Luana a menina que viu o Brasil neném - Aroldo Macedo

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1. AROLDO MACEDO OSWALDO FAUSTINO s gw_a= __a ,2..a . . a 1 . 2. Tupiniquim:mbo Ind/ gem nu indvr'duc penen( i-nte a ela Bem a",onde tudo comeou_ __ Ela ainda estava muito atordoada: 4 Ei,moo,cad todo mundo? - Est todo mundo a. .. Quem voc?inh. ) nnnussa!( . id . i iuv Eu SOU Luana. " e voc?' O e ltabaji. .. sou o prncipe dessa nao.e Nao?Que nao? -A nao tupiniquim. .. de que naoQui- gente estranha em .1rLii| .i. '('. il(-lnx longm_ Hvlllx ('SUS, (lll1l)[)('qlll'll(l,pelo vi-rini-lhn-i-s( um i- ( l| ('l. l (l('pinturas. _ _ V ,, voc? ..._ e Sum qui- P u pi-ssiml (ln IImILi/ .ir/ J! Lll'.(. l(l(' n _ _ ~ A _ _ - Eu sou daqui mesmo,do Brasil,ora ' _ ( . trlinhns Brown,uniao?i 1 1 ' l l 1 i 1 bolas!l , Llflnd PNldV-I )('ll'llll)nll'l(l(llll1ldF0( l( ' gUHll',[NW _ _ A ,'g' ,. _ K y ,_ - Brasil?O que e BrasiRVoce esta fa- ' r. .. ln (le uma lUgUOIfJ,Aquilo imii um n t . HllKlP imn. , l _ l |l l ' l lando de pau-brasil. ? . u uv os mn) inn-s l()( ns,.Ii lll' . l 'cmo Oslmn 11.._ _ _ _ _ l l l l A Nao seja bobo.O Brasil e a terra da gente.'-"HIKJ":arvnre e " ~ Humm. .. no no.A terra da gente Pindorama."valiam v r _ _ _ (Ii/ almel/ tatla.Sua naao fica aqui perto?ncaariae um. .. E/ a - Escuta,Itabaji. .. me explique melhor essa histria de Im onsenv _ _ nonomz' naao e tudo o mais..m nao _,brasle .- Essa regiao toda se chama . ,_Tnr~arm.. n se.'x -gr* Pindorama,terra das palmeiras,c nela l 'E x* Ji ,v ^ existem muitas naes,povos diferen- tes,com costumes diferentes.A nos- sa nao tupiniquim,mas existem os povos tupi,guarani,aruaque,j,caraba,caov e muitos outros.- E como eu vim parar aqui? 3. . : :- Como que eu vou saber?- Acho que foi quando a chuva K parou. .. ~ Chuva?Ah,foi a chuva que trouvLuana nem ouve a expli- cao de ltabaji.Csmada, ela quer lembrar de onde xe voc aqui?Ento vou chamar j ouvw esse nome_ voc de Gota do Cu. .. _ Tanu___ quem mesmo De repente,uma cunhant,bem Tanu?pequena,olha para ltabaji,ri e cor- - ela. .. - Itabaji aponta,mas no v ningum.- Ei,re para o mato. .. cad aTanu?Hum,essa cunhant. .. j se enfiou no mato _ EL Tanu!vem conhecer a Gota de novo.Olha l,j est no alto do morro. .. Todo o dia do Cu__ a mesma coisa. .. V _ Tanu;Engmadom eu j ouv - Eu jogo capoeira,que uma espcie de dana.E ;Wi esse nome antes_ vocs,o que fazem aqui?_Tanu muno mkja,- Ns danamos o cricrili,a dana do grilo. ..menina do mato. .. nunca"Gente bota o pe' aqui. .. Purundum. .. brinca com os curumins. ..Depois bota o p ali. .. Purundum. ..805m de flca' 9 alm d g :Mexe o corpo,sacode,revira a cabea. ..morro olhando o mar. .. . * * ' ' Pula alto egrita. .. UI. ..Fica contando as gaivotas,_as babms que Surgem no Luana ri como nunca. .. ltabaji um prncipe muito meio das ondas.Diz que engraada _tem outros mundos no ou- 1 _ De repente' um gnto,, - Cooooooorre ente!Olha l no mar!tro lado de la.Depois des- _ .; ,' g - Sera um monstro? cc at a raia ara e ar -z _ _ p p p g .. f_ - Um peixe gigante?conchinhas.. .animar. : da ! nba [guarani,d. ; . aldeia Mona _ __ _ _ _ _ d. : ! laudas/ cz vm Ruc-Iheirns sm - Sera Tupa,que vem visitar o povo tupiniquim? 4. E eles chegaram do mar. ..l s olhos de Tanu brilham enquanto ela,no alto de um carvalho,no topo de um morro,vai contando a Luana e Itabaji o que estava observando: - Primeiro,eles eram bem pequeninos e estavam l longe.Depois,foram ficando mais perto,mais perto eforam Crescendo,crescendo,viraram gigantes. .. Um,dois, Caravela ~ rim/ Ia vela.comtrs. .. nossa,quantos! ...sete,oito. .. Olha quantos bra- os,quantos olhos,quantas asas! ...Onze,doze,treze. ..um a"= "' so treze e pararam ali no mar,bem pertinho da praia. ..tirada.m; EnquantoTanu vai contando,Luana e Itabaji sobem na rvore para ver tam~ bm.Ficam fascinados com o espet- culo que vem do mar. e Podem ser muito perigosos,mas so muito lindos!- diz o principe dos tupiniquns. e Mas aquilo no monstro nenhum,gente,so Caravelas. .. Caravelas. ? Os dois no imaginam o que seja aquilo que Luana falou. .. 5. - Isso mesmo.Caravelas.So navios e esto cheios de gente. - Gente? ~ . .. marinheiros. .. homens que atravessam o mar,para viver muitas aventuras. .. Olha l:j esto colocando bar-cos no mar e vo descer. ..Os olhos de Tanu querem saltar de sua face. .. Ela est morrendo de medo.ltabaj mais corajoso.Quer descer e esperar os tais marinheiros na praia.Tanu treme,fecha os olhos,resiste.Depois de muito insistir,Luana convence a amiguinha,e os trs comeam a descer o morro. ..Um dos barcos pra bem prximo praia.Os homens comeam a descer e vo caminhando vagarosamente em direo areia.Um deles,o mais alto e magro,barbudo,com uma roupa muito colorida,vem na frente,com uma bandeira na mo.Chegando praia,finca o mastro na areia e diz: - Eu,Pedro lvares Cabral,capito-mor da segunda esquadra portuguesa,a armada da ndia,tomo posse des- sas terras em nome de Dom Manuel,oVenturoso,rei de Portugal. .. 6. Bem-vindo,seu Cabral! uana pisca forte e comea a sorrir.-; _ 1: guiu saber onde aquele lugar e em c. .- ~ Ah,ento isso? ! Aqui Porto S .ho'e 22 de abril de 1500. Nesse mon J descoberto o Brasil.Gente!O meu pas e Um a um,os tupiniquins vo saindo dv de erto a uela ente estranha ue che: :- P q S q _ primeiro foi ltabajau,o pai de ltabaji.Depois u prprio Itaba'i e sua nova am uinha,Luana,c ue estaxa de mos l g l n;para ver(in mar.Odadas com a pequenina Tanu.Essa,porem puxava a mo e tentava escapar mato adentro. Valente como ele s,Itabajau foi direto aonde estava o homem barbudo,segurando a bandeira.Esse,que dis- se se chamar Cabral,tinha um monto de homens arma- dos ao seu lado. S um no trazia arma.Ele no parava de escrever num pergaminho com uma pena de ave,cuja ponta molhava num vidro de tinta. Cabral ditava para esse ho- .mem,que se chamava PeroVaz de Caminha,uma carta ; m ' QD 'V' " . - .~ - 75v>JW para o ru de,Ponugal.Mas,4:;_. ,"'; _f. ;:, '7 s. .. . .x mesmoquando o Cabral no s.JFEwV-_wgg_ ? ditava,o homem (toniinua- , j- d. ""x_'ZZ.M7773..rg._ /f.yfjwqJ ; fsyyk __ '_ . . . ~ , nv-v ~uy__;. vv' va cspevt ndn.Ele via (1.0!. .,323 - - - .'. ... - v a:..--r sas a quL nem seu c u( .9___j_'_'7 _rjZIQgJjJf-hrgg . ...41 4.. ., . ....wa1, . , . .-na no06conseguia ver_a. .. . p, A1 -. .sanar 9- "SJ -. JI "$421 A fa. .' . za . ..f**: .: :. >* ** 3'* . 'ways . ..J/ r._k_ . Q . ..7. j/ 734-/am_.v' zfnzrff... amd 9:2:: 7. Nenhum tupiniquim entendia o que eles diziam,mas ltabajau estendeu as duas mos para o homem barbu- do,que tambm estendeu as mos para ele,depois de ver que o cacique no portava arma.Ele no precisava.Era forte e estava em sua casa. Assim que as mos se tocaram,foi uma gritaria s en- tre os tupiniquns.Todos batiam ps e mos e comea- ram a soar os tambores. Luana tambm tocou seu berimbau,junto com os tam~ bores,e a festa ficou ainda mais alegre.Ela no sabia como,mas entendia tudinho o que os tupiniquins come- aram a cantar: "Bem-vindos a Pindorama,homens do mar!Que vieram montados em monstros de muitos braos e asas.A nao tupiniquim tem tudo o que vocs querem. Usem o que precisarem,mas,por favor,no destruam nada: Tudo isso pertence aos filhos dos nossos filhos. " 8. CO nome da nova terraabral e seus homens no entendiam as canes indge- nas,e alguns at acharam os tupiniquns meio bobos,por estarem to felizes.Teve dana,teve missa,teve pre- sentes que no acabavam mais.De repente,Cabral olhou pro povo tupiniquim e disse: - Como minha misso chegar ndia,vou considerar "misso cumprida".Aqui a ndia e,portanto,vocs to- dos so indios. ..Ningum entendeu nada. .. Mas,como s diziam coi- sas boas e certas para os homens do mar,os nativos co- mearam a rir e a fazer que sim,com as cabeas. ..- ndios,ndios,indios. ..Caminha se aproxima do capito-mor e sussurra: - Mas,seu Cabral,a gente sabe que aqui no a ndia coisa nenhuma.A ndia bem diferente.E,quando sair- mos daqui,vamos ter que seguir viagem para l. - Ah! mesmo? A,Cabral bateu palmas,pediu que todos se calassem e proclamou:-Tomei uma importante deciso.Vou chamar esta ter- ra de Ilha de Vera Cruz. ..Olha o chato do Caminha,cochichando de novo no ouvido do Cabral: - Mas aqui no uma ilha,Pedro. - No ?Ento escreve ai' que vou chamar de Terra de Santa Cruz. 9. Nesse momento,os tambores ribombaram mais alto e uma tupiniquim muito linda,com o Corpo todo pintado de vermelho,comeou a danar to bonito como eles nunca tinham visto antes. - Como ela pintou o corpo desse jeito?- perguntou Cabral a ltabajau. O chefe dos tupiniquns no entende o que ele diz,mas Luana sabe e responde.Nem ela mesmo sabe como sabe tanto. ..- tinta de pau-brasil,seu Cabral.Uma tinta que serve para pintar tudo de vermelho:roupas,cortinas,tapetes,o que voc quiser.Pau-brasil aquela rvore ali,o". .. 10. Os portugueses - era assim que se chamavam os ho- mens do mar,porque vieram de um lugar chamado Por- tugal - ficaram loucos por aquela planta e comearam a colher mais do que podiam carregar. Cabral coava a barba e pensava alto: - Isso vale ouro em minha terra. .. pau-brasil? ! Ta,gos- tei. .. Vou chamar esta terra de. .. Brasil! E o pobre escrivo Caminha foi obrigado a rabiscar de novo seu pergaminho e escrever o nome da terra que Cabral jurava ter descoberto. Tomara que ele no invente um novo nome,seno a carta do rei vai toda emporcalhada" ~ pensou Pero Vaz de Caminha,mas no disse nada,para no perder o em- prego de escrivo da esquadra.Os portugueses lotaram as Caravelas com tudo o que pu- deram,deixaram uns presenti- nhos bem sem graa para os tupiniquns e voltaram para o mar. No alto de um morro,ltabaj,ao lado do pa e de todo o povo tupiniquim,viu as Caravelas partindo,muito mais pesadas do que chega ram. .. Achava que aqueles homens,que eles cha- maram de pers,nunca mais iriam voltar.Av.pm tupi/ 11. "Quem dera isso fosse verdade! " - pensa,preocupada,Luana,lembrando o que ainda ir acontecer com esse povo e sua terra.E,para no ficar triste,comea a tocarberimbau: Derendm. .. derendm. .. derndem,derndem,derendm. ..Derendm. .. derendm. .. derndem,derndem,deren. ..TOlMMMA/ Ml De repente,o zunido:dzummmmm. .. dzummmmm. ..dzummmmm. .. e l vem o eco repetindo novamente: l,mundo d volta,Camar! "