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LEOPOLDINA, OCUPAÇÃO E FORMAÇÃO: NOVOS ENFOQUES HISTORIOGRÁFICOS Natania A. Silva Nogueira nogueira.natania@ gmail.com

Leopoldina ocupação e formação

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Slides sobre a formação do município de Leopoldina (MG)

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LEOPOLDINA, OCUPAÇÃO E FORMAÇÃO: NOVOS ENFOQUES

HISTORIOGRÁFICOS

Natania A. Silva Nogueiranogueira.natania@ gmail.com

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Povoamento dos Sertões do Leste: antecedentes

• Pesquisas recentes abriram novas possibilidades para se entender a ocupação da região onde se localizava originalmente o município de Leopoldina.

• Ao contrário do que se acreditava há alguns anos, não podemos mais relacionar a ocupação dos Sertões Proibidos da Mantiqueira apenas à abertura do caminho novo e à crise da mineração.

• A ocupação da região foi, na verdade, facilitada pela abertura do Caminho de Cantagalo, que facilitou o transito de pessoas pela região.

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Adaptação do Mapa Político de Minas Gerais, 2009, IBGE, destacando à esquerda o trajeto do Caminho Novo e em cores o território onde se encontram acidentes geográficos mencionados na

correspondência de Pedro Afonso Galvão de São Martinho e nos requerimentos de sesmarias

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• O caminho do Cantagalo foi aberto por Pedro Afonso Galvão de São Matinho, que, segundo ordens do governador, deveria combater uma quadrilha de contrabandistas de ouro, chefiada na região pelo bandido conhecido como Mão de Luva.

• Mão de Luva tornou-se um personagem famoso graças à versão romanceada de sua vida e pela paixão que compartilhou com a princesa Maria I.

• Foi preso e capturado em 1786, pelo Alferes Joaquim José da Silva Xavier.

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Adaptação do mapa Politico de Minas Gerais, 2009, IGBE, destacando: à esquerda o Caminho Novo; o trajeto de Langsdorff em 1824, partindo de Barbacena; a provável primeira parte do trajeto de São Martinho em 1784, partindo de Santos Dumont e o Caminho do Cantagalo em

1786, no centro da figura.

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• Muitas terras foram doadas para famílias na forma de sesmarias. Inicialmente a produção era voltada para subsistência (feijão, milho, mandioca).

• A cultura do café só ganharia algum destaque nos anos finais da década de 1850.

• Registros de posse de terras ocorrem apenas na década de 1850, com a Lei de Terras. Até então, entre os documentos usados para identidicação de proprietários estão as as cartas de sesmarias e os censos.

• Um dos registros mais antigos de doação é do ano de 1813.

Formação do território de Leopoldina

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Requerimento de Sesmaria de 1813 – um dos mais antigos já encontrados.

Carta de sesmaria concedida a Felisberto Gonçalves da Silva, um dos sobrinhos de Tiradentes

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• Em 1822 Bernardo José Gonçalves Montes chegou ao território que hoje pertence a Leopoldina recebendo, como dote, duas sesmarias do sogro e da sogra.

• O povoamento ali fundado ficou inicialmente conhecido como Arraial do Feijão Cru.

• Tradicionalmente são considerados fundadores do Arraial do Feijão Cru o tenente Joaquim Ferreira de Brito e seu genro Francisco Corrêa de Lacerda.

• Mas, segundo Nilza Cantoni, Francisco foi apenas o loteador de terras das quais se apossou e de uma das sesmarias que os tios dele receberam.

• Seu sogro comprou parte de uma delas e fez uma doação de terras para que, em 1831, fosse construída a primeira igreja (onde hoje está a Igreja do Rosário) e as duas primeiras casas do arraial.

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N. 12 – Bernardo José Gonçalves Montes possue uma fazenda de terras de cultura de café --- no lugar denominado Socego por compra que fez a Felicianno Rodrigues Moreira e a sua mulher Eva Pereira das Neves a seis de outubro de mil oito centos e quarenta e um e anexas por trocas com o Procurador de Manoel Gonsalves Vallins a quatro de Abril de mil e oito centos e quarenta e um n’esta Freguesia de São Sebastião da Villa Leopoldina, cujas terras cultivadas em mattas virgens, regula (uma sesmaria) e dividense por um lado com D. Maria Vidal e o Comendador Manoel José Monteiro de Castro por outro com Donna Lucianna e José Ferreira Brito; e por outro com Joaquim Machado Neto e finalm.e com José Joaquim Cordeiro e José Zeferino de Almeida. Socego aos onse de Março de mil oito centos e cincoenta e seis. Bernardo José Gonsalves Montes. O Vig.º José Mª Solleiro.

REGISTRO DE TERRAS DE LEOPOLDINA – TP 114Tem de servir este Livro para o lanzam.to do Registro das terras desta freguezia de S.

Sebastião da Villa Leopoldina o qual vai por mim, numerado, e rubricado com o appellido de = Solleiro = de que uso, e leva no fim inserramento.

Villa Leopoldina 18 de fevereiro de 1856O Vig.º José Mª Solleiro

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• Um dos registros demográficos mais antigos é de 1834, encaminhado ao presidente da província em 1838, e que aponta, inclusive, a presença de escravos nas propriedades da região.

• No caso do censo feito nas propriedades de Bernardo José Gonçalves Montes foram identificados 11 escravos.

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Districto de S. Sebastião do Feijão Crú em 7 de setembro de 1838.

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• Em 1830 foi criado o distrito de paz e policia, em 1831 foi criado o distrito do Feijão Cru, que em 1837 transformou-se em distrito da Vila de São Manuel do Pomba.

• Leopoldina fez parte de Barbacena, depois Rio Pomba, São João Nepomuceno e, finalmente, a Mar de Espanha.

• Em 1854, o município de Leopoldina conquistou sua autonomia administrativa e, no dia 27 de abril daquele ano, através da Lei 666, criou-se o município da vila de Leopoldina. Sua instalação ocorreu no ano seguinte, no dia 20 de janeiro.

• Em 1861, a vila de Leopoldina, sede do município, é elevada à categoria de cidade.

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LEOPOLDINA E SEUS DISTRITOS

1. FEIJÃO CRU = Leopoldina, emancipado em 1854. 2. ANGU = Angustura, distrito de Além Paraíba. 3. AVENTUREIRO = Santo Antônio do Aventureiro, transferido para

Além Paraíba em 1880 e emancipado em 1962. 4. CAMPO LIMPO = Ribeiro Junqueira, distrito de Leopoldina. 5. CAPIVARA = Palma, emancipado em 1890.6. CONCEIÇÃO DA BOA VISTA = Conceição da Boa Vista, distrito de

Recreio. 7. EMPOÇADO = Cataguarino, distrito de Cataguases.8. ITAPIRUÇU = Itapiruçu, distrito de Palma. 9. LARANJAL = Laranjal, transferido para Cataguases em 1875 e

emancipado em 1938. 10. MEIA PATACA = Cataguases, emancipado em 1875.

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11. PIEDADE = Piacatuba, distrito de Leopoldina. 12. Pirapetinga = Pirapetinga, transferido para Além Paraíba

em 1880 emancipado em 1938.13. PROVIDÊNCIA = Providência, distrito de Leopoldina. 14. RECREIO = Recreio, emancipado em 1938. 15. RIO PARDO = Argirita, emancipado em 1962. 16. SANTA ISABEL = Abaíba, distrito de Leopoldina. 17. SANTO ANTÔNIO DO MURIAÉ = Miraí, transferido para

Cataguases em 1875 e emancipado em 1923. 18. SÃO JOAQUIM = Angaturama, distrito de Recreio. 19. SÃO JOSÉ DO PARAÍBA = Além Paraíba, emancipado em

1880. 20. TEBAS = Tebas, distrito de Leopoldina.

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A lavoura cafeeira

• Em 1856 o número de propriedades rurais chegava a 95 e a maior parte da terra estava nas mãos dos grandes proprietários, que tinham melhores condições de expandir o cultivo.

• Inicialmente cultivavam-se alimentos como milho e mandioca, comercializados na região.

• A partir da década de 1860 que a cafeicultura passa a ganhar interesse em Leopoldina.

• Na década de 1880, o município já era um dos maiores produtores de café e possuía um dos maiores plantéis de escravos de Minas Gerais.

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Fazenda Paraíso, distrito de Providência. Pertenceu ao Barão do Café Jerônimo Mesquita.

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• O crescimento da produção e a demanda pelo produto foram fatores que contribuíram para a instalação da rede ferroviária, que atendia diretamente as grandes cafeicultores.

• A chegada da ferrovia permite o aumento das margens de lucro por reduzir o custo do frete, o tempo e transporte e eliminar perdas.

• A Leopoldina foi a primeira estrada de ferro de Minas Gerais, cuja concessão veio com a Lei da Província de Minas Gerais n°, 1826, de 10 de outubro de 1871.

• A linha férrea da Leopoldina partia de Porto Novo da Cunha (Além Paraíba), onde terminavam os trilhos da Pedro II, com o destino final em Cataguases e um ramal em Leopoldina.

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Estação da Estrada de Ferro Leopoldina – Centro de Leopoldina (s/d).

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• A crise da cafeicultura no Brasil se agrava nos primeiros anos da República.

• Fazendeiros e empresários de Leopoldina, liderados por José Monteiro Ribeiro Junqueira procuraram de várias formas promover a diversificação agrícola da região.

• Foi incentivada a pecuária, foram implantadas novas culturas, foi criada uma escola de ensino agrícola.

• Também surgiram pequenas indústrias, com destaque para a têxtil.

• O ensino particular também colaborou para a econômica local.

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Gymnasio Leopoldinense antes da reforma - Blog do José do Carmo

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• Mas, muito diferente do que se pensa, a cafeicultura não foi abandonada com crise econômica de 1930.

• Foram muitas as iniciativas do governo federal, que através de programas, propagandas e publicações destinadas aos produtores, durante toda a Era Vargas, buscaram recuperar a lavoura cafeeira.

• O fim da cafeicultura na região pode ser atribuída a outros fatores, como, por exemplo, a a política de erradicação de cafezais na década de 60.

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Entre os anos de 1930 e 1940 há uma rica bibliografia acerca do café, inclusive muitos periódicos especializados (como diversos números da Revista do Instituto de Café de São Paulo). A quantidade deste material diminui durante a década de 1940, quando, ao que parece, o interesse pela cafeicultura vai se reduzindo gradativamente.

Fonte: arquivo da Coopleste

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• As Minas Gerais. http://www.asminasgerais.com.br/• BARROSO JÚNIOR, Leopoldina e seus primórdios. Rio Branco: Gráfica

Império, 1943.• BLASENHEIN, Peter. Uma história regional: a Zona da Mata Mineira

(1870-1906). In: Seminário de Estudos Mineiros: a República Velha em Minas. Belo Horizonte; UFMG/PROED, 1982; p. 73-90

• CAPELLA, Joana, CANTONI, Nilza. Vértebras do Caminho Novo pelos Sertões do Leste. Anais do IV Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo. Congonhas, 2013.

• Estudos de História de Leopoldina. http://cantoni.pro.br/ e http://cantoni.pro.br/blog/

• SACRAMENTO, José Antônio de Ávila. O “Mão de Luva”. Disponível em www.patriamineira.com.br, acesso em 11/06/2013.

REFERÊNCIAS