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Centro de Competências de Ciências Sociais Departamento de Ciências da Educação Ciências da Educação – 1º Ciclo Ano Lectivo de 2009/2010 2º Ano/2º Semestre Unidade Curricular: Gestão de Projectos em Educação Docente: Dr. Nuno Fraga Discentes: Anabela Gomes Cátia Teixeira Hilda Brito João Neves Piedade Freitas

Grupo Anabela - Escola como Anarquia

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Page 1: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Centro de Competências de Ciências SociaisDepartamento de Ciências da Educação

Ciências da Educação – 1º CicloAno Lectivo de 2009/2010

2º Ano/2º SemestreUnidade Curricular: Gestão de Projectos em Educação

Docente: Dr. Nuno Fraga Discentes: Anabela Gomes

Cátia TeixeiraHilda Brito

João Neves Piedade Freitas

Page 2: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

CAPÍTULO V – A ESCOLA CAPÍTULO V – A ESCOLA COMO ANARQUIACOMO ANARQUIA

Imagem nº 1

Page 3: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Anarquia - “Negação do princípio da autoridade; falta de governo ou de chefe; (...) desordem; confusão.”(Moreno, 1971, p. 92).

Page 4: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

“As pessoas interessantes e as organizações interessantes

elaboram teorias complexas de si próprias. Para o realizar

precisam de complementar a tecnologia da razão com

uma tecnologia da loucura. Por vezes, os indivíduos e as

organizações necessitam de modos de fazer coisas para os

quais não têm boas razões. Necessitam de actuar antes de

pensar.” (Costa, 2003, p. 89 citando Michael Cohen e

James March, 1974).

Page 5: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

“O conceito de anarquia não surge aqui negativamente

conotado (...) mas (...) como uma metáfora cujo uso permite

visualizar um conjunto de dimensões que poderão ser

encontradas nas organizações escolares (...).” (Costa, 2003, p.

89).

Este modelo organizacional, apresenta a escola como “(...)

uma realidade complexa, heterogénea, problemática e ambígua

(...)” (Costa, 2003, p. 89).

Podemos chamar de anárquico ao funcionamento da escola,

por este ser suportado “(...) por intenções e objectivos vagos,

tecnologias pouco claras e participação fluida (...)”. (Costa,

2003, p. 89).

Page 6: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Não existe uma sequência lógica para planear decisões, mas

sim, surgem “(...) de forma desordenada, imprevisível e

improvisada, do amontoamento de problemas, soluções e

estratégias (...)”. (Costa, 2003, p. 89).

Outra premissa, assenta no facto de a escola não ser “(...) um

todo, coerente e articulado, mas uma sobreposição de diversos

orgãos, estruturas, processos ou indivíduos frouxamente unidos

e fragmentados (...)”. (Costa, 2003, p. 89).

Page 7: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

• O facto das organizações escolares serem vulneráveis ao

ambiente externo, torna-as turbulentas e incertas,

aumentando a incerteza e a ambiguidade.

• Todos os processos organizativos que a escola tente

desenvolver, são meramente simbólicos.

Imagem nº 2

Page 8: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

À volta da imagem anárquica da escola, alinhou-se quatro grandes temáticas:

1) – “a escola como anarquia organizada”;

2) – “a decisão organizacional como caixote do lixo”;

3) – “a escola como sistema debilmente articulado”;

4) – “a escola como sistema caótico”. (Costa, 2003, p. 90).

Page 9: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Cohen, March e Olsen (1972) estão de acordo que esta imagem

organizacional da escola, que constitui dimensões básicas para

a análise de várias situações, e na caracterização de diversos

domínios nas organizações escolares, tenha três características:

1)Objectivos problemáticos: a escola apresenta objectivos

inconsistentes, vagos e mal definidos com ideias soltas e

desagregadas.

Page 10: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

2) Tecnologias pouco claras: os processos utilizados resultam

de procedimentos improvisados.

3) Participação fluida: cada actor dedica-se de maneira

diferente à sua participação nas organizações, no que

concerne à sua forma, tempo e importância.

Imagem nº 3

Page 11: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Devido à incerteza e imprevisibilidade das organizações com

funcionamentos complexos e instáveis, estes três autores,

afirmam a necessidade de alterar as teorias de gestão em curso:

“(...) as anarquias organizadas requerem uma teoria revista da

gestão. (...) [Deve haver] mecanismos para controlar e

coordenar, que presumem a existência de objectivos e

tecnologias bem definidos [proporcionando] um envolvimento

substancial dos participantes nos assuntos da organização.”

(Costa, 2003, p. 91).

Page 12: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

O líder formal duma organização escolar, confronta-se, com

quatro tipos de ambiguidade:

1)Ambiguidade das intenções: resulta do facto dos fins e objectivos

serem problemáticos, pouco claros, inconsistentes e de difícil

operacionalidade.

2)Ambiguidade do poder: a ocupação de um lugar no topo da

estrutura hierárquica não significa necessariamente um poder

superior, por este, por vezes ser pouco claro, nem ser respeitado.

Page 13: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

3) Ambiguidade da experiência: embora a experiência seja uma

modalidade de aprendizagem, há uma constante mutação a

decorrer nas escolas e na instabilidade consequente disso.

4) Ambiguidade do êxito: o fracasso e o sucesso não são

mensuráveis, tentando perceber o êxito do administrador pela

sua promoção e pela aceitação generalizada dos resultados da

sua actuação.

Imagem nº 4

Page 14: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

• Cohen, March e Olsen (1972) definem que “O processo caixote

do lixo é aquele no qual os problemas, as soluções e os

participantes saltam de uma oportunidade de escolha para outra,

de tal modo que a natureza da escolha, o tempo que demora e os

problemas que resolve dependem todos de uma interligação de

elementos relativamente complicada.” (Costa, 2003, p. 94).

• Esses elementos são uma mistura de escolhas disponíveis numa

dada altura, a mistura dos problemas que aparecem na

organização, a mistura de soluções e as exigências do contexto

exterior sobre os líderes.

Page 15: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

• A ambiguidade de liderança, faz-se sentir nos momentos de

escolha e de decisão, levando a novas formas de ambiguidade,

de imprevisibilidade e de incerteza.

• O processo de decisão nas organizações é sempre muito

complicado, apelidando-o “(...) de modelo do caixote do lixo

(garbage can) (...)”. (Costa, 2003, p. 94).

Page 16: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

• Na tomada de decisões há “(...) desarticulação entre os

problemas e as soluções, entre os objectivos e as estratégias e

onde confluem e se misturam desordenadamente problemas,

soluções, participantes e oportunidades de escolha.” (Costa,

2003, p. 94).

Imagem nº 5

Page 17: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

No ponto de vista de Foster (1986), as teorias de caixote do lixo da Anarquia, são interpretadas da seguinte maneira:

Page 18: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Esta Imagem Organizacional da Escola como Anarquia, ataca os modelos tradicionais da racionalidade:

“pondo em causa a sequência entre o pensamento e a acção”;

“questionando a ligação entre a identificação dos problemas e as respectivas soluções”;

“duvidando das capacidades de operacionalização do planeamento organizacional”;

“(...) apontando as vantagens da ligação entre o “racional”, o “lúdico” e a “loucura”. (Costa, 2003, p. 95).

Page 19: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

3 – A ESCOLA COMO SISTEMA 3 – A ESCOLA COMO SISTEMA DEBILMENTE ARTICULADODEBILMENTE ARTICULADO

Nesta perspectiva de organizações debilmente

acopladas (loosely coupled), podemos verificar “(...) a

débil conexão existente entre a intenção e a acção, os

meios e os fins, o ontem e o amanhã (...) a fraca

articulação entre o topo e a base, a linha e o staff, os

professores e os administradores.” (Costa, 2003, p. 98).

Page 20: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Mas Weick (1976), continua a lista dos sistemas debilmente

articulados, com os “(...) professores-materiais, eleitores-conselho

de escola, administradores-sala de aula, processo-resultado,

professor-professor, pai-professor e professor-aluno.” (Costa,

2003, p. 98).

Imagem nº 6

Page 21: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Weick e Orton (1990), identificam oito tipos de articulação

débil nas organizações:

entre subunidades

entre acções

entre intençõesentre

actividades

entre ideias

entre organizações e

ambientes

entre níveis hierárquicos

entre organizações

Page 22: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

•As estruturas organizacionais da escola estão, assim, frouxamente

ligadas à instrução, não coordenando nem controlando a actividade

educativa.

•“Esta situação deve-se essencialmente ao facto da função

prioritária da escola consistir em responder às normas, aos valores

e às expectativas da sociedade [colocando em causa a] sua própria

existência.” (Costa, 2003, pp. 99-100).

Page 23: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Todos devem confiar no trabalho e na competência dos outros, daí

surgindo “a lógica de confiança”. É como um ciclo, uns têm de acreditar

que os outros fazem o seu trabalho: “A comunidade tem confiança no

conselho escolar, que tem confiança no director, o qual confia nos

professores.” (Costa, 2003, p. 101).

Imagem nº 7

Page 24: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

O caos é visto como algo positivo, pois para haver ordem, primeiramente tem de haver caos.Para Griffiths, Hart e Blair (1991), existem sete conceitos centrais para caracterizar a teoria do caos, nas organizações escolares:

Efeito de borboleta: uma situação por mais pequena que seja, pode originar um grande efeito. “(...) qualquer acontecimento, pequeno ou grande, pode influenciar e alterar o funcionamento organizacional (...)”. (Costa, 2003, p. 103).

Ataque de turbulência: mesmo numa fase de ordem, pode aparecer períodos de instabilidade, de insubordinação e de contestação.

Page 25: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Estruturas dissipativas: as estruturas das organizações nem sempre são estáveis, podem mudar radicalmente, transformando-se “(...) em estruturas dissipadoras, dispersivas e esbanjadoras (...)”. (Costa, 2003, pp. 103-104). Por isto, tem de haver muita atenção às pequenas mudanças.

Choques do acaso: revela o papel do acaso nos sistemas caóticos, podendo um pequeno choque significar grandes alterações.

Forças de atracção estranhas: “existência de elementos ou forças ocultas que emergem repetidamente como componentes centrais do sistema (...)”. (Costa, 2003, p. 104).

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Simetrias recorrentes: “(...) significa que na teoria do caos, mais do que a unidade individual, interessa prestar atenção às formas que se mantêm e permanecem simétricas nos diversos níveis do sistema (...)”. (Costa, 2003, p. 104).

Mecanismos de feedback: é um processo de retroacção, em que os resultados ou saídas (outputs), entram de novo no sistema (transformando-se em inputs), trazendo assim, novas informações para as organizações.

(Costa, 2003, p. 104).

Page 27: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Fez um estudo sobre o modelo da anarquia organizada, tratando-se

“(...) de um trabalho que marca o início de uma viragem do quadro

teórico de análise (...)”. (Costa, 2003, p. 106).

• O mais importante neste estudo “(...) é o de atendermos, e de estarmos

atentos, às eventuais áreas de funcionamento da escola secundária

portuguesa enquanto organização burocrática (...)” (Costa, 2003, pp.

105-106), integrada num sistema tradicional.

CONTEXTO ESCOLAR PORTUGUÊS:Licínio Lima (1992)

Page 28: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Assim, parece fazer sentido integrar as abordagens

organizacionais da escola, valorizando o contributo que cada

uma delas dá à melhor compreensão dos sistemas escolares. Na

verdade, quer a abordagem da escola enquanto Arena Política

como a abordagem da escola enquanto Anarquia dão fortes

contributos para uma mais rica compreensão da complexidade

das instituições escolares e do seu modo de funcionamento.

Considerações finais

Page 29: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Alertando para aspectos de ordem organizacional, muitas vezes

esquecidos, estas abordagens ajudam a uma compreensão mais

ecológica do sistema educativo e dão um contributo fundamental

para que se olhe para as instituições sob outras perspectivas,

possibilitando igualmente a delineação de estratégias de

melhoramento da dinâmica das instituições de ensino.

Imagem nº 8

Page 30: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Características da Arena Política nas

Organizações Escolares

Características da Anarquia nas Organizações

Escolares

Page 31: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Costa, J. A. (2003), Imagens Organizacionais da Escola, ASA Editores, S.A., Porto, 3ª edição.Moreno, A. (1971), Dicionário Complementar da Língua Portuguesa, Editora Educação Nacional, Porto, 8ª edição.

Imagem nº1, consultado a 02/04/2010 às 21:55,Instituto da Matemática da UFRJ(s/d), Ensino, disponível em http://www.im.ufrj.br/~arbieto/ensino/20082/caos.

Imagem nº2,consultado a 12/04/2010 ás 22:52, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia(2009), Dúvida, disponível emhttp://www.uesb.br/ascom/noticias/imagens/duvida.jpg

Page 32: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Imagem nº 3,consultado a 12/04/2010 ás 21:32, blogspot(s/d),Drama, disponível em http://3.bp.blogspot.com/_Vgjq_uuN44s/SN_NDI_pxtI/AAAAAAAAAzo/23hVorvtr88/s320/drama.jpg

Imagem nº4 consultado a 12/04/2010 ás 21:46,Raul Rico(2009),Rompe cabeças do êxito, disponível em http://www.raulrico.com/wpcontent/uploads/2009/08/rompecabezas-del-exito.jpg

Imagem nº5, consultado a 13/04/2010 ás 23:40 ,(s/d), Escolhas, disponível em http://lh4.ggpht.com/_EwrFwXfyaT4/SurwYjXbGpI/AAAAAAAABd8/hYHOEhTjytM/ESCOLHAS%20SUPERA_thumb%5B2%5D.png?imgmax

Imagem nº6, consultado a 18/04/2010 ás 20:48 ,disponível em

Page 33: Grupo Anabela - Escola como Anarquia

Imagem nº7, consultado a 18/04/2010 ás 21:08,disponível em

Imagem nº8, consultado a 18/04/2010 ás 21:20,Xoops Celepar (2009), Diversidade, disponível em http://www.overmundo.com.br/_banco/produtos/1171701005_diversidade.jpg