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GLOBALIZAÇÃO Releitura da obra de Zygmunt Bauman Prof. Silvânio Barcelos

Globalização releitura da obra de zigmunt baumam

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Releitura da obra GLOBALIZAÇÃO do sociólogo ZIGMUNT BAUMAM. Apresentação realizada por: Prof. Silvânio Barcelos

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GLOBALIZAÇÃO Releitura da obra de Zygmunt Bauman

Prof. Silvânio Barcelos

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GLOBALIZAÇÃO: Uma palavra GLOBALIZAÇÃO: Uma palavra em vogaem voga

A “globalização” está na ordem do dia; uma A “globalização” está na ordem do dia; uma palavra da moda que se transforma palavra da moda que se transforma rapidamente em um lema, uma encantação rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as portas de mágica, uma senha capaz de abrir as portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para todos os mistérios presentes e futuros. Para alguns, “globalização” é o que devemos fazer se alguns, “globalização” é o que devemos fazer se quisermos ser felizes; para outros, é a causa da quisermos ser felizes; para outros, é a causa da nossa infelicidade. Para todos, porém, nossa infelicidade. Para todos, porém, “globalização” é o destino irremediável do “globalização” é o destino irremediável do mundo, um processo irreversível; é também um mundo, um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a todos na mesma processo que nos afeta a todos na mesma medida e da mesma maneira. Estamos todos medida e da mesma maneira. Estamos todos sendo “globalizados” – e isso significa sendo “globalizados” – e isso significa basicamente o mesmo para todos. (p. 7)basicamente o mesmo para todos. (p. 7)

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COMPRESSÃO TEMPO/ESPAÇOCOMPRESSÃO TEMPO/ESPAÇO

A globalização tanto divide quanto une; A globalização tanto divide quanto une; divide enquanto une.divide enquanto une.

““Junto com as dimensões planetárias dos Junto com as dimensões planetárias dos negócios, das finanças, do comércio e do negócios, das finanças, do comércio e do fluxo de informação, é colocado em fluxo de informação, é colocado em movimento um processo localizador, de movimento um processo localizador, de fixação no espaço” p. 8fixação no espaço” p. 8

Mobilidade: um valor cobiçadoMobilidade: um valor cobiçado Liberdade X “localidade”Liberdade X “localidade” Movimento: contragosto, desígnio ou revelia Movimento: contragosto, desígnio ou revelia

= GLOBAL X LOCAL= GLOBAL X LOCAL

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Tempo e classeTempo e classe

““A companhia pertence às pessoas que nela investem – não aos A companhia pertence às pessoas que nela investem – não aos empregados, fornecedores ou à localidade em que se situa” empregados, fornecedores ou à localidade em que se situa” (Albert J. Dunlap). P. 13(Albert J. Dunlap). P. 13

O poder absoluto dos acionistasO poder absoluto dos acionistas Último quarto século XX: “Grande guerra de independência em Último quarto século XX: “Grande guerra de independência em

relação ao espaço” relação ao espaço” Papel da empresa: pagar seus impostos devidos ao sistema Papel da empresa: pagar seus impostos devidos ao sistema

negligenciando os direitos dos trabalhadores = o refugo humano negligenciando os direitos dos trabalhadores = o refugo humano descartável.descartável.

Quando inviável a empresa muda de local deixando aos locais a Quando inviável a empresa muda de local deixando aos locais a tarefa de lamber as feridas, consertar o dano e se livrar do lixo. P. tarefa de lamber as feridas, consertar o dano e se livrar do lixo. P. 1515

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Tempo e classe (cont.)Tempo e classe (cont.)Proprietários ausentes, marco IIProprietários ausentes, marco II

““A nova liberdade do capital é reminiscente da A nova liberdade do capital é reminiscente da liberdade que tinham outrora os proprietários liberdade que tinham outrora os proprietários ausentes, notórios por sua negligência, muito ausentes, notórios por sua negligência, muito sentida, face às necessidades das populações que sentida, face às necessidades das populações que os alimentavam” p. 17os alimentavam” p. 17

Extrair o produto excedente. Ficavam presos ao Extrair o produto excedente. Ficavam presos ao seu investimento. Esgotamento das terras, seu investimento. Esgotamento das terras, fortunas precárias. Limites territoriais, reduzir a fortunas precárias. Limites territoriais, reduzir a diferença pela força. diferença pela força.

Capitalismo pós-moderno: Não há limitações Capitalismo pós-moderno: Não há limitações territoriais. Se o embate com a alteridade exigir territoriais. Se o embate com a alteridade exigir esforços dispendiosos MUDA-SE DE LOCAL.esforços dispendiosos MUDA-SE DE LOCAL.

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Tempo e classe (cont.)Tempo e classe (cont.)Liberdade de movimento e auto-Liberdade de movimento e auto-constituição das sociedadesconstituição das sociedades

Paul Virílio: “Fim da geografia” = As distâncias já Paul Virílio: “Fim da geografia” = As distâncias já não importam, ao passo que a idéia de uma não importam, ao passo que a idéia de uma fronteira geográfica é cada vez mais difícil de fronteira geográfica é cada vez mais difícil de sustentar no mundo real. P. 19sustentar no mundo real. P. 19

Realidade das fronteiras: No passado, como hoje, Realidade das fronteiras: No passado, como hoje, as elites sempre foram mais cosmopolitas. Ao as elites sempre foram mais cosmopolitas. Ao contrário, as classes inferiores eram confinadas contrário, as classes inferiores eram confinadas em fronteiras bem definidas.em fronteiras bem definidas.

Insignificância do “instante”: espaços e Insignificância do “instante”: espaços e delimitadores de espaço perdem sua importância.delimitadores de espaço perdem sua importância.

Page 7: Globalização releitura da obra de zigmunt baumam

Continuação...Continuação... Sobre o espaço planejado, territorial-urbanístico-Sobre o espaço planejado, territorial-urbanístico-

arquitetônico, impôs-se um terceiro espaço arquitetônico, impôs-se um terceiro espaço cibernético do mundo humano com o advento da cibernético do mundo humano com o advento da rede mundial de informática. P. 24rede mundial de informática. P. 24

““Aqui” e “lá” perderam o sentido.Aqui” e “lá” perderam o sentido. As classes subalternas, apesar de utilizar a As classes subalternas, apesar de utilizar a

velocidade da internet, continuam “separadas por velocidade da internet, continuam “separadas por obstáculos físicos e distâncias temporais”. P. 25obstáculos físicos e distâncias temporais”. P. 25

““Separação que agora é mais impiedosa e tem Separação que agora é mais impiedosa e tem efeitos psicológicos mais profundos do que nunca. efeitos psicológicos mais profundos do que nunca. P. 25.P. 25.

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Tempo e classe (cont.)Tempo e classe (cont.)Nova velocidade, nova polarizaçãoNova velocidade, nova polarização

CIBERESPAÇO:CIBERESPAÇO:

A)A) Para a elite móvel significa libertação em relação ao “físico”Para a elite móvel significa libertação em relação ao “físico”

B)B) Combinação do etéreo com a onipotênciaCombinação do etéreo com a onipotência

C)C) Imunidade à interferência local (política da não-vizinhança): Imunidade à interferência local (política da não-vizinhança): as elites se isolam em casas superprotegidas, como os as elites se isolam em casas superprotegidas, como os fossos dos castelos medievais. A desterritorialização do fossos dos castelos medievais. A desterritorialização do poder anda de mãos dadas com a estruturação estrita do poder anda de mãos dadas com a estruturação estrita do território. P. 27território. P. 27

D)D) Elites supra-locais se isolam materialmente em suas Elites supra-locais se isolam materialmente em suas localidades. Locais somente acessíveis por senhas.localidades. Locais somente acessíveis por senhas.

E)E) O espaço público é lentamente substituido pelo privado. O espaço público é lentamente substituido pelo privado. Fim do modo de vida comunitário.Fim do modo de vida comunitário.

F)F) Os excluidos são literalmente empurrados para fora das Os excluidos são literalmente empurrados para fora das “cercas elétricas”.“cercas elétricas”.

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Globalização: progressiva segregação Globalização: progressiva segregação espacial = separação e exclusãoespacial = separação e exclusão

““Os centros de produção de Os centros de produção de significado e valor são hoje significado e valor são hoje extraterritoriais e emancipados de extraterritoriais e emancipados de restrições locais – o que não se restrições locais – o que não se aplica, porém, à condição humana, à aplica, porém, à condição humana, à qual esses valores e significados qual esses valores e significados devem informar e dar sentido” p. 9devem informar e dar sentido” p. 9

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CONTINUAÇÃO...CONTINUAÇÃO...

GUERRAS ESPACIAIS nos territórios urbanos:GUERRAS ESPACIAIS nos territórios urbanos:““Os habitantes desprezados e despojados de poder Os habitantes desprezados e despojados de poder

das áreas pressionadas e implacavelmente das áreas pressionadas e implacavelmente usurpadas respondem com ações agressivas usurpadas respondem com ações agressivas próprias; tentam instalar nas fronteiras de seus próprias; tentam instalar nas fronteiras de seus guetos seus próprios avisos de – não ultrapasse – guetos seus próprios avisos de – não ultrapasse – Usam para isso qualquer material que lhes caia Usam para isso qualquer material que lhes caia nas mãos – rituais, roupas estranhas, atitudes nas mãos – rituais, roupas estranhas, atitudes bizarras, ruptura de regras, quebrando garrafas, bizarras, ruptura de regras, quebrando garrafas, janelas ou cabeças, lançando retóricos desafios à janelas ou cabeças, lançando retóricos desafios à lei” p. 29.lei” p. 29.

* A lei aplicada escamoteia o significado real do * A lei aplicada escamoteia o significado real do movimento: tentativas de tornar audíveis e legíveis movimento: tentativas de tornar audíveis e legíveis as reivindicações territoriais. Só o que querem os as reivindicações territoriais. Só o que querem os excluídos é sua inclusão no jogo territorial.excluídos é sua inclusão no jogo territorial.

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Continuação...Continuação...

FIM DO ESPAÇO PÚBLICO DE DEBATE:FIM DO ESPAÇO PÚBLICO DE DEBATE: Lazarsfeld: Líderes de opiniões locaisLazarsfeld: Líderes de opiniões locais Nils Christie: Alegoria Nils Christie: Alegoria

a) Moisés – Jesus – Maomé (Justiça piramidal)a) Moisés – Jesus – Maomé (Justiça piramidal)

b) Mulheres reunidas na fonte (justiça igualitária)b) Mulheres reunidas na fonte (justiça igualitária)

c) O poço é abolido: Lavanderias automáticas, sobrava algum c) O poço é abolido: Lavanderias automáticas, sobrava algum tempinho para conversas. tempinho para conversas.

d) Shoppings: espaço de (in)sociabilidadesd) Shoppings: espaço de (in)sociabilidades

““Os locais de encontro eram também aqueles em que se Os locais de encontro eram também aqueles em que se criavam as normas – de modo que se pudesse fazer justiça e criavam as normas – de modo que se pudesse fazer justiça e distribuí-la horizontalmente, assim re-unindo os distribuí-la horizontalmente, assim re-unindo os interlocutores numa comunidade.”p. 33interlocutores numa comunidade.”p. 33

= Não há mais espaço para a opinião local.= Não há mais espaço para a opinião local.

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2. GUERRAS ESPACIAIS:2. GUERRAS ESPACIAIS:informe de carreirainforme de carreira

Desde os primordios o “corpo humano era a Desde os primordios o “corpo humano era a medida de todas as coisas” (Witold Kula, medida de todas as coisas” (Witold Kula, hist.).hist.).

Burguesia cria a uniformidade das medidasBurguesia cria a uniformidade das medidas ESTADO MODERNO: ESTADO MODERNO:

““Unificação do espaço submetido agora à sua Unificação do espaço submetido agora à sua autoridade direta; ela consistia em separar autoridade direta; ela consistia em separar as categorias e distinções espaciais das as categorias e distinções espaciais das práticas humanas que os poderes do Estado práticas humanas que os poderes do Estado não controlavam”não controlavam”

= MAPAS: Territórios domesticados pelo Estado = MAPAS: Territórios domesticados pelo Estado moderno. X caos dos aldeamentos/paróquiasmoderno. X caos dos aldeamentos/paróquias

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A construção dos espaços: cidadesA construção dos espaços: cidades

Modêlo panóptico de Michel Foucault: espaço Modêlo panóptico de Michel Foucault: espaço artifical = uma relação de poderartifical = uma relação de poder

Visões utópicas modernas da cidade perfeita: Visões utópicas modernas da cidade perfeita: Planejamento prévio, construção à partir do Planejamento prévio, construção à partir do nada, homogeneização dos elementos nada, homogeneização dos elementos espaciais.espaciais.

Cidade chamada liberdade: Ano V da Revolução Cidade chamada liberdade: Ano V da Revolução Francesa = sonhos de uma cidade perfeita.Francesa = sonhos de uma cidade perfeita.

Visão da cidade perfeita (Jürgen Habermas): Visão da cidade perfeita (Jürgen Habermas): Rejeição total da história.Rejeição total da história.

““La ville radieuse” de Le Corbusier: evangelho La ville radieuse” de Le Corbusier: evangelho do modernismo urbano = morte das cidades do modernismo urbano = morte das cidades existentes (refugo da história) = Brasília - DFexistentes (refugo da história) = Brasília - DF

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Agorafobia e o renascimento da localidadeAgorafobia e o renascimento da localidade Devastação das pálidas sombras da Ágora: “as Devastação das pálidas sombras da Ágora: “as

tentativas de homogeneizar o espaço urbano, de tentativas de homogeneizar o espaço urbano, de torná-lo lógico, funcional ou legível redundaram na torná-lo lógico, funcional ou legível redundaram na desintegração das redes protetoras tecidas pelos desintegração das redes protetoras tecidas pelos laços humanos, na experiência fisicamente laços humanos, na experiência fisicamente devastadora do abandono e da solidão” p. 53.devastadora do abandono e da solidão” p. 53.

Condição urbana ideal: aceitar a alteridadeCondição urbana ideal: aceitar a alteridade Realidade cidades nos EUA: Intolerância à diferença, Realidade cidades nos EUA: Intolerância à diferença,

ressentimento com os estranhos, necessidade de ressentimento com os estranhos, necessidade de isolá-los ou bani-los, histeria paranóica com a Lei e a isolá-los ou bani-los, histeria paranóica com a Lei e a ordem = segregação racial, étnica e de classe.ordem = segregação racial, étnica e de classe.

““A uniformidade alimenta a conformidade e a outra A uniformidade alimenta a conformidade e a outra face da conformidade é a intolerância”. P. 55.face da conformidade é a intolerância”. P. 55.

Mundo pós-moderno: Superação do panóptico (poucos Mundo pós-moderno: Superação do panóptico (poucos observam muitos); Internet e Web não são para todos observam muitos); Internet e Web não são para todos (potencial consumidor); TV = muitos observam (potencial consumidor); TV = muitos observam poucos: os locais observam os globais. poucos: os locais observam os globais.

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3 – Depois da Nação-estado, o que?3 – Depois da Nação-estado, o que?

NOVA DESORDEM MUNDIAL: O Estado-nação NOVA DESORDEM MUNDIAL: O Estado-nação definha em detrimento ao poder das empresas definha em detrimento ao poder das empresas transnacionais = mobilidade (procura por novos transnacionais = mobilidade (procura por novos mercados e áreas que permitem maiores lucros).mercados e áreas que permitem maiores lucros).

FIM DA GUERRA FRIA: “não há mais uma localidade FIM DA GUERRA FRIA: “não há mais uma localidade com arrogância bastante para falar em nome da com arrogância bastante para falar em nome da humanidade como um todo ou para ser ouvida e humanidade como um todo ou para ser ouvida e obedecida pela humanidade ao se pronunciar” p. 66obedecida pela humanidade ao se pronunciar” p. 66

GLOBALIZAÇÃO: ausência de um centro, de um GLOBALIZAÇÃO: ausência de um centro, de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um gabinete administrativo. É a “nova desordem gabinete administrativo. É a “nova desordem mundial”. mundial”.

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Continuação...Continuação...

A expropriação do Estado:A expropriação do Estado: Após os anos 1960 o Estado Keynesiano cedeu lugar à política Após os anos 1960 o Estado Keynesiano cedeu lugar à política

neo-liberal. Consequência: tripé da soberania estatal foi neo-liberal. Consequência: tripé da soberania estatal foi abalado = os mercados financeiros globais impoem suas leis e abalado = os mercados financeiros globais impoem suas leis e preceitos ao planeta.preceitos ao planeta.

Hoje a “nação-estado torna-se um mero serviço de segurança Hoje a “nação-estado torna-se um mero serviço de segurança para as mega-empresas” p. 74.para as mega-empresas” p. 74.

GLOCALIZAÇÃO: “A criação de riqueza está a caminho de GLOCALIZAÇÃO: “A criação de riqueza está a caminho de finalmente emancipar-se das suas perpétuas conexões com a finalmente emancipar-se das suas perpétuas conexões com a produção de coisas, o processamento de materiais, a criação produção de coisas, o processamento de materiais, a criação de empregos e a direção de pessoas” p. 80de empregos e a direção de pessoas” p. 80

Os antigos ricos precisavam dos pobres para fazê-los e mantê-Os antigos ricos precisavam dos pobres para fazê-los e mantê-los ricos.los ricos.

Os novos ricos não precisam mais dos pobres.Os novos ricos não precisam mais dos pobres. As riquezas são globais, a miséria é local.As riquezas são globais, a miséria é local.

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4. Turistas e vagabundos

Hoje em dia estamos todos em movimento. Nossa sociedade é uma sociedade de consumo.

A sociedade antecedente (industrial) era uma “sociedade de produtores”.

A cultura da sociedade de consumo prega o esquecimento, não o aprendizado: consumidor impaciente, impetuoso, indócil, instigável e de fácil desinteresse. É PRECISO ALIMENTAR O CÍRCULO VICIOSO DO CONSUMO DESENFREADO.

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CONTINUAÇÃO...

“os consumidores são acima de tudo colecionadores de sensações”. O desejo não deseja satisfação, deseja apenas o desejo. P. 91

Primeiro mundo: globalmente móveis, o espaço não é restritivo. Controle do tempo. Seus habitantes vivem no tempo. O espaço não importa.

Segundo mundo: localidade amarrada, sujeitos às mudanças que afetam o seu local, o espaço real se fecha. Controlado pelo tempo.

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Continuação...

ABISMO SOCIAL: entre “uma rica elite enfurnada em condomínios vigiados” e “uma maioria sem trabalho e empobrecida”. P. 98

CULTURA DO PRESENTE ABSOLUTO: A mobilidade total de uma elite privilegiada transforma o mundo numa aldeia global.

TURISTA: Ficam ou se vão a seu bel-prazer. Se movem porque acham o mundo ao seu alcance (global) irresistivelmente atraente.

VAGABUNDO: se movem porque acham o mundo a seu alcance (local) insuportavelmente inóspito.

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Continuação...

“o capital não precisa mais da mão-de-obra itinerante (enquanto sua mais avançada e emancipada vanguarda high-tech sequer precisa de mão-de-obra alguma, móvel ou fixa).

MURALHAS CONTRA O VAGABUNDO: Leis de imigração ou de nacionalidade. = sinal verde para os turistas, sinal vermelho para os vagabundos.

“Um mundo sem vagabundos: utopia da sociedade dos turistas = no entanto os turistas não existiriam sem os vagabundos.

Sob a película dos “Globais” ferve um caldeirão do desconhecido: A feiúra das favelas, dos excluídos.

PARADOXO: A era da “compressão espaço-temporal”, da ilimitada transferência de informação e da comunicação instantânea, é também a era de uma quase total quebra de comunicação entre as elites instruídas e o populus”

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5. LEI GLOBAL, ORDENS LOCAIS5. LEI GLOBAL, ORDENS LOCAIS

• Nos EUA, segundo Pierre Bourdieu: “o Estado Beneficente, fundado no conceito moralizante de pobreza, tende a bifurcar-se num Estado Social que provê garantias mínimas de segurança para as classes médias e num Estado cada vez mais repressivo que contra-ataca os efeitos violentos da condição cada vez mais precária da grande massa da população, principalmente os negros”. P. 111

• Para uns poucos: uma existência ordeira e segura.• Para “os outros”: toda a espantosa e ameaçadora

força da lei.

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Continuação...Continuação...

• O império dos interesses dos “investidores”:• Controle mais estritos dos gastos públicos• Redução dos impostos• Reforma do sistema de proteção social• Desmantelamento das normas das relações de trabalho.

Flexibilidade à favor dos acionistas.• CONSEQÜÊNCIAS: • A) liberdade de ir aonde os pastos são mais verdes• B) Aos “locais” a incumbência de limpar o lixo.• C) Extrema fragilização da posição do empregado: trabalhos

temporários, relação vertical de poder.• POLARIZAÇÃO PÓS-MODERNA DAS CONDIÇÕES SOCIAIS: “o

topo da nova hierarquia é extraterritorial; suas camadas inferiores são marcadas por graus variados de restrições espaciais e as da base são, para todos os efeitos práticos, glebae adscripti”. P. 113

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FÁBRICAS DE IMOBILIDADEFÁBRICAS DE IMOBILIDADE

• AS PRISÕES MODERNAS:• Casas de correição século XVIII: produção de

homens saudáveis, moderados no comer, acostumados ao trabalho, com vontade de ter um bom emprego, capazes do próprio sustento e tementes à Deus.

• Controle Panóptico de Bentham: tirar os internos do caminho da perdição moral, desenvolver hábitos que permitam o seu retorno ao convívio social, combater a preguiça. (era a época da ética do trabalho).

• PRISÃO DE PELICAN BAY: Uma fábrica de imobilidade. “laboratório da sociedade globalizada no qual são testadas as técnicas de confinamento espacial do lixo e do refugo da globalização.

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PRISÕES NA IDADE DA PÓS-CORREÇÃOPRISÕES NA IDADE DA PÓS-CORREÇÃO

• Presos para cada grupo de 100.000 habitantes:• E U A: 649 presos • NORUEGA: 64 presos• HOLANDA: 86 presos• INGLATERRA E GALES: 114 presos

“Segundo Zigmunt Baumam: as causas do aumento acelerado de prisões no mundo se relacionam às transformações

conhecidas pelo nome de globalização. “Os governos não podem seriamente prometer nada exceto

‘flexibilidade de mão-de-obra’ – isto é, em última análise, mais insegurança e cada vez mais penosa e incapacitante”. P. 126

Page 25: Globalização releitura da obra de zigmunt baumam

SEGURANÇA: meio palpável, fim ilusórioSEGURANÇA: meio palpável, fim ilusório

• Impossibilitados de resolver os problemas cruciais das sociedades modernas, os governos investem no espetáculo televisivo da segurança pública:

• Autopropulsão do medo• Preocupação com a segurança pessoal• Incerteza psicológica

“A espetaculosidade das operações punitivas importa mais que sua eficácia, que de qualquer forma, dada a indiferença geral e a curta duração da memória pública, raramente é testada”. P. 128

“o caminho mais curto para a prosperidade econômica da nação e, supõe-se, para a sensação de bem-estar dos eleitores, é a da pública exibição de competência policial e destreza do Estado”.

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O FORA DE ORDEMO FORA DE ORDEM

• O SISTEMA ATACA A BASE E NÃO O TOPO DA SOCIEDADE:

• Roubar os recursos de nações inteiras é chamado de “promoção do livre comércio”.

• Roubar famílias e comunidades inteiras de seu meio de subsistência é chamado “enxugamento” ou simplesmente “racionalização”

• (Nenhum desses feitos jamais foi incluído entre os atos criminosos passíveis de punição). P. 131

• “A exclusão das liberdades globais tende a redundar no fortalecimento das localidades”

• “A fragmentação e o isolamento ‘na base’ continuam sendo os irmãos gêmeos da globalização no topo”