53
- UNIDADE 4 – As Produções Clássicas de Cartoons Uma perspectiva histórica

Histórico das produções clássicas

Embed Size (px)

DESCRIPTION

CURSO PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EaD. UFPR - 2010. Material produzido para o curso, na forma de atividade com objetivo de criar um "curso a distância" para empresa fictícia, visando a capacitação dos funcionários em determinadas habilidades da área de atuação, com estrutura na Plataforma Moodle. Exemplo de curso de capacitação para a empresa "Cartoon Empreendimentos", cursista Geane Poteriko. Material didático do curso: "Histórico das Produções Clássicas".

Citation preview

  • 1. - UNIDADE 4 As Produes Clssicas de Cartoons Uma perspectiva histrica

2. CURSO DE CAPACITAO DISTNCIA Formao Inicial em Cartoons Tutora: Geane Poteriko [email protected] 3. As Artes Grficas e a Histria Ol, cursista! Veremos nesta unidade um pouco mais sobre as produes clssicas de cartoons, numa perspectiva histrica das HQs e sua relao com outros tipos de artes grficas. Vamos comear? 4. A caricatura e a charge no Brasil difcil estabelecer a diferena entre charge e caricatura. O historiador Herman Lima, em sua obra "Histria da Caricatura no Brasil", usa os termos caricatura e charge para se referir basicamente s mesmas coisas. Vamos aqui tentar identificar algumas diferenas bsicas. 5. Charles Darwin (1871) Chama-se caricatura todo desenho que acentua detalhes ridculos. Vem do termo italiano caricare, "carregar", "acentuar e foi utilizado pela primeira vez em 1646, para designar uma srie de desenhos satricos de Agostino Carracci, que retratava tipos populares de Bolonha. A caricatura pode ultrapassar o individual, para particularizar o imaginrio coletivo de uma poca ou de um povo. 6. Aleijadinho teria sido um dos primeiros a fazer uso da caricatura no Brasil, no sculo XVIII. O artista teria reproduzido, em um grupo de so Jorge com o drago, os traos do coronel Jos Romo. Oficialmente, o iniciador da caricatura no Brasil foi Manuel de Arajo Porto Alegre, que publicou a primeira caricatura, no Jornal do Comrcio de 14 de dezembro de 1837: uma stira ao jornalista Justiniano Jos da Rocha, inimigo do artista. 7. Manuel de Arajo Porto Alegre (1806-1879), foi o fundador do primeiro jornal de caricaturas do Brasil A Lanterna Mgica, (1844). 8. O uso das charges esteve sempre vinculado realizao de algum tipo de reflexo sobre os acontecimentos do cotidiano. A charge possui tem quatro funes: poltica, econmica, educativa e de entretenimento. Nesse ponto, Arajo tambm considerado o primeiro chargista do Brasil, dado o contedo poltico-social incluso em suas ilustraes. A charge tem poder mobilizador pois ela pode influir na opinio pblica. Atravs dela, por exemplo, os jornais do sculo XIX alcanavam um pblico at ento inacessvel: os analfabetos. 9. Charge de Angelo Agostini, sobre a Guerra de Canudos. 10. O Brasil teve a primeira mulher caricaturista do mundo Nair de Tef (1886 -1981), publicou seu primeiro trabalho, A Artista Rejane, na revista FonFon, sob o pseudnimo de Rian (Nair de trs para frente). Especializou-se em retratar a elite carioca. Publicou suas caricaturas em peridicos como O Binculo, A Careta, O Ken, Gazeta de Notcias e da Gazeta de Petrpolis. 11. Em 1910, as revistas francesas Fantasie, Femina, Excelsior e Le Rire publicam seus trabalhos. Em 6 de janeiro de 1913, Nair de Tef casou-se com o presidente da Repblica, o marechal Hermes da Fonseca. Na Europa realizou algumas exposies. Em 1922, participou da Semana da Arte Moderna. Affonso Celso 12. Publicou ainda charges, em 1922, no livro de crnicas de Otto Prazeres: Petrpolis, a Encantadora, fez uma capa em cores para a Fon-Fon em 22 de janeiro de 1922. Tambm publicou na Revista da Semana trinta "cabeas" de personalidades, como a do prprio Hermes da Fonseca, Nilo Peanha, Epitcio Pessoa e outros, e em 11 de abril de 1925, na mesma revista, publicou um croqui da bailarina Naruna Corder.Caricatura do presidente Eurico Gaspar Dutra 13. S a partir de 1955 redescoberta pela imprensa. Em 1959, por incentivo de Herman Lima, redesenha seis de suas caricaturas, inclusive A Artista Rejane, que foram includas na coleo Histria da Caricatura no Brasil. Aos 73 anos retomou a carreira como caricaturista. Caricatura do presidente Juscelino Kubitschek 14. A caricatura de Jos Carlos Jos Carlos de Brito e Cunha (1884-1950), J. Carlos), nasceu no Rio de Janeiro. Foi responsvel pela nacionalizao da arte da caricatura no Brasil. 15. Comeou sua carreira em 1902, no "Tagarela" e colaborou em vrias revistas, como a Careta", "Fon-Fon", "O TicoTico", "Almanaque do Tico-Tico" e "O Cruzeiro". Capa da revista O Careta (1912) 16. O seu trao fui muito influenciado pelo estilo art nouveau, marcado pelas linhas curvas, a elegncia e o detalhismo na composies de personagens e ambientes. Comeou a desenhar o personagem Juquinha, o primeiro heri brasileiro dos quadrinhos, na revista Tico-Tico, em 1906. 17. Comps um retrato vivo da sociedade brasileira do incio do sculo XX, retratando a vida carioca, as praias, o carnaval, a moda e costumes e criando personagens tpicos da cidade. A melindrosa era uma personagem recorrente em seu trabalho. 18. Na capa de O Malho de 1 de maio de 1920, o gnio brasileiro da caricatura, J. Carlos, brinca com as comemoraes do Descobrimento (naquela poca, comemorava-se a data no dia 3 de maio). De Cabral aos nossos papagaios congressistas, uma crtica rimada de algumas mazelas nacionais: A nau descobre / A mensagem encobre / O Congresso e o cobre.Disponvel em: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=de , acesso em 21/06/2010. 19. O incio do sculo XX foi um perodo de grandes inovaes no Brasil. Junto com o cinema e o automvel, um novo estilo de vida acabou surpreendendo os brasileiros. A charge de J. Carlos mostra como os costumes civilizados dos grandes centros urbanos causavam sensao. Alguns espertinhos chegaram a us-los como desculpa para suas atitudes, digamos, avanadas. maneira americana No me passes o brao na cintura. (Disponvel em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=3166 O que tem isso? O lugar discreto. E que no fosse! Acesso em 10/07/2010) Pensam que somos americanos. 20. J. Carlos foi convidado para trabalhar nos estdios da Disney, mas recusou. Fez uma charge do papagaio preparando as malas para ir a Hollywood, inspirando a criao do personagem Z Carioca. 21. Quadrinhos de J. Carlos Na revista Careta, de 27 de abril de 1912, est a continuao de uma HQ, como ttulo Brocoi e as suas desventuras. No h assinatura do autor, mas o trao assemelha-se ao de J. Carlos, que ilustra toda a revista. 22. No Tico-Tico publicou a srie O talento de Juquinha, criando ainda os personagens Jujuba e seu pai, Carrapicho e a negrinha Lamparina, que considerada sua maior criao nas HQs. 23. Belmonte: Era Vargas, Nazismo e Histria do cotidiano Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896 - 1947) foi um caricaturista, pintor, cartunista, cronista, escritor e ilustrador brasileiro. Sua produo foi influenciada por J. Carlos. Belmonte foi o criador do Juca Pato (1929), que encarnava as aspiraes e frustraes da classe mdia paulistana, fazendo fortes crticas corrupo poltica. O Juca Pato fez sucesso na "Folha da Manh", atual Folha de S. Paulo, com suas crticas a Getlio Vargas. 24. Foi obrigado pelo DIP a tratar somente de temas internacionais. Voltou, ento, suas atenes para questes internacionais como o imperialismo, o nazismo e a II Guerra Mundial. Stalin e Hitler eram personagens presentes em suas charges, algumas vezes dividindo espao com Juca Pato. 25. Suas charges contra o nazifascismo chegaram ao conhecimento de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda e da Informao de Hitler: o nazista reagiu, acusando o brasileiro, pelo rdio, de ter sido comprado pelos aliados. 26. Com o fim da II Guerra e a decadncia do Estado Novo, Belmonte volta novamente sua ateno para Getlio, aproveitando o momento de transio da ditadura para um governo democrtico. 27. Belmonte publicou o livro ilustrado No Tempo dos Bandeirantes (1939), o qual classificou como uma reportagem retrospectiva sobre a vila de S. Paulo. Trabalho pioneiro, o retrata a vida cotidiana dos paulistas de 1600, sendo uma verdadeira histria do cotidiano, em oposio histria dos grande heris e das grandes suas batalhas. Belmonte pesquisou em testamentos e atas da Cmara Municipal, obras sobre arquitetura, armamento e herldica. 28. O surgimento das Histrias em Quadrinhos no Brasil Os quadrinhos surgiram no Brasil nos jornais, na segunda metade do sculo XIX, pegando carona o sucesso da charge e da caricatura. Angelo Agostini considerado o criador as primeiras histrias em quadrinhos brasileiras. Peridicos como a Revista Ilustrada, fundada em 1876, por ngelo Agostini, exploravam a imagem como forma de comunicao. 29. As primeiras revistas em quadrinhos do Brasil Em 1905: surgiu o O Tico-Tico, criado por Renato de Castro e Manuel Bonfin e publicado pela editora S.A.O. Macho. Circulou nas bancas de jornal at a dcada de 1960. 30. Ao Tico-tico seguiram outras publicaes: A Gazeta Infantil (1929) O Mundo Infantil (1929) Suplemento Juvenil (1934) O Mirim (1939) O Lobinho (1939) O Gibi (1939) A Gazetinha (1939) O Globo Juvenil (1937) O Sesinho (1948). 31. A produo pioneira da EBAL Adolfo Aizen lanou em 1934 o "Suplemento Juvenil. Em 1945 fundou a EBAL (Editora Brasil Amrica Ltda). Tornou-se um dos pioneiros na produo e edio de histrias em quadrinhos dedicadas a temas histricos e adaptaes literrias, valorizando o talento de desenhistas nacionais. 32. A EBAL lanou as sries Edies Maravilhosas, Grandes Figuras do Brasil (lanado em 20 volumes, entre 1957 e 1958), Histria do Brasil e Epopia. Seu objetivo: reverter o status cultural dos quadrinhos e afastar do Brasil o fantasma da censura aos quadrinhos. O declnio da editora teve incio em fins da dcada de 1960. Em 1983, a editora encerrou sua produo. 33. Edson Rontani e o nascimento do Fanzine no Brasil Fanzine uma revista editada por um f. Edson Rontani (1933 1997), desenhista artstico, lecionava desenho em seu Instituto Orbis, situado no centro de Piracicaba. Foi tambm pintor, jornalista e radialista, tendo produzido capas para revidas da EBAL, como Batman. Foi o editor do primeiro fanzine brasileiro sobre histrias em quadrinhos publicado em 12 de Outubro de 1965, em Piracicaba (SP), com o nome de "Fico" (Boletim do Intercmbio CinciaFico Alex Raymond). 34. O Fico era composto por textos informativos e uma lista de produes brasileira de quadrinhos desde 1905. Ele teve 12 edies. A impresso era feita em mimegrafo tinta. Nele, foram divulgadas curiosidades sobre personagens de histrias em quadrinhos, publicaes especializadas e editoras.Exemplo de fanzine 35. Rontani foi o primeiro a fazer um levantamento sobre a produo de quadrinhos no Brasil. Entre os destinatrios estavam: Jos Mojica Marins (o "Z do Caixo"), Gedeone Malagola, Adolfo Aizen, Mauricio de Sousa, J Soares, Lyrio Arago e outros desenhistas ou aficionados em quadrinhos.Nh Quim, criao do cartunista Edson Rontani. 36. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: NOGUEIRA, Natania; FERNANDES, Valria. Os Quadrinhos como fonte de pesquisa histrica: a evoluo das artes grficas no Brasil. Disponvel em: http://www.slideshare.net/gibiteca Acesso em 01/12/2010