suas decorrências.

CAUSA / CONSEQUÊNCIA

O turismo está diretamente relacionado ao

desenvolvimento econômico e, por conseguinte, à

inclusão social. Uma população, ao preparar-se para

receber visitantes – tal qual o acolhimento daqueles de

quem gostamos em nossa casa –, organiza-se para

fazê-lo o melhor possível. A exemplo do que se vê no

Brasil, que se aparelha para a Copa de 2014 (a

despeito das críticas e das falhas), o cidadão envolve-se

em tal preparação, sentindo-se, pois, partícipe de tal

progresso. As cidade é sua casa, da qual passa a se

orgulhar.

Exemplificação - seja qual for a introdução, a exemplificação é a maneira mais fácil de se desenvolver a dissertação, desde que não seja exclusiva: é preciso analisar os exemplos e relacioná-los ao tema. Devem-se apresentar exemplos concretos, que sejam importantes para a sociedade. Argumente sobre personagens históricas, artísticas, políticas, sobre fatos históricos, culturais, sociais importantes.

EXEMPLIFICAÇÃO

A ideia de que o turismo está diretamente relacionado ao

desenvolvimento econômico e à inclusão social é facilmente

comprovada, por exemplo, por meio do grande evento de que é

palco, anualmente, o Brasil: o carnaval. Os olhos do mundo para cá

se voltam. Trata-se de uma das festas mais aguardadas não só pelos

brasileiros, mas também pelos estrangeiros que gostam de Sol, de

alegria e apreciam as belas paisagens do País. Apesar de a festa ser,

aparentemente, descomprometida com questões econômicas, nos

últimos anos passou a alavancar os setores de turismo, serviços,

hotelaria, abrindo frentes de empregos para artesãos e para mão de

obra especializada (arquitetos, engenheiros elétricos, design de

moda, historiadores entre outros).

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6. TIPOS DE ARGUMENTO Argumento de autoridade - a citação de autores renomados (escritores célebres) e

de autoridades de certa área do saber (educadores, filósofos, cientistas etc.) é aconselhável quando se trata de fundamentar uma ideia, uma tese. Quanto maior a autoridade, maior será o respaldo a respeito do que se afirma, maior será o efeito de convencimento.

Argumento baseado no consenso - são proposições evidentes por si mesmas ou

universalmente aceitas como verdade. Contudo, não se deve confundir argumento baseado no consenso com lugares comuns carentes de base científica. Afirmar que a educação é o alicerce do futuro é apresentar uma ideia aceita como verdade. Todavia, dizer que o brasileiro é preguiçoso constitui preconceito.

1. de autoridade: Segundo Gilberto Freyre, “o desenvolvimento social começa na casa de cada cidadão.” Assim sendo, confirma-se ser o turismo uma das portas para o progresso. Ao preparar sua cidade – e as acolhedoras são o lar de um homem – para receber visitantes, o sujeito sente-se partícipe, contribuindo, dessa forma, para o crescimento do entorno.

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Página 104 Prof. Maria Tereza Faria

2. baseado no consenso: Ora, o homem sempre viajou: para sobreviver, para proteger-se, para conquistar, para comerciar, por curiosidade natural, por lazer, enfim. Há registros desde a Pré-História de deslocamentos individuais e em grupo. As movimentações turísticas englobam boa parte da economia de um país, pois ocasionam a circulação de um número bem maior de pessoas nas regiões visitadas, o que propicia aumento de postos de emprego, de investimentos na estrutura da cidade, levando à melhora da qualidade de vida dos cidadãos que ali vivem.

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Argumento baseado em provas concretas - a argumentação consiste numa declaração seguida de prova. Não se podem fazer generalizações sem apoio em dados consistentes. As provas concretas constituem-se, principalmente, de fatos, de dados estatísticos, de exemplos, de ilustrações.

3. baseado em provas concretas – Quando Flávio Bicca escreveu “Horizontes” e afirmou que o pôr do sol de Porto Alegre o traduzia em versos, instalou, sem dúvida, num eventual turista a curiosidade de conhecer essa cidade, que se caracteriza por um dos mais belos ocasos.

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Argumento de competência linguística - trata-se do uso da linguagem adequada à situação de interlocução, refere-se à escolha das palavras, das locuções e das formas verbais.

7. LIGAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO – DICAS

D1 É preciso, em primeiro lugar, lembrar... É preciso, primeiramente, considerar... É necessário frisar...

D2 Nota-se, por outro lado, que... É imprescindível insistir no fato de que... Não se pode esquecer Além disso... Outro fator existente... Outra preocupação constante... Ainda convém lembrar...

CITAÇÕES

I. Aristóteles "Sê senhor da tua vontade e escravo da tua consciência." "A dúvida é o principio da sabedoria." "Haverá flagelo mais terrível do que a injustiça de armas na mão?" "A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces." "A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: o julgamento é a aplicação da justiça."

4. de competência linguística - É essa sistemática – inerente ao ser humano – da eterna busca pelo inusitado, pelo novo, pelo desconhecido que nos impede de estagnar e força-nos a romper o escudo acomodatício, o que seria impossível sem as viagens.

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"A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si." "A esperança...: um sonho feito de despertares."

II. Platão "O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê." "O homem é a medida de todas as coisas." "Quem critica a injustiça fá-lo não porque teme cometer acções injustas, mas porque teme sofrê-las." "A orientação inicial que alguém recebe da educação também marca a sua conduta ulterior."

III. Rubem Alves “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

"O princípio da educação é pregar com o exemplo." – Anne Turgot "Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender." – Pascal "A ética é a estética de dentro." – Pierre Reverdy "O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” – Immanuel Kant

CONCEITOS

I. Ética Segundo Aristóteles, as qualidades do caráter podem ser dispostas de modo que

identifiquemos os extremos e a justa medida. Por exemplo, entre a covardia e a audácia, está a coragem; entre a belicosidade e a bajulação, está a amizade; entre a indolência e a ganância, está a ambição etc. É interessante notar a consciência do filósofo ao elaborar a teoria do meio termo. Conforme ele, aquele que for inconsciente de um dos extremos, sempre acusará o outro de vício. Por exemplo, na política, o liberal é chamado de conservador e radical por aqueles que são radicais e conservadores, porque os extremistas não enxergam o meio termo.

Portanto, seguindo o famoso lema grego “Nada em excesso”, Aristóteles formula a ética da virtude baseada na busca pela felicidade, mas felicidade humana, feita de bens materiais, riquezas que ajudam o homem a se desenvolver, e não se tornar mesquinho, bem como bens espirituais, como a ação (política) e a contemplação (a filosofia e a metafísica).

A ética, para Sócrates, tinha como objetivo fundamental, conhecer a respeito do homem. Daí sua frase: “conhece-te a ti mesmo”. Ele dizia que o homem que se conhece não comete erros. Para ele o que era certo para um, valia para todos e da mesma forma o que era errado para um, era para todos. Seu pensamento era racionalista. Ele acreditava que o bem era a felicidade da alma e o bom era útil para felicidade. O homem que errava, errava por ignorância, por isso precisava ser ensinado. Também para ele havia princípios universais de ordem e de justiça que

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vinham de Deus e eram impostos aos homens. Quem desobedecesse a essas leis era contrário a Deus, assim como à ética e à moral; eram ignorantes. Ele acreditava que era possível mudar a moral dos homens de forma intelectual e pregava que bens eram úteis se produzissem felicidade, que virtude e sabedoria eram bens supremos e que, por meio deles, viriam outros bens. Em resumo, quando o homem conhece o bem, não pode ignorá-lo; por outro lado, praticando o bem, sente-se dono de si e é feliz.

A palavra ética surgiu do grego "ethos", sendo traduzida para o latim como "morale", ambas carregando o mesmo significado: conjunto de condutas, aspectos relativos aos costumes. Sócrates foi o primeiro filósofo a pensar no conceito abstrato do que é ética, porém foi Platão que introduziu a definição sistemática do termo, o qual foi concretizado por Aristóteles. A filosofia platônica vê "a ética como uma qualidade do sábio, pois apenas pelo conhecimento se chega à razão e ao controle das iras e desejos, logo, a ser ético.” Logo, para Platão, ser ético exige como pressuposto basilar o controle dos sentimentos e desejos (expressos majoritariamente pelos anseios corpóreos), ou seja, não se é ético no sistema platônico sem o controle e a submissão corpórea ao reino das ideias. Já Aristóteles dizia que a principal função da ética está em delimitar o bom e o ruim para o homem, sendo que a dualidade corpo-mente se arquiteta como o principio basilar de seu sistema teórico. Só com Protágoras, um sofista da antiguidade grega, separou-se a ética da religião. A ele se atribui a frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das reais enquanto são e das não reais enquanto não são.". Para Protágoras, os fundamentos de um sistema ético dispensam os deuses e qualquer força metafísica, estranha ao mundo percebido pelos sentidos, entretanto, ainda assim o conceito de ética/moral ainda está fortemente ligado à religião. Epicuro, outro filósofo, deu outra definição para ética, ele dizia que a felicidade se encontra no prazer moderado, no equilíbrio racional entre as paixões e sua satisfação, fundando, assim, o hedonismo. No período Renascentista, surge outro nome "de peso", Maquiavel. Ele revolucionou o conceito de ética uma vez que promove a independência da política em relação à moral, cuja máxima residia em tirar o máximo proveito possível de determinada situação. Nesse universo, os fins justificam os meios, sendo que o propósito do homem não era ser bom, mas alcançar a felicidade e o poder a qualquer custo, mesmo que esse custo passasse, às vezes, pelo aniquilamento da diferença, do outro. Nesse mesmo período, surgem vários filósofos como Hobbes, por exemplo. Este dizia que o homem era essencialmente mau, precisando de um sistema coercitivo material e espiritual para controlar seus impulsos. Logo, a ética de Hobbes tinha como única função o controle e o policiamento dos homens a fim de que estes não se digladiassem por quaisquer motivos fúteis. No período Iluminista, surge outro grande filósofo: Kant. Ele dizia que os seres humanos devem ser encarados como fins e não meios para o alcance de determinados interesses. Daí passamos a Karl Marx, que nega a ética em qualquer plano de constituição classista. Ele e Engels viam na ética de seu tempo uma ferramenta para manipular o povo, afirmando, assim, os valores burgueses. Após Marx, Nietsche também desenhou alguns pensamentos filosóficos sobre a ideia de ética e moral, rejeitando uma visão moralista de mundo e colocando-a num plano terrestre do presente. Freud também deu sua contribuição ao desenvolvimento do tema ao tratar sobre tabus sociais. Já em Gramsci, Habermas e Sartre, é possível notar determinada continuação de uma linha de pensamento cujas raízes estão fincadas em Marx: todos têm como pressuposto basilar a necessidade da construção de uma nova sociedade, ainda que por caminhos diferentes, e a premência na crítica aos valores não democráticos estabelecidos pelo sistema capitalista de produção.

II. Justiça

Justiça pode ser entendida como um valor. Aliás, para Platão, ela é a virtude mais preciosa para a realização política na polis. A cidade ideal é aquela em que as pessoas têm um papel, uma função, cada um ocupa seu lugar no todo segundo sua capacidade. Artesãos, guerreiros,

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governantes têm suas funções específicas e realizam um tipo de valor: os primeiros realizam a virtude da temperança, da moderação, sua alma é sensitiva; os guerreiros defendem a cidade, sua virtude é a da coragem; os governantes devem ser sábios, sua virtude é a da sabedoria. Justiça é uma decorrência dessa distribuição.

O conceito de justiça que mais usamos na modernidade não é o distributivo, e sim o equitativo. Ela é para todos, e todos ganham o mesmo quinhão. Evidentemente, isso não funciona; há diversidade enorme de gostos, de educação, de projetos pessoais. Governo algum consegue distribuir tudo a todos da mesma forma. E se, por acaso, o fizesse, teria que ser impositivo, totalitário, ter mão de ferro para que uns não quisessem também o que caberia ao outro.

Um conceito mais interessante e viável é o de um filósofo norte-americano, Richard Rorty (1931-2007), de justiça como lealdade ou solidariedade alargada. Para ele, não há uma moral universal, não há regras morais que devam ser seguidas por todas as culturas. Ele sugere que, em algum lugar, de alguma forma, entre as crenças e os desejos compartilhados, deveria haver recursos que permitissem a convivência, a convivência sem violência. Alargar a lealdade que se tem com o amigo, com o familiar, com o outro, com o outro lado da fronteira, com o diferente, isso seria praticar justiça. III. Educação

No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte. A educação vai se desenvolvendo por meio de situações presenciadas e experiências vividas por cada indivíduo ao longo da sua vida.

O conceito de educação engloba o nível de cortesia, delicadeza e civilidade demonstrada por um indivíduo e a sua capacidade de socialização. No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo.

O acesso ao ensino escolar formal faz parte do processo de educação dos indivíduos e é um direito fundamental do ser humano que deve ser garantido pelo Estado. No processo educativo em estabelecimentos de ensino, os conhecimentos e habilidades são transferidos para as crianças, jovens e adultos sempre com o objetivo desenvolver o raciocínio dos alunos, ensinar a pensar sobre diferentes problemas, auxiliar no crescimento intelectual e na formação de cidadãos capazes de gerar transformações positivas na sociedade. IV. Cidadania

Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: ter direitos civis. É também participar do destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila.

Cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. Expressa a igualdade dos indivíduos perante a lei, pertencendo a uma sociedade organizada. É a possibilidade de o cidadão exercer o conjunto de direitos e liberdades políticas, socioeconômicas de seu país, estando sujeito a deveres que lhe são impostos. Relaciona-se, portanto, à participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando para que seus direitos não sejam violados.

8. CONCLUSÃO

Não confunda conclusão com apreciação do trabalho. É muito comum encontrar dissertações que apresentam na conclusão uma apreciação do assunto, ou frases do tipo “Eu

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acho muito importante .........., por isso ou aquilo...” Ora, ninguém está perguntando o que o autor achou do tema trabalho, e dar uma opinião que nem sequer foi solicitada não é conclusão.

Conclusão é a parte final do trabalho, o arremate, o que constitui uma síntese interpretativa do desenvolvimento. É a decorrência lógica do processo de argumentação e, de certa forma, complementa a introdução. Na introdução, anuncia-se o que se vai fazer; na conclusão, confirma-se o que foi feito. Se a introdução pode ser considerada um “trailer” do trabalho, a conclusão é um “replay”.

A despeito de ser um “replay” (tema – tese – solução), admite-se fato novo: ideia ou argumento. Embora não seja apenas um resumo, não se pode ignorar seu caráter de síntese. Por isso, a conclusão deve ser breve, exata, concisa. Nas redações de até 30 linhas, muitas vezes dois períodos é suficiente.

9. EXPRESSÕES CONCLUSIVAS – DICAS Conjunções conclusivas:

Portanto,... Por conseguinte,... Logo,...

Em suma,... Dessa forma,... Definitivamente,... Indubitavelmente,...

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10. QUALIDADES BÁSICAS DO TEXTO

As três partes fundamentais da redação – introdução, desenvolvimento e conclusão – são autônomas, mas devem apresentar-se de forma plenamente articulada. Embora a cada parte se atribua um conteúdo específico, as três devem compor um todo sequencial, lógico e harmonioso: na introdução, anuncia-se o que será feito; no desenvolvimento, faz-se o que foi anunciado na introdução e, na conclusão, confirma-se o que foi feito, demonstrando que, no desenvolvimento, cumpriu-se tudo o que foi proposto na introdução.

O texto que não conta com UNIDADE, COESÃO, COERÊNCIA e ÊNFASE, invariavelmente, vê comprometidas as melhores intenções de seu autor.

Falta de Unidade: geralmente, decorre do “entusiasmo” com um ou outro aspecto que se conhece ou se domina mais a fundo e ao qual se quer dar maior destaque. Assim, o que

O turismo, portanto, vem-se firmando como uma das formas de construção de desenvolvimento e de inclusão social. Contudo, ainda não é tratado como atividade de interesse geral no Brasil, por falta de profissionais dedicados que promovam discussões não só a respeito da abrangência econômica, mas também da responsabilidade com a sociedade e com a cultura do País. É necessário, pois, que se promovam a profissionalização e as mudanças necessárias – a exemplo do que se percebe na Turquia – para que tal atividade de lazer beneficie a todos.

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deveria ser apenas uma passagem ilustrativa acaba por tomar “conta” do texto, desequilibrando-o. O excesso de exemplos soa muito mais como uma estratégia de preenchimento.

Ausência de Coesão: comumente, decorre do mau uso dos nexos coesivos, mas também da má compreensão da proposta. Para que tal não ocorra,

sublinhe as palavras com maior carga de significado que se encontram no enunciado;

substitua palavras complexas por equivalentes mais familiares; faça uma lista de questões que faz sentido abordar; descarte as que remetem a outras questões não abordadas; formule (para si mesmo) as seis perguntas sobre o assunto e responda-as: o

quê? / quem? / quando? / onde? / como? / por quê?

lembre, por fim, de que a clareza encontra-se na simplicidade. Ausência de Coerência: tomar todas as questões do mundo como atuais é, no mínimo,

contraditório em relação ao que se espera de um sujeito razoavelmente bem informado. Tal procedimento dá margem a textos marcados por expressões do tipo “atualmente”, “nos dias de hoje”, “hoje em dia” etc. Da mesma maneira atua a proposição de soluções para todos os questionamentos. Uma proposta de redação, via de regra, não pede que o candidato solucione os problemas do mundo, mas apenas que os discuta, agregando ideias às discussões. Sendo assim, são absolutamente vazias as fórmulas em que se exige “conscientização urgente do governo, das pessoas...”. Para evitar a incoerência, FUJA

do episódio isolado ou sem retomada, pois ele comprova falta de encadeamento textual;

da circularidade ou quebra de progressão discursiva (o texto não progride, você se vale do “vaivém”, isto é, aborda um enfoque, interrompe-o e volta a abordá-lo em outro parágrafo); NÃO seja repetitivo;

da conclusão não decorrente do que foi exposto; NÃO a inicie com nexos adversativos.

11. LINGUAGEM A clareza é uma das principais qualidades de uma redação. Consiste em expressar-se da

melhor forma possível, de modo a deixar-se compreender pelo leitor do texto. Ser claro é ser coerente, preciso, não se deixar contradizer, ser direto.

Seja natural. Não caia na tentação de utilizar palavras de efeito duvidoso que alguém bem-intencionado lhe sugeriu para “impressionar a banca”. Linguagem direta, clara, fluente é mais efetiva do que expressões rebuscadas, às vezes inadequadas para o contexto. Não seja prolixo.

Pecados!

Prolixidade: capacidade ou propensão a exceder-se ao falar ou ao escrever, estendendo-se além do necessário ou usual.

Verborragia: grande quantidade de palavras pouco conhecidas, ainda que corretas, costumam deixar o texto pesado, desagradável e até ininteligível.

Lugar-comum (clichês) “Desde os primórdios da humanidade, o homem tem-se mostrado cruel com seus

semelhantes.” (situe o leitor em relação ao tempo); “As pessoas saem de casa sem saber se vão voltar.” (valha-se de exemplos que ilustrem

suas ideias); “O efeito estufa nada mais é do que a vingança da mãe-natureza.” (ocorrência de um

clichê e de um equívoco – atribuição da responsabilidade à natureza);

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“É preciso lembrar que dinheiro não traz felicidade.” (reprodução de pensamento comum, demagógico);

“A juventude é o futuro do país.” / “Se cada um fizer a sua parte, certamente viveremos num mundo melhor.”/ “Já não se fazem mais pais como antigamente." (vago, possibilitando várias interpretações);

“É conveniente para o governo que a população permaneça sem instrução, porque assim é mais fácil manipulá-la.” (tendência simplista de atribuir ao governo a responsabilidade direta por todos os problemas do país);

Ditados: agradar a gregos e troianos, chover no molhado, ficar literalmente arrasado, passar em brancas nuvens, segurar com unhas e dentes, ter um lugar ao sol...

Cacofonia: conjunto de sons desagradáveis. Ambiguidade ou anfibologia – duplo sentido que ocorre em função da má construção

da frase: Carlos disse ao colega que seu irmão morreu. (irmão de quem?)

Eco - repetição de uma vogal formando rima: O irmão do alemão prendeu a mão no fogão. Frases fragmentadas: chamamos de fragmento de frase (ou frase fragmentada)

o isolamento indevido de orações reduzidas – Era necessário preservar os vários sentidos do texto. Cabendo ao

leitor interpretá-lo. orações adjetivas – A televisão tem apenas programas infantis violentos. Onde os

heróis se matam. Aposto – A marginalização do negro na nossa sociedade vem dos tempos da

colonização do Brasil. Uma estúpida herança deixada pelos nossos antepassados.

orações coordenadas – Há dois tipos de injustiça que estão ocorrendo dia a dia na nossa frente, sem que nada seja feito: uma delas é a injustiça econômica. E a outra é a injustiça social.

orações subordinadas – Não quero esquecê-la. Porque sempre se leva algum conhecimento para a vida.

Um dos problemas mais frequentes, ao se tentarreduzir o tamanho da frase, é o período fragmentado.Nesse caso, as informações ficam truncadas. Nuncainterrompa seu pensamento antes de pronomesrelativos, gerúndios ou conjunções subordinativas.

Nunca inicie períodos por

Sendo queIsso porque

PoisO qualOnde

ESTRUTURA DO PERÍODO

Frases siamesas: não há sinal de pontuação ou ele foi mal empregado. A pessoa se acostuma a competir, quando isso ocorre, ela é beneficiada.

Internetês: é considerada erro ortográfico, na prova de Redação, a utilização de registros gráficos próprios do internetês, como vc em vez de você, por exemplo.

Impropriedade de registro É importante observar que não seria correto penalizar o autor de um texto pelo uso de

qualquer palavra, gíria ou expressão informal retirada da fala cotidiana. A informalidade pode

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tornar-se equivocada quando é mal-encaixada na totalidade de uma frase, de um parágrafo ou de um texto de encaminhamento formal predominante, evocando um registro de comunicação diferente daquele estabelecido entre autor e leitor ao longo do texto.

Ex.: Os problemas tipo entre pais e filhos geram estresse.

Fazer com que (Isso faz com que o povo fique desanimado. / Isso FAZ o povo FICAR desanimado). Ter no lugar de Haver consiste em coloquialidade a ser evitada; Ex.: Há uma liquidação ótima no “shopping”. (formal); Tem uma liquidação ótima no “shopping”. (coloquial). A gente; use “nós”. Só que, use mas, porém, etc. Diálogo com o examinador: não use VOCÊ / TU. Use “se” (apassivador, indeterminador do agente) ou 1ª pessoa do plural, nós. Não se desculpe, dizendo que não escreveu mais porque o tempo foi pouco. Mistura de tratamento – eu / nós / se / ele(s) – num mesmo período / parágrafo. uso de gírias ou de expressões informais descontextualizadas: Para ser feliz, é preciso ter uma vida MANERA. (interessante);

Afixos

A utilização inadequada de prefixos e de sufixos ocorre quando determinado emprego produz significados diferentes do que o autor tinha em mente.

Ex.: Geralmente, a mãe é mais compreensível que o pai. (adequado: Geralmente, a mãe é mais compreensiva que o pai.)

Ex.: A teoria darwiniana é uma das mais aceitáveis pela comunidade científica. (adequado: A teoria darwiniana é uma das mais aceitas pela comunidade científica).

Inadequação semântica seleção inadequada de palavras e de expressões que estabelecem relações de sentido

entre os elementos textuais: Para ser feliz, é preciso ter talento. ASSIM, só isso não basta. (No entanto);

uso repetitivo de nexos; erros de coordenação e de paralelismo semântico: O problema da droga é mais grave no

Rio e em São Paulo do que em Belo Horizonte e Pernambuco. (Pernambuco é o nome de um estado entre nomes de cidades.);

expressão de amplo sentido: A corrupção nacional é uma COISA assustadora, um PROBLEMA quase sem solução. (A corrupção nacional é assustadora, um problema social quase sem solução);

redundâncias e obviedades: Há cinco anos atrás, não se ouvia falar em aquecimento global. (Há cinco anos... / Cinco anos atrás...); Hoje em dia; A cada dia que passa; Eu acho / Eu penso...; Mundo em que vivemos; (no mundo); um certo (“Quando certo alguém / cruzou o seu caminho...”).

excesso de paráfrases: Num mundo em que nós, SERES HUMANOS, buscamos apenas a excelência profissional... (desnecessário o aposto);

excesso de repetição de palavras ou de expressões; expressões categóricas, sobretudo na conclusão: “Só assim poderemos garantir...” /

“Conclui-se que...” / “A partir de tudo que foi exposto...”.

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Pluralização inadequada Se uma “propriedade” refere-se a sujeitos diversos, deve manter-se no singular. Quando são vários os possuidores, o nome da “coisa” possuída fica no singular, inclusive partes do corpo, se unitárias, ou atributos da pessoa. Exemplos:

A insegurança das grandes cidades prejudica nossas vidas. (nossa vida / a vida) As aquisições feitas pelo grupo até agora estão na casa de US$ 5,4 bilhões, incluindo as

participações dos sócios. (a participação) A polícia tenta apurar as identidades dos marginais. (a identidade) Eles concordaram e balançaram as cabeças... (a cabeça) Deixou todos de bocas abertas (boca aberta) Elevemos os corações para o alto. (o coração) O delegado foi incumbido de investigar as mortes dos líderes. (a morte) Uso do Gerúndio (-ndo): forma nominal do verbo (≈advérbio), indica ação continuada.

Logo, Vou ficar esperando por você até às 17h. (correto) Vou estar enviando a proposta até às 17h. (incorreto) Isso acaba provocando ódio. (desnecessário) Isso provoca ódio. (preferível)

Experimentalismos Linguísticos (agudizar, xópin, ...).

Excesso de estrangeirismos A palavra estrangeira, na sua forma original, só deverá ser usada quando for

absolutamente indispensável. O excesso de termos de outro idioma torna o texto pretensioso e pedante. Não se esqueça de explicar sempre, entre parênteses, o significado dos estrangeirismos menos conhecidos. Se a palavra ou expressão não tiver correspondente em Português, porém, ou se o termo for pouco usado, recorra, então, ao termo estrangeiro.

Não empregue no idioma original palavra que já esteja aportuguesada. Use, pois, uísque e não whisky, caratê e não karatê, tarô e não tarot, estresse e não stress.

Quando houver vocábulo equivalente em Português, prefira-o ao estrangeirismo. Use, então,

cardápio e não menu; pré-estreia e não avant-première; assalto e não round; padrão e não standart; fim de semana e não week-end; desempenho e não performance.

Excesso de vocabulário politicamente correto

Microempresário do setor informal da economia = Camelô

Pessoa criativa na narração de fatos = Mentiroso

Menor vítima da desigualdade social = Pivete

Veículo de tração animal = Carroça

Protetor de patrimônio automotor = Guardador de automóvel

Integrante frequente do índice cara mão de obra não ativa = Vagabundo ou desocupado

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Condutor de veículo vertical = Ascensorista

Célula habitacional informal = Maloca

Relação íntima não consentida = Estupro Encarregado da assepsia urbana = Lixeiro

Sacerdote de rito afro-brasileiro = Pai-de-santo

Comerciante tabagista alternativo = Traficante de maconha

Quebra de paralelismo sintático O erro de paralelismo consiste em coordenar elementos semelhantes de forma diferente. Erros mais comuns de paralelismo omissão de uma oração – Matriculei-me na disciplina, fiz os trabalhos, provas e presença

nas aulas. (Matriculei-me na disciplina, fiz os trabalhos e compareci às aulas.) coordenação de uma oração desenvolvida com uma coordenada – Sorte minha o

engarrafamento do túnel não estar terrível e, no guichê da rodoviária, um casal, gentilmente, me cedeu a vez. (...um casal, gentilmente, ceder-me a vez.)

coordenação indevida de uma reduzida – Conseguir ser respeitado na sua profissão e podendo, então, casar-se com sua amada. (...e poder, então, casar-se com sua amada.)

ordem inadequada de elementos coordenados – Estranhou o silêncio quebrado apenas por passarinhos e pela falta de vizinhos. (...e a falta de vizinhos.)

uso indevido do “e que” – Era uma mulher bem vestida e que trazia no braço uma série de números tatuados. (...e trazia... / que trazia...)

falso paralelismo nas comparações – Escrever romances é diferente da pintura. [escrever = ação / pintura = resultado da ação] (Escrever romances é diferente de pintar quadros.) APRIMORANDO A LINGUAGEM

Uso do etc. Não use etc. sem nenhum critério. Trata-se da abreviatura da expressão latina et cœetera,

que significa “e as demais coisas”. Só devemos usá-la quando os termos que ela substitui são facilmente recuperáveis. Ex.: A notícia foi veiculada pelos principais jornais do país como O Globo, Jornal do Brasil, etc. O leitor bem informado sabe que os outros jornais ficam subentendidos: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Zero Hora. MAS Ex.: Muitas vezes, os pais não sabem como falar aos filhos problemas relacionados ao sexo, à morte, etc. Quais seriam os outros problemas? Fica difícil saber.

Nunca escreva “e etc.”, pois a conjunção “e” já faz parte da abreviatura. Seria o mesmo que dizer “ e e as demais coisas”. Após a abreviatura, usa-se ponto final: ,etc.

Expressões comuns

A palavra através pertence à família de “atravessar”. Deve ser empregada no sentido de passar de um lado para outro ou passar ao longo de: A luz do sol, através da vidraça, ilumina o se rosto. / O tipo de redação solicitada mudou através dos tempos. Não use através no lugar de mediante, por meio de, por intermédio de, graças a ou por: Comuniquei-me com ele por meio do computador.

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Em princípio = antes de mais nada, teoricamente, em tese, de modo geral: Em princípio, três horas diárias de estudo é bastante.

A princípio = no começo, inicialmente: A princípio, o curso de Medicina era o mais concorrido. Atualmente, isso mudou.

A nível de NÃO existe. Existem em nível de (= no âmbito de; expressão desgastada!) e ao nível de. A decisão foi tomada em nível de turma. (Melhor: A decisão foi tomada pela turma.) / Não chegou ao nível catastrófico, mas seu desempenho deixou a desejar.

Entre ou Dentre? Quase sempre ENTRE, pois DENTRE tem uso muito limitado = do meio de: O candidato surgiu atrasado, correndo, dentre dois carros. / Entre tantas possibilidades, optei pelo curso de Letras.

Falar NÃO equivale a dizer, afirmar, declarar. Falar = dizer palavras: “Ele fala pelos cotovelos!” Na dúvida, substitua falar por dizer; se a lógica se mantiver, use o verbo dizer: “A Reitora falou (disse), na entrevista, que haverá mais vagas em todos os cursos, a partir de 2005.”

Acontecer = suceder de repente; ideia de inesperado, desconhecido: “Tudo pode acontecer, se não nos prepararmos bem!” É recomendável usá-lo com os indefinidos (tudo, nada...), os demonstrativos (isto, aquilo...) e o interrogativo “que”.

NÃO use acontecer no sentido de ser, haver, realizar-se, ocorrer, suceder, existir, verificar-se, dar-se, estar marcado para: “O pré-exame acontecerá (está marcado para o) no dia 03 de janeiro.”

Só empregue possuir se quiser indicar posse, propriedade (de um bem material): “Ele possui imóveis fora do Brasil.” / Mas utilize em “Ele possui excelente situação financeira.” Substitua por “Ele desfruta de excelente situação financeira.” Use ter, desfrutar, apresentar, manifestar, produzir, demonstrar, gozar, ser dotado de.

Ao invés de = inverso, ao contrário de. Ex.: Enganou-se, ao invés de açúcar, pôs sal no cafezinho.

Em vez de = no lugar de. Ex.: Em vez de ir ao cinema, resolveu estudar. Ao encontro de = a favor de. Ex.: Concordo com você; minhas ideias vão ao encontro

das suas. De encontro a = em sentido oposto, contra. Ex.: Não concordo com você; minhas

ideias vão de encontro às suas. Na medida em que = porque. Ex.: Na medida em que nos conhecemos, podemos agir

com intimidade. À medida que = à proporção que. Ex.: À medida que estudava, sentia-se mais seguro. A meu ver (não “ao meu ver”). Chamar a atenção (não “chamar atenção”). Dar-se ao direito; dar-se ao luxo. Defronte de (não “defronte ao”). Em frente de / diante de (não “frente a”).

USO DOS NEXOS

ESSE(A)(S) + substantivo / ISSO = retomam assunto. A inflação retornou a Porto Alegre. Esse fato denota que a economia não é tão

estável como apregoa o governo. / Isso denota que...

MESMO(A)(S) = não retomam palavras ou expressões; nessas situações, utilize ELE(A)(S).

Ainda tenho os mesmos ideais. Meus amigos, contudo, mudaram. Eles creem que manter certas convicções é estagnar.

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ONDE = refere-se apenas a lugar em que se está; caso contrário, utilize em que, no(a)(s) qual(is).

A cidade onde (= em que / na qual) é maravilhosa. / O dia em que (no qual) te conheci é o melhor de minha vida. / A sociedade na qual (em que) nos inserimos...

AONDE = refere-se apenas a lugar para o qual se vai. Essa é a praia aonde você vai nas férias? Evite MAS e PORÉM em início de período; prefira NO ENTANTO, ENTRETANTO,

CONTUDO, TODAVIA, NÃO OBSTANTE.

12. PONTUAÇÃO

Aspas: são empregadas, por exemplo, para indicar transcrições textuais; palavras estrangeiras; uso diferenciado de uma palavra - por exemplo, para enfatizá-la; neologismos criados pelo autor; gírias, quando necessárias; títulos; ironia.

Dois-pontos: usados numa relação em que a segunda oração é uma consequência ou uma explicação da primeira, mas não no início de qualquer série.

No tabuleiro da baiana tem: vatapá, caruru, umbu... (incorreto)

13. GRAFIA

Emprego de maiúsculas e de minúsculas Maiúsculas

substantivos próprios de qualquer natureza; nomes de vias e lugares públicos; nomes que designam altos conceitos políticos, religiosos ou nacionais (A Igreja teceu duras

críticas às pesquisas com células-tronco.); nomes que designam artes, ciências e disciplinas; nomes de estabelecimentos públicos ou particulares e nomes de escolas de qualquer espécie

ou grau de ensino; títulos de livros, jornais, revistas, produções artísticas, literárias e científicas; pontos cardeais, quando nomeiam regiões (No Sul, desfruta-se de um inverno

europeu.); nomes de fatos históricos importantes, de atos solenes e de grandes empreendimentos

públicos; expressões como fulano, beltrano e sicrano, quando usadas em lugar de nome de pessoas; País com letra maiúscula em substituição ao nome próprio da nação (O Brasil ainda é

vítima de problemas terceiro-mundistas. O País precisa, pois, curar-se da síndrome do “coitadismo”.);

Estado = o conjunto das instituições (governo, congresso, forças armadas, poder judiciário etc.) que administram uma nação. (A máquina administrativa do Estado.).

Minúsculas

nomes de povos, de suas línguas e gentílicos (O brasileiro é cordial.) em geral; nomes dos meses e dos dias da semana;

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nomes dos pontos cardeais, quando designam direções ou limites geográficos (Mais ao sul, viam-se as nuvens carregadas.);

nomes comuns que acompanham nomes geográficos (Transposição do rio São Francisco); nomes de festas pagãs ou festas populares (Em fevereiro, há o carnaval.); nomes das estações do ano; depois de dois-pontos, quando se trata de uma enumeração ou uma exemplificação; estado = cada uma das divisões político-geográficas de uma nação. (O Amazonas é o

maior estado brasileiro.).

Grafia de números Por extenso

os números até noventa, que se constituírem de apenas uma palavra no início da frase (Dois alunos saíram mais cedo da aula.);

substantivados (Ela lia as Mil e Uma Noites.); dados por aproximação ou estimativa (“Nem por você / Nem por ninguém / Eu me desfaço

/ Dos meus planos / Quero saber bem mais / Que os meus vinte / E poucos anos...”); números com mais de uma palavra e números a partir de 100 (Nas próximas vinte e

quatro horas saberei o que fazer de minha vida.); quantias com as unidades monetárias grafadas por extenso (Com cinquenta reais,

consigo comprar apenas um livro. (mas... Com R$ 50,00, consigo comprar apenas um livro.).

Em algarismos horas, minutos e tempo em geral (O voo sai às 17h e chega por volta das 19h30min.); medidas (Corro 5 km todos os dias.).

Em forma mista os números de 1 milhão em diante (Esta estrela tem, seguramente, mais de 19 milhões de

anos.)

Sublinhas Sublinhas são usadas para enfatizar determinada palavra ou trecho que o autor julgue

especialmente relevante para adequado entendimento do que quer dizer.

Siglas todas as letras maiúsculas se a sigla tiver até três letras (ONU); todas as letras maiúsculas se todas as letras forem pronunciadas (INSS); se houver mais de três letras, só a inicial maiúscula (Unesco).

13. PROPOSTAS INÉDITAS DE REDAÇÃO

Instruções gerais:

redija um texto dissertativo-argumentativo obedecendo aos limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação;

não copie ou parafraseie trechos do texto de apoio; utilize caneta preta ou azul; lápis apenas no rascunho; não rasure seu texto e não use corretivo; faça letra legível – ilegibilidade é critério de anulação.

Proposta I

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Texto de Apoio Violência no Trânsito

Para Júlio César Fontana Rosa, psiquiatra especializado em comportamento de trânsito da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o risco de se envolver num ato de violência é potencializado quando o veículo se torna um meio para que a pessoa libere sua agressividade e, assim, facilite a provocação do outro.

Para Raquel Almqvist, diretora do Departamento de Psicologia de Trânsito da Abramet, a combinação de horas ao volante com problemas do dia a dia também causa um desgaste muito grande ao motorista. “Os sintomas físicos são tensão muscular, mãos suadas, taquicardia e respiração alterada, porque há uma descarga de adrenalina.”

O trânsito é um ambiente de interação social como qualquer outro. “O carro é um ambiente particular, mas é preciso seguir regras, treinar o autocontrole e planejar os deslocamentos. É um local em que é preciso agir com civilidade e consciência”, diz a hoje doutora em trânsito Cláudia Monteiro.

Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o carro não é o escudo protetor que se supõe. Exercitar a paciência e o autocontrole não faz parte do currículo das autoescolas, mas são práticas cada vez mais necessárias à sobrevivência no trânsito.

Revista Quatro Rodas, julho de 2008, in Abptran.

Considerando os textos acima, redija um texto dissertativo sobre o seguinte tema: A sociedade brasileira e os conflitos no trânsito. Proposta II Texto de Apoio

Qualquer um, mesmo sem nunca ter passado pela escola, sabe que não pode falar sempre do mesmo jeito com todas as pessoas, pois, até mesmo entre os familiares, cada relação está marcada por um nível diferente de formalidade. A linguagem que usamos às vezes é mais informal, às vezes é mais séria, impessoal. Nessas situações menos pessoais, a norma culta é a mais adequada para garantir um contato respeitoso e mais claro entre os indivíduos. Por isso, quando o falante consegue variar a linguagem, adequando o nível de formalidade a suas intenções, à situação e à pessoa com quem fala, dizemos que ele conta com boa competência linguística. O conhecimento das variedades linguísticas amplia nossas possibilidades de comunicação, mas é a norma culta que garante a manutenção de uma unidade linguística ao país.

Com base nos textos da coletânea a seguir, elabore uma dissertação argumentativa sobre o seguinte tema: Considerando que a norma culta é variante mais valorizada socialmente, qual deve ser a posição da escola em relação às outras variantes linguísticas? Proposta III Texto de Apoio

No ambiente dinâmico do mercado competitivo, entender o consumidor é um imperativo para o sucesso organizacional. Todos nós já nos deparamos com o dito popular “O cliente tem sempre razão”. No meio empresarial, consolidaram-se o jargão “O consumidor é rei” e a noção de que a função do negócio é servi-lo. As empresas que ignorarem esses ditames poderão não prosperar ou até mesmo não sobreviver no mercado. Hoje, mais do que nunca, os consumidores se tornaram mais poderosos. Mais conscientes, independentes e bem informados, eles são pessoas com poder, capazes de construir ou quebrar qualquer negócio, independentemente de seu porte ou tamanho, em qualquer tempo ou lugar.

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O consumismo tem se expandido extraordinariamente no mundo. Da mesma forma, o nível de exigência e a maior consciência ética dos consumidores têm provocado movimentos em defesa e proteção dos consumidores em todo o mundo — o consumerismo.

SAMARA, Beatriz S., MORSCH, Marco A., 2006.

A burocracia estatal e os servidores públicos foram condenados a ser portadores de toda a culpa por um suposto mau funcionamento do aparelho do Estado.

Considerando os textos, redija um texto dissertativo analisando a atividade administrativa à qual você ora se candidata e relacionando-a ao binômio cliente – prestação de serviços. Comente a sua participação, na qualidade de eventual futuro funcionário do BB, no sentido de contribuir profissionalmente para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Proposta IV Texto de Apoio

Parece ser de notório conhecimento que megaeventos esportivos, tais como a Copa do Mundo de Futebol FIFA e os Jogos Olímpicos, têm alcance global quando se pensa no reconhecimento por parte de turistas e de entusiastas do esporte que os países-sede recebem antes, durante e após o evento e na atenção despendida pela mídia a aspectos inerentes aos países como cultura, política e nível de desenvolvimento.

Ao mesmo tempo, propaga-se que o fato de se sediar um evento de tal porte provoca um impacto positivo na economia local, com possíveis implicações regionais e globais. Outros afirmam que o fato de sediar eventos dessa magnitude faz nascer toda uma euforia local, com possíveis impactos socioculturais positivos como a criação de um senso de comunidade e de uma identidade nacional (regional).

O que se está chamando de ‘a década esportiva brasileira’ reforça a percepção de uma clara indicação de uma política de Estado voltada para a atração de eventos de grande magnitude. Pode-se argumentar que o Brasil esteja usando esses eventos para reforçar e consolidar a sua posição econômica e política hegemônica na América do Sul.

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo sobre o seguinte tema: A Copa do Mundo FIFA de 2014 no Brasil.

Proposta V Texto de Apoio

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo a fim de responder à

seguinte pergunta: Será a capacidade

de criar um dom inato?

Proposta VI Texto de Apoio

Passear nas ruas dos grandes centros urbanos pode parecer uma tentação, ainda mais quando se trata dos preços irresistíveis cobrados pelos camelôs por produtos que, na maioria das

"É a criatividade que tira o profissional do sopão dos medíocres", diz Francisco Britto, um dos sócios da consultoria paulista BW, especializada em gestão de talentos - ramo que surgiu justamente para atender às novas necessidades das empresas. A criatividade é a chave para se destacar do rebanho. Aprenda a usar a sua em benefício próprio.

(Veja)

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vezes, não se tem coragem de comprar por causa do preço alto. No entanto, deve-se parar para pensar até que ponto é válido ceder a essas tentações e optar pela compra de produtos piratas.

Fonte: Pirataria: o barato que sai caro. www.idec.org.br

"A pirataria é fator de inclusão social, pois oferece os produtos para quem não pode comprar os legítimos. Dizer que pirataria acaba com o mercado é bobagem, porque quem compra pirata nunca compraria o produto original mesmo."

Trecho de depoimento de um cidadão, no horário de propaganda política gratuita na televisão, durante campanha para eleições 2006.

Considerando a crescente variedade de produtos falsificados disponíveis no comércio, escreva um texto argumentativo, no qual fique explícito seu ponto de vista sobre a questão da pirataria no Brasil. Proposta VII Texto de Apoio

Regime semiaberto registra 10 fugas por dia no Estado No primeiro semestre deste ano, 1.705 presos escaparam do regime semiaberto no Rio

Grande do Sul. Os criminosos tiram proveito das carências e da benevolência da legislação para obter a progressão para um regime de prisão mais ameno. Em vez de tentar a reinserção social e aproveitar o benefício para trabalhar, fogem e voltam a delinquir. Uma nova lei, que deixou de exigir um laudo psicológico nos apenados, serviu para agravar o problema.

Levando em conta a ocorrência, em todo o Brasil, de fugas de apenados beneficiados pelo regime semiaberto, escreva um texto argumentativo que revele seu ponto de vista acerca da questão. Aponte causas do problema e apresente possíveis soluções para essa situação. Proposta VIII Texto de Apoio

Na Índia é vulgar a comercialização de órgãos humanos, mas entre adultos. Homens entre

os vinte e os trinta anos, “vendem” um órgão, geralmente um rim, para obter dinheiro para manter a família. Colocam-se num lugar estratégico perto do hospital que procede aos transplantes a fim de ser contatados e realizar a comercialização. .....................................................................................................................

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A tragédia ocorreu na madrugada de domingo, 27 de janeiro. Um show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira gerou uma fagulha que chegou ao revestimento do teto da casa noturna. A espuma do isolamento acústico queimou rapidamente. A maioria das vítimas inalou a fumaça tóxica.

Os extintores não funcionaram. A casa não tinha uma saída de emergência. A maioria das vítimas morreu no local ou no mesmo dia, quando foram registrados 234 óbitos. Seis morreram em hospitais posteriormente. Ainda há 21 internados em hospitais de Santa Maria e Porto Alegre.

Não foi um avião que caiu, não foi um maluco que saiu atirando, não foi uma tormenta que destruiu casas, não foi uma bomba terrorista que explodiu. Foi um conjunto de omissões e incompetências primárias, de Quinto Mundo. Segundos ou minutos bastaram para asfixiar, queimar, envenenar e matar 200 e tantos jovens num espaço de lazer. Eles eram ou poderiam ser nossos filhos. Saíram para dançar, voltaram num caixão. Irmãos, namorados, amigos. .....................................................................................................................

O fanatismo assusta. No futebol, na religião ou na política, os fanáticos arremessam sinalizadores para intimidar o outro, o adversário, o oponente. Às vezes, os sinalizadores calam, às vezes matam. Quando o fanatismo chega ao poder, quando se confunde com um governo, quando é legitimado por um regime, de direita ou de esquerda, chegamos ao perigoso fanatismo de Estado. Esse fanatismo oficial maquia números e fatos, censura, encarcera, tortura, exila e executa. .....................................................................................................................

Virgínia Soares Sousa foi denunciada por colegas por desligar aparelhos de pacientes internados na UTI, em Curitiba. Testemunhas dizem que ela privilegiava pacientes particulares e conveniados.

Considerando os textos acima, redija um texto dissertativo sobre o seguinte tema: O valor da vida humana. Proposta IX Texto de Apoio

Cinco anos atrás, enquanto o mundo ainda estava nas trevas da crise de 2008, o Brasil brilhava como um Sol ao meio-dia. O país crescia em ritmo acelerado, ajudado pelas medidas de estímulo do governo, e acabara de ser escolhido como palco da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. O brilho iluminava nossas vantagens competitivas – um ambiente institucional mais sólido que noutros países emergentes, um mercado interno gigantesco, uma agroindústria pujante e imensas riquezas minerais e energéticas.

O eterno país do futuro, outrora marcado por calotes nos credores externos, uma inflação estratosférica e um crescimento pífio, parecia ter se tornado enfim o país do presente, pronto para realizar seu potencial.

Parecia.

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A lua de mel durou pouco. No fim do ano passado, a percepção do Brasil no exterior, que se deteriorava gradualmente desde o final do governo Lula, piorou muito. Nos últimos meses, as críticas se multiplicaram e se tornaram ainda mais fortes. Como num eclipse que oculta os raios do Sol, o brilho do Brasil perdeu intensidade na arena global.

Na semana, a presidente Dilma anunciou o fim da pobreza extrema no país, contudo famílias que ganham Bolsa-Família catavam comida no lixo da Esplanada.

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo para responder à seguinte pergunta: O que é ser miserável no Brasil, o eterno país do futuro?

Proposta X Texto de Apoio

O anúncio da renúncia do papa Bento XVI fez relembrar a famosa "Profecia de São Malaquias", que anuncia o fim da Igreja e do mundo. A profecia de São Malaquias, ou "Profecia dos Papas" (séc. XII), é um elenco de 112 frases curtas em latim que indicariam o número de papas. A obra prevê que o próximo Papa vai ser o último antes da destruição de Roma e do fim da Igreja Católica.

É a primeira vez, desde a Idade Média, que um papa renuncia ao cargo. O último Sumo Pontífice a renunciar foi Gregório XII, em 1415. Bento XVI é o sexto Papa a renunciar ao cargo. O líder católico disse em um comunicado que está “plenamente consciente da dimensão do seu gesto” e que renuncia ao cargo por livre e espontânea vontade. Um dos motivos da renúncia seria sua idade avançada.

Considerando o texto acima, redija um texto dissertativo sobre o seguinte tema: A influência da Igreja Católica na organização sociopolítica mundial. PROPOSTAS ATUAIS FCC TRT 6 – 2012 “Viajar amplia os horizontes”, diz o lugar-comum. Todos os indicadores apontam que os brasileiros estão viajando como nunca, sobretudo para o exterior. Será que esse contato com outros países e diferentes culturas está contribuindo para nos tornarmos mais bem informados, críticos, perceptivos e tolerantes? Ou, como querem alguns, estaríamos voltando ao país carregados apenas com os bens de consumo que o Real valorizado tornou mais fácil adquirir? Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: Turismo internacional hoje: transformação pessoal ou consumo desenfreado? TRE-CE – 2012 Os protestos e manifestações realizados em diversos países pelo que ficou conhecido como The Occupy movement (Movimento de ocupação), trazendo como principal slogan “Nós somos os 99%”, têm se voltado contra as crescentes desigualdades econômicas e sociais. O principal executivo de um dos maiores bancos do mundo, com sede na Grã-Bretanha, pode ilustrar à perfeição o 1% restante e os gritantes contrastes entre os ganhos dos dois grupos. Segundo o jornal The Guardian, o salário para essa função aumentou quase 5.000% em trinta anos, ao passo que a média salarial no país cresceu apenas três vezes no mesmo período. Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: As desigualdades econômicas e os movimentos sociais. TRE-CE – 2012 No Brasil, como em praticamente todo o mundo, o envelhecimento gradativo da população parece um processo sem volta. Se não há como não saudar essa conquista da humanidade e enaltecer os seus frutos, é preciso reconhecer que

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o aumento da expectativa de vida traz enormes desafios a todas as gerações. A qualidade de vida na velhice e o equilíbrio entre trabalho e aposentadoria são apenas dois dos temas mais polêmicos no centro de um debate que deve se estender ainda por muitos e muitos anos. Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: Os benefícios e os desafios que o aumento da longevidade traz aos indivíduos e à sociedade. BANCO DO BRASIL – 2012 Ergonomia: 1 estudo científico das relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência ideais no modo como um e outra interagem. 1.1 otimização das condições de trabalho humano, por meio de métodos da tecnologia e do desenho industrial.

(Dicionário Houaiss) A proteção da saúde dos trabalhadores é uma das pretensões da ergonomia, mas não apenas isto, e sim, também, a melhoria da produção e da produtividade.

(Adaptado de http://www.maurolaruccia.adm.br/trabalhos/hopital.htm) Considerando o que está transcrito acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: Produtividade e qualidade de vida no trabalho.