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Ficha de trabalho Falar Verdade a Mentir Falar a Verdade a Mentir é o título duma peça de teatro escrita por Almeida Garrett em 1845. A acção desta comédia desenrola-se em Lisboa, no século XIX. Foi representada pela primeira vez em Lisboa, no Teatro Tália, pela sociedade particular do mesmo nome, em 7 de Abril de 1845. A peça contém apenas um acto (acto único) que é composto por dezassete cenas. A obra era uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje conserva o seu humor refinado. A peça conta a história de dois criados, José Félix e Joaquina, que se vão casar. Joaquina veio com os seus patrões do Porto para Lisboa, onde vive José Félix, o que lhes deu a oportunidade de estarem juntos. Joaquina revela então a José Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu-lhe que lhe iria dar um dote de cem moedas quando se casasse. Mas Joaquina disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse- lhe que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu casamento. Interessado no dote, José Félix disse a Joaquina que tinham que dizer isso a Duarte, pois senão ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina nunca receberia o dote de Amália. Mas demasiado tarde! Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália, que após algumas histórias extraordinárias, começou a desconfiar dele. Quando Amália finalmente contou as exigências do seu pai a Duarte, este ficou muito baralhado, e começou a confundir as suas mentiras. Numa tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar por pessoas que Duarte mencionara nas suas mentiras, como por exemplo Tomás José Marques e Milorde Coockimbrook. Mas no fim do dia, o pai de Amália descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, apesar das suas mentiras terem acabado por ser verdade. Como agradecimento pela sua ajuda e pela "lição" que ele lhe deu, Duarte oferece um saco de dinheiro a José Félix. Com o "vício" de Duarte emendado e com o desejo de José Félix pelo dinheiro, satisfeito, a peça acaba com um final feliz. SINOPSE Falar Verdade a Mentir é uma comédia de Almeida Garrett, e uma das mais representativas do seu tempo. Baseia-se numa sucessão de situações equívocas criadas pela personagem motriz de Duarte, um mentiroso compulsivo. É através das repetidas mentiras deste que a acção vai avançando no sentido de se ocultarem as ditas arolas. O grande problema que se põe é o do casamento de Duarte com Amália, filha do negociante portuense Brás Ferreira. A personagem de José Félix (coadjuvada pela criada Joaquina, sua noiva) marca uma posição Ficha de trabalho - Falar Verdade a Mentir 1

Falar verdade a mentir

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Ficha de trabalhoFalar Verdade a Mentir

Falar a Verdade a Mentir é o título duma peça de teatro escrita por Almeida Garrett em 1845.

A acção desta comédia desenrola-se em Lisboa, no século XIX. Foi representada pela primeira vez em Lisboa, no Teatro Tália, pela sociedade particular do mesmo nome, em 7 de Abril de 1845. A peça contém apenas um acto (acto único) que é composto por dezassete cenas.

A obra era uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje conserva o seu humor refinado.

A peça conta a história de dois criados, José Félix e Joaquina, que se vão casar. Joaquina veio com os seus patrões do Porto para Lisboa, onde vive José Félix, o que lhes deu a oportunidade de estarem juntos.

Joaquina revela então a José Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu-lhe que lhe iria dar um dote de cem moedas quando se casasse. Mas Joaquina disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse-lhe que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu casamento. Interessado no dote, José Félix disse a Joaquina que tinham que dizer isso a Duarte, pois senão ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina nunca receberia o dote de Amália. Mas demasiado tarde! Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália, que após algumas histórias extraordinárias, começou a desconfiar dele.

Quando Amália finalmente contou as exigências do seu pai a Duarte, este ficou muito baralhado, e começou a confundir as suas mentiras. Numa tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar por pessoas que Duarte mencionara nas suas mentiras, como por exemplo Tomás José Marques e Milorde Coockimbrook. Mas no fim do dia, o pai de Amália descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, apesar das suas mentiras terem acabado por ser verdade. Como agradecimento pela sua ajuda e pela "lição" que ele lhe deu, Duarte oferece um saco de dinheiro a José Félix. Com o "vício" de Duarte emendado e com o desejo de José Félix pelo dinheiro, satisfeito, a peça acaba com um final feliz.

SINOPSE

Falar Verdade a Mentir é uma comédia de Almeida Garrett, e uma das mais representativas do seu tempo. Baseia-se numa sucessão de situações equívocas criadas pela personagem motriz de Duarte, um mentiroso compulsivo. É através das repetidas mentiras deste que a acção vai avançando no sentido de se ocultarem as ditas arolas. O grande problema que se põe é o do casamento de Duarte com Amália, filha do negociante portuense Brás Ferreira. A personagem de José Félix (coadjuvada pela criada Joaquina, sua noiva) marca uma posição importante, porquanto as encenações de diversas personagens que vai apresentando vão dando cobertura às mentiras de Duarte perante Brás Ferreira, seu futuro sogro.

Num momento em que se receia que Duarte seja desmascarado e que, por fim, não se efectue o matrimónio, a personagem do General Lemos vem solucionar o conflito, devolvendo a serenidade no desenlace.

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1. Antes de iniciares uma análise mais pormenorizada de Falar Verdade a Mentir, faz uma breve investigação que te permita recolher algumas informações sobre:- a vida e a obra de Almeida Garrett, o autor da peça;- a época em que o autor viveu – século XIX -, particularmente os hábitos de vida da burguesia lisboeta.

2. Dado que estás a analisar um texto dramático, verifica se conheces as suas características e o vocabulário que lhe está associado.

2.1. Uma peça teatral pode aparecer dividida num ou vários actos.Estes, por sua vez, podem conter uma ou várias cenas.Qual é a diferença entre acto e cena?Indica como está dividida a comédia de Almeida Garrett, justificando essa estrutura.

2.2. Para além dos diálogos, é frequente o autor incluir algumas indicações cénicas, geralmente apresentadas em itálico ou entre parênteses.A este respeito lê a seguinte opinião de um autor de textos dramáticos:

Cabe ao encenador a construção, digo: o modo como a acção e os diálogos se articulam, as mínimas coisas que integrarão o espectáculo a haver.

Ao cenógrafo diz respeito a criação do espaço. São abusivas as “boas intenções” de muitos dramaturgos quando desenham no papel com um lápis inocente aquilo que será cenário: “uma porta aqui, uma janela acolá, uma escada para o exterior”… Assim sendo bastar-nos-ia um carpinteiro.

Ao escritor exige-se a elaboração do texto. Propostas mais ou menos rígidas de definição do “ser” de cada personagem parecem-se por idênticas razões, se não abusivas, desnecessárias.

Quando um dramaturgo pretende “obrigar” a personagem X a dizer a fala Y com a intensidade Z, que se mova deste para aquele lado – que poderemos agradecer ao encenador, se ele cumprir? Um executivo não costuma ser um criador.

O verdadeiro encenador, segundo autor, ou co-autor da obra, a partir do momento em que esta, passando para o palco, deixa de ser mera obra literária, esse sim, tem o dever de resolver estas questões.

2.2.1. Esclarece o significado das palavras destacadas a negro: encenador, cenógrafo, dramaturgo.

2.2.2. Comenta a afirmação de que o encenador é o “segundo autor, ou co-autor da obra”.

2.2.3. Observa as indicações cénicas presentes na peça Falar Verdade a Mentir.

São abundantes ou, pelo contrário, quase não existem?Indica aquelas que se dirigem ao cenógrafo e ao encenador,

respectivamente.2.2.4. Imagina que és o cenógrafo da peça de Almeida Garrett. Desenha

um esquema em que apresentes a tua proposta de cenário. Atenção: Deverás ter em consideração a época em que as personagens

vivem (século XIX).2.2.5. E se fosses encenador? Escreve as tuas propostas, integrando-as no

texto sob a forma de indicações cénicas.

3. Este texto é uma comédia. Sobre o significado desta palavra lê a definição que surge no dicionário.

comédia, s.f. peça teatral em que se põem em acção, de modo jocoso, os

caracteres, costumes ou factos da vida social.

Pensas que Falar Verdade a Mentir se “encaixa” nesta definição? Justifica a tua resposta.

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4. Em que espaço decorre a acção desta peça?E em que período de tempo?

5. Faz um retrato, o mais completo possível das seguintes personagens: José Félix, Duarte, Amélia, Brás Ferreira.

6. Descobre o jogo das relações entre as personagens, respondendo às seguintes perguntas:Duarte e AmáliaQue objectivo em comum têm?Brás FerreiraEsta personagem funciona como um obstáculo à concretização do objectivo de Duarte e Amália. Porquê?José Félix e JoaquinaAmbos vão ajudar Duarte e Amália, mas não por simples generosidade.Qual é o seu verdadeiro objectivo?Nesta ajuda, José Félix tem um papel determinante: de que forma?General LemosInadvertidamente, esta personagem começa por pôr em perigo a realização dos objectivos dos pares Duarte/Amélia e José Félix/Joaquina. Como?E como consegue remediar a situação?

7. Relê o diálogo entre José Félix e Joaquina, na cena I. José Félix esforça-se por utilizar uma linguagem cuidada, ao passo que Joaquina usa um registo mais “descuidado”.7.1. Que pretenderia José Félix ao falar daquela maneira?7.2. Joaquina entendeu-o? Justifica a tua resposta com exemplos retirados do

texto.

8. Na sua última fala, Duarte diz:“Protesto-lhe que hoje foi u último dia da minha vida que me deixei cair

neste maldito vício… e nem eu sei como foi; queria-me defender… vinham umas atrás das outras… por fim… não sei… Mas acabou-se: não torno mais a mentir; custa muito, dá muito trabalho. Vi-me em ânsias! Juro que me hei-de emendar… já estou emendado. (…)”

8.1. Que moralidade se pretende aqui apresentar?8.2. Alguns provérbios têm como tema a mentira ou o mentiroso.

Recolhe alguns.8.3. Justifica o título desta comédia.

9. O cómico está presente ao longo de toda a peça, tendo Almeida Garrett utilizado diferentes recursos cómicos:▪ de linguagem (é o vocabulário usado e o próprio discurso que provocam o riso);▪ de carácter (maneira de ser e de se apresentar da personagem);▪ de situação (o que a personagem faz, as circunstâncias da sua actuação).Selecciona alguns exemplos de recursos cómicos.

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