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Ficha de leitura
Título da obra: No teu deserto
Autor: Miguel Sousa Tavares
Editora: Oficina do Livro
Local de edição: s.l.
Data de edição: junho de 2011
Resumo: O deserto do Sahara é o palco principal desta obra, onde Miguel (o
autor) e Cláudia são os protagonistas. Estas duas personagens estavam
incluídas num grupo de pessoas que iriam fazer uma viagem pelo deserto do
Sahara. Cláudia e Miguel andaram juntos na maior parte do tempo. Miguel iria
nesta viagem com o intuito de tirar fotografias. Para isso, passou os primeiros
dias da viagem a tentar arranjar uma licença que o permitisse captar o melhor
que o Sahara tem em fotografia. O tempo foi passando e Miguel e Cláudia
tornaram-se cada vez mais íntimos. No entanto, na viagem de regresso,
Cláudia recusou acompanhar Miguel, que lhe tinha proposto dormir no seu
camarote, alegando que a viagem já teria terminado, por isso não teria sentido
estarem juntos. Chegando a Portugal, cada um acaba por seguir o seu
caminho, sem se esquecerem um do outro. Cláudia acaba por ir para o hospital
e Miguel visita-a. Cláudia diz-lhe que partiu "a rótula de um joelho", não sendo
nada de grave. Mais tarde, Miguel volta ao deserto, sem a Cláudia. Durante
essa viagem, Cláudia faleceu, mas ninguém informou Miguel. Passaram “dias,
semanas, meses” e Miguel nunca soube da morte de Cláudia, até ao dia em
que alguém, por descuido, lhe conta. Ao chegar a casa, Miguel revê as fotos da
viagem ao Sahara, guardadas num envelope há 20 anos, e, finalmente,
percebe que Cláudia morreu.
Citações revelantes:
“- Escrever não é falar.
- Não? Qual é a diferença?
- É exatamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer.” – Pág. 100
“A vida é assim mesmo, nada dura para sempre. Só os rios e as
montanhas, como diziam os índios da América.” – Pág. 107
“Foi então que eu te tirei a tal fotografia, rodeada de miúdos e sentada
no chão, uma criança entre crianças, e, ainda que tantas fotografias felizes
mintam, como bem sabemos, ainda que as fotografias consigam suspender a
felicidade como se ela fosse eterna, aí tu ficaste para sempre – feliz, suspensa
e eterna – tal qual como nesse instante. E é, hoje ainda, a imagem mais forte,
mais verdadeira, que tenho de ti. Não saias nunca desta fotografia, Cláudia!
Não saias – tu, não.” – Pág. 117
“Mas não gritei: enrolei o meu grito e falei-te baixinho, como se fosse
noite na nossa tenda e pudessem ouvir-nos lá fora.” – Pág.124
“Desde então, mudei algumas vezes de casa, mudei até de vida outras
vezes, e as fotografias continuaram sempre dentro desse envelope, na gaveta,
no mesmo armário. Vinte anos. Só ontem é que voltei a vê-las. Só ontem é que
percebi que tinhas morrido.” – Pág. 125
Comentário: Esta obra abriu-me a mente para outras perceções de paisagens,
do silêncio, do mundo, das relações, da morte. Uma obra simples, mas
extremamente cativante. Irreverente por revelar o seu final na primeira página.
No entanto, esse facto não diminui a curiosidade que cresce a cada página.
Este “quase romance” tornou-se um dos meus livros favoritos. Senti-me
encantada pelo facto de existirem capítulos onde o narrador é Miguel e noutros
onde quem narra é Cláudia.
Aluna: Mariana Guia, nº 15, 12º A