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UNIVERSIDADE PAULISTA MARCO JÚLIO CICERO DE ARAUJO 1 FUNÇÕES E CONTINUIDADE: CONCEITOS E APLICAÇÕES PRÁTICAS SÃO PAULO 2013 1 Aluno do terceiro semestre do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista

Funções - conceitos e aplicações práticas

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UNIVERSIDADE PAULISTA

MARCO JÚLIO CICERO DE ARAUJO1

FUNÇÕES E CONTINUIDADE:

CONCEITOS E APLICAÇÕES PRÁTICAS

SÃO PAULO

2013

1 Aluno do terceiro semestre do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista

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2

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho está inserido no contexto de Atividades Práticas Supervisionadas (APS),

proposto pelo currículo do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista –

UNIP.

O objetivo principal da APS é possibilitar uma vivência prática das teorias aprendidas

no decorrer do curso, integrando as disciplinas de cada semestre.

Para isso, este trabalho foi dividido da seguinte maneira. No capítulo 1 contém a

apresentação do trabalho, identificando quais são os principais objetivos. Além disso, o

conceito de função é retomado, mostrando qual foi a evolução histórica do conceito de função,

desde a Idade Média até os tempos atuais, considerando os principais avanços e as principais

definições adotadas pelos povos antigos e pelos estudiosos atuais da matemática. Será

apresentado o conceito de função, com ênfase para as funções de primeiro, segundo e grau n,

e, por fim, exemplos de aplicações práticas para cada uma delas.

O capítulo 2 pretende discutir o que foi aprendido ao longo da realização do trabalho, a

partir da bibliografia estudada ao longo do semestre.

O último capítulo formaliza uma proposta simples de trabalho, para o futuro professor

de matemática, a partir do tema escolhido.

1.1. Evolução Histórica do Conceito de Função

Atualmente, não existe um consenso geral sobre o desenvolvimento do conceito de

função ao longo do tempo. De acorco com (Zuffi, 2001, p. 11) apud (Chaves & Carvalho, 2004):

“não parece existir consenso entre os autores, a respeito da origem do

conceito de função [talvez pelo seu próprio aspecto intuitivo]. Alguns deles

consideram que os Babilônios (2000 a.C.) já possuíam um instinto de

funcionalidade [grifos do autor] (...) em seus cálculos com tabelas

sexagesimais de quadrados e de raízes quadradas (...) que eram destinadas a

um fim prático. As tabelas, entre os gregos, que faziam a conexão entre a

Matemática e a Astronomia, mostravam evidência de que estes percebiam a

idéia de dependência funcional, pelo emprego de interpolação linear”.

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3

Contudo, diversos autores fizeram uma retrospectiva acerca da evolução dos estudos

sobre funções, com o objetivo de organizar as descobertas mais importantes e organizá-las de

maneira a facilitar o estudo da História de Matemática.

De acordo com (Youshkevitch, 1976) apud (Bueno & Viali, 2009), é possível dividir o

desenvolvimento da noção de função em três momentos históricos: (i) Antiguidade: (ii) Idade

Média e; (iii) Modernidade.

O período da Antiguidade foi caracterizado por diferentes estudos de casos de

dependência entre duas quantidades. Contudo, não foi criada uma noção geral da ideia de

variável ou de função.

Já no período da Idade Média, as funções foram definidas sob uma ótica geométrica e

mecânica. Entretanto, como no período anterior, a noção de dependência entre duas variáveis

foi definida de maneira verbal ou através de um gráfico, ao invés de uma expressão algébrica

(como conhecemos atualmente).

Por fim, na Idade Moderna, principalmente a partir do século XVII, houve a preferência

pelas expressões analíticas para demonstrar as funções, tornando-se a principal classe utilizada

para definir funções.2

A seguir, é mostrada quais foram as principais contribuições para o estudo das funções

em cada um destes três períodos.

1.1.1. A Antiguidade

Mesmo sem o desenvolvimento de uma noção geral da ideia de variável ou função, o

período da Antiguidade foi marcado pelo estudo de casos práticos, em especial no campo de

astronomia, que utilizaram métodos quantitativos e construção de tabelas, onde a noção e

função era entendida como a relação entre conjuntos discretos e constantes dadas.

Neste contexto, de acordo com (Sá, et al., 2003), mostra que os babilônios construíram

tabelas em argila onde os valores de duas diferentes colunas possuíam uma relação constante

(para cada valor na primeira coluna existia um número na segunda coluna, resultado da

multiplicação do número da primeira por uma constante arbitrária).

Segundo (Eves, 2004) apud (Bueno & Viali, 2009), a matemática babiolônica já havia

evoluído para uma álgebra bem desenvolvida. As tábulas sexagenais eram utilizadas no cálculo

2 A Classe das funções analíticas geralmente são expressas por meio de soma de séries infinitas.

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4

de valores de quadrados e cubos dos números de 1 a 30 (e, também, valores de n2 e n3, ainda

dentro deste intervalo). O objetivo foi estudar o movimento dos planetas.3

Os egípcios também construíam tabelas, em especial em papiros, que resumiam os

resultados obtidos de investigações empíricas e, muitas vezes, generalizações.

No período da Antiguidade vale destacar a escola grega no estudo das funções. Apesar

de não ter havido o desenvolvimento de um simbolismo sofisticado, os gregos foram capazes

de contribuir na medida em que houve um aumento do número de dependências funcionais

utilizadas e dos métodos para estudá-las. (Bueno & Viali, 2009)

Dentre os matemáticos gregos, pode-se citar contribuição de Ptolomeu. De acordo com

(Mendes, 1994, p.12; AABOE, 1984, p.20) apud (Sá, et al., 2003),

“... este matemático ele trabalhou na área da astronomia, e que, desenvolveu

ferramentas matemáticas, entre elas a trigonometria. Ele utilizou tabelas

envolvendo a função da corda do arco x, ou crd x, mas sem fazer referência

a palavra função. E ainda entre as ideias funcionais gregas temos os

symptons, que eram a condição necessária para que um ponto pertencesse a

uma curva. Apolônio e Arquimedes chegaram a utilizar os symptons”.

Contudo, ao mesmo tempo em que ideias de variação quantitativa ou de mudança eram

constantes no pensamento grego, os problemas envolvendo movimento, continuidade e infinito

não foram estudados com destaque. Com isso, a ideia de velocidade, como razão entre o espaço

e tempo, e, por conseguinte, o conceito de velocidade instantânea foram considerados. Isso fez

com que não fosse desenvolvido, um pensamento um pouco mais complexo e abstrato com

relação à noção de variabilidade. (Bueno & Viali, 2009)

Assim, pode-se afirmar que no período da Antiguidade, não foi estabelecida a ideia geral

do conceito de função.

1.1.2. Idade Média

A Idade Média foi bastante importante para o desenvolvimento das ciências exatas, onde

conceitos como, por exemplo, velocidade instantânea e aceleração, foram capazes de contribuir

para a área da cinemática e do pensamento matemático. Também, este período foi caracterizado

3 De acordo com (Eves, 2004) apud (Bueno & Viali, 2009), “as funções matemáticas empiricamente tabuladas

acabaram-se tornando, posteriormente, o suporto para a sequência do desenvolvimento de toda a astronomia”.

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5

pela observação de fenômenos naturais, onde foi descoberto que existiam regularidades que

podiam ser descritas através de leis quantitativas.

Aproximadamente na metade do século XIV, de acordo com (Bueno & Viali, 2009, p.

39):

“O estudo da intensidade das formas e seu aspecto mais importante, a

cinemática, eram abordados na Inglaterra em um contexto aritmético,

enquanto que, na França, Nicole Oresme (1323–1382) desenvolveu esse

estudo através de uma abordagem geométrica, introduzindo o conceito de

latitude das formas em meados do séc. XIV. As formas ou qualidades são

fenômenos como a luz, a distância, a velocidade, que possuem vários níveis

de intensidade e que mudam continuamente, dentro de limites dados”.

Uma das implicações práticas da teoria da latitude foi o desenvolvimento das funções

do tempo, e, em especial, a determinação da velocidade média de um movimento

uniformemente acelerado.4

Entretanto, no período da Idade Média, uma relação de dependência entre duas

quantidades foi definido através de uma descrição verbal (ou gráfica), não tendo sido

desenvolvido o conceito de expressões algébricas. Neste sentido, de acordo com (Ponte, 1992)

apud (Bueno & Viali, 2009), “apesar da grande evolução em termos de generalização e

abstração e de alguns resultados particulares alcançados, o estudo das funções em matemática

como um conceito e objeto individualizado ainda não havia sido alcançado”.

1.1.3. Idade Moderna

O conceito de função que conhecemos hoje foi possível, em grande parte, pelo

desenvolvimento da álgebra simbólica e também pela extensão do conceito de número, na

medida em que foi introduzida a noção de números imaginários e o conjunto dos números

complexos. Isso fez com que fosse possível conceituar função como uma relação entre

conjuntos numéricos e também expressar funções através de fórmulas. (Bueno & Viali, 2009)

4 O Movimento uniformemente variado é o movimento no qual a velocidade escalar varia uniformemente no

decorrer do tempo. O movimento caracteriza-se por haver uma aceleração diferente de zero e constante. Fonte:

Wikipedia.

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6

Com a formalização do simbolismo de François Viète, a partir da segunda metade do

século XVI, após a contextualização de funções através de equações escritas, houve

significativo avanço no estudo da matemática, em especial no desenvolvimento das funções.

Um dos principais percussores do desenvolvimento do conceito de função foi René

Descartes. De acordo com (Bueno & Viali, 2009, p. 46):

“Com os registros de representação tabular, gráfico e algébrico bem

desenvolvidos, há, então, a partir das ideias de Descartes de aplicação da

álgebra à geometria, o componente que levou o conceito de função a se

desenvolver mais rapidamente e a alcançar o cerne de toda a Matemática

atual. A partir das ideias e inovações de Descartes, foi possível desenvolver-

se, então, o estudo do cálculo diferencial e integral, da análise matemática e

de outros campos fundamentais para o desenvolvimento da ciência moderna”.

Outros dois estudiosos que contribuíram de forma bastante significativa foram Isaac

Newton e Gottfried Leibniz. Newton apresentou uma intepretação cinemática e geométrica de

de análise matemática, descrevendo conceitos de tempo e movimento, sendo capaz de

interpretar as variáveis dependentes como uma quantidade “continuamente fluente que possui

uma velocidade de variação”.

Já Leibniz foi capaz de desenvolver noções básicas de diferenciação e integração, sendo

um dos percussores do Cálculo Diferencial e Integral.5 Leibniz definiu os termos constante,

variável, coordenadas e parâmetros, além de dividir as funções e curvas em duas classes

diferentes: algébricas e transcendentais. (Bueno & Viali, 2009, p. 46)

Outro estudioso que merece destaque é Johann Bernoulli, um dos primeiros

matemáticos a utilizar o Cálculo na resolução de problemas. Em 1718, Bernoulli publicou um

artigo que continha a definição de função como “uma quantidade composta, de alguma forma,

por uma variável e constantes”. Foi Bernoulli o primeiro a fornecer uma definição explícita de

uma função como uma expressão analítica.

Leonhard Euler (1707-1783), foi possivelmente, um dos maiores matemáticos da

história. Segundo (Bueno & Viali, 2009, p. 42):

5 É um ramo importante da matemática, desenvolvido a partir da Álgebra e da Geometria, que se dedica ao

estudo de taxas de variação de grandezas e a acumulação de quantidades. Fonte: Wikipedia

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7

“Euler também foi o responsável pelos avanços seguintes mais significativos

no desenvolvimento do conceito de função, detalhando o seu estudo de acordo

com o padrão da análise matemática da época. Definiu uma constante como

uma quantidade definitiva que assume sempre um e o mesmo valor, uma

variável como um valor indeterminado ou universal que compreende todos os

valores determinados e uma função de uma variável como uma expressão

analítica composta por uma quantidade variável e números ou quantidades

constantes”.

A definição dada por Euler foi capaz de influenciar todo o desenvolvimento da

matemática a partir de então, contribuindo para o desenvolvimento do estudo do tema. Depois

de Euler, podemos citar D’Alembert, Lagrange, Laplace, Cauchy, Fourier e Dirichlet. Além

destes, diversos outros estudiosos contribuíram para o avanço do desenvolvimento do estudo

das funções ao longo dos últimos cinco séculos. A tabela abaixo, extraída do trabalho de (Sá,

et al., 2003), resume as principais contribuições históricas dos matemáticos no período da Idade

Moderna.

Autor Ano Contribuição

René Descartes

(1596-1650)

-- Definiu função como qualquer potência de x, como x2, x3, etc.

Isaac Newton

(1643-1727)

-- Introduziu o termo “variável independente”.

James Gregory 1667 Na obra “Vera Cicculi et Hyperbolae Quadratura”, conceituou

função sem utilizar a palavra propriamente dita: “Nós chamamos

uma quantidade x composta de outras quantidades a, b,.... se x

resulta de a, b,.... pelas quatro operações elementares, por

extração de raízes ou por qualquer outra operação imaginável.”

Gottfried Wilhelm

von Leibniz

(1646-1716)

1694 Utilizou a palavra “função” para designar quantidades geométricas

que dependiam de um ponto em uma curva. E na obra História usou

a palavra “função” para representar quantidades que dependem de

uma variável.

Jakob Bernoulli

(1654-1705)

1694 Definiu a palavra função como: “quantidades geométricas que

dependiam de um ponto em uma curva’.

Johann Bernoulli

(1655-1705)

-- Definiu função como: “função de uma magnitude variável à

quantidade composta de alguma forma por esta magnitude variável

e por constantes”.

Leonhard Euler

(1707-1783)

-- Introduziu o símbolo f(x)

D’Alembert

(1717-1783)

-- Definiu a equação da onda: 𝜕2𝑦

𝜕𝑡2= 𝑎

𝜕2𝑦

𝜕𝑥2

Daniel Bernoulli

(1700-1782)

1753 Tentativa de resposta para o problema da corda vibrante:

𝑦(𝑥, 𝑡) = ∑𝑏𝑛𝑠𝑒𝑛𝑛𝜋𝑥

𝑙

𝑛=1

𝑐𝑜𝑠𝑛𝜋𝑎𝑡

𝑙

Joseph-Louis

Lagrange

1797 Na obra de Théorie des Functions Analytiques, definiu: “chama-se

função de uma ou de várias quantidades a toda expressão de

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8

(1736-1813) cálculo na qual essas quantidades entrem de alguma maneira,

combinadas ou não com outras quantidades cujos valores são

dados e invariáveis, enquanto que as quantidades da função podem

receber todos os valores possíveis. Assim, nas funções são

consideradas apenas as quantidades assumidas como variáveis e

não as constantes que aparecem combinadas a elas”.

Joseph-Louis

Lagrange

(1736-1813)

1806 Lecons sur le calcul des functions: “funções representavam

diferentes operações que deviam ser realizadas em quantidades

conhecidas para obterem-se valores de quantidades

desconhecidas, e estas quantidades desconhecidas eram,

propriamente, o último resultado do cálculo”.

Jean Baptiste Joseph

Fourier

(1768-1830)

1822 Afirmou em La Théorie Analytique de la Chaleur: “qualquer

função poderia ser expressa por uma série trigonométrica da

seguinte forma:

𝑓(𝑥) =𝑎02= ∑ [𝑎𝑛𝑐𝑜𝑠

𝑛𝜋𝑥

𝑙+ 𝑏𝑛𝑠𝑒𝑛

𝑛𝜋𝑥

𝑙]

𝑛=1

Benhard Bolzano

(1781-1848)

1817 Publicou Functionlehre, onde conceituou continuidade muito

próximo do conceito atual. Demostrou o teorema do valor médio.

Augustin Louis

Cauchy

(1789-1857)

1821 Em Cours d’analyse definiu função: “quando quantidades

variáveis estão ligadas entre si de tal forma que, o valor de uma

delas sendo dado, pode-se determinar o valor das demais, diz-se

usualmente que estas quantidades são expressas por meio de uma

delas, que toma o nome de variável independente; e as outras

quantidades expressas por meio da variável independente são o

que chamamos de funções dessa variável”. Definiu continuidade

através de infinitésimos.

Peter Gustav Lejune

Dirichlet

(1805-1859)

-- Demonstrou que nem todas as funções podem ser escritas pela série

de Fourier.

Peter Gustav Lejune

Dirichlet

(1805-1859)

1837 Definiu função como: “se uma variável y está relacionada com

uma variável x de tal modo que, sempre que é dado um valor

numérico a x, existe uma regra segundo a qual um valor único de

y fica determinado, então diz-se que y é função da variável

independente x”.

Nikilái Lobatchevsky

(1792-1856)

-- Definiu função: “a concepção geral exige que uma função de x seja

chamada de número que é dado para cada x que muda

gradualmente com x, o valor da função pode ser dado ou por uma

expressão analítica, ou por uma condição que favoreça um meio

para testar todos os números e selecionar um deles; ou finalmente,

a dependência pode existir mas permanecer desconhecida”.

Bernhard Riemann

(1826-1866)

-- Esclareceu os critérios de integrabilidade, e deu origem ao conceito

de “Integral de Riemann”.

Phillip Cantor

(1845-1918)

-- Desenvolveu a teoria dos conjuntos.

Karl Weisrstrass

(1858-1932)

-- Definiu função como uma série de potência juntamente com todas

as que podem ser obtidas dela por prolongamento analítico.

Giuseppe Peano

(1858-1932)

-- Definiu três conceitos primitivos que o zero, o conceito de número

(inteiro não-negativo) e a relação de ser sucessor de, os quais, junto

com seus cinco postulados, forneceram uma construção rigorosa do

conjunto dos números naturais.

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9

Nicolas Bourbaki 1968 Em Théorie des Ensembles conceituou função de duas maneiras:

“Sejam E e F dois conjuntos, distintos ou não. Uma relação entre

uma variável x de E e uma variável y de F é dita uma relação

funcional em y, ou relação funcional de E em F, se qualquer que

seja x E, existe um e somente um elemento y a F que esteja

associados a x na relação considerada. Dá-se o nome de função à

operação que desta forma associa a todo o elemento x a E o

elemento y a F que se encontra ligado a x na relação dada; diz-se

que y é o valor da função para o elemento x, e que a função está

determinada pela relação funcional considerada. Duas relações

funcionais equivalentes determinam a mesma função”. E;

“Um certo subconjunto do produto cartesiano AxB”.

Tabela 1: Quadro Sintótico do Conceito de Função

Fonte: Adaptado de (Sá, et al., 2003)

1.2. Definição de Função

Dentre as inúmeras definições de funções estabelecidas até hoje, este trabalho utilizará

a seguinte definição:

Definição 1. Sejam A, B 𝐴, 𝐵 ⊂ ℝ. Uma função f definida em A e com valores em B é uma

regra que associa a cada elemento de 𝑥 ∈ 𝐴 um único elemento 𝑦 ∈ 𝐵.

As notações usuais são: 𝑓: 𝐴 → 𝐵 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑦 = 𝑓(𝑥) ou

𝑓: 𝐴 → 𝐵 ou

𝑥 → 𝑓(𝑥)

O número x é chamado de variável independente da função e y variável dependente da

função.

1.2.1. Função do Primeiro Grau

Uma função do primeiro grau pode ser definida como:

𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑚𝑥 + 𝑏

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Onde 𝑚, 𝑏 ∈ ℝ. Note que 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ e 𝐼𝑚(𝑓) = ℝ. O gráfico de f é a reta de

coeficiente linear m passando pelo ponto (0, b). O gráfico abaixo mostra a função 𝑦 = 𝑓(𝑥) =

2𝑥 + 2. Neste caso b = 2 e o coeficiente linear (m) vale 2. A raiz da equação é dada pelo ponto

onde f(x) assume o valor zero. Na figura abaixo, a raiz é dada pelo ponto (-1, 0).

Figura 1: Gráfico da Função de Primeiro Grau: f(x) = y = 2x + 2

Fonte: autoria do Grupo

As funções do primeiro grau podem ser classificas em funções crescentes ou

decrescentes. O que define esta classificação é o valor do coeficiente linear (m). Quando 𝑚 >

0, a função é crescente. Entretanto, quando 𝑚 < 0, a função é dita decrescente. A figura abaixo

ilustra estes dois tipos de função.6

6 Vale lembrar que o coeficiente linear (m), pode assumir o valor zero. Neste caso, a função é dita constante.

x

y

F(x) = y = 2x + 2

(-1, 0)

Page 11: Funções - conceitos e aplicações práticas

11

Figura 2: Função Crescente e Função Decrescente

Fonte: autoria do Grupo

1.2.2. Função do Segundo Grau

Uma função do segundo grau pode ser definida como:

𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 + 𝑐

Onde 𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐 ∈ ℝ; 𝑎 ≠ 0. O 𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ. Contudo, a 𝐼𝑚(𝑓) depende do

discriminante ∆ da equação f(x) e do coeficiente a.

O gráfico de uma função de segundo grau é uma parábola, de vértice 𝑣 = (−𝑏

2𝑎, −

4𝑎).

A concavidade da parábola depende do valor do coeficiente a. Quando a > 0, a

concavidade é voltada para cima e a função f(x) possui ponto de mínimo igual ao vértice. Já

quando a < 0, a concavidade é voltada para baixo e a função f(x) possui ponto de máximo igual

ao vértice. A figura abaixo mostra estes dois casos.

x

y

x

y

FUNÇÃO CRESCENTE (m > 0)

y = x + 2

FUNÇÃO DECRESCENTE (m < 0)

y = – x + 2

m > 0 m < 0

Page 12: Funções - conceitos e aplicações práticas

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Figura 3: Função do Segundo Grau: Concavidade da Parábola

Fonte: autoria do Grupo

Em relação às raízes da equação do segundo grau, o que define o valor das raízes é o

descriminante (∆). É possível termos três situações distintas: (i) quando ∆> 0, (ii) ∆= 0 e; (iii)

∆< 0.

1º Caso: ∆> 𝟎 → Quando ∆> 0, a função apresenta duas raízes reais e distintas.

2º Caso: ∆= 𝟎 → Quando ∆= 0, a função apresenta duas raízes reais e iguais.

3º Caso: ∆< 𝟎 → Quando ∆< 0, a função não apresenta raízes reais.

O gráfico abaixo ilustra estas situações.

x

y

x

y

CONCAVIDADE PARA CIMA (a > 0)

y = x2 – 2x – 3

CONCAVIDADE PARA BAIXO (a < 0)

y = – x2 – 2x + 3

Page 13: Funções - conceitos e aplicações práticas

13

Figura 4: Estudo das Raízes da Equação do Segundo Grau: a > 0

Fonte: autoria do Grupo

Figura 5: Estudo das Raízes da Equação do Segundo Grau: a < 0

Fonte: autoria do Grupo

1.2.3. Função Polinomial de Grau n

A função polinomial de grau n é definida por:

𝑦 = 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑛𝑥𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥

𝑛−1 +⋯+ 𝑎0

Onde 𝑎𝑛, 𝑎𝑛−1, 𝑎0 ∈ ℝ; 𝑎𝑛 ≠ 0;𝐷𝑜𝑚(𝑓) = ℝ, mas a 𝐼𝑚(𝑓) e o gráfico de f dependem

essencialmente do grau do polinômio e de 𝑎𝑛. A figura abaixo ilustra exemplos de equações

polinomiais de grau n.

x

y

x

y

x

y

Duas raízes reais distintas Duas raízes reais iguais Não existem raízes reais

Duas raízes reais distintas Duas raízes reais iguais Não existem raízes reais

x

y

x

y

x

y

Page 14: Funções - conceitos e aplicações práticas

14

Figura 6: Funções Polinomiais de Grau n

Fonte: autoria do Grupo

1.3. Definição de Continuidade

Dados uma função f : X R, X R e a X, dizemos que f é contínua no ponto a se

para todo > 0 , existe > 0 tal que:7

𝑥 ∈ 𝑋, |𝑥 − 𝑎| < 𝛿 ⇒ |𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑎)|휀

Se a função for contínua em todos os pontos do domínio X, dizemos que f : X R é

contínua.

De maneira mais simplificada e intuitiva, dizemos que a função f(x) é contínua se, ao

desenharmos o gráfico da função, não tiramos o lápis do papel. O gráfico abaixo ilustra estas

situações.

7 Definição extraída de (Oliveira, 2013)

x

y

x

y

Page 15: Funções - conceitos e aplicações práticas

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Figura 7: Função Contínua e Função Não Contínua

Fonte: autoria do Grupo

De acordo com a figura acima, o Caso 1 mostra uma função contínua, isto é, para todo

domínio de f(x), existe uma imagem correspondente. Já no Caso 2, no ponto x = 4, a função

não é contínua, isto é, não está definido um valor f(x) para x = 4.8

1.4. Aplicações Práticas de Funções

O dia a dia está repleto de exemplos aplicação de funções polinomiais de primeiro,

segundo e grau n. Diversos ramos da ciência utilizam funções na busca de respostas aos

problemas práticos. A seguir, serão mostrados diversos usos destas funções.9

8 No Caso 2, temos a função f(x) definida por: 𝑓(𝑥) = {ℎ(𝑥) = 2, 𝑠𝑒 𝑥 < 4

𝑔(𝑥) = 𝑥2 − 5𝑥 + 6, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 4

9 Os exemplos a seguir foram extraídos de (UERJ, 2013).

x

y

CASO 1

FUNÇÃO CONTÍNUA

CASO 2

FUNÇÃO NÃO CONTÍNUA

- 5x + 6

- 5x + 6

x

y

Page 16: Funções - conceitos e aplicações práticas

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1.4.1. Função do Primeiro Grau: Aplicação Prática

Exemplo:

Sabemos que a pressão da água do mar é função da profundidade. Denotemos por P a pressão

e H a profundidade relativa ao nível do mar. Experimentalmente verifica-se que a pressão da

água ao nível do mar é de 1 atm, (atm = atmosfera) e que acréscimos iguais na profundidade

correspondem a acréscimos iguais na pressão. Logo, ao passar de um ponto do mar para outro

situado a 1m (m =metro) de profundidade, haverá um aumento da pressão de aproximadamente

1 atm. Passando do nível do mar a uma profundidade de H m, a pressão aumentará H × 0,1. A

pressão da água, em atmosferas, é dada pela função polinomial do primeiro grau:

𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1

Figura 8: Gráfico da Função P = f(H)

Fonte: autoria do Grupo

Observando a função acima, é possível determinar tanto a pressão da água, dada

determinada profundidade e/ou, qual a profundidade, quando conhecemos a pressão exercida

pela água. Por exemplo:

x

y

Page 17: Funções - conceitos e aplicações práticas

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(a) Qual a pressão da água quando a profundidade é de 100m?

Resolução:

𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1

𝑃 = 𝑓(100) = 0,1 × 100 + 1

∴ 𝑓(100) = 11

Portanto, pode-se afirmar que quando a profundidade é de 100 metros, a pressão da água

é de 11 atm.

(b) Qual a profundidade quando a pressão da água é de 50 atm?

Resolução:

𝑃 = 𝑓(𝐻) = 0,1𝐻 + 1 50 = 0,1 × 𝐻 + 1 ∴ 𝐻 = 590

Portanto, pode-se afirmar que quando a pressão da água é de 50 atm, a profundidade é

de 490 metros.

1.4.2. Função do Segundo Grau: Aplicação Prática

Exemplo:

A trajetória de um corpo lançado obliquamente, desprezando a resistência do ar, é dada por uma

função polinomial do segundo grau. A partir de seu deslocamento horizontal (ao longo do eixo

dos x), obtemos sua altura y. Por exemplo, um objeto é lançado no ar. Se sua altura, em metros,

t segundos após o lançamento é dada por 𝑦 = 𝑓(𝑡) = 20𝑡 − 10𝑡2, qual é a altura máxima

atingida pelo objeto e em que instante ele a atinge?

Page 18: Funções - conceitos e aplicações práticas

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Figura 9: Gráfico da Função y = f(t)

Fonte: autoria do Grupo

Resolução:

Para determinar o ponto máximo que o objeto atinge, basta determinar qual o vértice da

parábola da figura acima. Como dito na seção 1.2.2 deste trabalho, a fórmula que determina o

vértice é: 𝑣 = (−𝑏

2𝑎, −

4𝑎).

Dessa maneira, temos que:

𝑉é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 (𝑥𝑣, 𝑦𝑣) =

{

𝑥𝑣 = −

𝑏

2𝑎= −

20

2 × (−10)= 1

𝑦𝑣 = −∆

4𝑎= −

√𝑏24𝑎𝑐

4 × (−10)=400

40= 10

∴ 𝑉é𝑟𝑡𝑖𝑐𝑒 (𝑥𝑣, 𝑦𝑣) = (1,10)

Portanto, o objeto atingirá o ponto máximo (10 metros), 1 segundo após o lançamento.

x

y

Page 19: Funções - conceitos e aplicações práticas

19

1.4.3. Função Polinomial do Grau n: Aplicação Prática

Suponha que foram introduzidos numa ilha, 144 indivíduos de uma certa espécie de

macacos. Inicialmente, a quantidade de indivíduos tende a crescer; após um certo tempo, o

alimento e a população de macacos decresce. Se o número de macacos no tempo t, em anos, é

dado pela expressão P(t) abaixo, em quanto tempo a população se extingue?

𝑃(𝑡) = −𝑡4 + 32𝑡2 + 144

Resolução:

Para saber quando a população se extingue, basta achar as raízes da equação P(t). Para isso,

basta igualar P(t) = 0.

𝑃(𝑡) = 0 = −𝑡4 + 32𝑡2 + 144

−𝑡4 + 32𝑡2 + 144 = −(𝑡 − 6)(𝑡 + 6)(𝑡2 + 4)𝑅𝑎í𝑧𝑒𝑠: 6, −6

Portanto, a população será extinta no ano 6 (vale lembrar que 𝑡 ≥ 0. O gráfico abaixo

ilustra este exemplo.

Figura 10: Gráfico da Função P = f(t)

Fonte: autoria do Grupo

x

y

Page 20: Funções - conceitos e aplicações práticas

20

2. ANÁLISE

Devido às regras da APS, que restringe o número de páginas deste trabalho, optou-se

por demonstrar o histórico do desenvolvimento do conceito de função e também focar a teoria

na determinação do grau das funções. Dessa maneira, foram exemplificadas funções de

diferentes graus.

Em nenhum momento, este trabalho pretendeu esgotar o tema funções. Entretanto,

procurou-se organizar a teoria de forma a proporcionar ao leitor o entendimento histórico das

funções ao longos dos séculos (desde a Idade Média até os tempos atuais) e também resumir os

principais conceitos e definições de funções praticados atualmente nas escolas.

Levando isso em consideração, para cada tipo de função apresentada (primeiro grau,

segundo grau e grau n), foram mostradas aplicações práticas destas funções no dia a dia.

Assim, para as funções do primeiro grau, foi proposta uma aplicação prática onde se

relacionava a profundidade do mar com a pressão exercida pela água. A relação entre

profundidade e pressão é dada por uma expressão linear, onde a pressão aumenta de forma

diretamente proporcional à medida em que a profundidade também aumenta. Pelo exemplo, era

possível calcular o valor da pressão dada a profundidade de água. Também era possível calcular

a profundidade da água em função da pressão exercida. De acordo com a expressão apresentada,

foi possível construir um gráfico que mostrava como a pressão aumentava de acordo com o

aumento da profundidade.

É interessante notar que, no nível do mar, a pressão exercida pela atmosfera já é de 1

atm. Assim, para cada 10 metros de profundidade da água, a pressão aumentava linearmente

em uma unidade. A partir deste exemplo dado, o professor também pode explorar um pouco

alguns conceitos de física básica, tais como: pressão, empuxo e força. Todas essas grandezas

possuem uma relação linear em relação à profundidade da água.

Inúmeros exemplos de funções de primeiro grau podem ser explorados pelos

professores, tais como: modelo de precificação da passagem de táxi (que aumenta linearmente

em função da quantidade de quilômetros rodados pelo taxi); preço da conta de luz ao

consumidor no Brasil, onde o preço é também diretamente proporcional ao consumo de energia

elétrica do cliente, medido em KWh.

Para ilustra a aplicação de função de segundo grau no dia a dia, foi escolhida uma função

que relaciona a trajetória de um corpo lançado por um objeto lançado em função do tempo. De

acordo com a função apresentada, era possível estimar a altura máxima atingida pelo objeto e

em quanto tempo após o lançamento ele estaria no ponto máximo. Da mesma maneira, dado

Page 21: Funções - conceitos e aplicações práticas

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um tempo t, podia-se calcular qual a altura do objeto naquele momento. Este tipo de exercício

é uma aplicação direta da física mecânica. Assim, como no exemplo anterior, o professor pode

explorar conceitos básicos de física tais como: resistência do ar, força, distância.

Exercícios como estes são bastante comuns em livros didáticos e provas de cursos e

vestibulares. Com isso, o professor pode ir além e incluir novos exemplos de aplicações do

segundo grau para o aluno. Por exemplo, fios de alta tensão que passam pelas torres de

transmissão são dispostos de maneira a considerar a dilatação e contração devido ao calor e

frio, respectivamente. Com isso, caso o fio seja deixado muito esticado, quando houver uma

brusca diminuição da temperatura, haverá uma grande significativa contração, podendo causar

uma acidente no momento em que este fio diminuir de tamanho. Da mesma maneira, quando

houver uma alta temperatura ambiente, este fio irá se dilatar, podendo alcançar acidentes,

mesmo não sendo tão comum quanto o caso anterior. Também, em época de Copa do Mundo,

pode ser bastante interessante ao aluno saber qual a distância máxima atingida por uma bola

chutada por um goleiro com uma determinada força.

Já em relação à funções de grau n, foi escolhido um exemplo que possui relação com a

biologia uma vez que o exercício fazia relação com os habitantes (macacos) de uma ilha e o

tempo total de extinção da população. A função era de grau 4 e foi possível observar a tendência

de crescimento através do gráfico. Neste caso, a população seria extinta em 6 anos, a partir do

momento inicial.

Este exemplo poderia ser ampliado para a matéria de biologia, por exemplo, estimando

a contagem de uma população de bactérias em determinado tempo ao longo de um estudo.

A escolha destes exemplos foi precedida de uma análise histórica das provas do ENEM

– Exame Nacional do Ensino Médio, que nos últimos anos está procurando relacionar conceitos

aprendidos em sala de aula com a vida cotidiana da população. Isso é muito positivo para o

aluno, que é capaz de perceber como a teoria que aprende dentro da sala de aula é aplicada na

prática em seu dia a dia.

Neste sentido, foi possível observar que os trabalhos acadêmicos, principalmente de

Mestrado e Doutorado estão procurando relacionar sempre teoria e prática, mostrando

diferentes abordagens para o ensino do aluno, em especial do ensino médio.

Essa mudança de paradigma também pode ser observada nos livros didáticos. Aos

poucos, as páginas que antes eram exclusivamente de teoria já procuram adicionar exemplos

práticos sobre os conceitos dados em sala de aula. Para as ciências da Natureza, por exemplos,

inúmeras experiências são propostas para o aluno realizar individualmente ou em grupo,

visando aumentar o interesse pelo assunto ministrado pelo professor.

Page 22: Funções - conceitos e aplicações práticas

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Se o professor dispuser de um laboratório de informática, ele poderá explorar as

mudanças no gráfico das funções quando os parâmetros são modificados. Por exemplo, o que

acontece com o gráfico quando f(x) é multiplicado e/ou dividido por um número real. Isto é,

qual o deslocamento do gráfico ao longo dos eixos. Porém, esses aspectos ainda não estão sendo

bastante explorados pelos livros didáticos.

Assim, de maneira geral, a forma com que o conceito de função está sendo transmitido

aos alunos está sendo modificado. Pode-se perceber que a ideia é adequar o conteúdo dos livros

sejam adaptados ao que se pede nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Mesmo que, em alguns

casos, essa adaptação ainda ocorra de forma bastante lenta, a tendência é que os livros consigam

expor todos os conceitos matemáticos relacionando-os com as aplicações práticas cotidianas

das pessoas, retomando a percepção dos alunos que a matemática é de extrema importância em

sua vida.

Page 23: Funções - conceitos e aplicações práticas

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3. RESULTADOS

O Brasil está passando por um momento bastante singular no que diz respeito ao seu

desenvolvimento econômico e social. Nos próximos três anos, o País será sede dos dois maiores

eventos esportivos: Copa do Mundo de Futebol (2014) e Olimpíadas (2016).

É sabido que os alunos em período escolar (ensino básico, fundamental e médio)

possuem um grande interesse por esportes. Saber utilizar este interesse e levar para dentro da

sala de aula situações reais para os alunos pode ser bastante importante, tanto para o professor

quanto ao aluno, para a fixação da matéria. Ainda mais quando se pensa na dificuldade em

relação ao ensino da matemática.10

Dessa maneira, torna-se essencial ao professor saber chamar a atenção do aluno para a

importância da matemática na vida de seu aluno.

Para futuros estudos, a sugestão deste trabalho para professores é o desenvolvimento de

material didático na área de funções cujo conteúdo tenha relação com a Copa do Mundo e

Olimpíadas.

Pode-se, por exemplo, aplicar conceitos econômico-financeiros para que o aluno estime

qual a renda de um jogo na copa do mundo, a partir do preço unitário do ingresso e a lotação

do estádio. Da mesma maneira, é possível estimar a despesa de um time com deslocamento,

considerando a distância da delegação ao estádio e as diversas sedes que o Brasil terá na Copa

do Mundo (vale lembrar que os jogos serão disputados nas cinco regiões brasileiras).

Outra possibilidade é utilizar funções aplicadas ao atletismo. Por exemplo, o lançamento

de dardo, disco e salto em distância são funções da força aplicada pelo atleta no momento do

salto e/ou arremesso e a trajetória desenvolvida é uma parábola, que é definida por uma função

do segundo grau.

Para isso, pode-se utilizar importantes ferramentas para o auxílio do aluno no momento

do aprendizado. A sugestão é a aplicação de sequência didática com o uso do software Winplot,

um software gratuito para auxílio do aprendizado de Cálculo Diferencial e Integral bastante

utilizado nos cursos de licenciatura em matemática no Brasil. De interface bastante amigável e

simples, é possível construir gráficos, integrais, áreas, volumes, etc., a partir dos exemplos

10 Um relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado no dia 10/04/13, aponta o Brasil como um dos piores

países do mundo nos ensinos de matemática e ciências. Entre 144 nações avaliadas, o país aparece na 132ª posição,

atrás de Venezuela, Colômbia, Camboja e Etiópia. Outro dado alarmante é a situação do sistema educacional, que

alcança o 116º lugar no ranking - atrás de Etiópia, Gana, Índia e Cazaquistão. Os dois indicadores regrediram em

relação à edição 2012 do relatório, em que estavam nas 127ª e 115ª posições. (VEJA, 2013)

Page 24: Funções - conceitos e aplicações práticas

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encontrados nos livros didáticos de matemática. Os comandos são simples e basta o aluno

explorar o programa que conseguirá extrair valiosa ajuda para seu entendimento.11

Dessa maneira, diante do que foi estudado neste trabalho, espera-se que este conteúdo

seja útil ao professor no momento de considerar a relação entre funções e aplicações práticas

no dia a dia do aluno.

Diversas situações cotidianas mostram a importância de se mostrar ao aluno onde ele

poderá aplicar o que foi aprendido dentro da sala de aula. Muitos alunos perguntam ao

professor: “- Onde eu uso isso?”. No momento em que o professor consegue trazer exemplos

reais da vida do aluno à matéria que está sendo dada, a aula torna-se mais prazerosa e o

aprendizado pelo aluno mais eficiente e eficaz.

Por fim, com o objetivo de maximizar o aproveitamento do aluno, a recomendação é

unir aulas expositivas com aulas de informática, através do uso de softwares matemáticos,

visando melhorar o aprendizado e ilustrar as aplicações práticas do conteúdo estudado.

11 Para download gratuito do programa, basta acessar o site: http://math.exeter.edu/rparris/winplot.html

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BIBLIOGRAFIA

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http://math.exeter.edu/rparris/winplot.html [Acesso em 02/05/13 Maio 2013].

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fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica.

Brasil, 2013. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática.. Brasília: Secretaria da

Educação Fundamental.

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Educação Matemática em Revista, 1(10), pp. 37-47.

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Ensino Médio: Uma Sequência de Ensino-Aprendizagem. VII Encontro Educacional de

Educação Matemática, 15-18 julho.

Ministério da Educação, 2000-2012. Exame Nacional do Ensino Mèdio. Brasília: s.n.

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Reis, A. M., 2011. Uma proposta dinâmica para o ensino de função afim a partir de erros dos

alunos no primeiro ano do ensino médio. Ponticícia Universidade Católica, Issue Dissertação

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Sá, P. F., Souza, G. d. S. & Silva, I. D. B. d., 2003. A Construção do Conceito de Função:

Alguns dados Históricos. 6(11), pp. 81-92.

UERJ, 2013. Cálculo: Volume 1. Em: D. d. A. Matemática, ed. s.l.:UERJ.

VEJA, R., 2013. REVISTA VEJA. [Online]

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piores-do-que-na-etiopia [Acesso em 09/05/13 Maio 2013].