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Guia de Estudos Conferência do Desamamento

Guia de estudos CD

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Guia de Estudos

Conferência do Desamamento

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Apresentação do tema

Durante o século XX, o mundo foi marcado pela emergência deconflitos de diversas espécies, em todas as regiões do globo, incluindo asduas Guerras Mundiais e a Guerra Fria, que influenciaram a forma de agir ede pensar das mais diferentes nações em um mesmo momento. Além disso,conflitos localizados marcaram a história da África e Ásia, especialmente nosmovimentos de descolonização; da América Latina, com os golpes militares eo soerguimento de grupos paramilitares; e do Oriente Médio, com osconflitos territoriais e a presença de grupos terroristas.

Esse ambiente de grande instabilidade política, associado aoexpressivo desenvolvimento tecnológico e industrial observado no período,culminou na produção e disseminação de diversos tipos de armamentos comcapacidades destrutivas nunca antes observadas.

Dessa forma, a Conferência do Desarmamento (CD) atua como umfórum internacional de debates interessado em atingir o propósito dodesarmamento internacional, se esforçando para construir um mundo maistransparente e pacífico.

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Desarmamento Internacional

O desarmamento, de forma geral, pode se efetivar através de duas formas legais: por acordos vinculantes, chamados de hard law, que são aqueles em que as partes são obrigadas a cumprir; e por acordos não vinculantes, chamados de soft law, em que as partes são incentivadas, mas não obrigadas a cumprir. Existem, atualmente, tanto acordos de desarmamento de hard law quanto acordos soft law que abrangem o desarmamento entre Estados, voltado para armas convencionais ou de destruição em massa

Inicialmente, faz-se necessário estabelecer a distinção dos diversos tipos de armamentos existentes, e suas nomenclaturas. Por armas de destruição em massa, entende-se todos aqueles armamentos que causam danos indiscriminados, com grande alcance, sendo incluídas nessa categoria as armas nucleares, biológicas e químicas. Por armamento convencional, entende-se que sejam todos os demais armamentos que não sejam de destruição em massa, embora haja subdivisões dentro dessa categoria.

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O maior ponto de divergência ao se tratar do desarmamento internacional se concentra em um ponto específico, o chamado ―dilema de segurança‖. Esse dilema se forma ao se tentar definir qual o ponto de equilíbrio entre a renúncia às armas que o Estado possui, e a manutenção de uma posição mínima de segurança internacional. Ou seja, os Estados não sabem até que ponto podem se desarmar para que, mesmo com uma quantidade inferior de armamentos, ainda possa garantir sua própria segurança.

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Armamentos Nucleares

Durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA, em parceria com especialistas britânicos, lançaram o Projeto Manhattan, um plano governamental que visava produzir equipamentos explosivos baseados na fissão nuclear. Com o sucesso do programa, os EUA se tornaram o primeiro país do globo a possuir em seu arsenal uma bomba nuclear (RHODES, 1986). Assim, ao fim da Segunda Guerra, o mundo assistiu, em 1945, à primeira e única utilização desse tipo de armamentos em combate, ordenada pelo presidente Harry Truman contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Findada a Segunda Guerra Mundial, com o início da Guerra Fria, a União Soviética buscou também dominar esse tipo de tecnologia nuclear e obteve domínio sobre a mesma em 1949, rompendo o monopólio estadunidense sobre a produção dessa categoria de armamentos.

Nos anos seguintes, diversos outros países com elevada capacidade científica buscaram também serem capazes de produzir armamentos nucleares. Assim, em 1952, 1960 e 1964, o Reino Unido, França e China, respectivamente, também demonstraram serem detentores da tecnologia nuclear, se tornando, juntamente com os EUA e URSS.

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Atualmente, estima-se que os EUA possuam cerca de 8.500 ogivas nucleares, a Rússia possua aproximadamente 11.000, a França 300, a China 240, e o Reino Unido 225 (SIPRI, 2011).

Em 1968 foi assinado, e em 1970 entrou em vigor, o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), acordo que visava controlar as armas nucleares dos cinco países que as detinham, comprometendo-os a não transferir nem auxiliar os países não-nuclearizados a obterem armas nucleares; e visava também o comprometimento dos Estados não-nucleares em não buscar desenvolver por conta própria armas nucleares.

O TNP conta, atualmente, com a ratificação de 189 países .

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Armamentos Convencionais

Em diversas áreas de conflito, a grande quantidade de armamentos utilizados, e o fácil acesso aos mais diversos tipos de armamentos convencionais e munições fornecem o aparato necessário para a perpetuação do conflito, o prolongamento de seu fim, e o incremento no grau de destruição e no número de mortes causados. Em muitas dessas áreas, é mais fácil obter acesso a algum armamento do que a remédios ou alimentos, e, mesmo com o fim dos conflitos, a população civil ainda continua a sofrer com esses materiais bélicos que estão inseridos no ambiente e na sociedade em que vivem.

Observou-se ao longo da história — principalmente durante as décadas de 1960 e 1970, quando houve um intenso crescimento dos movimentos de descolonização na África e Ásia, e a partir da década de 1990, em que houve o soerguimento de uma gama variada de conflitos por todo o mundo — a emergência de diversos focos de tensões e de atores rebeldes (como grupos guerrilheiros, terroristas, traficantes, piratas, etc) que, por possuírem fácil acesso a armamentos diversos, puderam praticar atos de violência que, em muitos casos, contrariavam as normas e o direito internacional

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Com a finalidade de regular os armamentos convencionais foi adotada, em 1980, a Convenção sobre Certas Armas Convencionais, que entrou em vigor em 1983. Essa Convenção apresenta apenas recomendações gerais a respeito das armas convencionais, não propondo medidas efetivas ou proibições ao uso de algum tipo de arma específico.

Entretanto, anexados a essa Convenção existem cinco Protocolos adicionais que cumprem com o objetivo de proibir e regular a utilização de alguns tipos de armas, sendo o Protocolo I sobre fragmentos não localizáveis; o Protocolo II sobre minas, armadilhas explosivas e outros artefatos; o Protocolo III sobre armas incendiárias; o Protocolo IV sobre armas laser que causam cegueira; e o Protocolo V sobre explosivos remanescentes de guerra

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• Protocolo I: É proibido o uso de qualquer arma cujo efeito primário seja ferir com fragmentos que, dentro do corpo humano, não sejam detectados por raio-X.

• Protocolo II: Não é permitido utilizar minas, armadilhas explosivas ou outros artefatos contra alvos não militares. Por ―minas‖entende-se qualquer munição colocada sob ou próxima ao chão ou outra área de superfície, que seja projetada para detonar ou explodir com a presença, proximidade ou contato de uma pessoa ou veículo. Por ―armadilhas explosivas‖ entende-se qualquer dispositivo ou material que seja projetado, construído ou adaptado para matar ou ferir, que funcione inesperadamente quando uma pessoa utiliza ou aborda um objeto aparentemente inofensivo, ou pratica uma ação aparentemente segura. Por ―outros artefatos‖entende-se munições colocadas manualmente e dispositivos projetados para matar, ferir ou danificar que sejam acionados por controle remoto ou automaticamente após um período de tempo.

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• Protocolo III: É proibido utilizar armas incendiárias contra alvos não-militares ou alvos militares que estejam em locais com concentração de civis. Por ―armas incendiárias‖ entende-se qualquer arma ou munição que seja primariamente projetada para atear fogo a objetos ou causar queimaduras em pessoas pela ação de chamas, calor ou combinação de ambas, produzidas por reação química de substancias dirigidas ao alvo.

• Protocolo IV: É proibido utilizar armas laser especificamente concebidas tendo como única função ou função adicional causar cegueira permanente à visão não amplificada, isto é, ao olho descoberto ou ao olho provido de dispositivos de correção da vista.

• Protocolo V: As partes deverão executar a limpeza, remoção ou destruição dos restos explosivos de guerras, bem como fazer registro e manter a informação sobre o emprego e o abandono de artefatos explosivos. Por ―artefatos explosivos‖ entende-se todas as munições convencionais que contenham explosivos, com exceção daquelas determinadas no Protocolo II .

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Para que algum Estado se torne parte da Convenção, é necessário que o mesmo aceite pelo menos dois Protocolos adicionais da mesma. Embora a Convenção tenha grande adesão, contando com 114 Estados-parte, a mesma ainda se mostra defasada pelo não cumprimento ou cumprimento parcial de suas disposições por parte dos membros.

Nesse cenário, observa-se que é necessário que haja uma regulação abrangente e eficiente quanto à produção, circulação e utilização de armamentos convencionais no âmbito internacional, que garanta a utilização apenas necessária e responsável dessa categoria de material bélico.

Assim, iniciou-se em 2006, dentro das Nações Unidas, o processo de negociação de um Tratado de Comércio de Armas (TCA), um tratado internacional que regularia todo o fluxo de armamentos entre Estados, visando promover maior fiscalização e transparência nesse tipo de comércio.

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Posição dos Principais Atores• Estados Unidos da América: Os Estados Unidos declara-se contra os

programas militares nucleares, e defende o fim de testes nucleares e enriquecimento de urânio que possa colaborar no desenvolvimento de armamentos nucleares. Acreditam que o desarmamento nuclear completo é um programa de longo prazo, que deve ser atingido gradualmente, e, assim, não possuem perspectivas para que esse se concretize de fato.

O governo americano considera o programa nuclear iraniano como uma ameaça à estabilidade do sistema internacional, uma vez que o Estado iraniano não cumpre rigorosamente com tudo que é proposto pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Portanto, propõe sanções contra o Irã e clama por apoio de outros países para que suas medidas sejam aprovadas. O país possui ainda uma aliança histórica com o Estado de Israel, apoiando esse em diversos temas da agenda internacional.

Os EUA já afirmaram que não atacarão com armas nucleares algum Estado que não possua esse tipo de armamentos, desde que esse país seja membro e esteja de acordo com as obrigações estipuladas pelo TNP, o que, na concepção estadunidense, excluiria o Irã.

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• Federação Russa: No que diz respeito aos armamentos nucleares, aFederação Russa tende a alinhar-se com os Estados Unidos em suas visõespolíticas. Isso significa que defende a erradicação absoluta dos arsenaisnucleares, e vem demonstrado seriedade e comprometimento, cumprindoas medidas propostas pelo Tratado de Não-Proliferação. Assim como osEUA, possui uma grande quantidade de armamentos nucleares, somando,juntos 95% das armas nucleares do mundo. Prevê-se que tal arsenal serádiminuído com a ratificação do START, acordo bilateral assinado com osEUA em 2010, que estipula o máximo de 1550 ogivas nucleares para cadapaís, além de restringir a quantidade de mísseis balísticosintercontinentais.

Entretanto, o país demonstra grande desagrado à propostaestadunidense de, em parceria com a OTAN, construir um escudo antimíssilna Europa. Segundo esses países, o escudo seria uma proteção contra o Irã,mas a Rússia, que foi excluída desse processo de cooperação, não vê combons olhos essa iniciativa e já sugeriu ter que voltar a investir emarmamentos nucleares para combater tal iniciativa. Os rumores de que aRússia estaria deslocando armas nucleares de curto alcance paraKaliningrado, um enclave russo na fronteira com a Polônia e a Lituânia,preocupa os membros da OTAN, embora a Rússia negue tais rumores

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• França: A França apresenta um comportamento de busca por soluções pacíficas e diplomáticas para questões nucleares. Previamente, o país já havia anunciado planos de diminuir o arsenal nuclear do país, embora tenha continuado com a modernização e evolução do arsenal já existente. Em 2010, a França anunciou que não abriria mão de seus armamentos nucleares, deixando de reduzir o seu arsenal. Para ela, tal redução representaria um perigo à segurança do país, principalmente em um mundo tão perigoso como o em que vivemos hoje.

Como membro permanente do Conselho de Segurança, a França detém um papel fundamental em toda e qualquer discussão que trate de mecanismos pragmáticos de controle e fiscalização sobre armamentos nucleares ao redor do globo.

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• Reino Unido: O Reino Unido empreende esforços para a erradicação completa, ainda que gradual, de todo e qualquer armamento nuclear, através de acordos militares. Como Estado signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o Reino Unido enfatiza a responsabilidade dos Estados nuclearizados diante da questão do desarmamento nuclear, bem como defende que países que não detêm tecnologia nuclear bélica devem abrir mão de consegui-la.

O Reino Unido estimula o desenvolvimento de tecnologia nuclear para fins pacíficos, e sugere que o controle da proliferação de armas deve partir de estratégias domésticas e internacionais que combatam radicalmente as redes de fornecimento de armamentos nucleares.

Além disso, o país adotou uma estratégia de transparência em relação ao seu arsenal, divulgando a quantidade máxima de ogivas operacionais e reservas que o país mantém — 160 e 225, respectivamente — e anunciou que iria rever sua política de segurança em relação ao uso de armas nucleares que, segundo o próprio governo, se apresentava ambígua. A antiga política estabelecia que o Reino Unido apenas consideraria utilizar armas nucleares em casos extremos de auto-defesa, incluindo defesa aos aliados da OTAN, e não definia as circunstâncias precisas de uso.

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• China: O programa nuclear chinês, apoiado pelos soviéticos nos anos 50, foi justificado pela necessidade de manutenção do status de potência regional e global de forma indiscutível, colocando o país em pé de igualdade com as demais potências do Conselho de Segurança. No entanto, a mentalidade vigente na aquisição de equipamento nuclear militar era defensiva, e assim permanece até hoje. O governo da China declara-se contrário à utilização de arsenal nuclear, mas afirma-se indisposto a abrir mão de suas capacidades nucleares enquanto as outras potências não o fizerem.

A China foi pioneira ao lançar a política de ―no first use‖, comprometendo-se a não ser o primeiro Estado a utilizar armamentos nucleares contra qualquer outro país, sob quaisquer circunstâncias, em qualquer época, o que reforça o caráter defensivo de seu arsenal.

Entretanto, suspeita-se que a China ofereça suporte ilegal aos regimes iranianos e norte-coreanos, permitindo e sendo intermediador de troca de material bélico nuclear entre esses dois países, o que desrespeita as sanções impostas pela ONU.De acordo com o Pentágono dos EUA, a China tem aumentado sua produção de armas nucleares em 25% desde 2005, e possui o programa de mísseis balísticos mais ativo do mundo. De acordo com a China, o país trabalha para o controle e a prevenção do desvio de material nuclear para países e zonas não-nuclearizados e para grupos terroristas.

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• Coalizão da Nova Agenda (África do Sul, Brasil, Egito, Irlanda, México, Nova Zelândia e Suécia) : A Coalizão da Nova Agenda, grupo formado em 1998, assume uma postura comum em relação ao desarmamento nuclear, atuando principalmente no âmbito do TNP. Esses países trabalham visando a implementação total dos acordos alcançados no TNP. Defendem a redução dos arsenais de países nuclearizados, especialmente EUA e Rússia, afirmando que apesar dos acordos bilaterais e unilaterais firmados, esses países ainda contêm um número bastante elevado de armas em estado operacional e armazenadas.

O grupo mostra bastante preocupação com a possibilidade de haver a utilização das armas nucleares. Por isso, uma das prioridades da Coalizão é tentar reduzir o papel desempenhado pelas armas nucleares nas políticas de segurança e nas doutrinas de defesa dos Estados, e também alcançar a eliminação total dos arsenais nucleares. Reconhecem a importância de acordos unilaterais e bilaterais para a promoção do desarmamento, mas acreditam que tais medidas são complementares a acordos multilaterais mais abrangentes.

A Coalizão da Nova Agenda defende a adesão de todos os países ao TNP e pregam que os países nucleares não membros do TNP deveriam submeter suas instalações nucleares à supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica. Atua como mediador entre os países nuclearizados e os países Não Alinhados.

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• Países não aliados: O Movimento dos Países Não Alinhados, que surgiu em 1955, reúne atualmente 118 países em desenvolvimento e constitui o maior grupo atuante no contexto do TNP. Tais países, de forma geral, acreditam que o desarmamento nuclear internacional é uma obrigação a ser cumprida, condenando qualquer utilização de armas nucleares. Demonstram apoio aos passos para o desarmamento firmados no TNP e demais iniciativas realizadas no âmbito do sistema ONU. Incentivam a realização de medidas unilaterais em prol da redução dos arsenais e do desarmamento.

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• África: Os países africanos, embora não sejam os maiores produtores e exportadores de armamentos convencionais, são alguns dos que mais sofrem pelo comércio e transferência ilegal desse tipo de armamento. Em muitos casos, os conflitos africanos são sustentados e causam milhares de mortes por causa do tráfico armamentista, fenômeno que está diretamente relacionado ao baixo controle das fronteiras, ineficiência do governo central e presença de grupos rebeldes.

Dessa forma, os países africanos acreditam que um Tratado de Comércio de Armas deve se sustentar sobre alguns princípios básicos. Primeiramente, o Tratado deve ser universal, balanceado, justo e resistente a qualquer abuso político. Apesar de garantir direitos e responsabilidades iguais a todos os membros, o Tratado deve se atentar a estabelecer responsabilidades especiais aos maiores produtores de armamentos e direitos especiais aos importadores. O TCA deve também atuar como mecanismo eficiente de dissuasão, prevenindo e erradicando as transferências ilegais de armamentos convencionais.

Além disso, acreditam que o TCA deve estabelecer explicitamente às autoridades governamentais dos países importadores a função de conceder permissões para que qualquer tipo de transferência de armamentos convencionais ocorra, bem como a função de proibir o comércio com atores não-estatais não autorizados. Atentam-se especialmente para a manutenção do que é estabelecido no art. 51 da Carta das Nações Unidas, que confirma o direito inerentemente soberano de qualquer nação de legitimar sua auto-defesa.

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• União Européia, Turquia, Croácia, Macedônia, Islândia, Albânia, Montenegro, Sérvia, Ucrânia, Moldávia, Armênia e Geórgia: Os países da União Européia e os demais, que seguem a mesma política adotada por aqueles, acreditam que o estabelecimento de um Tratado de Comércio de Armas é uma prioridade para a comunidade internacional e não deve ser ignorado. Assim, demonstram total comprometimento no processo de negociação e estabelecimento de um TCA e reconhece que há Estados que não se mostram tão comprometidos assim.

Para esses países, o TCA deve ser inclusivo e universal, fatores relacionados à participação e dedicação ao processo de negociação do Tratado, além de acreditarem que a força e a efetividade do TCA como instrumento internacional dependem do grau de engajamento em sua formulação. Assim, esses países se prontificam a debater a questão, acreditando que engajamento e flexibilidade são as chaves para o sucesso na formulação do documento.

A União Européia defende que no Tratado sejam estabelecidas todas as categorias de armamentos que serão regulados por esse, a fim de ofertar mais transparência, defendendo também a idéia de que o TCA controle especificamente as armas pequenas e leves, (responsáveis por causar enorme sofrimento humano e incrementar e propiciar a emergência de conflitos), além de controlar também munições, partes e componentes desenhados ou modificados para o uso militar.

Apesar disso, a UE acredita que o TCA não deve regular as transferências ocorridas no âmbito nacional, as armas domésticas, nem as transferências feitas por um Estado fora de seu território, em que os armamentos permaneçam sob seu controle. Por fim, reconhece a importância de se debater a questão da transferência tecnológica entre Estados no que se refere aos armamentos convencionais

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• Ilhas do Pacifico: Os países que são ilhas do Pacífico já passaram por momentos de violência armada, insegurança e instabilidade e, por isso, já adotaram medidas nacionais e regionais para combater o tráfego ilícito de armas pequenas e leves. Apesar dessas medidas, acreditam que os esforços regionais podem ser fortalecidos com um Tratado de Comércio de Armas.

Atualmente, o principal problema envolvendo os armamentos convencionais nos Estados Ilhas do Pacífico se refere à proliferação de armamentos no local ser sustentada por produção doméstica ilícita desses materiais, ou por desvios dos estoques oficiais. Dessa forma, a prioridade regional é aprimorar a capacidade legal e de aplicação do controle de armas doméstico. Os países reconhecem que não é função do TCA prescrever a forma como os Estados devem cumprir suas obrigações, mas acreditam que o mesmo pode ajudar ao estabelecer mecanismos mais eficientes de verificação, como a exigência de relatórios periódicos.Além disso, os Estados do Pacífico reconhecem a importância do TCA em promover a cooperação e assistência internacional para os Estados em desenvolvimento que necessitam de ajuda para implementar as obrigações estipuladas pelo Tratado. Esses países crêem que essa cooperação pode se dar de forma bilateral ou multilateral, a fim de propiciar que os Estados Ilhas do Pacífico também possam fazer sua parte no controle internacional de armamentos.

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• Argentina, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Peru e Uruguai : Os países da América Latina possuem uma preocupação especial referente às transferências ilícitas de armamentos na região principalmente por causa da presença de grupos guerrilheiros, traficantes e contrabandistas na região. Por isso, acreditam na importância do TCA para preencher uma importante falha do comércio internacional, estabelecendo parâmetros comuns para a transferência internacional de armas que aborde todo o ciclo de vida dos armamentos.

Para esses países, o objetivo principal do Tratado deve ser impedir que os armamentos alcancem o mercado ilícito, através do controle de todos os tipos de armas, munições, partes, componentes, tecnologias e materiais relacionados desde a sua produção até sua destruição, para garantir que esses não sejam utilizadas para fins contrários aos princípios do Tratado. Além disso, propõem que todas as armas produzidas sejam marcadas no momento de produção com um número de registro, para que seja mais fácil rastrear as armas a partir de um banco de dados de armamentos.

Defendem que o TCA deve também regular os armamentos utilizados em operações extraterritoriais, como atividades de treinamento, missões humanitárias e operações de paz. Para tal, defendem que o Estado em posse das armas deve manter o controle sobre as mesmas, e retornar com todas elas ao seu território após o fim das operações.

Em relação aos atores não-estatais, os países acreditam que apenas transações entre os Estados devem ser permitidas, ou seja, para haver a entrada de armamentos em determinado país, o governo de tal país deve ter concedido a permissão para tal. Além disso, defende que cada Estado-parte mantenha as informações, por pelo menos 10 anos, do comércio de armamentos regulados pelo TCA.

Por reconhecer o déficit de alguns países em efetivar tais medidas, os países defendem que haja mecanismos de troca de tecnologias e conhecimentos para ajudar os Estados, principalmente aqueles em desenvolvimento, a implementar o TCA.

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Questões da Discussão

• Como promover o desarmamento nuclear? • Como garantir a segurança dos Estados não-nuclearizados em

relação a ataques nucleares? • Como prevenir que novos Estados obtenham armas nucleares? • Como promover o fim da corrida armamentista? • Como promover efetivamente o desarmamento convencional? • Como efetivar as decisões já aprovadas por outras Convenções? • Como evitar o fluxo desregulado de armamentos? • Sobre quais parâmetros deve ser estabelecido um possível Tratado

de Comércio de Armas?