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Autora: Susete Aparecida Rodrigues Mendes Autora: Susete Aparecida Rodrigues Mendes

Livro digital folclore professora suse mendes

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...E foi assim que eu resolvi escrever as histórias contadas pela minha família pois, tenho esperança que meu filho e todos vocês contem também para seus filhos e garantam que a força da vida e a lembrança do passado jamais sejam esquecidas.Susete Mendes

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Autora: Susete Aparecida Rodrigues MendesAutora: Susete Aparecida Rodrigues Mendes

EDITORAÇÃO S use Me nde s TEXTOS S use Me nde s ILUS TRAÇÃO Monique Gabrie le Aguiari

Filho, foi por você e para você que voltei a ser como criança.

Procurei reviver minha infância, procurando compreender-te.

Descobrindo a criança que eu fui, descobri a verdadeira alegria de viver um dia por vez e cada minuto deste dia

como se fosse o último.Por isso sei que nenhuma técnica, além do meu amor há

de preparar-te melhor para a vida. O meu amor eu te entrego totalmente, e sei que este te proporcionará

grandes conquistas e muitas alegrias.Te amo muito!

Sua mãe Suse Mendes

Era uma vez...........................................................06

A Cuca e o Bicho-papão.......................................07

Iara ,a mulher peixe..............................................10

O Boto....................................................................13

A moça que virou Mula-sem-cabeça...................16

Lobisomem. apaixonado......................................19

Terminando............................................................24

Sobre a autora........................................................25

Sobre a Ilustradora................................................26

As histórias que vou contar, todo mundo diz que já conhece, mas,

acontece, que ninguém teve avós que contassem histórias tão

legais e inesquecíveis quanto os meus. Sendo assim, preste muita

atenção.

A CUCA Quando eu e meus irmãos éramos crianças, minha avó Maria, sempre contava histórias pra gente dormir. As histórias, que mais gostávamos e que mais tínhamos medo era da Cuca e do Bicho-papão. A Cuca é um bicho feioso, bem enrugado, verde e fedido e tem cara de jacaré. Quando as crianças não querem dormir e ficam fazendo bagunça, falando palavrões, ela vem pegá-las e as leva dentro de um saco de pano bem grande, para um lugar bem longe, que só ela conhece. Minha avó sempre contava a história de uma amiga dela do tempo que ela era criança. Ela se chamava Maria Salete, era uma menina linda, mas muito teimosa e desobediente. A mãe dela sempre, a colocava de castigo, mas não adiantava, virava e mexia ela estava aprontando. Cuspia nas pessoas quando passavam na rua, falava palavrões e quando chegava hora de dormir , ficava bagunçando com seu irmão mais novo. Até que numa noite de lua cheia no dia 22 de agosto, (dia do aniversário do saci-pererê), foi raptada pela Cuca e nunca mais voltou... O que a Cuca faz com as crianças????Isso é um mistério, que ninguém conseguiu desvendar até hoje.

A CUCA Quando eu e meus irmãos éramos crianças, minha avó Maria, sempre contava histórias pra gente dormir. As histórias, que mais gostávamos e que mais tínhamos medo era da Cuca e do Bicho-papão. A Cuca é um bicho feioso, bem enrugado, verde e fedido e tem cara de jacaré. Quando as crianças não querem dormir e ficam fazendo bagunça, falando palavrões, ela vem pegá-las e as leva dentro de um saco de pano bem grande, para um lugar bem longe, que só ela conhece. Minha avó sempre contava a história de uma amiga dela do tempo que ela era criança. Ela se chamava Maria Salete, era uma menina linda, mas muito teimosa e desobediente. A mãe dela sempre, a colocava de castigo, mas não adiantava, virava e mexia ela estava aprontando. Cuspia nas pessoas quando passavam na rua, falava palavrões e quando chegava hora de dormir , ficava bagunçando com seu irmão mais novo. Até que numa noite de lua cheia no dia 22 de agosto, (dia do aniversário do saci-pererê), foi raptada pela Cuca e nunca mais voltou... O que a Cuca faz com as crianças????Isso é um mistério, que ninguém conseguiu desvendar até hoje.

O Bicho-papão O Bicho-papão é primo da Cuca, tão feioso quanto ela, ele tem um olho só. Os dois sempre usam a mesma tática, carregam um saco grande e o arrasta pela noite afora, procurando crianças desobedientes e bagunceiras que não querem dormir. Um dia um menino chamado Huguinho, desobedeceu a mãe e saiu para soltar pipa no campinho que ficava, bem longe de casa. Ficou brincando o dia todo e nem percebeu que tinha ficado noite. Quando percebeu ficou desesperado e resolveu cortar caminho pela trilha do matagal, contudo, ficou muito tarde e ele estava muito cansado. Viu uma casinha abandonada, ali perto e resolveu descansar lá, até o dia amanhacer. O Huguinho voltou pra casa? Onde ele foi parar? Sei lá, só sei que a Cuca e o Bicho-papão dividem o mesmo lugar para prenderem suas vítimas. Acho melhor a criançada tomar cuidado e, parar, de desobedecer, porque esta dupla não está para brincadeira.

Agora, quem contava história boa mesmo e de arrepiar era o vovô Zé Domingos.

Ele e seu amigo João costumavam pescar uma vez por semana. Numa sexta-feira, saiu de Pioneiros , pacata cidadezinha do Interior de São Paulo, no final da tarde para mais uma pescaria, neste dia o seu amigo não quiz ir, pois, era sexta-feira treze e de lua cheia. Na verdade, João tinha medo da história que o povo da cidade contava e lembrou meu avô, mas ele não acreditava nestas besteiras e foi sozinho mesmo.Nesta cidadezinha corria um boato que no Rio... Onde pescavam havia uma moça bonita que cantava muito bem e todo pescador que cruzava com ela nunca mais voltava.

Vovô, foi para a pescaria pensando naquelas tontices e ria sozinho. Chegou no local da pescaria, fez uma fogueirinha, abriu sua sacola , sentou-se à beira do rio e jogou a vara para pescar. Estava ali, bem distraído, quando ouviu alguém cantando, olhou para a direção de onde vinha o som e avistou em cima de uma pedra no meio do rio uma moça linda penteando seu cabelos com um pente de pura prata , olhando-se no espelho. Hipnotizado pela beleza e encantadora voz da moça,resolveu chegar mais perto, quando percebeu ,que ela não tinha pernas, no lugar delas havia uma longa cauda de peixe. Lembrou-se, então do alerta que seu amigo João lhe fizera:”Se você ouvir um belo canto à beira do rio, cuidado!!!Pode ser o canto da mulher peixe.Foi quando escorregou e caiu. Plaft! Acordou e saiu correndo , ficou com tanto medo que fez xixi nas calças.Nunca mais saiu pra pescar! Se não fosse aquele escorregão, ele não ficaria vivo pra contar esta história!!

Vocês podem até dizer que é conversa de pescador, mas eu nunca duvidei do vovô, e sei também, que todo mundo que mora lá pelas bandas de Pioneiros, confirma esta história. Teve um bailão na casa do amigo do vovô, o João, lembra? Era uma festança danada de boa, aniversário da filha mais nova dele, afilhada do vovô. Noite de lua cheia, todo mundo na maior alegria, dançando e cantando. De repente chegou lá um moço que ninguém conhecia, muito bonito de terno branco, perfumado e sedutor. As mocinhas se derreteram todas com o olhar profundo e apaixonado do rapaz, que segundo vovô era excelente dançarino. Dança aqui, dança ali. Lá pelas altas horas da madrugada, marcou encontro com a filha do João, à beira do rio.

Após seduzir a moça, o misterioso rapaz desapareceu nas águas do rio, deixando a coitadinha completamente apaixonada. Quando ele mergulhou no rio, transformou-se em um boto cor-de-rosa. Quem viu? O vovô é claro, ele era muito desconfiado, e por isso ficou de olho naquele rapaz do começo ao fim. Na verdade, ele já sabia, que naquela noite, iria acontecer uma boa história,

Esta história quem contou foi minha tia. Tia Nenzinha, carola até as tampas, não perdia uma missa.Ela tinha uma amiga muito assanhada, que se apaixonou pelo padre da cidade e ele apaixonou-se por ela também.

Os dois resolveram namorar, foi uma tragédia na cidade. Por que? Vocês já devem ter ouvido falar que moça que namora padre vira mula-sem-cabeça,né??

Pois é, numa sexta-feira de lua cheia, viram sair da casa da tal moça uma figura horrível, uma mula-sem-cabeça, no lugar da cabeça existia um fogo ardente. A mula saiu corrrendo pelas ruas relinchando tão alto que todo mundo ouvia mesmo a longa distância. Quem ouviu, disse que o relincho lembrava um gemido humano. No dia seguinte, encontraram a moça, lá no meio do canavial, perdida, chorando sem parar. E todas as sexta-feira era a mesma coisa.

Minha avó contou uma história de um rapaz que era apaixonado pela minha tia Nenzinha. Segundo ela o rapaz era feio, amarelo e muito magro, o sétimo filho de um casal que morava na fazenda vizinha, chamava-se Demerval. Um dia teve um baile no clube da cidade, como a fazenda ficava longe , os jovens se reuniam em grupos e iam caminhando pela estrada até chegar lá.

O baile foi numa sexta-feira de lua cheia, era lua bonita de doer, clareava tudo . No grupo de jovens que minha tia ia ao baile estava também o tal de Demerval, e assim todos foram caminhando pela estrada de terra iluminada pela lua cheia. Chegando lá dançaram e se divertiram muito, quando era quase meia-noite, resolveram ir embora pra casa, mas quando procuraram o Demerval, nada de encontrá-lo.

Perguntaram para um e para outro, até que alguém disse que tinha visto o Demerval sair correndo em direção da estrada, parecia estar passando mal. Todos preocupados, saíram correndo na mesma direção, atrás do Demerval, até que chegaram próximo a encruzilhada totalmente escura, iluminada apenas pela lua cheia e viram algo se arrastando pelo chão,

uivando feito lobo. Todo mundo saiu correndo com medo daquele bicho, conhecido na região como lobisomem. Minha tia, muito curiosa, ficou escondida atrás de uma moita e viu quando ele comeu um leitãozinho que estava perdido por ali e depois saiu correndo em direção ao cemitério. A curiosa, seguiu o bicho e quando chegou lá, procurou um espinho bem grande e pah! espetou o bum bum dele.Quebrou o encanto. Ele voltou a ser o Demerval e nunca mais virou lobisomem; pelo menos enquanto minha tia estiver viva, é claro!

Eu sei, que não contei nenhuma novidade para vocês, mas aqueles, que pensavam que estas histórias não passavam de lendas, dessas que as pessoas mais velhas contam para os mais novos na hora de dormir... Se enganaram, né?!

Agora está provado que é verdade! Estas histórias incríveis ,realmente foram vividas pelos meus avós , e quando nos contaram, foi só para ter certeza de que nós contaríamos para as outras pessoas do mesmo jeitinho que aconteceu. E foi assim que eu resolvi escrever as histórias contadas pela minha família pois, tenho esperança que meu filho e todos vocês contem também para seus filhos e garantam que a força da vida e a lembrança do passado jamais sejam esquecidas.

Susete Aparecida Rodrigues Mendes, professora graduada em Ciências Sociais e Pedagogia. Nasceu na cidade de Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo,em dezembro de 1963. Cresceu ouvindo histórias contadas pelos avós, pais e tias. Desde criança, acreditou em papai noel, bicho-papão, fada dos dentes, lobisomem, e outros seres estranhos, encantadores e assustadores.

Monique Aguiari, é artesã, residente em Jundiaí, cidade do interior do Estado de São Paulo. A ilustração deste livro, foi sua primeira experiência. Sempre achou que histórias infantis deveriam ser coloridas, assim como é nossa infância.Depois de ter confeccionado algumas peças em E.V.A( marcadores de livros, porta-retratos, lembrancinhas),foi convidada para ilustrar estes textos e gostou muito.