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Um Olhar Sobre a História de São João do Caru e Seus Contrastes

História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

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Um Olhar Sobre a História de São João do Caru e Seus Contrastes

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Adilson Motta

Patrocinador: Rodrigo Anderson da Silva Coelho

(Instituto Humanista Lima Coelho)

Um Olhar Sobre a História de São João do Caru e Seus Contrastes

São João do Caru – MA

2014

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos cidadãos caruenses que lutam por construir um mundo

melhor a partir do universo desta cidade – querida por todos, o habitat de

nossa gente, onde devemos construir o futuro de nossa juventude e

especialmente àqueles que ajudaram a construir os pilares da história sócio

político-econômica de São João do Caru:

pelas políticas públicas de inclusão social nos trilhos dos caminhos da

cidadania.

,

Presidente do Instituto Humanista Lima Coelho, 2014.

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O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.

Oscar Wilde

Feita a revolução nas escolas, o povo fará nas ruas. (Florestan Fernandes)

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Um Olhar Sobre a História de São João do Caru e Seus Contrastes

Precedentes de uma História Civilizatória

Essa região onde hoje é São João do Carudesde os primórdios

foi habitada por nômades – os índios da etnia AwáGuajá, cujo costume,

conforme estudos era explorar as margens dos rios e igarapés onde

houvesse palmeiras de babaçu e caça. Os mesmos habitam a REBIO –

Reserva Biologia, os quais, devido certos costumes – são tidos como

“Guardiões Naturais” da floresta.

Indício de Colonização na Região Caru

Apesar da região Caru ter sido habitada apenas nos anos 66 do século XX, como é do

conhecimento de todos, há relatos e indícios que levam às evidências de ter existido

povoações na região possivelmente entre o século XVIII a XIX na região. Quando

analisamos os anais da história na região do Vale do Pindaré que ocorreu entre os séculos

XVIII a XIX, um questionamento dedutivo paira no ar:

- Essa colonização na região Pindaré não teria se espalhado pela região Caru, que está em

suas adjacência? Analisei os relatos de pessoas que chegaram em Bom Jardim nos anos de

1959 os quais, como numa aventura de colonizar tiveram os primeiros contatos com uma

região ocultada ou seja, desconhecida da população civilizada da época. Os relatos foram

colhidos de Dionísio Silva Lima, Luiz Xavier Ferreira (popular Luiz da SUCAM) e Manoel P.

Santos, do povoado Siringal, adjacência do relato. Veja o que diz Dionízio:

“No ano de 1953, meu pai veio morar num povoado por nome Limoeiro do Bento

Moraes, próximo a Águas Boas, município de Monção. Na época não existia Bom Jardim,

tudo era mata.

No ano de 1959, meu pai e outros companheiros vieram caçar aqui onde hoje é Bom

Jardim, em cuja localidade estava acontecendo um extenso desmatamento em todo o trajeto

que segue a BR 22, atual 316, eram homens contratados por agentes do governo federal para

desmatar e construir em anos que seguiram, a BR 316. Na ocasião, pararam com a caçada e

empreitaram3 quilômetros para desmatar um espaço entre a Curva e Chapéu de Couro –

provavelmente no Pau D´árco.

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Em 1968, eu, meu pai e mais quatro pessoas da família saímos tipo uma expedição no

rio Caru que durou três meses. Nós fomos de canoa descendo pelo igarapé Água Preta até o

Pindaré e fomos de rio acima até o Caru. Tínhamos levado alguns mantimentos, mas

sobrevivíamos mesmo da farta caça que a floresta oferecia.

Na região Caru tudo era mata fechada e poucas pessoas moravam onde hoje é São

João do Caru, que era a última morada ou seja, que apresentava habitantes. Existia ali entre

15 a 20 barracas de lavradores e caçadores.

O rio Caru era um paraíso cheio de peixes de couro principalmente surubim, lírio,

mandubé e outros. Caça existia até demais de muitas espécies. Porco queixada (porco do

mato) eram em torno de quinhentos.

Depois de alguns dias de aventura subindo pelo rio tivemos que recuar quando

chegamos numa ponte feita por índios brabos da tribo Guajá. A madeira da ponte não era

cortada de ferro e sim com pedras que eles fatiavam rodeando até rolar (cortar). Movidos

pelo medo, tivemos que voltar e paramos perto da Barra do Turi, onde passamos muitos dias.

Foi ali que tive uma grande curiosidade por uma cadeia de fatos e antiguidades que muito me

chamou a atenção:

- Ao lado direito do rio, ou seja, entre o Caru e o Pindaré tive a sorte de fazer várias

descobertas. Numa grande área de mais ou menos 15 km encontrei uma grande quantidade de

pedaços de louças, possivelmente do século XVIII a XIX. Tudo bem decorado num colorido

com grande relevo. Quando se tocava nas peças, elas se desmanchavam – pela ação de tanto

tempo que ali se encontrava exposta (a sol e chuvas). Distante deste local, a cerca de 2

quilômetros, vi o aterro de uma casa que tinha mais ou menos 50 a60 metros. Neste local

tinha pedaços de telhas que media mais de 20 centímetros, e tudo debaixo da mata. Mais

adiante, a uns 9 quilômetros, chegamos num seringal. Com suas gigantescas árvores, fiquei

abismado em ver esta riqueza da Amazônia aqui em Bom Jardim, na região Caru. Vi que

aquelas seringueiras tinham sido exploradas a muitos anos; encontrei logo adiante um

instrumento de ferir as cascas das árvores para tirar o leite (látex) que fabrica a borracha,

achei também mais de duzentos copos de flandres –estes, quando os tocávamos, se

desmanchavam - e um galão de coletar o leite das seringueiras. Já quase desaparecido no

meio daquela mata encontrei o forno de defumar a borracha.

Ao retornar para o rancho na beira do rio, tive mais uma surpresa do lado de São João

do Caru, achei um forno de assar telha e em cima das grelhas tinha uma árvore que media

cerca de 80 centímetros de diâmetros.

Muito curioso e fascinado diante de tudo aquilo, eu queria ao menos saber um pouco

da origem de tudo que se apresentava a vista. Mas graças a Deus, tive a sorte de ver e

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conhecer um senhor de 76 anos que se identificou pelo nome de Leriano. Vendo minha

preocupação e curiosidade diante de todos aqueles achados, ele me esclareceu dizendo:

- Vou te contar um pouco dessa história. Desde pequeno, sou desta região e o meu avô sabia

muito sobre Pindaré; ele falava que na época que situaram o Engenho Central, por volta dos

séculos XVIII a XIX, muita gente subiu às margens do rio Pindaré e Caru. Lá onde você viu

o aterro da casa foi uma feitoria e onde você viu o forno de assar telha, existiu mais de 40

casas. Só que naquela época, o número de índios era muito grande e todos, além de

selvagens, eram brabos e houve um conflito entre os índios (defendendo suas terras) e o povo

que não resistiram, tiveram que abandonar tudo. A cacaria que você viu era do dono da

feitoria. A história do seringal e seringueira foi dramática. Um homem rico de Pindaré de

influência política mandou homens para explorar o seringal só que o encarregado da

exploração era um homem muito mal e astuto. O mesmo contratava trabalhadores que tinha

mulher para trabalhar e armava cilada. Convidava para caçar e lá no mato, matava-os para

ficar com a mulher. Depois de algum tempo, ele chegava procurando pelo outro dizendo que

num momento haviam se apartado e dizia não saber o que havia acontecido, se estava perdido

ou algum bicho o havia devorado. Simulando preocupação e chorando, convidava os outros

para ir atrás do “desaparecido”, só que ia para outros lados diferentes, de forma que o mistério

permanecia encoberto. Certo dia, ele saiu com mais um trabalhador, ou melhor “vítima” para

fazer mais uma tragédia. Mas como tudo tem o tempo certo e fim, houve um vacilo e o

homem escapou e fugiu imediatamente e chegando onde estava a mulher, rapidamente fugiu

pela mata. Depois de muitos dias de viagens e sofrimento pela mata, quase morreram de fome

e doença. Chegaram em Pindaré e denunciaram o que ali acontecia. Segundo o velho, este

foi o problema do seringal abandonado”.

A foto acima é o Rio Caru no povoado Siringal/ o outro lado desse rio é área indígena onde morava o senhor Carlos Gomes, o qual morreu entre os anos 65 a 70, onde segundos os relatos, sua casa era edificada num local próximo a uma feitoria. Atualmente tudo está coberto de mata.

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Foto e texto por Adilson Motta, 2011.

No princípio, quando ainda povoado de Bom Jardim, com um alto

populacional, distante e sem sentir os efeitos de uma gestão de políticas

públicas na região com seus aglomerados de povoados, entre eles

Santarém (um dos maiores), vivia-se um isolamento sócio-político e

econômico. De tudo se dependia de Bom Jardim, saúde, educação,

infraestrutura (que nem sequer existia), nem se cogitava, e a longa

distância a seus cidadãos aposentados e empresários que tinham que

viajar 100 quilômetros para resolverem suas demandas.

Povoado Santarém.

No inverno, a vida do campesino da região Caru era sofrida, e ainda

se encontra por conta de uma estrada vicinal – hoje estadual (MA 318),

que no período do inverno, cujo lameral (lama) toma conta criando um

isolamento social, onde o acesso a Bom Jardim e outras cidades se tornam

via Rio Caru e Pindaré. Em período de inverno, em Povoados que não dar

acesso a beira rio, a comunidade, em seu isolamento, como em décadas

muito antigas, transporta seus doentes em rede, na função de

ambulância. Talvez a tão sonhada estrada dos sonhos seja em função

Povoado Siringal em São João do Caru No povoado Siringal há existência de vegetação típica da Amazônia como: Castanheira-do-pará e açaí.

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deste pesadelo, bem como a desilusão de décadas – em que cuja estrada

sempre foi lembrada em períodos de campanhas eleitorais no propósito de

angariar votos.

Fonte: http://www.cidadesdomeubrasil.com.br

ROSEANA SARNEY – O EMPRÉSTIMO DA SALVAÇÃO (2013)

Faltando apenas 1 ano e 7 meses para as eleições a governo do estado, um baixo índice de

aceitação e uma oposição fortalecida na pessoa de Flávio Dino, onde as pesquisas

apontavam 62% de intenção de votos. As pesquisas também mostravam que 83,69% dos

entrevistados disseram que o melhor para o futuro do Maranhão seria eleger um

governador que representasse a mudança. E apenas 12,3% achavam que o melhor para o

estado seria a continuidade do grupo Sarney no comando do estado.

Como estratégia para resolver velhos problemas relegados a anos e décadas – no sentido de

promover “obras sociais”, e tentar melhorar a imagem do governo, ou de seu candidato,

Roseana Sarney faz empréstimo politicamente estratégico na ordem de R$ 3,8 bilhões,

junto ao BNDES. Do qual, R$ 1 bilhão será aplicado em estradas e hospitais.

Ao todo, 550 km de asfalto para 9 rodovias estaduais.

(Fonte: Gazeta da Ilha, 13/03/2013)

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Protesto em São Luis (em 2013) contra a corrupção endêmica instalada no estado, que a nível nacional tem o título de 1º.

TRECHOS QUE SERÃO PAVIMENTADOS

MA-123 – Coelho Neto – Afonso Cunha

MA-138 – São Pedro dos Crentes – Fortaleza dos Nogueiras

MA-272 – Barra do Corda – Fernando Falcão

MA-278 – Barão de Grajaú – S. Francisco do Maranhão

MA-282 – Lagoa do Mato – Gavião

MA-307 – Presidente Médici – Centro do Guilherme

MA-318 – Bom Jardim – São João do Caru

MA-320 – Santo Amaro – Primeira Cruz

MA-320 – Entroncamento da BR 402 – Santo Amaro

MA-334 – Riachão – Feira Nova

Diante das obras, e em exclamações duvidosas acerca de sua conclusão – devido experiências passadas vive-se a euforia de que a estrada dos sonhos se torne realmente uma Estrada Real, cujo valor esteve acima de 118 milhões, conforme Placa abaixo.

12/2013

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Diante da situação predita, muitos gestores – seja por conta da

grande extensão territorial, difícil acesso e econômico, distância e ou

mesmo por falta de um Planejamento integrado e proposto, cujo

populacional servia-se apenas de possibilidade para a somatória dos

recursos que ali entrava sem terem de volta sua devida retribuição, e nem

tampouco, usufruir os benefícios da zona urbana.

PROCESSO DE OCUPAÇÃO

Em 16/07/1966, deu-se início ao povoado de São João do Caru, através de seus fundadores:

José Leondida Siqueira e seu irmão Aldenor Leondida Siqueira, procedentes do povoado

Barra do Caru. Chegaram para trabalhar em roças e exploração da caça e da pesca. A chegada

de outras famílias aconteceu logo no ano seguinte e foram elas, a família do Senhor Faroal

Leondida Siqueira, Raimundo Nonato Siqueira, José Grande, Francisco Leonor, João Calado

e também o senhor Caetano.

O primeiro fato marcante na história deste povoado e agora cidade, foi o assassinato do Sr.

Faroal, no ano de 1970. Sendo ele irmão dos fundadores e também pioneiros na região, foi

grande a repercussão do caso, principalmente pela insignificância do motivo que envolveu as

partes.

Foi apenas o fato de que o Sr. Manoel Domingos, possuía uma nambutona e a mesma ter sido

devorado pelo gato do Sr. Faroal, daí surgia o conflito que resultou na morte com um tiro de

espingarda, desferido pelo Sr. Manoel Domingos.

Também em 1970 chegou em São João do Caru, o Sr. José Abreu de Oliveira (Marinheiro) e

família, sendo que o mesmo passara 8 dias de viagens de Novo Caru para São João do Caru.

O rio Caru não dava condições de se desenvolver uma viagem com mais agilidade, pois o

mesmo era de baixa profundidade, cheio de madeira e na época havia bastante quedas que

impediam o bom desempenho da viagem.

O povoado recebeu o nome de São João do Caru, por está localizado às margens do rio Caru

que banha a mesma, com apenas 11 casas, São João do Caru iniciou-se como pequeno

povoado, com grande probabilidade de crescimento. Conseguiu evoluir tornando-se mais

tarde independente.

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Com o passa dos anos, com a chegada de pessoas, foram surgindo os problemas,

principalmente o da violência. Foram vários assassinatos que envolviam as pessoas da

comunidade e deixaram marcas profundas nos entes queridos e no povoado como um todo.

Pertencendo na época ao município de Bom Jardim, São João do Caru, pouco sabia por parte

das autoridades municipais, daí surgiu em 1976, o primeiro candidato a vereador escolhido

pela própria comunidade, o Sr. José de Abreu Oliveira (Marinheiro), ele que foi o primeiro

farmacêutico do município e agia também como uma espécie de delegado-conselheiro, pois

quando tinha algum desentendimento entre os moradores, ele como um senhor que tinha o

respeito de todos os moradores, as pessoas levavam até ele o caso para ser resolvido; e assim

ele se elegeu com 95% dos Votos da comunidade, sendo assim o segundo mais votado em

todo município de Bom Jardim. com o representante na Câmara Municipal o povoado

começou a receber benefícios nunca antes recebidos como: colégios pontes, mercado, mini

posto de saúde, etc. O Sr. (Marinheiro) foi e sempre será um grande nome em São João do

Caru.

Em 1980, apenas o Povoado São João do Caru possuía 1.346 habitantes,

sem contar o populacional do aglomerado de povoados que o circundava. Em

1998, após sua emancipação, segundo o IBGE, contava com um contingente

populacional de 14.006 habitantes, cuja densidade demográfica é de 19,99

hab./km².

Segundo RIVALDO (2012), os primeiros exploradores começaram a chegar no

início da década de 60 e eram caçadores que passavam semanas nas proximidades

do rio Caru onde hoje é a praia dos festivais e percorriam veredas abertas onde

atualmente é a rua Getúlio Vargas, no entanto, não fixaram morada pois ano após

ano seguiam o curso rio a cima, deixando suas marcas como cabanas abandonadas,

limoeiros que nasceram das sementes que os mesmo jogavam fora, inclusive após

o início do povoamento, o caminho deixado por eles era chamado de vereda do

limão, hoje chamada de rua Getúlio Vargas, ficando no entanto parte da rua

conservando esse nome, a rua do Limão.

Há ainda o histórico da passagem aqui pela região, no início da

década, dos senhores Carlos Gomes e Caetano, que trabalhavam no local onde

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hoje é o povoado Seringal e que aqui sempre pernoitavam em cabanas sempre que

estava de passagem.

Em 1965 o Senhor Aldenor Leônidas Siqueira acompanhado de outros

caçadores oriundos do povoado Barra do Caru, aqui aportaram com o intuito de

caçar, pescar e quebrar coco babaçu, permaneceram por alguns dias e após

explorar a região, o Sr. Aldenor chegou à conclusão de que esse era um lugar bom

para se viver e decidido, chegando de volta à Barra do Caru, convocou aos parentes

e vizinhos para se mudarem para o local por ele descoberto e que considerava ideal

para uma nova povoação. Um ano após, muitos tinha mudado de ideia, assim, em

17 de julho de 1966 às 14:30h chegaram os primeiros moradores desse novo

povoado, o Senhor Aldenor Leônida Siqueira, sua esposa Joana Fernandes de

Oliveira e seu irmão José Leônida Siqueira. No ano seguinte chegaram outras

famílias dentre elas, a família do Senhor Faroal Leônida Siqueira, do Senhor

Raimundo Nonato Siqueira, e do Senhor José Grande. (RIVALDO, 2012).

Aldenor Leônidas Siqueira.

Considerado o 1º morador de São João do Caru.

Como o objetivo era sobreviver da prática da agricultura dentre outra atividades,

lavraram suas primeiras roças de arroz que ficavam exatamente onde hoje é a rua

do comércio, que se estendiam desde a esquina da rua do porto onde fixaram sua

moradia.

Os estudos de RIVALDO (2012) aponta também que nessa época, os índios tinham

migrado para dois pontos: as margens do rio Caru, hoje porto Franco e as margens

do rio Turi por causa da chegada dos colonizadores, e com o aumento significativo

da população, consequências terríveis se tornaram inevitáveis, um surto de gripe

acometeu aos índios que tinham se adaptado ao contato com os moradores do

povoado, e com o isolamento e distância para os povoados mais próximos,

morreram centenas de índios chegando a dizimar famílias inteiras. Com a

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interferência de um casal de antropólogos, Fiorelo e Valéria Aparício, conseguiram

capturar e salvar da morte alguns índios, dentre eles os jovens IapóGuajá e

JeíGuajá.

A princípio, o nome do povoado era Igarapé São João, visto está próximo ao igarapé

em cujas margens era abundante uma árvore chamada são-joão (, que nomeou

inicialmente ao igarapé e logo em seguida ao povoado. Só mais tarde passaram a

denominar São João do Caru, por causa do rio Caru e sua importância para a

população. Quanto ao igarapé São João, nessa época importante pela grande

quantidade de peixes, era profundo e suas águas eram usadas para o consumo

epara lavar roupa, hoje, nem parece que teve tamanha importância para a

população caruense, pelo desprezo com que é tratado.

As pesquisas de RIVALDO (2012) revelam que, com a chegada do

Senhor Nonato Silveira em 1967, o mesmo empreendeu a construção da primeira

congregação da Assembleia de Deus. Já a primeira capela da igreja Católica só

foi construída em 1970 pelo Senhor João Miguel. A primeira missa celebrada em

solo caruense ocorreu apenas em 1972. O catequista da época era o Senhor

Abdias.

As viagens eram feitas de canoa e levavam em média quatro dias para o destino final

que quase sempre era Alto Alegre do Pindaré. O rio ainda pouco explorado parecia uma estreita

vereda envolta em muitas árvores. Com o tempo, após a retirada do excesso de árvores foi possível o

tráfego de barcos movidos a motor. Como na época os barcos eram pequenos e descobertos,

receberam o apelido de “periquito pelado”.

Uma atividade econômica que gerava renda para muitas famílias além

da agricultura era a extração de madeira. Toras gigantes de cedro eram

empurradas rio abaixo e seguidas por canoas até chegarem ao rio Pindaré, quando

eram atreladas em forma de balsa e conduzidas até um local próximo ao povoado

Bambu, município de Pindaré, chamado Aterro, onde eram comercializadas. Todo

o percurso entre São João do Caru e Aterro levava meses para ser concluído. O

cedro antes abundante nessa região, infelizmente hoje está extinta.

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Fatos marcantes ocorreram no desenrolar da história deste recém-criado povoado,

como a tão famosa história do nambu contada pelos antigos moradores. O fato ocorreu em 1970 e

um dos envolvidos, irmão do Senhor Aldenor, o Senhor Faroal, tornou-se vítima de um ato impensado

que manchou de sangue a nossa história. O senhor Manoel Domingos criava um nambu, vindo o

mesmo e ser devorada por um gato de propriedade do senhor Faroal. Houve o desentendimento e

consequentemente a morte do Senhor Farol por tiros de espingarda desferidos pelo ressentido

Senhor Manoel Domingos.

Em 1978 na administração do senhor Miguel Meireles, prefeito de Bom Jardim, foi

construído a estrada vicinal que liga São João do Caru à sede do município, atual MA 318, (mudou

apenas o nome, a estrada continua a mesma, sem asfalto e sem tráfego no período das chuvas). Um

episódio marcou a finalização da construção: quando o trator que abria a estrada entrava em São

João do Caru, trazia um senhor chamado Manoel Cândido que vinha soltando fogos, alegre com a

chegada da estrada, acontece que o trator entrou em uma vala, o homem caiu e o trator tombou

sobre ele, que morreu minutos depois.

Dentre os vultos de nossa história podemos citar dois grandes guerreiros: O Senhor

José Abreu de Oliveira, mais conhecido como Marinheiro e o Senhor José Rodrigues Neto, conhecido

como Dedezão.

O Senhor José Abreu de Oliveira instalou moradia fixa no pequeno povoado de São

João do Caru em 1970 aos 35 anos de idade e acabou exercendo importante papel na pacificação do

povoado que com a distância, o isolamento e o crescimento da população acabava cedendo espaço

à violência, assim o Senhor Marinheiro, primeiro delegado do povoado, era procurado para resolver

os problemas que surgiam e graças às suas qualidades de homem íntegro e respeitável, acabava

aconselhando e pacificando as partes envolvidas. O mesmo foi eleito vereador em 1976 pelo

município de Bom Jardim, chegando a ser o segundo vereador mais votado em todo o município,

trazendo para São João do Caru benefícios tão necessários para o crescimento do povoado como

escolas, pontes, mercado, posto de saúde dentre outros. Devido perseguições políticas, em 1978

partiu para a cidade de Vila Rondon-PA, retornando em 1993 e lutando bravamente pela

emancipação do povoado, elegeu-se vereador já pelo recém-criado município de São João do Caru

fazendo parte da mesa diretora da primeira composição da Câmara Municipal de Vereadores como

Vice-Presidente. Faleceu em 30 de setembro de 2003 deixando um rastro de muita luta, conquistas e

dedicação ao município de São João do Caru, cidade que escolheu como terra-mãe. (RIVALDO,

2012).

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A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Até o ano de 1994 era povoado de Bom Jardim, e a luta pela

emancipação política era uma constante na vida de cada caruense,

principalmente das lideranças políticas constituídas. Após décadas de

luta e frustrações, finalmente em 1994 acontece o tão sonhado

plebiscito. Assim, Fica criado, pela Lei Estadual Nº 6.125, de 10 de

novembro de 1994, o município de São João do Caru, com sede no

Povoado São João do Caru, desmembrado do município de Bom

Jardim, subordinado à Comarca de Bom Jardim, tendo com gentílico

caruense ou são joanense. A emancipação foi votada e aprovada na

Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, em 11 de Novembro do

mesmo ano, e sancionada pelo Governador da época, José Ribamar

Fiquene, surgindo assim um município independente de Bom Jardim-

MA.

Política: 1ª Eleição/Mandato: 1996-2000

Em 03 de Outubro de 1996, deu-se a primeira eleição municipal, concorrendo pela a chefia do poder executivo os Senhores: Manoel Meireles, Sebastião Matos, Marcos Viana e James Ribeiro de Sousa, sendo eleito este último.

James Ribeiro de Sousa, 1º prefeito de São João do Caru.

Para o quadriênio de 1997 a 2000, os poderes do município de São João do Caru - MA, ficou assim constituído:

Ribamar Fiquene

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PODER EXECUTIVO

PREFEITO E VICE-PREFEITO

James Ribeiro de Sousa e Francisco Andrade de Lima

Poder Legislativo

A primeira Câmara Municipal foi composta por nove Vereadores, sendo eles:

José Rodrigues Neto - (Dedezão) Presidente José Abreu de Oliveira (Marinheiro) - Vice - Presidente Carlos Alberto Pinto Pereira (Carlos do Meleiro) - 1º Secretário Severo Albuquerque Moreira (Severin) - 2º Secretário José Maria de Sousa (Zé Elias) Cláudio Tavares de Matos (Claudionor) Antonio Joaquim Nascimento (Antonio Davi) Antonio Paulo Alves do Nascimento (Antonio Ramalho) Raimundo de Sousa (Currupião)

2ª EleiçãoMandato: 2.000-2004

PREFEITO: James Ribeiro de Sousae Francisco Andrade de Lima

VEREADORES DO 2º MANDATO:

3ª ELEIÇÃO/MANDATO: 2005-2008

PREFEITO ELEITO: Edinaldo Prado Nascimento - Edinaldo Davi

Vice-prefeito:Luis Vieira Passos

Edinaldo Davi.

VEREADORES DO 3º MANDATO:

Elias Antonio de Andrade – 289 votos Erisvaldo Cavalcante de Lima – 362 votos Francisco de Assis Rodrigues dos Santos – 475 votos

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Francisco Wilame Vasconcelos Passos – 310 votos José Viana do Nascimento – 308 votos Maralice Almeida Pinto- 212 votos Plácido de Sousa – 235 votos Raul Dantas Ferreira – 187 votos Antonio Andrade Camelo- 411 votos

*.4ª ELEIÇÃO/MANDATO: 2009-2012

Prefeito Eleito: Alissom Luiz Camporez "Bidu"

Vice: Nenê (do Chiquinho da Carroça).

VEREADORES ELEITORES:

* ALEX CAVALCANTE LIMA – 629 votos

* ANTONIO ANDRADE CAMELO – 329 votos

* ANTONIO MARCOS DA SILVA ARAUJO – 472 votos

* ERISVALDO CAVALCANTE DE LIMA – 373 votos

* JOSE CRUZ JACOME – 351 votos

* MARIA DOS MILAGRES PESSOA DA SILVA – 216 votos

* MAURO BEZERRA SILVA – 338 votos

* RAIMUNDO NASCIMENTO COSTA -556 votos

* RAUL DANTAS FERREIRA – 371 votos

5ª ELEIÇÃO/MANDATO:2013- 2016

Prefeito Eleito: Jadson Lobo Rodrigues

Jadsondo Zezinho votos: 50,38% = 3.813

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Jadson do Zezinho

Vereadores Eleitos:

Duda: 422 votos

Júnior: 413 votos

Manoel de Ouro: m370 votos

Dácio do Chico Crente: 342 votos

Geraldo: 322 votos

Batista Santana: 319 votos

Fanta: 315 votos

Zé Elias: 298 votos

Alex do Demar: 292 votos

Irmão Coquinho: 263 votos

Afrânio: 252 votos

Geopolítica: Distribuição do Eleitorado de São João do Caru

Povoado/Local Nº de votos Santana dos Machados 156 Murchinhos 313 Linhares 237 Jaboti 83 Valdimiro 188 Bom Jesus 377 Boa Esperança 160 Pacas* Desativado 56*Transferidos São Francisco do Turi 102 Santarém 1.626

Page 20: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Floresta 129 Floresta II 68 Alto dos Bezerra 75 Conceição do Caru 123 União do Caru 94 Dois Irmãos 623 Manguari 638 Pegado 231 Cabeça Fria 227

PONTOS FIXOS Escola Artur Costa e Silva 1.565 Posto Médico 515 Prefeitura Municipal 928 Escola Aldenor Leônidas Siqueira 1.097 Escola Antonio Ramalho 162

Imagens de São João do Caru

Rua do Comércio – Município de São João doCaru. Segundo a senhora Joana, esposa do 1º morador, a rua do comércio foi o local onde foi plantada a primeiraroça no município.

Centro Educacional Aldenor Leônidas Siqueira. Rio Caru

Page 21: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Fonte: IBGE, 2010

9,80%

13,7

13,7

11

9,2

9

7

5,5

4,7

3,6

3,3

2,7

2,1

1,8

1,3

0,9

0,4

0,2

0,1

0,02

0,00% 500,00% 1000,00% 1500,00%

1 a 4 anos

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 24

25 a 29

30 a 34

35 a 39

40 a 44

45 a 49

50 a 54

55 a 59

60 a 64

65 a 69

70 a 74

75 a 79

80 a 84

85 a 89

90 a 94

95 a 99

Pirâmide Faixa Etária da População de São João do Caru

Pirâmide Faixa Etária daPopulação de São João do Caru

Page 22: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Fonte: IBGE, 2010

Imagem de São João do Caru

91

9

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Domicílios particulares ocupados particulares de uso não ocupadose ocasional

Distribuição dos Domicílios em São João do Caru: 2.887 domicílios (%)

Distribuição dos Domicílios em SãoJoão do Caru: 2.887 domicílios

Page 23: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Aspectos Geográficos

Com uma área territorial de615,700 km², uma população de 15.558 e uma densidade demográfica de 19,99 hab./km². A altitude de São João do Caru é de 65 metros. Suas coordenadas geográficas são: Latitude: 3.54765, Longitude: -46.1619. O município apresenta oscilação no seu crescimento populacional, ou seja, comparado a 2013 que tinha 15.599 habitantes, houve uma redução populacional. Mas, comparado a 2010, cuja população era de 12.309 habitantes, e em 2.000 era de 13.495 habitantes. O que se verifica que houve um crescimento no populacional do município.

IBGE, 2000

Gentílico: Caruense.

Considerando a via de acesso Bom Jardim-São Luis, São João do Caru apresenta uma

distância de 370 km de São Luís (pois de Bom Jardim a São Luis são 270 km, e de Bom

Jardim a São João do Caru: 100 km). São João do Caru está localizado no oeste

maranhense, microrregião do médio Pindaré, cujos limites são: Ao Norte, município de

Governador Newton Bello; a Leste, município de Bom Jardim; a Oeste, município de

Centro Novo do Maranhão e ao Sul, município de Bom Jardim. A estimativa da população

é de 12.315 habitantes, sendo que 51,5% são homens e 48,5 mulheres. Com uma área

territorial de 616 km² e densidade demográfica de 17,13 hab./km² segundo o IBGE no

senso de 2010. A altitude é de 50 metros.

Ladeado do Rio Caru e cercado de uma densa floresta que ainda resta, o município

apresenta 15% de sua área territorial dentro dos limites da REBIO Gurupi (Reserva

Biológica), razão da desintrusão ocorrida nos limites territoriais do município.

São João do Caru tem três vias de acesso: Bom Jardim, Governador

Newton Belo e a cidade de Maranata - Pará. A fronteira de São João do

23,40%

76,60%

Localização da População de São João do Caru

Zona Urbana

Zona Rural

Page 24: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Caru com Bom Jardim se dá na ponte do povoado Joãozinho (pertencente

a São João do Caru).

Na região Caru existe grande extração de madeira, que é exportada para

Paragoaminas, no Pará. O escoamento se dá através de estradas vicinais

abertas àquela região, via-Caru.

Segundo o documento Indicadores Ambientais do Maranhão

(2009), São João do Caruapresentou 220 focos anuais de queimadas, e

um remanescente de 65% de suas florestas naturais.

OUTROS PONTOS EXTREMOS

Os pontos extremos do município de São João do Caru, ou seja, pontos mais afastados do centro do município são: *Ao norte com Pin Juriti; *Ao sul, com Boa esperança “Fazenda Mendes” *Ao leste, com o povoado “Cabeça Fria” *Ao oeste, com o povoado “Joãozinho”

fontehttp://mapas.guiamais.com.br/guia/sao+joao+do+caru-ma

Page 25: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

MAPA DAS RUAS DE SÃO JOÃO DO CARU:

Fonte: http://www.cidade-brasil.com.br/mapa-sao-joao-do-caru.html

Page 26: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

VEGETAÇÃO

A vegetação caruense é muito variada, refletindo o seu clima quente e úmido, o qual favorece

a predominância de arvores de grande porte. Apesar do acentuado processo de desmatamento

da mata nativa, ainda é possível encontrar trechos razoáveis de mata tropical úmida.

Com o que resta da exuberante vegetação, São João do Caru, possui ainda um diversidade de

espécie dentre elas algumas em extinção, como: Cedro, Ipê Roxo e Amarelo, Jatobá,

Angelim, Bacuri, Maçaranduba, Tatajuba, Sapucaia, etc., além de outras espécies

permanentes à mata aberta como o babaçu, tucum, açaí, bacaba e buriti.

A realidade da ambientação regional possui uma situação econômica baseada nas suas

atividades no setor primário, através do extrativismo vegetal e agropecuário. Desta forma, o

homem passou a interferir no meio ambiente, modificando as partes componentes do sistema,

cuja diversidade fica sempre ameaçada por fatores ecológicos de difícil controle podendo,

inclusive, levar a perda de espécies ainda desconhecidas. Não tem se preocupado com o meio

em que vive, a todo instante, com sua ação incontinente, vem destruindo parcial até

totalmente hectares da mata nativa local.

Fazendo uma análise consciente do atual quadro ambiental e sua confrontação com o

desenvolvimento econômico da região, nos induz seriamente a mobilizar-nos numa ação para

conter esse desastre ambiental. O mapa abaixo permite perceber que ainda existe uma boa

densidade de florestas envolvendo o Município de São João do Caru.

FOTO DE SATÉLITE DE SÃO JOÃO DO CARU: DENSIDADE FLORESTAL

http://www.cidade-brasil.com.br/mapa-sao-joao-do-caru.html

Page 27: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

O Rio Caru nasce na serra do Piracambú ao norte do município. É um rio permanente, tendo

um longo período de cheia, período em que é grande o tráfego de transportes fluviais, como

lanchas, canoas e rabetas que percorrem todo o seu curso.

De acordo com informações obtidas por antigos moradores, o rio Caru foi muito fértil,

constando-se a diversidade e quantidade de peixe que garantiam a subsistência da população,

além de atrair também pescadores de outras regiões que vinham a procura de peixe, em

grande numero naquela época, o SURUBIM, peixe muito apreciado pelo o paladar

(Maranhense) brasileiro. Hoje, o rio já não conta mais com a mesma fartura que se encontrava

há certa de três ou quatro décadas atrás. A destruição do Rio Caru, vem se propagando cada

vez mais, devido a ação desenfreada e impensada do homem que tem poluído aos poucos um

recurso natural que é indispensável para a sua sobrevivência. Diariamente são jogadas

quantidades significativas de lixo nas encostas do rio, detritos químicos que provem de

esgotos domésticos, além de derrubada da vegetação de suas margens e assoreamento das

águas.

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DE SOLO: SÃO JOÃO DO CARU

Page 28: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

USO E OCUPAÇÃO DE SOLO: SÃO JOÃO DO CARU

Distância dos Principais Povoados à Sede Municipal

DE PARA POVOADO Distância Tempo

SÃO JOÃO DO CARU

À

Santana dos Machados 09 km 00:15 h Bom Jesus 10 km 00:20 h São Francisco do Turi 8 km 00:20 h Santarém 14 km 0:20 h Floresta 21 km 00:30 h Floresta II 24 km 00:40 h Alto dos Bezerra 19 km 00:35 h Conceição do Caru 27 km 00:25 h Dois Limãos 12 km 00:20 h Manguari 25 km 00:40 h Pegado 33 km 00:50 h Cabeça Fria 38 km 1:00 h União do Caru 17 km 00:25 h Murchinho 9 km 00:15 km

Linhares 12 km 00:20 h Jaboti 14 km 00:25 h Valdimiro 20 km 0:35 h Boa Esperança 18 km 00:40 Povoado Pacas 22 km 00:40 h

Fonte: TSE, 2014

Page 29: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Reserva Biológica – REBIO/Gurupi

São João do Caru, Bom Jardim e Centro Novo do Maranhão

REBIO Gurupi - Criada em 1988, através do Decreto Federal nº 95.614 de 12 de

janeiro de 1988, com uma área de 341.650 ha e é a única Proteção Integral do

Maranhão com uma área de 271.197 há, abrangendo três municípios: Bom Jardim

onde compreende uma área de (35,49%), Centro Novo do Maranhão (59,01%), São

João do Caru (5,5%) no Estado do Maranhão.

Ela (REBIO) está situada na região do Arco do Desmatamento e é estratégica para a

conservação, pois, somada às três terras indígenas que fazem fronteira com ela -

Alto Turiaçu, Awá e Caru - constitui a última fronteira de área contínua amazônica do

Maranhão.

A REBIO Gurupi sofre ameaças ao seu território desde que foi criada. Grupos de

madeireiros e pequenos agricultores, que vivem dentro dos limites da reserva,

destroem a floresta para exploração ilegal de madeira, criação de gado, trabalho

escravo e plantações de maconha. Há também conflitos entre colonos, grileiros,

sem-terra, e povos indígenas aliciados ao garimpo.

Hoje a cobertura florestal da REBIO/Gurupi está reduzida a 65% do original.

Toras arrmazenadas na REBIO do Gurupi. Foto: Nelson Feitosa.

Caminhão apreendido em flagrante e depois liberado por decisão judicial. (Foto 2)

Page 30: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Aspectos Educacionais

Nos anos 80, quando ainda povoado de Bom Jardim, São João do Caru mesmo com um grande contingente populacional, funcionava apenas o ensino fundamental de 1ª a 8ª série. O alto índice de analfabetismo existente, fato que até o ano 2.000 o município ostentava acima de 51,6% de analfabetismo pleno (o pior do estado do Maranhão), situação esta omissa e entregues à revelia dos governos das esferas municipal, estadual e federal. O ensino Médio era prerrogativa apenas da zona urbana do município.

Atualmente, no período pós emancipação e com sua independência administrativa, muitas conquistas foram auferidas no campo educacional.

O município, em seu quadro educacional encontra-se “aparelhado” com todas as modalidades de ensino em ação que encontra-se assim definida:

A Educação Infantil – na Pré-Escola apresentava um número de 789 alunos matriculados no ano de 2012.

O Ensino Fundamental de 1º ao 9º ano em 2012 contava com um total de 4.378 alunos matriculados na rede municipal.

Já o Ensino Médio que dantes não era ofertado – ficando a juventude entregue ao abandono educacional, - em 2012 contava com um total de 495 alunos matriculados, o que ainda é pouco, comparado a uma população atual de cerca de 15.000 habitantes.

Diagnóstico da Educação de São João do Caru em sua problemática

Distorção Idade-Série

Zona Urbana

Ensino Fundamental de 1º ao 9º ano

Ensino Médio 1º ao 3º ano

27,7%

43,3%

Zona Rural

Ensino Fundamental de 1º ao 9º ano

Ensino Médio 1º ao 3º ano

39,6% 68,1%

Fonte: IBGE, 2013.

Page 31: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Taxa de Abandono (Evasão Escolar)

Ensino Fundamental – 1º ao 9º ano Ensino Médio Zona Urbana 5,1% Zona Urbana 8,6%

Zona Rural 2,8% Zona Rural 5,4%

INEP/2013.

NÚMERO DE PROFESSORES POR MOIDALIDADES

Ano Referencial: 2012

Rede Modalidade Nº Professores

Nº de Escolas

Municipal

Ensino Fundamental 1º

ao 9º ano

239

52

Estadual

Ensino Médio: 1º, 2º e 3º ano

31 4

Fonte: IBGE, 2013

IDEB Resultados e Metas - 5º ao 6º ano

IDEB Observado Metas Projetadas

Município 2005 2007 2009 2011 2013 2013 2015 2017 2019 2021 São João do Caru

3,7 4,8 3,3 3,8 2,9 4,8 5,0 5,3 5,5,6 5,9

IDEB Resultados e Metas - 9º ano

IDEB Observado Metas Projetadas

Município 2005 2009 2011 2013 2013 2015 2017 2019 2021 São João do Caru

3,4 3,0 3,6 3,5 4,2 4,6 4,9 5,1 5,4

Fonte: INEP, 2013.

Page 32: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Aspectos Econômicos

IBGE, 2013

Dados Evolutivos da Pecuária em São João do Caru

Ano nº por cabeças/gado 2004 26.237 2006 20.697 2012 28.290

Produção de leite - 398 mil litros.

Fonte: IBGE, 2012

A produção bovina prepondera no pesa da economia municipal.

49,3

7,1

43,6

0

10

20

30

40

50

60

Agropecuária Indústria Serviços

Composição da Economia de São João do Caru

Composição da Economiade São João do Caru

Page 33: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Produção Agrícola de São João do Caru

Ano Produto Agrícola Quantidade

2006

Feijão 147 toneladas Mandioca 2.510 toneladas Milho 197 toneladas Arroz 9.581 toneladas

Fonte: IBGE/2012.

Na agricultura a produção de arroz é predominante.

Observação

Sabe-se que o município tem terras férteis e boas para produção de abóbora e melancia, no entanto há pouca produção. Outro fato que vale citar é que atualmente, além da produção da piscicultura, existe também uma grande quantidade de açudes espalhados na área territorial do município, e esta produção não é contabilizada nos dados econômicos do município nas fontes do IBGE.

Page 34: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Extração Vegetal e Silvicultura e Extrativismo - 2012 Fonte: IBGE, 2012

Situação de Emprego Socioeconômica

Número de empresas 34 Maior empregador: Prefeitura Municipal Pessoal ocupado 460 pessoas Salário médio mensal 1,3 salários mínimos.

Além dessas fontes, existem também outras como:

Aposentados, beneficiários de programas Bolsa Família e Pesca Artesanal – que contribuem para dinamizar a vida econômica no município.

Fonte: IBGE, 2012.

Produto Quantidade Valor/Produção r$

Madeiras- Carvão vegetal

769 toneladas 431 mil reais

Madeiras lenha 14.820 metros cúbicos

320 mil reais

Madeiras em tora 3.943 metros cúbicos 662 mil reais

Oleaginosos babaçu, amêndoa

199 toneladas 234 mil reais

Page 35: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Dados Evolutivos da Frota em São João do Caru

Ano: 2005 a 2013

Tipo 2005 2013 Automóveis 02 36 Caminhões 3 31 Trator 0 0 Caminhonetes 0 35 Camionetas 0 01 Micro-ônibus 1 01 Motocicletas 100 630 Motonetas 2 11 Ônibus 0 01

Total Geral 108 746 veículos

Fonte: IBGE, 2013.

Page 36: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Hino a São João do Caru

Das verdes matas surges com resplendor O rio Caru é teu seio amado Teus filhos te honram, terra de labor! São João do Caru, berço adorado. És terra fértil, de céu de anil És preciosa para o Brasil. Das tuas terras saem nosso sustento concedes abrigo ao desamparado por isso cresceste forte, com talento! São João do Caru, berço adorado. És terra fértil, de céu de anil És preciosa para o Brasil. Das tuas entranhas surgiram grandes homens que com coragem te emanciparam Por este feito és, hoje e para sempre, São João do Caru, berço adorado. És terra fértil, de céu de anil És preciosa para o Brasil.

O hino a São João do Caru, foi criado e aprovado no ano de 2008; o hino é uma das autorias do professor e também poeta da terra Cláudyo Teixeira.

Brasão de São João do Caru

Page 37: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Festival do Peixe em São João do Caru

O Festival do Peixe é um evento cultural de São João do Caru que, assim como outras cidades na região Pindaré, tornou-se tradição na vida social de seus munícipes. Em 2013 aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de Setembro.

Fonte: www.bomjardimma, 2013

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São João do Caru e seus Contrastes Sociais

Atualmente emancipado, possui um número populacional segundo as estimativas do IBGE de 2014 de 15.558 habitantes. Em 2006 eram 14.845. Já no ano de População 2010 essa população havia caído para 12.309 habitantes.

E apresenta uma área territorial de 616 km². A cerca de 100 km de

Bom Jardim, este município, em 2.000 possuía o maior índice de

analfabetismo do estado do Maranhão: 50,6%. Nos indicadores da ONU no

mesmo ano, esse índice era de 53%. Em 2010 esse índice de

analfabetismo caiu para 31,06%. Devido o alto contingente de analfabetos

ser pessoas idosas, há especulações e estudos que afirmam que, essa

redução de analfabetismo elevados em muitos municípios seja por conta

de dois fatores:

Um paliativo dos programas existentes como Brasil Alfabetizado;

E o consequente índice de mortalidade – afinal neste contingente encontra-se um grande número de pessoas em idade avançada.

Sabendo que o índice de analfabetismo (dos países) da África gira em torno de 33%, conclui-se que existem verdadeiras “pequenas áfricas” no interior do Maranhão pelo exposto acima.

O índice de analfabetismo de São João do Caru é o do Brasil dos anos 70.

Em 2010, o índice de analfabetismo do Brasil era de 9,6%. Em 2012, o índice de analfabetismo do Nordeste era de 17,4%

(onde se localizava 54% dos analfabetos do país). Em 2009, o índice de analfabetismo do Estado do Maranhão

era de 19,31%.

Veja o que dizem pesquisas e grandes pensadores sobre o analfabetismo:

“O analfabeto compreende mal o que ouve e responde de maneira bastante imperfeita às mensagens assim recebidas. O analfabeto precisa até de atenção mais aplicada ao que vê.”(O GLOBO,27/10/1989)

Para Coelho Neto (apud Leandro, 2007), a ignorância é a treva de cegueira. Cada letra do alfabeto que nela soa é como uma centelha na escuridão.

Page 39: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Já para Sócrates, “Quem ler tem mais chance à cidadania, sabe o que está acontecendo, avança para novos horizontes e melhora o vocabulário”.

“A pobreza é a mãe do analfabetismo. O analfabetismo é uma porta entreaberta para a pobreza.” (Roza, 2005, p. 8).

“Os problemas causados pelo analfabetismo são as principais razões do ciclo permanente de pobreza e subdesenvolvimento em que muitos países se encontram”.(Correio Brasiliense, 7/9/1989).

“O analfabetismo inibe o progresso e a produtividade, impede o avanço cultural e espiritual, e ajuda a manter a dependência crônica de sociedades inteiras”.(Correio Brasiliense, 7/9/1989).

Piora nos indicadores de Desenvolvimento Humano

IDH São João do Caru

Em 2000 ocupava a 205ª posição de Índice de Desenvolvimento Humanono ranking do Estado. Em 2010 despencou para 211ª posição. Isso significa que a qualidade de vida da população, considerando EDUCAÇÃO, SAÚDE, LONGEVIDADE E RENDA - Piorou. É o preço da falta de políticas públicas sérias e planejadas e competentes para o município.

IDH DE SÃO JOÃO DO CARU 1.991-2010

Fonte: Atlas Brasil 2013. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Produto Interno Bruto Per capita de São João do Caru:

Ano Nº Habitantes Renda per capita R$: 2.000 13.495 3.165 r$/ha

2005 -- 2.679 r$ /ha IBGE, 2005

2011 -- 5.089,14 r$/ha Fonte: IBGE/2013

No ano de 2013, a renda média mensal do maranhense é de r$ 360,43, segundo Nações Unidas (a pior do Brasil).

*PIB per capita de São João do Caru em 2009 – r$ 3.165,00

* PIB per capita de Bom Jardim – r$ 6.517,00.

1.991 2.000 2010 0,408 0,511 0,509 - 211ª posição no Estado

Page 40: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

* PIB per capita Maranhão: r$ 6.259,00

O IDH é um critério estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar o nível de desenvolvimento econômico e social dos países, estados e municípios. É publicado anualmente para classificar os países. O IDH leva em consideração três características do processo de desenvolvimento humano: A expectativa ou esperança devida ao nascer, ou seja, a quantidade de anos que as pessoas poderão viver, considerando as condições de moradia, saúde, alimento. Essa característica é denominada longevidade.

Considerando o aspecto longevidade, a expectativa de vida em Bom Jardim em 2007 é de 55 anos.

Maranhão: 66,4 anos.

Brasil: 72,7 anos.

Estados Unidos: 78 anos.

África do Sul: 49,3 anos.

O IDH vai de 0 a 1: quanto mais próximo de 0, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de 1, melhor. O índice considera indicadores de saúde, renda e educação. Bom Jardim teve os seguintes índices: Renda: 0.519 Longevidade: 0.750 Educação: 0.400

De acordo o gráfico, o desempenho foi arrastado pra baixo bruscamente pela educação, apesar do índice ter melhorado nos últimos anos.

Veja o Ranking de algumas cidades da Região considerando que são 217 municípios maranhenses:

O povo de Bom Jardim deixa de viver 17,7 anos a menos que a média nacional. Infelizmente, há cidadãos conformados que “acham”que isto não tem a ver com o modelo político local vigente.

Distribuição da População Ocupada por Rendimento (Salário Mínimo)- 2000

Até 1 1-2 2-3 3,5 5-10 Mais de 10 42,4% 14,7% 2,8% 2,3% 1,5% 0,7%

IDH 2010

IDH Geral Esperança de Vida

Mortalidade Infantil

IDH educação

IDH longevidade

IDH renda

0,538 69,98 29,4 0,4 0,75 0,519

Dentre os municípios do Vale do Pindaré, Bom Jardim tem segundo pior IDH, perdendo apenas para São João do Caru. Sendo de acordo com os dados comparativos, a segunda pior cidade para se viver do Vale do Pindaré e uma das

Page 41: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Desintrusão da área Indígena REBIO/Gurupi em Território de São João do Caru

O município de São João do Caru sofreu um duro golpe com o processo

de desintrusão da terra indígena dos Awá-Guajá, determinada pelo Governo

Federal. Cerca de 1.200 famílias (mais de 6.000 pessoas) que viviam em

povoados dentro da área indígenas (Povoado Caju e Cabeça Fria) as quais não

tinham para onde ir. As mesmas foram retiradas por forças federais em 2014,

acampada pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) com amparo judicial, o

qual busca preservar a etnia, considerada um dos últimos índios isolados do

planeta. Três outros municípios também afetados foram: Zé Doca, Newton Belo

e Centro Novo do Maranhão. São famílias humildes, que vivem abaixo da linha

da pobreza, morando em barracos de pau a pique e cobertos de palha. Os

mesmos vivem da produção de mandioca para produção de farinha e do cultivo

de arroz. Foram impiedosamente “expulsos” de suas terras onde muitos – por

quase meio século ali viviam, sem direito a indenização e acolhimento no

governo Dilma Roussef.

Com 118 mil hectares, a TI está entre outras duas terras indígenas que

os Guajás compartilham com outros índios, já demarcadase homologadas. São

elas: a TI Alto Turiaçu, com 530 mil hectarese a TI Caru, com 172 mil hectares.

Com a demarcação da TI Awá, forma-se uma área contínua de extrema

importância na defesa dos povos Awá-Guajá.

Page 42: História de São João do Caru. Um olhar sobre a história de São João do Caru e seus Contrastes

Insatisfação popular

Casas destruídas pela ação de desocupação.

Moradores, literalmente, sendo expulsos de suas casas, sem direito à indenização.

Reserva Indígena ou Interesses Escusos?

Os moradores da área, afetada alegam que ali não existia nenhuma aldeia Awa-Guajá.

Segundo uma comissão de atingidos pela demarcação da terra indígena, o problema teria

iniciado em 1980, quando a Petrobras e a Vale do Rio Doce fizeram uma pesquisa de

prospecção de minério, quando deixaram vários poços perfurados e hoje lacrados com

existência de gás natural. Jazidas de bauxita e outros minérios ficaram marcados com marcos

de cimento e toda a extensão da serra da desordem.

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Em 1992, o então ministro da justiça Célio Borja, na gestão de Fernando Collor e se

baseando em laudos da Funai, baixou a portaria 373/92, que de acordo com os atingidos, foi

de “forma irresponsável” porque não analisou o impacto social que iria causar nos quatro

municípios afetados. “Estamos sendo tratados como invasores de reserva indígena, sendo que

é o contrario, é a Funai que está invadindo nossas propriedades” afirmam os moradores,

apresentando documentos de cartório de 1929 e autorizações de desmatamento oriunda do

IBAMA (antigo IBDF) de 1982.

Um auto de inspeção judicial de 2002, assinado pelo juiz federal José Carlos Madeira

é apresentado pela comissão que defende a permanência dos moradores, onde é relatado que

foram encontrados 33 silvícolas nas proximidades do posto indígena Juriti, que tinha como

responsável Patriolino Viana. A visita contou com a presença da antropóloga Eliane

Cantarino. Na visita, dois índios reconheceram o comandante do helicóptero como sendo o

homem que os resgataram em 1999 nas proximidades do estado do Pará, na região de

Paragominas. Desta forma, entendem que, milhares de brasileiros estão sendo expulsos de

suas terras, ocupadas há quase um século, para defesa de indígenas que não são tradicionais

na ocupação da região. Foram trazidos e colocados ali pela Funai para “legitimar” o direito de

expulsão.

Em reunião com moradores, todos relatam que nunca foram intimados ou

comunicados da iminente desintrusão. “Aqui nunca veio ninguém para nos notificar. Só passa

por aqui um pessoal falando enrolado, devem ser gringos” afirmam, se referindo

supostamente integrantes da ONG Survival International, que pressiona o Governo

Brasileiro para a conclusão da demarcação e expulsão das cerca de 6000 pessoas que estão

dentro da terra do Awa-Guajá

Para os moradores, este fato comprova que os índios nunca habitaram aquela região. Na época, o juiz pediu que todo o processo fosse levado a cabo, com extrema sensibilidade social.

Segundo o advogado Emerson Galvão, da FAEMA (Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão), "a demarcação é tendenciosa e prejudica somente os mais pobres". Próximo dali, na área conhecida como Serra da Desordem, já existe autorização de pesquisa para exploração de metais como estanho e ouro. Uma delas conta inclusive com autorização da Funai.

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Referência

MOTTA, Adilson. Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – MA, 2013.

TEIXEIRA, Cláudyo. História de São João do Caru. 2011.

Profº RIVALDO. História de São João do Caru. 2012.

COSTA, Paulo. Revista: “O Retrato do Brasil” que o Brasil não conhece. 01/2014

http://jornalggn.com.br/noticia/exercito-planeja-cortar-energia-para-sufocar-povoados-de-sao-joao-do-caru-ma-na-proxima-segunda-feira-6. Reserva Awá-Guajá, 2013.

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Um Olhar Sobre a História de São João do Caru e Seus Contrastes