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ge-homrich
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métodos de pesquisa qul
2. Objetivos: Entender os significados e os objetivos da etnografia, da observao e do trabalho de campo; reconhecer as escolhas metodolgicas que o etngrafo enfrenta; localizar diferentes posies tericas que sustentam o trabalho etnogrfico; entender os fundamentos da anlise de dados de campo; conhecer as diferentes verses da observao que podem ser usadas; compreender os problemas especficos da observao participante. 3. SILVERMAN, David. Etnografia e observao. In: Interpretao de dados qualitativos: mtodos para anlise de entrevistas, textos e interaes. Porto Alegre: Artmed, 2009. FLICK, Uwe. Observao e etnografia. In: Introduo pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. 4. Viso tradicional de cincia (AGAR, 1986) Aborda qualquer projeto de pesquisa com base nas seguintes perguntas: Qual a hiptese? Como voc vai medir isso? Qual o tamanho da amostra? Voc pr-testou o instrumento? 5. Contudo, nem sempre faz sentido formular essas perguntas sobre qualquer trabalho de pesquisa de cincias sociais: Para alguns estilos de pesquisa [...] que enfatizam o papel do teste cientfico, estas perguntas fazem sentido. Mas [...]quando o pesquisador social assume um papel de aprendizagem as perguntas no funcionam. Quando voc est na orla de uma aldeia e observa o barulho e o movimento, voc pensa: quem so as pessoas e o que esto fazendo?. [...] Hipteses, medio, amostras e instrumentos so as diretrizes erradas. Em vez disso, voc precisa aprender sobre um mundo em que voc entende encontrando-o em primeira mo e extraindo algum sentido dele. 6. ESTUDO DE CASO Trabalho em restaurante (William Foote Whyte) O estudo mostra a importncia do contexto e do processo no entendimento do comportamento. O pesquisador deixa claro que no pode usa os mtodos do teste cientfico em seu estudo, mas demonstra tambm fazer uso de importantes medidas quantitativas (a quantidade de vezes em que diferentes tipos de pessoas iniciam aes em determinado contexto). Seria, ento, uma observao, uma pesquisa etnogrfica? O que etnografia? Como ela difere da observao? 7. Observao A observao quase autoexplicativa. O observador baseia seu mtodo em trs componentes: observar escutar registrar Mas a observao no apenas feita por cientistas sociais: fsicos, engenheiros e policiais tambm fazem suas observaes. Em nossas vidas cotidianas, dependemos de observaes para entender o outro, suas aes e suas identidades. A forma como usamos a observao que cria a diferena entre observao e etnografia. 8. Etnografia Os cientistas sociais fazem algo diferente com suas observaes: eles escrevem etnografias. A etnografia refere-se, portanto, aos escritos cientficos sociais sobre determinadas pessoas, numa definio mais simples. etnografia etno pessoas grafia escrever 9. Ampliando a definio Etnografia o estudo das pessoas em locais ou campo que ocorrem naturalmente, atravs de mtodos de coleta de dados que captam seus significados sociais e suas atividades comuns, envolvendo a participao direta do pesquisador no local, se no tambm nas atividades, para coletar dados de uma maneira sistemtica (Brewer, 2000, p.6) A observao do participante, a etnografia e o trabalho de campo so todos usados intercambiavelmente (...) eles podem todos significar despender longos perodos observando pessoas, alm de conversar com elas sobre o que esto fazendo, pensando e dizendo, com o objetivo de ver como eles entendem seu mundo (Delamont, 2004, p.218) 10. Etnografia: passado e presente surgimento obras dos antroplogos do sculo XIX que viajavam a fim de observar diferentes culturas pr-industriais. presente abrange uma srie muito mais ampla de trabalho de estudos de grupos na prpria cultura para uma escrita experimental visando intervenes polticas. Os etngrafos de hoje nem sempre observam: podem trabalhar com artefatos culturais, como textos escritos ou registros de estudos de interaes que no observam em primeira mo. desdobramentos Alguns pesquisadores compartilham a viso primeiros antroplogos de que para entender o mundo em primeira mo voc mesmo precisa participar dele em vez de apenas observar as pessoas a distncia. Isso tem dado origem ao que se denomina mtodo de observao participante. 11. Observao participante Na verdade, a observao participante mais que um mtodo. um recurso bsico de toda pesquisa social: Em certo sentido, toda pesquisa social uma forma de observao participante, porque no possvel estudar o mundo social sem ser parte dele. Sob tal ponto de vista, observao participante no uma tcnica de pesquisa especfica, mas um modo de estar-no-mundo caracterstico dos pesquisadores. (Atkinson e Hammersley, 1994, p.249). Como este modo de ser causa impacto nas especificidades da pequisa etnogrfica? 12. Objetivos/caractersticas da pesquisa de observao (Bryman, 1988) Ver atravs de... Descrever... Contextualizar... Investigar o processo... Flexibilizar os projetos de pesquisa... Evitar o uso inicial de teorias e conceitos... QUADRO 3.1, p. 72 13. Principal caracterstica da pesquisa etnogrfica DESCREVER OS DETALHES TRIVIAIS: Preocupar-se no com a ao, mas com os detalhes cotidianos que permitiram que a ao ocorresse, estando atento aos mnimos detalhes que, sendo banais, passam a ter foco pela descrio do etngrafo. O etngrafo no d foco para o que as pessoas pensam ou sentem, mas para o que elas de fato fazem e descrever como fazem. 14. Trs aspectos cruciais do trabalho etnogrfico e observacional: O foco do estudo incluindo tribos, subculturas, reino pblico, e organizaes As escolhas metodolgicas incluindo o acesso, a identidade, a definio de um problema de pesquisa, os mtodos de registro de dados, a observao, assim como a escuta, o desenvolvimento da anlise dos dados etnogrficos e o feedback aos participantes As questes tericas a natureza teoricamente derivada da anlise etnogrfica e as principais abordagens tericas contemporneas, incluindo teoria fundamentada, naturalismo e etnometodologia. 15. O foco etnogrfico So quatro os diferentes focos em que os estudos etnogrficos tm se concentrado: tribos subculturas esfera pblica organizaes 16. Estudo das tribos O impulso inicial em favor do trabalho de observao foi antropolgico. Antroplogos defendem que quem quer realmente entender um grupo de pessoas precisa se engajar em um perodo extenso de observao, imergindo em uma cultura diferente da sua, participando em seus eventos sociais. 17. Estudo das subculturas Todavia, no preciso inserir-se em uma cultura desconhecida para fazer pesquisa etnogrfica: dentro de uma nica cultura, possvel usar os mtodos de observao da etnografia para descrever subculturas, modos diferentes de agir na mesmo crculo social. Escola de Chicago: alunos orientados a largarem os materiais tericos e a sarem pelas ruas para observar o comportamento social das pessoas dos subgrupos que os cercavam. Estudos de subcultura so a base da etnografia contempornea, mas recaem sobre eles preceitos ticos e morais que permeiam a observao e a descrio de grupos socialmente vulnerveis. 18. Estudos da esfera pblica Muitos estudos de subculturas tm lugar em reas pblicas como ruas, shopping centers e parques. No entanto, os etngrafos que observam o domnio pblico, s vezes, tm um interesse mais amplo do que a subcultura de grupos especficos. Em vez disso, objetivo observar como as pessoas em geral se comportam em alguns contextos pblicos, como os nibus, por exemplo. Trs socilogos deram impulso a essa vertente etnogrfica: Georg Simmel, Erving Goffman e Harvey Sacks. 19. Georg Simmel Desenvolveu proposies sobre as formas bsicas de interao humana segundo o nmero em um grupo (por exemplo, o que acontece em dades [grupos de dois] em comparao com trades [grupos de trs], que possibilitaram relatos convincentes sobre o estranho e a vida urbana. 20. Erving Goffman Mais conhecido pela teoria das faces, Goffman foi pioneiro no estabelecimento de questes essenciais para estudos contemporneos em sociologia e lingustica, atravs das regras usadas para organizar a interao social: Regras de cortesia, educao e etiqueta (quem capaz de fazer e dizer o que a quem e de que maneira) Regras do que relevante ou irrelevante em um determinado lugar, dependendo da definio da situao Goffman estudou as maneiras como um indivduo preserva sua face em uma interao social, evitando problemas morais e ticos. 21. Harvey Sacks Foi responsvel pelos desdobramentos dos estudos de Goffman, analisando situaes rotineiras e suas sequencialidades. Demonstrou como, por exemplo, as revistas da mesa de caf de uma pessoa so rotineiramente vistas como destinadas a sugerir que ela intelectual ou algo que o valha. Responde, ainda, como o maior nome terico na Anlise da Conversa, visto que seus estudos possibilitaram o estabelecimento de conceitos essenciais para esta perspectiva de estudo da linguagem, como a sequencialidade da fala, seus turnos e os desdobramentos que essa sequencialidade projeta nos indivduos interagentes. 22. Estudos de organizaes possvel realizar pesquisa etnogrfica em esferas organizacionais, como universidades, escolas, quartis, internatos, empresas, etc. Possibilita entender, por exemplo, como hospitais mentais, assim como quartis, internatos ou prises, rompem os limites entre o trabalho, o lazer e o repouso atravs de estratgias para despojar as pessoas de suas identidades no-institucionais vestindo uniformes, chamando-os por um nmero ou apelido institucional, etc. Os dados contribuem para entender como as organizaes funcionam, como as pessoas reagem a determinados ambientes, mas no consegue responder como as pessoas constituem esses ambientes atravs de sua conversa (trabalho que foi, em seguida, assumido pela Etnometodologia e pela Anlise da Conversa). 23. Trs aspectos cruciais do trabalho etnogrfico e observacional: O foco do estudo incluindo tribos, subculturas, reino pblico, e organizaes As escolhas metodolgicas incluindo o acesso, a identidade, a definio de um problema de pesquisa, os mtodos de registro de dados, a observao, assim como a escuta, o desenvolvimento da anlise dos dados etnogrficos e o feedback aos participantes As questes tericas a natureza teoricamente derivada da anlise etnogrfica e as principais abordagens tericas contemporneas, incluindo teoria fundamentada, naturalismo e etnometodologia. 24. As questes e escolhas metodolgicas Ao fazer pesquisa etnogrfica, enfrentamos escolhas no planejamento e na execuo do estudo. Estas escolhas podem referir-se a: Definio de um problema de pesquisa Escolha de um local de pesquisa Obteno de acesso Descoberta de uma identidade Ver e escutar Registro das observaes Desenvolvimento da anlise dos dados de campo Uso da teoria fundamentada 25. Definio de um problema de pesquisa esperado que, em uma pesquisa etnogrfica, no se especifique inicialmente as definies e as hipteses que se pretende estudar, mas isso no significa deixar os primeiros estgios da observao totalmente desprovidos de orientao. O pesquisador deve elaborar alguma perspectiva ou, no mnimo, um conjunto de questes vitalizantes, evitando assim que a pesquisa seja fadada ao fracasso, visto que os fatos nunca falam por si mesmos. Assumir que a etnografia apenas o ato de sair a campo e induzir observaes equivocado. uma desculpa para a pesquisa negligente, no-focalizada. necessrio que o pesquisador desapegue-se do mundo fascinante do estudo do todo e focalize em um nico aspecto, que deve ser detalhado minuciosamente. Reduzir o escopo da pesquisa a tarefa mais crucial, deve-se fazer menos, com mais profundidade. 26. Escolha de um local de pesquisa Elaborado um tema de pesquisa, preciso decidir o melhor lugar para realizar o trabalho de campo. Por exemplo: voc quer estudar os padres de compras das pessoas que moram em subrbios. Voc vai estudar uma loja de departamento, um supermercado ou um shopping center inteiro? Est mais interessado nos compradores, nos vendedores ou em ambos? S se consegue escolher um local de pesquisa quando o tema est bem restringido, preciso e focalizado. Se voc no consegue decidir o local em que sua pesquisa deve ser conduzida, um sinal de que seu tema no est bem delimitado. 27. Obteno de acesso Existem dois tipos de locais de pesquisa: locais fechados, privados, onde o acesso controlado locais abertos, pblicos, onde o acesso livre, mas nem sempre livre de dificuldades Existem dois tipos de acesso: acesso velado, sem o conhecimento dos indivduos, que desencadeiam questes ticas acesso explcito, no qual informamos os indivduos e obtemos seu consentimento para a observao 28. Descoberta de uma identidade Em verdade, apenas com sua presena os observadores alteram a situao encontrada no ambiente. Existem caractersticas problemticas da identidade no trabalho de campo: Se todos aqueles que esto sendo estudados, ou alguns, ou nenhum deles, sabem que o pesquisador um pesquisador Quanto e o qu se sabe sobre o pesquisador, e quem sabe Em que tipos de atividades no campo o pesquisador est ou no envolvido e como isso o coloca em relao s vrias concepes das categorias e dos membros de grupo usadas pelos participantes Qual a orientao do pesquisador e at que ponto ele adota completa e conscientemente a orientao de pessoa de dentro ou de fora 29. Ver e escutar necessrio valorizar ambas as aes no processo de pesquisa etnogrfica. Quando observamos, tendemos a valorizar mais a um ou a outro instrumento de observao: ou damos mais valor para o que vemos, e ignoramos o que ouvimos, ou vice-versa. preciso, no entanto, ter ateno. Ambas as aes podem ser complementares, mas no so as nicas: anotaes de campo, gravaes, memria auditiva ou fotogrfica, entre outras formas de ver e escutar, so essenciais e complementam-se para a descrio do espao e das pessoas que nele agem. 30. Registro das observaes Mesmo que voc esteja usando tanto os olhos quanto os ouvidos, ainda ter que decidir como ir registrar os dados. O maior perigo que se corre querer registrar e analisar tudo o que se observa. Isso negligencia a natureza direcionada para a teoria da pesquisa de campo e impe uma carga impossvel quando voc tentar desenvolver uma anlise sistemtica num estgio posterior da pesquisa. preciso focar as anotaes naquilo que vai realmente ser til para o estudo: o que as pessoas esto fazendo? Como esto fazendo? Como elas caracterizam e entendem o que est acontecendo? Que suposies fazem? O que eu vejo que est acontecendo ali? O que eu aprendi com estas anotaes? Porque eu as conclu? Alm disso, se o gravador est fazendo seu trabalho com a fala, o pesquisador deve anotar outros aspectos relevantes para a anlise que no ficaro registrados nas gravaes. 31. Desenvolvimento da anlise dos dados de campo Um dos pontos fortes da pesquisa de observao sua capacidade para mudar o foco medida que novos dados interessantes tornam-se disponveis. Podemos no s encontrar o que procurvamos inicialmente demonstrar, como tambm descobrir novos caminhos que reorientam a pesquisa dentro de um escopo seguro de mudana de foco ou reorientao. 32. Uso da teoria fundamentada Existem, atualmente, alguns princpios metodolgicos profundos que orientam a pesquisa etnogrfica: Em meio a um campo, como voc decide codificar suas observaes? como voc pode desenvolver hipteses a partir de suas observaes? Como voc pode chegar a construir uma teoria? A teoria fundamentada buscou proporcionar respostas a essas perguntas e, por isso, tornou-se a mais influente abordagem metodolgica no trabalho etnogrfico. Ela estabelece que devemos gerar teoria atravs de dados, e no de hipteses, gerar amostragens e no generalizaes, entre outras (quadro 3.3, p. 96) 33. Trs aspectos cruciais do trabalho etnogrfico e observacional: O foco do estudo incluindo tribos, subculturas, reino pblico, e organizaes As escolhas metodolgicas incluindo o acesso, a identidade, a definio de um problema de pesquisa, os mtodos de registro de dados, a observao, assim como a escuta, o desenvolvimento da anlise dos dados etnogrficos e o feedback aos participantes As questes tericas a natureza teoricamente derivada da anlise etnogrfica e as principais abordagens tericas contemporneas, incluindo teoria fundamentada, naturalismo e etnometodologia. 34. O carter terico das observaes etnogrficas Nas pesquisas etnogrficas, O bom senso (e o senso comum) considerado complexo e sofisticado, em vez de ingnuo e mal orientado. As prticas sociais, mais do que as percepes, so o local onde o bom senso opera: o foco o que as pessoas esto fazendo, e no o que esto pensando. Os fenmenos so considerados entre aspas. Isso significa que procuramos entender como qualquer fenmeno localmente produzido por meio das atividades de determinadas pessoas em determinados lugares. 35. SILVERMAN, David. Etnografia e observao. In: Interpretao de dados qualitativos: mtodos para anlise de entrevistas, textos e interaes. Porto Alegre: Artmed, 2009. FLICK, Uwe. Observao e etnografia. In: Introduo pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. 36. As prticas s podem ser acessadas por meio da observao, uma vez que as entrevistas e as narrativas somente tornam acessveis os relatos das prticas e no as prprias prticas. A observao permite ao pesquisador descobrir como algo efetivamente funciona ou ocorre. Em comparao com essa alegao, as apresentaes em entrevistas compreendem uma mistura de como algo e de como deveria ser, a qual ainda precisa ser desvendada. 37. Observao no-participante Alm das competncias da fala e da escuta, utilizadas nas entrevistas, a observao outra habilidade cotidiana metodologicamente sistematizada e aplicada na pesquisa qualitativa. Envolvem: audio, viso, percepo, olfato. Os procedimentos observacionais podem ser classificados em cinco dimenses, que podem ser diferenciadas por meio das seguintes perguntas: 38. Dimenses dos procedimentos observacionais Observao secreta vs. Observao pblica: at que ponto a observao revelada queles que so observados? Observao participante vs. Observao no-participante: at que ponto o observador precisa tornar-se um componente ativo do campo observado? Observao sistemtica vs. Observao no-sistemtica: ocorre a aplicao de um esquema de observao mais ou menos padronizado ou a observao permanece flexvel e responsiva aos prprios processos? Observao em situaes naturais vs. Observao em situaes artificiais: as observaes so feitas no campo de interesse, ou as interaes so deslocadas para um local especial (por exemplo, um laboratrio)? Auto-observao vs. Observao do outro: na maioria das vezes, so as outras pessoas que so observadas e, dessa forma, quanta ateno destinada auto-observao reflexiva do pesquisador para embasar ainda mais a interpretao do que observado? 39. Observao participante Observao no- participante Sofre interferncia da presena do observador > pode se tornar artificial No sofre interferncia da presena do observador > preserva sua naturalidade O comportamento e a interao, na observao no-participante, prosseguem da mesma forma como prosseguiriam sem a presena de um pesquisador, sem a interrupo da intruso. 40. OBSERVAO NO-PARTICIPANTE O observador completo mantm distncia dos eventos observados a fim de evitar influenci-los, e pode fazer isso atravs da observao por vdeo, por exemplo. Nesse contexto aplica-se a observao secreta, na qual as pessoas no so informadas de que so observadas, um procedimento eticamente contestvel. No entanto, isso feito em locais pblicos com muita frequncia. 41. Quais so as fases da observao? Seleo de um ambiente (onde e quando os procedimentos e as pessoas podem ser observados) Definio do que deve ser documentado na observao e em cada passo Treinamento dos observadores a fim de padronizar esses focos Observaes descritivas que forneam uma apresentao inicial e geral do campo observado Observaes focais que se concentrem nos aspectos relevantes questo de pesquisa Observaes seletivas cuja finalidade seja a compreenso intencional dos aspectos centrais O fim da observao quando se atinge a saturao terica, ou seja, quando outras observaes j no trouxerem nenhum conhecimento adicional 42. Quais os problemas na conduo do mtodo? A dificuldade est em definir um papel que seja desempenhado pelo observador (identidade): Quanto mais pblico e desestruturado for o campo, mais fcil assumir um papel que no seja percebido e que no influencie Quanto maior a facilidade para se supervisionar um campo, maior ser a dificuldade para se participar deste sem se tornar um membro 43. Qual a contribuio para a discusso metodolgica geral? Triangular observaes com outras fontes de dados e empregar diferentes observadores intensificam a expressividade dos dados reunidos. As diferenas de gnero: as possibilidades de acesso a mulheres so mais restritas em comparao com os homens, devido a riscos especficos. As percepes femininas sobre esses riscos so muito mais refinadas, fazendo com que elas observem de maneira diferente e notem coisas diferentes. 44. Como o mtodo se ajusta no processo de pesquisa? O objetivo (ao menos, de modo geral) testar conceitos tericos para determinados fenmenos com base em sua ocorrncia e distribuio. As questes de pesquisa visam as descries da situao de determinadas esferas da vida cotidiana. A situao de situaes e de pessoas ocorre sistematicamente, de acordo com os critrios para a obteno de amostra representativa e, ento, com a aplicao da amostragem aleatria. As anlises de dados baseiam-se em contar a incidncia de atividades especficas por meio da utilizao de processos de categorizao. 45. Quais as limitaes do mtodo? De modo geral, essa observao externa. Por isso, deve ser aplicada principalmente na observao de espaos pblicos, nos quais o nmero de membros no pode ser limitado ou definido. uma tentativa de observar eventos que ocorrem naturalmente. Por isso, resta a dvida de at que ponto esse objetivo pode ser consumado, uma vez que, seja como for, o ato da observao influencia o observado. um mtodo de pesquisa no qual os observados no so informados sobre a observao. Por isso, o procedimento altamente carregado de complicaes ticas que devem ser levadas em considerao. A distncia do observador para o observado compromete a anlise dos dados e a avaliao das interpretaes. Por isso, acredita-se que uma estratgia mais associada a uma pesquisa quantitativa e padronizada. 46. OBSERVAO PARTICIPANTE a forma mais utilizada de pesquisa qualitativa. Combina, simultaneamente, a observao de campo com a anlise de documentos, com a entrevista e com a participao direta do observador. O pesquisador mergulha de cabea no campo, que observar de uma perspectiva de membro e, por isso mesmo, vai influenciar o que observado. 47. Quais so as fases da observao participante? Observao descritiva: no incio, serve para fornecer ao pesquisador uma orientao para o campo de estudo. Fornece observaes no- especficas, usadas para apreender a complexidade do campo e para desenvolver questes de pesquisa Observao focalizada: restringe a perspectiva do observador queles processos e problemas que forem mais essenciais para a questo de pesquisa Observao seletiva: ocorre na fase final e concentra-se em encontrar mais indcios e exemplos para os tipos de prticas e processos descobertos na etapa anterior 48. Quais so os problemas na conduo do mtodo? Como delimitar ou selecionar as situaes observacionais nas quais o problema em estudo torne-se realmente visvel? As situaes sociais podem ser descritas ao longo de nove dimenses: Espao (local ou locais fsicos) Ator (pessoas envolvidas) Atividade (atos realizados pelas pessoas) Objeto (coisas fsicas que esto presentes) Ato (aes individuais realizadas pelas pessoas) Evento (conjunto de atividades relacionadas e executadas por elas) Tempo (sequenciamento que acontece) Objetivo (coisas que as pessoas tentam alcanar) Sentimento (emoes sentidas e manifestadas) 49. tornar-se um nativo Obter uma perspectiva interna sobre o campo estudado, ao mesmo tempo em que sistematiza o status de estranho no campo. Apenas com essa sistematizao possvel perceber o particular naquilo que for cotidiano e rotineiro no campo. O procedimento de tornar-se um nativo discutido como uma falha do pesquisador: como tornar-se nativo e no deixar de ser cientfico? 50. Quais as limitaes do mtodo? Nem todos os fenmenos podem ser observados nas situaes Eventos e prticas que ocorrem raramente contam com a sorte para serem observados Complicaes relativas ao nativo: participar como membro e analisar como cientista, ao mesmo tempo 51. SILVERMAN, David. Etnografia e observao. In: Interpretao de dados qualitativos: mtodos para anlise de entrevistas, textos e interaes. Porto Alegre: Artmed, 2009. FLICK, Uwe. Observao e etnografia. In: Introduo pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.