42
Programa de Pós-Graduação em Química de Produtos Naturais Projeto de Pesquisa para Exame de Qualificação Composição química e atividade inseticida dos óleos voláteis das folhas de Eucalyptus spp. utilizadas pela população de Luz-MG no combate à dengue ALDA ERNESTINA DOS SANTOS RIO DE JANEIRO – RJ Outubro – 2014 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais

Exame de qualificação - Doutorado em Química de Produtos Naturais

Embed Size (px)

Citation preview

Programa de Pós-Graduação em Química de Produtos Naturais

Projeto de Pesquisa para Exame de Qualificação

Composição química e atividade inseticida dos óleos voláteis das

folhas de Eucalyptus spp. utilizadas pela população de Luz-MG no

combate à dengue

ALDA ERNESTINA DOS SANTOS

RIO DE JANEIRO – RJ

Outubro – 2014

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências da Saúde

Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais

Alda Ernestina dos Santos

Composição química e atividade inseticida dos óleos voláteis das

folhas de Eucalyptus spp. utilizadas pela população de Luz-MG no

combate à Dengue

Projeto de pesquisa para exame de

qualificação apresentado ao Instituto de

Pesquisas de Produtos Naturais da

Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, como requisito parcial à obtenção

do título de Doutor em Ciências.

Rio de Janeiro – RJ

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 1

1.1 - Óleos voláteis.................................................................................................................... 1

1.1.1 - Definição, características e fontes de obtenção ..................................................... 1

1.1.2 - Composição química................................................................................................ 2

1.1.3 - Monoterpenos........................................................................................................... 3

1.1.4 - Sesquiterpenos.......................................................................................................... 5

1.1.5 - Atividade sobre insetos ............................................................................................ 6

1.1.6 - Importância comercial ............................................................................................ 8

1.2 - O gênero Eucalyptus ........................................................................................................ 9

1.2.1 - Características, ocorrência e importância econômica.......................................... 9

1.2.2 - Óleos voláteis de Eucalyptus ................................................................................. 10

1.2.2.1 - Composição química...................................................................................... 10

1.2.2.2 - Atividade inseticida e repelente .................................................................... 14

1.2.2.3 - Atividade sobre Aedes aegypti ....................................................................... 15

1.3 - Dengue ............................................................................................................................ 17

1.4 - Área de coleta de Eucalyptus spp.................................................................................. 18

2 - JUSTIFICATIVA.............................................................................................................. 21

3 - OBJETIVOS ..................................................................................................................... 22

4 - METODOLOGIA ............................................................................................................ 23

4.1 - Coleta, identificação botânica e herborização............................................................. 23

4.2 - Secagem das folhas, extração e tratamento dos óleos voláteis .................................. 23

4.3 - Análises por CG-EM...................................................................................................... 24

4.4 - Determinação das propriedades físico-químicas dos óleos voláteis .......................... 24

4.5 - Avaliação da atividade inseticida sobre Aedes aegypti ................................................ 25

5 - ORÇAMENTO DO PROJETO....................................................................................... 29

6 - CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO..................................................... 30

7 - RESULTADOS ESPERADOS E PERSPECTIVAS ...................................................... 31

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 32

1 – INTRODUÇÃO

1.1 - Óleos voláteis

1.1.1 - Definição, características e fontes de obtenção

Os óleos voláteis também conhecidos por óleos essenciais consistem de uma

mistura complexa de compostos voláteis, produzidos como metabólitos secundários por

plantas aromáticas, onde atuam no mecanismo de defesa, protegendo a planta do ataque

por predadores e microorganismos patogênicos, bem como na atração de polinizadores

(BAKKALI et al., 2008).

A norma 9235.2 da International Standards Organization (ISO) define óleo

volátil como: "produto obtido a partir de matéria prima vegetal por hidrodestilação ou

destilação por arraste a vapor; ou a partir do epicarpo de espécies de Citrus por processo

mecânico ou destilação a seco", neste caso, devido à instabilidade térmica de seus

componentes (SCHMIDT, 2010).

Os óleos voláteis são geralmente produzidos por estruturas secretoras

especializadas, que podem estar presentes em órgãos específicos como por exemplo nas

flores de rosa e magnólia, sementes de noz-moscada, folhas de eucalipto, cascas da

laranja, raízes do gengibre e madeira da canela; ou em toda a planta (VITTI & BRITO,

2003).

Embora encontrados em outras espécies, a produção e acúmulo de óleos voláteis

é característica de espécies pertencentes às famílias Cupressaceae, Pinaceae, Apiaceae,

Asteraceae, Lamiaceae, Poaceae, Myrtaceae e Zingiberaceae, onde ocorrem geralmente

como líquidos voláteis, lipossolúveis, incolores e menos densos que a água (FRANZ &

NOVAK, 2010).

A produção e o acúmulo de óleos voláteis é influenciada por fatores diversos

como variabilidade genética, variáveis climáticas (temperatura, índice pluviométrico,

fotoperíodo, sazonalidade, altitude) e também pela fase de desenvolvimento do vegetal.

De forma que variações na composição química desses óleos durante o

desenvolvimento do vegetal, bem como ao longo do dia são comumente observadas

para diversas espécies vegetais (SCHMIDT, 2010).

1.1.2 - Composição química

Embora sejam conhecidos e utilizados desde a antiguidade principalmente pelos

egípcios, persas, chineses e indianos, as primeiras investigações sobre a composição

química dos óleos voláteis foram conduzidas pelo químico francês Jean-Baptiste

Dumas, que publicou seus resultados em 1833. Entretanto, os principais estudos foram

conduzidos por Otto Wallach, assistente do químico alemão Kekulé. Estudos que dentre

outros revelaram a presença de hidrocarbonetos com a fórmula C10H16, substâncias as

quais Kekulé chamou de terpenos devido a sua ocorrência no óleo de terebentina.

Estudos posteriores explorando a química dos terpenos rendeu a Wallach o prêmio

Nobel de Química de 1910, em reconhecimento a sua contribuição à pesquisa desses

compostos orgânicos (KUBECZA, 2010).

Hoje se sabe que os óleos voláteis ocorrem como misturas complexas contendo

geralmente cerca de 20-60 componentes diferentes, dos quais dois ou mais apresentam-

se como majoritários (20-70% de abundância), enquanto os demais ocorrem em

quantidades traços. Embora estejam presentes compostos como álcoois simples,

cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos, ésteres, dentre outros, a maior parte dos

componentes dos óleos voláteis consiste de terpenos e compostos aromáticos

(BAKKALI et al., 2008).

É impossível se falar de óleos voláteis sem destacar a importância dos terpenos,

especialmente mono e sesquiterpenos que são de longe os componentes mais

abundantes nestes óleos (ADAMS, 2007).

Os terpenos compreendem um extenso grupo de substâncias cuja biossíntese

envolve as vias do mevalonato e deoxixilulose fosfato, sendo derivados de unidades de

isopreno (C5) e de acordo com o número de unidades isoprênicas presentes são

classificados em hemiterpenos (C5), monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15),

diterpenos (C20), sesterterpenos (C25), triterpenos (C30) ou esteroides e tetraterpenos

(C40) ou carotenoides (SELL, 2010).

Dimetilalil pirofosfato (DMAPP) (1) (Figura 1) e isopentenil pirofosfato (IPP)

(2) são os principais intermediários envolvidos na biossíntese dos terpenos e através de

acoplamentos do tipo "cabeça-cauda" originam o pirofosfato de geranila (GPP) (3),

pirofosfato de farnesila (FPP) (4), pirofosfato de geranil-geranila (GGPP) (5), esqualeno

(6) e fitoeno (7), precursores dos mono, sesqui, di, sester, tri e tetraterpenos,

respectivamente (DEWICK, 2002).

FIGURA 1: Principais classes de terpenos e suas unidades precursoras.

1.1.3 - Monoterpenos

Os monoterpenos compreendem cerca de 90% dos constituintes dos óleos

voláteis e apresentam uma grande variedade estrutural, ocorrendo principalmente sob a

forma de terpenoides como álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, éteres e fenóis,

(BAKALLI et al., 2008).

O pirofosfato de geranila (GPP) (8) (Figura 2) é o precursor dos monoterpenos e

conforme a configuração da ligação dupla e posição do grupo pirofosfato ocorre

também como os isômeros pirofosfato de nerila (NPP) (9) e pirofosfato de linalila (LPP)

(10). Esses três por sua vez, através de reações enzimáticas diversas dão origem aos

mais variados tipos de monoterpenos (DEWICK, 2002).

Observando-se a estrutura do GPP percebe-se que sua estereoquímica não

favorece a ciclização, desta forma para este precursor são esperados apenas

monoterpenos acíclicos, como por exemplo, o geranial (11) e geraniol (12), que podem

sofrer redução e produzir citronelal (13) e citronelol (14), respectivamente. Por sua vez,

para NPP e LPP são esperados monoterpenos tanto monocíclicos como o α-felandreno

(15) e o mentol (16), como também bicíclicos como a fenchona (17) e a cânfora (18)

OPP OPP

OPP Monoterpenos

IPP

OPP Sesquiterpenos

IPP

OPP Diterpenos

IPP

IPP

Tetra terpenos

1 21

31

43

53

Triterpenos

63

73

(DEWICK, 2002).

FIGURA 2: Exemplos de monoterpenos e seus precursores.

Vale ressaltar que muitos monoterpenos são opticamente ativos e por isso

ocorrem como enantiômeros, podendo ser encontrados na mesma espécie, como no caso

dos enantiômeros (R)-limoneno (19) (Figura 3) e (S)-limoneno (20) encontrados no óleo

das folhas de Mentha x piperita. Ou em espécies diferentes, como no caso da carvona,

onde os enantiômeros (S)-carvona (21) e (R)-carvona (22) são encontrados isoladamente

nos óleos das sementes de cominho e das folhas de hortelã (Mentha spicata),

respectivamente (DEWICK, 2002).

FIGURA 3: Estrutura dos enantiômeros (S) e (R) dos monoterpenos limoneno e

carvona.

OPP

OPP

O OH

O

OH

OOOH

OPP

8 9 10

11 12

13 14

15 16

17 18

19

O

20 21 O

22

1.1.4 - Sesquiterpenos

Os sesquiterpenos são derivados do pirofosfato de farnesila (FPP) e apresentam

15 átomos de carbono. A extensão da cadeia carbônica, bem como a insaturação

adicional, quando comparado ao GPP, torna possível diferentes modos de ciclização

para o FPP, dos quais resultam sesquiterpenos mono, bi e tri-cíclicos, como o α-

bisaboleno (23) (Figura 4), α-cadineno (24) e o α-gurjuneno (25), respectivamente

(DEWICK, 2002).

FIGURA 4: Exemplos de sesquiterpenos mono, bi e tri-cíclicos.

β-cariofileno (26) (Figura 5) e α-humuleno (27) estão entre os sesquiterpenos

mais encontrados na natureza, cujas principais fontes são os óleos de cravo e lúpulo,

respectivamente. Sesquiterpenos como a α-vetivona (28) e o álcool de patchuli (29),

por sua vez são menos comuns. Entretanto, são importantes componentes de óleos

essenciais de interesse para a perfumaria, como os óleos de vetiver e patchuli,

respectivamente (SELL, 2010).

FIGURA 5: Estrutura dos sesquiterpenos β-cariofileno, α-humuleno, α-vetivona e

álcool de patchuli.

23 24 25

O

OH

26 27 28 29

1.1.5 - Atividade sobre insetos

Diversas atividades biológicas são atribuídas aos óleos voláteis, dentre elas,

adstringente, antidepressiva, analgésica, antiviral, bactericida, fungicida, dentre outras.

Entretanto, os óleos voláteis são reconhecidos principalmente por suas atividades

inseticida e repelente (KNAAK & FIUZA, 2010).

Considerando-se que diversas doenças são transmitidas por insetos, grandes são

os esforços na busca por substâncias naturais com potenciais inseticida e/ou repelente

em alternativa aos sintéticos de uso difundido (DE PAULA et al., 2004).

Embora a descoberta de repelentes sintéticos tenha tornado o controle de insetos

mais prático e eficiente, devido aos riscos ambientais e à saúde humana causados por

determinados repelentes os olhares têm se voltado para produtos de origem natural, em

especial óleos voláteis obtidos de diferentes espécies vegetais (REHMAN et al., 2014).

Os vegetais representam uma excelente fonte de metabólitos secundários com

propriedades inseticida e repelente e desta forma são utilizados historicamente para

exterminar ou repelir insetos (MACIEL et al., 2010).

Desta forma estudos avaliando as atividades inseticida e repelente de produtos

naturais têm aumentado significativamente, principalmente sobre espécies dos gêneros

Aedes, Anopheles e Culex, já que estão relacionadas à transmissão de doenças

importantes como: febre amarela, dengue e malária (NERIO et al., 2010).

Embora a atividade inseticida possa ser determinada em diferentes fases do

desenvolvimento do inseto, a atividade larvicida é de longe a mais comumente avaliada,

e envolve a determinação do potencial larvicida de extratos, óleos voláteis e/ou

substâncias puras (SANTOS et al., 2011).

Estudos como o de Mendonça et al., (2005) que avaliaram a atividade larvicida

de extratos e óleos voláteis de 17 plantas brasileiras sobre larvas de Aedes aegypti,

verificando elevado potencial larvicida para seis deles, sendo cinco deles óleos voláteis,

dentre os quais Anacardium occidentalis e Copaifera langsdorffii foram os mais ativos,

com valores de LC50 de 14,5 µg/mL e 21 µg/mL, respectivamente.

Por apresentarem alta volatilidade os óleos voláteis e seus principais

componentes têm sido avaliados também como repelente em estudos diversos, sendo

observada em alguns casos atividade comparável à apresentada por repelentes sintéticos

(GEORGE et al., 2014).

Desta forma o uso de óleos voláteis como repelente já é mais que consolidado e

permanece ao longo do tempo. Um bom exemplo trata-se do óleo de citronela que foi

descoberto em 1901 e até a década de 40 foi o repelente mais utilizado, principalmente

no controle de pulgas e piolhos. Entretanto, perdeu força no mercado devido ao curto

período de ação, que varia geralmente entre 20 a 30 minutos. Sendo posteriormente

substituído por óleos que promovem ação mais prolongada como no caso de

Eucalyptus citriodora utilizado como princípio ativo em repelentes como o Repel, cujo

período de ação varia entre 4 e 7 horas (KATZ et al., 2008).

A atividade repelente dos óleos essenciais é tão relevante que óleos voláteis

comuns como o de citronela, limão e eucalipto têm sido registrados pela US

Environmental Protection Agency como repelentes de uso tópico, devido à alta eficácia

e baixa toxicidade (GEORGE et al., 2014).

Uma das vantagens dos óleos voláteis é que seu uso prolongado geralmente não

induz à resistência, pelo simples fato de atuarem sobre alvos diversos. Ao contrário dos

inseticidas sintéticos, cujo uso prolongado além da indução da resistência está em

muitos dos casos associado ao surgimento de novas pragas e de desequilíbrios

ecológicos (KNAAK & FIUZA, 2010).

Uma das desvantagens do uso de óleos voláteis como repelentes é que alguns

óleos por apresentarem alta volatilidade têm sua atividade repelente reduzida, em

especial sobre espécies de mosquitos, onde geralmente atuam sob a fase de vapor. Para

prolongar a ação destes óleos são desenvolvidas formulações baseadas em cremes,

misturas de polímeros ou microcápsulas. É comum ainda a adição de fixadores como

parafina líquida, óleo de coco, bem como vanilina que é o fixador mais utilizado para

prolongar o período de ação de óleos voláteis (NERIO et al., 2010).

Os óleos voláteis são promissores como inseticidas e/ou repelentes. Entretanto,

seus mecanismos de ação não estão ainda bem estabelecidos. Devido a alta diversidade

química, estudos apontam que os mesmos atuam como pesticidas por diferentes

mecanismos, tais como: mortalidade, deterrência, repelência ou inibição do

desenvolvimento dos insetos (RATTAN, 2010).

Uma importante consideração deve ser feita, por consistirem de uma mistura de

compostos diversos, jamais se deve descartar a possibilidade de ocorrência de

sinergismo entre os componentes dos óleos voláteis, bem como a possibilidade de

compostos minoritários modularem a atividade do(s) componente(s) responsável (eis)

pela atividade observada. Tais particularidades dificultam ainda mais o estabelecimento

dos mecanismos de ação pelos quais atuam os óleos voláteis (BAKKALI et al., 2008).

1.1.6 - Importância comercial

Os óleos voláteis devido as suas propriedades aromatizante, flavorizante e

terapêutica são de grande interesse para a perfumaria e as indústrias farmacêutica e

alimentícias, respectivamente, demandando produção em escala de toneladas e

movimentando bilhões de dólares todos os anos. No ano de 2008 o Brasil atingiu a

marca de maior produtor mundial de óleos voláteis (Figura 6) seguido por Índia e EUA

(SCHMIDT, 2010).

FIGURA 6: Produção mundial de óleos voláteis em 2008. Fonte: Schmidt, 2010.

O Brasil aparece como 3° maior exportador mundial de óleos voláteis, atrás

apenas de França e EUA. Entretanto a maior parte da exportação brasileira atual

consiste de óleos voláteis de cítricos, principalmente de laranja e limão, que são

subprodutos da indústria de sucos, e de menor valor comercial. Entretanto, no passado

exportávamos óleos de maior valor comercial como pau-rosa, menta e sassafrás,

atualmente nosso país ocupa a condição de importador destes dois últimos óleos

(BIZZO et al., 2009).

Segundo relatório enviado ao BNDES os mercados nacionais de "Aromas e

Sabores" e de "Fragrâncias" aos quais os óleos voláteis estão diretamente relacionados,

movimentaram juntos em 2012 cerca de 1,2 bilhão de dólares, sendo o óleo de laranja o

responsável por 79% (30 mil toneladas) das exportações, movimentando sozinho 125

milhões de dólares. Há entretanto uma discrepância entre os valores de exportação e

importação, já que o Brasil enquanto exporta óleo de laranja de baixo valor comercial

(média de US$4,1/Kg em 2012), importa óleos de alto valor comercial como o óleo de

menta japonesa (média de US$31,2/Kg em 2012), responsável por 14% das

importações, o que provoca grandes oscilações na balança comercial (BAIN &

COMPANY, 2014).

1.2 - O gênero Eucalyptus

1.2.1 - Características, ocorrência e importância econômica

Eucalyptus é nativo da Austrália e o principal gênero da família Myrtaceae,

abrangendo cerca de 700 espécies. Embora a maioria das espécies de Eucalyptus seja

nativa da Austrália e Tasmânia, devido ao interesse econômico e a fácil adaptação

climática, espécies diversas têm sido introduzidas em diferentes países, tornando

Eucalyptus um dos gêneros mais cultivados no mundo, principalmente como fonte de

madeira e óleos voláteis (BATISH et al., 2008; ZRIRA et al., 2004).

O nome Eucalyptus deriva do Grego (eu, "bem" + kalyptós, "coberto"),

referindo-se à estrutura globular arredondada de seu fruto, que protege bem as sementes

e esconde o botão floral em seu interior. As espécies de Eucalyptus ocorrem como

árvores de grande porte e apresentam odor característico, devido aos óleos voláteis

exalados por suas folhas (CHENG et al., 2009).

A madeira de Eucalyptus spp. encontra aplicações variadas, sendo utilizada na

construção civil, marcenaria, indústria do papel, bem como biomassa para produção de

energia. As folhas por sua vez representam uma excelente fonte de óleos voláteis de

grande interesse para as indústrias farmacêutica, alimentícia e da perfumaria

(FIGUEIREDO et al., 2013).

No Brasil, espécies de Eucalyptus foram introduzidas visando seu cultivo

primariamente como fonte de matéria prima para a indústria de celulose, a produção de

carvão e a obtenção de óleos voláteis, esta última, por sua vez é a atividade mais

lucrativa. Somente no período de 2005-2008 as exportações brasileiras de óleos voláteis

de Eucalyptus spp. somaram US$ 9,6 milhões, sendo a União Européia o maior

importador do nosso produto (BIZZO et al., 2009).

As espécies de Eucalyptus mais cultivadas para obtenção de óleos voláteis no

Brasil são E. globulus, E. citriodora e E. staigeriana, que produzem óleo rico em 1,8-

cineol. E. globulus foi a espécie pioneira, introduzida em 1855 visando primariamente a

produção de madeira, mas somente em 1903 grandes populações foram difundidas. Já a

extração do óleo volátil de suas folhas iniciou-se durante a 2ª guerra mundial, onde a

importação deste tipo de óleo era impraticável (VITTI & BRITO, 2003).

1.2.2 - Óleos voláteis de Eucalyptus

1.2.2.1 - Composição química

Em Eucalyptus spp. além das folhas os óleos voláteis podem ser encontrados nas

cascas, brotos e frutos. Entretanto, o óleo mais comum e de maior valor comercial, é

obtido das folhas e apresenta elevado teor de terpenos (ZRIRA et al., 2004).

Devido à importância econômica e medicinal dos óleos voláteis de Eucalyptus

spp. diversos são os estudos avaliando sua composição química. No entanto, das

aproximadamente 700 espécies de Eucalyptus já descritas, cerca de apenas 200 foram

avaliadas quanto à produção e ao teor de óleos voláteis. Estudos que em geral revelam a

predominância de mono e sesquiterpenos (DORAN, 1991).

Os óleos voláteis das folhas de Eucalyptus spp. são constituídos por uma mistura

complexa de cerca de 50-100 ou até mais componentes, principalmente terpenos,

álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos e ésteres. Embora os terpenos sejam geralmente os

componentes principais, a composição bem como a proporção dos constituintes do óleo

varia de acordo com cada espécie (BROOKER & KLEINIG, 2006).

Dentre os principais componentes dos óleos voláteis de Eucalyptus spp. o

monoterpeno 1,8-cineol (30) (Figura 7) merece destaque, já que ocorre como

componente majoritário da maior parte das espécies já estudadas. Conforme apontado

por Zrira et al., (2004) que avaliaram a composição química dos óleos voláteis de nove

espécies de Eucalyptus cultivadas no Marrocos e observaram o 1,8-cineol como

componente majoritário de todas elas, sugerindo tais espécies como excelentes fontes de

óleos de alto valor comercial.

Além do 1,8-cineol monoterpenos como o β-ocimeno (31), α-pineno (32) e β-

pineno (33) são também bastante comuns, ocorrendo como componente majoritário dos

óleos voláteis de espécies como E. curtissi, E. rubiginosa e E. tenuipes respectivamente

(BROPHY et al., 1999). Outros exemplos são (R)-limoneno (19), α-thujeno (34) e

citronelal (13), componentes majoritários dos óleos voláteis de E. staigeriana, E. alba e

E. citriodora respectivamente (RIBEIRO et al., 2013; OYEDEJI et al., 1999; MACIEL

et al., 2010).

FIGURA 7: Monoterpenos comumente observados como componente majoritário dos

óleos voláteis de Eucalyptus spp.

Na tabela 1 são apresentados alguns exemplos de terpenos majoritários

observados nos óleos voláteis de Eucalyptus spp. coletadas em regiões variadas.

TABELA 1: Compostos majoritários observados em Eucalyptus spp. coletadas em regiões diversas.

Espécie Composto (%) País da coleta Referência E. camaldulensis α-pineno 22.52 Taiwan Cheng et al., (2009)

E. tenuipes β-pineno 31.0 Austrália Brophy et al., (2009) E.cinerea 1,8-cineol 87.8 Marrocos Zrira et al., (2004) E. alba α-tujeno 32.9 Nigéria Oyedeji et al., (1999)

E. camaldulensis p-cimeno 28.6 Montenegro Grbovic et al., (2010) E. staigeriana (+) - limoneno 72.9 Brasil Ribeiro et al., (2013) E. citriodora 1,8-cineol 54.0 Tunísia Elaissi et al., (2011) E. globulus 1,8-cineol 89.9 Brasil Vilela et al., (2009)

E. camaldulensis 1,8-cineol 69.5 Irã Medhi et al., (2010) E. saligna α-pineno 39.5 Camarões Tapondjou et al., (2005)

Por sua vez monoterpenos como o timol (35) (Figura 8), mirceno (36),

terpinoleno (37), α-terpineol (38), linalol (39) e pinocarvona (40), embora bastante

comuns, ocorrem geralmente como componentes minoritários dos óleos voláteis de

Eucalyptus spp. dentre elas E. smithii, E. camaldulensis e E. alba, respectivamente

(ZRIRA et al., 2004; CHENG et al., 2009; OYEDEJI et al., 1999).

O

30 31

32 33

34

FIGURA 8: Exemplos de monoterpenos encontrados como componentes minoritários

nos óleos voláteis de Eucalyptus spp.

Com relação aos sesquiterpenos, globulol (41) (Figura 9), β-cariofileno (42),

aromadendreno (43) e espatulenol (44) são seus representantes mais comuns e ocorrem

como componentes minoritários em espécies como E. camaldulensis, E. rubiginosa, E.

curtisii e E. alba, respectivamente, (CHENG et al., 2009; BROPHY et al., 1999;

OYEDEJI et al.; 1999).

Os componentes majoritários dos óleos voláteis de Eucalyptus spp. são via de

regra monoterpenos. Há entretanto espécies cuja composição química foge do habitual e

apresentam sesquiterpenos como componentes majoritários, a exemplo de E. varia e E.

deglupta que apresentam como componente majoritário os sesquiterpenos germacreno

D (45) e trans-nerolidol (46), respectivamente (BROPHY et al., 1999; OYEDEJI et al.,

1999).

OH

OH

OHO

35 36 37

38 39 40

FIGURA 9: Sesquiterpenos comumente encontrados nos óleos voláteis de Eucalyptus

spp.

Segundo Bizzo et al.; (2009) e Vitti & Brito (2003) quanto ao uso, os óleos

voláteis de Eucalyptus spp. são divididos em três tipos principais: medicinais,

industriais e para a perfumaria.

óleos medicinais - apresentam como componente majoritário o 1,8-cineol (mínimo de

70%) e são destinados à fabricação de produtos farmacêuticos, como inalantes,

estimulantes da secreção nasal, produtos para higiene bucal ou como aromatizante e

flavorizante de medicamentos diversos. E. dumosa, E. camaldulensis, E. sideroxylon, E.

globulus estão entre as principais fontes de obtenção deste tipo de óleo, sendo que no

Brasil E. globulus é de longe a espécie mais cultivada para este fim.

óleos industriais - apresentam como componente principal o felandreno ou a

piperitona. O felandreno é usado como solvente e matéria prima de desinfetantes, a

piperitona, por sua vez, é utilizada como base para a obtenção de timol e mentol, que

apresentam utilidades diversas. São fontes deste tipo de óleo: E.dives, E. elata, E.

radiata, dentre outras.

óleos para a perfumaria - apresentam como componente majoritário geralmente citral

ou citronelal, são utilizados como essências na fabricação de produtos diversos como

sabões, desinfetantes, velas aromáticas, dentre outros. São obtidos principalmente de E.

citriodora, E. macarthurii e E. staigeriana.

OH

OH

OH

41 42 43

44 45 46

1.2.2.2 - Atividade inseticida e repelente

Aos óleos voláteis de Eucalyptus spp. são atribuídas atividades diversas, dentre

elas as atividades antibacteriana, antifúngica e anti-séptica, que são bem descritas na

literatura e conhecidas há centenas de anos (BROOKER & KLEINIG, 2006).

Entretanto, tais óleos são mais reconhecidos por seu potencial pesticida, atuando

principalmente sobre insetos, como inseticidas ou repelentes. A potencialidade como

pesticida, somada à baixa toxicidade para mamíferos e facilidade de obtenção fazem

com que os óleos voláteis de Eucalyptus spp. sejam os mais utilizados no controle de

pragas diversas (BATISH et al., 2008).

Vários estudos demonstram o potencial dos óleos voláteis de Eucalyptus spp. no

controle de insetos, desde simples invasores como a baratinha germânica (Blatella

germanica) à espécies de Aedes, Anopheles e Culex vetores de importantes doenças

como a dengue, malária e filariose, respectivamente (ALZOGARAY et al., 2011;

NERIO et al., 2010).

Na tabela 2 são apresentados alguns exemplos de estudos avaliando a atividade

de óleos voláteis de Eucalyptus spp. sobre espécies variadas de insetos.

TABELA 2: Atividade de Eucalyptus spp. sobre diferentes espécies de insetos.

Embora os óleos voláteis de Eucalyptus spp. possam atuar sobre as diferentes

fases de desenvolvimento dos insetos, observa-se que a maior parte dos estudos se atém

à avaliação da atividade sobre uma única fase, sendo bastantes escassos estudos como o

de Yang et al., (2004) que demonstraram a atividade de Eucalyptus globulus sobre as

fases adulta, larval e de pupa de Pediculus humanus capitis, o piolho humano,

apresentando maior atividade que a delta-fenotrina e a piretrina, potentes inseticidas.

Espécie Atividade avalidada

Espécie alvo Referência

E. camaldulensis Adulticida Ectomyelois ceratoniae Jemâa et al., (2013) E. elata Repelente Tetranychus urticae Roh et al., (2013)

E. citriodora Repelente Aedes aegypti Sritabutra & Soonwera (2013) E. camaldulensis Larvicida Anopheles stephensi Medhi et al., (2010)

E. globulus Pupicida Musca domestica Kumar et al., (2012) E. grandis Fumigante Aedes aegypti Lucia et al., (2009) E. globulus Ovicida Pediculus humanus Yang et al., (2004) E. dunnii Ninficida Blattella germanica Alzogaray et al., (2011)

E. globulus Larvicida Aedes aegypti Manimaran et al., (2013)

1.2.2.3 - Atividade sobre Aedes aegypti

No controle de A. aegypti os inseticidas mais comumente utilizados são o

temefós, usado como larvicida no tratamento focal e os piretróides usados para controlar

o mosquito na fase adulta, em casos de epidemia (LUCIA et al., 2013).

Considerando-se o potencial inseticida dos óleos voláteis de Eucalyptus spp. e

Aedes aegypti como principal vetor da dengue, são bastante comuns estudos avaliando a

atividade de Eucalyptus spp. sobre esta espécie. Dentre as atividades mais avaliadas

destacam-se as atividades larvicida, adulticida e repelente (MACIEL et al., 2010).

Estudos como o de Lucia et al., (2007) que avaliaram a atividade larvicida do

óleo volátil das folhas de E. grandis, bem como dos terpenos 1,8-cineol, α-pineno e β-

pineno, seus componentes principais, sobre larvas de Aedes aegypti de 3° e 4° estádio.

Todas as amostras apresentaram atividade larvicida. No entanto, os terpenos α-pineno e

β-pineno, para os quais foram respectivamente observados valores de CL50 de 15.4 e

12.1 ppm, foram mais ativos que o óleo bruto (CL50 = 32.4 ppm). A menor atividade foi

observada para o 1,8-cineol, LC50 = 57,2 ppm.

A mistura do óleo volátil das folhas de Eucalyptus globulus (16%) com os óleos

voláteis de Acorus calamus (3%), Cinnamomum verum (13%), Cymbopogon nardus

(12%), Myrtus caryophyllus (24%), Citrus lemon (7%), Citrus sinensis (25%) resultou

em uma formulação com potente atividade larvicida sobre Aedes aegypti (LC50 = 40,17

ppm), Anopheles stephensi (LC50 = 42,17 ppm) e Culex quinquefasciatus (LC50 = 35,95

ppm). Sugerindo que os óleos voláteis de Eucalyptus spp. sejam ativos também quando

associados à outros óleos (MANIMARAN et al., 2013).

Cheng et al., (2009) avaliaram a atividade larvicida dos óleos voláteis das folhas

de E. camaldulensis e E. urophylla, bem como de seus componentes principais sobre

larvas de 3° estádio de Aedes aegypti e Aedes albopictus. E. camaldulensis apresentou

atividade superior a de E. urophylla, com valores de LC50 = 31 ppm e 55,3 ppm, para A.

aegypti e A. albopictus, respectivamente. Em relação aos componentes isolados, o γ-

terpineno, terpeno presente em ambos os óleos, foi o mais ativo, com LC50 = 14,7 ppm,

para ambas as espécies de Aedes.

Lucia et al., (2009), avaliaram a atividade fumigante dos óleos voláteis das

folhas de treze espécies de Eucalyptus sobre a fase adulta de Aedes aegypti. Os testes

foram realizados em câmara fechada para permitir a concentração do vapor e a atividade

foi estabelecida com base nos valores de KT50, que expressa o tempo necessário para

paralisar 50% dos mosquitos, baseado no chamado efeito knockdown provocado por

piretróides que causam a paralisia dos insetos e consequente morte. Dentre as espécies

avaliadas as mais ativas foram E. viminalis (KT50 = 4,2 minutos), E. globulus maidenii

(KT50 = 4,3 min.) e E. sideroxylon (KT50 = 4,8 min.). Foi observada ainda forte

correlação entre a atividade fumigante e o teor de 1,8-cineol, de forma que óleos com

maiores teores deste terpeno foram os mais ativos sobre A. aegypti.

A atividade fumigante do α-terpineol, γ-terpineno, 4-terpineol, p-cimeno, α-

pineno e 1,8-cineol, terpenos bastante comuns nos óleos voláteis de Eucalyptus spp. foi

avaliada sobre a fase adulta de A. aegypti. O 1,8-cineol (KT50 = 1,34 min.) foi o mais

ativo, seguido pelo α-pineno (KT50 = 5,36 min.) e p-cimeno (KT50 = 5,82 min.). Foi

observada forte correlação entre atividade adulticida e a pressão de vapor dos terpenos,

quanto maior a volatilidade maior foi a atividade observada (LUCIA et al., 2013).

Os repelentes são substâncias que atuam localmente ou a distância afastando os

insetos. Entretanto, o uso de repelentes se dá principalmente pelo emprego de

substâncias sintéticas que podem trazer riscos à saúde, provocando desde ardência na

pele à erupções cutâneas e/ou alergias (DAS et al., 2003).

Diversos óleos de Eucalyptus são utilizados como repelentes e dependendo da

concentração podem fornecer até 8 horas de proteção contra a picada de insetos e por

isso seu uso popular é bastante difundido, na África, por exemplo, é comum a queima

das folhas de Eucalyptus spp. com a finalidade de repelir espécies diversas de

mosquitos (BATISH et al., 2008).

A atividade repelente do óleo volátil das folhas de E. globulus foi avaliada sobre

A. aegypti e Anopheles dirus, através do teste repelência em superfície impregnada, na

qual os braços de voluntários foram tratados com o óleo e expostos às fêmeas adultas

das duas espécies de mosquito. A atividade foi determinada considerando-se o tempo de

proteção provocado pelo óleo, que demonstrou alta atividade contra ambas as espécies

com tempos de proteção de 82 minutos e 95 minutos para A. aegypti e Anopheles dirus,

respectivamente. O óleo de E. globulus foi avaliado ainda como mistura binária com os

óleos das flores de Syzigium aromaticum (cravo da Índia), das folhas de Mentha x

piperita (hortelã-pimenta) e das folhas de Ocimum basilicum (manjericão), sendo este

último o mais ativo, apresentando tempos de proteção de 99 minutos e 210 minutos

contra A. aegypti e Anopheles dirus, respectivamente (SRITABUTRA et al., 2011).

Óleos voláteis de Eucalyptus spp. além de atuarem como inseticidas e/ou

repelentes apresentam como vantagem a baixa toxicidade sobre mamíferos, a exemplo

do óleo volátil das folhas de E. citriodora bem como o 1,8-cineol, seu componente

majoritário, que apresentam toxicidade aguda em ratos de 4440 mg/Kg e 2480 mg/Kg,

respectivamente, sendo ambos muito menos tóxicos que as piretrinas (350-500 mg/Kg),

componentes principais de produtos inseticidas diversos (BATISH et al., 2008).

Embora sejam eficientes como inseticidas e/ou repelentes poucos são os

inseticidas à base de Eucalyptus disponíveis no mercado. O primeiro produto foi

registrado nos EUA em 1948 e até 2007 outros 29 produtos haviam sido registrados,

destes apenas 4 estão disponíveis no mercado, dentre eles o Mosi-guard, repelente que

contém 50% do óleo volátil das folhas de E. citriodora (JAENSON et al., 2006). Desta

forma, a realização de estudos avaliando a atividade inseticida e/ou repelente de óleos

voláteis de Eucalyptus spp. se faz necessária.

1.3 - Dengue

A dengue é uma doença viral que ocorre em mais de 100 países, com uma

estimativa anual de 50 a 100 milhões de casos de infecção, além disso mais de 2,5

bilhões de pessoas vivem em áreas com alto risco de contaminação (WHO, 2002).

A dengue é causada por um arbovírus, que inclui quatro sorotipos distintos

DENV-1, DENV-2. DENV-3 e DENV-4. O vírus é transmitido principalmente pela

picada de fêmeas infectadas do mosquito A. aegypti, originário do continente africano e

introduzido na América do Sul através de navios negreiros que transportavam escravos

provenientes da África, no período colonial (BARRETO & TEIXEIRA, 2008).

O controle da dengue atualmente consiste de três estratégias principais: controle

vetorial, vigilância e desenvolvimento de vacinas eficazes. Entretanto, como não há

ainda uma vacina validada, as duas primeiras estratégias são as mais comumente

empregadas. O controle vetorial como o próprio nome sugere, visa à redução dos

vetores do vírus, através da eliminação dos criadouros dos mosquitos, bem como

aplicação de inseticidas (LIGON, 2005). Por sua vez, cabe aos sistemas de vigilância

determinar e/ou acompanhar os níveis de infestação vetorial, monitorar áreas com maior

incidência de casos, bem como promover campanhas de sensibilização popular, neste

caso atuando de modo preventivo (BRASIL, Ministério da Saúde, 2005).

No Brasil, desde 1967, os programas de saúde pública empregam principalmente

organofosforados no controle do Aedes aegypti. O controle das larvas é feito utilizando-

se temefós a 1 ppm geralmente adsorvido em grãos de areia numa formulação contendo

1% desse organofosforado, que devido à baixa toxicidade oral para mamíferos pode ser

aplicada em água para consumo humano. O controle da fase adulta, por sua vez,

consiste na aplicação de inseticidas organofosforados e piretróides, geralmente durante

os quadros de epidemia (LIMA et al., 2006).

Devido ao uso prolongado de organofosforados, a resistência a estes inseticidas

já foi detectada em diversos estados brasileiros, dentre eles São Paulo, Rio de Janeiro,

Mato Grosso do Sul, Sergipe, Alagoas e Ceará. Lima et al., (2003), avaliaram a

resistência de larvas e adultos de A. aegypti provenientes de sete municípios do estado

do Rio de Janeiro e três municípios do Espírito Santo, aos organofosforados temefós

(larvas e adultos) e malathion (adultos) e ao organofosfato fenitrothion (adultos). As

larvas e adultos apresentaram alta resistência ao temefós, sendo menos resistentes ao

malathion e fenitrothion. Desta forma é essencial a busca por formas de controle

alternativas que possam minimizar os problemas causados pelas substâncias atualmente

disponíveis.

1.4 - Área de coleta de Eucalyptus spp.

Luz é um município mineiro que está localizado na região conhecida por Alto

São Francisco, estando a 197 quilômetros de distância da capital Belo Horizonte. O

município abrange uma área de 1.171,670 km2, em sua maior parte rural, ocupada pelas

grandes fazendas da cidade. Em 2010 a população era de 17.486 pessoas, sendo a

estimativa da população residente para 2014 de 18.230 pessoas. A cidade apresenta

índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,801, considerado muito alto, estando

entre os mil municípios com maior IDH do país (IBGE, Censo demográfico - 2010).

FIGURA 10: Localização da cidade de Luz no estado de Minas Gerais.

LUZ

Agricultura e pecuária são as bases da economia luzense. O município destaca-

se como um dos maiores produtores de leite do país, sendo também referência no

fornecimento de gado da raça Girolando para o Brasil e diversos países da América

Latina. Na agricultura destaca-se o cultivo de cana-de-açúcar para abastecimento de

indústrias sucroalcooleiras da região, bem como culturas diversas como milho, abóbora

e feijão. O eucalipto é também bastante cultivado, como fonte de madeira utilizada

principalmente na construção civil e na fabricação de postes que sustentam os arames

nas cercas que delimitam a área das fazendas (IBGE, Censo Agropecuário - 2006).

O município de Luz, assim como grande parte dos municípios mineiros vem

sofrendo todos os anos com a dengue. Minas Gerais ocupa atualmente o topo do ranking

dos estados brasileiros com maior incidência de casos de dengue, seguido por São Paulo

e Rio de Janeiro (BRASIL, Ministério da Saúde, 2014).

Um levantamento junto à Secretaria Municipal de Luz revelou que nos últimos

cinco anos foram registrados um total de 3.761 casos de dengue, sendo 11 óbitos

(Tabela 3), valores expressivos, considerando-se a pequena população do município.

Em 2009 e 2013, por exemplo, os casos registrados, superaram a marca de 10% da

população.

TABELA 3: Casos de dengue notificados no Brasil, Minas Gerais e Luz, de 2009-2013.

Notificações de casos de dengue (óbitos)

Ano Brasil a Minas Gerais b Luz c 2009 528.883 (298) 83.838 (24) 36 (1) 2010 1.004.392 (673) 268.440 (106) 1.765 (3) 2011 764.032 (482) 66.596 (22) 25 (1) 2012 565.510 (284) 46.681 (18) 43 (2) 2013 1.468.873 (545) 337.840 (198) 1.898 (4) Total 4.331.690 (2.282) 803.395 (368) 3.767 (11)

Fonte: a Organização Mundial da Saúde; b Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; c Secretaria Municipal de Saúde de Luz.

Os casos são registrados principalmente durante o verão, período durante o qual

é feita a aplicação de inseticida utilizando-se um veículo do tipo fumacê que percorre

diariamente as áreas com maior incidência de casos. Tratamento que não ocorre,

entretanto, nas propriedades rurais e em áreas com menores índices de infecção. Nestes

casos especificamente, a população adotou práticas alternativas para controlar a

transmissão da doença, a mais comum é o uso das folhas de espécies de Eucalyptus que

são coletadas diariamente nas áreas urbana ou rural e utilizadas como repelente do A.

aegypti. As folhas são geralmente colhidas no período da tarde, são amassadas e

colocadas em forma de "chumaço" ao entardecer no interior das residências, que

permanecem fechadas até o período da noite. É comum ainda o uso do sumo das folhas

Eucalyptus no preparo de velas, que são também utilizadas como repelentes.

Baseado no uso popular de Eucalyptus spp. como repelente pela população da

cidade de Luz e considerando-se o potencial inseticida e repelente dos óleos voláteis de

espécies deste gênero, o trabalho ora apresentado propõe o estudo da composição

química bem como a avaliação das atividades inseticida e repelente dos óleos voláteis

das folhas de E. pilularis, E. pelitta e E. saligna, espécies cultivadas como fonte de

madeira mas também utilizadas popularmente no combate ao principal vetor da dengue.

2 - JUSTIFICATIVA

Considera-se de grande importância a realização do presente estudo devido aos

seguintes fatores:

I) Grande interesse científico e popular sobre espécies de Eucalyptus, já que

possuem usos etnofarmacológicos diversos e considerável valor comercial;

II) Elevado potencial dos óleos voláteis como fonte de substâncias com propriedades

inseticidas;

III) Escassez de estudos avaliando a composição química e a atividade inseticida

dos óleos voláteis de determinadas espécies de Eucalyptus, principalmente de E.

pellita e E. pilularis, cujos trabalhos se restringem a estudos agronômicos;

IV) Importância da busca por substâncias naturais eficazes no controle de insetos,

como alternativa aos inseticidas sintéticos, cujo uso nem sempre é considerado

seguro;

V) Necessidade da busca por alternativas eficazes no controle do Aedes aegypti,

principal vetor da dengue, doença que têm causado freqüentes epidemias em

nosso país e cujas técnicas de controle disponíveis são ainda ineficazes;

VI) Importância de estudos que visem à confirmação científica das propriedades

relatadas pelo uso popular de espécies vegetais.

3 - OBJETIVOS

Geral

Estudo da composição química dos óleos voláteis obtidos das folhas de E.

pellita, E. pilularis e E. saligna, bem como avaliação de sua atividade sobre diferentes

fases do desenvolvimento de Aedes aegypti.

Específicos

I ) Obtenção dos óleos voláteis das folhas de Eucalyptus spp. através da

hidrodestilação utilizando-se extrator do tipo Clevenger com modificações;

II) Análise da composição química dos óleos obtidos, por CGAR-EM;

III) Determinação das principais propriedades físicas dos óleos obtidos, segundo

metodologias preconizadas pela Farmacopéia Brasileira no controle de qualidade

de óleos essenciais;

IV) Avaliação da atividade in vivo dos óleos obtidos, sobre ovos, larvas, pupas e

insetos adultos de Aedes aegypti;

4 - METODOLOGIA

O presente trabalho consiste no estudo fitoquímico dos óleos voláteis das folhas

de três espécies de Eucalyptus bem como a avaliação de sua atividade inseticida sobre

diferentes fases do desenvolvimento de Aedes aegypti. Todos os experimentos

envolvidos serão realizados no laboratório de Fitoquímica do NPPN, que dispões de

toda a infra-estrutura necessária à realização do estudo. As análises cromatográficas e de

determinação da rotação óptica dos óleos serão realizadas na Central Analítica do

NPPN.

4.1 - Coleta, identificação botânica e herborização

O presente estudo visa à obtenção dos óleos voláteis das folhas de espécies do

gênero Eucalyptus cultivadas no município de Luz-MG como fonte de madeira e

utilizadas pela população no combate ao mosquito da dengue. Para tanto as espécies E.

pellita, E. pilularis e E. saligna foram selecionadas.

Cerca de 5 Kg de folhas de cada uma das espécies serão coletadas em diferentes

propriedades rurais particulares. As folhas de E. pellita serão coletadas na fazenda Araçá

de propriedade do Sr. Geraldo Alves Sobrinho. Folhas de E. pilularis por sua vez serão

coletas na fazenda Rancho Velho de propriedade do Sr. Bruno Paolinelli Macedo. Por

fim as folhas de E. saligna serão coletadas em área da fazenda Recanto dos Guimarães

de propriedade do Sr. Ueslei Mendes Guimarães.Todas as plantações com cerca de 15-

20 anos de cultivo. A confirmação da identidade das espécies será realizada pela

taxonomista Profª Cassia Sakuragui do Instituto de Biologia da UFRJ, sendo uma

exsicata de cada espécie depositada no Herbário do mesmo instituto.

4.2 - Secagem das folhas, extração e tratamento dos óleos voláteis

As folhas de cada uma das espécies coletadas serão secas à sombra pelo período

de 5 dias e posteriormente submetidas à hidrodestilação em aparato do tipo Clevenger

por 3 horas. Período após o qual o óleo obtido será coletado e tratado com sulfato de

sódio anidro (Na2SO4) para a remoção da água remanescente. Após esse processo o óleo

será finalmente recolhido, acondicionado em frascos de vidro âmbar e mantido sob

refrigeração até o momento das análises.

4.3 - Análises por CG-EM

A fim de se avaliar a composição química de cada um dos óleos obtidos, os

mesmos serão analisados por CG-EM. As análises serão realizadas na Central Analítica

do IPPN-UFRJ, utilizando-se um cromatógrafo CG 2010 acoplado a um espectrômetro

CG-MS QP2010 Plus (Shimadzu) equipado com coluna capilar de sílica fundida DB-

5ms (25m x 0.25mm x 0.25 µm). Serão empregadas as seguintes condições de análise:

volume de injeção de 2 µl; injetor a 260°C; detector a 290°C; gás hélio como gás de

arraste a um fluxo de 1 mL/min; programação da temperatura da coluna de 60-290°C a

3°C/min. Os espectros de massa por sua vez serão obtidos a 70 eV com varredura na

faixa de m/z 30-700.

A fim de se determinar o índice de Kovats dos componentes das amostras, para

cada amostra de óleo analisada uma mistura de n-alcanos (C9-C30) será injetada sob as

mesmas condições de análise. A identificação dos constituintes será realizada através da

comparação dos espectros de massas obtidos, com os espectros das bibliotecas NIST 21

e NIST 107, além da comparação dos índices de Kovats calculados com os valores

constantes na literatura especializada, utilizando-se como base o livro "Identification of

essential oil components by gas cromatography/mass spectrometry" (ADAMS, 2007).

Por fim a análise percentual dos constituintes principais será realizada com base nas

áreas relativas de seus respectivos sinais no cromatograma.

4.4 - Determinação da densidade específica, rotação óptica, índice de refração e

teor de cineol dos óleos

A fim de se verificar se os óleos voláteis obtidos das folhas de E. pellita, E.

pilularis e E. saligna atendem às especificações recomendadas pela norma ISO 3044

para óleos comerciais de Eucalyptus, será determinado a densidade específica, rotação

óptica, índice de refração e teor de 1,8-cineol de cada um dos óleos.

Densidade relativa - será avaliada através do método do picnômetro a 20°C. Para tanto

a amostra será transferida para um picnômetro de 1 mL dotado de termômetro,

ajustando-se a temperatura para 20°C. A massa da amostra será obtida pela diferença de

massa entre o picnômetro cheio e vazio, valor este que será utilizado para calcular a

densidade relativa, que é expressa pela razão entre a massa do óleo e a massa da água

ambas a 20°C.

Rotação óptica - a rotação óptica de cada óleo será determinada a partir dos ângulos de

rotação observados em um polarímetro Acatec PD-5000 a 20°C, utilizando-se um tubo

de 1.05 dm. Para tanto será preparada uma solução de concentração conhecida de cada

uma das amostras, em clorofórmio. A rotação óptica será calculada empregando-se a

equação de Biot:

α = [α]20 x L x c onde : α = rotação óptica; [α]20 = rotação observada a 20°C; L=

comprimento do percurso óptico em dm; c = concentração g/100 mL.

Índice de refração - o índice de refração dos óleos serão determinados utilizando-se um

refratômetro de Abbe modelo 2WAJ com escala de refração 1,300-1,720 nD e

compensação automática de temperatura (ATC).

Teor de cineol - o teor de cineol de cada óleo será determinado por CG-EM, com base

nas áreas relativas dos sinais de 1,8-cineol em cada cromatograma.

4.5 - Avaliação da atividade inseticida sobre Aedes aegypti

4.5.1 - Condições gerais de cultivo da colônia

A fim de se avaliar a ação inseticida dos óleos voláteis de Eucalyptus spp. sobre

as diferentes fases de desenvolvimento de Aedes aegypti, serão realizados testes ovicida,

larvicida, pupicida, adulticida e de repelência. Para tanto, ovos de Aedes aegypti

Linneaus 1762 (Diptera: Culicidae) da linhagem Rockfeller e livre de resistência serão

obtidos do Instituto de Biologia do Exército e utilizados na implementação de uma

colônia a ser cultivada no laboratório durante a realização dos experimentos. Colônia

esta que será mantida em sala climatizada a 27±2°C, com umidade relativa entre 75-

85% e fotofase de 12 horas. Para a eclosão, tiras de papel contendo os ovos serão

transferidas para bandejas brancas contendo água sem cloro. Após a eclosão dos ovos as

bandejas serão cobertas com telas de malha fina e as larvas alimentadas com ração

canina e cultivadas até a pupação. As pupas por sua vez serão transferidas em copos

plásticos para as gaiolas de criação de adultos, onde irão emergir. Para a reprodução e

posterior deposição dos ovos, um total de 150 mosquitos na proporção de duas fêmeas

para cada macho serão mantidos em gaiolas construídas com armação de madeira e

tecido tipo organza. Os machos serão alimentados diariamente com solução aquosa de

sacarose a 10% e às fêmeas será permitido repasto sanguíneo em camundongos por 6

horas, três vezes por semana. Após o repasto, em cada gaiola serão colocados potes

plásticos descartáveis dotado de um funil envolto com papel filtro e água para estimular

a ovoposição. Finalmente as cartelas de papel filtro contendo os ovos serão recolhidas e

os ovos prontos para serem usados nos testes e/ou iniciar um novo ciclo de cultivo.

Esta etapa do trabalho será realizada com o auxílio do biólogo Celso

Evangelista, que tem longa experiência com Aedes aegypti e ajudará tanto no cultivo

quanto na realização de todos os testes envolvidos.

4.5.2 - Atividade ovicida

A atividade ovicida será avaliada segundo metodologia proposta por

Govindarajan et al., (2011) com algumas modificações. Os óleos voláteis de Eucalyptus

spp. serão avaliados à diferentes concentrações (150, 125, 75, 50, 25 e 12.5 ppm)

utilizando-se Tween 80 (0,01%) como emulsificante. Para cada concentração, tiras de

papel filtro com no mínimo 100 ovos (contados com o auxílio de uma lupa) serão

imersas em placas de Petri (15 cm de diâmetro x 2 cm de altura) contendo 3 mL de água

destilada (suficiente para cobrir os ovos). O controle consistirá do tratamento com

Tween 80 (0,01%). Após 48 horas, os ovos de cada tratamento serão transferidos para

copos plásticos com água onde será feita a contagem das larvas eclodidas e posterior

determinação da porcentagem da mortalidade.

4.5.3 - Atividade larvicida

A atividade larvicida será determinada de acordo com metodologia proposta pela

Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) com modificações. Os óleos serão

avaliados nas concentrações finais de 200, 175, 125, 100, 75 e 25 ppm. Para tanto em

um copo plástico com 99 mL de água sem cloro (um copo para cada concentração

avaliada) será acrescentado 1 mL da amostra a ser testada. Em seguida 25 larvas de 3°

estádio recém transferidas com o auxílio de uma pipeta de Pasteur plástica para copos

descartáveis contendo 5 mL de água sem cloro serão transferidas para os copos

contendo cada tratamento. O controle negativo consistirá de solução aquosa de Tween

80 (0,01%), como controle positivo, por sua vez, será usado temefós a 6 ppm. A leitura

da mortalidade será realizada após 24 horas de tratamento.

4.5.4 - Atividade pupicida

A avaliação da atividade pupicida será realizada de acordo com a metodologia

utilizada por Panneerselvam et al., (2012) com modificações, com os óleos voláteis nas

concentrações de 250, 225, 175, 150, 125 e 75 ppm. Para cada tratamento 25 pupas

recém emergidas serão transferidas para copos plásticos contendo 249 mL de água sem

cloro e tratadas com 1mL da amostra. O controle negativo consistirá de solução aquosa

de Tween 80 (0,01%), como controle positivo, assim como nos ensaios de atividade

larvicida, será usado temefós a 6 ppm. A leitura da mortalidade das pupas será realizada

após 24 e 48 horas do tratamento. Os copos plásticos contendo os tratamentos serão

cobertos com tecido tipo organza, a fim de se evitar a fuga caso haja emergência dos

mosquitos.

4.5.5 - Atividade adulticida

A atividade adulticida será determinada de acordo com metodologia proposta

pela Organização Mundial da Saúde para avaliar a resistência de mosquitos adultos à

inseticidas, através do uso de papéis impregnados (OMS, 1981). Os testes serão

conduzidos utilizando-se um kit experimental fornecido pela OMS, que consiste de dois

tubos plásticos cilíndricos (tubo de exposição e tubo de retenção) separados por uma

porta móvel. No tratamento, o tubo de exposição recebe uma tira de papel filtro (140 x

120 mm) impregnada com a amostra, enquanto que no controle o papel filtro

acrescentado é livre de tratamento. O tratamento consistirá da exposição dos mosquitos

à tiras de papel filtro impregnadas com os óleos de Eucalyptus spp. à diferentes

concentrações (500, 450, 350, 300, 250 e 150 ppm) que após secagem por 5 minutos

serão introduzidas dentro do tubo de exposição, em seguida 20 fêmeas de A. aegypti

com 5-6 dias de idade serão adicionadas e expostas por 60 minutos, após este período os

mosquitos serão transferidos para o tubo de retenção (através da porta móvel) e

mantidos por 24 horas, período após o qual será realizada a leitura da mortalidade.

4.5.6 - Atividade repelente

A atividade repelente será avaliada através do teste de repelência em superfície

impregnada (OMS, 2009), que consiste na exposição dos braços de voluntários à fêmeas

adultas de Aedes aegypti sem repasto sanguíneo (alimentadas somente com solução de

sacarose) e portanto ávidas por sangue. Antes do teste os voluntários lavam os braços e

as mãos com água destilada e sabão neutro e após secagem por 10 minutos um volume

de 0.1 mL do óleo volátil de Eucalyptus spp. à diferentes concentrações (0.5, 1 e 2

mg/cm2) é aplicado e espalhado em uma área de 50 cm2 do antebraço direito do

voluntário (tratamento) enquanto o antebraço esquerdo não recebe tratamento

(controle). Em seguida o voluntário veste uma luva em cada mão e os antebraços são

envolvidos por uma faixa de papel com uma abertura de 25 cm2, que expõe parte da

área tratada com a amostra ou o controle. São utilizadas duas caixas de madeira

(30x30x30 cm) com as partes lateral e frontal de tecido. Cinquenta fêmeas adultas de

Aedes aegypti com 4 a 8 dias de idade são transferidas para cada uma das caixas e em

seguida os braços contendo a amostra e controle são expostos simultaneamente nas

caixas da direita e esquerda, respectivamente. Os braços são mantidos nas caixas por 5

minutos e a exposição é repetida 1, 2, 4, 6 e 8 horas após tratamento, após cada leitura

novas fêmeas são colocadas em cada uma das caixas. Durante o período de exposição

anota-se a cada minuto quantos mosquitos pousam e quantos picam a pele do

voluntário. Como controle positivo será utilizado o spray OFF! (SC Johnson) produto

repelente à base de DEET (N,N-dietil-toluamida) e um dos repelentes comerciais mais

eficientes disponíveis no mercado. A atividade repelente será determinada com base na

proteção oferecida pela amostra contra a picada dos mosquitos e calculada pela seguinte

fórmula:

% de proteção = [(PBC - PBT)/ PBC] x 100; onde PBC = número de picadas no

braço controle; PBT = número de picadas no braço tratado.

4.5.7 - Análise estatística

Os resultados serão expressos como média±desvio-padrão, bem como

percentuais de mortalidade no caso dos ensaios ovicida, larvicida, pupicida e adulticida

e percentuais de proteção no caso da atividade repelente. Quando observada alta

mortalidade no controle negativo a fórmula de Abbott: mortalidade corrigida = [1 -

(MT/MC) x 100] onde MT = mortalidade no tratamento e MC = mortalidade no

controle; será empregada para corrigir a mortalidade (ABBOTT, 1925). Os resultados

serão analisados por análise de variância (ANOVA) segundo teste de Tukey ao nível de

5% de significância, utilizando-se o software Graph Pad Prism versão 5.0.1 . As

atividades ovicida, larvicida, pupicida e adulticida serão determinadas com base nos

valores das concentrações necessárias para 50% e 90% da mortalidade (LC50 e LC90)

que serão calculadas através da análise de Probit com intervalo de confiança de 95%,

utilizando-se o software SPSS Statistics versão 16.0 . Serão considerados

estatisticamente significantes resultados com P<0.05.

5 - ORÇAMENTO GLOBAL DO PROJETO

Para a execução do projeto será indispensável a aquisição de materiais de

consumo e materiais permanentes, cujos gastos envolvidos, são detalhadamente

apresentados nos quadros 1 e 2, respectivamente

QUADRO 1: Gastos com material de consumo.

Material de consumo (valores expressos em reais)

Material Finalidade Valor unitário

Quantidade Valor total

Dichlorvos Teste inseticida 50,00 250 mg 50,00 Temephos Teste larvicida 95,00 250 mg 95,00 OFF! spray Teste de repelência 18,00 200 mL 18,00 Tween 80 Testes biológicos 45,00 2 x 50 mL 90,00

Tubos eppendorf Testes biológicos 53,00 Pct. 500 unidades 53,00 Rack para tubos Testes biológicos 16,00 3 unidades 48,00 Ração canina Cultivo dos insetos 7,95 500 g 7,95

Pipetas descartáveis Cultivo dos insetos 24,80 Pct. 100 unidades 24,80 Ponteiras micropipeta Testes biológicos 64,00 Pct. 1000 unidades 64,00 Copos descartáveis Teste larvicida 2,10 6 Pcts. 100 unid. 12,60

Na2SO4 anidro Tratamento dos óleos 33,70 250 g 33,70 Padrão de n-alcanos Cromatografia 109,00 2 ml 109,00

Material de escritório Diversas 100,00 - 100,00 Sacarose Cultivo dos insetos 10,45 500 g 10,45

Gasto total com material de consumo R$ 671,50

QUADRO 2: Gastos com material permanente.

Material permanente (valores expressos em reais)

Material Finalidade Valor unitário

Quantidade Valor total

Agit. tubos tipo vórtex Testes biológicos 370,00 1 370,00 Micropipeta monocanal Testes biológicos 400,00 3 1200,00 Podão e cabo extensor Coleta do material vegetal 369,00 1 369,00 Refratômetro de Abbe Det. índice de refração 1940,00 1 1940,00

Picnômetro Det. da densidade 158,00 1 158,00 Bandeja plástica Cultivo dos insetos 6,90 5 34,50

Aparato tipo Clevenger Hidrodestilação 349,00 1 349,00 Manta aquecedora Hidrodestilação 346,00 1 346,00

Termômetro Hidrodestilação 74,00 1 74,00 Suporte universal Hidrodestilação 102,00 2 204,00

Gasto total com material de consumo R$ 5044,50 Total solicitado para a realização do projeto R$ 5761,00

6 - CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO

Propõe-se a execução deste trabalho em nível de mestrado, com previsão de

execução, portanto, de 24 meses, sendo as atividades principais distribuídas em um total

de oito trimestres, conforme apresentado no quadro 3.

QUADRO 3: Cronograma de execução do projeto.

TRIMESTRES

ATIVIDADE 1 2 3 4 5 6 7 8

Pesquisa e levantamento bibliográfico

X

Coleta e identificação de Eucalyptus spp.

X

Obtenção dos óleos voláteis das folhas

X X

Determinação das propriedades físico químicas

X X

Análise da composição química dos óleos

X X X

Implementação da colônia de A. aegypti

X X

Avaliação das atividades inseticida e repelente

X X X

Análise dos resultados obtidos

X X X X X

Apresentação em eventos científicos

X X X X

Elaboração de artigos e relatórios científicos

X X X X X

7 - RESULTADOS ESPERADOS E PERSPECTIVAS

Após a completa execução do projeto espera-se não somente conhecer a

composição química dos óleos voláteis das três espécies de Eucalyptus avaliadas, como

também concluir se o uso popular de suas folhas como repelente do A. aegypti foi de

fato cientificamente comprovado sob condições de laboratório.

A determinação das propriedades fisico-químicas dos óleos voláteis de

Eucalyptus spp. revelarão se os mesmos atendem às especificações recomendadas para

óleos comerciais de Eucalyptus, e tenham portanto, valor e interesse comercial.

A avaliação da atividade inseticida em diferentes fases de desenvolvimento de A.

aegypti será importante tanto para a obtenção de resultados mais completos, quanto

para o estabelecimento do tratamento mais eficiente, caso o(s) óleo(s) de Eucalyptus

spp. ou seus derivados sejam promissores e possam ser utilizados futuramente como

uma alternativa no controle do A. aegypti.

Caso seja observada atividade larvicida, pretende-se aprofundar os estudos, a

fim de se observar os prováveis modos de ação pelos quais os óleos atuam. Para tanto

sugere-se a realização de uma análise por microscopia eletrônica de varredura, a fim de

se avaliar a ocorrência de modificações estruturais nas larvas tratadas.

Se confirmada a atividade adulticida dos óleos de Eucalyptus spp. uma das

perspectivas é a avaliação da composição química do vapor destes óleos empregando-se

a microextração em fase sólida no modo headspace e posterior análise por CG-EM, já

que os mesmos serão avaliados por fumigação sobre mosquitos adultos.

Por fim, caso seja observada atividade repelente para os óleos de Eucalyptus

spp., pretende-se ainda avaliar a atividade repelente das velas produzidas com o sumo

das folhas destas espécies e que são também comumente utilizadas como repelente pela

população da cidade de Luz.

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of

Economic Entomology, Lanhan, v. 18, p. 265-267, 1925.

ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas

chromatography/mass spectrometry. 4ª ed. Carol Stream: Allered Publishing

Corporation, 2007. 407p.

ALZOGARAY, R.A.; LUCIA, A.; ZERBA, E.N.; MASUH, H.M. Insecticidal activity

of essential oils from eleven Eucalyptus spp. and two hybrids: lethal and sublethal

effects of their major components on Blattella germanica. Journal of Economic

Entomology, v. 104, n. 2, p. 595–600, 2011.

BAIN & COMPANY. Potencial de diversificação da indústria química brasileira.

Rio de Janeiro, 2014. Relatório 4 - Aromas, sabores e fragrâncias. Chamada Pública de

Seleção BNDES/FEP prospecção n° 03/2011.

BAKKALI, F.; AVERBECK, S.; AVERBECK, D.; IDAOMAR, M. Biological effects of

essential oils - a review. Food and chemical toxicology, v. 46, n. 2, p. 446–475, 2008.

BARRETO, M.L.; TEIXEIRA, M.G. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e

contribuições para uma agenda de pesquisa. Estudos Avançados, v. 22, n. 64, p. 53-72,

2008.

BATISH, D.R.; SINGH, H.P.; KOHLI, R.K.; KAUR, S. Eucalyptus essential oil as a

natural pesticide. Forest Ecology and Management, v. 256, n. 12, p. 2166–2174, 2008.

BIZZO, H. R. et al. Óleos essenciais no Brasil: aspectos gerais, desenvolvimento e

perspectivas. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 588–594, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Dengue. Ano 2014, v. 45, n. 22

- 1 a 37 semanas epidemiológicas - Janeiro a Setembro de 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia De Vigilância Epidemiológica. 6ª ed. Brasília,

2005, 806p.

BROOKER, M.I.H.; KLEINIG, D.A. Field guide to Eucalyptus. v. 1, Melbourne:

Inkata Press, 2006, 353p.

BROPHY, J.J.; FORSTER, P.I.; GOLDSACK, R.J. The Essential Oils of Three Unusual

Eucalypts : Eucalyptus curtisii , E . rubiginosa and E . tenuipes ( Myrtaceae ). Flavour

and Fragrance Journal, v. 13, p. 87–89, 1999.

CHENG, S.S.; HUANG, C.G.; CHEN, Y.J.; YU, J.J.; CHEN, W.J.; CHANG, S.T.

Chemical compositions and larvicidal activities of leaf essential oils from two

eucalyptus species. Bioresource Technology, v. 100, p. 452–456, 2009

DAS, N.G.; BARUAH, I.; TALUKDAR, P.K.; DAS, S.C. Evaluation of botanicals as

repellents against mosquitoes. Journal of Vector Borne Diseases, n. 40, p. 49-53,

2003.

DE PAULA, J.P.; FARAGO, P.V.; CHECCHIA, L.E.M.; HIROSHE, K.M.; RIBAS,

J.L.C. Atividade repelente do óleo essencial de Ocimum selloi contra Anopheles

braziliensis Chagas. Acta Farmaceutica Bonaerense, n. 23, p. 376-378, 2004.

DEWICK, P.M. Medicinal natural products: a biosynthetic approach. 2a ed.

Chichester: John Wiley & Sons, 2002. 507p.

DORAN, J.C. Eucalyptus leaf oil: use, chemistry, distillation and marketing.

Melbourne: Inkata Press, 1991, p. 11.

ELAISSI, A.; MEDINI, H.; KHOUJA, M.L.; SIMMONDS, M.; LYNEN, F. et al.

Variation in volatile leaf oils of five Eucalyptus species harvested from Jbel

Abderrahman arboreta (Tunisia). Chemistry & Biodiversity , v. 8, n. 2, p. 352-361,

2011.

FIGUEIREDO, P.A.C.; PEDRO, L.G.; BARROSO, J.G.; TRINDADE, H.; SANCHES,

J. et al. Óleos essenciais de espécies de Eucalyptus. Agrotec, v. 8, p. 96–100, 2013.

FRANZ, C.; NOVAK, J. Sources of essential oils. In: CAN BASER, K.H.;

BUCHBAUER, G. Handbook of essential oils: science, technology and applications.

Boca Raton: CRC Press, p. 39-82, 2010.

GEORGE, D.R.; FINN, R.D.; GRAHAM, K.M.; SPARAGANO, O.A.E. Present and

future potential of plant-derived products to control arthropods of veterinary and

medical significance. Parasites & Vectors, v. 7, n. 1, p. 1-12 , 2014.

GOVINDARAJAN, M.; MATHIVANAN, T.; ELUMALAI, K.; KRI SHNAPPA, K;

ANANDAN, A. Mosquito larvicidal, ovicidal and repellent properties of botanical

extracts against Anopheles stephensi, Aedes aegypti and Culex quinquefasciatus.

Parasitology Research, n. 109, p. 353-367, 2011.

GRBOVIC, S.; ORCIC, D.; COULADIS, M.; JOVIN, E.; BUGARIN, D. et al.

Variation of essential oil composition of Eucalyptus camaldulensis (Myrtaceae) from

the Montenegro coastline. Acta Periodica Technologica, v. 203, n. 41, p. 151–158,

2010.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário 2006:

Resultados do Universo, 2006. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=313880&idtema=3&s

earch=minas-gerais|luz|censo-agropecuario-2006. Acesso em 30 set. 2014.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010:

Resultados do Universo, 2010. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=313880&search=||info

gr%E1ficos:-informa%E7%F5es-completas. Acesso em: 30 set. 2014.

JAENSON, T.G.T.; GARBOUI, S.; PALSSON, K. Repellency of oils of lemon

Eucalyptus, Geranium and Lavender and the mosquito repellent MyggA natural to

Ixodes ricinus in the laboratory and field. Journal of Medical Entomology, n. 43, p.

731-736, 2006.

JEMÂA, J.M.B.; HAOUEL, S.; KHOUJA, M.L. Efficacy of Eucalyptus essential oils

fumigant control against Ectomyelois ceratoniae (Lepidoptera: Pyralidae) under various

space occupation conditions. Journal of Stored Products Research, v. 53, p. 67–71,

2013.

KATZ, T. M.; MILLER, J.H.; HEBERT, A.A. Insect repellents: historical perspectives

and new developments. Journal of the American Academy of Dermatology, v. 58, n.

5, p. 865–71, 2008.

KNAAK, N.; FIUZA, L. Potencial dos óleos essenciais de plantas no controle de insetos

e microrganismos. Neotropical Biology and Conservation, v. 5, n. 2, p. 120–132,

2010.

KUBECZA, K.H. History and sources of essential oil research. In: CAN BASER,

K.H.; BUCHBAUER, G. Handbook of essential oils: science, technology and

applications. Boca Raton: CRC Press, p. 3-38, 2010.

KUMAR, P.; MISHRA, S.; MALIK, A.; SATYA, S. Compositional analysis and

insecticidal activity of Eucalyptus globulus (family: Myrtaceae) essential oil against

housefly (Musca domestica). Acta tropica, v. 122, n. 2, p. 212–218. 2012.

LIGON, B.L. Dengue fever and dengue hemorrhagic fever: a review of the history,

transmission, treatment and prevention. Pediatric Infectious Diseases, v. 16, n. 1, p.

60-65, 2005.

LIMA, E.P.; OLIVEIRA FILHO, A.M.; LIMA, J.W.O.; RAMOS JÚNIOR, A.N.;

CAVALCANTI, L.P.G.; PONTES, R.J.S. Resistência do Aedes aegypti ao temefós em

municípios do estado do Ceará. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical , v. 39, n. 3, p. 259-263, 2006.

LIMA, J.B.P.; CUNHA, M.P.; SILVA JÚNIOR, R.C.; GALARDO, A.K.R.; SOARES,

S.S. et al. Resistance of Aedes aegypti to organophosphates in several municipalities in

the state of Rio de Janeiro and Espírito Santo, Brazil. American Journal of Tropical

Medicine and Hygiene, v. 68, n.3, p. 329-333, 2003.

LUCIA, A.; AUDINO, P.G.; SECCACINI, E.; LICASTRO, S.; ZERBA, E. et al.

Larvicidal effect of Eucalyptus grandis essential oil and turpentine and their major

components on Aedes aegypti larvae. Journal of the American Mosquito Control

Association, v. 23, n. 3, p. 299-303, 2007.

LUCIA, A.; LICASTRO, S.; ZERBA, E.; AUDINO, P.G.; MASUH, H. Sensitivity of

Aedes aegypti adults (Diptera: Culicidae) to the vapors of Eucalyptus essential oils.

Bioresource Technology, v. 100, n. 23, p. 6083–6087, 2009.

LUCIA, A.; ZERBA, E.; MASUH, H. Knockdown and larvicidal activity of six

monoterpenes against Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) and their structure-activity

relationships. Parasitology research, v. 112, n. 12, p. 4267–72, 2013.

MACIEL, M. V et al. Chemical composition of Eucalyptus spp . essential oils and their

insecticidal effects on Lutzomyia longipalpis. Veterinary Parasitology, v. 167, p. 1–7,

2010.

MANIMARAN, A.; CRUZ, M.M.J.J. MUTHU, C.; VINCENT, S.; IGNACIMUTHU,

S. Larvicidal and growth inhibitory activities of different plant volatile oils formulation

against Anopheles stephensi, Culex quinquefasciatus and Aedes aegypti. International

Journal of Phytotherapy Research, v. 3, n. 2, p. 38–48, 2013.

MEDHI, S.M.; REZA, S.; MAHNAZ, K.; REZA, A.M.; ABBAS, H. et al.

Phytochemistry and larvicidal activity of Eucalyptus camaldulensis against malaria

vector, Anopheles stephensi. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v. 3, n. 11,

p. 841-845, 2010.

MENDONÇA, F.A.C de.; SILVA, K.F.S. da.; SANTOS, K.K. dos.; RIBEIRO JÚNIOR,

K.A.L.; SANT'ANA, A.E.G. Activities of some Brazilian plants against larvae of the

mosquito Aedes aegypti. Fitoterapia, v. 76, p. 629–636, 2005.

NERIO, L.S.; OLIVERO-VERBEL, J.; STASHENKO, E. Repellent activity of essential

oils: a review. Bioresource technology, v. 101, n. 1, p. 372–378, 2010.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Instructions for determining the

susceptibility or resistance of mosquito larvae to insecticides. Technical Documents,

Geneva, 1981. Disponível em:

http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/69615/1/WHO_VBC_81.807_eng.pdf?ua=1.

Acesso em: 06 de set. 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Report by the secretariat Dengue

prevention and control. 55ª Assembléia Mundial da Saúde A55/19, 4 de março de 2002.

Disponível em: http://apps.who.int/gb/archive/pdf_files/EB109/eeb10916.pdf. Acesso

em: 05 de set 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guidelines for laboratory and field testing

of mosquito larvicides. Communicable Disease Control, Prevention and Erradication, 1ª

ed, 2005, 39p. Disponível em:

http:/whqlibdoc.who.int/hq/2005/who_cds_whopes_gcdpp_2005.13.pdf. Acesso em: 05

de set. 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guidelines for efficacy testing of mosquito

repellents for human skin. 1ª ed, 2009, 30p. Disponível em:

http://whqlibdoc.who.int/hq/2009/WHO_HTM_NTD_WHOPES_2009.4_eng.pdf.

Acesso em: 05 de set. 2014.

OYEDEJI, A. O.; OLAWORE, O.N.; EKUNDAYO, O.; KOENIG, W.A. Volatile leaf oil

constituents of three Eucalyptus species from Nigeria. Flavour and Fragrance

Journal, v. 14, n. 4, p. 241–244, 1999.

PANNEERSELVAM, C.; MURUGAN, K.; KOVENDAN, K.; KUMAR, P.M. Mosquito

larvicidal, pupicidal, adulticidal and repellent activity of Artemisia nilagirica against

Anopheles stephensi and Aedes aegypti. Parasitology Research, n. 111, p. 2241-2251,

2012.

RATTAN, RS. Mechanism of action of insecticidal secondary metabolites of plant

origin. Crop Protection, n. 29, p. 913-920, 2010.

REHMAN, J.U.; ALI, A.; KHAN, I. A. Plant based products: use and development as

repellents against mosquitoes: A review. Fitoterapia, v. 95, p. 65–74, 2014.

RIBEIRO, W.L.C.; MACEDO, I.T.F.; SANTOS, J.M.L. dos.; OLIVEIRA, E.F. de.;

CAMURÇA-VASCONCELOS, A.L.F. et al. Activity of chitosan-encapsulated

Eucalyptus staigeriana essential oil on Haemonchus contortus. Experimental

parasitology, v. 135, n. 1, p. 24–29, 2013.

ROH, H.S.; LEE, B.H.; PARK, C.G. Acaricidal and repellent effects of myrtacean

essential oils and their major constituents against Tetranychus urticae (Tetranychidae).

Journal of Asia-Pacific Entomology, v. 16, n. 3, p. 245–249, 2013.

SANTOS, S. R. L. et al. Structure-activity relationships of larvicidal monoterpenes and

derivatives against Aedes aegypti Linn. Chemosphere, v. 84, n. 1, p. 150–153, 2011.

SCHMIDT, E. Production of essential oils. In: CAN BASER, K.H.; BUCHBAUER, G.

Handbook of essential oils: science, technology and applications. Boca Raton: CRC

Press, p. 83-120, 2010.

SELL, C. Chemistry of essential oils. In: CAN BASER, K.H.; BUCHBAUER, G.

Handbook of essential oils: science, technology and applications. Boca Raton: CRC

Press, p.121-150, 2010.

SRITABUTRA, D.; SOONWERA, M. Repellent activity of herbal essential oils against

Aedes aegypti and Culex quiquefasciatus. Asian Pacific Journal of Tropical Disease,

v. 3, n. 4, p. 271-276, 2013.

SRITABUTRA, D.; SOONWERA, M.; WALTANACHANOBON, S.; POUNGJAI, S.

Evaluation of herbal essential oil as repellents against Aedes aegypti ( L .) and

Anopheles dirus Peyton & Harrion. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, n.

1, p. S124–S128, 2011.

TAPONDJOU, A.; ADLER, C.; FONTEM, D.; BOUDA, H.; REICHMUTH, C.

Bioactivities of cymol and essential oils of Cupressus sempervirens and Eucalyptus

saligna against Sitophilus zeamais and Tribolium confusum. Journal of Stored

Products Research, n. 41, p. 91-102, 2005.

VILELA, G.R.; ALMEIDA, G.S.; D'ARCE, M.A.B.R.; MORAES, M.H.D.; BRITO,

J.O. et al. Activity of essential oil and its major compound, 1,8-cineole, from

Eucalyptus globulus against the storage fungi Aspergillus flavus and Aspergillus

parasiticus. Journal of Stored Products Research, n. 45, p. 108-111, 2009.

VITTI, A.M.S.; BRITO, J.O. Óleo essencial de eucalipto. ESALQ, Documentos

Florestais, n. 17, 2003. 30p.

YANG, Y.C.; CHOI, H.Y.; CHOI, W.S.; CLARK, J.M.; AHN, Y.J. Ovicidal and

adulticidal activity of Eucalyptus globulus leaf oil terpenoids against Pediculus

humanus capitis. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 52, n. 9, p. 2507-

2511, 2004.

ZRIRA, S.; BESSIERE, J.M.; MENUT, C.; ELAMRANI, A.; BENJILALI, B. Chemical

composition of the essential oil of nine Eucalyptus species growing in Morocco.

Flavour and Fragrance Journal, v. 19, n. 2, p. 172–175, 2004.