86
Inovação e Mudanças: Resumo de seis Encontros sobre Inovação no Brasil

Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Você conhece a série "Cadernos de Inovação", do Fórum de Inovação da FGV/EAESP? Confira aqui todas as edições: http://bit.ly/1oyelxm

Citation preview

Page 1: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Inovação e Mudanças:

Resumo de seis Encontros sobre Inovação no Brasil

Page 2: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Inovação e Mudanças: Resumo de seis Encontros sobre Inovação no Brasil

Caderno 4: Inovação no Brasil: Hoje a Amanhã

- Competitividade e Produtividade - Questão de Cidadania (Luiz Carlos Di Serio)- Dados Brasileiros de PIB (Luiz Carlos Di Serio)- Ensino-Aprendizagem - Era da Inteligência Coletiva (José Miguel Sacramento)

01

VOLUME 5 - Agosto de 2012

Inovação noBrasil:

Inibidores eSoluções

Empresariais

Caderno 5: Inovação no Brasil - Inibidores e Soluções Empresariais

- Incentivos a Inovação e Ordenamento Tributário voltado a Inovação e Questões Jurídicas - Quanto mais informação, melhor (José Rubens Scharlack, Dr. Siqueira)

11

VOLUME 1 1 / Novembro 2013

Caderno 11: Inovação no Setor Público

- Inovação no Setor Público (Marcos Augusto Vasconcellos)- Centrais de Atendimento e Desburocratização (Daniel Annenberg)- Aprendendo com o Setor Público (Peter Spink)

20

Page 3: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Inovação e Mudanças: Resumo de seis Encontros sobre Inovação no Brasil

Caderno 15: Produtividade

- Produtividade das Nações (Prof. Jorge Pires - FGV-EESP)

72

VOLUME 12 / Janeiro 2014VOLUME 12 / Janeiro 2014

Inovaçãono

Governo

InovaçãoInovaçãonono

GovernoGoverno

Caderno 12: Inovação no Governo

- Gustavo Fontenele (moderadores Marcos Augusto Vasconcellos, Luiz Carlos Di Serio, José Augusto Corrêa)

42

VOLUME 14 / Maio 2014

Caderno 14: Inovação e Competitividade

- Módulo Brasil (Marcos Augusto Vasconcellos)- Competitividade Global (José Augusto Corrêa)- Competitividade: Inovação, Organização e Pessoas (Luiz Carlos Di Serio)

55

Page 4: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

01

Page 5: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

custos do país em tributação, Competitividade e credibilidade das instituições e custos com empregado.Produtividade –

Questão de “Posso afirmar, diante disso, que a minha admiração, depois de Deus, vai para o Cidadaniacidadão que, no Brasil, consegue gerar ao menos um emprego. Esse é um cara

“Eu como professor, e posso falar em importante. Sabem quanto custa gerar

nome de muitos, somos entusiastas da um emprego? O que trago ao debate não

inovação. No meu caso, ainda mais é poesia e sim nossa realidade atual:

porque conheci a Inovação e excesso de tributação, falta de eficácia e

Competitividade sob diversas óticas”. Di mau uso do que é arrecadado”, concluiu.

Serio relembrou sua passagem pela “Preocupo-me com a nossa

Villares e como o conceito Produtividade sobrevivência, com o futuro dos nossos

e Competitividade era associado à filhos e como vamos gerar riqueza para

exploração de pessoas. “Eu mesmo, com esse país. Para mim, credibilidade e

os meus 20 e poucos anos, já pensei produtividade são sinônimos”,

dessa forma. Mas quando se senta na acrescentou Di Serio.

cadeira de gerente, se conhece a experiência de outros países, dá-se de cara com os dados reais da empresa você passa a entender que vai muito além disso e o quanto eles são importantes”, explicou.

Para ficar mais claro trouxe umexemplo trivial do cotidiano:“quem nunca se deparou noseu bairro com o serviço depoda de árvores? Funcionamais ou menos assim: estãolá seis indivíduos trabalhando,ou melhor, um ou no máximodois trabalhando e os demaisolhando. Estive em Chicago, empleno verão, quando os EUAreformam o país, e presenciei areforma de uma calçada. Poisbem, vi somente dois indivíduosna obra, e trabalhando duro. Comesse pequeno exemplo posso afirmar que competitividade e produtividade é também uma questão de cidadania. Passa pela responsabilidade de cada um”, exemplificou.

Di Serio ainda impactou a plateia, logo nos primeiros minutos com mais um dado: 40% da competitividade depende da macro economia e não está sob controle da empresa. Está nas mãos dos

0402

Page 6: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Vale lembrar que os 12 pilares avaliados World Economic pelo WEF são:

Forum1. Instituições2. Infraestrutura

A credibilidade das instituições afeta a 3. Estabilidade macro econômica

competitividade. O Brasil tem alto input e 4. Saúde e educação básica

baixo output, é mal pontuado nas 5. Ensino Superior e Formação

pesquisas internacionais do World 6. Eficiência do mercado

Economic Fórum (WEF), conforme dados 7. Eficiência do mercado de trabalho

trazidos pelo acadêmico. 8. Sofisticação do mercado financeiro9. Preparo tecnológico10.Tamanho do mercado11. Sofisticação do negócio 12.Inovação

03

Page 7: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Esses itens estão divididos em três - Avaliação insuficiente/negativa: falta de categorias: requisitos básicos , qualidade do ensino primário, falta de (exploração recursos naturais e infraestrutura do transporte aéreo, exportação de commodities), elevada tributação, impacto da promotores de eficiência e fatores de regulamentação do governo (muita inovação e sofisticação. mudança nas regras do jogo), burocracia

para começar um negócio, dentre outros.Evidentemente que o Brasil aparece nas três categorias, mas sempre com Di Serio faz uma observação: preponderância em algumas delas. “Claramente falamos de um país que

penaliza os seus empreendedores. Difícil Seguem algumas considerações sobre começar, se passar por dificuldades nossos números: paga-se altos juros, se tiver que fechar

gasta-se mais dinheiro ainda”, e finalizou: - Índice global de competitividade (Brasil - “precisamos retomar a discussão de 53º lugar) Eficiência x Eficácia. A nossa capacidade - Brasil tem grande input e baixo output de inovação surpreende, temos recursos - Boa avaliação em solidez dos bancos, financeiros, capacitação, interessados, tamanho do mercado doméstico, universidades, mas a inovação de fato matrículas no ensino secundário; existe? Para onde vai o recurso

arrecadado?”.

04

Page 8: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

O que temos de positivo?Avaliação do Brasil - capacidade de inovação,em relação à - empresas que fornecem treinamento

Inovação: formal (preocupação com capacitação),- modelos de negócios, - modelos organizacionais, - conta de energia renovável, - recursos

O que temos de negativo?

- rigidez do emprego: dificuldade em contratar e despedir funcionários,

- elevado tempo para iniciar um negócio: 124 dias, perdendo até para a Venezuela. (“Mais uma vez aparece a diferença entre Eficiência e Eficácia”, destacou Di Serio),

- desperdício dos gastos do governo,- baixa qualidade do ensino primário,- falta de proteção da propriedade intelectual.

05

Page 9: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Dados brasileiros de PIB - Nos últimos 10 anos, a produtividade industrial brasileira não aumentou nada (e esta diminuindo). “Sendo mais exato, o PIB industrial é exatamente o mesmo da época de Juscelino, 18,6”.

- Por outro lado, o PIB do serviço está crescendo, concentrando 65%.

“Vocês já pararam para pensar como o custo dos serviços no Brasil está exorbitante? Cabeleireiros, estacionamentos, telecomunicações, saúde. Com isso, nosso poder de compra diminui e muito. Será melhor desenvolver serviços ou indústrias, que geram muito mais empregos e recolhem muito mais impostos, para o futuro dos nossos filhos e desse país? Essa é uma discussão muito atual nos EUA”, revela o professor.

E foi além: “Prosperidade não é somente avaliar PIB. Antes temos perguntas a responder: Por que crescer? Precisamos crescer? Vamos crescer quanto? Como? De que forma? Muitas coisas importantes não são levadas em conta no PIB: o grau de devastação, o impacto na vida das pessoas, o todo deve ser avaliado”.

Da mesma forma impactante que começou, Di Serio se despediu: “Gostaria de terminar com uma noticia boa, mas...”.

1006

Page 10: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

fundamental. Cada dia que passa, a Mudanças sociedade torna-se mais urbana e o setor que mais incorpora pessoas é o de Disruptivasserviços. Hoje o setor da indústria é dominado por máquinas e, a agricultura,

O Prof. Miguel Sacramento, da FGV – apesar de oferecer poucos postos de EAESP, fechou a manhã falando sobre trabalho, bate recorde em safras. “Não Mudanças Disruptivas. As mudanças se trata de uma situação conjuntural disruptivas mais recentes e que tiveram passageira, é de fato a nossa realidade. grande impacto social foram a Revolução Daí a importância em investirmos em Industrial, que mudou definitivamente as educação. Peter Drucker, já em 1990, relações do homem com o trabalho e o avisou aos EUA: parem de proteger suas trouxe para uma vida cada vez mais indústrias e invistam em educação”, urbana e a Internet que, em apenas 17 revelou Sacramento. “Nas sociedades anos, mudou nossa forma de pesquisar, pré-revolução industrial precisávamos de disseminar conhecimento e também de governos fortes, nas sociedades da nos relacionar. revolução industrial precisávamos de

empresas fortes agora, na era pós-revolução industrial, precisamos de sociedades fortes”, continuou.

Sacramento exemplificou, citando a venda de duas empresas, pelo mesmo valor: a Ducati e a Instagram. A Ducati foi criada em 1926, incorporada pela Audi em 2012, por um 1,1 bilhão. Já a Instagram, empresa criada em 2010, foi vendida para o Facebook em 2012, por quase o mesmo valor: 1 bilhão. “O tempo de fundação não fez diferença nessas transações e sim o valor percebido da marca. Estamos diante de uma nova realidade. Hoje já existem fábricas escuras, isto é, sem nenhum funcionário somente máquinas. A JAC funciona assim. Precisamos ensinar as pessoas a empreender porque o emprego convencional está em extinção”, defendeu.

Na China, há cinco anos, empreendedorismo é matéria do ensino

1507

Page 11: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

dado importante para reflexão trazido por Ensino/Aprendizagem ele foi a diferenciação entre educação - esta atrelada a valores e que deve ser – era da Inteligência ensinada em casa e reforçada na

Coletiva sociedade - e ensino/aprendizagem: que deve buscar a melhor forma transferir conhecimentos e estimular o pensar e

Sacramento tocou numa questão agir com inovação. “Muitas vezes a

delicada e fundamental: a mudança na estrutura da aprendizagem fica submissa

forma de disseminar conhecimento, a questão da educação e isso atrasa as

inclusive advertindo que a academia mudanças, o futuro não pode ser visto

deve rever sua postura. “Hoje as redes como extensão do passado”, avaliou.

desestruturam um governo e o Como barreiras aos sistemas produtivos

conhecimento não é mais domínio de e o impacto na educação o docente

poucos, ele está pulverizado no meio elencou: postura paternalista,

socioeconômico e se expande protecionismo, abandono da

exponencialmente com contribuições de meritocracia, apologia do inculto. “Dourar

todos os lados, com ou sem a academia. a pílula leva ao imobilismo”, resumiu

Hoje a inteligência é coletiva, não vale o Sacramento.

maior Q.I. e sim a soma de muitos Q.I´s”, enfatizou.

Outro tema trazido à tona foi o da memória do futuro: “as pessoas estão constantemente planejando o seu futuro, o que as impulsiona e antecipa situações. Infelizmente, as empresas não têm essa capacidade e muitas vezes a academia também não. Agora é mudar ou morrer”, concluiu.

O professor trouxe dados surpreendentes sobre inteligência coletiva:

- MIT promove 6 mil open courses;- Crowdsourcing – os manuais técnicos estão sendo substituídos por comunidades de usuários que esclarecem as dúvidas de maneira interativa, de forma simples e imediata;- Intel – está investindo pesado em equipamentos que captam ondas cerebrais;- Muitas pesquisas na Índia estão fora dos muros acadêmicos, no próprio meio;- Universidade Washington – lançou um game na internet e teve a solução que buscava há meses para uma questão dada pelos internautas, em apenas 10 dias.

“O conhecimento está no meio e não na academia”, declarou Sacramento. Outro

1608

Page 12: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Barreiras:

1- Organização da aprendizagem e poder social:- militar – força; - religioso – fé; - administrativa – regras de convivência; - produtiva – liberdade de trocas;- ensino/aprendizagem – conhecimentos.2- Fracas pressões ambientais e sociais;3- Má organização das atividades de aprendizagem;4- Confuso processo decisório do poder dominante sobre aprendizagem e educação.5- Submissão da estrutura de aprendizagem.6- Resultado: sociedade ao imobilismo

09

Page 13: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Mensagem Final de Sacramento

“Hoje as redes desestruturam um governo e o conhecimento não é mais domínio de poucos, ele está pulverizado no meio socioeconômico e se expande exponencialmente com contribuições de todos os lados, com ou sem a academia. Hoje a inteligência é coletiva, não vale o maior Q.I. e sim a soma de muitos Q.I´s”, enfatizou. Para finalizar, deixou a seguinte mensagem: “O futuro da humanidade é desafiador e pode ser promissor. É só uma questão de ensino e aprendizagem”

Mensagem Final de Sacramento

“Hoje as redes desestruturam um governo e o conhecimento não é mais domínio de poucos, ele está pulverizado no meio socioeconômico e se expande exponencialmente com contribuições de todos os lados, com ou sem a academia. Hoje a inteligência é coletiva, não vale o maior Q.I. e sim a soma de muitos Q.I´s”, enfatizou. Para finalizar, deixou a seguinte mensagem: “O futuro da humanidade é desafiador e pode ser promissor. É só uma questão de ensino e aprendizagem”

Tríplice hélice no século XXI

Acompanhe pelos gráficos acima e veja que fluxo de conhecimento passa por alterações. Atualmente, ocorreu uma inversão: não funciona mais com uma “hélice”, e sim como uma turbina com múltiplas pás.

Os segmentos da pá abrangem todos os Sistemas Produtivos: informação, serviços, comercialização, manufatura, bens de capital, infraestrutura, commodities, extrativismo, recursos naturais.

A hélice é um mecanismo eficiente para transferir a energia recebida por seu eixo central – contida nos recursos naturais – para o meio (socioeconômico) em que está inserida.

Para captar a energia contida no meio (socioeconômico) e transformá-la em trabalho são utilizadas as múltiplas pás de uma turbina, invertendo o sentido do fluxo. Esse é nosso momento atual.

10

Page 14: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

VOLUME 5 - Agosto de 2012

Inovação noBrasil:

Inibidores eSoluções

Empresariais

11

Page 15: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

vários incentivos para bens de informática que permitiam desoneração total (isenção) ou parcial (redução) do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em vendas de bens de informática e automação manufaturados pelos contribuintes, desde que estes

Incentivos à investissem um percentual em projetos de pesquisa em tecnologia da Inovação e informação. Ainda não se falava eminovação, a lei só veio em 2004 e trouxe Ordenamento vários estímulos”, apresentou o

Tributário voltado advogado.

para Inovação

Na sequência, chamou o advogado tributarista, José Rubens Scharlack, que falou sobre incentivos à Inovação e Ordenamento Tributário voltado para Inovação, que fez questão de ressaltar que a análise jurídica se dá de cima para baixo: da Constituição para a portaria.

O mercado interno integra o patrimônio nacional. “Vocês sabiam disso?”, perguntou José Rubens, fazendo menção ao artigo 219 da Constituição. “A inovação tem que ser incentivada pelo

“Aqui não diz se a empresa é pequena, Estado. Antes dessa lei Federal, havia

média ou grande mediante a concessão de benefícios fiscais. Daí surgiu a ABDI, um serviço social autônomo custeado por um pedaço da contribuição ao SEBRAE, voltado a observar o que tangia à inovação. Depois veio a MP do Bem, que perdeu a eficácia porque perdeu prazo. Só depois chegou a Lei do Bem”, explicou.

“Lei do Bem” – 11.196/2005 “Art. 17. (...)

§ 1º Considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique (SIC!) melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.”

Lei 10.973/2004 – Lei de Inovação – Benefícios:

• Cessão e compartilhamento da estrutura das ICT's;• Participação pública no capital de SPE's destinadas à inovação;• Contratos de transferência de tecnologia, parcerias e prestação de serviços (ICT's x instituições públicas e privadas);• Concessão de recursos humanos, financeiros, materiais e infra-estrutura para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores;• Fundos mútuos de investimento em empresas dedicadas à inovação (Capital Tech – BID).

Novo Ambiente Jurídico

“Art. 28. A União fomentará a inovação na empresa mediante a concessão de incentivos fiscais com vistas na consecução dos objetivos estabelecidos nesta Lei. ”

12

Page 16: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

José Rubens fez questão de esclarecer o que é a inovação tecnológica:

Os fatos incentivados pela Lei:

- Gastos com pesquisas;- Aquisição de bens para pesquisa;- Remessas ao exterior (incluindo transferência de tecnologia e registro de marcas e patentes no exterior);- Gastos com pesquisas tem dedutibilidade; - Despesas operacionais com Pesquisas e Desenvolvimento.

13

Page 17: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Acompanhe o quadro analítico bastante completo e esclarecedor elaborado por José Rubens.

Despesas operacionais comP&D.

Dedutibilidade da base de cálculo da CSLL do período de apuração.

Pagamentos a universidade, instituição de pesquisa ou inventor independente, relativo a P&D.

Dedutibilidade da base de cálculo da CSLL do período de apuração.

1- Opção pelo lucro real;2- Fornecedor Nacional;3- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D;4- Regularidade fiscal.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor Nacional; 3- Assunção, pelo beneficiário, da responsabilidade, do risco empresarial, da gestão, do controle e da utilização do resultado dos dispêndios; 4- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D;5- Regularidade fiscal.

1- Benefício cumulável com os previstos nos itens "3" e "4".

Despesas operacionais com P&D.

Pagamentos a universidade, instituição de pesquisa ou inventor independente, relativo a P&D.

Dedutibilidade, da base de cálculo da CSLL, de: (a) 60% (podendo-se, em determinadas hipóteses, chegar-se a 80%) do valor das despesas; (b) 20% do valor das despesas, após o registro da patente ou cultivar.

Dedutibilidade, da base de cálculo da CSLL, de:(a) 60% (podendo-se, em determinadas hipóteses, chegar-se a 80%) do valor das despesas; (b) 20% do valor das despesas, após o registro da patente ou cultivar.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor nacional; 3- Regularidade fiscal.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor nacional; 3- Regularidade fiscal.

1- Benefício cumulável com o previsto no item "1"; 2- Vedado o aproveitamento de crédito em período posterior ao da utilização do benefício;

1- Benefício cumulável com o previsto no item "1"; 2- Permitido o aproveitamento de crédito em período posterior ao da utilização do benefício;

14

Page 18: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Pagamentos a ME's, EPP's e inventores independentes, para realização de P&D por conta e ordem do encomendante.

Dedutibilidade da base de cálculo da CSLL do encomendante e não reconhecimento desses recebimentos como receita nas ME's, EPP's e inventores independentes.

Investimentos em projetos de P&D a serem desenvolvidos por ICT

Dedutibilidade, da

base de cálculo da

CSLL, de 50% a 250%

dos valores gastos no

período de apuração.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor nacional; 3- Aplicação integral dos recebimentos nas atividades de P&D; 4- Regularidade fiscal.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor nacional; 3- Crédito direto em conta bancária em nome da ICT; 4- Regularidade fiscal.

1- Indedutibilidade desses

mesmos valores, quando gastos

pelas ME's e EPP's optantes do

lucro real.

1- Benefício não-cumulável com os demais incentivos aqui previstos, nem com a dedução usual desta despesa; 2- Vedado o aproveitamento de crédito em período posterior ao da utilização do benefício;3- O percentual de incentivo (de 50% a 250%) eleito pelo beneficiário definirá, inversamente, a proporção em que este participará da propriedade intelectual da criação patrocinada.

Aquisição de equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos, seus acessórios sobressalentes e ferramentas, destinados a P&D.

Aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, destinados a P&D.

Aquisição de bens intangíveis, vinculados a atividades de P&D e classificáveis no ativo diferido.

Redução de 50% do IPI devido na aquisição.

Depreciação acelerada desses bens (mediante uso da taxa usual de depreciação multiplicada por 2), para fins de exclusão da base de cálculo do IRPJ (sem prejuízo da depreciação normal).

Amortização acelerada, mediante dedução integral do custo como despesa operacional no período de apuração, para fins de exclusão da base de cálculo do IRPJ.

1- Fornecedor Nacional; 2- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D; 3- Regularidade fiscal.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor Nacional; 3- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D; 4- Regularidade fiscal.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor Nacional; 3- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D; 4- Regularidade fiscal.

1- Benefício não-cumulável com o previsto no item "10".

1- Benefício não-cumulável com o previsto no item "10".

15

Page 19: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Dispêndios incorridos na aquisição de instalações fixas, máquinas, equipamentos e aparelhos, destinados à utilização em projetos de P&D, bem como relativos a procedimentos de proteção de propriedade intelectual.

Depreciação e amortização usual dos bens, com o diferencial da exclusão integral, da base de cálculo do IRPJ, do saldo não depreciado ou amortizado no período de apuração em que for concluída a utilização desses bens.

1- Opção pelo lucro real; 2- Fornecedor nacional; 3- Regularidade fiscal.

1- Benefício não-cumulável com os previstos nos itens "8" e "9", relativamente aos mesmos ativos.

Remessas ao exterior (royalties, assistência técnica ou científica ou serviços especializados) previstas em contrato de transferência de tecnologia averbados no INPI.

Remessas ao exterior para registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares.

Crédito do IRRF sobre o valor da remessa.

Alíquota zero de IRRF.

1- Opção pelo lucro real; 2- Observância das regras de distribuição disfarçada de lucros; 3- Compromisso de realizar, no Brasil, investimentos em P&D que somem, no mínimo, 1,5 vezes o valor do benefício (para beneficiários situados em áreas de ADA ou ADENE) ou 2 vezes o valor (para beneficiário situado nas demais regiões); 4- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D; 5- Regularidade fiscal.

1- Prestação periódica de informações sobre os programas de P&D; 2- Regularidade fiscal.

1- Incentivo expira em 31/12/2013; Alíquotas: 20% - de 2006 a 2008;10% - de 2009 a 2013

16

Page 20: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

José Rubens terminou sua palestra, induzir esse desenvolvimento”, refletiu deixando o questionamento no ar: “Se Siqueira. Mas tudo isso é muito recente, 100% do recurso deve ser aplicado na a Lei de é de 1988, mas o marco pesquisa e desenvolvimento, a pergunta regulatório veio só em 2004. que fica é: a empresa pode ter lucro?”

“É como se o Estado dissesse que vai dirigir o processo. Dar esse incentivo é Questões Jurídicas – uma forma de possibilitar a mudança de estágio. Estou dizendo tudo isso para quanto mais introduzir nosso assunto sobre leis

informação melhor trabalhistas”

Dr. Siqueira logo Na mesma linha de resgate histórico, no início da sua Siqueira lembrou que as Leis do Trabalho apresentação chegaram primeiramente à vida das fez questão pessoas do que o título de eleitor. “Nessa de expor um hora, muita gente que estava fora do panorama jogo, entrou. A Constituição começa a histórico do abordar as leis trabalhistas nas décadas Direito de 30 e 40, mas foi em 1966 que foi afirmando que criado o Fundo de Garantia por Tempo de para todas a Serviço”, relembrou. leis há umsentido, um contexto. Ao tocar na questão da previdência, Por exemplo, o artigo 219 Siqueira defendeu que o Brasilda Constituição Federal quando afirma é o único país do mundoque o mercado interno é parte do que oferece maispatrimônio nacional, abre uma discussão benefícios para oteórica da necessidade de internalizar o aposentado doprocesso de decisão, envolvendo que para orespostas, inclusive, ao mercado profissional nainternacional. “Isso porque na época da ativa e defende quecriação do artigo havia um certo isso deve mudar: “Temosdeslocamento político das decisões do que perceber que apaís”. seguridade social é para os mais pobres e que serve para garantir o estrato básico

da sociedade. Nós que somos mais bem situados teremos que fazer um plano de aposentadoria complementar. O nosso problema é cultural. Pensar que o sujeito deve ganhar mais aposentado do que quando trabalhando é incorreto, depois ficamos dizendo que não sabemos quem vai pagar a conta. Quem paga é quem está na ativa. Com a ampliação do direito trabalhista criamos duas pragas e, agora, nos cabe inovar para combatê-las. São

“Quando esse artigo vincula-se à elas: tecnologia, que é fator fundamental para um país migrar de um estágio de 1. Não quero compromisso – “Se eu não desenvolvimento para o outro, a marcar nada, não tiver nada assinado, se Constituição deixa claro que o Estado vai não caracterizar vínculo, não existe. A

Art. 219.

O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

17

Page 21: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

11

informalidade se tornou nosso padrão de em conta o contexto e o histórico da conduta. Mas defendo: deveríamos fazer empresa. Com isso, ganharam todos os o contrário, deixar tudo muito bem funcionários pelos seus direitos e registrado, assim fica mais fácil na hora manutenção dos seus empregos e a de pleitear direitos. empresa que conseguiu se reerguer e

hoje tem a planta mais desenvolvida 2. Passamos anos dizendo: “Se não está dentro da sua categoria”, afirmou satisfeito, vá reclamar seus direitos na Siqueira. Justiça. Agora foram! Todos!”, explicou de forma clara e bem humorada o Caso 3 - PREVI (Caixa de Previdência advogado. dos Funcionários do Banco do Brasil):

“um bancário trabalha a vida inteira para Siqueira comentou que no Brasil a receber previdência. Depois, ele move legislação do trabalho está vinculada a uma ação dizendo que fez um milhão de de seguridade social, assim como na horas extras, o juiz dá ganho de causa e Europa. Já nos EUA os direitos ainda manda repercutir no plano de trabalhistas estão afirmados pelos previdência. Até recentemente era direitos civis e políticos. “E não pensem comum a justiça achar que isso era vocês que os americanos estão pior natural. Hoje não é mais assim, porque resguardados, é o contrário” fizemos um trabalho de esclarecimento Problemas da questão trabalhista junto ao Judiciário, ao invés de ficarmos Siqueira trouxe exemplos práticos de de braços cruzados, reclamando. É o que alguns casos em que trabalhou: eu recomendo na linha de inovação

cultural, que vocês façam um trabalho Caso 1 – “O caso de uma empresa com educativo, de esclarecimento. Se você mais de 35 mil funcionários que entrou na tirar da previdência não terá dinheiro para Lista Negra porque numa fiscalização investir na infraestrutura. Não existe

encontraram dois fórmula mágica”.funcionários não registrados, com isso a empresa foi autuada por retenção de documento e caracterização de trabalho escravo. Penso que vamos

conseguir reverter, mas por conta de um descuido banal, pode-se prejudicar uma grande empresa”.

Caso 2 - Na década de 90, a planta da Volkswagen do Brasil estava condenada a extinção, por ter planta grande num período de negócio reduzido, instalações pesadas, produto inadequado. No meio de uma greve, o Sindicato puxou uma “Temos que fugir do jeitinho do brasileiro, negociação de participação nos lucros e dos caminhos mais rápidos, do figurões resultados. “Eu conduzi esse processo, que julgam conhecer a pessoa certa”, tivemos problemas com a Justiça do defendeu Siqueira e continuou: “Quanto Trabalho porque o Sindicato se dispôs a maior o estágio das relações, maior a aceitar o recebimento desses resultados exigência da formalização das não em duas mas em 12 vezes. O TST tratativas,justamente o contrário do que interferiu mas, ao final, permitiu o culturalmente se faz aqui. É muito 'deixa recebimento em 12 meses, porque levou para lá', 'depois a gente resolve', 'não

18

Page 22: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

vamos deixar rastro'. Peço justamente o que vou falar sobre educação pode contrário: deixem rastro. Não é o sujeito parecer muito cruel: mas na educação, que tem a fórmula mágica. Não existe o cada ano perdido vai tornando mais difícil cara que conhece. Contato é bom a recuperação, por exemplo, não quando você faz as coisas bem feitas!” alfabetizou na hora certa? Atrasou esse Olhar sob o ponto de vista dos Recursos processo em um ano? Desculpe, é mais Humanos um que você tirou do jogo. Portanto, Siqueira relatou que é possível até quem você perdeu, perdeu! Tem que conseguir redução de salário negociado, fazer política compensatória e não perder como já fez em sua carreira: “E possível mais”. sim, mas não pode ser utilizado de forma permanente ou como ajuste Mensagem Finalorçamentário. Temos que parar de olhar como contador e lançar o olhar pelo viés “Não tenha vergonha de fazer o que faz, de Recursos Humanos, prezar pela de mostrar o que faz. Explicite. Mostre. construção do ambiente. Como exemplo, Justifique. Isso ajuda a criar uma cultura dentro da área inovação seria como fazer de Gestão de RH. No campo de pesquisa, gerar relatório e, por fim, inovação, e nos demais, ajudará a formar registrar patente. É mais ou menos isso uma idéia da empresa e da sua relação aplicado em RH. E tem um detalhe: com o processo inovador. O histórico quanto mais alto o nível de discussão, somos nós que criamos. Não há mais ampla deve ser a negociação. Esse empecilho além do cultural. É preciso é o caminho. Ter disponibilidade para negociar dentro do pacote oferecido, se negociar e não só ficar no ambiente da possível em bloco e conversando com o crítica ao Jurídico. Repito: muitos Sindicato. entraves são culturais”.

Siqueira defendeu que ou mudamos o Em resposta a alguns questionamentos conceito ou vamos passar a vida toda deixados pelo colega José Rubens, reclamando: “o segredo é organizar Siqueira disse: “procurem ver se o que nossas relações de trabalho e ter vocês estão fazendo se enquadra no paciência nos relacionamentos padrão da normativa ou que pelo menos, humanos”, concluiu. não a agrida. Devemos fugir dos dialetos, fazer nos compreender por todos os envolvidos no processo. A sociedade percebeu que tem outras formas de inovar, inclusive nas relações de trabalho. O juiz julga pelo o que entende que está acontecendo no mundo, então quanto mais nos mostrarmos, melhor”, refletiu.

Problemas de formação

Siqueira abordou que muito se fala sobre problema com mão de obra, educação e a formação de profissionais e defendeu: “na verdade o Brasil que temos hoje estava projetado para 30% a menos de população, aumentou demais o nosso mercado consumidor e pessoas com mais acesso, mudou muito o perfil temos que refletir melhor para onde vamos. O

19

Page 23: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

VOLUME 1 1 / Novembro 2013

20

Page 24: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Inovação no Setor Público

Inovação no setor público: Indicadores - Marcos Augusto de Vasconcellos (FGV-EAESP)

Inovação na Gestão PúblicaPaulistana - Sérgio Luiz de Moraes Pinto (FGV-EAESP/GEP)

Centrais de Atendimento e Desburocratização - Daniel Annenberg (Detran-SP)

O que o setor privado pode aprender das inovações no setor público? - Peter Spink (FGV/EAESP)

Inovação na Tributação - Pedro Delarue (Sindfisco)

Inovação no Setor

Público:

Indicador es

apanhado de indicadores pretendemos avaliar como o mundo enxerga o Brasil, em termos de competitividade e inovação, como

Esse foi o tema do Encontro de Inovação de o Brasil se posiciona em relação a isso e o

agosto, realizado no dia 15, na FGV –Berrini, que podemos sugerir para o setor público”,

que apresentou temas interessantíssimos.resumiu.

Vide agenda abaixo:O objetivo da apresentação foi mostrar o quanto a inovação no setor público contribuirá para o desenvolvimento econômico. Levou em conta três índices, um nacional, da FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e dois internacionais: WEF: Global Competitiveness Index (GCI)World Economic Forum e WIPO: Global Innovation Index (GII) - World Intellectual Property Organization.

O relatório da FIESP, de maio de 2013, avalia o cenário internacional e o que se pode perceber é que o crescimento de potências, como a China, por exemplo, não é sustentável. “O PIB Mundial retraiu entre 2008 e 2009 e entre 2010 e 2011 começou a recuperar-se. No Brasil podemos observar uma expressiva ascensão socioeconômica e a possibilidade de aumento do PIB Nacional”, informou Marcos.

A abertura do encontro foi feita pelo Coordenador do Fórum de Inovação, Marcos Augusto de Vasconcellos, que fez questão de ressaltar a parceria, para a realização desse evento, com o CEAPG – Centro de Ensino em Administração Pública e Governo, agradecendo o empenho do coordenador, Ricardo Bresler, que esteve presente o dia todo.

Prof. Marcos apresentou indicadores recentes, da FIESP, WEF e WIPO, que destacam a posição do Brasil no que tange a Inovação e Competitividade. “Com esse

Relatório FIESP

21

Page 25: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Na ilustração abaixo, podemos observar como será o cenário internacional, em curto e médio prazos:

Como fica a economia nesse contexto e qual o papel do setor público?

Principais causas:- Elevada carga tributária- Burocracia- Excessivos juros e spreads- Infraestrutura defasada

Por

Marcos

Vasconcellos

“Apesar da crise n o c e n á r i o externo em contraposição ao a m b i e n t e e c o n ô m i c o

favorável e da ampliação do mercado doméstico brasileiro, corremos o risco de um esgotamento do modelo de crescimento”, completou o professor.

22

Page 26: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

“Fica claro o papel do setor público e de novas regulamentações para mudarmos esse cenário”, resumiu.

- Elevada carga tributária sobre a indústria (60% do PIB setorial,40% preço indústria de transformação)- Juros e spread (custo de capital de giro 7,5% do preço dos produtos industrializados)- Burocracia e complexidade no recolhimento de tributos (2,6% do preço dos produtos industriais)- Encargos trabalhistas elevados (32,4% da folha de pagamento)- Infraestrutura defasada (1,8% do preço dos produtos)- Elevado custo de insumos industriais básicos (acima da média internacional)

Br asil - Indústria de T ransformação

Fatores que ele vam o custo par a

produção e r eduzem a

competitividade da indústria

doméstica:

23

Page 27: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

WEF: Global Competitiv eness Inde x

(GCI) W orld Economic F orum –

2012/2013

WIPO: GlobalInnovation Index (GII) -World IntellectualProperty Organization

O WEF utiliza 12 pilares de competitividade para comparar os países, são eles:

O índice do WIPO leva em containputs e os outputs da inovação. Segue tabela com a posição do Brasil dentre 144 países:

De acordo com o WEF, seguem os fatores mais problemáticos para se fazer negócios no Brasil:

24

Page 28: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Qual o opinião do Fór um de

Inovação diante disso?

Inovação na

Gestão Pública

Paulistana

junho. Ele considera que elas demonstraram a ineficiência do governo e o que é do Estado: “muitas vezes o desenho do Estado tem pontos ineficientes e faz com que o

Brasil governo tenha pontos ineficientes”, disse.O Brasil tem oportunidade para crescer, de Pontuou que na prefeitura de São Paulo é maneira independente das economias mais difícil de levar um projeto adiante do internacionais, e demanda mudanças no que nos demais governos. “Estamos muito setor público: atrás das prefeituras do Recife, de Belo

Horizonte, de Porto Alegre, Rio de Janeiro. Enquanto em Belo Horizonte o tempo para abrir uma empresa é de 35 a 40 dias, em São Paulo demora 170 dias, acho que São Paulo piorou o índice nacional então”, disse de forma bem humorada.

Sergio Luiz de Moraes Pinto, professor da FGV-EAESP e membro do Centro de Gestão Pública, foi convidado para falar sobre Inovação na Gestão Pública Paulista.

Além de professor da casa, Sergio atua na Secretaria de Finanças do Município e, nos últimos quatro anos, também atuou na Secretaria de Planejamento. “Com foco na desburocratização, trabalhei inclusive com o Daniel Annenberg que falará na sequência ”.O professor iniciou fazendo um balanço das manifestações de rua, ocorridas em maio e

Por

Sér gio Luiz de

Moraes Pinto

“Nós pioramos a média nacional devido ao nosso peso. Nós temos o quinto maiororçamento da

União, figuramos entre as 25 cidades que mais produzem artigos acadêmicos, de acordo com a Royal Academy, mas não conseguimos trazer esses projetos para a área pública. Prometo, que apesar de todos esses problemas, na sequência trarei alguns pontos positivos de inovação”

25

Page 29: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Centrais de

Atendimento e

Desburocratização

O que são as centr ais de

atendimento?

em diversos ambientes. Ficam claras as dificuldades de relacionamento, de fazer uso do espaço público com respeito, é uma abordagem cultural do trânsito das cidades”, contou. Na sequência, falou sobre o papel das centrais de atendimento na Desburocratização.

Daniel Annenberg veio falar sobre Daniel fez questão de esclarecer que o

Desburocratização e melhoria de Detran não cuida do trânsito. São funções do

atendimento aos cidadãos: o papel das Detran: promover educação para o trânsito,

centrais de atendimento e desburocratização planejar, coordenar, executar e controlar

e a experiência do novo Detran-SP.ações relacionadas à habilitação de

O palestrante iniciou contando sua condutores, documentação e serviços para

experiência com centrais de atendimento ao veículos. Além disso, o órgão produz

cidadão: estatísticas de trânsito e gerencia a autuação e a arrecadação de multas.

Reunião de diversos órgãos e serviços públicos, independente de serem municipais, estaduais ou federais, num mesmo espaço para oferecer serviços de qualidade. Seguir um padrão, servir de laboratório para os serviços disponibilizados, inovar nos serviços públicos. “Podemos definir de forma simples como um shopping center de serviços públicos”, resumiu Daniel.

Daniel sabia dos desafios que estavam por vir e comentou que a sua formação em Antropologia, pela USP, tem ajudado no serviço público também: “considero que muitas questões públicas tem a ver com cultura administrativa, apesar de antropologia não ser uma ciência exata. Logo que assumi o Detran levei Roberto da Mata, autor do livro Fé em Deus e pé na tábua, onde retrata o comportamento do brasileiro

Por

Daniel

Annenber g

“Fui um dos criadores do Poupatempo, e trabalhei nele por praticamente 10 anos. Após esse

período meu trabalho foi implantar outras centrais dessas pelo Brasil até que, em 2011, fui chamado para assumir o Departamento de Trânsito de São Paulo – Detran, algo muito tranquilo”

Caderno de Inovação - Novembro 2013

26

Page 30: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Um bom exemplo é a Rua da Cidadania, em Curitiba, o Vapt Vupt em Goiás, o Fácil em Guarulhos, o Psiu em Minas, a Oca no Acre “Até Portugal, veio visitar o Brasil para aprender e criou a loja do cidadão, que hoje presta um serviço melhor que o nosso. Penso, num futuro, criar o Poupatempo da Saúde, do exportador, do empresário (para abertura e fechamento de empresa)”, sugeriu.

27

Page 31: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Como desbur ocratizar isso?

Ex emplos de bur ocratização:

Gestão de Ser viço

foi fundamental. Depois de vencida essa barreira ir conquistando o apoio da sociedade, dos servidores, e comprar a

“Em primeiro lugar é fundamental o eficácia do serviço com indicadores .

alinhamento entre os serviços na ponta e na Também considero muito o apoio da mídia,

retaguarda. Pode ser uma reforma do Estado gosto sempre de contar essa história: antes

de fora para dentro, por exemplo. Mas a do Poupatempo um RG demorava 60 dias

adequação das retaguardas com as linhas de para sair, depois do Poupatempo saia em até

frente tem que acontecer”, defendeu 48 horas. Nos primeiros dias tínhamos fila

Annenberg. na porta de gente de todo o Estado, ai veio um jornalista e me perguntou: “Porque o

De acordo com o executivo, a população tem Poupatempo não deu certo?”. Daí eu disse:

que ser envolvida, avaliando o serviço: “essa deu tão certo que precisamos inaugurar logo

é a porta da entrada da relação entre cidadão as filiais pelo Estado”. Muitos acreditavam

e governo. Só assim melhoraremos a que o serviço não manteria a qualidade, que

prestação de serviço”, disse. outros governos não adeririam a ideia, mas hoje, como se sabe, o Poupatempo é uma referência em serviço público”, exemplificou

Cenário antes das centrais, antes do de forma bem humorada.

Poupatempo , que foi fundado em 1996:- serviços públicos de baixa qualidade; - atendimentos em locais inadequados;- burocratização excessiva de procedimentos

- solicitação de documentos desnecessários;e rotinas;- várias vezes pede-se o mesmo documento, - ausência de sistema de avaliação da mesmo que o governo já tenha isso qualidade;registrado, criando uma “indústria” de - funcionários despreparados para atender o documentos;público.- legislação engessada que não permite a apreensão da carteira de motorista, por conta de infinitos recursos;- não se acredita na palavra do cidadão. “Temos uma filosofia de cartório, nos preocupamos mais com processo do que com Daniel considera que mais do que implantar o resultado”, disse Daniel;é preciso gerir bem o serviço público. “É - a tecnologia da informação deve ajudar preciso focar na qualidade, na capacitação oferecer rapidez;das pessoas. De nada adianta montar tudo - cultura do “Você sabe com quem está bonitinho e deixar os funcionários quase 20 falando?” Tanto pelo funcionário quanto anos sem treinamento, como eu vi no pelo cidadão, “Lei do Gérson”, “jeitinho Detran. Quando falamos de padrão de brasileiro”;atendimento são vários os fatores - apropriação dos espaços públicos por parte conjugados. A população precisa perceber das pessoas e entes privados de forma que está num ambiente que é mais que uma errada;repartição pública, perceber a qualidade, a - “criam-se dificuldades para que se vendam padronização visual, os uniformes, senhas, facilidades. Essa é muitas vezes a porta de prazos cumpridos”, exemplificou.entrada para a corrupção”, afirmou . - Não usar a tecnologia da informação a E foi além: “para o sucesso na implantação é favor: “bastaria fornecer uma única vez a preciso que seja projeto do governo ou do documentação para um sistema público que próprio órgão, a exemplo do Poupatempo, armazenasse esses dados. E com a tecnologia que teve o comando de Mario Covas, o que

28

Page 32: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

de informação é absolutamente possível”, E-Poupatempo - Além de colocar na internet, refletiu. precisávamos ouvir o cidadão. Montamos

um laboratório, junto a USP, para analisar as reações do usuário ao usar o serviço eletrônico. Modificamos a partir da necessidade do cidadão.

Para Annenberg, o foco deve ser sempre no cidadão, deve-se garantir a ele o acesso universal, com qualidade, aos serviços públicos por diferentes meios: internet, telefonia, TV digital, atendimento presencial, mídia impressa e outros.

29

Page 33: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

30

Page 34: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Para alcançar esse no vo estágio de

atendimento

NOVO DETRAN SP

Para melhorar o atendimento a população, Daniel contou que está investindo na modernização e padronização de procedimentos, reduzindo a burocracia,

- É preciso revisar processos e investindo em tecnologia e infraestrutura,

procedimentos dos principais serviços;reforçando o combate a corrupção,

- desburocratização do serviço;criando canais de atendimento ao

- revisão da legislação e da estrutura de cada cidadão e oferecendo mais serviços via

órgão;internet.

- padronização e democratização do acesso as informações;- maior integração entre os diferentes serviços ofertados pelo governo e diferentes esferas; - revisão do perfil do número de funcionários que prestam serviços a população; - implantação de rede de parcerias com o setor privado para a prestação de serviços públicos. “O serviço público sozinho não dá

“O Detran foi transformado em autarquiaconta das enormes demandas a serem

em janeiro de 2013, e está vinculado a cumpridas”;

Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Os postos estão

“ A eficiência gerencial depende mais das sendo renovados desde equipamentos e

pessoas que executam o serviço. mobiliários, prova teórica eletrônica, até

Desburocratizar é imprescindível. O papel da treinamento de funcionários e horário

sociedade nesse sentido é o de questionar”, ampliado de funcionamento”, informou.

defendeu Daniel. Trouxe dados sobre essas mudanças: foi realizada uma pesquisa, dentro do próprio Detran, e a aprovação foi acima de 90% e outras já estão sendo planejadas:

Mais moderno, mais simples, mais eficiente “pretendemos inovar mais! 17 postos já O Detran é o maior órgão de trânsito da adotam o novo modelo, e em breve, América Latina: chegaremos as 100 unidades”, completou.

- atende 25 milhões de veículos – 1/3 da frota nacional;- 21 milhões de condutores – dá mais que soma de Cuba e Bolívia;- está presente em 645 municípios do Estado.

31

Page 35: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

32

Page 36: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Num bate papo com a plateia Daniel revelou que apesar de muito a ser feito, diariamente as ações estão sendo tomadas. “O embate contra a burocracia deve ser um embate constante, os serviços eletrônicos estão ajudando muito. Diariamente, combatemos a corrupção, por exemplo, realizando fechamento de auto escolas, descredenciamento de médicos, prisões por corrupções no próprio Detran. O volume é muito grande e nem sempre as pessoas querem denunciar por medo “estamos num círculo vicioso, que precisamos quebrar. As ruas mostraram isso, essa participação deve ser efetiva, senão vamos generalizar, precisamos saber quem são e tomar as medidas”, defendeu.

- Foi criada a corregedoria no Detran;- Abriu-se concurso para novos funcionários; - Busca do apoio de universidades para respaldo acadêmico de melhores práticas, inclusive da FGV; - Foram trazidos analistas de políticas públicas para trabalhar no Detran, que realizam diagnósticos antes de implementar qualquer projeto; - As melhorias são mostradas rapidamente para a população;- O Detran está elaborando um Código de Ética. dar aulas de ética.

Algumas ações em andamento:

33

Page 37: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Parece óbvio – mas será que é Aprendendo com mesmo?

o setor público “Como empresa, nós na área pública também fabricamos produtos e criamos serviços. Entretanto as similaridades terminam aqui.

Ricardo Bresler, coordenador apresentou os Na área empresarial, a oferta é normalmente

trabalhos da tarde e apresentou o primeiro para produtos e serviços que o consumidor

palestrante prof. Peter Spink, fundador do pode comprar ou não. A área pública, de

CPEAG, e como disse o próprio Bresler, outro lado, fornece serviços e produtos que

“nosso mentor e também dos estudantes do são considerados obrigatórios ou

curso de administração pública”.necessários. Os produtos empresariais são

Prof. Peter Spink iniciou sua apresentação normalmente claros e as especificações são

dizendo que trataria do tema Inovação no feitas pelas empresas. Os produtos públicos

Setor Público, “coletivamente”, trazendo um são normalmente mais complexos e são

pouco da experiência Gestão Pública e definidos socialmente.

Cidadania, resultante de 10 anos coletando inovações nesse setor.

Na área empresarial se há problemas de fornecimento, o cliente tem a opção de mudar ou ficar na fila. Na área pública correremos o risco de violar direitos e receber protestos. Na área empresarial as estrutura organizacional é burocrática: ou progredimos ou somos demitidos. Na área pública a estrutura também é burocrática: com direito a ficar. Na área empresarial, calculamos quanto custa o produto, acrescemos uma parte que representa o lucro e assim chegamos ao preço final e nosso sucesso, muitas vezes, é avaliado pela margem de lucro. Na área pública o orçamento é fixado pelo Congresso e nos temos de fazer o máximo dentro de suas especificações e a nossa avaliação é feito por fatores que escolhemos, que outros escolhem e por outros fatores que nem sabemos que existem. Na área empresarial decidimos a nossa estratégia e se erramos é

Por

Peter Spink

“Figurativamente, quero tratar dessa experiência como um sanduíche: representando a maneira como

olharmos o setor público e o próprio processo de inovação. A pergunta que dá forma a primeira parte desse sanduíche é: 'Quantas vezes ouvimos que a área pública precisa aprender da área empresarial? Respondo: constantemente'. A segunda pergunta seria: 'Quantas ONGs e organizações sociais estão sendo obrigadas a ter missões, planos estratégicos e administrações profissionais para receber apoios e ser mais eficiente? Repondo: Um monte!'

34

Page 38: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

nosso problema e os clientes vão migrar. Na área pública todos palpitam no que fazemos e se erramos é provável que os usuários ficaram muito bravos e vão para as ruas.

Obviamente simplificados, porque na prática há muitas ações empresariais que são reguladas incluindo o ato de constituir uma empresa, estas distinções sugere que há razões para arguir que há diferenças significativas entre as duas áreas, algumas das quais normativas. Não discutimos a efetividade da democracia versus outros modelos (como por exemplo as discussões sobre estilo gerencial e organizacional na área empresarial) ou da contribuição da transparência para o desempenho das organizações públicas – é aquilo que queremos, custa o que vai custar!Não quero, com isso, argumentar que não há o que pode ser aprendido de um lado para o outro mas recomendar que esta na hora de uma conversa. Que há também muita coisa que a área empresarial poderia aprender da área pública, especialmente em relação a inovação. Para isso vou me basear no Programa de Gestão Pública e Cidadania”

Programa Gestão Pública e Cidadania:

Identificando inicia tivas e práticas

inovadoras nos Go vernos subnacionais

Programa criado , por sugestão da

Fundação F ord, em 1996 com os

objetiv os de:

• Encorajar estados, municípios e as organizações autônomas dos povos indígenas a partilhar com outros as abordagens que estão usando para resolver questões públicas e responder às necessidades da comunidade; • Avaliar e identificar os aspectos principais destas inovações e criar mecanismos para a disseminação ampla de conhecimentos práticos com potência para criar um governo eficaz na gestão de serviços e na redução da desigualdade e da exclusão social;• Usou o método de prêmio anual (1996-2005) aberto para programas, projetos e atividades implantados por governos sub-nacionais (enviados mais de 20,000 folhetos) • Os inscritos precisavam ter ao menos um ano de operação efetiva e satisfazer os seguintes critérios:

• Introduzir mudanças qualitativas ou quantitativas em relação a práticas anteriores;

• Ter impacto na qualidade de vida da população alvo;

• Ser possível a sua reprodução por outros;

• Aumentar ou consolidar o diálogo entre a sociedade civil e agentes públicos;

• Usar recursos de maneira responsável.

(Número de experiências registradas = 8,169)

35

Page 39: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

• Diversidade de mecanismos de participação e no uso de conselhos• Crescente articulação inter-setorial• Colaboração inter-governamental em níveis

• Ação Fome Zero – gestão da merenda diferentes

escolar• Colaboração intermunicipal – consórcios• Redes temáticas• Alianças e parcerias para a provisão de serviços

• Prêmio Itaú – Unicef (gestão escolar)• Congresso de Informática Pública – excelência em informática aplicada aos serviços públicos• Premio e-gov – Associação Brasileira de

“Quero dizer que somente em 20% dos casos Entidades Estaduais da Tecnologia da

o conceito de Gestão ensinado na escola, Informação

baseado no 'meu projeto, minha equipe, • Premio Mario Covas – Estado de São Paulo

numa lógica vertical' é aplicado. Nos 80% restantes não funciona assim, a gestão não é centralizada, as inovações acontecem de forma diagonal e na horizontal na maioria dos casos “

• Sebrae – prefeito empreendedor(Estabelecido em 1982 focaliza programas • Mais de 20 diferentes prêmios no paíssociais voltados para o bem-estar social e o • CEAPG (http://ceapg.fgv.br/) – rede de desenvolvimento do país desenvolvidos por observatórios em áreas diferentes empresas, fundações e institutos • Observatório Latino Americanoempresariais localizados no Brasil)

• Primeira fase – 68% dos projetos não tinha parceria com o poder público

• Avaliação = atribuir valor;• Segunda fase – 74% dos projetos foi desenvolvido em conjunto com o poder público

• Organizações do lugar• Política Pública + Ação Social = Ação • Valores são sociais em origem, portanto o Pública processo de atribuir valor é, antes de mais • Mobilização de recursos diferentes nada, um processo social;• Importante fator na continuidade • Se avaliação é um processo social e somos • Políticas públicas de consenso amplo todos competentes socialmente, isso significa

que somos todos capazes de levar a sério a atribuição de valor. Todos nós podemos participar desse processo;• Melhores práticas versus Inovações;

Outr as fontes impor tantes de

exemplos:

Dados compar ativos do Prêmio Eco:

Aprendizado sobr e avaliação

Sobr e as alianças:

36

Page 40: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

e na disposição de explicitar os pontos fracos e as dificuldades “Foi um período que o país estava aprendendo a por no papel atividades, que chegavam mais técnicos em locais mais afastados”, disse Peter;

• Houve também um reconhecimento de jovens pesquisadores sobre a importância da prática de avaliação;• Em 1996, os jornais davam pouco espaço às ações positivas de governos – hoje há muito “Trabalhávamos com um formulário inicial mais discussão sobre o que é possível e como simples, com objetivo de saber o que estava resolver problemas;fazendo, quem se beneficiaria, porque o • Em 1996 havia dois programas de projeto era inovador e quais melhorias premiação, um na área pública e outro na esperadas. De todos os inscritos foram área social – hoje têm quase 20;selecionados 100 semifinalistas que • Hoje eleições são cada vez mais sobre enviaram maiores informações e 30 pre-políticas e propostas de ação e não sobre finalistas que receberam visitas de campo. promessas;No final, 20 experiências foram selecionadas

para ser os premiados do ano num evento que contou com o apoio do BNDES.

Inscrições por nível de governo:• estadual....................... 17%• municipal .................. 82%• indígenas................... 1%(890 municípios diferentes de todas as

• Nunca definimos inovação e nunca tivemos regiões do país e de todos os partidos, muitos problema; mais de uma vez)• Sempre discutimos e avaliamos os projetos em grupo e de ângulos diferentes; levamos um bom tempo, e é sempre um processo rico de debate;• Aprendemos como mesclar qualidade com quantidade, sofisticação com simplicidade, respeitando à disposição de pessoas que querem fazer acontecer; • As visitas aos projetos foram, para muitos dos municípios e estados, a primeira vez que alguém tinha olhado o trabalho “de fora” e tiveram uma contribuição importante;• Aprendemos muito sobre avaliação – especialmente o que não fazer.

• Naqueles 10 anos houve uma mudança significativa no detalhamento das atividades

Visão Ger al dos R esultados:

Resultados metodológicos da

experiência coletiva de dez anos,

de acor do com P eter Spink:

Mudanças no campo de práticas

públicas:

37

Page 41: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

• Avaliação técnica x Avaliação Democrática. • Nestes processos a avaliação é uma Avaliação Democrática, o que significa: presença constante no cotidiano – “tá • Diferentes partes dispostas a debater a funcionando? O que temos de mudar?”;situação coletivamente, inclusive o quesito As razões dadas para a inovação:valor. Havia também a busca de uma prática • Assumindo a iniciativa na busca de novas de negociação de possibilidades, soluções para problemas existentes – 58%reconhecendo a diversidade de saberes como • Mudança no enfoque de como pensar a também a competência discursiva de cada ação – 21%um; • Inclusão ativa e coletiva, abrangendo • Atrás de qualquer método ou indicador há participação e co-gestão na busca de soluções valores; portanto não há um método certo ou e no monitoramento de ações – 19%um indicador correto – ambos são • Articulação com outros e novos arranjos consequências; institucionais – 11%• Avaliação não é uma técnica derivada da • Tornando serviços mais humanos – 10%pesquisa – ela é também pesquisa; • Transferência de tecnologia e soluções – • Avaliação não gera ação – ela é também 2%ação; • A primeira vez, pioneira – 1%• Avaliação é parte de nosso cotidiano – “o que você acha”, portanto não pode ser Outro dado relevante é que as pessoas não encarada como algo complicado. estão preocupadas se a inovação é pioneira

ou não. Para elas o que importa é o resultado”, exemplificou Peter.

• Nenhum dos programas, projetos e atividades que obtiveram grande êxito foram concebidos de maneira integrada, seja em relação aos atores ou em relação aos setores organizacionais envolvidos. Nem em relação aos tópicos tratados, as alianças formadas, objetivos, metas, processos e estratégias de ação. • Há uma questão de início, situada num lugar, uma busca de possibilidades, de respostas, de tentativas que levassem à construção gradativa de outras possibilidades, horizontes eterritorialidades – “possoresumir em fomos fazendo”;

Aprendizado sobr e Inovação:

38

Page 42: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Por que a prender com o setor Cultur as or ganizacionais “por que

público? não?”:

Wicked Pr oblems

Henry Mintzberg, discute a diferença entre “why”cultures and “why not” cultures “, ou seja entre posturas à sugestões ação do tipo: “porque?” e outras do tipo “porque não... vamos tentar...”.

Mas nem sempre as ideias são transferíveis – algo que também precisamos reconhecer. As vezes ao discutir uma determinada experiência recebemos o comentário de uma das organizações internacionais, sim mas qual é a possibilidade de escala de

No programa internacional de mestrado da ampliação? Não é uma experiência

EBAPE-FGV tivemos a oportunidade de inovadora válida sem estas características.

trabalhar as similaridades e dissimilaridades Nossa resposta foi sempre – mas é válida

entre a área pública e a área empresarial em para eles; funciona para eles.

relação às inovações. Muitas destas experiências identificadas no programa

O conceito de um “wicked problem” é de Gestão Pública e Cdadania são produtos de

difícil tradução, não quer dizer ruim, quer “why not” cultures. Jovens gostam – em

dizer que são problemas que não ficam geral – de “why not” cultures, do estímulo de

parados são em mutação, o professor revela: tentar resolver os problemas presentes na

“eu gosto de chamar os wicked problems de sociedade e de assumir valores como parte

problemas saci Pererê, quando você pensa chave da vida cotidiana. “É fácil para eles

que ele está de um lado, reaparece no outro”, encarar a gestão com envolvimento de muita

disse brincando. gente, com coordenação complexa, aceitar a avaliação constante e entender que ação é resultado de negociação. Parece-me interessante retomar a discussão do conhecimento tácito (Michael Polanyi) que defende que sabemos mais do que podemos contar. Na aprendizagem por ação, pequenas ideias podem virar politica pública: o programa estadual de HIV/Aids virou o desenho do Governo Federal e o programa Saúde da Família nasceu em Niterói e ganhou o Brasil, as bases da bolsa família são na bolsa escola do Distrito Federal e no Programa de Renda Mínima de Campinas”disse Peter Spink.

Confiança, coragem, comunidade – por que não?Periferia ativa – por que não?Iniciativas sociais – por que não?Aprendizagem contínua – por que não?Relações plurais – por que não?

39

Page 43: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

WickedProblems

Seeminglyintractable withchronic policy

failure

Difficult to define

Interdependenciesand multi-causal

Solutions can leadto unforeseenconsequences

No clear solution

Socially complex

Involve changingbehavior

Sit astrideorganizational

boundaries andresponsabilities

Caderno de Inovação - Novembro 2013

Um pouco da origem: Br asil é f eito de muitos lugar es:

Sendo um país tão g rande por que

temos que ima ginar que de vemos

ter um princípio de administr ação

para todo o Br asil ?

As questões comple xas de

planejamento social – os

pensador es mais a vançadas da

reflexão sistêmica:

Avaliação como indutor a de

reflexão sobr e gestão pública local:

- Pesquisa operacional da década de 1960 – sendo recuperado agora (Burgos e outros)- Horst Rittel e Melvin Webber (via Churchman em 1967 e explicitado em 1973)- “Wicked” quer dizer resistente a resolução

• 62 milhões de pessoas em 4.938 (talvez sacana) municípios de perfil rural/urbano (até - Ackoff – problemas complexos e 50.000 pop.)planejamento interativo; • 37 milhões de pessoas em 418 municípios - Tavistock – áreas de decisão de perfil urbano/rural (de 50.000 – 200.000 interconectadas e planejamento adaptativo; pop.)- Lindblom ajustes mútuos; • 36 milhões de pessoas em 94 municípios de - Behn – tateando para frente; perfil urbano (de 200.000 – 1.000.000)• 34 milhões de pessoas em 12 municípios metropolitano ( mais de 1.000.000)• 39% da população em 1.9% do território (25 regiões metropolitanas)• Todo desenvolvimento acontece em lugares – está sempre no chão

• Você não entende o problema até que você formula a solução;• Wicked problems não tem regra que define o final, pode ser a qualquer momento;• As soluções nunca são certas ou erradas

• Avaliação fornece insumos, quantitativos e (podem ser boas ou más);

qualitativos, que mudam a natureza da • Cada wicked problem é único;

discussão pública;• Não há como verificar a validade da solução

• Avaliação é uma atividade pragmática – porque não há soluções alternativas (não há

leva a discussões sobre a utilidade de ações e “best practices” – nem transferência);

seus resultados, consequências e impactos; • Tem que começar... para nos livrarmos da

ignora a discussão sobre se algo é verdade dominação de fazer baseados na repetição.

em si;O conhecimento pode ser também focado e

• Avaliação ajuda de aumentar a localizado.

transparência sobre o gasto público; • Se é feita de maneira aberta e democrática;• Se não, não há como lidar com os “wicked problems”.

40

Page 44: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

41

Page 45: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

VOLUME 12 / Janeiro 2014VOLUME 12 / Janeiro 2014

Inovaçãono

Governo

InovaçãoInovaçãonono

GovernoGoverno

42

Page 46: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

pela Receita Federal do Brasil, isto é Inovação no Governo - possuem o controle aduaneiro e tributário.

Zonas de Processamento As seguintes ZPE possuem projetos de Exportação do industriais aprovados: Acre (2); Piauí (2);

Ceará (2). Governo Federal.

O evento com o tema acima, ocorreu no dia 10 de outubro de 2013 reunindo representantes do governo, acadêmicos e empresários para debater sobre as ZPE - Zonas de Processamento de Exportação do Governo Federal. A abertura do evento foi conduzida pelo coordenador prof. Marcos Augusto de Vasconcellos, dizendo que o Fórum de Inovação trouxe ao debate esse assunto “pois ele está diretamente ligado à competitividade brasileira”. Na sequência, chamou o palestrante Gustavo Fontenele, Secretário Executivo do Conselho Estadual das ZPE e os debatedores José Augusto Corrêa e Luiz Carlos Di Serio, ambos representando Fórum de Inovação, além do representante do CEPESP - Centro de Política e Economia do Setor Público, da FGV-EAESP, Gustavo Andrey Fernandes.

O que é uma Zona de Processamento e Exportação?

As ZPE (Zonas de Processamento de Exportação) são áreas de livre comércio nas quais as indústrias destinam a maior parte de sua produção para o mercado externo, tendo como benefícios, além de vantagens de caráter administrativo, a isenção de tributos e a liberdade cambial - ou seja, essas empresas não têm de converter em reais o produto de suas exportações.Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as finalidades das ZPE são: atrair investimentos estrangeiros; reduzir desequilíbrios regionais; fortalecer o Balanço de Pagamentos; promover a difusão tecnológica; criar empregos; promover o desenvolvimento econômico e social do país; e aumentar a competitividade das exportações brasileiras.Foram criadas 24 ZPE e cada uma está em diferente estágio. As ZPE do Acre e do Ceará, por exemplo, foram alfandegadas

43

Page 47: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Lições Aprendidas: Resumo das ideias setor privado para investir nesses recintos;debatidas no encontro

- Do ponto de vista de inovação na gestão - Exportar é preciso, agregação de valor é pública, pode-se dizer que é uma solução fundamental; útil para o Brasil por buscar aumento das

exportações e da agregação de valor da - Quanto à exportação devemos considerar produção exportável. dois aspectos centrais: a baixa participação das nossas exportações em nível mundial - As ZPE devem ser encaradas como uma (menos de 1,2% das exportações mundiais); solução transitória, pois além dos resultados e elevada composição de produtos básicos diretos, as ZPEs trarão conhecimentos e ou primários em nossas exportações (cerca experiências para redução de impostos;de 50%);

- Apesar de estarmos em mudanças - Para o sucesso das ZPE é preciso que permanentes, o administrador deve haja a comunhão de interesses públicos e desenhar possíveis cenários, que podem privados, ser totalmente diferentes mais que permitam

antecipar possibilidades e competências. - É preciso um engajamento industrial que seja capaz de reverter os números atuais de - Além da criatividade, um país precisa de exportação; produtividade, sem ela não há

oportunidades. É preciso colocar as boas - As ZPE compensam, embora algumas ideias em prática.áreas do país apresentem sérios problemas estruturais como: Custo Brasil, alta tributação, problemas de logística, direitos trabalhistas, entre outros reduz a competitividade dos projetos industrias e a ZPE pode ser uma alternativa para reduzir esse custo

- Com a precificação Exógena dos produtos exportados, o Brasil fica à mercê do processo

- As ZPE podem ajudar para que não nos tornemos refénsdaexportaçãode commodities, reduzinho a competitividade da nossa indústria;

- Para promover os benefícios tributários e aduaneiros, as ZPE devem ser alfandegadas, isto é, contar com perímetros, controles de entrada e saída , sistemas, balança, um controle tributário e aduaneiro;

- Uma ZPE deve nascer de um ente político (prefeitura, por exemplo), que vai necessariamente recorrer a uma empresa administradora, que pode ser pública, mista ou privada. Hoje, recebemos demandas do

44

Page 48: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

dinâmico tanto quanto o tema merece, e que Palestrante Gustavo poderia ser interrompido, a qualquer momento, afinal o debate se fazia Saboia Fontenele e necessário.

Silva“Quero contar também que sou graduado

Gustavo Saboia em administração de empresas, que venho Fontenele e Silva de uma geração de servidores públicos. Sou é Secretário- servidor público por escolha. A minha Executivo da missão determinada pelo Ministro de Secretaria Executiva Estado do Desenvolvimento, Indústria e do Conselho Comércio Exterior é implantar as ZPE no Nacional das Zonas país. Estamos aqui para trocar ideias, e o de Processamento setor privado é importante orientador de de Exportação políticas públicas”. (SE/CZPE), doMinistério do Trouxe alguns números:DesenvolvimentoIndústria e ComércioExterior.

Começou sua apresentação agradecendo o convite ao prof. José Augusto Corrêa que conheceu na FIESP. Aproveitou também para abrir espaço para outros debatedores se apresentarem.

Gustavo Andrey Fernandes, do CETESP da FGV-EAESP, contou que o centro procura entender quais os fatores que explicam a política pública, contando com uma equipe multidisciplinar composta por cientistas políticos, economistas, e “todos os interessados nessa interface e que querem mudar a história da nossa baixa exportação. A tendência do Brasil é de não se preocupar “Como vocês podem perceber no gráfico com o mercado externo. Exportar é preciso.”, acima, nosso comércio exterior cresceu disse. bastante, mas de forma desproporcional em

relação ao mundo. Existe nessa relação Já o prof. José Augusto Corrêa contou que é dois aspectos centrais: a maior participação um dos fundadores do Fórum de Inovação e de produtos básicos nas nossas também do Centro de Empreendedorismo exportações (cerca de 50%) e a baixa da FGV-EAESP e comentou que a FIESP participação das nossas exportações em desenvolve uma fortíssima campanha para nível mundial. É fundamental exportarmos que voltemos a fazer parte das cadeias mais e agregarmos maior valor ao produto produtivas mundiais: “já que estamos muito exportado”, resumiu o Secretário.isolados”, disse.

O palestrante retomou a palavra e confidenciou à plateia que a intenção da sua apresentação era de trocar ideias, de ser

Palestrante Gustavo Palestrante Gustavo Saboia Fontenele e Saboia Fontenele e SilvaSilva

45

Page 49: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Indústria (Dados da CNI)

1) Educação.

2) Ambiente- Macroeconômico;- Eficiência do Estado;- Segurança Jurídica e Burocracia;- Desenvolvimento de Mercado.

3) Custos- Tributação

Relatou que o nosso comércio cresceu - Financiamento;isoladamente ao longo do tempo e que as - Relações de Trabalho;exportações de produtos primários já - Infraestrutura.ultrapassaram a de produtos manufaturados. “Precisamos de um engajamento industrial 4) Inovação e Produtividadeque seja capaz de reverter esses números que estamos vendo”, disse.

Na sequência, apresentou dados da Associação Brasileira de Comércio Exterior do Brasil e da CNI. “O que apontam esses dados trazidos por

essa organização?”, perguntou Gustavo. Radiografia do Comércio Exterior “Que temos que aumentar a competitividade Brasileiro (Dados da Associação da nossa indústria e as ZPE s podem ajudar Brasileira do Comércio Exterior) nisso”, disse.

1) Dependência da exportação de Os participantes comentaram que o Brasil commodities. não possui centros de excelência, com 2) Precificação Exógena desses produtos. A exceção da indústria aeronáutica, e que o precificação é feita em mercados externos. ideal seria que tivéssemos vários centros de O Brasil fica à mercê desse processo. excelência semelhantes.3) Redução do número de empresas exportadoras e aumento das importadoras. ZPE4) Elevado Custo Brasil. Tributação, O regime de zonas de Processamento de logística, direitos trabalhistas, entre outros. Exportação passou a funcionar no Brasil

desde o dia 30 de agosto de 2012. Seu funcionamento assemelha-se ao de um porto seco com indústrias em seu interior.

Fatores Chave de Competitividade da

46

Page 50: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Para promover os benefícios do regime às empresas nele instaladas, as ZPE devem ser alfandegadas, isto é, “contar com perímetros, controles de entrada e saída , sistemas, balança, um controle tributário e aduaneiro”, explicou Gustavo.

47

Page 51: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Tratar de um tema de competitividade global é entender as diferenças entre o Brasil e países concorrentes. No mundo, as ZPE ganharam força a partir da década de 80, voltadas 100% à exportação e contando com 100% de investimento estrangeiro. O principal país foi a China. No Brasil, o modelo surgiu em 1988. Naquela época, a conjuntura econômica era a de escassez de divisas, alta inflação e as ZPE surgiram para atrair divisas para o balanço de pagamentos. Hoje a situação é diferente, temos 400 bilhões em divisas, portanto, falar dessas zonas é basicamente uma questão de competitividade, investimentos, renda e emprego. Elas geram benefícios na exportação, os produtos chegam desonerados nesse regime suspensivo”, contou o secretário.

48

Page 52: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Benefícios das ZPES

49

Page 53: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Benefícios tributários e administrativos Como estão as ZPEs no Brasil:ou Limitações?

- Foram criadas 24, 2 já estão alfandegadas, isto é, possuem o controle aduaneiro e tributário, são as do Ceará e do Acre.No Brasil, temos ZPE públicas, mistas e algumas 100% privadas. Vale dizer que, para se classificar como uma empresa de ZPE, ela só poderá vender, no máximo, 20% do seu faturamento para o mercado interno.

Gustavo fez questão de deixar clara sua opinião sobre porque as ZPE funcionam como um negócio, portanto, necessitam de recursos financeiros e humanos. “Uma ZPE pode nascer de um ente político (que vai necessariamente recorrer a uma empresa administradora), pode ser pública, mista ou privada. Hoje, recebemos demandas privadas para investir nesses recintos”, concluiu.

50

Page 54: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Apartes e perguntas: Gustavo Andrey Fernandes, do CEPESP - comentou que a única diferença da

Antonio Carlos Teixeira Álvares, exportação do Brasil, de 1950 para cá, é fundador do Fórum de Inovação e CEO que se aumentou o número de produtos da Brasilata - “O sistema não facilita se a exportados, mas a taxa permanece em empresa utilizar insumos de outros estados, 50%: “em 1950 só exportávamos café”, é desestimulante a relação ao drow back. disse. Foi além: “Vou dar exemplos sobre Não vale a pena porque serei obrigado a café. Por exemplo, nos EUA, toma-se nunca comprar aço no Brasil. Infelizmente, a Starbucks, mas aqui a gente toma Illy café, empresa exportadora fica com 100% do fundada por um romeno que criou a ICMS”. máquina de café solúvel, tomamos também

café macchiato italiano, mas quem Gustavo Fontenele - “Eu, pessoalmente, massificou o produto no mundo foi o Brasil. levei essa questão para 27 representantes Produzimos algo essencial e não ficamos da nossa Federação. O que acabamos com lucro, e isso é quase uma tradição, é percebendo é que tratativas interestaduais histórico. Como podemos reverter isso? precisam evoluir. O regime antes era só Como o governo pode ajudar? Temos que discutido em tese, agora com os cinco agregar valor aos produtos que temos”, primeiros projetos industriais, as alterações disse. na legislação começaram a acontecer”.

Luiz Claudio Sigaud Ferraz - “O que me incomoda nesse modelo das ZPE é não perceber que o mundo já não tem fronteira e nós estabelecemos um modelo com fronteira física. No mundo, hoje não cabe mais esse nível de fronteira, muro, zona alfandegada, penso que tenha que ser sistêmico. Modelo físico como alternativa? Eu não acredito e não existe em nenhum lugar do mundo.”

51

Page 55: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Reintegra. Você exporta e quando vai José Augusto Corrêa buscar os 3% não estão pagando! Faz um tempão que ninguém recebe o dinheiro de Debatedorvolta. Por isso insisto, criam alguns band aids para curar o ferido, mas nada efetivo e definitivo.

Outro problema que pode até inviabilizar uma ZPE é a falta de acordo bilaterais. O Brasil adotou uma política subdesenvolvida que tem o centro de poder doutrinário em Cuba, um segundo na Venezuela. Fizemos acordos comerciais pífios como com a Autoridade Palestina, Israel e Egito, que foi “Em minha opinião, estamos tratando de um tudo o que se fez nos últimos dez anos; não problema muito mais profundo: existe uma fazemos mais, por razões ideológicas e sem falta de entendimento e conciliação nacional. acordos com países desenvolvidos, Esse é o problema do Brasil. Muitas ações ficaremos à margem das cadeias produtivas do governo, como as ZPE, são pequenas mundiais, de alto valor”, criticou.ataduras numa pessoa que acabou de

sofrer um acidente grave e vai ficar Luiz Claudio Sigaud - “Quanto mais valor machucado por muitos anos. Quero efetivo você agrega ao produto, menos pesa parabenizar o Gustavo pela apresentação, o valor pago a mão de obra. Se alguém rica em estilo e conteúdo, e pelo fato de ser conseguir abrir os números de uma Boeing tão simpático que não dá vontade de ou de uma Embraer vai ver que o maior discordar. Mas faltar conciliação nacional é investimento é e mão de obra”.fatal; falta aos brasileiros um entendimento

predominante sobre o que queremos ser no Celso Malachias - “Trabalho a vida inteira futuro. O Brasil deveria ser uma imensa ZPE. com TI e vejo, como no exemplo de Esse é um problema filosófico”, disse. Cingapura, como a indústria do Trouxe o exemplo de Cingapura, contando conhecimento gera um salto muito grande. que o déspota (esclarecido) do país, em Exportamos menos de 3 bilhões em 1965, começou as mudanças fazendo, com software, a Índia exporta de 50 a 70 bilhões seus vizinhos, limpeza nas ruas onde de dólares, isso gera transformação. moravam e foi agregando pessoas, hoje Estamos perdendo atratividade e Cingapura é um dos países com maior competitividade quando nos comparamos renda per capita do mundo.ao mercado americano que cresce, principalmente com seus empreendedores. “Já no Brasil utilizamos a nomenclatura Penso que faltou um pouco de discussão ‘comércio exterior’ para diferenciar o que se das ZPE sob o ponto de vista da inovação. vende no País e o que se vende no exterior. Estamos falando num modelo geográfico e Nos EUA, é só comércio, pois lá a visão é o mundo está em outra dimensão”.que o mundo é o mercado. As ZPE

emergem dessa realidade. Vejamos mais Marcos Augusto de Vasconcellos - um exemplo, a legislação do Reintegra. “Quero colocar algumas ideias e Você está produzindo e exportando; avalia-provocações para a questão da se que os impostos que foram pagos ao competitividade no Brasil. As ZPE longo da cadeia produtiva ficam em torno de representam a única solução? Uma das? É 6 a 9% do preço final. Temos pois, direito a uma Ilusão? Tem alguma coisa que uma devolução; a lei aceitou apenas poderíamos e deveríamos estar fazendo? devolução de 3%, que são chamados de

José Augusto Corrêa José Augusto Corrêa DebatedorDebatedor

52

Page 56: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Gostaria de plantar essas dúvidas e ampliar ICMS não é evasão fiscal para o Estado o debate”. mas quando tem geração de emprego, tem

geração de renda e incremento de Adriano Picchi Neves - “Senti falta de arrecadação. Falta pesquisa e temas específicos. Estamos falando de ZPE desenvolvimento, modelos que se do quê? Defendo centros por tema, complementem o interessante é trabalhar indústrias e negócios, só assim para integração entre grandes zonas, baby steps, agregar valor, e não só distribuição temos que começar de algum ponto, o Brasil geográfica. Temos isso? Difícil para o perdeu 80 anos em termos de empresário saber se vai ser competitivo. A ”clusterização”, construção da base de um discussão ficou muito em cima de impostos processo. A China, por exemplo, fez e barreiras do que em inovação e grandes zonas de livre comércio para competitividade. E tem mais, o mundo vive serviços financeiros, replicando a mesma de softwares e serviços e não falamos mecânica de ZPE. O que estamos vendo nisso” acontecer é a perda de tempo em construir

uma base industrial e de fazer conexões José Augusto Corrêa - “Devo dizer que em cadeia. Alfandegamento, num regime não existe um mundo sem indústria e dessa natureza, só nasce se tiver um manufatura. Para comer, temos que enlatar, controle. Até porque precisa de um solo fértil tudo depende da indústria, enorme parte para nascer. A questão da limitação física dos serviços é gerada pela indústria. tem a ver com custo. Concordo, também, Imaginando indústria zero, o serviço vai que temos que entrar em serviços para onde?” principalmente em TI”.

Gustavo Fernandes - “No século 16, em Gustavo Fernandes - “Quanto à questão 1560, o conselho de Veneza proibiu que dos registros específicos quero fazer uma fossem abertos os sistemas de engenhos, e ressalva, Newton já dizia, ‘eu sou um mero eram os portugueses que tinham essa mortal mas estou sobre os ombros de tecnologia. O ponto levantado é que a gigantes que vieram antes de mim’. Eu digo indústria se altera. Talvez daqui a 60 anos, a o seguinte: não adianta criar regimes nossa indústria não seja mais a mesma. isoladamente que criarão sobreposições e Convergência de interesses para mim se provocarão perda de energia, existem hoje resume a entendimento. Existe essa mais de 20 regimes isolados e isso vai preocupação no governo? Eu como fragmentando e aumentando o custo para pesquisador do CEPESP tento entender empresas e para o estado, que tem que como a política do governo está tratando a aumentar fronteiras e conexões. Como convergência.” integrar ZPE, vento tecnológico e

universidades? Precisa ser bem amarrado Gustavo Fontenele - “As ZPE podem ser tudo isso. A ZPE onde perpassam todas uma possível e boa solução se forem bem essas coisas e precisa de uma orientação construídas. Optamos por tratar de bens de mercado, onde ela vai ou não se industriais porque o regime é hoje industrial, encaixar”.se fosse revisto como de serviços, seriam desenhadas com foco e serviços, mas a fotografia de hoje é essa. Serviços atrelados a bem. A divergência é sempre válida, eu como representante de governo sei que discutir é fundamental. O Brasil não ter feito a blendagem do café, por exemplo, é um assunto estimulante. Quero dizer que o

3

53

Page 57: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Agnaldo Dantas - “Acredito que o que é investido para a construção de estruturas físicas poderia ser usado para controle. Na minha opinião isso seria mais efetivo. Sair do aspecto físico e se investir em tecnologia”.

Gustavo Fernandes - “Embora eu ainda veja problemas cruciais te parabenizo pela bela apresentação e pelos esclarecimentos”.

Gustavo Fontenele - “É importantíssimo dizer que nenhuma ZPE fará milagre e que a riqueza do país está fora das ZPE. Pode até passar por ela para ganhar competitividade, mas não está nela. Quero agradecer pessoalmente ao prof. José Augusto Corrêa, e me coloco à disposição. É meu dever de ofício prestar esclarecimento, trocar idéias, divergir para construir. Estamos abertos a novas sugestões”

diretamente com a aquisição dos bens mais Opinião do debatedor José baratos produzidos nesses espaços. Isso Augusto Corrêa

Vale apenas para vendas ao exterior. O O prof. José Augusto Corrêa foi chamado

Benefício vem da criação de empregos pelo Fórum para dar uma opinião sobre o

resultante”.evento, acompanhe:

Finalmente: “Do ponto de vista de inovação, “Minha visão da palestra sobre ZPE é bem

pode-se dizer que é uma solução inovadora em consonância com o tema

(para o Brasil), que deve ser vista como Competitividade Nacional, Custo Brasil e

transitória, pois além dos resultados diretos, barreiras ao desenvolvimento. Temos falado

vai mostrar como há vantagens em redução em eliminar tais barreiras, o que é

de impostos para aumento dos volumes de praticamente impossível, dado o

vendas, o que deveria repercutir em emaranhado de leis, conflito de interesses,

medidas mais rápidas e profundas para o dentre outros fatores, além de obstáculos

aumento da Competitividade Nacional”.culturais. Mas se pode reduzir essas barreiras”.

Prossegue; “Assim, a criação das ZPE que é uma solução aceita e praticada internacionalmente, cria espaços no território nacional onde não há, ou é muito reduzido o Custo Brasil. Entretanto, o cidadão brasileiro não se beneficia disso

54

Page 58: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

VOLUME 14 / Maio 2014

55

Page 59: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

“Com o fim dos impérios coloniais e pós guerra, graças a abertura expoente do comércio internacional, houve a expansão da economia global, devido ao comércio marítimo e um aumento de renda em diversos países do mundo. Os países em desenvolvimento começaram a crescer, mas na década de 70 iniciou-se a nova defasagem. Para exemplificar: distância entre o país mais rico e um mais pobre, no que tange a renda per capita, em 1750, era de 1 para 5. Hoje essa diferença é de 400 x 1. Uma distância que aumentou muito, uma grande disparidade. O Brasil, da década de 80 em diante, voltou ao patamar dos 20% (renda per capita Brasil X EUA) e, com sorte, permanecerá nisso”.

INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE - Módulo Brasil

Por Marcos Augusto de VasconcellosO coordenador do Fórum de Inovação, Prof. Marcos, na sua apresentação, sensibilizou a plateia para a seguinte questão: “Para que seja aumentada a competitividade brasileira, que inovações precisam ocorrer no PAÍS?”

56

Page 60: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

“A partir de 1950 poucos foram os países que conseguiram alto crescimento sustentado, Dentre estes, estavam o Brasil (de 1050 até 1980) e a Coreia (desde a década de 60 até os dias de hoje). Como se pode ver no slide acima, a renda per capita no Brasil em 1950 correspondia a 18% da renda per capita dos EUA. Em 1980, essa proporção havia subido para 28% e hoje está estacionada em torno dos 20%”, disse Marcos.

57

Page 61: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

O slide acima mostra que a economia e a exportação da Coreia continuaram crescendo.

“Não podemos achar que é destino do Brasil ser subdesenvolvido, O que aconteceu para virar essa curva de desenvolvimento?”, perguntou prof. Vasconcellos. Na sequência, apresentou fatores de competitividade micro e macro econômicas.

Vale elucidar que esses fatores nos mostram o quanto o país pode ser realmente competitivo e que, todos os setores produtivos e do governo, devem fazer esforços conjuntamente. “Fica claro que os setores, público e privado, devem ser parceiros na busca de prosperidade e bem estar do país”, explicou o professor.

Prof. Marcos trouxe definições de Porter e do World Economic Forum sobre Competitividade dos países: “vale a reflexão sobre competitividade e também sobre catching up, sob o ponto de vista do Porter”, recomendou.

58

Page 62: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Fatores de Competitividade Microeconômica

“Para classificar a vantagem competitiva nacional, Porter considera 3 categorias: fatores microeconômicos, fatores macroeconômicos e dádivasda natureza”, explicou ocoordenador doFórum.

59

Page 63: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

“Os fatores microeconômicos são: a sofisticação da estratégia e operações da empresa, o estágio de desenvolvimento dos Clusters e o Diamante do Porter”, disse Marcos.

60

Page 64: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Políticas Macroeconômicas:

Os fatores macroeconômicos dizem respeito a política macroeconômica, infraestrutrura social e instituições políticas.

“Já o processo de catching up diz respeito à capacidade da empresa de diminuir e/ou superar a defasagem, em produtividade e renda, em comparação ao país líder”, explicou Marcos, mostrando o slide a seguir:

O slide a seguir mostra dado comparativo entre a determinante de competitividade, segundo Porter e as determinantes, segundo Catching Up.

61

Page 65: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

“Já o processo de catching up diz respeito à capacidade da empresa de diminuir e/ou superar a defasagem, em produtividade e renda, em comparação ao país líder”, explicou Marcos, mostrando o slide a seguir:

62

Page 66: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

O slide a seguir mostra dado comparativo entre a determinante de competitividade, segundo Porter e as determinantes, segundo Catching Up.

Mensagem final

O que falta para o Brasil? Muita coisa, começando por planejar o futuro. “Todas as notícias que eu ouço, falam do ano passado ou de projeção de 1% para 2014, eu não vejo estudos ou notícias relativos ao que devemos fazer HOJE para que, em 2044, por exemplo, possamos estar melhor. A pergunta que não cala é: Porque não podemos voltar a crescer?”, instigou Prof. Marcos.

63

Page 67: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil
Page 68: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

BRASIL - Competitividade Global

José Augusto Corrêa (FGV-EAESP) decidiu utilizar o “very old fashion way”, quadro-negro e giz, dispensando a utilização de slides, recorrendo a contar suas experiências pessoais e traçar um panorama sobre inovação, cadeias produtivas e empresas transnacionais.

Para isso, desenhou o conceito de escada, que reproduzimos a seguir:

Page 69: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Começou explicando que, em geral, uma empresa que entra para competir num mercado maduro, geralmente se utiliza do conceito do “preço mais baixo”.

O que fica claro é que, ao se aplicar a inovação, ganha-se diferenciação, valor agregado: “Com a inovação cria-se um mercado que antes não existia e se atinge o outro extremo da 'escada'”.

E foi além: “Entre essas duas etapas, existem outros estágios; a empresa talvez possa competir por melhor qualidade, ou entregando em prazos mais curtos, o que exige melhorias logísticas, ou sendo flexível em produzir em pequena escala, em menores lotes e em variedades de produtos”, disse Corrêa.

Empresas (e países) competem em vários ranking de Competitividadeestágios diferentes e, fica bem claro dos países, do World Economicatualmente, que há no Brasil muitas Forum (WEF) e no da FIESP, o Brasilempresas que seriam bem competitivas em Está muito mal colocado nesses outros países, mas são bloqueadas pela requisitos”, exemplificou com dados.falta de competitividade nacional.

O professor avançou explicando que uma Esse peso recai sobre os custos dos forma de pensar em competitividade é produtos feitos no Brasil. A imaginar que empresas ou países Competitividade de uma empresa competem por mercado, “e isso acontece de depende dela mesma e do grau de verdade”, completou.competitividade do país onde ela atua. “Isso quer dizer que a mesmíssima “As empresas mais produtivas e os países

empresa no Brasil ou na Coréia, por mais produtivos ganham esses mercados. O

exemplo, terá resultados diferentes ao conceito básico é a produtividade. País (ou

vender num terceiro mercado. No Brasil empresa) mais competitivo é aquele que

há muitas empresas que são tem maior produtividade que, em resumo, é

competitivas por sua tecnologia e conseguir fazer mais com menos recursos.

capacidade de inovação, mas que devido Custos mais baixos de energia, de telecom,

aos nossos problemas nacionais de má de transportes, funcionários mais bem

qualidade da infraestrutura, como na treinados, saudáveis, com maior

educação, saúde, logística, conhecimento para melhorar

telecomunicações, energia, excesso de permanentemente processos e produtos,

impostos e de leis trabalhistas (e seus são fatores de sucesso para

altos custos) não conseguem ser competitividade”, defendeu o professor.

competitivas internacionalmente. No

66

Page 70: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Aspectos econômicos de um país também “Uma cadeia produtiva começa com afetam todo o jogo da competição. A taxa de matérias primas, produtos da mineração ou câmbio, por exemplo, muda os preços da agricultura, que passam por diversas internacionais. “No Brasil, a indústria vem fases, por processos, que têm muitas sofrendo dessa doença: com o real indústrias envolvidas, agregando mais e supervalorizado, devido a excesso de mais valor. O Brasil precisa avançar nas despesas do governo (sem resultados suas posições dentro dessas cadeias práticos sobre a competitividade nacional) globais”, completou.os juros têm que ser aumentados e o real se valoriza. Com isso, os produtos brasileiros As empresas transnacionais - que são as ficam mais caros no exterior, perdendo que têm seus processos produtivos mercados, ao mesmo tempo em que os atravessando fronteiras, minimizam custos e produtos estrangeiros (por exemplo, os especializam suas subsidiárias ou chineses), ficam mais baratos aqui dentro fornecedoras pelo mundo. Com isso, fazem do Brasil”, disse. com que aumentem as escalas de produção e as melhores em determinado produto ou As empresas brasileiras perdem serviço passam a abastecer toda a cadeia duplamente nesse processo, não devido à mundial. falta de produtividade, e consequentemente menor competitividade, mas devido a um “Podemos enxergar uma cadeia produtiva fator macroeconômico, alheio à como se fosse apenas uma empresa que administração delas o câmbio - que reduz fabrica um produto, mas onde há uma toda a competitividade nacional. competição para a divisão do lucro final

entre cada uma das etapas. Isso ocorre “O setor industrial brasileiro não tem obtido realmente entre as empresas dessa cadeia. o suporte necessário para aumentar sua É uma concorrência sem fim, uma competitividade internacionalmente; a competição que não acaba. Apenas, o que legislação brasileira dificulta as exportações, ocorre é que os perdedores são gerando um problema sistêmico no país”, simplesmente removidos do processo, opinou Corrêa. trocados por outros mais competitivos, onde

quer que se localizem no mundo”, finalizou.Defendeu que o setor agropecuário, por sua elevadíssima produtividade, compensa as mesmas dificuldades da manufatura e hoje é essencial ao país, sendo responsável, juntamente com o setor de extração mineral, pela superação dos déficits comerciais com manufaturados.

“Atualmente, é clara a tendência para o deslocamento da produção brasileira para o inicio das cadeias produtivas, com exportação crescente de matérias primas em detrimento de produtos mais elaborados e com maior tecnologia e valor agregado”. Na opinião de Corrêa, é necessário que sejam realizadas negociações para acordos comerciais com países com tecnologias mais avançadas, para que o Brasil venha a participar dessas cadeias produtivas internacionais.

67

Page 71: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

investir em inovação, alta tecnologia e A “Armadilha” da Renda Médiaformação de pessoas”, disse Di Serio.Países como Brasil, Peru, México, China e Di Serio trouxe dados novos de uma Malásia estão presos nisso, mas temos pesquisa realizada por Barry Eichengreen e bons exemplos de quem já saiu como o Kwanho Shin; Professores da Universidade Japão e Coreia do Sul.da Califórnia e da Universidade da Coréia

do Sul e autores do Estudo Growth Alguns dados sobre o Brasil após a Slowdowns Redux: New Evidence on the Segunda Guerra Mundial:Middle-Income Trap. A pesquisa mostra que

os países que entram na faixa da renda - Pós-Segunda Guerra Mundial “Sensação” média tem maior propensão de passar por entre os Emergentes estagnação econômica. Geralmente, essas - Crescimento médio de 7% a.a. por mais de economias baseiam suas exportações em 25 anos. commodities, e as indústrias não agregam

valor e inovação nos seus produtos. “O país entra para a faixa das nações de renda média, em 1961. Durante este “Quando falamos em renda média, PIB que período, acontece a mecanização da varia de 3.000 a 16.000 dólares por agricultura, trabalhadores migram para habitante, o país tem maior propensão a indústria e serviços nas áreas urbanas, passar por um período de estagnação ocorreu o aumento da produção e dos econômica. A sociedade, de forma geral, se salários”, disse Di Serio, e continuou: “A acomoda com a melhoria do padrão de vida, economia foi perdendo o fôlego e o Brasil e o país, muitas vezes, se fixa na não conseguiu mais competir com rivais que exportação de commodities, tinham mão-de-obra mais barata e não passando a concorrer com países avançou para o patamar seguinte no qual é pobres, que levam vantagens por preciso liderar o processo de inovação. O ter custo mais baixo de produção. país fica “espremido” entre estas duas Sendo que para manter esse realidades”, revelou.crescimento o país deveria

68

Page 72: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

70

O professor enxerga que a sociedade Diagnóstico de Competitividadebrasileira tem totais condições de evitar os erros que prendem o país à “armadilha” da Prosperidaderenda média.

Como escapar dessa armadilha?

- modernizando e internacionalizando a indústria;- agregando valor ao produto, não exportando somente commodities;- investindo em educação de todos os níveis;- investindo fortemente no ensino técnico;- investindo em média e alta tecnologias;- melhorar tem serviços de telecomunicações de péssima qualidade e caros. “Isso afeta o fluxo de transmissão de dados entre pessoas e empresas, o Banco Mundial diz que um avanço de 10% no número de conexões banda larga pode contribuir em 1 ponto percentual no PIB”, exemplificou.

Alguns bons exemplos:

“Vale citar o exemplo da China que promoveu urbanização, incentivou o setor industrial e entrou na faixa da renda média em 2001 e de Israel que promoveu universidades empreendedoras. Taiwan entra como um bom exemplo dentre os Tigres Asiáticos, já que 28% das exportações mundiais de produtos e serviços importados, que depois de incorporados novos processos, acabam sendo vendidos no exterior novamente”, citou o professor.

Michael Spence, Nobel de Economia de 2011, autor do livro: “Os desafios do Futuro da Economia”, defendia: “É mais fácil sair da pobreza do que dar um pulo do meio da escada para o topo”. “Os países não entendem a magnitude das mudanças necessárias para fazer essa transição”, disse Di Serio.

Salário Médio

Desigualdade Social e pobreza

Dimensões não financeiras e padrão devida; por exemplo, qualidade do

meio ambiente

69

Page 73: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

70

grupos focados no seu poder de influencia, Plateia Interagindosó assim poderemos quebrar barreiras e fazer algo”.

Claudio Cardoso - fez uma importante consideração sobre o contexto de estado e política brasileiros: “temos uma participação muito grande do Estado na economia, temos11 empresas estatais, 40% da economia depende do Estado. Além disso, a composição política transformou o país numa maquina de eleição, tudo gira em torno disso. O PT, por exemplo, tem 18% do Congresso, o PMDB 20%, não há como compor maioria. Os nossos parlamentares consomem seu tempo para em articular maioria”, disse.

Di Serio - complementou: “infelizmente sabemos que o desvio de verba é uma realidade o desvio de verbas, sabemos que ela não chega a áreas prioritárias. Penso que o tempo ideal de mandato seria de 6 anos, do jeito que está não conseguimos pensar em projetos de longo prazo”, disse. E foi além: “não temos saúde, nem educação, a justiça não funciona, estamos sem respaldo, enfrentando uma crise de credibilidade no sistema. Falta alinhamento de projeto nacional, falta visão, um projeto de país. Quando a sociedade é mobilizada, as coisas acontecem”.

Agnaldo Dantas, do Sebrae - “Fazemos parte de um grupo seleto, que teve boa educação e oportunidades, temos que focar em coisas que possamos concretizar, com planejamento de curto, médio e longo prazos. A saída mais efetiva e transformadora é a Educação, mas para isso são necessários 30, 40 e até 50 anos, mas podemos adotar outras ações.

De médio prazo temos problemas de logística, de curto prazo, podemos tentar algo em relação a impostos. O que importa é ter ações de políticas públicas para melhorar o ambiente, no caso do Sebrae, as micro empresas, assim como a Fiesp para as indústrias. Penso que devamos ter representantes em todas as áreas e com gente de diversos setores. As propostas de mudança devem vir por intermédio de

Page 74: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

71

- Inovação nas transações internacionais, Opinião dos Moderadoresespecialmente a inserção nas cadeias globais de suprimentos;- Inovações na gestão, incluindo a Marcos Augusto Vasconcellosvalorização e capacitação dos colaboradores, e a criação de um ambiente Já que estamos falando de inovação no interno de estímulo às pessoas para Brasil, poderíamos ampliar a pergunta do inovarem.início, “Para que seja aumentada a

competitividade brasileira, que inovações Em nível de país, as inovações que eu precisam ocorrer no PAÍS?”, para “qual considero fundamentais são:inovação, ou melhor, quais inovações são

necessárias para que sejam atingidos os - Inovação na Educação pré-requisito objetivos de desenvolvimento econômico, essencial para o desenvolvimento prosperidade, bem-estar e qualidade de econômico e social do país. Mais do que vida dos brasileiros?”.inovação, é preciso uma revolução no nosso sistema educacional, para que seja Em outras palavras: Que inovações garantida educação de qualidade, em todos precisam ocorrer para que o Brasil retorne à os níveis, para todas as pessoas, como trajetória de crescimento que já teve, em forma mais segura de combater a exclusão passado não tão distante, de forma que social hoje existente.possam ser perseguidos os objetivos acima - Inovação nas Políticas Públicas, para que citados? A resposta deve ser procurada sejam acompanhadas de atuação tanto no nível das empresas como no nível governamental pró-ativa, o que inclui a de país.criação de condições favoráveis à (re) industrialização, e a condução do processo de mudança de estruturas (de indústria mais antigas para as avançadas tecnologicamente. - Inovações na gestão, qualidade, eficiência e produtividade dos serviços públicos.- Inovações no exercício da cidadania e da reconstrução do Estado, o que inclui o fim do loteamento dos ministérios e demais instituições públicas, a transparência na alocação dos recursos públicos e a reciprocidade entre a eficiência na arrecadação de impostos e a qualidade dos serviços à população.

Deixei para o fim duas inovações que, a meu ver, deveriam preceder todas as demais:No nível das Empresas, as inovações que

eu considero mais necessárias são:- Criação de um Projeto para o país (o foco das discussões precisa mudar do “câmbio - Inovação nos processos de absorção fato de ontem” para o “Brasil de 2050”); ede novas tecnologias de produtos e - Mudança dos modelos mentais processos (o que não se resume à compra (precisamos voltar a acreditar no Brasil e no de equipamentos);respeito à cidadania).- Inovação nos processos de P&D,

especialmente nas áreas de fronteira do conhecimento;

Page 75: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

VOLUME 15 / Julho 2014

Produtividade

72

Page 76: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

E foi além: “o que percebemos é que o Produtividade das Nacoes principal responsável pelo fenômeno de distanciamento entre países ricos e A produtividade das nações foi pobres é a diferença de ritmos de abordada por Jorge Pires, professor variação de produtividade, e não da da Faculdade de Economia da acumulação de fatores”.Fundação Getulio Vargas (FGV-

EESP), na parte da tarde. Acumulação de fatores ou aumento da produtividade?

Mais trabalho e capital podem ser incorporados à produção, aumentando-a. O que se verifica, porém, é que a acumulação de capital e o uso de mais trabalho não é o que condiciona o desenvolvimento no longo prazo, “ela pode, transitoriamente, acelerar a taxa de crescimento, mas não a sustenta. O que sustenta de fato o crescimento é a produtividade”, explicou.

O professor contou que fez um estudo para decompor a variação da produtividade em contribuições da O professor relata que a literatura do inovação e de ganhos de eficiência e desenvolvimento econômico trata o de escala.crescimento como tendo duas

fontes básicas: “ou se cresce A eficiência pode ser subdividida, do acumulando mais capital e se ponto de vista conceitual em: evitar trabalha mais para produzir; ou se desperdício de um lado e alocar melhor faz mais com a mesma quantidade os recursos de outro, que significa de trabalho e capital, o que é a ideia “conseguir um melhor mix entre capital da produtividade. Assim está e trabalho. Por exemplo, se o capital é organizada a literatura”, disse. caro, você deve analisar se está usando capital demais relativamente ao trabalho. Em contrapartida, se o trabalho é muito caro, sinaliza-se para o mercado que tem que investir num outro fator de produção que está relativamente mais barato, o capital. Nas relações trabalhistas se o custo do trabalho é muito caro, pode-se investir na robotização. Se ele é mais barato, nada impede que se intensifique o uso da mão de obra - novos turnos de

71

Page 77: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

trabalho, mais horas extra, contratação de mais gente”, disse Pires.

Existem casos em que há um período de transição onde as economias crescem com base numa grande expansão da quantidade de fatores, isto é, com acumulação intensa de capital e trabalho, mas depois o padrão muda. “Em outro momento, posterior, passa a mandar a produtividade, e assim o crescimento passa a ser sustentável. Como bons exemplos, temos Japão e Coreia”, revelou o professor. Dessa forma um nível de prosperidade superior pode ser obtido.

72

Page 78: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Determinantes aproximados e determinantes fundamentais

Quando se compara países, nota-se que aqueles que têm um nível baixo de prosperidade são também os que têm população com um baixo grau de escolaridade, e em que os mercados não são funcionais ou simplesmente não existem para vários produtos e serviços importantes. São também aqueles onde as máquinas e equipamentos são obsoletos, assim como as tecnologias de produção utilizadas. Essas, contudo, não são as causas últimas do baixo desenvolvimento desses países, são na verdade determinantes aproximados dele. Podem ser vistos como uma causa indireta, segundo o professor.Há duas hipóteses bastante difundidas na literatura sobre quais seriam os determinantes últimos ou fundamentais do crescimento. De um lado há a Geografia, “relevo, recursos naturais e clima condicionando os habitantes a serem mais ou menos produtivos” e, de outro, há a hipótese das instituições serem ou não “favoráveis ao desenvolvimento, que caráter elas têm, se oferecem direito de propriedade e usufruto desse direito, se limitam a atuação egoísta das elites”, pontua o professor e completa: “às vezes, vemos elites dominarem, a ponto de se favorecer e expropriar o resto da população, de bens, serviços e direitos políticos”.

73

Page 79: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

A ideia de que a geografia é um Acemoglu mostra que a hipótese das fator importante para o instituições é mais plausível. Essa desenvolvimento econômico, está hipótese tem encontrado aceitação fundamentalmente calcada na cada vez maior na literatura e foi nela constatação de que quase todos os que o professor Pires centrou as suas países muito pobres (aqueles com explanações.menos de 5% da renda per capita dos EUA) estão localizados Instituições, de acordo com o prof. próximos à linha do equador. O Jorge Pires "são as regras do jogo argumento central é que nessas social, isto é, as normas sociais que regiões o clima muito quente, as condicionam a atuação de indivíduos, chuvas torrenciais frequentes e as empresas, organizações sociais, doenças típicas dali influenciariam organizações políticas e governos. negativamente as possibilidades de Essas normas incluem tanto o crescimento econômico das nações. arcabouço legal formal (constituição, Contudo, o professor Pires ressalta leis) quanto os procedimentos informais que “embora haja grande correlação tradicionais de interação social entre geografia e nível de (comportamento individual, de partidos prosperidade, isso não significa que políticos, de representantes de grupos há uma causalidade.” Pode haver de interesse, governantes, padrões de omissão de fatores relevantes na políticas públicas, etc)”.análise, quando se considera apenas a geografia. Instituições favoráveis ao

desenvolvimento e o potencial de Pires citou trabalhos de Daron crescimentoAcemoglu do MIT, e seus associados, que tratam de avaliar qual das duas hipóteses teria maior aderência à evidência histórica. Nesses trabalhos o experimento da colonização Europeia tem um papel central. Se a Geografia é o fator determinante da prosperidade, então as nações que eram prósperas antes da chegada dos colonizadores deveriam permanecer prósperas depois do período de colonização (e até hoje). Se as Instituições são o fator preponderante, então as nações em que boas instituições foram introduzidas deveriam ser mais prósperas comparativamente às nações em que isso não ocorreu. Com base em estudos estatísticos,

Entre as instituições que favorecem o crescimento econômico estão: os sistemas de representação política em que a maioria da população pode participar votando ou se candidatando livremente; ordenamentos jurídicos (Constituição, e leis ordinárias) que protejam os direitos de propriedade de maneira abrangente e não apenas de forma seletiva para algumas pessoas, e que imponham limites ao poder decisório e econômico das elites; e sistemas educacionais que garantam um nível mínimo razoável de igualdade de oportunidades, com acesso à escola de boa qualidade.

74

Page 80: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Segundo o professor, uma boa maneira de se buscar entender o crescimento econômico é pensar nele como um fenômeno potencial. Há uma série de recursos disponíveis que podem ser combinados para obter um nível ótimo de produção. Quando se usa ineficientemente esses recursos fica-se aquém do potencial produtivo da economia. Além disso, as economias podem elevar esse potencial, deslocando a fronteira que limita o crescimento. Reduzir ineficiências significa caminhar na direção do potencial efetivo de produção. Já a geração e adoção de inovações, tecnológicas, que melhoram os processos produtivos ou que criam novos produtos, equivalem à ampliação do potencial de crescimento da economia (um deslocamento da fronteira de produção).

Segundo Pires, as instituições de um país afetam todos esses tipos de movimentos de crescimento econômico, isto é, influenciam tanto a acumulação de fatores, quanto o nível e a dinâmica da ineficiência produtiva (desperdício) e o ritmo de geração e adoção de novas tecnologias.

Em resumo, é possível distinguir três tipos de movimentos que indicam crescimento econômico. O primeiro deles é o da acumulação pura e simples de fatores de produção: mais capital e / ou mais trabalho traduzindo-se em maior produção. O segundo é o de, a partir de uma situação de desperdício ou ineficiência, buscar reduzi-la, indo em direção à fronteira, isto é, em direção ao uso eficiente dos recursos. O terceiro tipo é o movimento da própria fronteira de produção, um deslocamento dela por meio da geração e/ou adoção de inovações que permitem produzir mais com as mesmas quantidades de fatores de produção. “Tanto a redução das ineficiências quanto as inovações representam ganhos de produtividade”.

75

Page 81: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

76

Page 82: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Acumulação dos fatores de produção é impactada negativamente, por exemplo, quando não houver garantias de que os rendimentos gerados pelos investimentos feitos por um indivíduo (ou grupo) podem efetivamente ser apropriados por ele. Nesse caso é natural que o valor desses investimentos seja pequeno ante o seu potencial.

As instituições influenciam também o nível de ineficiência: se o sistema tributário ou legislações muito intervencionistas distorcem de maneira exagerada a alocação dos recursos, haverá um uso ineficiente deles. O mesmo ocorrerá, por exemplo, se não houver mecanismos de defesa da concorrência (legislação e sua aplicação) que evitem a concentração de poder de mercado nas mãos de poucas empresas (oligopólios, cartéis, monopólios). Um marco regulatório mal desenhado também tem um efeito semelhante, podendo afetar negativamente um mercado tanto por meio de uma regulação insuficiente ou leniente, quanto com um grau de intervencionismo exacerbado, com consequências para a produtividade e o investimento.

O investimento em geração e adoção de novas tecnologias também é fortemente influenciado pelas instituições. Quando há legislação e órgãos públicos que fomentam a inovação de maneira consistente, tende-se a inovar mais frequentemente e com maior impacto nos mercados.

77

Page 83: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Segundo Pires, para crescer é empreendimentos (o que reduz o ritmo preciso averiguar quais são os de acumulação de capital).problemas internos que inibem os investimentos: (i) em máquinas e Outra questão a se responder é “por equipamentos melhores no país; (ii) que uma parte grande das pessoas não em capital humano (mais anos de investe mais em sua formação, não estudo) e em (iii) atividade estuda mais ou busca aprender um inovadora. “De que natureza são ofício?” O movimento recente no Brasil esses problemas?” É necessário de aumento do número de anos de verificar se eles representam escolaridade e da busca de formação condições desfavoráveis à universitária por parte dos jovens pode apropriação dos retornos dos ser uma experiência importante para se investimentos ou se representam entender o papel do capital humano. incrementos aos custos de Ficou a impressão de que os jovens produção e contornar esses buscaram essa formação pelo simples empecilhos ao crescimento. fato de que as condições mais

favoráveis da economia possibilitaram que seu investimento nos estudos viesse a garantir um bom retorno em termos de renda posterior. Ou seja, se é verdade que escolaridade e crescimento econômico estão correlacionados, não é necessariamente verdade que a causalidade vai num sentido só - do capital humano para o crescimento. Ela também pode operar no sentido oposto, com o crescimento estimulando o investimento em capital humano.

Estudos recentes em nível macroeconômico têm mostrado que os efeitos do capital humano sobre o crescimento podem ser bem menores que aqueles inicialmente estimados,

Custos de transação elevados e desde que se analisem também as burocracia, por exemplo, atrapalham mudanças institucionais ocorridas. A a constituição e operação de ideia subjacente é de que, se houver empresas, fazendo com que os uma mudança institucional, por investidores tenham que gastar exemplo, no mercado de crédito, que muito tempo e dinheiro para criar um possibilite aos jovens obter negócio e fazer com que ele financiamento para estudar em boas funcione. Isso reduz a produtividade escolas, centros técnicos de formação e rentabilidade dos investimentos, e profissional e faculdades, com acaba, por fim, inibindo novos condições boas de prazo e juros,

78

Page 84: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

certamente a acumulação de capital então averiguar as condições humano seria maior, estimulando o institucionais sob as quais a inovação é crescimento econômico. O gerada no país. Há aparato de defesa determinante fundamental do da propriedade intelectual? Ele é crescimento, nesse caso, seria a adequado? Protege os inovadores sem mudança institucional e não o travar a disseminação do capital humano per se. É a mudança conhecimento? Há instrumentos de institucional que provoca o efeito financiamento público disponível para último de tornar o investimento em empresas privadas gerarem inovações?capital humano atrativo, por aumentar sua rentabilidade. “O É esse o tipo avaliação relevante a se segredo é encontrar meios de fazer para identificar os entraves ao garantir essa rentabilidade, de modo crescimento econômico.que os jovens corram atrás da educação eles mesmos”. Estratégias de desenvolvimento

O investimento em atividades Um grande problema destacado pelo inovadoras mereceria uma análise professor Pires é que não há mais detalhada segundo o prescrições universais de instituições professor, por uma série de motivos, boas para o desenvolvimento que tais como: funcionem em todas as nações. O nível

conceitual em que se trabalha usualmente é muito geral, pois se fala apenas em proteção de direitos de propriedade, limitação da atuação das elites e igualdade de oportunidades, mas vários tipos distintos organização política, de ordenamento jurídico e várias formas concretas de organização do sistema educacional podem ser favoráveis ao desenvolvimento. “Não há uma receita universal”.

Ainda assim, a sabedoria convencional costuma prescrever instituições e políticas públicas gerais, que supostamente valeriam para todos os países. A História mostra que em várias nações essas prescrições falharam na promoção do crescimento e

Essas condições tornam incertas prosperidade. A conclusão a que se tanto a geração efetiva de chega é a de que se faz necessário um inovações, quanto a apropriação diagnóstico de entraves locais como dos benefícios que advém delas peça chave na escolha dos rumos a (retorno do investimento). Cabe serem tomados.

• a geração de novas ideias depende de conhecimento pré acumulado (quanto maior a base de conhecimento, maior a criação de novo conhecimento); • o investimento em geração de inovações é altamente arriscado; • o conhecimento é um insumo que tem natureza de uso não rival: uma pessoa ou empresa pode usar uma ideia para produzir sem que isso diminua em nada a possibilidade de que outras pessoas também o façam. Isso não ocorre com insumos físicos (matéria prima) ou com o trabalho de uma pessoa qualificada.

79

Page 85: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Há um grande espaço para que alocativa. Na Coreia, contudo, esse sejam concebidas estratégias crescimento se tornou sustentável, na nacionais específicas de medida em que se transitou para uma desenvolvimento. Para um estratégia embasada na inovação e nos determinado país pode ser ganhos de produtividade. A ineficiência interessante seguir uma estratégia alocativa também deixou de ser calcada num novo sistema de importante por lá, mais adiante.incentivo às inovações tecnológicas com base em financiamento público Fazer o bolo crescer ou distribuir?da geração de conhecimento e na promoção de mercados internos, via Um problema muito importante melhorias no sistema tributário que ressaltado pelo professor Pires é o de reduzem ineficiências. O mesmo não haver tendência natural a se pode não valer, contudo, para outro caminhar para boas instituições. Elites país, que talvez pudesse se sair ou grupos sociais influentes num país melhor com um sistema bem podem bloquear a adoção de desenhado de recompensas para a instituições boas para o crescimento inovação (patentes) e promoção das econômico em razão de essas exportações via redução da mudanças representarem para elas burocracia para exportar e uma perda direta de renda e/ou de investimentos privados em poder econômico ou político.infraestrutura portuária por meio de concessões públicas ou da criação de parcerias público privadas, que antes não eram permitidas.

Uma questão interessante é a de que algumas vezes há um conflito entre os movimentos (ou fontes) do crescimento econômico. No Brasil e na Coreia, por exemplo, houve grande distorção na alocação de recursos durante a década de 1970, provocada pela forte influencia do Estado nas decisões de investimento. Isso levou a uma contribuição negativa advinda da ineficiência alocativa, mas não quer dizer necessariamente que a estratégia adotada estava errada. Nos dois países houve forte crescimento econômico, porque os outros dois tipos de crescimento (acumulação e inovação) mais que compensaram a ineficiência

80

Page 86: Fórum de Inovação | Inovação e mudanças: Encontros sobre inovação no Brasil

Jorge Oliveira Pires and Fernando Garcia (2012), Productivity of Nations: A Stochastic Frontier Approach to TFP Decomposition. Economics Research International Volume 2012, Article ID 584869, 19 pages doi:10.1155/2012/584869 http://www.hindawi.com/journals/ecri/2012/584869/

Fernando Garcia, Rogério César de Souza, Jorge Oliveira Pires (2008) Technical change: It should be positive and make sense! Economics Letters Volume 100, Issue 3, Pages 388-391 (September). doi: 10.1016/j.econlet.2008.03.014 http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165176508000839

Daron Acemoglu (2003), “Root Causes A historical approach to assessing the role of institutions in economic development”. Finance & Development, International Monetary Fund, June.

“Neste ponto a discussão remete à velha questão sobre o tamanho e a distribuição do bolo.” As mudanças institucionais condicionam não apenas as possibilidades de crescimento e o tamanho do bolo da prosperidade, mas afetam também a maneira como ele é distribuído entre os indivíduos ou grupos de indivíduos de uma sociedade. Tais mudanças tendem a ocorrer quando um grupo favorável a elas consegue poder suficiente para realizá-las, impondo perdas ao grupo resistente, ou negociando uma compensação com ele. Em razão disso as mudanças costumam ocorrer de maneira gradual, na base de incrementos marginais.

81