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Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma prática social. Luiz Antônio Marcuschi Apresentação: Ângela Francisca Mendez de Oliveira & Áquila Mattos

Leitura e compreensão texto falado e escrito

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Trabalho sobre o livro de Luiz Antonio Marcuschi.

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Page 1: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma prática social.

Luiz Antônio Marcuschi

Apresentação: Ângela Francisca Mendez de Oliveira & Áquila Mattos

Page 2: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Nosso uso diário da línguaNosso uso diário da língua

O tempo dos estudantes está assim divido: (16h)

Ouvindo: 42% Falando: 32%

Lendo: 15% Escrevendo: 11%

Todos os que têm acesso à escrita podem desenvolver quatro habilidades no uso da língua: falar e escrever, ouvir e ler. Evidentemente, a distribuição do tempo no desempenho dessas atividades não é proporcional.

Ler e escrever são duas práticas sociais básicas, a ponto de “os índices de alfabetização serem fatos vistos como indicadores da saúde de uma sociedade e um barômetro do clima social” (GUMPERZ, 1986).

Page 3: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Objetivo:Objetivo: reflexões sobre a leitura e compreensão de texto reflexões sobre a leitura e compreensão de texto

1. Evidenciar a importância de tratar textos orais e escritos na escola, buscando desmitificar, assim, a dicotomia oralidade x escrita.

2. Esclarecer que a escrita não tem valor intrínseco e autônomo, distinguindo os indivíduos entre os incapazes de pensar logicamente (iletrados) e os capazes de tal (letrados).

3. Mostrar alguns dos mecanismos e fatores envolvidos na atividade de compreensão do texto, sugerindo maior respeito pela criatividade nas práticas escolares.

Page 4: Leitura e compreensão texto falado e escrito

1. Ouvir e ler como atividades criativas1. Ouvir e ler como atividades criativas

Falar e escrever, ouvir e ler são igualmente ações ativas, produtivas e criativas, portanto , não se deve considerar a compreensão dos textos falados e escritos como atividades essencialmente diversas.

Considerando que os alunos estão submetidos em mais de 80% do tempo à condição de ouvinte, ignorar a leitura dos textos orais é passar por cima do texto do professor.

É sugestiva a hipótese de que o rendimento escolar depende muito do texto do professor.

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Texto do Professor: Aula ExpositivaTexto do Professor: Aula Expositiva

MENOR RENDIMENTO MAIOR RENDIMENTO

Micromarcadores Conversacionais Macromarcadores Conversacionais

bem, olha, certo, né, entendeu, pausas preenchidas, hesitações, autocorreções contantes, etc.

como vimos acima; passando para o próximo ponto; em primeiro lugar, etc.

Ausência de Marcadores

Page 6: Leitura e compreensão texto falado e escrito

.Micromarcadores Conversacionais Ausência de Marcadores:

Não são típicos do texto formal esperado em uma aula expositiva.

Pouco própria do texto oral.

Funcionam em baixos níveis informacionais.

Favorecem processamento textual ascendente (bottom-up).

Organização textual muito compacta, exigindo maior familiaridade com o tema.

Impressão de desorganização discursiva. (mais próprios da conversação do que de aula expositiva).

Argumentos:Argumentos:Menor Rendimento Menor Rendimento

Page 7: Leitura e compreensão texto falado e escrito

.Macromarcadores Conversacionais

São mais próprios do evento comunicativo interacional tipo aula

Favorecem processamento textual descendente (top-dow), ou seja, compreensão por fatias ou blocos maiores.

Orientam, posicionam e organizam porções discursivas metacomunicativas.

Argumentos:Argumentos:Maior Rendimento Maior Rendimento

Page 8: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Desde que a criança se inicia na interação linguística ela o faz oralmente e esta continuará sendo sua modalidade comunicativa linguística predominante.

São inúmeras e diferenciadas as situações comunicativas a serem enfrentadas, de modo que o domínio da modalidade oral não representa o seu domínio em todo tipo de texto orais.

Se isto já ocorre na oralidade, a passagem para outra modalidade, a escrita, será mais penosa.

Page 9: Leitura e compreensão texto falado e escrito

2. Relações entre a fala e a escrita2. Relações entre a fala e a escrita

Texto Falado Texto Escrito

Plurissistêmico: fatores organizacionais verbais e não verbais (ex: prosódia e gestualidade).

Depende mais essencialmente do canal verbal.

Interação direta; mesmo tempo social; contextos comuns e imediatos; troca entre falantes; pouca fixidez temática; maior espontaneidade.

Monólogo, sem troca entre falantes; caráter mais público; menos envolvente; maior fixidez temática, compacidade, integração e elaboração.

Frequência de redundância ,repetições,elipses,autocorreções, marcadores ilocutórios

Diferentes mecanismos de organização sintática, semântica e pragmática.

Page 10: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Mas, tanto a fala quanto a escrita tem a ver com textos que serão contextualmente interpretados , ou seja, em ambas modalidades existe um contexto. Assim, “conhecimento pragmático do mundo e dos usos da língua serão sempre requeridos tanto dos ouvintes como dos leitores na interpretação da linguagem”.

As pessoas que usam uma linguagem marcadamente de dependência situacional (contexto) terão maior dificuldade na leitura do texto escrito.

Por que textos escritos são mais difíceis de compreender quando ouvido do que quando lidos?

Page 11: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Quando o texto não tem em si todos os sentidos objetivamente, o leitor deve ser ativo, produtivo e criativo em sua ação individual de ler. Mas o exercício dessa atividade supõe o domínio de regras e convenções sociais, podendo ser tido como uma prática social.

Quando nos faltam todos os apoios e evidências cotextuais e contextuais para a interpretação e compreensão de um texto, geralmente apelamos para contextos socioculturais ao nosso alcance.

O caso de um texto conversacional escritoO caso de um texto conversacional escrito: :

Page 12: Leitura e compreensão texto falado e escrito

O caso de um texto sem o seu contexto:O caso de um texto sem o seu contexto:

A compreensão de um texto não se dá somente na apreensão de significados, compreender uma sentença ou um texto exige também uma contextualização cognitiva.

O caso de um texto com endereço certo mas não expresso:O caso de um texto com endereço certo mas não expresso:

Como chegamos a saber que para compreender um certo texto temos que interpretá-lo não literalmente? Os aspectos gramaticais e contextuais nem sempre são suficientes.

Atos indiretos:Atos indiretos:

"as pessoas raramente especificam tudo o que pretendem comunicar" "as pessoas raramente especificam tudo o que pretendem comunicar"

Page 13: Leitura e compreensão texto falado e escrito

O caso de um texto conversacional:O caso de um texto conversacional:

Por que nos indagamos com frequência se entendemos o texto que acabamos de ler e não nos indagamos se entendemos o que nosso companheiro de diálogo acabou de dizer?

Para a compreensão de textos orais exige-se muita capacidade inferencial (raciocínio lógico) o que parece não faltar as pessoas, haja vista o fato de ser mais comum as pessoas se entenderem do se mal-entenderem.

Page 14: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Os textos apresentados tem o propósito de exemplificar alguns dos aspectos teóricos envolvidos na leitura, estabelecendo em que operam os processos de compreensão nos diversos tipos de texto.

Alguns aspectos interessantes envolvidos nos processos de compreensão são:

Algumas condições para a compreensão de texto:Algumas condições para a compreensão de texto:

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1. Condição de base textual2. Condição de conhecimentos relevantes partilhados3. Condição de coerência4. Condição de cooperação5. Condição de abertura textual6. Condição de base contextual7. Condição de determinação tipológica

Page 16: Leitura e compreensão texto falado e escrito

• Compreender é perceber relevância e estabelecer relações entre vários elementos.

• O ato de ler, apesar de ser individual, acha-se submetido às condições que se fundam nas práticas sociais.

• Mais do que um jogo de adivinhação a compreensão é um jogo de inferências comandado pelo conjunto das condições.

• A compreensão é um processo complexo que envolve percepção de elementos visuais, seleção de saliências textuais, predição de hipóteses, confrontação e testagem das hipótese, confirmação ou reconstrução para chegar a um ponto final.

• Um conversa entre amigos e uma conferência universitária obedecerão a estratégias de produção e recepção diferenciadas.

Então:Então:

Page 17: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Teoria da Cebola Semântica – Teoria da Cebola Semântica – DascalDascal

Camada Central (núcleo):Camada Central (núcleo): conteúdo proposicional.

Camada PeriféricaCamada Periférica: implicaturas conversacionais

Camada intermediáriasCamada intermediárias: crenças individuais, conhecimento de mundo, forças ilocutórias e outras.

A compreensão depende da interação entre as várias camadas e de uma resposta adequada ou congruente – “demanda conversacional”

Page 18: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Conclusão:Conclusão:

• Todo texto se apresenta como uma rede, constituída por vários fios, tais como a organização gramatical, a estrutura léxica, as informações objetivas, as pressuposições, as intenções, os conhecimentos prévios de mundo, etc.

• Quando o leitor/ouvinte entra em contato com um texto escrito ou oral, ocorre uma integração ativa de conhecimentos prévios de mundo (incluso socio-cultural) que geram uma dada interpretação.

• Logo, ato de ler não pode ser considerado como individual independente e sim um ato individual de uma prática social.

Page 19: Leitura e compreensão texto falado e escrito

Referência:Referência:

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma prática social. São Paulo: Ática, 1988.

Apresentação:Apresentação:Angela Francisca Mendez de OliveiraAngela Francisca Mendez de Oliveira

Áquila MattosÁquila Mattos