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Debates Teóricos Contemporâneos I Módulo 2 Professora Drª Virgínia Ferreira Análise do texto: Gender and the Financial Crisis de Sylvia Walby Jarbas Cardoso Coimbra, 07 de novembro de 2015

Gender and the Financial Crisis

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Page 1: Gender and the Financial Crisis

Debates Teóricos Contemporâneos I

Módulo 2 – Professora Drª Virgínia Ferreira

Análise do texto:

Gender and the Financial Crisisde

Sylvia Walby

Jarbas Cardoso

Coimbra, 07 de novembro de 2015

Page 2: Gender and the Financial Crisis

Ideia geral do texto Abordagem sobre a crise financeira e económica

global, que teve início em 2008;

Análise das principais políticas adotadas pordiferentes instituições globais, regionais e locaispara combater os efeitos da crise; as quais temimplicações para os direitos humanos dasmulheres e capacitação dessas em ocupar cargosde decisões (arquitetura financeira);

Identifica as causas e consequências ocultas degénero nas políticas de combate a crise esubmete essas à análise, de modo a melhorar abase de conhecimentos para o desenvolvimentode políticas.

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O artigo está divido em

quatro seções:

A questão do género na arquitetura

financeira;

O impacto da crise financeira sobre

géneros/para os géneros;

A generificação das respostas políticas

à crise;

Conclusão: avaliação das implicações

de género para crise financeira.

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1- A questão do género na

arquitetura financeira A crise financeira que iniciou, em 2008, nos EUA:

atingiu vários países e suas economias reais,

falência e quase falência de bancos e outras

grandes instituições financeiras;

colapso no sistema financeiro global, gerando

bolhas especulativas e fortes oscilações nos

valores ligados à habitação, ações,

commodities.

Teve impacto (desproporcional), em especial, sobre os pobres e sobre as mulheres.

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Causas da crise:

A crise financeira é o resultado de uma falha na

governança das finanças.

Permitiu financiamentos de forma

descontrolada, -capital que não existia-

comparado com a economia real.

Esse descontrolo na regulação e fiscalização

dos financiamentos foram responsáveis pelo

efeito da crise.

Isso é uma questão de género. Por quê?

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Formada por instituições globais, regionais e

locais, tais como:

Banco Mundial, FMI, OMC, Ag.

Qualificadoras de Risco (global);

Banco Central Europeu (Regional);

Bancos Centrais, Ministérios de Finanças,

Comitês de Regulamentação

Governamental, conselhos privados de

bancos. (Local).

Essa estrutura vem sendo repensada, mas com

velhas práticas de transformação.

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A tributação (prática antiga) tem sofrido

mudanças nesse senário global,

Houve um aumento processo de evasão e

fraude fiscal, tentativa de minimizar o

pagamento do imposto.

Falta de transparência , operações secretas,

paraísos fiscais, lavagem/branqueamento de

recursos de origem criminosa.

O processo de evasão e fraude fiscal afeta

combate a pobreza, promove a pobreza e o

bem-estar das pessoas;

Essa questão fiscal é de género

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A governança da arquitetura financeira é de género

a composição dos órgãos sociais é de género, pois nelas as mulheres tem uma sub-representação

Os princípios, objetivos, práticas e conhecimentos de base que sustentam suas decisões são de género (maioria homens/olhar masculino);

Suas metas priorizam os requisitos do capital financeiro em detrimento de ajuda às economias domésticas

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O objetivo dessas instituições poderiam e deveriam

potencializar a igualdade de género. (inclusão das

mulheres)

A seleção dos objetivos/prioridades dessas

instituições, não são obvias, e sim decisões políticas.

Para quem é o financiamento? As prioridades são as

mais adequadas? Quais são os fins sociais e

económicos que essas devem ser dirigidas?

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Inclusão/igualdade de género é um princípio

democrático.

As decisões não podem se limitar aos

financiadores.

As mulheres incluídas nas tomadas de decisões:

Irão tomar diferentes prioridades e práticas nas

decisões financeiras;

Podendo ser vantajoso para o sistema social

como um todo;

Postura ética, p.ex., em relação à

regulamentação da evasão fiscal e os requisitos

para prestação de serviços públicos.

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2- O impacto da crise financeira sobre géneros/para os géneros;

Falência de Instituições tais como bancos,

empresas empregadoras, comercio de

exportação;

Perda de emprego e redução real dos salários,

mudança na composição do emprego

(Empregos mais vulneráveis: informais, agric. de

subsistência, domésticos).

Índices de desemprego entre homens e

mulheres variam de região para região e de país

para país.

Diferenças pequenas, dependendo do setor,

ora mais para as mulheres, ora mais para os

homens).

Aprofundou e gerou mais pobreza daqueles que

já são vulneráveis.

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Efeitos desiguais sobre os homens e as mulheres.

Nos países em desenvolvimento, há projeção em

ampliar (além dos já projetados 133 -155 milhões)

mais 53 milhões de pessoas vivem a baixo da linha

de pobreza, i.e., com menos $2 dia.

Influência, por exemplo com os aumentos dos

alimentos e combustível.

Aprofundou e gerou mais pobreza daqueles que já

são vulneráveis.

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Ameaçam na realização dos Objetivos deDesenvolvimento do Milénio,

As mulheres e meninas mais pobres sãovulneráveis em todos os lugares, sobre tudo empaíses que já possuem altas taxas demortalidade infantil e baixa escolaridadefeminina

Reduziu os fluxos globais de mercadorias,serviços e pessoas. Afeta a indústria deexportação e trabalhadores migrantes queenviam suas rendas para suas famílias .

Mulheres: Malásia 78%, Bangladesh 85% (Ind.Têxtil);

Filipinas mais de 50% (área electrónica);

Uganda 85%, Equador 75% e Tailândia 80%(flores de corte).

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Com o declínio na renda das mulheres (mais do

que o dos homens) tende afetar mais o bem-estar

das famílias, é mais provável que a renda das

mulheres seja gasta com as crianças

Redução em investimentos e oferta de serviços de

cuidado com a saúde reprodutiva;

Em países já com baixas taxas de escolarização

feminina, as meninas são mais afetadas e

susceptíveis de serem retiradas da escola, quando

as famílias sofrem queda na renda.( ajudar em

casa)

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3 - A questão de género e

as respostas políticas à crise As respostas políticas foram de curto e médio

prazo, incluem instituições globais e regionais e

nacionais.

Existem vários tipos de políticas em resposta a

crise, tais como:

Ajuda e suporte para bancos e instituições

financeiras;

Políticas fiscais e monetárias;

Suporte para grandes empregadores;

Fundos para apoiar os pobres e vulneráveis.

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Há também a questão de saber se existe um

estímulo fiscal pelo Estado, ou se a crise será

feita na prática através de medidas de

austeridade.

Incluem também a questão de género

Comissão sobre o Status da Mulher;

Aproveitamento de experiências de crises

financeiras e econômicas de outros momentos.

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O banco mundial considera que:

“Boas políticas devem fornecer a curto prazo

assistência contra queda/choque de renda,

facilitar o ajustamento económico, e nutrir os

investimentos em capital humano e físico

para minimizar os custos de crise a longo

prazo”.

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Apoio ao rendimento das famílias através de

transferências de renda públicas, tais como:

intervenção no mercado de trabalho para criar

empregos e rendimentos:

isenção de imposto da folha de pagamento e

de salários de férias, subsídios salariais

programas de obras públicas e geração de

emprego no setor público;

redução nas taxas de remessa de

transferências privadas

apoio a investimentos domésticos de capital

humano: mantendo serviços público em saúde

e educação de formas acessíveis.

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Todas as respostas políticas, sejam elas selecionadas

para mulheres e aos pobres, são de género. Tanto a

curto ou a longo prazo.

Exemplos:

Primeiro: quando é feito uma ação de suporte para

salvar os grandes bancos e instituições financeiras,

da falência, através de repasse de grandes fluxos

de fundos públicos, em diferentes formas, esses são

recursos que vem dos contribuintes, e por mais que

sejam esses na maioria homens, há também

mulheres contribuintes, no entanto, esses recursos

são transferidos em benefício e nas mãos de

instituições que são predominantemente

constituídas por homens, os quais ocupam os

cargos de diretoria, ou os demais cargos de ponta

e de alta remuneração.

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Segundo: essas políticas de ajuda as grandes

instituições e bancos, poderiam ser

acompanhadas de ações que condicionam e

promovam a igualdade de gênero:

na forma de composição em igualdade nos

cargos dos conselhos de administração, ou em

demais cargos superiores de tais instituições.

Que sejam estabelecidos princípios de

igualdades entre géneros nas metas das

corporação.

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Nas políticas monetárias e fiscal:

Exemplo (como as políticas afetam as mulheres):

P.ex., quando em medidas de austeridade o Estado

desenvolvidas resposta à turbulência financeira, as

mulheres (e as crianças) surgem sempre como as

maiorias perdedoras, pois sofrem com os cortes e

ajustes em programas sociais, de educação e saúde,

precisando as mulheres carregar o fardo do trabalho de

outras maneiras.

Na questão tributária

Imposto é uma forma de redistribuição de fundos

efectuados pelos organismos governamentais em

apoio as despesas para os cidadãos. No entanto,

quando há evasão fiscal ou isenção, por parte do

estado, em apoia à empresas, são as mulheres

desproporcionalmente as perdedoras quando o

imposto não é recolhido.

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Despesas de IR é uma questão de género. P.ex.,

na ajuda do Estado através do salário

complementar à uma senhora idosa, ou p’ uma

mãe solteira incapaz manter um filho.

Um corte na cobrança de IR é claramente em

benefícios dos homens, na média ganham mais,

logo pagam mais, com o corte do IR, quem se

beneficia são os homens.

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Políticas de emprego: suporte para os principais

empregadores (Lobby, Montadores constituídas em

grande maioria por trabalhadores homens);

Na área da educação há uma segregação dessas

das mulheres na educação profissional;

Enfim, há outras formas de políticas para ajudar a

questão da crise, mas essas sempre serão uma

questão de género. Onde decisões são tomadas

em benefícios de alguns e perda de outros.

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3.1- Critica à ONU

A Comissão da ONU de Peritos sobre as reformas dosistema monetário e financeiro internacional fez umasérie de recomendações, em especial aos países emdesenvolvimento, para melhorias da questão social;

a inclusão;

a impacto negativo sobre os pobres, e o papel adverso da desigualdade de renda;

ao conceito de "trabalho decente”;

importância dos princípios democráticos, participação no processo de tomada de decisão;

Questão da pobreza, desnutrição e educação,

Mas não colocou em suas recomendações referências às relações de gênero, especificamente sobre as mulheres, ao termo feminino. Não houve um olhar generificado, ou de outros grupos minoritários.

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Conclusão As crises financeira e económica são de gênero,

pois seus impactos, por mais que tenham variações

de região para região, acabam sempre afetando os

mais pobres e as mulheres, em alguns lugares, as

mulheres são significativamente bem mais

prejudicadas.

Na Arquitetura financeira as mulheres são

segregadas: tanto no trabalho, nas práticas e nas

decisões financeiras.

É preciso aumentar a participação das mulheres na

arquitetura financeira;

A crise é de género porque o que gerou a crise

foram as tomadas de decisões, estas por suas vez,

foram tomadas pelos homens.

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Conclusão

A definição de respostas políticas á crise

depende em parte da sociedade política e civil.

E existem muitas fontes de variação na resposta

de política e os seus resultados para o

desenvolvimento de políticas. Essas dependem,

em parte, do desenvolvimento de alianças e

coligações a nível local, regional e global.

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Os movimentos de mulheres e defensores dos

direitos da mulher têm respondido de forma

diferente as crise.

Em alguns lugares existe um repensar da

orientação para o mercado das políticas sociais.

Em alguns lugares há as respostas políticas

envolvem as questões de justiça global e o

desenvolvimento sustentável e o cruzamento de

género com pobreza, classe, etnia, migração e

questões de direitos humanos.

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“os homens não se põem num canto a conspirar

contra as mulheres. As coisas aparecem-lhes como

naturais e, por isso, nomeiam-se uns aos outros [...].

Acontece porque é o funcionamento da sociedade,

mas esse tem de ser quebrado e as quotas quebram

essas redes naturais. A questão da igualdade tem de

estar nas cabeças dos homens”.

Anália Torres.

• De bate sobre direitos e igualdade de género juntou deputadas, juíza e socióloga.

• Fonte: Jornal Público.