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UNIVERSIDADE DO ALGARVE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA RELATÓRIO INDIVIDUAL 21-01-2013 ATELIER DE ORDENAMENTO METROPOLITANO ARQUITECTURA PAISAGISTA (2ºCICLO) DOCENTE: PHD ANDRÉ BOTEQUILHA-LEITÃO DISCENTE: VITOR ALEXANDRE DA SILVA (ALUNO Nº37473)

Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

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Descrição e reflexão sobre a metodologia utilizada e os resultados finais formalizados. (Trabalho Académico)

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UNIVERSIDADE DO ALGARVE – FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA

RELATÓRIO INDIVIDUAL

21-01-2013

ATELIER DE ORDENAMENTO METROPOLITANO – ARQUITECTURA PAISAGISTA (2ºCICLO)

DOCENTE: PHD ANDRÉ BOTEQUILHA-LEITÃO

DISCENTE: VITOR ALEXANDRE DA SILVA (ALUNO Nº37473)

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Índice 1.INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 3

1.1 Objetivos ...................................................................................................................................................... 3

1.2 Enquadramento Geográfico........................................................................................................................... 3

1.3 Fase I ............................................................................................................................................................ 4

1.4 Fase II ........................................................................................................................................................... 4

1.5 Metodologia e Bases Cartográficas ................................................................................................................ 5

2. TRABALHO DESENVOLVIDO ......................................................................................................................... 6

2.1 Análise Holística ........................................................................................................................................... 6

2.1.2 Recursos Abióticos ................................................................................................................................. 7

2.1.3 Recursos Bióticos ................................................................................................................................... 7

2.1.4 Recursos Culturais ................................................................................................................................. 8

2.1.5 Análise Relacional Estrutura-Funções .................................................................................................... 8

2.2 Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação (AAEE) e Método NULA ............................................................... 9

2.3 Tendências e Relação .................................................................................................................................. 10

2.3.1 Breve Evolução Urbano-Demográfica no Concelho de Tavira (1900-2012) ............................................. 10

2.4 Estrutura Ecológica Municipal ................................................................................................................... 16

3. ANÁLISE CRÍTICA ......................................................................................................................................... 20

3.1 Comparação: Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação (AAEE) versus Áreas Urbanizáveis do PDM Tavira . 20

3.2 Tendências versus PDM ............................................................................................................................. 24

3.3 Proposta .................................................................................................................................................... 25

3.3.1 Estrutura Ecológica Autoinduzida ........................................................................................................ 27

3.3.2 A Importância de Multiescala............................................................................................................... 27

3.3.3 Reformulação da Proposta de Usos para EEM ...................................................................................... 28

3.4 Dinâmicas de Grupo ................................................................................................................................... 29

3.5 Articulação com APM................................................................................................................................. 30

3.6 Avaliação da Unidade Curricular ................................................................................................................ 31

4. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................. 32

5. Bibliografia ...................................................................................................................................................... 34

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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1.INTRODUÇÃO

1.1 Objetivos

A elaboração deste relatório insere-se na 2ª fase de trabalho da disciplina de Atelier de

Ordenamento Metropolitano, 1º semestre do ano lectivo de 2012-2013 do Mestrado em Arquitetura

Paisagista, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. No âmbito desta

disciplina procedeu-se a um trabalho de grupo, que ocupou a 1ª Fase e metade da 2ª Fase em que consistia

elaborar uma Estrutura Ecológica Municipal para o concelho de Tavira, promovendo a continuidade do

trabalho desenvolvido na disciplina de Atelier de Ordenamento do Território, leccionada no 2º Semestre

do ano lectivo de 2011/2012. Seguidamente, cada aluno elaborou um relatório individual que deverá

abordar uma descrição e análise crítica ao trabalho desenvolvido, finalizando-se assim a 2ª Fase.

Na primeira metade deste relatório procede-se a uma descrição sintética da metodologia e

processos utilizados para a redefinição de uma Estrutura Ecológica Municipal (EEM) com incidência

no município de Tavira. Deu-se assim continuidade ao trabalho de grupo desenvolvido na 1ª fase.

Os trabalhos desenvolvidos em grupo constituem o objeto da análise crítica que será apresentada

na segunda metade deste documento. Esta análise crítica constitui assim mais um instrumento

complementar de avaliação que permite ao Professor compreender qual foi o nível de aprendizagem de

cada discente nesta disciplina.

Como nota introdutória importa referir que elaboração de EEM surge atualmente como parte

integrante de um modelo de gestão territorial que pretende articular os sistemas naturais e os sistemas

antrópicos, procurando promover as atividades humanas de modo sustentável como o objetivo primordial

de salvaguardar os recursos existentes e a sua continuidade futura.

1.2 Enquadramento Geográfico

Este trabalho desenvolve-se no seguimento da proposta de um Plano de Ordenamento Sustentável à

escala 1/25000 que foi desenvolvido no decorrer na disciplina de Atelier de Ordenamento do Território,

no qual incidiu sobre 5 das 9 freguesias do concelho de Tavira (Neto, et al. 2012).

Na articulação das diferentes disciplinas,

promoveu-se a continuidade da área de estudo,

porém durante a 1ª Fase, esta abrange todo

concelho, sendo depois reajustada em termos de

dimensões na 2ªFase, facto que será abordado

mais adiante neste relatório. O concelho de Tavira

encontra-se localizado no Sotavento Algarvio.

Sendo atualmente o terceiro maior concelho em

termos de área da região do Algarve (área de 607

km2),sendo delimitado pelos concelhos de

Olhão, São Braz de Alportel a Oeste, pelo de Figura 1 - Enquadramento Geográfico da Área de Estudo

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Castro Marim, Vila Real de Santo António a Este, e a sul pelo Oceano Atlântico. Apresenta uma

localização territorial estratégica em termos de mobilidade e acessos, localizando-se a pouco mais de 25

km de distância da fronteira espanhola e a 31 km da Cidade de Faro onde localiza-se o Aeroporto de

Faro, que permite ligação rápida as principais capitais da Europa (Da Silva, et al. 2012).

1.3 Fase I

Na primeira fase foi proposto a elaboração de uma proposta-esboço para uma Estrutura Ecológica

Municipal num contexto Sub-Regional (EES-R), elaborada à escala 1/100000, abrangendo todo

território do concelho de Tavira.

Como ponto de partida, o trabalho de recolha de informação foi dividido e organizado por

temáticas (Abióticos, Bióticos e Culturais), no qual cada grupo trabalhou uma só temática. Após os

levantamentos cartográficos destas 3 temáticas. Estas foram sobrepostas, sendo estudadas tanto numa

perspetiva horizontal como vertical (topológico e corológico), servindo de base para esboçar uma

estrutura ecológica que se integre no contexto municipal e regional, protegendo assim os recursos mais

valiosos e sensíveis em termos ecológicos.

Foi utilizado nesta fase a seguinte cartografia:

Carta de Caracterização do Algarve (PROTAL 90) – Escala 1/100000

Carta de Ordenamento Biofísico do Litoral Algarve da Secretária de Estado do Ambiente (P2

– Hidrografia, P7 – Aptidão Hidrológica, P9 – Declives) – Escala 1/100000

Folhas nº589, 590, 591,598, 599, 600, 607 e 608 da Carta Militar de 1980 do IGEO (Instituto

Geográfico do Exército Português), (levantamento de campo de 1967) – Escala 1/25000

PDM (Carta de Ordenamento e Carta de Condicionantes) – Escala 1/25000

Carta da REN (Reserva Ecológica Nacional) – Escala 1/100000

POOC (Plano de Ordenamento da Orla Costeira – Vilamoura- VRSA) – Escala 1/100000

A utilização da cartografia acima referida com recurso a bibliografia e aos trabalhos desenvolvidos

ao longo da disciplina de Atelier de Ordenamento do Território deram origem a 3 Cartas-Esboço:

Abióticos, Bióticos e Cultural; que serviram de base para a elaboração de uma proposta esboço de uma

EEM para o concelho de Tavira à escala 1/100000.

1.4 Fase II

Nesta 2ª fase de trabalho o principal objetivo foi o aperfeiçoamento da Estrutura Ecológica

Municipal preconizada na fase anterior à escala 1/25000. Porém devido a dimensão territorial do

concelho de Tavira e ao tempo disponível imposto pelo currículo semestral da disciplina, existiu a

necessidade de redimensionar a área de estudo, de modo a se poder realizar o exercício na íntegra.

A escolha da área redimensionada prendeu-se com a heterogeneidade do território e na

articulação com a disciplina de Atelier de Projeto Metropolitano (APM), correspondendo

aproximadamente à mesma área nas duas disciplinas. Esta incidiu sobre uma área que vai

longitudinalmente da faixa costeira até ao início da área de Serra, abrangendo perpendicularmente os

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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limites administrativos do concelho, correspondendo as Folhas Nº599,600 e 608 das Cartas Militares de

2005 (Levantamento de Campo de 2003) do IGEO.

A metodologia e operações decorrentes desta serão abordadas e aprofundadas no subcapítulo 1.5 e no

Capítulo 2.

1.5 Metodologia e Bases Cartográficas

Neste subcapítulo será abordado de forma sintética a metodologia e os processos utilizados na

elaboração da Estrutura Ecológica Municipal à escala 1/100000, ou renomeada de Estrutura Ecológica

Sub-Regional (EES-R) por questões de compreensão e diferenciação metodológica; e a reformulação da

EEM à escala 1/25000, assim como é feito referência a cartografia de base utlizada para elaboração de

cartografia síntese que serviu de base, indicador e referência para o novo desenho.

Figura 2 - Esquema da Metodologia utilizada na I Fase. Fonte: GT1

Na imagem acima (Fig.2) é demostrado de forma sintética a metodologia com base do método dos

recursos ABC e as suas principais operações, resultando da sobreposição das três cartografias uma carta

síntese dos Recursos ABC.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Figura 3 - Esquema da Metodologia e Base Cartográficas e principais operações realizadas na Fase II – Fonte: autor

Na imagem acima (fig.2) é descrita de forma esquemática e sucinta o processo elaborado, cuja algumas das

principais operações e métodos serão descritos e abordado neste relatório no capítulo 2.

2. TRABALHO DESENVOLVIDO

Neste segundo capítulo será descrito e abordado de forma sucinta, sempre que possível, a

metodologia adotada e os principais processos efetuados, incluindo a transmutação e reformulação

da proposta de EEM da escala 1/100000 para a escala 1/25000, ou seja da EES-R para EEM.

Será dividido por subcapítulos para compreensão dos seus diferentes processos e componentes.

2.1 Análise Holística

A análise holística foi elaborada na 1ªFase tendo como base as análises efetuadas na disciplina de

AOT, numa fase intermédia, após a correção de dados e elementos cartográficos que transitaram do

trabalho efetuada nessa mesma disciplina com apoio da Carta de Caracterização do Algarve (PROTAL

1990) e as cartas temáticas do Ordenamento Biofísico do Litoral do Algarve, disponíveis na Biblioteca

do Campus de Gambelas.

Podemos considerar esta análise como uma macro-análise, na qual deve ser breve, bastante

objetiva e sintética, na qual identificamos as questões e pontos mais importantes de acordo com objetivos

propostos. Foi também elaborado uma análise aos Instrumentos de Ordenamento do Território

(PROT, PEOT, PDM, entre outros) que incidem sobre a área de estudo e no final todas as informações e

dados recolhidos foram organizados mediante o método dos Recursos Abióticos, Bióticos e Culturais

(Recursos ABC) (Ahern, Greenways as Strategic Landscape Planning: Theory and Application 2002),

metodologia aprendida nas disciplinas de Técnicas e Métodos de Ordenamento do Território e

Arquitetura Paisagista e posta em prática pela primeira vez na disciplina de Atelier de Ordenamento

do Território.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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2.1.2 Recursos Abióticos

Foram considerados os seguintes Recursos Abióticos: clima, geologia,

topografia, hidrografia e solos.

Foi elaborado uma carta hipsométrica na qual foram consideradas 4

classes altimétricas: 0-50m, 50-200m, 200-400m e superior a 400m.

Através destas conseguimos compreender a morfologia do relevo e

determinar os principais festos. Depois foi elaborada uma carta da Rede

Hidrográfica com as principais linhas de água (mais expressivas no

contexto sub-regional).

Foram depois identificadas as áreas de máxima permeabilidade e os

aquíferos (Carta de Caracterização do PROTAL – 1990)

E por último foi levantado da Carta de Ordenamento Biofísico do

Litoral do Algarve, três classes de declives: 0-3% (eluvial e iluvial) e

superior de 25%. A sobreposição destes elementos resultou numa

Carta de Recursos Abióticos (fig.4).

2.1.3 Recursos Bióticos

Nesta temática que foram identificados os Recursos Bióticos: flora e vegetação, fauna,

património natural.

Nesta carta foram identificados e levantados o Parque Natural da Ria

Formosa (PNRF), a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim, as

Zonas de Proteção Especial (ZPE) do Vale do Guadiana e da Serra do

Caldeirão, as áreas florestais à qual foram retiradas as áreas afetadas

pelo grande incêndio de 2012, resultando na Carta de Recursos

Bióticos (fig.5).

Figura 4 - Carta-Esboço da Síntese dos Recursos Abióticos - Fonte: Grupo de Trabalho 1

Figura 5 - Carta-Esboço da Síntese dos Recursos Bióticos – Fonte: Grupo de Trabalho 3

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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2.1.4 Recursos Culturais

Nesta temática foram identificados e catalogados os Recursos Culturais: uso do solo, demografia,

habitação, equipamentos, actividades económicas, património cultural e paisagem.

A Carta de Recursos Culturais (Fig.6) resultou do somatório das

infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, os núcleos urbanos e sua

densificação e os sítios arqueológicos e rotas do património.

2.1.5 Análise Relacional Estrutura-Funções

Esta análise paramétrica resultou da recolha da informação recolhida através das Cartas

Temáticas efetuadas por cada grupo de trabalho, sobre cada recurso. Esta informação se traduziu na

elaboração de uma tabela para cada unidade de paisagem, de acordo com a classificação do Professor

Cancela d´Abreu (D´Abreu, et al. 2004). Nesta tabela foram identificados os principais elementos

estruturantes existentes nessas unidades, compreendendo quais os processos e funções existentes de

acordo com os seus recursos ABC, e as dinâmicas que estes possuem sobre o território e a paisagem.

Permitindo-nos assim um melhor conhecimento sobre estes e compreender qual a melhor forma de

intervir sobre esta área.

Figura 6 - Carta-Esboço da Síntese dos Recursos Culturais – Fonte: Grupo de Trabalho 2

Quadro 1 - Estrutura/Processo para Serra do Caldeirão (UP122), elaborada na Fase I – Fonte: GT1

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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2.2 Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação (AAEE) e Método NULA

Para o desenvolvimento do esboço da Carta de Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação para a

área em estudo optou-se pela aplicação de uma metodologia mista, na qual se incluí o método NULA (Net

Usable Land Area) (Ahern, Greenways as Strategic Landscape Planning: Theory and Application 2002) e o

método de AAEE desenvolvido pela equipa do Centro de Estudos em Arquitectura Paisagista Prof.

Francisco Caldeira Cabral do Instituto Superior de Agronomia (ISA), coordenada pela Professora M.

Raposo Magalhães para determinar quais as áreas com melhor aptidão ecológica à edificação no concelho

de Loures (Magalhães e Abreu, Estrutura Ecologica da Paisagem 2007). Como cartografia de base

utilizaram-se a Carta Síntese dos Recursos ABC, e a Carta de Condicionantes do Plano Diretor

Municipal de Tavira (PDM Tavira 1997).

O método NULA, desenvolvido pelo Professor Ahern propõe que se exclua em primeiro lugar as

áreas urbanizáveis, as áreas protegidas e as que possuem regulamentação contra a edificação. Numa fase

seguinte propõem a exclusãos das áreas onde os recursos fundamentais, de carácter único e que

representam um valor acrescido para a sociedade, e numa última etapa, as áreas que poderão apresentar

riscos de catástrofe como por exemplo, áreas inundáveis e áreas com elevado risco de erosão.

O método da Professora Magalhães, que à semelhança do método do Professor Ahern, é também

baseado no método do professor McHarg (Magalhães, Arquitectura Paisagista: Morfologia e

Complexidade 2001), assenta na estrutura biofísica do território, na morfologia, hidrografia,

exposição de vertentes e declives, em que são divididos em subsistemas morfológicos em que consiste

em sinalizar áreas de inaptidão ecológica à edificação, na qual a Professora elabora uma Carta de

Aptidão Ecológica à Edificação, a qual permite a identificação de áreas muito aptas, medianamente

aptas e inaptas para se urbanizar.

Neste sentido e por opção do Professor André B. Leitão foi elaborado uma metodologia de base

estruturante no NULA e que incluia alguns parâmetros do método da Professora Magalhães, como os

declives e exposição solar das vertentes.

Este método misto (Fig.7) sinteticamente consistiu por exclusão de áreas por uma determinada

ordem e segundos os princípios teóricos preconizados pelo Professor Ahern, deixando para uma última

etapa, a subtração das restantes áreas pela classes declives que não fossem apropriados à edificação, e a

exposição solar das encostas.

Importa referir que os resultados à partida eram imprevisíveis e que no final indicaram áreas diferentes

nas três cartas elaborados pelos diferentes grupos.

Figura 7- Ilustração do Método Combinado para definição das AAEE. Fonte: GT1

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2.3 Tendências e Relação

De modo a apoiar a elaboração da EEM foi necessário construir um cenário de tendências, que faz

parte de uma abordagem estratégica e proactiva, na qual poderá ter várias tipologias, onde as suas

principais funções será a visualização e compreensão das dinâmicas promovidas por determinadas

políticas e/ou ações de planeamento, permitindo dentro do contexto de análise comparar alternativas,

inspirar e/ou incentivar novos conceitos, visões através da transdisciplinaridade dos agentes envolvidos

e ao mesmo tempo promover uma consciência ambiental, capacitação e co-responsabilização dos

cidadãos (Botequilha-Leitão, Aula Teórica 11 2012).

A análise de tendências tornou-se importante para compreender a expressão atual das áreas

urbanas e, através de um cenário, tentar prever um futuro comportamento do processo de

urbanização. Compreendemos à partida que a expansão urbana “descontrolada” acarreta alguns prejuízos

que podem afetar a paisagem de modo irreversível que, no concelho de Tavira, devido ao seu carácter

heterogéneo, poderá refletir-se numa perda de identidade para além de incidir negativamente nos

processos e fluxos ecológicos.

A questão que se levantou foi de que modo poder-se-ia realizar um cenário de expansão urbana?

Uma questão associada consiste em como poderíamos criar valores médios para o crescimento urbano,

tendo em conta que este apresenta diferentes composições e padrões, números e formas. Numa primeira

fase, recolhemos dados quantitativos que pudessem caracterizar o crescimento demográfico e urbano

no concelho. Para tal recorremos aos resultados publicados nestas temáticas pelo Instituto Nacional de

Estatística ((INE) 2012), como por exemplo ao Atlas das Cidades de 2002 (INE), e ao Plano Regional de

Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL) (CCDR Algarve 2007) para gerarmos tabelas onde

pudéssemos sintetizar a informação recolhida para depois procurar métodos que pudessem exprimir

cartograficamente os resultados obtidos; os quais serão descritos nos subcapítulos seguintes.

2.3.1 Breve Evolução Urbano-Demográfica no Concelho de Tavira (1900-2012)

Tavira, pelo facto de ser uma cidade de dimensão pequena, tem no entanto potencialidades que a

destacam das restantes cidades algarvias pelo seu esforço e aposta na diferenciação do turismo. Para se

poder estimar as tendências da expansão urbana, é necessário compreender a dinâmica populacional ao

nível concelhio. Ao analisarmos a evolução demográfica do concelho de Tavira nos últimos 111 anos,

podermos compreender que esta manteve-se estável, apenas com algumas pequenas oscilações que

poderão ser explicadas por mudanças nos contextos socioeconómicos tanto a nível regional, como a

nível nacional.

2.3.1.1 Evolução Demográfica

O concelho de Tavira tinha em 1900 cerca de 25392 habitantes, tendo este número aumentado até

cerca de 30000 habitantes na década de 50, valor máximo conhecido. No início da década de 60,

coincidindo com o fenómeno de emigração nacional, o número de habitantes do concelho começa a

regredir até atingir os 24857 habitantes em 1991, altura em que começa a desaparecer a tendência para a

perda de população. Durante a década de 90, o aumento é pouco significativo, com um crescimento

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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efetivo de 140 habitantes, sendo este crescimento mais significativo nesta última década, em que o

concelho atinge os 26197 habitantes.

Quadro 2 - Evolução Demográfica e a sua variação (%) entre 1900 e 2011 para o Concelho de Tavira. Este quadro foi construído através de consulta do INE e Wikipedia. Fonte: GT1

A densidade populacional de Concelho de Tavira, é de 43,1 Hab/Km2 um número relativamente

mais baixo que a média nacional (115 Hab/Km2) e regional (densidade populacional do Algarve, 83,24

Hab/Km2). Porém essa densidade não é uniforme a todo o território concelhio, pois se analisarmos a

densidade freguesia por freguesia, concluímos que a densidade no litoral é bastante superior tanto à

média regional como nacional. As freguesias que apresentam maior densidade são Santa Luzia (326,2

hab./km2), Santiago (245 hab./km2), Cabanas (171,3 hab./km2), Luz de Tavira (106,4 hab./km2), e

poderíamos incluir Santa Maria, pois possui 8836 habitantes dos quais mais de 90% destes habitam na

Cidade de Tavira, pois esta estende do litoral até serra, sendo a segunda maior freguesia em termos de

área, apenas suplantada pela freguesia de Cachopo, o que distorce a realidade referente aos números

densidade populacional.

Quadro 3 - Variação da população residente entre 1991 e 2011, a variação do edificado entre 2001 e 2011 por freguesia, estabelecendo uma análise entre estes dois parâmetros. Fonte: GT1

A concentração na zona litoral contrasta com as fracas densidades das freguesias interiores,

especialmente os 3,6 hab/km2 de Cachopo, a maior freguesia do concelho, e os 15,2 hab/km2 de Santa

Catarina da Fonte do Bispo e os 23,5 hab/km2 de Conceição. A densidade populacional é um excelente

indicador de alguns problemas que se apresentam no território, como a desertificação no interior e a

pressão urbana sobre o litoral e os solos agrícolas.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Segundo, o Diagnóstico Social do Concelho de Tavira (Social s.d.), o crescimento natural no

concelho apresenta valores negativos, sendo de -4,87% em 1991; -3,96% em 2001; -2,8% em 2005, mas

porém o crescimento de população foi positivo, 138 habitantes entre 1991 e 2001 e 94 habitantes entre

2001 e 2011, o que se pode concluir que este se deve ao saldo positivo migratório.

O mesmo documento evidencia para os sinais de envelhecimento da população, sendo no interior

que se encontra as percentagens mais elevadas de população idosa e a mais baixas na população jovem,

assistindo-se ao inverso no litoral do concelho. Esta dinâmica populacional poderá estar relacionada com

a falta de emprego no interior, o que provoca um êxodo das populações serranas para o litoral.

2.3.1.2 Evolução do Tecido Urbano

Construíram-se ao longo da última década, no concelho de Tavira, 3058 edifícios, o que fez com que o

número de edifícios passasse de 12075 para 15144, entre 2001 e 2011. Se analisarmos quais foram as

freguesias onde a construção de novas edificações se fez mais sentir, surgem então Santa Maria, com mais

1158 edificações, Santiago com 544, Cabanas com 394, Conceição com 287, demostrando ser mais um

indicador evidente da crescente pressão urbana sobre o litoral. Facto curioso é que apesar de a população

no concelho ter aumentado apenas em 140 habitantes e à exceção de Cabanas, Santa Maria e Santiago,

todas as outras freguesias terem perdido população, o tecido urbano aumentou em todas as freguesias.

Este fenómeno é ainda mais curioso, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, que apesar de ter

perdido mais de metade da sua população na última década, passou de 2085 habitantes para 733

habitantes, observando-se no entanto um aumento de 160 novas edificações!

Mas para compreendermos melhor estes fenómenos é conveniente analisar um pouco mais atrás no

tempo.

Antes de 1919, Santa Catarina da Fonte do Bispo, possuía o maior número de edifícios do concelho,

quase tantos edifícios como Santa Maria e Santiago juntos, freguesias que englobam a Cidade de Tavira,

de salientar que o Cachopo apresenta 229 edifícios, neste período e que em Santa Luzia existia apenas 9

edifícios.

Durante o período entre as 2 grandes guerras, existiu um aumento significativo do número de

edificações no concelho, de forma distribuída pelas freguesias, e é justificado com o aumento

populacional que se fez sentir neste período, cerca de 25 anos.

Entre 1946 e 1970, altura em que a população no concelho atingiu o seu máximo e depois começou a

decrescer, fruto da emigração para o exterior do País, durante este período observou-se a um aumento de

2367 de novas edificações.

Após 1971 e até 1990, apesar de coincidir com o período de decréscimo acentuado da população

residente, observa-se um aumento de 4394 novas edificações, estando estas associadas com o fenómeno

do “boom” no Turismo que surgiu na região algarvia, dando inicio ou despoletando a litoralização de toda

esta região. O aceleramento desse processo é notório quando olhamos para os números de Cabanas, que

até 1971 tinha apenas 189 edificações e no final de 1990 tinham sidos acrescentados a este número, mais

887 novas edificações, sendo que este fenómeno se fez também sentir fortemente em Santa Luzia, apesar

de todas a freguesias no geral terem apresentado sinais de crescimento.

Se observamos entre 1991 e 2001, existiu uma regressão na construção, fruto também de um rápido

crescimento nas décadas anteriores e da regulamentação imposta através dos Instrumentos de

Ordenamento do Território que vieram incidir sobre este território.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Nesta última década, voltamos a verificar um aumento na construção de novas edificações, sendo este

mais evidente na franja urbana de Santa Maria, apesar de também se fazer sentir nas freguesias de

Santiago, Cabanas e Conceição, todas estas no litoral.

Quadro 4 - Evolução do Número de Edifícios por Freguesia entre 1919 e 2011. Fonte: GT1

2.3.1.3 Elaboração do Cenário de Tendências para a Evolução Urbana

Procurou-se inicialmente através dos instrumentos SIG (Sistemas de Informação Geográfica)

utilizando a cartografia nestes formatos para estabelecer uma relação de qual tinha sido o aumento

urbano em termos de área para podermos relacionar com o número de edifícios. Para tal recorreu-se ao

Corinne Land Cover (CLC) de 1990, 2000 e 2006 para gerar esses modelos. Porém os resultados

demonstraram ser insatisfatórios porque apenas nos mostravam a evolução nos núcleos urbanos de

maiores dimensões. Estes factos derivam que o CLC foi elaborado à escala 1/100000 com uma unidade

mínima de representação de 25 hectares.

Não satisfeitos com os resultados do CLC, tentamos recorrer ao COS (Carta de Ocupação do Solo)

tanto nos levantamentos de 1990 e 2007, pois o COS possui uma escala de 1:25000 e uma unidade

mínima de 1 hectares, poderia acrescentar mais detalhe à informação. No entanto, os resultados apesar de

serem bastante melhores, especialmente em 2007, não nos conseguiam dar uma informação correta sobre

a edificação dispersa, essencialmente por falta de dados na carta de 1990.

No entanto este trabalho não seria em vão, porque apesar de não nos fornecer dados relativos à

edificação dispersa, fornecia-nos dados muito concretos sobre o crescimento urbanos das áreas mais

consolidadas permitindo estabelecer razões sobre o aumento destas.

Assim sendo, procedemos a medições às áreas urbanas dos principais núcleos urbanos tanto no

CLC como no COS, como posteriormente acrescentamos medições dessas mesmas áreas através do

Google Earth e das CartaMilitares, o que resultou nos seguintes resultados:

Page 14: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

14

Quadro 5 - Comparação entre as diferentes fontes do Crescimento Urbano e sua variação, nos principais núcleos urbanos. Fonte: GT1

Em termos genéricos podemos concluir que os resultados conseguidos no COS 2007 estão bastante

aproximados aos conseguidos através do Google Earth e desta análise juntamente com os dados relativos

ao número de edifícios poderemos estabelecer um cenário de tendências

para os crescimentos urbanos nestes núcleos.

Faltava-nos ainda estabelecer uma análise sobre o edificado disperso e

algum edificado linear, para tal foi necessário recorrer a extrapolação

dos edifícios através das Cartas Militares, ou seja entre o levantamento

de campo de 1967 (Carta Militar de 1980) e o levantamento de campo de

2003 (Carta Militar de 2005).

Após a elaboração desse levantamento de extrapolação, foi efetuado

a divisão da área de estudo em 38 sectores, através de elementos físicos

como estradas e linhas de água e para cada um destes foi elaborada a

diferença entre os valores de 1967 e os de 2003. Desse procedimento foi

efetuado uma tabela na qual procedemos à projeção do aumento de

edifícios para os próximos 36 anos, baseado em razões matemáticas sobre duas tendências, uma

moderada e outra exponencial (Q.6).

Figura 8- Evolução da Mancha Urbana entre 1990 e 2006, elaborada através do CLC. Fonte: GT1

Figura 9- Evolução do Crescimento Urbano entre 1990 e 2007, segundo o COS´07. Fonte: GT1

Figura 10- Elaboração de um cenário de Tendências através do método comparativo das CM. Fonte: GT1

Page 15: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

15

Quadro 6 - Extrato do Quadro de Crescimento Urbano e sua Variação entre 1967 e 2003 e as suas projeções (moderada e exponencial) para 36 anos. Fonte: GT1

Após a obtenção de resultados numéricos em relação ao edificado, procuramos definir para cada

sector qual seria a tipologia de edificação que ocorria, dispersa, linear ou compacta. Estabelecendo

padrões sobre a tipologia do edificado que permitissem encontrar a matriz dominante, na qual deveria

servir de linha orientadora para o cenário proposto.

Quadro 7 - Quantificação das tipologias de Edificado totais e por freguesia. Valor para 2003. Fonte: GT1

No quadro acima (Q.7) representado foram encontrados valores para as diferentes tipologias de

desenvolvimento urbano, disperso, linear e concentrado, através do método de extrapolação (ver fig.11),

no qual se conseguiu estabelecer uma relação numérica para cada freguesia, embora que grosseira,

devido a falta dados sobre esta temática. A elaboração deste quadro permitiu complementar a elaboração

do cenário determinando para cada área as percentagens das diferentes tipologias a aplicar.

Figura 11- Carta Síntese do Padrão de Crescimento Urbano, dividido por 38 sectores. As cores indicam o

grau de crescimento (amarelo-baixo, laranja-moderado, vermelho-elevado) e as setas a

tendência geográfica do crescimento.

Figura 12- Carta de Tendências no período de 36 anos, previsão exponencial. Os períodos estudados e a

projeção encontram-se organizados por cores, para nos permitir compreender a sua distribuição espacial e

tipologia.

Page 16: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

16

Nas imagens acima podemos concluir que a projeção do crescimento urbano a 36 anos (identificado à

azul na fig.12) se intensificará na periferia da Cidade de Tavira, assumindo uma tipologia em mancha ou

concentrada dentro das áreas referente aos perímetros urbanos e a medida que destes se afasta assume

uma tipologia linear assente nas principais rodovias, visando especialmente as estradas nacionais,

tornando-se dispersa nas áreas mais afastadas dos núcleos urbanos. A previsão aponta para um

crescimento urbano exponencial da cidade de Tavira, ocupando totalmente a faixa litoral entre o Rio

Gilão e a Ribeira de Almargem e igualmente dos aglomerados de Conceição e Cabanas que se fundem

num único só, ganhando proporções de área semelhantes às da cidade de Tavira atualmente.

2.4 Estrutura Ecológica Municipal

Nesta primeira fase foi elaborado a EEM (EES-R) com base numa cartografia 1:100000 na qual se

procurou estabelecer uma estrutura ecológica assente em 3 níveis de proteção/importância, tendo em

conta a Sub-Região Sotavento, integrando-a neste sistema identificando a importância dos recursos

abióticos, bióticos e culturais presentes no concelho de Tavira, relacionando-a também com ERVPA

(fig.13), proposta para o Algarve pelo PROTAL 2007.

No início do trabalho, durante a fase I, foram pré-estabelecidos os principais objetivos da EEM que são:

Garantir a sustentabilidade ecológica;

Garantir a ocupação racional do território;

Preservar e salvaguardar as áreas essenciais para a manutenção dos serviços ecológicos;

Proteger os recursos naturais;

Definir os usos em espaço natural e constituir o suporte de atividades em espaço rural e urbano;

Conservar a biodiversidade à escala da Paisagem ou do ecossistema;

Manter e/ou reforçar a coerência ecológica especialmente através do estabelecimento de ligações;

Garantir a proteção de área críticas sujeitas a efeitos potencialmente negativos;

Restaurar os ecossistemas degradados.

Nesse sentido foi necessário estabelecer graus de prioridade, estes foram assentes na importância

dos processos ecológicos das principais estruturas biofísicas do território. A Estrutura Ecológica teve

por base a identificação dos sistemas ecológicos fundamentais e os Instrumentos de Ordenamento do

Território (IOT) em vigor, tais como a Carta de Condicionantes do PDM de Tavira, a Carta da RAN

(Reserva Agrícola Nacional) e Carta da REN (Reserva Ecológica Nacional). Os Sistemas Ecológicos

fundamentais identificados foram:

• Rede Hidrográfica Fundamental

• Ria Formosa

• Aquíferos

• Solos de Elevado Capacidade Agrícola

• Áreas de Elevado Risco de Erosão

• Maciços Florestais

Page 17: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

17

• Festos

• Áreas de máxima infiltração

Na figura 14 podemos ver a imagem da proposta final assente em três níveis, de acordo com a sua

importância no ciclo hidrológico e carácter extraordinário das estruturas.

A primeira EE de 1º Nível englobou a Rede Hidrográfica Fundamental, as ribeiras de Almargem,

Alportel, Beliche, Foupana, Odeleite e o Rio Séqua/Gilão; as cabeceiras mais importantes/expressivas:

as linhas de festo do Cachopo e de Alcaria do Cume; o sistema húmido da Ria Formosa; e os maciços

florestais da Serra do Caldeirão e a Mata da Conceição.

A EE de 2º Nível engloba as Linhas de Festos que separam as seguintes linhas de água:

• Rib. De Odeleite/Rib. De Beliche,

• Rio Gilão/ Ribª de Almargem

• Rib.ª da Asseca/ Ribeiras do litoral

Incluindo também as áreas que coincidem com os aquíferos no território: do Peral/Moncaparacho,

Luz de Tavira e Malhão.

No 2ºNível apenas contemplaram as áreas com elevado risco de erosão e os solos de elevada

capacidade agrícola.

No 2º Fase, com intuito de uma reformulação da EEM, procedeu-se a transposição da EES-R (ver

fig.16) para a EEM, ou seja da escala 1:100000 para a escala 1:25000, que originou que a realidade

concebida para a escala 1:100000 se apresentasse

completamente inadequada na escala 1:25000, tendo

originado a uma completa reformulação ao nível de

dimensionamento de toda estrutura preconizada na

fase anterior. A conclusão que se retira à partida é que

na elaboração da EES-R procurou-se representar de

modo a enfatizar a importância da Estrutura

Ecológica tanto no contexto sub-regional e local.

Propomos a sobreposição da proposta EE-R na

ERVPA, com o intuito de a relacionar com esta e

Figura 13 -Comparação e articulação na proposta de EEM com a ERVPA do Protal 2007. Fonte: GT1 Figura 14 - Proposta de EEM (EES-R)

para o Concelho de Tavira à Escala 1/100000. Fonte: GT1

Figura 15 - Sobreposição da EES-R (escala 1/100000) sobre a nova base de trabalho (escala 1/25000). Fonte: GT1

Page 18: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

18

compreender se esta promovia a continuidade dos principais sistemas ecológicos.

É notória na imagem acima (fig.15), onde se procedeu a transmutação de Estrutura Ecológica proposta na

1ª Fase para a base de trabalho à escala 1:25000, a necessidade de esta ser ajustada ao contexto local.

Neste ajuste, procurou-se providenciar uma relação entre as áreas de sensibilidade ecológica com as

áreas circundantes que ao mesmo tempo deverá também articular-se de modo intermunicipal com a

ERVPA, promovendo a sua continuidade numa escala mais abrangente.

Para redefinir a Estrutura Ecológica à escala 1/25000, foi

necessário elaborar um esboço da EEM tendo conta as AAEE

(fig.7) à qual foi sobreposta a Carta de Cenário de Tendências

(fig. 12), para identificar eventuais conflitos (fig.16).

A proposta da EEM devido ao seu carácter assente em conceitos

ecológicos e de proteção da paisagem, depara-se com situações

de eventuais conflitos, como as atividades agrícolas intensivas ao

longo das margens do Rio Gilão/Séqua; a Edificação linear

provocada pelos morfismos da EN125 e Linha Ferroviária; a

pressão urbana sobre o Parque Natural da Ria Formosa; o crescimento urbano sobre os solos de

potencial agrícola e a edificação dispersa sobre as áreas de proteção e recarga de aquíferos.

Após a identificação dos conflitos que poderão surgir da sobreposição da proposta com os usos e

atividades sobre o território, definiu-se uma estratégia conceptual que pode assumir diferentes

estratégias espaciais: Protecionista, Defensiva, Ofensiva e Oportunista (Ahern e Botequilha-Leitão,

Applying Landscape Ecological Concepts and Metrics in Sustainable Landscape Planning 2002)

(Botequilha-Leitão, Ahern in André 2011/2012). Estas estratégias podem ser utilizadas de modo integrado

incorporando a compreensão e a interpretação das dinâmicas de padrões e processos da paisagem,

procurando minimizar situações de conflitos implementando soluções ajustadas ao problemas em causa

(Botequilha-Leitão, Ahern in André 2011/2012).

Visando a minimização de conflitos que possam surgir entre os usos e atividades existentes, foram

apresentados alguns esboços e perfis de soluções que podiam ser formulados à escala de projeto, como a

elaboração de corredores “verdes” em forma de gradiente (Fig.17) ou a EE autoinduzida (Fig.18) que será

abordada no subcapítulo 3.3.1.

Figura 16 - Esboço da Identificação de Conflitos

Figura 17 - Esboço de uma Proposta de um Corredor Ecológico que engloba a EEF e a EEC. Fonte: GT1

Figura 18 - Esboço esquemático de uma Proposta de EE autoinduzida. Fonte: GT1

Page 19: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

19

Da sobreposição da proposta esboço da EEM elaborada com base na cartografia AAEE e dos

conflitos identificados, elaborou-se o esboço final da proposta, que foi organizada e hierarquizada em

três componentes.

Na figura 19, reformula-se a Estrutura Ecológica Fundamental, na qual é definida pelos seguintes

sistemas e áreas, formando áreas, manchas e corredores ecológicos, regulamentada pelo um carácter

non aedificandi e proibição à agricultura, abrindo apenas o carácter excecional a equipamentos e

infraestruturas coletivas de interesse público.

• Parque Natural da Ria Formosa – Zonas Húmidas e Ilhas Barreira;

• Mata da Conceição;

• Zona de Recarga de Aquíferos;

• Rio Gilão/Séqua;

• Ribeiras principais;

• Matas e Maciços arbóreos (devido a raridade destas ocorrências).

Na figura 20, apresenta-se a Estrutura Ecológica Complementar na qual engloba as áreas

terrestres do PNRF e o Domínio Público Hídrico adjacente às EEF, na qual a regulamentação é restrita

apenas a infraestruturas complementares indispensáveis às atividades produtivas existentes e apenas é

permitido a atividade agrícola não intensiva, de proteção integrada e biológica.

Na figura 21 consagra-se a Estrutura Verde Urbana, na qual se pretende aumentar a

permeabilidade do sistema urbano em relação aos sistemas ecológicos. Este objetivo pode ser conseguido

através da criação de Parques Urbanos, Espaços Verdes nas áreas expectantes, alinhamentos arbóreos,

ciclovias citadinas. A regulamentação sobre estas áreas deverá condicionar a edificabilidade a

coeficientes baixos.

Na figura 22 apresenta-se o esboço para a proposta de uma

estrutura ecológica que é o resultado final da síntese

metodológica explicada neste relatório, para área de estudo

delimitada para esta fase.

Figura 19 - Estrutura Ecologica Fundamental Figura 20 - Estrutura Ecologica Complementar

Figura 21 - Estrutura Verde Urbana

Figura 22 - Proposta final da EEM à Escala 1/25000. Fonte:GT1

Page 20: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

20

3. ANÁLISE CRÍTICA

Neste capítulo procura-se efetuar uma análise refletiva sobre os trabalhos desenvolvidos e os seus

resultados, assim como compreender a influência da metodologia utilizada sobre estes mesmos.

Procura-se também estabelecer uma reflexão sobre os resultados obtidos com as práticas atuais de

planeamento que incidem sobre este território e qual poderia ser o impacto da proposta preconizada

sobre o mesmo.

3.1 Comparação: Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação (AAEE) versus Áreas Urbanizáveis

do PDM Tavira

A inclusão do conceito de Aptidão Ecológica à Edificação no Ordenamento do Território

apresenta-se como uma grande vantagem pois apresenta-se como uma ferramenta que permite encarar o

território nas suas múltiplas características e potencialidades, permitindo compreender que a

implantação da estrutura edificada (rede viária, habitação, equipamentos, indústria) deverá obedecer a

regras de localização que tenham em conta os sistemas naturais, evitando assim conflitos de usos que

possam contribuir para a degradação destes sistemas de valor ecológico.

A utilização das metodologias do Professor Jack Ahern, Método NULA (Net Usable Land Area) e da

Professora Manuela Magalhães, na Definição de Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação (Magalhães

et al.2007) permitiu-nos delimitar áreas nas quais, do ponto vista ecológico, não apresentam restrições à

edificação.

Podemos compreender o método utilizado (ver fig.7), que recorreu à combinação das metodologias

anteriormente citadas, baseia-se pela exclusão de áreas, utilizando um cruzamento dos dados levantados

nas Cartas Sínteses dos Recursos ABC e da Carta de Condicionantes, o resultado dessa sobreposição,

encontram-se marcadas a laranja e a verde (mais vivos) na carta de AAEE, sendo que as áreas demarcadas

a laranja correspondem às áreas que apenas foram excluídas devido a não se integrarem-se na classe de

declives que tem boa aptidão à implantação à edificação e as áreas delimitadas à verde são as que se

apresentam como Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação.

Este resultado porém deve-se em boa parte às condicionantes e servidões legais impostas,

sobretudo pela RAN e REN sobre este território, as quais abrangem grande parte deste território.

Figura 23- Zoom dos resultados da AAEE sobre o Perímetro e Limítrofes exteriores na Cidade de Tavira. Fonte: GT1

Page 21: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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A localização de duas Áreas com Aptidão Ecológica à Edificação (à verde vivo) como podemos observar

na imagem acima (fig.23), incidem uma, a de maiores dimensões dentro do perímetro urbano da Cidade de

Tavira e a outra de menores dimensões na sua franja. Sendo o principal objetivo da definição de Áreas de

Aptidão Ecológica à aptidão a delimitação de áreas nas quais deverão ou deveriam assentar o crescimento

urbano e como podemos concluir à primeira vista que a delimitação das áreas urbanizáveis pelo PDM

quando confrontada com as AAEE sejam parcialmente dissonantes, embora seja importante salientar que

os três grupos de trabalho apresentaram resultados diferentes.

Para se poder elaborar uma análise critica sobre temática é nos necessário recorrer à consulta do

Regulamento do PDM (PDM Tavira 1997) para se tentar compreender quais os seus critérios e normas

sobre os Espaços Urbanos e Urbanizáveis, mas também compreender qual o regime de edificabilidade

nos espaços não urbanos ou urbanizáveis. Paralelamente é necessário abordar os casos da edificação

dispersa, sobretudo os que incidem sobre as áreas da RAN e REN.

Perceba-se então que o regulamento no artigo 9º seu Capítulo I, caracteriza o Espaços Urbanos e

Urbanizáveis como “O conjunto dos espaços urbanos e urbanizáveis determina o perímetro urbano de um aglomerado

urbano”, cujos são hierarquizados no artigo 10º, através da sua área de influência em 3 níveis, sendo que

no primeiro nível o C1, que apenas contempla Tavira, define-se como “centro sub-regional e concelhio principal,

cuja área de influência se estende além dos limites concelhio”, e os C2, de nível secundário, os aglomerados em a sua

área de influência apenas se reporta à população residente na freguesia e em alguns casos na freguesias

vizinhas, nos quais são englobados Cachopo, Conceição-Cabanas, Luz, Santa Catarina da Fonte do Bispo,

Santa Luzia e Santo Estevão; e os C3 que correspondem aos centros concelhios de nível 3, cuja sua área de

influência se reporta apenas ao lugar e que devem estabelecer uma relação de dependência com os centros

de ordem superior, que na abrange locais bastantes distintos, como por exemplo Pedras d´El Rei, na

freguesia de Santa Luzia e Carriços, um monte quase em estado de abandono na freguesia de Santa Maria.

Sabemos à partida que as Áreas Urbanizáveis resumem-se aos espaços que não se encontram

construídos dentro do limite do perímetros urbanos definidos no PDM, e tendo recorrido ao regulamento

deste para compreender a lógica ou a metodologia em que estes se baseiam para permitir a construção

dentro e fora das áreas dos perímetros urbanos definidos podemos concluir que o PDM de Tavira à

semelhança da generalidade dos PDM´s, regulamenta a construção fora dos Espaços Urbanos e

Urbanizáveis assenta numa lógica urbana, na qual não considera as lógicas dos usos e das infraestruturas

que deveriam ser localizados nesses espaços.

De forma sucinta, as disposições legais que permitem a construção nos espaços não urbanos, por

regra geral e atendendo ao regulamento e Carta de Condicionantes do PDM, possuem os seguintes

requisitos:

A não violação dos Regimes de non aedificandi ou condicionantes impostas por servidões, restrições.

A não violação dos Regimes de non aedificandi imposta pela Reserva Agrícola e Reserva Ecológica

Nacional.

O quociente entre a área construída e a área do prédio não excedam os índices de construção

indicados pelo PDM.

Se podemos concluir à partida que neste PDM, os perímetros urbanos (segundo o nosso estudo

sobre a tendência e cenário sobre a evolução urbana neste concelho que estes espaços encontram-se

sobredimensionados), englobam os solos urbanizáveis também será compreensível que nestes são

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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completamente ignorados os critérios ecológicos para os quais se hão-de definir as localizações mais

adequadas para a construção de novas edificações e infraestruturas, resultando assim no licenciamento

de edificações segundo critérios quantitativos e abstratos que originam por vezes empreendimentos

imobiliários que estão fora de escala e em localizações não apropriadas segundo o critério de aptidão

ecológica à edificação, caso de alguns PP (Planos de Pormenor) e PU (Planos de Urbanização) no

Município de Tavira.

Neste mesmo regulamento, o PDM, através do seu Artigo 8º, preconiza a proibição de edificação

dispersa, porém na alínea 2 deste mesmo artigo, prevê exceções previstos no Capítulo VII - Da

edificabilidade, no qual prevê exceções aos estabelecimentos hoteleiros isolados, as edificações de apoio

e a recuperação e ampliação de construções, nos termos dos artigos 43º, 44º, 45º e 46º. Este artigo

contempla as exceções previstas ao carácter proibitivo da edificação dispersa, assenta nas linhas

orientadoras preconizadas pelo PROTAL. Porém, apesar das normas impostas às exceções, o paradoxo

da Edificação dispersa mantem-se, pondo em causa a eficiência de todo o sistema urbano. Assumindo o

Policentrismo como uma solução adequada que pretende inverter as tendências actuais de dispersão,

defendida por vários autores, penso que este assume-se como um modela a seguir em Tavira, mas sem

descurar uma cuidada monitorização. Sem uma equilibrada polinucleação, a desfragmentação do tecido

urbano causa um aumento de necessidade para a construção de infra-estruturas, sejam estas viárias,

sanitárias e gera um pesado ónus que a gestão autárquica não consegue suportar.

Regressando ao IGT, recomenda-se que o carácter excecional de alguns desses artigos fossem

revistos e que os Núcleos de Desenvolvimento Turístico (NDT) entre outros fossem remetidos para às

áreas de aptidão ecológica à edificação, procurando-se assim minimizar os efeitos negativos associados à

edificação dispersa.

Como previamente afirmado, o carácter normativo da RAN e REN impõe um regime non aedificandi

sobre os solos no qual se aplica este regime. No caso da nossa área de estudo estes dois regimes têm um

peso enorme na forma e na tendência de como se desenvolve a edificação. A Reserva Agrícola Nacional

que foi criada em 1975, tomou sempre como referência a Carta de Capacidade de Uso Agrícola e

Florestal pretendendo defender as classes A, B e Ch, baseando-se na delimitação dos solos

pedologicamente evoluídos como sendo os de maior capacidade agrícola, porém e segundo o Professor

Sidónio Pardal (2002), estes pressupostos não estarão completamente corretos, porque a produtividade

agrícola depende de fatores como a culturas, técnicas e meios utilizados, exemplificando a Região

Vinícola do Douro, que se encontra assente em encostas xistosas como a cultura mais rentável do País, o

que na minha opinião esta reflexão do Professor apresenta neste aspeto alguma legitimidade.

Porém não é o meu objetivo elaborar uma crítica a este diploma mas sim de a relacionar com os

resultados obtidos na Carta de Áreas de Aptidão Ecológica à Edificação pretendendo apenas estabelecer

uma relação de como o regime desta lei condiciona o resultado final das AAEE, pois a RAN não é

delimitada por princípios ecológicos mas sim por princípios inerentes à capacidade produtiva, embora no

DL nº73/2009, se contemple que os solos da RAN deverão contribuir para a conectividade da Rede

Fundamental de Conservação da Natureza.

A minha reflexão torna-se inconclusiva sobre esta matéria, porque em determinadas situações se

prevê a desafetação dos solos da RAN para programar novos Planos Urbanísticos, noutras torna-se

impeditiva aos pequenos agricultores de fazerem melhorias nas suas habitações e edifícios de suporte à

agricultura, tornando-se assim num paradoxo. Pois, sem se poder criar condições adequadas ao nível das

infraestruturas e habitação, os agricultores encontram dificuldades estruturais na sua qualidade de vida,

acabando por abandonar a atividade. Será que sem estes, será que faz sentido proteger solos nos quais

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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classificamos como aptos ao uso agrícola? Urge uma articulação mais eficiente das políticas sectoriais

com o planeamento territorial. Importa referir que o próprio regulamento do PDM não protege os solos A,

B e Ch dentro dos perímetros urbanos, sendo estes reclassificados como solos urbanos, aptos a altos

índices de edificação. Somos testemunhas de inúmeras situações em que o Regime da RAN pelo seu

carácter restritivo e muitas vezes inflexível levou ao abandono das atividades agrícolas nos solos

abrangidos por este regime, sendo progressivamente substituído por urbanizações e empreendimentos

turísticos, gerando inúmeras mais-valias a promotores imobiliários.

Na minha opinião estas políticas deveriam ser revistas, permitindo e fomentando a nucleação da

edificação dentro dos solos da RAN, dando origem a pequenos núcleos urbanos de cariz rural para

melhorar a qualidade de vida destas comunidades e ao mesmo tempo potenciando a prática agrícola.

Introduzindo o carácter particular da REN, podemos considerar que este regime apresenta uma

enorme diversidade de elementos de proteção prevista na lei, sendo alguns destes muito controversos.

Considerando a importância e interesse nacional sobre a REN, e segundo a Professora Magalhães que

afirma os critérios destes deviam ser definidos em primeiro lugar num âmbito nacional e posteriormente

regulamentados através dos PDM adaptando-se aos casos particulares (Magalhães, Arquitectura

Paisagista: Morfologia e Complexidade 2001). Refletindo sobre esta temática, seria interessante elaborar

uma nova Carta de AAEE, não aplicando a RAN e REN como critério, para minimizar os efeitos

redutores à edificação que estes diplomas exercem sobre o território em estudo e analisar os resultados a

uma escala mais pormenorizada e só depois sobrepor estes regimes sobre as áreas encontradas, podendo

assim compreender se estes Regimes, poderão nestes casos ser desafetados e quais seriam as perdas desta

mesma desafetação.

Se pensarmos mais atentamente aos princípios que regem a REN, são bastantes semelhantes aos

princípios preconizados pela EEM proposta, ambos salvaguardam a estrutura ecológica da paisagem, o

“continuum naturale”, entre outros, e baseiam-se ambos em regime non aedificandi. A grande diferença

na minha opinião é que a REN não contempla os componentes culturais das áreas que abrange,

ignorando-os completamente. Neste sentido será que a REN faz sentido à escala local ou se devia ser

substituída na íntegra pela EEM, visto esta última ser mais flexível e mais ajustada a realidade local sem

prejuízo nos processos e fluxos ecológicos.

Resumindo podemos concluir através da aplicação do método adaptado das metodologias do

Professor Ahern e da Professora Magalhães às áreas de aptidão à edificação na área em estudo, resume-se

apenas a duas pequenas áreas, estando uma delas incluídas dentro do perímetro urbano da cidade de

Tavira, ou seja classificado como área urbanizável e a outra área localizada no limite exterior a noroeste

do perímetro urbano da cidade de Tavira. Se excluirmos as áreas já urbanizadas dentro do perímetro

urbano, podemos considerar face à análise/cenário de tendências efetuado sobre a evolução do

crescimento urbano no concelho de Tavira, que estas se encontram bastante sobredimensionadas, ficando

por esclarecer quais os fundamentos ou os motivos/critérios para esse dimensionamento.

Porém também concluímos que para determinar AAEE, seria necessário recorrer a uma escala de

maior pormenor que permitisse delimitar com melhor exatidão, estas mesmas áreas. Seria no entanto

interessante termos tido oportunidade de elaborar uma análise em que cruzasse o espaço urbano

edificado com a sua inaptidão ecológica para podermos elaborar conclusões sobre o modelo de expansão

urbana preconizado nestes últimos anos.

O que importa reter deste exercício é que a expansão urbana fora de áreas de aptidão ecológica à

sua edificação pode ser responsável por consequências negativas e até irreversíveis nos processos

ecológicos patentes neste território com graves prejuízos para as comunidades locais.

Page 24: Estrutura Ecológica de Tavira - Relatório

RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

24

3.2 Tendências versus PDM

A introdução desta temática leva-nos ao paradigma do crescimento urbano “desenfreado” que

assaltou o litoral português nas últimas décadas. Porém caso existissem projeções demográficas no

curto e médio prazo para o município de Tavira que revelassem uma necessidade de aumento da área a

urbanizar para além das áreas de reserva (áreas urbanizáveis) que o PDM preconiza, penso que deveria

ser aplicado na elaboração dos cenários de tendências criteriosamente os dois métodos em separado, o

NULA e o AAEE, e os seus resultados sobrepostos para uma melhor indicação de áreas ecologicamente

aptas à edificação.

Como anteriormente referido e justificado através do estudo e análise efetuada para a elaboração

do cenário de tendências, as áreas a urbanizar delimitadas pelo atual PDM encontram-se amplamente

sobredimensionadas se tivermos em conta a evolução demográfica das últimas décadas e as projeções

demográficas para 2030, apontadas pelo PROTAL em 2007.

Se excluirmos da equação o sobredimensionamento proposto pelo PDM atual para a área dos

perímetros urbanos e ponderando que as necessidades iriam para além das áreas de reserva preconizadas

pelo mesmo, estas deveriam seguir as indicações expressadas na Carta de AAEE. Esta carta, que

deveria ser na minha opinião, um tipo de modelo ideal para planear futuras expansões, considerando

que nestas se deverá respeitar um índice de construção que não deve ir além dos 0,5.

Os resultados obtidos para a área de estudo aparentam à primeira vista serem algo redutor,

indicando pequenas áreas com aptidão ecológica à edificação, porém o resultado é distorcido não pelos

métodos aplicados mas sim pelo exagero do regime jurídico imposto pela REN e RAN e pelas

condicionantes mórficas do território, como anteriormente abordado. Se existisse uma necessidade de

expandir as áreas urbanas, fruto de um crescimento sociodemográfico, devíamos sem dúvida reformular

os critérios, talvez excluindo os IGT do Método Misto (NULA e AAEE) e elaborar um cenário de

tendências de acordo com as necessidades previstas e no caso específico de zonas turísticas, deve-se

contemplar o fenómeno da sazonalidade.

O Programa Nacional de Politica de Ordenamento do Território (MAOTDR - Ministério do

Ambiente 2007) consubstancia uma visão policêntrica para o território nacional multiescalar a diferentes

níveis, assumindo escalas regionais até europeias, assumindo as linhas orientadoras estabelecidas em 1999

pelo Conselho Europeu de Ministros.

O professor Botequilha refere-se em um dos seus artigos (Botequilha-Leitão, Eco-Polycentric

Urban Systems: An Ecological Region Perspective for Networks Cities 2012) , que uma a estrutura

policêntrica ou de múltiplos núcleos pode representar uma forma alternativa de desenvolvimento

urbano. Este conceito introduzido por Harris e Ullman, em 1945, invoca para evolução do conceito

cidade-região, podendo emergir de conjuntos de relacionamentos como a estrutura populacional intra-

urbano. Nesse mesmo artigo que está centrado na dimensão ecológica da sustentabilidade das cidades, é

afirmado que “cities can improve their sustainability by adopting intermediate, network urban forms such as polycentric

urban systems under a broader vision (as compared to the current paradigm), to make way to urban ecological regions.”, na

qual o autor preconiza uma visão regional assente em três componentes principais ou redes (network);

uma rede de cidades, vilas e aldeias rurais ligadas entre si por corredores ecológicos; outra mais interior

assente na multifuncionalidade do meio rural e nos recursos naturais, no qual poderia ser denominada

como a “espinha dorsal da região” e a última as inter-relações entre cidades.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Assumindo assim esse pressupostos, reafirmo que o modelo adotar para o concelho deverá ser o

policentrismo, neste caso assumindo uma escala municipal onde crescimento urbano deverá assentar

nos núcleos urbanos e deve ser estabelecida uma razão ou medida de crescimento urbano máximo para

cada núcleo de acordo com a sua importância no contexto municipal, que deverão ser ligados por

corredores “verdes” e excelentes infraestruturas de comunicação. Penso que atualmente seja o melhor

modelo para combater o fenómeno da desertificação que afeta negativamente este concelho e de uma

forma geral, Portugal Continental.

Regressando à análise do cenário de tendências, concluímos que sem um planeamento racional

que estabeleça níveis de equidade nas relações económicas, sociais e ecológicas, o crescimento urbano

iria propagar-se essencialmente através das principais vias rodoviárias, ocupando indiscriminadamente

solos sem se preocupar com sua importância, incidindo preferencialmente sobre a EN125 e outras nas

áreas peri-urbanas dos principais núcleos urbanos, resultando num modelo catastrófico tanto ecológico

como económico. Este crescimento desordenado e caótico previsto através do cenário será apenas o

resultado de investimento imobiliários que não atenderão as potencialidades biológica dos solos

ocupados, perdendo-os de um modo irreversível. Este crescimento também não irá obedecer a padrões

estabelecidos pelo PDM, devido ao carácter excecionais de alguns artigos neste documento preconizado,

aliado a decisões políticas que conduzem a desafetação de áreas sob regime jurídico dos vários IGT

apenas com visões ou intuitos economicistas de curto prazo.

Deve-se adotar modelos de planeamento que tenham uma perspetiva integradora dos aspetos

económicos em igualdade com os aspetos sociais e ecológicos, evitando sempre que possível a criação de

núcleos urbanos promovidos pela edificação dispersa e linear, fenómeno que tem destruído a matriz da

paisagem, tanto no litoral como no barrocal algarvio, com graves prejuízos para Turismo, principal fonte

de receitas da região. Neste sentido deve-se seguir as linhas orientadoras do PROTAL e do PNPOT que

promovendo um modelo urbano policêntrico para o concelho de Tavira, assente nos principais núcleos

do litoral e interior, promovendo uma plataforma de inter-relações entre estas e com as localidades de

outros concelhos.

3.3 Proposta

Como anteriormente referido, os princípios de uma proposta de EEM é garantir a circulação da

água a céu aberto e ar, matéria orgânica, proteção de ventos, o aumento da biodiversidade, etc., visando

um equilíbrio ecológico do território.

As propostas apresentadas tanto à escala 1/100000 e 1/25000 possuem rigorosamente os mesmos

critérios e objetivos ecológicos, ou seja integrar áreas, manchas e corredores que constituem o suporte dos

sistemas ecológicos em que a sua proteção seja indispensável à sustentabilidade e funcionamento dos

processos e dinâmicas patentes neste território, como o ciclo da água, habitats prioritários, solos de

elevada capacidade agrícola, entre outros. A sua hierarquização prende-se essencialmente com as

características dessas ocorrências nas quais a sua proteção torna-se indispensável para um

funcionamento sustentável do território.

Apesar de ambas as propostas possuírem parâmetros de análise assente nos mesmos princípios, os

da Ecologia da Paisagem, estas divergem na sua dimensão espacial, muito devido à escala de

planeamento e ao seu correto dimensionamento. Porém a grande diferença prende-se com objetivo do

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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nível de intervenção, enquanto na proposta da EES-R a preocupação foi compreender o território como

um todo, não existindo limites administrativos para a sua análise paramétrica, estendendo-se esta até à

área de influência das suas principais bacias hidrográficas, demarcando os principais recursos ABC

dentro do contexto sub-regional enfatizando-os através do desenho da proposta, enquanto a EEM

procura estabelecer um relação das componentes territoriais e estes recursos contextualizado à escala

municipal, adaptando-se à realidade dimensional do território. Essa transposição de escala traz-nos a

tona, novos desafios, novas realidades que não foram consideradas na primeira fase, dai a necessidade de

introdução de nova metodologia na segunda fase.

Porém não podemos descurar a importância e da influência da proposta da primeira fase para o

resultado da proposta da segunda fase. Podemos considerar que a primeira proposta é uma visão

holística, na qual foi identificados e hierarquizados os principais aspetos biofísicos do território que

vão servir de linhas orientadoras para a elaboração da EEM, da mesma forma que esta irá servir de linha

orientadora as Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) abordadas na disciplina de APM.

Esta metodologia em formato de cascata e em “zoom” introduzida no Ordenamento do Território

pela Ecologia da Paisagem através da sua abordagem de multi-escala será refletida mais adiante neste

relatório.

A proposta resulta no princípio de planeamento sustentável (Ahern e Botequilha-Leitão, Applying

Landscape Ecological Concepts and Metrics in Sustainable Landscape Planning 2002), na qual é

composto por perspetiva vertical e outra horizontal na qual a inclusão de conceitos de ecologia no

planeamento contribui de forma significativa para um planeamento sustentável. O princípio da

conectividade é fundamental para os conceitos espaciais que suportam um planeamento sobre o uso da

terra e nas suas estratégias de conservação. Deste modo a nossa proposta procura propor este principio

em ambas as escalas, embora que na segunda fase a concretização deste objetivo torna-se mais conflitual

tendo em conta os usos e atividades existentes nesses locais.

Devido a essa natureza conflitual a proposta assenta em três componentes, Fundamental,

Complementar e Estrutura Verde Urbana, procurando desta forma adaptar-se as atividades e usos do

homem, promovendo sinergias entre este e o território. Independentemente de se constituir em três

componentes, referido no subcapítulo 2.4, a EE funciona como um todo, articulando-se, promovendo a

sua continuidade para além da sua proposta, pelos municípios limítrofes.

A visualização dessa mesma articulação revela-se na conjugação de uma estrutura complementar

que funcionalmente serve de proteção à estrutura fundamental nos locais onde esta se encontra sujeita às

ameaças provocadas pelas atividades antrópicas, como os corredores ecológicos com mais expressão no

contexto municipal como é caso do Gilão e Almargem, onde o corredor da EEF (Fundamental) é

precedida por um corredor mais largo ou amplo da EEC (Complementar) e da própria franja de EEC que

se estende transversalmente ao longo da faixa costeira entre a N125 e PNRF, servindo de buffer à enorme

pressão urbanística que este sistema esta sujeito, muito devido a projetos imobiliários transvertidos de

projetos turísticos.

Eventualmente o sucesso num horizonte futuro de qualquer modelo depende em muito da sua

monitorização e da cooperação dos todos os “agentes”, sejam estes projetistas, administração local,

promotores ou população em geral nessa mesma gestão.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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3.3.1 Estrutura Ecológica Autoinduzida

Na busca por “receitas” que pudessem solucionar ou minimizar situações de conflitos, surgiu-nos

a ideia de se puder incutir nas populações, essencialmente no espaços denominados rústicos, a

necessidade de reintroduzir vegetação, especialmente arbórea e arbustiva no cerceamento das sua

propriedades, voltando um pouco aos métodos dos nossos antepassados, que mais tarde alguns autores

vieram a inspirarem-se para propor os seus modelos, como exemplo, os corredores verdes.

A sugestão desta medida poderia trazer efeitos bastantes benéficos tanto a nível ecológico gerando

pequenas redes especialmente na matriz agrícola que iria reforçar a permeabilidade desses territórios aos

sistemas ecológicos e ao mesmo tempo traria benefícios económicos aos seus promotores, como um

cerceamento mais económico, auto-regenerativo que pode assumir um carácter produtivo e ao mesmo

tempo acrescentar valor paisagístico a sua propriedade. Porém seria necessário mais tempo para

conseguir uma argumentação mais convincente sobre esta solução proposta. Seria necessário elaborar

cenários projetivos e modelos tridimensionais sobre o resultado final deste modelo para uma melhor

visualização da sua efetividade sobre a Estrutura Ecológica.

Acreditamos que a EE autoinduzida seria uma solução de baixo custo especialmente nas zonas

peri-urbanas e de agricultura intensiva, promovendo um gradiente entre o espaço urbano e o espaço

rural, promovendo e reforçando a continuidade através de múltiplos pequenos corredores que podem

complementar a Estrutura Ecológica Principal ou Fundamental, como se uma pequena rede se tratasse,

especialmente em áreas que predomina a propriedade de minifúndio.

3.3.2 A Importância de Multiescala

Ao longo da elaboração das diferentes fases que constituíram a elaboração da EEM, acabamos por

compreender que não pode haver leitura de cartografia sem a determinação da escala e quando se

aborda o planeamento, a palavra escala tem que obrigatoriamente ser abordada tanto no contexto

geográfico como no temporal.

Temos de compreender que a escala utilizada nas análises encontra-se bastante relacionada com

o objetivo que pretendemos para essas análises, por exemplo, se ao procuramos estabelecer uma

estrutura ecológica que tenha como prioridade a preservação de uma determinada espécie, como por

exemplo o Lince Ibérico, então deve-se ajustar a escala da nossa investigação à escala da espécie que serve

de tema de estudo, ou, se o objetivo for proteger o ciclo hidrológico de uma determinada região, teremos

então que ajustar a escala de estudo às bacias hidrográficas que abrangem essa região, que possivelmente

iria abranger uma área superior à dessa mesma região. Este último exemplo leva-nos a inequivocamente a

refletir sobre se a divisão administrativa deveria ou não assentar nas bacias hidrográficas!

A integração da disciplina da Ecologia da Paisagem no planeamento através da sua perspetiva

holística contribui positivamente para uma abordagem a uma multiescala, reforçando que esta se torna

importante e não pode ser mais ignorada fazendo nos perceber a transmutação nos domínios de escala,

estabelecendo para cada domínio uma relação entre o padrão e o processo.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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A introdução desta disciplina veio complementar a abordagem horizontal, muito utilizada pela

geografia, com a abordagem vertical, típica da ecologia, o que se torna importante para estudar a

estrutura da paisagem nos seus processos ecológicos.

A importância do uso de diferentes escalas é fundamental pois permite-nos avaliar qualidade desses

mesmos dados nas diferentes escalas e levantar questões sobre a transposição de orientações regionais

para uma escala mais local, situação que ocorreu com a transposição da EES-R de Tavira para a EEM.

3.3.3 Reformulação da Proposta de Usos para EEM

A EEM que deve ser formulada em princípios da disciplina da Ecologia da Paisagem e deve ser

assumir um carácter preventivo, optando por uma estratégia defensiva. Esta deve funcionar como uma

forte estrutura de proteção para as funções hidrológicas e ecológicas que na formulação de uma proposta

de usos deve procurar minimizar as áreas de conflito, promovendo espaços de recreio e lazer que auxiliem

o desenvolvimento cultural dos seus utilizadores e ao mesmo tempo protejam os sistemas ecológicos que

permitem a sustentabilidade.

A formulação de usos para a EEM deve concretizar espaços ecologicamente estáveis e

regeneráveis onde se promova e propicie o lazer, o descanso, o desporto, onde se possa respirar ar

puro, contemplar e contactar com a natureza.

Estes espaços devem-se articular com os espaços edificados, constituindo sempre que possível

corredores que devem promover continuidade com os concelhos vizinhos, ligando áreas naturais como

matas e áreas de agricultura tradicional, como os pomares de sequeiro tradicional.

Na primeira fase, embora que apenas contemplado na apresentação intermédia (Outubro), foi

proposto um quadro adaptado da metodologia da Professora Magalhães para o Plano Verde de Loures

(Magalhães e Abreu, Estrutura Ecologica da Paisagem 2007) onde se pré-estabelecia possíveis tipo de

ocupação e medidas de gestão para diferente componente de cada estrutura ecológica. Este baseava-se

com a compatibilização de usos e os sistemas ecológicos, promovendo mata mista de folhosas, matos,

prado permanente e um regime non aedificandi a título de exemplo para as áreas de máxima infiltração.

Apesar dos usos propostos terem sido abordados durante a elaboração da proposta na primeira fase,

a não inclusão por lapso no relatório da proposta foi a principal lacuna do nosso trabalho nesta fase.

Importa salientar que na fase de sinterese (5ºFase) (Neto, et al. 2012) na formulação da Proposto de

Planeamento de Ordenamento Sustentável para este mesmo território, elaborado na disciplina de

AOT, foi formulado uma proposta de usos para cada ocupação territorial proposta e que esta também já

contemplava um pré-esboço de uma Estrutura Ecológica, embora não explícita como a elaborada nesta

disciplina.

Na segunda fase a proposta de usos e regulamentação já foi contemplada e apresentada para cada

componente da estrutura. O que se torna importante não é especificar o uso propriamente para cada

Estrutura, até porque estas apresentam na diversidade dos seus componentes e características diferentes

que permitem diferentes tipos de atividades, mas sim restringir os usos à aqueles que não põem em risco a

sua diversidade e sustentabilidade ecológica desses mesmos componentes da estrutura. As principais

áreas nucleares da Estrutura Ecológica Fundamental, o PNRF e a Mata da Conceição, possuem

regulamentação e orientações espaciais para cada tipo de atividade a desenvolver.

Dentro deste âmbito a articulação com APM tornou-se evidente, na qual cada aluno desenvolvia

propostas para áreas que se encontravam abrangidas pela EEM e que particularmente esta poderia

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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despoletar situações de natureza conflitual com os usos pré-existentes ou previstos pelo cenário de

tendências.

3.4 Dinâmicas de Grupo

Este trabalho para além da sua abordagem pedagógica nos aspetos técnicos inerentes ao programa

estabelecido para a disciplina, este também contribuiu e influenciou de um modo positivo no

relacionamento entre elementos do grupo e até mesmo entre os diferentes grupos, provocando mudanças

e reforçando as atitudes como nos podemos relacionar, o que poderá ser bastante útil mais tarde a nível

profissional.

Será necessário efetuar uma retrospetiva mais alargada para compreender os processos que

determinaram a capacidade dos elementos em interagir e influenciar o desenvolvimento do trabalho ao

longo do semestre, nesta disciplina, sendo importante salientar a forma positiva como o Professor André

Botequilha Leitão contribuiu através da sua postura flexível, permitindo que os mesmos elementos que

constituíram os grupos na disciplina de Atelier de Ordenamento do Território pudessem transitar para

esta disciplina e como conseguiu quebrar a estrutura social que existe entre a relação entre

Professor/Aluno, favorecendo e minimizando os efeitos de individualismo e de isolamento, entre os

diversos grupos e elementos.

A promoção desta continuidade acabou por tornar-se fundamental no decorrer do trabalho

desenvolvido ao longo do semestre, pois permitiu reforçar as dinâmicas de grupo já existentes

contribuindo para processos dinâmicos que possibilitaram ao grupo gerar automatismos que ajudaram a

superar barreiras existentes, a ultrapassar defeitos, substituindo-os por uma dinâmica assente numa

vertente de abertura, sinceridade, de colaboração e de compromisso entre os vários elementos, resultando

num maior trabalho em equipa apoiado numa premissa de ajuda mútua.

O grupo, no qual fiz parte, teve uma dinâmica própria, fruto de um conjunto de variáveis que dão

origem a situações e comportamentos dependendo das características inerentes a cada elemento que o

constitui. Tendo em conta que tanto eu como os restantes elementos (Carlos, Jú e Tânia), somos alunos

em regime trabalhador-estudante, o que exigiu do grupo uma grande capacidade de entrega e de

interajuda tanto no sentido para conseguir articular-se, reunir-se e maximizar o tempo disponível para as

diferentes etapas que constituía o formato do programa da disciplina, porém, penso que o resultado final

do trabalho reflete o contributo e empenho de todos, independentemente do contributo individual de

cada elemento.

Antes de mais, para poder aprofundar um pouco mais sobre a dinâmica entre os elementos do

grupo, é me necessário que faça uma análise auto-retroprospetiva, refletiva e crítica sobre o meu

contributo para o grupo tanto para o resultado final como as dinâmicas que estabeleci ao longo deste.

Reconhecendo desde logo que sou um elemento de carácter bastante vincado, ou seja uma pessoa

com uma personalidade bastante forte, associado a outras características que me são inerentes como

autodeterminação, autoconfiança, empreendedorismo, o que pode ter contribuindo em determinadas

alturas para divergências com elementos cuja personalidade tem outro tipo de características, da mesma

forma que outros elementos chocaram com outros, mas o que importa ressalvar que apesar das

divergências em determinados momentos, conseguimos sempre ultrapassar estes mesmos, fruto também

da maturidade dos elementos, convergindo assim essa energia para o trabalho, no qual, penso

particularmente que alcançou minimamente os objetivos pretendidos pelo Professor.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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Independentemente das diferenças e opiniões de cada elemento, o fator amizade e de ajuda mútua nunca

esteve em causa, podendo-se afirmar que sairá bastante reforçado após o final do semestre.

Eu, particularmente procurei sempre contribuir de forma positiva e criativa para o trabalho,

empregando algum conhecimento de base e gosto particular por esta temática, de modo a que pudesse

adicionar um pouco de mais qualidade ao que era o mínimo exigido, e nessa vertente procurei sempre

incutir aos meus colegas essa dinâmica, de sermos audazes, diferentes na busca dos resultados, ao invés

de uma postura formatada que por vezes caímos na tentação sem repararmos.

Apesar de constituirmos um grupo bastante heterogéneo conseguimos criar uma inter-dinâmica

bastante positiva e que acabou por resultar em aspetos bastantes interessantes nas apresentações dos

nossos trabalhos.

3.5 Articulação com APM

O plano curricular do 2º Ciclo do Curso de Arquitetura Paisagista é articulado de forma a

possibilitar que os alunos adquiram conhecimentos teóricos de forma gradual ao mesmo tempo que os

ponham em prática através de disciplinas em que esta componente assume-se como principal.

Esta articulação foi visível com as diferentes etapas de trabalho na mesma área de estudo a

diferentes escalas elaborado ao longo do último ano. Iniciou-se com o Plano de Ordenamento

Sustentável na disciplina de AOT (Neto, et al. 2012), continuando com a EEM na disciplina de AOM e

finalizando a uma escala mais pormenorizada na disciplina de APM, com a elaboração de um projeto para

uma Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG).Estas UOPG demarcam um espaço onde a

intervenção deverá assumir um maior detalhe e assumir um planeamento coerente com o pré-existente.

A elaboração destas unidades permitem definir com mais pormenor uma estrutura de gestão urbanística

para os municípios. Torna-se importante estabelecer uma intervenção à escala local para a reconstituição

de novas paisagens.

No caso particular de AOM versus APM, essa articulação poderá não ser à primeira vista tão

intuitiva devido ao contexto das escalas, pois se em AOM consiste numa abordagem sucinta ao

planeamento em APM a abordagem está mais direcionada à escala do projeto. No entanto não podemos

esquecer que ambas possuem metodologias de trabalho idênticas que passam pelo processo da

compreensão da área de intervenção, pela recolha de dados, por análises e essencialmente na aplicação de

conceitos da disciplina de Ecologia da Paisagem nas suas intervenções.

A Professor Magalhães descreve no seu livro “Arquitectura: Morfologia e Complexidade”, que

qualquer intervenção exige obrigatoriamente a compreensão do lugar e que a escala da intervenção

estabelece o balanço entre a análise e a síntese (Magalhães, Arquitectura Paisagista: Morfologia e

Complexidade 2001).

O trabalho desenvolvido em AOM sobre a mesma área de estudo que APM permitiu-nos aliar

aspetos dedutivos e cognitivos que se tornaram importantes no resultado final das intervenções

individuais de cada aluno para esta última disciplina. Pois sabemos que nas grandes escalas ao contrário

das mais pequenas podemos correr o risco de deixar de compreender e avaliar do que esta em jogo

(Magalhães, Arquitectura Paisagista: Morfologia e Complexidade 2001).

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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De forma pioneira, a articulação destas duas disciplinas no mesmo semestre englobando a mesma

área de estudo, mostrou-se bastante útil, influenciando e contribuindo de forma positiva para os

resultados finais como o nível de conhecimentos e experiência nas transposições da escala de

planeamento para escala de projeto adquiridos por cada aluno.

3.6 Avaliação da Unidade Curricular

Penso que a unidade curricular encontra-se bem estruturada e coordenada temporalmente

permitindo aos alunos reforçarem os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso académico.

Como anteriormente referido esta encontra-se articulada em simultâneo com a disciplina de APM

seguindo a lógica do trabalho desenvolvido na disciplina de AOT.

O carácter transdisciplinar e multidisciplinar do ordenamento do território já por si representa

dificuldades, devido à necessidade de compreensão de vários domínios temáticos, sendo obrigatório

recorrer a bibliografia adequada e a consulta de técnicos nas diferentes temáticas.

Inicialmente existiu alguma dificuldade em relação às bases cartográficas, pois foi necessário adaptar a

cartografia que transitou do trabalho de AOT para AOM, sendo esta sucessivamente corrigida e

complementada com introdução de nova cartografia de base, o que levou a um atraso temporal no

decorrer do trabalho.

As maiores dificuldades encontradas baseiam pela falta de cartografia temática, seja pela falta desta

a diferente escalas ou pelos levantamentos já desatualizados, que influenciam não só o grau de precisão da

informação como os resultados finais, perdas de tempo no ajuste de cartografias.

A preferência pela utilização de cartografia analógica, tanto na consulta como para esboçar e

reformular as propostas, demonstrou ser pertinente, pois permite outra sensibilidade, aliar os métodos

científicos à intuição, a imaginação. Torna-se imprescindível a elaboração de esquiços para uma melhor

redefinição das propostas, permitindo uma visão global do desenho e maior flexibilidade na criação e

design, situação que na informática não permite devido às limitações de visualização impostas pelo

tamanho dos ecrãs e pela rigidez das suas ferramentas. Com isto não quero tirar importância a cartografia

digital, especialmente aos SIG e as suas vantagens, porém há que contrabalançar o uso de ambas de

acordo com a fase e os objetivos pretendidos, podendo estes serem excelentes fontes de informação,

poupando valioso tempo em determinadas fases do trabalho.

Durante o decorrer do trabalho foram sendo introduzidas novas metodologias (já descritas nos

capítulos de análise) que se apresentavam como excelentes soluções, até pelos resultados obtidos pelos

seus mentores, casos do método NULA, das AAEE, dos cenários de tendências, embora este último já

utilizado na fase Prognose (Neto, et al. 2012), na disciplina de AOT.

Penso que de uma forma geral os objetivos da unidade curricular foram cumpridos, tendo os alunos

reforçado os conhecimentos previamente adquiridos ao longo de outras disciplinas do âmbito de

planeamento, pois este aspeto torna-se mais importante do que o próprio resultado final da proposta.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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4. CONCLUSÃO

Devido ao crescimento demográfico exponencial que ocorreu nos últimos anos traduziu-se

inevitavelmente num aumento progressivo das áreas urbanas com enormes perdas ecológicas e de

recursos naturais. A constante perda de solos aráveis em detrimento do processo de urbanização tem

provocado alterações profundas e irreversíveis na paisagem, afetando negativamente as populações que

desta dependem.

Essas alterações levam-nos a considerar novas abordagens e conceitos, como a sustentabilidade,

estruturas verdes, “Green Urbanism” (Beatley 2000), entre tantos outros que tem surgido deste novo

despertar para uma consciencialização ambiental. Uns são mais fáceis de definir que outros, porém

independemente da sua complexidade teórica todos são difíceis de pôr em prática no planeamento, muito

devido aos aspetos multidimensionais e multidisciplinaridade dos territórios e seus processos.

É neste sentido que se torna importante formar técnicos que possuam conhecimentos e

sensibilidade para intervir no território de forma equilibrada com o objetivo de garantir a

sustentabilidade dos sistemas ecológicos que são importantes a qualidade da vida humana.

Devido a atual pressão urbanística e ao constante delapidar dos recursos naturais tem provocado

desequilíbrios territoriais nesse sentido a EEM representa no planeamento uma estratégia de proteção e

valorização e ao mesmo tempo uma oportunidade de repensar o nosso modelo atual de ocupação.

A EEM deverá constituir um instrumento ambiental e de ordenamento do Território que

promova orientações sobre os futuros usos e ocupações no território, sendo que deve assumir um papel

ativo nos modelos de desenvolvimento a nível municipal. Esta deve fomentar um sistema de “Continuum

Naturale” que permita o funcionamento e desenvolvimento dos sistemas naturais, promovendo a sua

proteção garantir os padrões de biodiversidade existentes. Deverá assumir as funções de corredor

ecológico providenciando habitats para a flora e fauna e ao mesmo tempo providenciar às populações

espaços de recreio e lazer, de contacto com natureza e de carácter educacional.

O principal objetivo desta unidade curricular foi a elaboração deste instrumento segundo

princípios da disciplina da ecologia da paisagem, identificando e avaliando a importância dos recursos

A, B e C no território em estudo. Procuramos abordar uma metodologia sequencial ou faseada que

abrange inicialmente o território como um todo nas suas diversas componentes, procurando desta forma

compreender de forma racional e percetiva o seu funcionamento e à medida que decorre o

desenvolvimento do trabalho, este vai se focalizando na área de intervenção, necessitando a alternância de

escalas em fases mais desenvolvidas. O sucesso da proposta encontra-se condicionado ao sucesso da

análise, para tal o recurso às análises paramétricas com base nos recursos ABC, torna-se fundamental

numa primeira fase, pois permite-nos focalizar ou concentrar nos indicadores mais relevantes de carácter

ecológico. Esta macro-análise define as linhas gerais, evocando o que importa e o que pode ser suprimido

numa primeira fase.

Na segunda fase procede-se a reformulação da EEM proposta assente à escala do planeamento

municipal, do PDM. Nesta fase importa elaborar uma reavaliação dos recursos ABC, da sua importância

a esta escala de trabalho, reaplicando o método de sobreposição dos levantamentos sobre estes. A

introdução do método NULA ou da AAEE torna-se crucial, pois permite-nos identificar áreas nas quais

o crescimento urbano terá menor impacte sobre os sistemas ecológicos e recursos naturais.

A introdução desta componente apenas nesta segunda fase prende-se fundamentalmente com

questões de escala, pois a escala 1/100000 não nos permite detalhe para tornar esta análise criteriosa.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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A elaboração do cenário de tendências permitiu-nos visualizar espacialmente o comportamento do

crescimento urbano, de quais seriam as áreas que estes ocupariam ou tendem a ocupar segundo o

planeamento em vigor. Esta torna-se uma ferramenta poderosíssima que nos permite antecipar a esses

acontecimentos futuros, procurando estabelecer uma estratégia que conduza a ocupação urbana para as

áreas de aptidão ecológica à edificação. Através da sua avaliação comparativa este permitiu-nos

identificar os pontos positivos e negativos, sendo bastante útil na elaboração do desenho da EE.

Neste exercício não nos podemos esquecer da importância da multiescalar, que através da sua

dinâmica introduz outra dimensão ao planeamento, sobretudo na compreensão do território,

especialmente à escala do projeto 1/500, objetivo proposto na articulação conjunta com APM, onde os

conceitos de base da ecologia aplicados à escala 1/100000 e 1/25000 foram formalizados através do

desenho e de um programa. Esta articulação adicionou outra dinâmica ao trabalho desenvolvido nas duas

disciplinas contribuindo para resultados ou propostas mais coerentes de acordo com os objetivos

inicialmente proposto. De uma forma menos explícita também contribuiu para um melhor entrosamento

entre os elementos que constituem os grupos, podendo afirmar que passaram a ser “equipas”, interagindo

de forma positiva em busca de um objetivo comum.

Concluindo, mais importante que os resultados alcançados nas propostas, foi o exercício em si,

simulando academicamente a elaboração de um componente dos IGT ao nível do planeamento local,

apresentando-se com uma experiência enriquecedora preparando os alunos de forma muito objetiva para

a sua vida profissional.

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RELATÓRIO SOBRE A ESTRUTURA ECOLÓGICA MUNICIPAL DE TAVIRA 2013 –VITOR DA SILVA

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