3
Fabrício César Freire fonte: www.robertolettiere.com.br Escritor Roberto Lettière 1 FABRICIO CESAR FREIRE O nome, a vida e a obra do 1º Professor do antigo Distrito de Belo Campo, Fabrício César Freire, são quase que totalmente desconhecidos da atual população do Município, mesmo daqueles que já se encontram avançados nos anos. Fabrício César Freire nasceu no dia 29 de março de 1893, na cidade de Picos, no Estado do Maranhão, era filho de João Rodrigues Freire e de Teresa César de Oliveira. Quando jovem adquiriu uma grave doença, o Beribéri [enfraquecimento e desgoverno das pernas], contudo, jamais se deixou abater e de cumprir o seu dever de professor. O Professor Fabrício tinha apenas 20 anos de idade quando veio para Belo Campo, contratado pelo Tenente Coronel Cícero Ferraz de Oliveira, em nome de seu irmão Coronel Napoleão Ferraz de Araújo, que delegou ao irmão Cícero a tarefa de trazer de Salvador, um professor que se dispusesse a ensinar seus filhos e os filhos dos demais moradores, da nascente Belo Campo e com isso, firmaram um contrato: ‘ [...] no qual o jovem Professor Fabrício César Freire estaria garantido pelo contrato, com custas de viagem paga pelo contratante até Belo Campo, onde teria casa e pensão gratuita; teria um salão para suas aulas, podendo admitir outros alunos; continuar com o tratamento de sua enfermidade e ser beneficiado pela salubridade do clima, além do mais em todo e qualquer tempo mandar deixá-lo onde quer que desejasse ir'. Por sua vez o jovem professor comprometeu-se ensinar dentro de dois anos os filhos de Napoleão e os demais que ficassem sob seus cuidados, dando-lhes educação primária, ensinando-lhes ler e escrever com desembaraço, fazer uma redação, cartas, telegramas, memorandos, ensinar-lhes as quatro operações da Aritmética, dar-lhes ensino de moral e cívica, noções de Geografia e História do Brasil'. Cícero Ferraz de Oliveira e o professor Fabrício César Freire chegaram a Belo Campo no mês de agosto de 1913 e até o fim de seu contrato que era de dois anos, o dedicado professor permaneceu em plena atividade na escola que Napoleão tinha construído para essa finalidade.

Fabrício cesar freire

Embed Size (px)

Citation preview

Fabrício César Freire

fonte: www.robertolettiere.com.br

Escritor Roberto Lettière

1

FABRI�CIO CE� SAR FREIRE

O nome, a vida e a obra do 1º Professor do antigo Distrito de Belo Campo, Fabrício César Freire, são

quase que totalmente desconhecidos da atual população do Município, mesmo daqueles que já se

encontram avançados nos anos.

Fabrício César Freire nasceu no dia 29 de março de 1893, na cidade de Picos, no Estado do Maranhão,

era filho de João Rodrigues Freire e de Teresa César de Oliveira. Quando jovem adquiriu uma grave doença,

o Beribéri [enfraquecimento e desgoverno das pernas], contudo, jamais se deixou abater e de cumprir o seu

dever de professor.

O Professor Fabrício tinha apenas 20 anos de idade quando veio para Belo Campo, contratado pelo

Tenente Coronel Cícero Ferraz de Oliveira, em nome de seu irmão Coronel Napoleão Ferraz de Araújo, que

delegou ao irmão Cícero a tarefa de trazer de Salvador, um professor que se dispusesse a ensinar seus filhos

e os filhos dos demais moradores, da nascente Belo Campo e com isso, firmaram um contrato:

‘ [...] no qual o jovem Professor Fabrício César Freire estaria garantido pelo contrato, com custas

de viagem paga pelo contratante até Belo Campo, onde teria casa e pensão gratuita; teria um

salão para suas aulas, podendo admitir outros alunos; continuar com o tratamento de sua

enfermidade e ser beneficiado pela salubridade do clima, além do mais em todo e qualquer

tempo mandar deixá-lo onde quer que desejasse ir'.

Por sua vez o jovem professor comprometeu-se ensinar dentro de dois anos os filhos de

Napoleão e os demais que ficassem sob seus cuidados, dando-lhes educação primária,

ensinando-lhes ler e escrever com desembaraço, fazer uma redação, cartas, telegramas,

memorandos, ensinar-lhes as quatro operações da Aritmética, dar-lhes ensino de moral e cívica,

noções de Geografia e História do Brasil'.

Cícero Ferraz de Oliveira e o professor Fabrício César Freire chegaram a Belo Campo no mês de agosto

de 1913 e até o fim de seu contrato que era de dois anos, o dedicado professor permaneceu em plena

atividade na escola que Napoleão tinha construído para essa finalidade.

Fabrício César Freire

fonte: www.robertolettiere.com.br

Escritor Roberto Lettière

2

Quando os irmãos Napoleão e Cícero foram covardemente assassinados, o Professor Fabrício

inconformado diante de tão vil ato, escreveu uma carta detalhada ao então governador da Bahia, José

Joaquim Seabra [1912-1916], comunicando o ocorrido e solicitando providências, no que foi atendido,

através de um contingente armado, sob o comando do Capitão Coelho, que veio fazer um levantamento dos

fatos, mas que nada mais fez.

Terminado o contrato que tinha feito com o Coronel Napoleão Ferraz e que cumpriu até o final, bem

depois de seu assassinato, o Professor Fabrício foi para a cidade de Conquista, onde fundou o 'Colégio

Pestalozzi' em janeiro de 1916. O professor Fabrício teve por um dos seus auxiliares, outro professor que o

Coronel Napoleão havia também contratado era Eustáquio Blesa Serrano, de origem espanhola e cujo nome

figura como testemunha em vários registros feitos pelo Cartório Civil de Belo Campo, e que foi

respeitadíssimo nos meios intelectuais de Vitória da Conquista pelo seu elevado saber.

Pela sua competência, o Professor Fabrício foi nomeado para reger a escola complementar da cidade

de Vitória da Conquista, por decisão do Conselho Municipal, em 1917.

No ano de 1918, Fabrício César Freire, juntamente com o Dr. Crescêncio Antunes da Silveira, prof. José

Lopes Viana, Alziro Prates, Newton Álvares de Lima e Prof. Eustáquio Blesa Serrano, fundaram o 'Grêmio Ruy

Barbosa' que era uma associação de caráter literário, a qual infelizmente não perdurou por muito tempo.

O Colégio Pestalozzi funcionou até o ano de 1918 quando a Gripe espanhola assolou Conquista,

obrigando o professor Fabrício a se mudar para uma Fazenda denominada 'Serro', onde permaneceu por um

ano, seguindo em seguida para Salvador, onde lecionou por mais um ano. De Salvador voltou à sua terra

natal, o Maranhão, por volta de 1922. Onde se casou, porém, um ano depois enviuvou por ter sua mulher

falecida de eclampsia. Seu filho sobreviveu mais possuía precário estado de saúde.

Depois da morte da sua mulher foi residir em Coroatá e depois em Riachão onde foi nomeado adjunto

do Promotor. Depois de dois anos, em 1925 foi para a cidade denominada Carolina, onde fundou o Instituto

Renascença com José Queiroz, onde permaneceu até 1933.

Foi nomeado Escrivão da Coletoria em 1927 e, no dia 10 de abril de 1928, casou-se pela segunda vez

com Margarida de Oliveira Freire e teve com ela quatro filhos. Em 1942 foi promovido de Escrivão ao cargo

Fabrício César Freire

fonte: www.robertolettiere.com.br

Escritor Roberto Lettière

3

de Coletor Federal seguindo para Santo Antônio das Balsas, em 1948 pediu transferência para Porto

Nacional onde havia melhores oportunidades de estudos para seus filhos.

No Ano de 1963 aposentou-se como Coletor Federal, tendo antes, em setembro de 1977, recebido o

título de Cidadania da Câmara de Vereadores de Porto Nacional.

Apesar de estar aposentado o incansável batalhador não se deixou ficar na inércia: foi e estava em

campo, trabalhando pela Emancipação do Estado do Tocantins, pelo qual é reconhecido em trabalho em

conjunto com outros grandes líderes.

Fabrício César Freire é Patrono de uma das Cadeiras da Academia Tocantinense de Letras,

homenagem ao grande cidadão e intelectual que em muito contribuiu para o sucesso do surgimento do

Estado do Tocantins.

O Professor Fabrício, pelo rastro de luz e saber que deixou na terra conquistense foi homenageado

pela Câmara Municipal de Vitória da Conquista, que deu seu nome a uma de suas ruas, deixando de ser um

cidadão comum, para se tornar uma personagem histórica dessa cidade, inclusive de Belo Campo, onde

atuou primeiramente como professor, sob as expensas do Coronel Napoleão Ferraz de Araújo.

O professor Fabrício César Freire faleceu em Goiânia, Goiás, em 15 de outubro de 1984 aos 91 anos de

idade.