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Waitting for God(ot) ou Chão de Giz... Peça em ato único 60 minutos de duração Autoria Huguera Rodrigues e Muca Velasco

Esperando Beckett Ou Chão de Giz

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Proposta Cênica da Peça "Esperando Beckett" Dramaturgia de Huguera Rodrigues & Muca Velasco

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Waitting for God(ot) ou Chão de Giz...

Peça em ato único

60 minutos de duração

Autoria Huguera Rodrigues e Muca Velasco

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As respostas que os seres humanos buscam, as questões mais íntimas,a dualidade que reside no mesmo indivíduo:

O Bem e o Mal,

O Ying e o Yang,

a carência, a solidão, a necessidade de suprí-las de forma essencial.

Eis que esmiuçamos o homem no seu maior questionamento existencial:

“Ser ou não ser?Eis a questão( Shakespeare- em Hamlet)!” 

 Huguera Rodrigues e Muca Velasco. 

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O Caminho...

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Estávamos a caminho do Eu.Encontramos entre conversas regadas à poesia e discursos Dionisíacosuma  passagem bíbilca em Lucas capítulo 8 versículo 26:

Jesus combatia os demônios dos tais Gadarenos, os endemoniados:.“Os porcos se jogaram do abismo!” Impressionados com o potencial desse combate entre a fé e a realidade humana, chegamos finalmente na resolução de toda a nossa primeira conversa, na escadaria da LAPA, que é o Local Apropriado Para Arte.Discutíamos lá, o que seria arte pós-moderna. Qual o entendimento do espectador em relação a arte pós-moderna?

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Arte pós-moderna é tudo aquilo que o espectador vê ,se identifica e por consequência nega.É tudo aquilo que o espectador torna incomunicável dentro de si.São os nós da garganta, os nãos da infância, a conversa ao leito do terapeuta, remédios e histórias pra boi dormir!

Dentre outras conversas Dionisíacas resolvemos nos relacionar com o Teatro do Absurdo. 

Precisávamos de um texto que transparecesse o que pensávamos naquele momento.O ator e generosa pessoa, André Carvalho, gentilmente nos cedeu o texto O lustre, de Antônio Hildebrando. Devoramos o texto como dois leões meio à selva, prontos pra atacar o búfalo.Bateu!

O texto tinha elementos do que queremos dizer e resolvemos não duvidar da importância de se questionar hoje em dia coisas como:

A relação com o próximo, as relações humanas, a busca pela verdade, o valor da verdade, da esperança, o tempo de esperar por alguém ou alguma coisa.

Após a leitura do texto fomos atrás dos nossos referenciais teóricos .

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O texto falava de moscas, e naturalmente “as moscas” de Sartre foi o ponto de

partida.

Encontramos relação com o que queríamos dizer.

O livro falava de justiça, confiança, Fé sem religiosidade e o devoramos também

com igual interesse do começo ao fim.

Pensamos na busca do Eu e ”caiu-nos a ficha”. Beckett e o seu majestoso

Esperando Godot.

Ainda na busca de um referencial, buscamos em minha biblioteca (modesta) um

antigo livro que um antigo professor da faculdade ,Túlio Guimarães recomendou

um dia, O teatro do Absurdo, por Martin Esslin, tradução Barbara Heliodoro

ed.1966.Daí um mundo se abriu.

Com uma visão intima do assunto, o autor e a tradutora abrem nesse livro a

possibilidade de se entender o teatro que fala das relações do homem com o seu

íntimo. O maldito e incompreendido, vanguarda Teatro do Absurdo.

A essa altura do jogo , o texto que André nos cedeu, já não era mais o mesmo .

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Havia em nós uma visceralidade enorme de compormos um trabalho com a nossa característica mais evidente que é a busca pela informação.Mais uma vez fomos levados por um instinto artístico de produzir arte, pois ainda cremos que o fazer artístico é o verbo que diferencia nós artistas do grande público.Cheios de informações concretas e partituradas , e dotados de valentia, criamos o texto como ele é hoje,uma porção de ideais que se unem por sua identificação e por sua preocupação em analisar o homem no mundo por sua prática e o seu comportamento diante dos valores globalizados,os valores católicos e eternos de família ,os valores da esperança e da entrega.Hoje o texto WAITTING FOR GOD(OT) ou Chão de Giz é um retrato claro de onde podemos chegar tamanha a nossa incomunicabilidade e incompreensão desse mundo tão distante do ideal dos homens.

Huguera Rodrigues e Muca Velasco.

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A Peça

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Ele e Ela. Dois indivíduos estão em QUALQUER LUGAR.

São “merdinhas de moscas em QUALQUER LUGAR”. Ambos estão à

procura de God(ot) Partem então pra um diálogo de suas verdades e de suas vontades e descobertas. “Tu és o filho do homem.”; ”

Quem és tu?” O primeiro diálogo da peça já traz ao espectador o questionamento maior do ser humano que é “quem sou eu”! A resposta a essa pergunta vem da poesia de Drummond ” O poema das sete faces”,onde o poeta,responde a sua incompreensão com o mundo:

”- Se eu me chamasse...Raimundo não seria uma solução,seria uma rima” Estabelecem um diálogo e se aproximam das verdades um do outro. São individuos carentes de relações ” as pessoas estão cagando e andando!”,possuem cada um o seu passado ”porquê na minha casa tinha um qualquer lugar lindo” e por motivos íntimos não se permitem trocar um diálogo que os façam compreenderem-se. São indivíduos que vivem dentro do seu mundo interno. ”Vous me trouvez jouli?” Perguntam ambos desejando intimamente serem aceitos . Ela percebe que o caminho para a comunicação entre eles, nesse qualquer lugar,só ocorrerá se estabelecerem um sólido diálogo de confiança e ajuda mútua. Ele ,por sua vez, recorre a fuga do esteriótipo da criança para não admitir suas fraquezas e responsabilidades “

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Waitting for God(ot) ou Chão de Giz...

“ _Decida-se” diz Ela.” Você quer BRINCAR?!”, Ele recua, por falta de opção,coragem,determinação,motivação ou fé, mantendo-se dentro de sua ilha.

Ela, na tentativa de conseguir comunicar-se com Ele ,entra no jogo do lúdico sem perder o seu objetivo (Pedagogia do oprimido). Nesse qualquer lugar o ar está cheio de gritos humanos,mas só se ouve o hábito.

“ O ar está cheio de nossos gritos,mas o hábito é o grande amortecedor!” diz

Ele se refugiando novamente, dessa vez com o cigarro em punhos. Ela na sua condição de mulher que inventa as ciências desse qualquer lugar indaga sobre os hábitos humanos, decretando que o hábito é uma prisão ao qual o indivíduo se condiciona.

“O hábito é o lastro que acorrenta o cão ao seu vômito,respirar é um hábito A vida é um hábito...”(Samuel Beckett- Esperando Godot).

Ele percebendo que todo esse conhecimento que Ela detém, não soluciona as respostas que buscam, onde travam então o primeiro embate de suas distintas personalidades.

Discutem sobre a função do conhecimento na prática.“ Pra que serve isso?!?” diz Ele com ironia e desdém,causando nela uma profunda reflexão da sua prática.” Pra nada!” Ela reconhece humildemente.

Ela tenta alcançar o juízo que ele demonstra ter,mas não atinge ponto de vista em comum,parte então para o aprofundamento da questão do EU,onde numa primeira vez se olham como iguais.

“ Temos as nossas razões!” Ela afirma.

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Passa o tempo, e com a necessidade de comunicação, Ela procura estabelecer ainda uma relação com esse indivíduo que está ali naquele qualquer lugar .Ela tem medo das moscas que não sabe quem são mas não tem medo dele,que por isso se aproveita da situação pra parecer confiável.Ele - ” E você tem medo de mim?” Ela, aproveitando do momento dele de cuidado com a relação que lhes cabe,encarna o clichê da mocinha”Hollywoodiana“ pra expressar o que ela sente por ele.”knows what i want now?” diz ela como Julia Roberts em “Uma linda mulher”. Ele novamente com o cigarro em punhos se distancia das emoções e prefere situar-se no seu incômodo comodismo,fugindo do sentimento .Ela com enorme vontade de dizer dos seus sentidos e emoções mais uma vez tenta aproximar-se afetivamente dele com um gesto de amor” Você sabe o que sinto quando eu fumo?” pergunta Ela com o último cigarro que resta a Ele.”eu não sinto nada e você?” .Ele na sua perversidade diz que tem prazer no hábito mesmo sabendo dos males que estes podem lhe causar chocando-a . Ela maternalmente diz que “a esperança é a única cor que não desbota” apelando para a fé.

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Ele zomba e ela o acusa de ser um pedófilo remoendo nele coisas mal-resolvidas do íntimo.Ele em encontro com tais emoções veladas torna-se refém de si mesmo, pois a fé que ela possui causa um mal-estar nas suas verdades que Ele insiste manter absolutas.

Ele convicto nas suas afirmações diz que a fé que Ela discursa está aprisionada.e que foi ele o culpado.

“Eu estava lá ! comemos no mesmo prato.eu era o juiz!” ressalta ele com tamanha euforia.Ela pensa em libertar a fé na esperança de não perder o caminho da existência,

ele nega qualquer ajuda deixando-a incrédula dada a capacidade do indivíduo de ser indiferente e

egoísta nas suas relações.

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Ela ameaça contar ao mundo que e ele não é o que parece e por isso não devia estar ali.Expõe pra ele que o mundo vai saber quem ele realmente é, o que motiva nele um retrocesso interior .Ela relembra fatos sinistros da sua infância que ele também se identifica, fazendo-o entrar em pânico pois assim, Ela se coloca em igual condição a ele.Passa o tempo. Ela numa outra tentativa de trocar

com com Ele algo maior que respostas estúpidas e vazias, tenta ler seu destino com uma máquina que lê códigos de barras como se o indivíduo fosse um mero produto do capitalismo, e ele inverte o discurso , apela para a fé dizendo que só God(ot) pode destinar-lhes o caminho.

Ele bêbado de dúvidas faz-se desentendido quando Ela novamente tenta aproximar-se afetivamente dele pedindo outro beijo sem nenhuma intenção sexual.Cansada de investir nessa relação deprecia-o em suas crenças fazendo-se passar por louca e diz que foi o DOUTOR que receitou suas filosofias” Bêbada não! Sou louca!O doutor que receitou!”.Ele consegue só enxergar nela fingimento por não haver lágrimas.“Chorei tudo...todas as lágrimas que tinha!”

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Ele então diz, como uma criança outra vez fugindo da responsabilidade, que ela pode morrer que pra ele o mundo ainda será o mesmo,sabendo que isso significa estar mais sozinho e vazio. Ela fazendo o jogo dele de chantagem emocional finge morrer deixando-o perdidEla acorda de um sono profundo e Ele sente-se traído.

“ Todo mundo faz sexo com todo mundo,na TV eles ensinam a gente a ter experiência.”diz Ela hipnotizada pela televisão.

Ele numa confusão ideológica por causa da maneira como Ela se comporta nesse grande momento que chegou pra eles, a questiona dos valores que sustentava até então.

Muito apreensivo pergunta:’ Você esta esperando alguém?” Ela:”- Você também!...Você não tem pra onde correr!”

Sai o sol e é chegada a hora do grande momento. Uma bomba acaba de explodir em Hiroshima.Ela acompanhando tudo pela T.V e consegue apenas estar passiva diante de tal brutalidade dos homens com os homens pois a espera por God(ot) já não fascina mais as suas expectativas.

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Confia a ele a última tentativa de chorar.Desiste de vez de fazer parte daquele qualquer lugar.Decide furiosamente ir pro mar.Ele se desespera.Tem medo de ficar sozinho e a intima dizendo que ela nunca ia deixa-lo ” mas você disse que eu não ia ficar só” Ela ressentida e convicta exclama: “Eu gosto de mudar de lado! Eu gosto de mudar de lado...”

Lança-se ao mar, partindo para sua busca individual, para sua libertação,pra glória e para o desprendimento de tantos medos que possuía das moscas.

Ele ,isolado na incomunicabilidade de qualquer lugar, vê o dia morrer outra vez!

Está esperando...God(ot)?

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Huguera & Muca Cia Teatral LTDA.

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3895-8383Huguera Rodrigues e Muca Velasco