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78 IDEIAS E PROJECTOS EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

Ideias e projectos-1

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IDEIAS EPROJECTOSEDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

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• Técnica• Tecnologia

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o QUE É?

Para ti, que vais iniciar o 7.° ano de escolaridade, esta é umadisciplina nova.

A Educação Tecnológica irá também acompanhar-te, obrigato-riamente, ao longo do 8.° ano e por isso importa saberes "ao quevens", isto é, deves conhecer e compreender a sua natureza, os seusprincípios, os seus processos e a sua dimensão.

Técnica e tecnologia são duas palavras inseparáveis da EducaçãoTecnológica. Como tal, vão ser muitas vezes referidas ao longo destelivro e das aulas.

Encerram conceitos distintos mas, por vezes, a linguagemcomum confunde-as. Vamos distingui-las:

- A técnica pode ser entendida como o acto do fazer, do executar.É arte prática por excelência, capaz de nos conduzir à obtenção deobjectos concretos e precisos, através da utilização adequada demateriais, equipamentos e máquinas.

- A tecnologia é a ciência que estuda a técnica, isto é, procura eaplica leis e princípios gerais que possam orientar a actividade téc-nica. Envolve sempre um estudo, uma descrição ou uma explicaçãode procedimentos, materiais e equipamentos necessários para atransformação das matérias-primas em produtos acabados.

Acta técnico Acção tecnológica

A disciplina de Educação Tecnológica é uma área educativa doteu currículo escolar onde podes adquirir conhecimentos, desen-volver capacidades, aprendizagens, competências e atitudes nosdomínios da tecnologia e da técnica, que te possibilitam a aná-lise e construção de produtos ou objectos concretos.

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Inovação tecnológica

PARA QUE SERVE?

A Educação Tecnológica serve para aprenderes a ligar os conhe-cimentos, através de análises/realizações práticas concretas -conhecimento e saber em acção.

Deve também servir para te despertar o interesse pelas inova-ções tecnológicas que todos os dias nos surpreendem.

A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

• Atitude tecnológica• Atitude técnica• Cultura tecnológica

Esta motivação deve obrigar--nos a dois tipos de atitudes:

• atitudes tecnológicas;• atitudes técnicas.

A atitude tecnológica é a ati-tude de quem estuda e analisaum problema, avaliando-o dediferentes pontos de vista nosentido da compreensão dassuas causas e implicações - fun-cionais, económicas, SOCIaiS,estéticas, ambientais - levando--nos à descoberta de soluçõesalternativas e à escolha damelhor solução. 9

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A atitude técnica manifesta-se através da utilização eficiente de ins-trumentos, ferramentas e processos adequados na resolução de umproblema técnico concreto - é a atitude de quem faz.

É a maior ou menor consciência na tomada destes dois tipos de atitu-des (que se complementam) que nos vai dar a dimensão da nossa culturatecnológica. ,

A disciplina de Educação Tecnológica serve para te ajudar a enri-quecer a tua cultura tecnológica e daí partires para uma melhorcompreensão do mundo técnico e tecnológico actual, proporcio-nando-te, assim, o desenvolvimento:- do teu sentido crítico;- do teu espírito científico;- da tua capacidade de análise e comunicação;- das tuas aptidões técnicas e manuais.

- - - - --ACTIVIDADES

A notícia não explica a causa que esteve na origem do infeliz acontecimento.

Analisa-a e discute-a em conjunto com os teus colegas e professores. Tenta depois descobrir as hipóteses mais

prováveis para o acidente.

Algumas pistas e interrogações:

- O vidro quando sujeito ao calor

(por exemplo, raios solares)aquece muito pouco quando

comparado com outros materiais.Então, como é que o calor pode

partir vidros?

SEIXAL

Calor parte vidros ferindocrianças gravemente

Bombeiros Voluntários do Seixal,que foram chamados ao local do aci-dente cerca das 16.45 horas, segundofonte do Centro de CoordenaçãoOperacional do Distrito de Setúbal.

Quatro crianças da Escola BásicaPedra Eanes Lobato, na Amadora,alunos dos segundo e terceiros ciclos,ficaram, ontem, gravemente feridasdevido ao rebentamento de vidros deuma janela provocado pelo calor.As crianças foram transportadaspara o Hospital Garcia de Orta, emAlmada, em duas ambulâncias dos

- No acto de colocação da janela o

que terá faltado? Atitude técnica?Atitude tecnológica? As duas?

- Apenas desleixo ou também falta

de cultura tecnológica?

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A técnica teve a sua origem na própria História da Humani-dade. Ela constitui a primeira e mais forte afirmação do serhumano. A prova da sua existência vamos buscá-la;' exactamente,aos objectos que ele próprio trabalhava com as mãos. Estes primei-ros actos técnicos manuais resultavam mais da sua habilidade doque da sua inteligência.

agulhas

Materiais Armas/Utensílios

PaleolíticoIdade da Pedra Antiga(2 milhões de anosatrás)

pedramachados

lâminasosso

pele

madeira

Alguns materiais e objectos usados pelo Homem do Paleolítico

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AS MÃOS E OCÉREBRO

Do "homem habilidoso" ao"homem pensante" (cerca de300 000 a. c.) decorreram maisde dois milhões de anos. O apa-recimento desta nova espéciemais evoluída, em que a inteli-gência e a sabedoria do homem,aos poucos, se foram aliando àsimples habilidade, possibilitou odesenvolvimento de certas técni-cas orientadas para as suasnecessidades mais básicas: ali-mentação, defesa e protecção dofrio e do calor.

Machado de pedra

O FOGO

A sua descoberta é conside-rada como uma das primeirasgrandes conquistas cientificasda Humanidade.

O fogo constituiu a primeiragrande fonte de energia à dis-posição do Homem.

A arte de o acender, por fric-ção, e o seu domínio datando daPré-História (cerca de 700 000a. c.) viriam a revolucionarhábitos e modos de vida e adesempenhar um papel muitoimportante no desenvolvimentode várias técnicas - culinária,transportes, "arte militar", etc.

TÉCNICAS E TECNOLOGIAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A IDADE DOS METAIS

Avancemos agora até cercade 8000 a. C. Entramos noperíodo da Idade da Pedradenominado Neolítico, marcadopela invenção da cerâmica e datécnica de polir a pedra. Esteperíodo antecedeu a Idade dosMetais. Estes apareceram, talvezpor acaso, a partir dos minériosaquecidos pelo fogo.

O primeiro metal conhecidoa ser descoberto foi o cobre porvolta do oitavo milénio a. C.Dois mil anos mais tarde já estemetal começava a ser utilizado:primeiro como adorno, depoispor necessidade, em armas.

Utensílios de cobre

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TÉCNICAS E TECNOLOGIAS: EVOLUÇÃO HISTÓ

PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Um novo e grande salto leva-nos agora aInglaterra, em meados do século XVIII.

Os escassos inventos técnicos verificadoscomeçam a não dar resposta ao sólido e cada vezmais exigente mercado interno inglês: agricul-tura próspera, mentalidade científica voltadapara novas aplicações práticas de mecânica, pro-gressiva habituação às mudanças tecnológicas,muitos recursos de carvão e minérios de ferro emsubsolo britânico e abundantes disponibilidadesde capitais são, entre outros, factores decisivosque orientam e consciencializam economistas,fabricantes e opinião pública em geral para anecessidade de transformação das técnicas exis-tentes no sentido de responder à situação.

A partir de 1740, desencadeia-se em Ingla-terra uma série de inventos, transformando porcompleto o modo de produção industrial emodificando toda a estrutura social. A prósperaagricultura dá lugar à indústria, que passa a sera actividade económica fundamental.

Em 1769, na cidade de Birmingham (centroinglês da indústria do ferro), o físico escocêsJames Watt, com 28 anos de idade, constrói einstala a primeira máquina a vapor "a valer".Seis anos depois já é utilizada na extracção de

água, nas salinas, no fabrico de cerveja e na indús-tria do ferro. A siderurgia expande-se.

Uma máquina dá origem a outra máquina, umatecnologia a outra tecnologia. Em 1800, cerca dequinhentas máquinas a vapor estão instaladas emtoda a Grã-Bretanha e o maior obstáculo à uadifusão é a mão-de-obra especializada que o eufuncionamento exige. Os modos de produção sãoprofundamente alterados, em especial na indústriatêxtil. Os produtos tornam-se mais baratos. Apa-rece a classe operária.

É a Revolução Industrial inglesa, por qua etodos designada de primeira. Uma página de ourona história da técnica.

HÁ QUE DISCUTIR - - - -- - -_.

Como vimos, muitas coisas seriam alteradas com a primeira Revolução

Industrial. Principais consequências:

• Sociopolíticas:

- más condições de trabalho eexistência do trabalho infantil;

- exploração patronal e

aparecimento dos sindicatos;

- transformação de uma

sociedade essencialmentecomercial e agrícola numasociedade industrial.

• Técnicas:

- produção do objecto técnicoindustrial;

- mecanização das fábricas einício dos grandes progressos

técnicos e tecnológicos;- revolução nos transportes.

A máquina a vapor de James Watt

Com alguma investigação, imaginação e muito debate, tenta aprofundar nas

aulas cada uma destas consequências aumentando, se possível. a lista.

IP78 - 02

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SEGUNDA REVOlUÇÃO INDUSTRIAL

Novo salto, desta vez bem mais pequeno no espaço e no tempo, mas igualmente de grande importân-cia na história das técnicas, leva-nos aos Estados Unidos da América, em meados do século XIX.

o petróleo e o automóvel: uma "nova" fonte energética e um novo meio de transporte.

Em 1859, os americanos e o mundo em geral testemunham aabertura do primeiro poço petrolífero e, no ano seguinte, a constru-ção da primeira refinaria. É o início da utilização industrial dopetróleo bruto e de uma das maiores indústrias do mundo actual - apetroquímica. O poderio económico das nações passa dos paísesprodutores de carvão para os países produtores de petróleo.

A grande fertilidade técnica e tecnológica do século XIX ganha,assim, um novo e importante impulso, com uma tecnologia agorainteiramente orientada pela ciência. É o começo de uma nova revo-lução industrial. A segunda.

Através da indústria petroquímica - refinarias - é possível obterdo petróleo bruto uma gama muito vasta de produtos derivados e deutilização indispensável na vida actual- plásticos, detergentes, fertili-zantes, resinas, fibras sintéticas, óleos, etc.

No final do século XIX, a par de importantes descobertas nodomínio da electricidade, uma nova e mediática descoberta iriaacontecer: o motor de combustão interna (motor de explosão) e,logo de seguida, o automóvel. A gasolina primeiro e o gasóleodepois (motor diesel) passaram a estar na primeira linha dos objecti-vos da refinação do petróleo. Motor de um automóvel moderno

~.'I~~"~~~A,"l~'L- I

Estamos fortemente dependentes dele e o sentido emque a nossa civilização se tem desenvolvido tem tornadoessa dependência numa quase escravatura. O petróleo,hoje, movimenta muitos interesses, provoca conflitos,guerras e revoluções.

Teriam os nossos antepassados previsto e imaginadotamanha luta e concorrência?

É um combustível fóssil, poluente e com reservaslimitadas. O que fazer e quais as alternativas?

O petróleo bruto é conhecido desde a mais remotaAntiguidade, em regiões onde apareciaespontaneamente à superfície. Era utilizado paraaquecimento e iluminação.

Passaram muitos séculos até se verificar o seuaproveitamento industrial. Abundante e barato na altura,é, ainda hoje, considerado o nosso ouro negro,continuando a constituir a principal fonte de energia emtodo o Mundo.

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A ERA ATÓMICA E ESPACIAL

A ciência vai transformar o Mundo a partir da segunda metadedo século xx. De forma radical e irremediavelmente, a vida quoti-diana altera-se. As "tecnologias de ponta" invadem os espaços,incluindo os familiares. A investigação e as descobertas acontecema um ritmo vertiginoso.

A televisão, as telecomunicações, a electrónica, as viagens espa-ciais' a energia nuclear, a informática e os computadores, a auto-matização, a robótica e as "casas inteligentes" são, entre outros,acontecimentos que marcam decisivamente a história actual dastécnicas e' tecnologias.

Vive-se a era espacial ou, se quisermos, a terceira RevoluçãoIndustrial, seguindo a ordem cronológica.

O futuro já começou.

Conclusão

A história das técnicas e tecnologias, como qualquer outra história, sendo feita porhomens, contém, igualmente, muitas das características mais marcantes que ao serhumano dizem respeito: suas aptidões, potencialidades e atributos; suas fraquezas,egoísmos e contradições.

--- ~Etudo "evoluiu" desde a Idade da Pedra até este novo século.

TÉCNICAS E TECNOLOGIAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

- - - --

HÁ QUE DISCUTIR

• Durante muitos milhares deanos foram escassos os materiaise as técnicas ao dispor doHomem.

• Foimuito lento no tempo odesenvolvimento dos maisantigos e rudimentares objectose produtos fabricados pelo serhumano (há mesmo quem seinterrogue se a Europano anode 1200estaria muito maisavançada, em termostecnológicos, do que no ano200a. C.).

• Oséculo XVIIImarcadecisivamente a história domundo científico e tecnológico(invenção da máquina a vapor).

• As grandes descobertas etransformações responsáveispelo progresso tecnológico quecaracterizam o mundo actualsão relativamente recentese acontecem a um ritmo muitoacentuado.

Estes são exemplos de tópicosque merecem discussão.

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Certamente já terás percebido que do vastocampo de acção da Educação Tecnológica devesempre fazer parte a "dimensão ambiental", isto é,o estudo e o conhecimento das condições externasque influenciam a vida dos organismos ou daspopulações, bem como das suas causas e conse-quências em termos de qualidade de vida. E, comosabes, nessas "causas e consequências" as acçõestécnicas e tecnológicas desenvolvidas pelo Homemtêm tido, cada vez mais, maior quota de responsa-bilidade ao longo dos tempos.

~ EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TÉCNICAS E TECNOLOGIAS~Qc.,5VI

'16êSc~CI)-Q.(tICJo(tiN';::~f!(ti

c.,)

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Telefones de usar e deitar fora

Uma nova geração de telemóveis está a aparecer no mercado. São os telemóveis deusar e deitar fora, de preço muito baixo e utilização muito simples.- A "economia do deitar fora" e o esbanjamento de energia são hoje característicasda sociedade dita moderna. Estes desperdícios dão lugar à poluição.

• Aperfeiçoamento dosutensílios

• Nascimento daagricultura

• Domesticação ecriação de animais

• Construção demonumentosmegalíticos

• Fabrico deinstrumentos em pedrapolida

• Invenção da cerâmica• O cobre• O bronze• O ferro• A metalurgia

• Sociedades recolectoras• Homem nómada• Actividades: caça, pesca e recolha de frutos,

vegetais e ovos

• O domínio do fogo

• Utensílios rudimentares (machados, lâminas, lanças)construídos em pedra, osso ou madeira

1,1)'16-=CI):Eê(tiVIQ-c..l(tic..5

A escritaA roda

Mesolítico NeolíticoHISTÓRIA

4000 a. C.

d a d e dos Metais

• Não existiam efeitos negativos no ambiente• A Natureza até saía beneficiada com a presença do

Homem• Únicos problemas ambientais resultavam de

fenómenos naturais: vulcões, inundações e incêndios

• Aparecimento de agregados maisurbanos e sedentários

• Sociedades um pouco mais complexas,mas ainda sem grandes consequênciasambientais

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- Líderes mundiais e cidadãos em geral começamciencializar-se dos graves riscos para a Huma-

.:.:i e resultantes das constantes e violentas agres-- - ao ambiente. Um pouco por todo o mundo,

imentos massivos de pessoas manifestam essasupações. É uma batalha feroz que ganha cada

maior actualidade.

• obre, em termos de_ olução técnica e-'entífica

• homem colhe o mato,semeia e aproveita a"orça dos animais

• roda de fiar• s moinhos de vento• difusão dos moinhos

de água• difusão do papel na

Europa• rimeiros relógios

mecânicos (séc. XIII)

• Florescimento artístico,literário, científico etecnológico (LeonardoDa Vinci, Galileu)

• Construção de palácios,pontes, máquinas deguerra e diversos tiposde engenhos(elevadores de água,gruas, etc.)

• Introdução da imprensana Europa (Gutenberg,séc. XV)

TECNOLOGIA E AMBIENTE

- Depois da Revolução Agrícola (há dez milanos) e da Revolução Industrial (há dois séculos),surge agora uma outra: a Revolução Ambiental.Que terá que ser bem mais rápida, se quisermosinverter o caminho e obter resultados. Isto "antesque a Natureza morra".

Resumindo

Do "Homem pré-histórico" ao "Homem espacial" vai umagrande distância: no tempo e nos espaços técnico, tecnológico eambiental em que ele se envolve. O quadro cronológico sintetizaessa evolução.

• Época muito fértil, emtermos tecnológicos ecientíficos

• Início de fortestransformações sociais,técnicas e políticas

• Enorme expansãoindustrial

• O carvão como principalfonte de energia

• A máquina a vapor(James Watt)

• A mecanização dasfábricas

• A evolução nostransportes

• O desenvolvimentoagrícola

• O desenvolvimento daindústria têxtil

• Utilização industrial dopetróleo como fonte deenergia

• A nova ind ústria"petroquímica"

• O motor de explosão• O automóvel• A electricidade• A locomotiva e os

caminhos-de-ferro• A indústria do aço

• Autêntica revoluçãotécnica, científica etecnológica

• Os inventos sucedem-sea grande ritmo

• A electrónica• As viagens no espaço• A energia nuclear• Os computadores• As telecomunicações• A robótica

Renascimento Era atómica e espacial1.a Rev. Ind. 2.a Rev. Ind.

sécs. XV-XVI sécs. XX·XXIséc. V a séc. XV sécs. XVIII-XIX sécs. XIX-XX

• Conhecedor da Natureza, o Homem sabia quedependia dela e, por isso, tinha que a preservar

• Aumento da população nos meios urbanos• Ausência de estruturas de saneamento• Aparecimento de epidemias

• Aumento da produção e do consumo• Doenças profissionais• Péssimas condições de vida na cidade• Ruas de terra batida, com esgotos a céu aberto• Foi-se perdendo o amor à terra• Poluição dos rios e do ar• Com o desenvolvimento industrial, o Homem perde

qualidade de vida

• Homem em completacompetição com aNatureza

• Sucedem-se os danosao meio ambiente

• A "ecologia" como novaciência

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PRINCIPAISTIPOS DEPOLUIÇÃO

A preservação do meioambiente é uma tarefaque visa também anossa protecção e, porisso, diz respeito atodos os cidadãos.

Este quadro resume osprincipais tipos depoluição. Devemosconhecer os seus peri-gos, bem como os pos-síveis contributos paraos combater. Só assima nossa cultura e edu-cação ambientaispodem sair enriqueci-das e fortalecidas.

Atmosférica - Indústrias

Gases ou pro- Proveniente da queima, nomeada-dutos contami- mente, de carvão e fuelóleo.

CONSEQUÊNCIAS

• Na saúde: inspiração de monóxido de carbono (CO);gástóxico incolor e inodoro, que pode causar a morte por asfixia.

• Efeito de estufa: aumento da temperatura à face da Terra,provocando alterações no clima.

• Chuvas ácidas: destroem a fauna e a flora aquáticas,as florestas e deterioram edifícios e monumentos.

• Diminuição da camada de ozono: níveis elevados de radia-ção ultravioleta podem provocar efeitos negativos nas cul-turas agrícolas e queimaduras graves em alguns seresvivos - por exemplo, cancro de pele no ser humano.

nantes envia-dos para aatmosfera,afectando aqualidade doar que respira-mos.

- Transportes

Proveniente da queima de gasolina egasóleo.

Água

Contaminantesde vários tipose origens, dis-solvidos naságuas.

• morte da fauna e da flora aquáticas;

• poluição de muitos alimentos da cadeia alimentar.

Solo

Contaminaçãodos terrenosdevido à acu-mulação dedetritos, lixei-ras e estru-meiras, semcontrolo.

• prejudicam os locais onde são depositados

• geram focos de insalubridade (maus cheiros)

• possibilitam o aparecimento de doenças infecciosas

GESTÃO DOS RESíDUOS: A ATITUDE DOS 3 RSEm Portugal desperdiça-se muito. Por isso, a produção de resíduosconstitui, actualmente, um problema muito sério em termos ecológi-cos e sociais.

Em 1992,na cimeira do Rio de Janeiro sobre "O Ambiente e o Desen-volvimento", e mais tarde (1993), no "5.0 Programa Europeu do

Ambiente", foram estabelecidos os princípios básicos para a gestão deresíduos que conduziram à denominada política dos 3 Rs: Reduzir, Reu-tilizar, Reciclar.

Vamos perceber o significado e o alcance de cada um destes termos,a partir da ideia: "Que nada se perca; que tudo se transforme".

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Reduzir: a redução de resíduos passa pela adopçãodas seguintes medidas e atitudes:- diminuir a sua quantidade (em peso) e a perigosidade

dos materiais usados na fabricação dos produtos;- novos hábitos de vida e maior consciencialização dos

fabricantes;- prolongar o ciclo de vida dos produtos: hoje manda-

mos muitos objectos para o lixo, porque têm um tempode vida muito curto ou é difícil a sua reparação;

- diminuir o consumo: o aumento da população, o seumaior poder de compra, o número elevado de produ-tos disponíveis e a sua curta duração, a publicidade eo desperdício são as causas que têm levado a umconsumo excessivo e por vezes irracional.

Reciclar: recolher e transformar um resíduo de modoque este possa ser novamente utilizado, quer para omesmo fim, quer para um fim distinto do original. Umaboa reciclagem obriga à recolha selectiva dos resí-duos, de forma a evitar contaminações que irão preju-dicar o valor comercial do resíduo.A reciclagem é um processo de valorização de resíduosque deve incidir em tudo o que não pode ser reduzidonem reutilizado (p. ex.: vidro, papel, metais, plásticos).

Reutilizar: utilizar um pro-duto mais do que uma vezpara o mesmo fim para quefoi concebido. Certas emba-lagens e as garrafas devidro com tara são exem-plos de produtos reutiliza-dos. Hoje deita-se fora;dantes aproveitava-se. Areutilização favorece aredução.

Page 14: Ideias e projectos-1

TECNOLOGIA E AMBIENTE

Junta as garrafas velhas de tuacasa e em vez de as colocares nolixo ...

Sabias que as garrafas velhas eos vidros partidos que manda-mos para o lixo podem ser reci-clados e transformados em vidronovo?

r-

Colabora na reutilização e na reci-clagem do vidro.

É importante defender o ambiente.

E o vidro partido éreciclado em novosobjectos.

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Page 15: Ideias e projectos-1

Poupa e colabora na RECICLAGEMPapel de caderno, papel de jornal e revista, de fotocópia, de embru-lho, lenços, embalagens, guardanapos, publicidade que nos chegapelo correio ...

Gastamos tanto papel!

, .

fI '

o papel representa:• árvores que se abatem;• poluição no seu fabrico.

Agora existem cen-tros de recolha depapel. É possívelque tenhas um natua freguesia.

Ajuda os teus pais aseparar o papel doresto do lixo.

I

\" "

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Page 16: Ideias e projectos-1

EM DEFESA DO AMBIENTE

TECNOLOGIA E AMBIENTE

o desperdício de energia está fortemente ligado ao aumento dapoluição. Ser racional na utilização dessa energia é não só uma ati-tude inteligente como, também, uma acção poderosa em termos dedefesa do ambiente.

Muitos gestos simples - como entregar os pneus velhos paraserem reciclados, reduzir o consumo de pilhas, trazer menos sacosquando vamos ao supermercado ou recolher os excrementos docão - devem estar sempre presentes na nossa acção quotidiana,pois implicam uma poupança considerável de energia e de dinheiroe contribuem para a melhoria do meio que nos rodeia.

MEDIDAS SIMPLES A NÃO ESQUECER

Com o automóvel• Vigiar a pressão dos pneus: Se não se encher os

pneus o suficiente, pode-se desperdiçar cerca de5% de gasolina, enquanto que com a pressão cor-recta poupa-se até 10%.

• O carro afinado: Se o motor estiver bem afinadoo consumo será reduzido em cerca de 9%. Man-ter limpos os filtros (de ar e de combustível) tam-bém poupa energia.

• Conduzir menos: Usar um milhão de litros degasolina implica emitir cerca de 2,4 milhões dequilos de dióxido de carbono. Ainda que custeum pouco renunciar à comodidade do automó-vel, pode-se utilizar meios de transporte alternati-vos como o autocarro, o metropolitano, o com-boio ou a bicicleta. Com este último meio detransporte, poupa-se 100% de energia.

• Reciclar o óleo mineral queimado: Um litro deóleo - que contém metais pesados tóxicos para omeio ambiente - pode contaminar um milhão delitros de água potável. A reciclagem e a posteriorutilização reduzem as necessidades de matéria--prima e energia e diminuem a produção de resí-duos. Na oficina, certifica-te que recolhem o óleousado e que o levam depois para uma estaçãoespecial de tratamento.

,-,-~~~ - - - ~ ~y-- - ~ ~ - ~ - -; SABER MAIS

Decomposição natural de alguns materiais

Material Tempo médio dedecomposição

Tecidos de algodão 1 a 5 meses

Restos orgânicos 2 a 12 meses

Madeira mais de 6 meses

Papel 3 meses a vários anos

Chiclete 5 anos

Latas de aço 10 anos

Plástico duro mais de 100 anos

Latas de alumínio mais de mil anos

Vidro mais de 10 mil anos

Pneus indeterminado

--------------------------------------------------------

Page 17: Ideias e projectos-1

Outras medidas

Regular a temperatura da água no ter-m?acumulador: Deves regular o ter-~ostato de termoacumulador eléctrico( cilindro") para uma temperatura de5.5 °C, suficiente para matar as bacté-rias e poupar energia. Por cada grauque baixes à temperatura do termós-t~t~ poupas até cerca de 8% de elec-trrcldade.

Reduz;r o consumo d .os anos são con . e Pilhas: TOdosmilhões de Pilhass~mldos cerca de 80grande fonte d ' que constituI uma

e Contaminação d .ao seu conr id ' evidneu o em met .como, por exem I ais pesados

. p o, o chumbo Dpor ISSO,optar por pilhas re' eve,s,vers que du . carrega_

ram mUito m .Quando as deitares for ais t~mpo.em recipientes próprios.

a, deposita-as

Os CFC (clorofluoro-Evitar os spra~s: ases existentes emcarbonetos) sao g .veis pela des-certos sprays responsa Além

. - d camada de Olono.trulçao a "s quando suieitos

. - 'nflamaveldiSSO,sao I I as embalagenS

fonte de ca or e .a uma m termos de lixo,geram problemas.e,. em sua

. - são reutllizavels. Usa,pOISn.ao. _ dutos vaporizadores,

ubst.tUlçao, pro~esodorizantes em stick ou creme.

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Torneiras bem fechadas: Podes pou-par até 75 mil litros de água por anofechando as torneiras quando nãoestás a usá-Ias.

_ adas: limpa regular-Limpar as lamp mula no Vidro

. que se acu .mente o po le faz diminUIrdas lâmpadas porque e a de 2% a 3%.

. 'd de emcerea lumlnos, a

Recic/agem dexcessivo d o Papel: O cminação de e Papel é causa donsumo

nos a C0ntprOdutos tá' e mares (devo a-fab . X/COS ufJ' Ido aos

ncação) I Izados nenergia e d : de Um alto a SuaPre . e agua S gasto deC/Sas tlo « . e, poduas tec e tirar fotocáp; r exemplo,metade do

epsda falha, porqu

a:, Usa as

s- apel. Poupasao Várias as

sem do p vantagens d,apel' a rec' Iagua, 620/, . requer 86% IC a-

tem o menos de menos de-ss menos árv energia e ab

ores. a-

Adubos caseiros: A maior parte do lixourbano é composto por matéria ter-mentável (restos de vegetais, frutas,casca de ovos, etc.) que pode ser utili-zada para fabricar um adubo icomposãque enriquece a terra das tuas plantase te permite poupar tempo, dinheiro eenergia. Deves evitar os produtos deorigem animal.

Um pequeno gesto teu, isolado,talvez não ajude muito, massomado ao de outras pessoas temconsequências inimagináveis.

Por exemplo:• Se 100 mil pessoas eliminassemos seus nomes das listas dasempresas de publicidade directa,podiam salvar-seaproximadamente 150 mil árvorespor ano.• Se todos os consumidoresregulassem, no Verão, otermóstato do ar condicionadopara uma temperatura seis graussuperior, o consumo de petróleoreduzir-se-ia em cerca de 190 milbarris por dia.

• Se 100 mil pessoas reciclassemuma tonelada de papel deescritório cada uma, 14 milhõesde litros de petróleo e 200 milmetros cúbicos de espaçoocupados por lixeiras seriampoupados.• Se 100 mil pessoas isolassemtermicamente a sua habitação,seriam consumidos menos 10milhões de litros de petróleo.• Se 100 mil pessoas plantassemuma árvore durante este ano, amancha florestal resultantepoderia absorver anualmentemeio milhão de quilos de CO2 noano 2010.• Se os norte-americanosreduzissem o seu consumo decarne em apenas 10%, os cereaise a soja poupados podiamalimentar 60 milhões de pessoas.

• Se 35 mil toneladas de papelfossem recicladas em Portugal,seriam salvas 700 mil árvores.

-

Page 18: Ideias e projectos-1

TECNOLOGIA E AMBIENTE

A LONGA LISTA NEGRA

No quadro seguinte podemos ver, em resumo, quais os grandes problemas ambientais com que aHumanidade se debate actualmente.

A lista é longa e preocupante. São problemas provocados pelo Homem. Existem, no entanto, solu-ções ao seu dispor. Haja consciência e vontade de os resolver.

IGrandes problell1as ambientais .. ••• 'Principais accões para os evitar• • "->-"~;::',,;:;:;t.2;::::.J<;~ :'::~: ,"- , .. " ------

- evolução da medicina -fome - controlo da natalidadeExplosão demográfica (cresci- - aumento da produção de bens - desigualdades sociais - melhor planeamento urbanísticomento da população) alimentares - desemprego - maior ligação do Homem à terra-tempo médio de vida mais longo - produção de resíduos

- aumento da temperatura à face

Alterações climáticas (efeito de - queima de combustíveis fósseis da Terra - energias alternativasestufa) - desaparecimento das florestas - aumento do nível das águas - zonas verdes(desflorestação) - diminuição da quantidade de

água doce

- não utilizar CFC

Rarefacção da camada de ozono - envio para a atmosfera de CFC - maior radiação ultravioleta - zonas verdes- desflorestação - cancro da pele - diminuir consumo de combustí-

veis

- aumento do consumo - pior qualidade de vida - diminuir o consumoResíduos - utilização de produtos não bio- - desperdícios - reutilizaçãodegradáveis - poluição - reciclagem- desenvolvimento industrial

- efluentes domésticos, agrícolas - pior qualidade da água - reutilização e reciclagem da

Poluição das águas e industriais - morte dos organismos aquáticos água- acidentes no transporte de pro- - despesas no trata mento de - tratamento adequado dos

dutos tóxicos (no solo e no mar) águas efluentes

Radioactividade - queima de combustíveis - cancros e outros problemas gra- - não utilização de combustíveisnucleares ves de saúde nucleares

- consumo excessivo dos recur- - esgotamento progressivo dos - sensibilização pública para a

Má gestão dos recursos naturais sos naturais recursos falta de recursos-pouca aposta nas fontes de - aumento dos preços dos com- - emprego de energias alternati-

energia alternativas bustíveis vas

-destruição da fauna e flora

Chuvas ácidas - queima de combustíveis fósseis aquáticas - controlar a emissão de gases- estragos em edifícios e outros para a atmosfera

bens

- sobreexploração dos solos e flo- - abandono das populações nas - aproveitar solos abandonadosrestas - controlar as acções das indús-

Desertificação / desflorestação - poluição dos solos áreas mais desfavorecidas trias (extractivas, agrícolas,- chuvas ácidas - extinção de muitas espécies turismo, etc.]

- máquinas industriais - diminuição da capacidade audi-- falta de isolamento dos locais - insonorização dos locais (isola-ruidosos tiva mentos acústicos)- stress- hábitos (música alta, concertos - doenças neurológicas - cumprimento da legislaçãorock, stc.l

Ruído

Page 19: Ideias e projectos-1

DA AGRICULTURA PRIMITIVA AOS TRANSGÉNICOS

Durante dois milhões de anos, o Homem comeu alimentos crus ou alimentosque secava ou cozia ao solou em covas no interior da terra.

Esta agricultura primitiva daria lugar, depois, à agricultura tradicional, igual-mente natural, apenas baseada nas técnicas de cultivo e na melhoria das plantaspela enxertia, selecção e condições meteorológicas. Durou cerca de dez mil anos.

Mudaram-se os tempos e mudaram também as formas de produção e oshábitos alimentares.

Na década de 60 do século XX, um novo caminho se abriu à agricultura,parecendo levá-la ao paraíso - a chamada revolução verde: na procura inces-sante de maior rendimento das colheitas, passaram a ser utilizadas novas tecno-logias - uso de adubos, pesticidas, herbicidas, fertilizantes artificiais e maiorvariedade de plantas com melhor resposta à aplicação desses fertilizantes.

Da utilização de químicos e do aumento da eficiência agrícola resultou umaforte subida nos níveis de produtividade. Este entusiasmo levou os homens a subs-tituírem culturas tradicionais por culturas que ofereciam maior lucro.

A par dos reais benefícios, a revolução verde também originava prejuízos:degradação dos solos provoca da pelos resíduos químicos e, por arrastamento,poluição das águas - o "veneno" podia assim voltar às nossas mesas.

É neste contexto que surge uma nova revolução verde, por muitos denomi-nada "biorrevolução": continuada aposta no aumento da produção de alimen-tos (em quantidade e qualidade), mas, agora, tendo como base a manipulaçãogenética e o recurso às biotecnologias - aplicação de tecnologias nos sistemasbiológicos animal e vegetal.

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Page 20: Ideias e projectos-1

A TECNOLOGIA NOS ALIMENTOS

Estas novas tecnologias, associadas ao conhecimento, cada vez mais alargado, dagenética e da biologia celular moderna, vieram permitir quer a clonagem de animaisquer uma maior pesquisa agrícola para melhorar espécies de plantas. O grande arran-que destas modernas técnicas de produção aconteceria na década de 80 do século XX.Através da biotecnologia, foram testados no terreno cinco tipos de plantastransgénicas; em 1995, este número elevava-se já a um total de 707 tipos de plantasdiferentes. Entre as espécies geneticamente manipuladas, encontravam-se, desde logo,aquelas que são as mais importantes na alimentação humana e animal: milho, batata,soja, feijão, couves, maçãs, etc. Esta transformação das espécies, através da transferên-cia de genes, tem como objectivos conferir uma maior resistência a herbicidas, vírus einsectos e melhorar a qualidade dos produtos.

HÁ QUE DISCUTIR - ~ -- ----- ---- - --- ~--~ -- - - - - -- - -- --

Que perigos encerra a manipulação genética? Haverá já uma boa resposta?Ou continuaremos a desconhecer as verdadeiras implicações dos novosalimentos? Tornados meros produtos comerciais. serão eles totalmenteseguros para a saúde pública?

O Governo inglês. por exemplo. aquando do aparecimento das "vacas loucas".teve mesmo que mandar suspender o cultivo comercial de cereaisgeneticamente modificados. por entre as forças das multinacionais dabiotecnologia de um lado e das organizações ambientalistas do outro.

A preocupação com a segurança alimentar é já uma das grandes prioridadesda União Europeia. É obrigatória a rotulagem. por exemplo. da carne bovinapara saber com exactidão a sua proveniência e localização nos pontos devenda.

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Page 21: Ideias e projectos-1

PRODUÇÃO ALIMENTAR

A importância que assume hoje a produção alimentar faz comque as indústrias agro-alimentares representem o maior sector daindústria transformadora da União Europeia - os portugueses gas-tam, em média, um terço do seu orçamento familiar em produtosalimentares.

Uma das funções do processamento de alimentos é a conserva-ção: manter os alimentos em condições de serem utilizados atravésdo tempo e do espaço. A salga (através do sal) e a fumegação (atra-vés do fumo) são dois processos muito antigos inventados peloHomem para conservar alimentos no tempo.

É sabido que, quando expostos à temperatura ambiente, os ali-mentos tornam-se alvo de microrganismos que os deterioram.Hoje, técnicas e tecnologias muito elaboradas - esterilização, ioni-zação, embalagens de alta tecnologia, etc. -, onde o controlo datemperatura é determinante (o "quente" e o "frio" continuamactuais), asseguram essa conservação.

Por outro lado, o desenvolvimento de grandes cidades e a con-sequente concentração de consumidores longe dos locais de produ-ção obrigaram à conservação através do espaço, isto é, "conservarpara transportar".

O processamento de alimentos permite ainda "alargar a dieta"através do emprego de tecnologias na transformação de matérias--primas em alimentos - por exemplo, o processo de fabrico do pão.

De tudo isto resulta uma indústria agro-alimentar cada vez maisestimulada para a inovação tecnológica, dada a crescente competi-tividade do mercado onde, a cada-momento, são oferecidos ao con-sumidor novos produtos, enquanto outros vão desaparecendo.

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Page 22: Ideias e projectos-1

QUALIDADE ALIMENTAR

No processamento industrial de alimentos, pelas alteraçõesrovocadas, cada passo dos processos produtivos deve ser

ontrolado, com vista a poderem ser criados produtos de qua-e.

_ -ão sendo este um conceito objectivo e pacífico, podemos,i-"-"U:U-L, considerar os seguintes factores de qualidade:

- ensorial (produtos atraentes e saborosos);- nutricional (produtos ricos e equilibrados, em termos alimen-

tares);- microbiológico (produtos isentos de contaminações);- constância (produtos duráveis, isto é, mantendo as suas carac-

rerísticas no tempo). -

á no entanto, quem argumente que a lutaa ompetitividade e inovação das indústrias- -alimentares se traduz em lançar, com- - o comercial, pratos preparados que duram

a semanas ou frutos que se mantêm bem: co fora da estação, mas, em ambos os casos,

alidades gustativas deixam muito a desejar.

- farto de maçãs muito redondinhas e vermelhinhas• ora mas farinhentas e desenxabidas por dentro?

_ eras grandes e amarelas mas que ficam podres'm que deixam de estar verdes? De pêssegosortados sabe-se lá de onde em grandes camiões-coríticos. a que falta o sabor da fruta que amadureceuai? Já não pode nem ver legumes limpinhos e

-' inhos com os quais se fazem umas saladasépticas e sopas desconsoladas? Nem tomate criadoestufa que nunca fica verdadeiramente encarnado e

- sabe a Verão? E alfaces sem bichos nem restos dea mas duras e amargas que até fazem dó? Ou batatas. o bem embaladas mas que passam do castanho

- erde num ápice e são todas moles por dentro?

A TECNOLOGIA NOS ALIMENTOS

Por isso, ganha cada vez mais adeptos a deno-minada agricultura biológica - uma espécie deretorno à agricultura tradicional -, que põe à dis-posição dos consumidores produtos cultivadossem o recurso a compostos químicos, de queresulta um gosto mais natural.

Também já não pode nem ouvir os seus filhos dizer quenão querem comer fruta, que não gostam de salada eque detestam sopa. Ainda por cima, porque sabe que,com a fruta e os legumes que se vendem nas grandessuperfícies, eles até têm alguma razão ...

Se está farto de tudo isso e, ainda por cima, gosta depassear, não é tarde nem é cedo. Meta-se no carro, váaté às Caldas da Rainha e dirija-se à praça principal,onde todas as manhãs se realiza um mercado quevende fruta e legumes a sério, daquelas que aindacheiram e sabem como antigamente.

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Page 23: Ideias e projectos-1

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Greenpeacewww.greenpeace.org

Deixamos-te, a seguir, uma

listagem de alguns

organismos/instituições

vocacionados para a

problemática histórico-ambiental,

que poderás visitar pessoalmente

ou aceder via Internet.

Museu Nacional de Arqueologiawww.arquelogia.ipmuseus.pt

Ministério do Ambientewww.maotdr.gov.pt

Instituto Nacional de Resíduoswww.inresiduos.pt

Instituto de Conservação daNatureza (lCN)www.icn.pt

Liga Para a Protecção daNatureza (LPN)

www.lpn.pt

Gabinete de Planeamento ePolítica Agro-Alimentar (GPPAA)www.gppaa.pt

Instituto Nacional da Água(lNAG)www.inag.pt

Associação Portuguesa deAgricultura Biológica (AGROBIO)www.agrobio.pt

Ao longo deste tema apresentámos-te alguns conceitos impor-tantes e muitos dados e elementos capazes de nos levarem a umareflexão sustentada - assente no conhecimento - sobre a complexainterferência, ao longo da História, das técnicas e tecnologias naNatureza e sociedade em geral.

E nada melhor para o terminarmos que pegar na frase acimatranscrita do célebre escritor francês Vítor Hugo que, em plenoséculo XIX, manifestava' a sua tristeza pela indiferença muitasvezes sentida pelo Homem relativamente ao meio que o rodeia.

Expusemos atrás a "longa lista negra" dos grandes problemasambientais. É aí que vamos encontrar as respostas da Natureza.

Não é uma visão fatalista da situação pois, como vimos, assoluções existem. É, antes, uma realidade que nos deve preocupar eque cada um de nós tem o dever de combater. Para tal, é necessá-no:

- a educação e sensibilização ambienta] de todos os cidadãos;- um investimento em novas condições que nos conduza a um

desenvolvimento em harmonia com o ambiente;- perceber, afinal, que poluir agora e limpar depois torna-se

bastante mais caro e desvantajoso de que assegurar já a não polui-ção.

Definitivamente, o Homem tem de perceber que, tendo o poderde destruir, tem, também, o poder de enriquecer e preservar.

Page 24: Ideias e projectos-1

AS RESPOSTAS DA NATUREZA

o HOMEM PROVOCA ... A NATUREZA RESPONDE ...• Com a queima de combustíveis fósseis,

poluindo o ar.. • Com o sobreaquecimento do planeta (efeito. de estufa). O gelo nos pólos começa a derre-

ter. O mar começa a subir e a "engolir" terras.- • Com o aumento de tempestades.

• Com a diminuição dos stocks de água doce.• Com mudanças nas correntes marinhas e

redução das capturas de peixes.

• Com a destruição progressiva da camadado ozono.

• Com o aumento da ocorrência de cancrona pele.

• Com o stress e eventual morte de algunsorganismos.

• Com a alteração dos climas.

• Com a produção exagerada de resíduos e :RJ, 'r.desperdícios (aumento de consumo),poluindo o ar, a água e o solo.

• Com a diminuição da qualidade de vida., • Com o aparecimento de certas doenças e

debilidades.

• Com o aumento, muitas vezes descontro-lado, de efluentes domésticos, agrícolas eindustriais.

• Com a diminuição da qualidade da água.• Com a morte de peixes e plantas aquáticas.• Com a "morte" de alguns cursos de água.

• Com a utilização de combustíveis nuclea-res e a radioactividade.

• Com cancros, malformações e outros pro-blemas graves de saúde.

• Com a queima de combustíveis com altoteor de óxidos de azoto e enxofre.

• Com chuvas ácidas destruindo ou estra-gando culturas agrícolas e edifícios.

• Com a destruição das florestas (desflores-tação).

• Com alterações climáticas.• Com a extinção de muitas espécies.

'..• Com pior qualidade do ambiente.• Com instabilidades e crises mundiais.

• Com a sobreexploração dos recursos natu-rais não renováveis.

• Com alimentos "bonitos por fora" mas devalor nutritivo e sabor duvidosos.

• Com a contaminação dos solos através decompostos químicos artificiais (adubos,pesticidas, herbicidas, etc.).

• Com o crescimento global da população ••-.•.......r..:::"' •••

humana à face do planeta.""'4'_.,~ • Com o abandono de pessoas dos meios

rurais (desertificação). :;• Com pragas, doenças e fome. (Estes são

essencialmente problemas sociais.)

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