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CONSTELAÇÃO SEMÂNTICA DA MEDIAÇÃO MEDIAÇÃ O MEDIADOR NEGOCIAR INTERMÉDIO INTERMEDIAÇÃO MEDIA INTERMEDIAR MEIO MEDIAR REMEDIAR

Introdução à noção de mediação

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Uma introdução ao conceito de mediação e aos seus traços característicos.

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Page 1: Introdução à noção de mediação

CONSTELAÇÃO SEMÂNTICA DA MEDIAÇÃO

MEDIAÇÃO

MEDIADORNEGOCIAR

INTERMÉDIO

INTERMEDIAÇÃO MEDIA

INTERMEDIAR

MEIO MEDIAR

REMEDIAR

Page 2: Introdução à noção de mediação

MEDIAÇÃO: do latim mediatiointercessão, interposição, intervenção, mediação

1. Acto ou efeito de mediar; acto de servir de intermediário entre pessoas, grupos, partidos, 1. Acto ou efeito de mediar; acto de servir de intermediário entre pessoas, grupos, partidos, facções, países, etc, a fim de dirimir divergências ou disputas; arbitragem, conciliação, facções, países, etc, a fim de dirimir divergências ou disputas; arbitragem, conciliação, intervenção, intermédio.intervenção, intermédio.

2. Acto de agir como intermediário entre comprador e vendedor (no comércio);2. Acto de agir como intermediário entre comprador e vendedor (no comércio); 3. Procedimento organizado de conciliação internacional (na diplomacia); 3. Procedimento organizado de conciliação internacional (na diplomacia); 4. Processo pelo qual o pensamento generaliza os dados apreendidos pelos sentidos (na 4. Processo pelo qual o pensamento generaliza os dados apreendidos pelos sentidos (na

cognição);cognição); 5. Processo criativo mediante o qual se passa de um termo inicial a um termo final (na filosofia)5. Processo criativo mediante o qual se passa de um termo inicial a um termo final (na filosofia) 6. Sequência de elos intermediários (estímulos e respostas) numa cadeia de acções, entre o 6. Sequência de elos intermediários (estímulos e respostas) numa cadeia de acções, entre o

estímulo inicial e a resposta verbal do final do circuito (na psicologia)estímulo inicial e a resposta verbal do final do circuito (na psicologia) 7. Procedimento que objectiva promover a aproximação de partes interessadas na realização de 7. Procedimento que objectiva promover a aproximação de partes interessadas na realização de

um contrato, um negócio (no campo jurídico)um contrato, um negócio (no campo jurídico) 8. Procedimento que visa a composição de um litígio, de forma não autoritária, pela interposição 8. Procedimento que visa a composição de um litígio, de forma não autoritária, pela interposição

de um intermediário entre as partes em conflito (no campo jurídico)de um intermediário entre as partes em conflito (no campo jurídico)Dicionário HOUAISSDicionário HOUAISS

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“A mediação é um meio não judicial (oriundo da comunidade ou do Estado) de resolução alternativa de litígios (RAL) de tipo negocial ou consensual – que pode reportar-se a diferentes contextos ou relações entre sujeitos (familiares, de vizinhança, comerciais, laborais...- em que uma “intervenção amigável (de um terceiro) se distingue das formas autoritárias de resolução de litígios realizadas por uma autoridade pública (um juiz) ou por uma autoridade privada (o árbitro). Este terceiro não julga e pode ser convidado a intervir num litígio a vários títulos” (...) Este terceiro tem por única missão tentar ajudar as partes a encontrar uma forma de entendimento e apenas poderá certificar os termos de um acordo se este for estabelecido” (adaptado a partir de Pedroso, J; Trincão, C; Dias, J. P. 2001: 56)

MEDIAÇÃO: algumas definições

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“A mediação é antes de tudo um exercício de intervenção sobre as relações problemáticas entre as pessoas: é assim que é definida pelos seus promotores e pelos seus práticos. Ela constituiu-se como modo autónomo de resolução de conflitos interpessoais (...) no entanto tem-se desenvolvido sob o impulso de uma vontade política de responder a problemas sociais, a comportamentos que colocam em perigo a paz social, “incivilidades” que seriam o fundamento de um crescimento da insegurança e da delinquência.” (Milburn, P. 2002 : 51)

MEDIAÇÃO: algumas definições

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“A mediação é geralmente definida como a intervenção numa negociação ou num conflito de uma terceira parte aceitável, tendo um poder de decisão limitado ou não autoritário, e que ajuda as partes envolvidas a chegarem voluntariamente a um acordo, mutuamente aceitável com relação às questões em disputa. A mediação pode também estabelecer ou fortalecer relacionamentos de confiança e respeito entre as partes ou encerrar relacionamentos de uma maneira que minimize os custos e os danos psicológicos” (Moore, C. 2005:28)

MEDIAÇÃO: algumas definições

Page 6: Introdução à noção de mediação

“A mediação é a intervenção de um terceiro neutral em um conflito, com o propósito de ajudar as partes a resolver os seus problemas num ambiente seguro. O mediador ou mediadora melhora o processo de comunicação ajudando as partes a definir claramente o seu problema, a compreender os interesses de cada parte e a gerar opções para solucionar a disputa. O mediador não impõe uma solução ao problema, e são as partes que mantêm sempre a responsabilidade de tomar a sua própria decisão. Portanto podemos definir que o papel da mediação consiste em facilitar uma discussão centrada nos interesses, mediante técnicas relativas ao processo e à comunicação entre as partes, que permita desvelar as preocupações e problemas das partes, implicando-as na busca de soluções.” (Slaikeu, 1996 in Griggs, T. H; Munduate, L; Barón, M; Medina, F. J, 2005: 269)

MEDIAÇÃO: algumas definições

Page 7: Introdução à noção de mediação

“Quem diz mediação diz conflito de interesse e vontade de procurar a sua resolução por intermédio de um “agir comunicacional” a fim de evitar a escalada da relação de forças ou para evitar o “desligamento” dos sujeitos da sociedade civil.” (Delcroix, Catherine ; Varro, Gabrielle 2000 : 3)

MEDIAÇÃO: algumas definições

Page 8: Introdução à noção de mediação

MEDIAÇÃO: algumas definições

“Globalmente a mediação define-se acima de tudo como um modo de construção e de gestão da vida social graças à intermediação de um terceiro neutro, independente e sem outro poder que a autoridade que lhe reconhecem os mediandos que o terão escolhido ou reconhecido livremente”. (Guilaume-Hofnung, M. 2000 : 76)

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MEDIAÇÃO: algumas definições

““A mediação é um processo de resolução A mediação é um processo de resolução alternativa de conflitos, mediante o qual um alternativa de conflitos, mediante o qual um profissional imparcial ajuda as partes em disputa profissional imparcial ajuda as partes em disputa a chegar a um acordo para resolver a chegar a um acordo para resolver voluntariamente um conflito.” voluntariamente um conflito.” (Boldú & Carrasco, 2003)(Boldú & Carrasco, 2003)

Page 10: Introdução à noção de mediação

Debate: partir dos diferentes conceitos de mediação apresentados para...

Identificar domínios ou campos da mediação implícita ou Identificar domínios ou campos da mediação implícita ou explicitamente aí presentes;explicitamente aí presentes;

Assinalar traços característicos do processo de mediação;Assinalar traços característicos do processo de mediação; Apreender as finalidades/funções atribuídas à mediação;Apreender as finalidades/funções atribuídas à mediação; Caracterizar a acção dos mediadores aí pressuposta;Caracterizar a acção dos mediadores aí pressuposta; Caracterizar o contexto sócio-político e cognitivo que Caracterizar o contexto sócio-político e cognitivo que

legitima a necessidade e pertinência da intervenção da legitima a necessidade e pertinência da intervenção da mediação em diferentes domínios.mediação em diferentes domínios.

Page 11: Introdução à noção de mediação

Alguns marcos legislativos da mediação em Portugal

Resolução do Conselho de Ministros n.º 175/2001 Resolução do Conselho de Ministros nº 136/98 – Programa Nacional de

Prevenção da Toxicodependência - Projecto VIDA (VIDA-EMPREGO) Resolução do Conselho de Ministros n.º 4/2001 – Programa de

Prevenção da Criminalidade e Inserção dos Jovens «ESCOLHAS» Lei n.º 105/2001 de 31 de Agosto – Estatuto legal do mediador sócio-

cultural Portaria n.º 436/2002 de 22 de Abril – Regulamento dos Serviços de

Mediação dos Julgados de Paz Resolução do Conselho de Ministros n.º 192/2003 – Plano Nacional de

Acção para a Inclusão para 2003-2005

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Trabalho de grupo: partir dos discursos legais sobre a mediação em Portugal para identificar...

Finalidades da mediaçãoFinalidades da mediação

Características e funções dos mediadores Características e funções dos mediadores

Características do contexto social que Características do contexto social que justificam a emergência da mediação justificam a emergência da mediação

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Debate: discussão das definições teóricas e legais da mediação

Confrontar a análise dos textos legais com as definições Confrontar a análise dos textos legais com as definições apresentadas pelos diversos autores: o que acrescentam?apresentadas pelos diversos autores: o que acrescentam?

Qual o conceito/concepção de mediação com que nos Qual o conceito/concepção de mediação com que nos identificamos mais? E menos?identificamos mais? E menos?

Que elementos podemos encontrar na análise que Que elementos podemos encontrar na análise que realizámos para uma conceptualização da mediação sócio-realizámos para uma conceptualização da mediação sócio-educativa? educativa?

Há alguns elementos nestas conceptualizações que não Há alguns elementos nestas conceptualizações que não consideramos pertinentes no âmbito da mediação sócio-consideramos pertinentes no âmbito da mediação sócio-educativa tal como a pensamos?educativa tal como a pensamos?

Page 14: Introdução à noção de mediação

Autonomia conceptual da mediação

A sua autonomia conceptual resulta da A sua autonomia conceptual resulta da realidade do terceirorealidade do terceiro e e

do do carácter ternáriocarácter ternário do processo de mediação. do processo de mediação. A mediação é A mediação é um dos grandes conceitos da filosofia onde lhe é conferido um um dos grandes conceitos da filosofia onde lhe é conferido um valor positivo, associado à construção, à evolução, à superação valor positivo, associado à construção, à evolução, à superação (...) mas no estado actual do seu desenvolvimento consideramos (...) mas no estado actual do seu desenvolvimento consideramos demasiadas vezes a mediação como um meio ao serviço de demasiadas vezes a mediação como um meio ao serviço de outros modos de resolução de conflitos, assim, a mediação seria outros modos de resolução de conflitos, assim, a mediação seria o meio que deve conduzir a um arranjo do conflito através de o meio que deve conduzir a um arranjo do conflito através de uma conciliação entre as partes.uma conciliação entre as partes.

(Guilaume-Hofnung, Michèle, 2000)(Guilaume-Hofnung, Michèle, 2000)

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Autonomia conceptual da mediação

Autonomia em relação à conciliaçãoAutonomia em relação à conciliação

Autonomia em relação à arbitragemAutonomia em relação à arbitragem

Autonomia em relação à negociaçãoAutonomia em relação à negociação

Autonomia em relação ao conflitoAutonomia em relação ao conflito

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Christopher Moore (2005): “Elementos de definição” ACEITAÇÃO: as partes em disputa devem estar dispostas a que um terceiro

elemento entre na disputa e as ajude a chegar a uma definição; não significa fazer o que o mediador diz ou aceitar inequivocamente o seu envolvimento, mas subentende a aprovação da sua presença e a disposição para o considerar na resolução do conflito;

INTERVENÇÃO: significa entrar num sistema contínuo de relacionamentos, ficar entre pessoas, grupos; esse sistema existe independentemente do interventor; a intervenção de alguém externo é passível de alterar o poder e a dinâmica social no relacionamento conflitual, através da influência, do conhecimento ou informação disponibilizados ou da melhoria da eficiência dos processos de negociação;

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

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Christopher Moore (2005): “Elementos de definição”

PODER DE DECISÃO LIMITADO: Um mediador, normalmente, tem um poder de tomada de decisão limitado ou não-oficial; ele não pode unilateralmente mandar ou obrigar as partes a resolverem suas diferenças e impor a decisão” (p.30) (...) os mediadores trabalham para reconciliar os interesses competitivos dos disputantes, ajudando a examinar os seus interesses e necessidades e a negociar uma troca de promessas e a definição de um relacionamento que venha a ser mutuamente satisfatório e possa corresponder aos padrões de justiça de ambos” (p.30) O interventor não tem autoridade para tomar decisões, mantendo nas partes disputantes o poder fundamental da tomada de decisão;

PROCESSO VOLUNTÁRIO: implica uma participação por livre escolha e um acordo realizado livremente; os litigantes não são obrigados a negociar, mediar ou fazer acordos influenciados por nenhuma parte interna ou externa à disputa.

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

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Michèle Guilaume-Hofnung (2000): “Critérios da mediação”

A INTERVENÇÃO DE UM TERCEIRO: faz sair os parceiros (ou mediandos) de um face-a-face redutor;

A INDEPENDÊNCIA DO TERCEIRO: é capital que este terceiro seja verdadeiramente um terceiro, neutro, independente.

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

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Michèle Guilaume-Hofnung (2000): “Critérios da mediação”

A NEUTRALIDADE DO TERCEIRO: a neutralidade em mediação exige não só a ausência de parcialidade mas também a faculdade de distanciação por parte do terceiro. A faculdade de distanciação é uma forma mais subtil de neutralidade, já que requer da parte do mediador um esforço de lucidez em profundidade sobre si;

A AUSÊNCIA DE PODER INSTITUCIONAL DO TERCEIRO: o mediador não tem outro recurso senão a autoridade que lhe reconhecem os demandantes da mediação, porque a ele se dirigem, sem o constrangimento de uma qualquer instituição. A ausência de poder e a livre escolha induzem junto dos mediadores uma atitude activa, construtiva, facilitando a emergência de uma solução que terá de procurar com toda a autonomia.

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

Page 20: Introdução à noção de mediação

Oliveira, A., C. Galego, et al. (2005) – “princípios a que obedece a mediação como método de resolução de conflitos”

A imparcialidade ou neutralidade: considerando que a pessoa do mediador não deve representar nenhuma das partes, nem deve interferir no sentido de impor soluções;

A confidencialidade: assegurando às partes envolvidas sigilo e conferindo confiança para que se possa de forma aberta expor os problemas;

A voluntariedade: ambas as partes devem participar de livre vontade no processo de mediação/resolução do conflito.

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

Page 21: Introdução à noção de mediação

Boldú, M., R. M. Carrasco, et al. (2003) - “princípios da mediação”

Voluntariedade: apesar de ser muito defendida e de aparecer em muitas das definições de mediação, em alguns âmbitos da mediação vem-se discutindo o carácter de voluntariedade da mediação;

Imparcialidade: significa muito simplesmente não tomar partido por nenhuma das partes, manter uma distância emocional face às partes para evitar alianças e/ou coligações. Significa também observar as desigualdades que podem surgir numa relação assimétrica, para chegar a um equilíbrio entre as partes;

Neutralidade: esta noção usa-se muito dentro do campo da mediação particularmente referindo-se ao mediador. A neutralidade, nesta perspectiva, tem a ver com os sentimentos e emoções do mediador. Donde é importante reconhecer as transferências pessoais que as situações podem propiciar. A questão da neutralidade tem sido longamente discutida e posta em causa, desde logo porque a neutralidade absoluta não existe;

Confidencialidade: é o compromisso do mediador e das partes de não desvendar o conteúdo das entrevistas (conversas, reuniões) e dos acordos. Desta forma garante-se que a informação não será utilizada contra nenhuma das partes.

MEDIAÇÃO: elementos do conceito

Page 22: Introdução à noção de mediação

MEDIAÇÃO: elementos do conceitoTorremorell, M. C. B (2008): “elementos constitutivos da mediação”

MÉTODO ALTERNATIVOMÉTODO ALTERNATIVO DE RESOLUÇÃO DE DISPUTASDE RESOLUÇÃO DE DISPUTAS EM PRESENÇA DE UMA TERCEIRA EM PRESENÇA DE UMA TERCEIRA

PARTE (MEDIADOR)PARTE (MEDIADOR) NEUTRANEUTRA SEM PODERSEM PODER NUM PROCESSO INFORMALNUM PROCESSO INFORMAL DE NEGOCIAÇÃODE NEGOCIAÇÃO COM O OBJECTIVO DE CHEGAR A UM COM O OBJECTIVO DE CHEGAR A UM

ACORDOACORDO PACIFICAMENTEPACIFICAMENTE

A MEDIAÇÃO COMO TÉCNICA E ARTEA MEDIAÇÃO COMO TÉCNICA E ARTE REQUER O LIVRE CONSENTIMENTO REQUER O LIVRE CONSENTIMENTO

DOS PARTICIPANTESDOS PARTICIPANTES A QUEM PERTENCE A DECISÃO FINALA QUEM PERTENCE A DECISÃO FINAL PARA PREVENIR OU CURARPARA PREVENIR OU CURAR A MEDIAÇÃO COMO TRANSFORMAÇÃOA MEDIAÇÃO COMO TRANSFORMAÇÃO QUE PROMOVE O CRESCIMENTO QUE PROMOVE O CRESCIMENTO

MORALMORAL GERADORA DE REVALORIZAÇÃO E GERADORA DE REVALORIZAÇÃO E

RECONHECIMENTO RECONHECIMENTO A MEDIAÇÃO COMO COMUNICAÇÃOA MEDIAÇÃO COMO COMUNICAÇÃO BASEADA NUM PROCESSO DE BASEADA NUM PROCESSO DE

NARRAÇÃO NARRAÇÃO

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Sobre a difícil definição de mediação

Procurar proceder a uma definição genérica da mediação é uma tarefa árdua, Procurar proceder a uma definição genérica da mediação é uma tarefa árdua, tanto pelos tanto pelos numerosos contextosnumerosos contextos em que esta pode aplicar-se, como pela em que esta pode aplicar-se, como pela sua sua relativa novidaderelativa novidade (Boldú, M., R. M. Carrasco, et al, 2003)(Boldú, M., R. M. Carrasco, et al, 2003);;

A concretização de qualquer definição pode depender, tanto do A concretização de qualquer definição pode depender, tanto do campo de campo de aplicaçãoaplicação, da , da filosofia inspiradorafilosofia inspiradora, como das , como das influências de cada influências de cada disciplinadisciplina, pelo que , pelo que é provável que possamos encontrar variações entre é provável que possamos encontrar variações entre umas e outrasumas e outras (Boldú, M., R. M. Carrasco, et al, 2003)(Boldú, M., R. M. Carrasco, et al, 2003);;

“Tratar de definir a mediação não é, de modo algum, uma pretensão trivial; implica entrar num discurso teórico complexo, na medida em que provém de âmbitos disciplinares discordantes e se vê engrossada por um acumular de práticas ainda mais desconexas, se possível” (Torremorell, M, 2008:16)

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- A mediação consiste num processo de facilitação da comunicação no interior de um qualquer sistema, logo que aquela se encontre de algum modo dificultada, nomeadamente quando se verifica algum conflito;

- É uma forma de “negociação assistida” por um terceiro elemento, imparcial e tendencialmente neutro;

- É também uma forma de explorar o potencial positivo dos conflitos interpessoais, inter-institucionais, inter-étnicos ou outros

MEDIAÇÃO: uma possível síntese?

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- Pode ser, ainda, um meio eficaz de prevenção de conflitos, facilitando o diálogo, a tomada de decisões perante uma pessoa neutra, um meio de melhorar a compreensão mútua entre pessoas diferentes, de criar ligações mais fortes entre indivíduos dentro de uma comunidade e de procura de melhores formas de relacionamento interpessoal (Vasconcelos-Sousa, 2002);

- A mediação é também uma forma de “pedagogia sobre a negociação”, constituindo um meio de atribuição de poder aos cidadãos em geral e de promoção da cidadania, própria das sociedades democráticas.

Freire, Isabel Pimenta, 2006

MEDIAÇÃO: uma possível síntese?

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Os diferentes sentidos da mediação

1) sentido "comum": o sentido que advém da etimologia e 1) sentido "comum": o sentido que advém da etimologia e semântica: a mediação como intermediação e como semântica: a mediação como intermediação e como negociação;negociação;

2) sentido "canónico": a mediação como processo e como 2) sentido "canónico": a mediação como processo e como método alternativo de intervenção na resolução de conflitos: método alternativo de intervenção na resolução de conflitos: “A mediação é um processo de resolução alternativa de “A mediação é um processo de resolução alternativa de conflitos, mediante o qual um profissional imparcial ajuda conflitos, mediante o qual um profissional imparcial ajuda as partes em disputa a chegar a um acordo para resolver as partes em disputa a chegar a um acordo para resolver voluntariamente um conflito” voluntariamente um conflito” (Boldú, Carrasco et al, 2003)(Boldú, Carrasco et al, 2003)

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Os diferentes sentidos da mediação

3) sentido político, ético e filosófico da mediação:3) sentido político, ético e filosófico da mediação: A mediação como A mediação como modo de regulação socialmodo de regulação social: “: ““a mediação não pode ser apenas “a mediação não pode ser apenas

reduzida à resolução de conflitos, surgindo também como estratégia de reduzida à resolução de conflitos, surgindo também como estratégia de intervenção em problemáticas de integração na e da sociedade (...) a mediação intervenção em problemáticas de integração na e da sociedade (...) a mediação mobiliza um projecto de restauração de laços sociais, sustentando modalidades mobiliza um projecto de restauração de laços sociais, sustentando modalidades alternativas de gestão das relações sociais, tornando-se um processo alternativas de gestão das relações sociais, tornando-se um processo comunicacional de transformação do social e uma requalificação das relações comunicacional de transformação do social e uma requalificação das relações sociais” (Oliveira, A., C. Galego, et al, 2005:25-26), ou seja, um processo ao sociais” (Oliveira, A., C. Galego, et al, 2005:25-26), ou seja, um processo ao serviço da serviço da cidadania socialcidadania social;;

A mediação como A mediação como processo políticoprocesso político:“A mediação, tal como acreditamos que pode :“A mediação, tal como acreditamos que pode e deve ser desenvolvida, pressupõe um pequeno empurrão na direcção da e deve ser desenvolvida, pressupõe um pequeno empurrão na direcção da desejada coesão social, uma vez que, ao incluir os diferentes participantes num desejada coesão social, uma vez que, ao incluir os diferentes participantes num conflito, promove a compreensividade; ao aceitar diferentes versões da realidade, conflito, promove a compreensividade; ao aceitar diferentes versões da realidade, defende a pluralidade; e ao fomentar a livre tomada de decisões e compromissos, defende a pluralidade; e ao fomentar a livre tomada de decisões e compromissos, contribui para a participação democrática” (Torremorell, M, 2008:8)contribui para a participação democrática” (Torremorell, M, 2008:8)

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Os diferentes sentidos da mediação

3) sentido político, ético e filosófico da mediação:3) sentido político, ético e filosófico da mediação: A A dimensão éticadimensão ética da mediação: da mediação:“Deve ficar bem assente desde o início que a acção da mediação é tripla: “Deve ficar bem assente desde o início que a acção da mediação é tripla:

em primeiro lugar, trata-se de uma prática perante o conflito em que aquilo que aconselhamos é também em primeiro lugar, trata-se de uma prática perante o conflito em que aquilo que aconselhamos é também o que fazemos; em segundo lugar, a mediação não se encontra sujeita a preconcepções, ou seja, o que fazemos; em segundo lugar, a mediação não se encontra sujeita a preconcepções, ou seja, permite e facilita a inovação axiológica e a responsabilidade ética; finalmente, toma o facto de viver e permite e facilita a inovação axiológica e a responsabilidade ética; finalmente, toma o facto de viver e conviver em paz como objectivo teleológico das nossas comunidades, superando as intervenções conviver em paz como objectivo teleológico das nossas comunidades, superando as intervenções paliativas que pretendem apenas manter a ordem social” (Torremorell, M, 2008:9)paliativas que pretendem apenas manter a ordem social” (Torremorell, M, 2008:9)

A A dimensão filosóficadimensão filosófica da mediação: a mediação é a relação, o «entre». A filosofia da acção subjacente à da mediação: a mediação é a relação, o «entre». A filosofia da acção subjacente à mediação é a da «relação» (rapport). A relação não é uma qualquer coisa ou uma pessoa, é o mediação é a da «relação» (rapport). A relação não é uma qualquer coisa ou uma pessoa, é o entre-doisentre-dois pelo qual há “pelo qual há “doisdois”, é o espaço intermediário. Quando é accionada, a relação significa dinamismo, ”, é o espaço intermediário. Quando é accionada, a relação significa dinamismo, confrontação recíproca, acção. A relação entre os seres humanos, os grupos deve ser vitalizada, confrontação recíproca, acção. A relação entre os seres humanos, os grupos deve ser vitalizada, cultivada, desabrochada. A relação não suprime mas pelo contrário preserva a separação entre as cultivada, desabrochada. A relação não suprime mas pelo contrário preserva a separação entre as pessoas. Na mediação já não estamos numa relação de forças binária em que um termo predomina pessoas. Na mediação já não estamos numa relação de forças binária em que um termo predomina sobre o outro, mas numa relação de igualdade onde se mantém a alteridade, onde se preserva a sobre o outro, mas numa relação de igualdade onde se mantém a alteridade, onde se preserva a identidade de cada um dos dois pólos e onde os fazemos concertar, ser, falar, agir conjuntamente e identidade de cada um dos dois pólos e onde os fazemos concertar, ser, falar, agir conjuntamente e permanecendo eles próprios. A mediação não é somente um laço a recriar – como no caso de um permanecendo eles próprios. A mediação não é somente um laço a recriar – como no caso de um conflito ou de uma dissensão – mas sim de uma forma eminentemente positiva, criação de novos laços conflito ou de uma dissensão – mas sim de uma forma eminentemente positiva, criação de novos laços que não existiam ou são frágeis...seria interessante que todas as pessoas entrassem em mediação que não existiam ou são frágeis...seria interessante que todas as pessoas entrassem em mediação consigo mesmas, a reconciliar-se consigo, a construir projectos de futuro, a reflectir sobre as suas consigo mesmas, a reconciliar-se consigo, a construir projectos de futuro, a reflectir sobre as suas relações com os outros e a decidir melhorá-las(Six, J-F, 2002:110-111)relações com os outros e a decidir melhorá-las(Six, J-F, 2002:110-111)