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CENTRO EDUCACIONAL SESI - 109
3ºA – ENSINO MÉDIO
Leonardo Ronne
Trabalho Destinado a Disciplina de Português
Resenha do Livro: “Laços de Família”
Franca, 16 de Março de 2012
Laços de Família
1. Clarice Lispector
Clarice nasceu na Ucrânia, veio para o Brasil quando era criança. Desde
os 7 anos, já mandava contos ao semanário infantil, algo que a ajudou muito,
por mais que eles eram sempre recusados, as pessoas jamais saberiam que
ela iria estourar anos após.
Ainda estudante, Clarice escreveu muito jovem o seu 1° romance (Perto
do Coração Selvagem), em seguida, por ter sido algo que tenha causado um
certo impacto na época, ela já estava começando a ser uma pessoa entendida
no que estava fazendo.
Além de vários romances como A hora da Estrela e A Paixão, Clarice
ainda redigiu vários outros contos, e hoje, Clarice Gurgel Valente – (Clarice
Lispector), como está citado em sua Carteira do Sindicato dos Jornalistas do
Estado de Guanabara, é uma das mulheres que mais vende as suas obras.
Clarice, estava com câncer inoperável no ovário, foi hospitalizada, mas o
diagnóstico era desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977,
um dia antes de seu 57° aniversário
2. A Obra
São treze contos em que as personagens falam sobre o seu cotidiano, a
rotina sempre presente em suas vidas, suas relações com marido, filhos,
parentes, amigos e consigo mesmas.
O título é bem sugestivo e também irônico, uma vez que nos contos
esses laços familiares geralmente são fontes de afeto e de aprisionamento, os
responsáveis pela mesmice na vida das protagonistas ou mesmo pela
desestabilidade súbita num dia aparentemente comum, quando não se espera
nada acontecer. Clarice cria situações onde uma revelação, que desconstrói e
ameaça a realidade, desvela a existência e aponta para uma apreensão
filosófica da vida.
2.1 Narrador
Todos os contos são narrados em terceira pessoa, exceto “O Jantar”
que é narrado em primeira pessoa.
Nos doze contos em terceira pessoa, o foco narrativo caracteriza-
se pela onisciência do narrador, que desvenda a interioridade dos
personagens através de um movimento ora de cumplicidade, ora de
distanciamento em relação a eles.
A cumplicidade, ou adesão, ocorre por intermédio do discurso
indireto livre, da apresentação do fluxo de consciência dos personagens
femininos, como veremos no exemplo abaixo.
2.2 Linguagem
O mundo de Clarice é vivo e sensual, erotizado. Mundo carregado de
cheiros, frutos podre e adocicados, carne crua e sangrenta, cheiro de
cal, de maresia. A convocação de todos esses elementos e outros mais,
são recursos tidos como necessários para captar a vida, a existência.
Não a existência abstrata, exemplar, mas aquela que se entranha na
banalidade do cotidiano. E isso Clarice consegue captar, de modo
magistral, nos contos...
2.3 Personagens
Clarice constrói seus personagens, aparentemente descoloridos e
desinteressantes, nas funções que desempenham no universo familiar: a
dona-de-casa, o marido, os filhos, a avó, o genro, a nora.
Com ela, pela forma como faz das linhas pretextos de percepção das
entrelinhas, aprendemos a paixão da descoberta do humano, do
substrato inquieto da vida que se esconde atrás dos atores, no vão entre
o silêncio e linguagem, nos bastidores das representações de cenas
aparentemente banais.
Assim, os personagens de Clarice são o avesso dos papéis, das
funções que desempenham nos laços de família. E no entanto retornam
a estes papéis, como nós, leitores, retornamos da leitura dos contos:
preocupados com o que fazer, ameaçados pela iluminada fecundidade
do instante que vivemos.
2.4 Tempo/Espaço:
Clarice privilegia o espaço externo que surge repentinamente para
que o personagem mergulhe no verdadeiro espaço destacado na obra: o
si mesmo, incompreendido.
Cronologicamente, a mesmice da rotina impera nos contos,
entretanto, o fragmento de tempo em que esta rotina é suspensa para
que aconteça a explosão dos sentimentos, das sensações e das
emoções dos personagens transforma-se num infinito de duração não
mensurável em quantidade de tempo, fazendo-o psicológico.
3. Enredo
3.1 Amor
Segue as características dos outros contos este aborda o tema da
rotina incessante e cansativa que faz com que as pessoas vivam
automaticamente, sem prestar atenção na a sua volta.
Ana, uma mulher casada e com filhos, bem sucedida na vida familiar,
está no bonde voltando das compras quando vê, numa parada, um cego
mascando chicletes. Esta visão a desestabiliza emocionalmente: ela
sente ódio, piedade, prazer, bondade, uma doce náusea da qual
costuma fugir mergulhando no dia a dia, em especial quando cai à tarde
e não tem o que fazer, e se refugia nos serviços domésticos.
Sua bolsa de compras cai, alguns ovos quebram, e ela desce no
ponto errado. Entra no Jardim Botânico, observando em êxtase a
matéria bruta da vida; as árvores, as flores, a terra. O delírio ao qual se
entregaVA, misto fascínio e sedução, é bruscamente cortado pela
lembrança dos filhos, do jantar que faria aos irmãos com a sua família.
Ela retorna a casa, o jantar obtém sucesso, e a estranheza do dia se
esfumaça ao deitar-se para dormir, conduzida pelo marido.
3.2 A Menor Mulher do Mundo
Marcel Petre, homem do mundo e explorador, encontrou nas
profundezas da África Central uma tribo de pigmeus "de uma pequenez
surpreendente." E lá ficou sabendo que havia uma outra tribo, com seres
menores do que estes. Penetrando mais e mais na África Equatorial, no
seio da floresta úmida e quente, encontrou os menores entre os
menores pigmeus. E entre eles, uma mulher pequena e negra, ela tinha
apenas 45 centímetros de altura, foi apelidada de Pequena Flor.
Pequena Flor estava grávida e sua barriga brilhava. Ela se apaixonou
pelo explorador e a fotografia da pequena mulher foi estampada em
tamanho natural no jornal da Europa.
O explorador não entende que Pequena-flor o ame, pois na floresta
não há desses refinamentos cruéis - que se goste de mim e não do
dinheiro - e amor é não ser comido, amor é achar bonita uma bota, amor
é gostar da cor rara de um homem que não é negro, amor é rir de amor
a um anel que brilha.
3.3 O Jantar
Único conto narrado em primeira pessoa, nele é relatado o jantar de
um homem velho por alguém que de outra mesa do restaurante o
observa ora comendo tranquilo, ora desesperado apertando as têmporas
com as mãos.
O observador através desta imagem mergulha em suas próprias
contradições [o que percebemos pelo discurso indireto livre, também
presente neste conto], dolorosamente identificando-se com o velho,
tomado pelo êxtase da náusea. Quando o velho se retira do restaurante,
o observador sente-se ainda um homem: “Não sou esta potência, esta
construção, esta ruína. Empurro o prato, rejeito a carne e seu sangue.”
3.4 O Crime do Professor de Matemática
Enquanto enterra um cão morto encontrado na rua, no alto da colina
de uma pequena cidade, o professor de matemática, um senhor de meia
idade míope e frio, relembra sem nenhuma confusão, sem nenhum fio
solto, um outro cão que fora seu e que o fazia sentir-se um criminoso.
Este cão lhe ensinava a amar a sua imagem, isto é, com uma liberdade
e uma aceitação tão integral, que o incomodavam.
Sendo apenas um cão, José [o nome que lhe dera] o obrigava a ser
um homem, a exercer uma integridade de amor verdadeiro, que nada
cede e nada exige, o que o professor não suportara. Abandonou-o,
então, com a conivência indiferente da família - esse fora seu crime.
Mas jamais alguém o descobriria, como também não descobririam
que o cachorro constituía a possibilidade constante de um crime, uma
transgressão - o aprendizado do amor integral e verdadeiro - na vida do
professor.
Enquanto enterra o cão anônimo, o professor friamente raciocina que
assim está pagando um tributo ao cão que abandonou. Entretanto, a
lembrança dele transforma-se em saudade, a saudade em diálogo
comovido com o companheiro ausente, o diálogo em reconhecimento de
que o crime não tem remissão.
Ele, então, consciente de que procurava punir-se com um ato de
bondade e ficar livre de seu crime, desenterra o cão anônimo. Assim
renova o seu crime para sempre e desce as escarpas em direção ao
seio da família.
3.5 A Imitação da Rosa
Laura, casada com Armando, saiu de uma clínica psiquiátrica e
espera o marido e os amigos para irem jantar. Enquanto espera, analisa
sua imperfeição de mulher afeita à rotina, de coxas grossas, baixa, sem
filhos, chata e desinteressante. Enquanto isso, olhando uma rosa
perfeita que trouxera da feira pela manhã, acha-se sentada no sofá da
sala, como se fosse uma visita, esquecida por Armando e seus amigos.
Lera no colégio a Imitação de Cristo. Mas sentira, sem nem bem
entender por que, que imitar Cristo era a pior das coisas que se pudesse
fazer, porque o Cristo era a pior tentação. Devaneia, olhando as flores
que a empregada trouxera para a sala. Vai se afundando nos devaneios,
voltando a sentir o mundo daquele jeito que a levara à clínica. Uma
perdição, o mundo.
Quando, finalmente, Armando chega "Ela estava sentada com o seu
vestidinho de casa. Ele sabia que ela fizera o possível para não se tornar
luminosa e inalcançável. Com timidez e respeito, ele a olhava.
Envelhecido, cansado, curioso. Mas não tinha uma palavra sequer a
dizer. Da porta aberta via sua mulher que estava sentada no sofá sem
apoiar as costas, de novo alerta e tranqüila como num trem. Que já
partira."
3.6 Devaneio e Embriagues de uma Rapariga
Uma mulher portuguesa, com a ausência circunstancial dos filhos,
passa a devanear e a sonhar - Ela amava... Estava previamente a amar
o homem que um dia ela ia amar. Entra num estado de êxtase,
abanando-se em pleno calor do Rio de Janeiro: "O sol preso pelas
persianas tremia na parede como uma guitarra." Deixava a cabeça
rodar, imaginar e sentir. Até que adormeceu e o marido chegou.
Estava tão aborrecida que nem se importou com ele e nem aceitou
os carinhos que este lhe quis fazer. Permaneceu na cama, o marido
julgou-a doente. Mas ela "amava... Estava previamente a amar o homem
que um dia ela ia amar."
Ela começa a lembrar de um jantar que foi uma vez com o marido e o
patrão dele, não soubera bem o que lhe acontecera, mas um pé tinha
buscado o seu por debaixo da mesa. O que certamente lhe despertara
todo aquele fogo assemelhado a um cio sem fim.
Mas, para vingar-se de estar se achando uma cadela, resolve fazer,
antes que os filhos voltassem, uma grande faxina, julgando que, com ela
e através dela, aplacasse talvez o que sentira delirando, delirando.
3.7 Uma Galinha
Narra à saga de uma galinha que escapa de virar almoço. Tendo,
mais uma vez, o mundo restrito da pequena burguesia tradicional como
pano de fundo, o conto volta a insistir numa temática básica de Clarice: a
vida cotidiana incessante, que não se altera, muda apenas em alguns
aspectos, raramente duradouros, como no conto, em que no final, tudo
volta a sua normalidade e os hábitos convencionais não são
transformados.
Num domingo em família, a galinha que seria morta para o almoço
foge e, após muita perseguição, é recuperada pelo chefe da família. De
susto, bota um ovo, o que faz com que seja preservada e transformada
em rainha da casa até que um dia mataram-na, comeram-na.
3.8 Preciosidade
Uma adolescente de quinze anos guardava-se da vida com seus
sapatos, de ruídos feio como ela, temendo que a olhassem e assim
desvendassem o medo secreto que tinha de crescer, de se tornar
mulher. A preciosidade deste medo era seu maior segredo.
No ritual cotidiano de madrugar e pegar o bonde e um ônibus para
chegar à escola, um dia dois rapazes a seguem no trajeto a pé. Então,
quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação tocam-na tão
inesperadamente que ela percebe ser seu medo menor que o deles.
3.9 Feliz aniversário
A velha Anita, no dia em que completa 89 anos, é homenageada com
uma festa, organizada pela filha com quem mora: Zilda. Desde a
chegada dos convidados, percebe-se a mediocridade, a rivalidade e o
egoísmo que fazem das noras, dos genros e dos filhos se acotovelando
em torno da aniversariante, que fica horrorizada com que semeara.
No centro da mesa, um grande bolo açucarado. Anita estava sentada
ali há muito tempo. O filho mais velho acendeu as velinhas e pediram à
aniversariante para que cortasse o bolo. Com força, com raiva, “a velha
pegou a faca e sem hesitação, deu a primeira talhada com punho de
assassina”. Todos se espantaram e mais se espantaram quando ela
pediu:"- Me dá um copo de vinho!“.
Perguntaram se não ia lhe fazer mal. E ouviram todos o que
mereciam:"- Que vovozinha que nada! Explodiu amarga a
aniversariante. Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e
vagabundas! Me dá um copo de vinho, Dorothy!, ordenou.“ E todos se
espantaram, mas suportaram.
E ereta, sentada à cabeceira da mesa, a aniversariante pensava se
ia ou não haver jantar. "A morte era o seu mistério."
3.10 Mistério em São Cristóvão
Numa noite de maio, uma família que vive raro período de paz e de
entendimento vai dormir. De madrugada, três mascarados - um gato, um
touro, um cavalheiro antigo, com máscara de demônio - que iam a uma
festa carnavalesca param para roubar jacintos no jardim de casa da
família adormecida.
A menina magra, de dezenove anos, acorda e grita, os mascarados
fogem, e o equilíbrio difícil da família se desfaz: a avó de novo pronta a
se ofender por qualquer coisa, o pai e a mãe fatigados, as crianças
insuportáveis, toda a casa parecendo esperar que mais uma vez a brisa
da paz soprasse depois de um jantar. O que sucederia talvez noutra
noite de maio.
3.11 Os Laços de Família
Durante as duas semanas que permanecera em visita à filha
Catarina, a mãe hostilizara o genro e estragara o neto com guloseimas.
Catarina leva a mãe à rodoviária, que transforma-se em sogra exemplar
de exemplar; desculpa-se com a filha. Com o deslocar do carro, mãe e
filha se encostam repentinamente, "numa intimidade de corpo há muito
esquecida, vinda do tempo em que se tem pai e mãe. " Mas nunca
tinham , antes, se abraçado ou beijado.
Quando colocaram as malas no trem prestes a ir embora, a filha,
olhando a cabeça da mãe que aparecera na janela e constatou que ela
estava velha e que tinha os olhos brilhantes. Catarina teve , de súbito,
vontade de perguntar-lhe se fora feliz com seu pai.
Ao voltar para casa, olha o filho magro e nervoso e sabe que um dia
tudo será como o que hoje viveu: sem intimidade com o filho. Aproxima-
se dele, e resolvem ir ao cinema.
3.12 Começos de uma fortuna
Artur é um garoto obcecado por dinheiro. O conto gira em
torno das suas preocupações em como ganhá-lo. Indo ao cinema
com o seu colega Carlinhos, com Glorinha e uma amiga, Artur se
mostra mais preocupado em se está sendo explorado
financeiramente do que em se divertir.
É enfatizado a carência afetiva de Artur, que de forma
inconsciente procura compensá-la, pensando fixamente em dinheiro.
Assim começa sua 'fortuna', que na verdade é a manifestação
de sua profunda insegurança: o medo de pagar a Glorinha a entrada
de cinema, temendo ser explorado pela menina.
Primeiro ele à acusa interiormente de “fácil”, e, por fim, não
ocorrendo nada entre eles no cinema, ele a acusa do mesmo jeito,
agora por ter pagado a entrada em troca de nada
No final do conto, Artur está de novo na mesa da refeição,
falando de dinheiro com o pai. O dinheiro e o medo da exploração
escondem, assim, a carência e a insegurança de um menino solitário.
3.13 O Búfalo
Uma mulher rejeitada pelo homem que ama vai ao Jardim
Zoológico para aprender o ódio entre os bichos, mas consegue
encontrar amor. A girafa, o hipopótamo, os macacos, o camelo, e até
a vertigem na montanha russa ensinam-lhe mais e mais amor.
E ela, que precisava conhecer o ódio para não morrer de
amor, que se perdoasse mais uma vez estaria perdida, que só sabia
resignar-se, suportar e pedir perdão, finalmente defronta-se com um
búfalo, olha nos seus olhos e encontra o ódio que procurava. Seu
corpo tomba no chão e antes de baquear macio, em tão lenta
vertigem, a mulher viu o céu inteiro e um búfalo.
4. Considerações Finais
O leva o leitor a ter muita atenção não só com o que ele encontra
registrado, mas principalmente com aquilo não revelado nas linhas, o que está
implícito e o que vem nas entrelinhas trazem muito mais revelações, levando-
nos muitas vezes a questionar e até estranhar alguns comportamentos
apresentados pelas personagens em determinados momentos no conto.
O texto descrito por Clarice não segue a narrativa tradicional, apesar de
tratar-se do gênero literário narrativo, pois, para ela, narrar é o que importa, já
que encontramos muitos vazios literários onde as explicações ficam em aberto
sem um desfecho imediato. Sem falar nas repetições, que a cada instante
enfatizam determinadas situações vividas pelas personagens e a presença de
ambiguidades e de frases com aspas ou reticências.
Diante de tudo, foi possível verificar que passagens com duplo sentido,
repetições, vazio literários, ambiguidades, momentos epifânicos e análises
psicológicas, fazem de Clarice Lispector uma das maiores escritoras pós-
modernas.
5. Questões De Vestibular
I. (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos contos de Laços de
Família, seria correto afirmar que:
a) Para freqüentemente de acontecimentos surpreendentes para
banalizá-los.
b) Elabora o cotidiano em busca de seu significado oculto.
c) É altamente intimista, vasculhando o âmago das personagens com
rara argúcia.
d) É regionalista hermética.
e) Opera na área da memória, da auto-análise e do devaneio.
II. (UEGO) A respeito de Clarice Lispector, autora de Laços de Família,
entre outras obras é correto afirmar que:
(V) A tônica existencialista alimenta a progressão das personagens em
seu drama particular, explorando a fragilidade do ser ante o
compromisso inevitável da vida.
(F) Em Laços de Família, com exceção apenas de “O jantar”, todos os
doze contos são narrados em 1ª pessoa do singular.
(F) Laços de Família é um romance composto de treze capítulos
independentes que tematizam os dramas cotidianos vividos pela família.
(V) Laços de Família está impregnado de intenção crítica, perceptível à
medida que a contista arma seu jogo narrativo no interior do seio familiar
burguês, cuja insatisfatória rede de relações subjuga o ser humano,
condiciona-o e limita sua liberdade, em troca de valores ilusórios.
(V) Suas narrativas são centradas em momentos de vivência interior das
personagens - fluxo de consciência - que geralmente não seguem ordem
cronológica.
III. (FATEC) Com relação a Laços de família, de Clarice Lispector, é correto
afirmar:
a) A denúncia dos componentes repressivos da instituição familiar volta-
se principalmente para a educação moralista recebida pelas mulheres,
como se vê em Feliz aniversário.
b) Em O crime do professor de matemática, o narrador ataca o poder de
sedução dos professores, na defesa da valorização da moral familiar,
alertando contra os perigos do mundo social.
c) Em várias narrativas, a personagem feminina, vivenciando
experiências cotidianas, tem revelações fundamentais para sua vida
interior.
d) a força da personagem feminina, em contos como Amor, consiste em
transformar suas relações pessoais e familiares a partir de um ato de
revolta.
e) com personagens pouco habituais, como a galinha e a pigméia
Pequena Flor, o narrador revela que não há valor na cultura primitiva,
em comparação à vida das instituições modernas.
IV. (UEL) A próxima questão refere-se ao texto a seguir.
“Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre sua mãe e
seu marido, na hora da despedida. Durante as duas semanas da visita
da velha, os dois mal se haviam suportado; os bons dias e as boas
tardes soavam a cada momento com uma delicadeza cautelosa que a
fazia querer rir. Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem no
táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido se tornara o
bom genro. ‘Perdoe alguma palavra mal dita’, dissera a velha senhora, e
Catarina, com alguma alegria, vira Antônio não saber o que fazer das
malas nas mãos, gaguejar — perturbado em ser o bom genro. ‘Se eu rio,
eles pensam que estou louca’, pensara Catarina franzindo as
sobrancelhas. ‘Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha
ganha mais um’, acrescentara a mãe [...].”
(LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1982. p. 109-111.)
É correto afirmar que o texto foi extraído:
a) Do final do conto, que focaliza a visita de Severina, a velha, ao casal.
b) Da parte intermediária do conto, pois a parte anterior privilegia as
reflexões da velha, enquanto a parte seguinte, os pensamentos de
Catarina.
c) Do final do conto, após uma divisão de foco entre os pensamentos de
Antônio, o marido, e de sua esposa Catarina.
d) Do início do conto, e, após esta passagem, o foco continua voltado
para mãe e filha até se deslocar para os pensamentos do marido sobre
esposa e filho.
e) Do início do conto, pois, após esta passagem, o foco se volta para os
pensamentos de Catarina sobre a mãe, o filho e o marido.
V. (UEL) A próxima questão refere-se ao texto a seguir.
“Ainda estava sob a impressão da cena meio cômica entre sua mãe e
seu marido, na hora da despedida. Durante as duas semanas da visita
da velha, os dois mal se haviam suportado; os bons dias e as boas
tardes soavam a cada momento com uma delicadeza cautelosa que a
fazia querer rir. Mas eis que na hora da despedida, antes de entrarem no
táxi, a mãe se transformara em sogra exemplar e o marido se tornara o
bom genro. ‘Perdoe alguma palavra mal dita’, dissera a velha senhora, e
Catarina, com alguma alegria, vira Antônio não saber o que fazer das
malas nas mãos, gaguejar — perturbado em ser o bom genro. ‘Se eu rio,
eles pensam que estou louca’, pensara Catarina franzindo as
sobrancelhas. ‘Quem casa um filho perde um filho, quem casa uma filha
ganha mais um’, acrescentara a mãe [...].”
(LISPECTOR, Clarice. Laços de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1982. p. 109-111.)
Com base no texto, é correto afirmar que Catarina:
a) Sente um certo tédio por ser obrigada a participar do episódio de
despedida de sua mãe.
b) Diverte-se observando o constrangimento do marido e da mãe no
episódio da despedida.
c) Embora ansiasse pela partida da visitante, sente muita tristeza ao final
da visita da mãe.
d) Certifica-se de que a mãe e o marido, para sua tristeza, jamais
poderiam manter um bom relacionamento.
e) Compartilha do sofrimento vivenciado pela mãe e pelo marido na hora
em que se despedem.