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Curso: Línguas para as relações internacionais Disciplina: Teoria das Relações Internacionais Ano: 3.º 2014/2015 (1.º semestre) Marxismo: o capital e o proletariado Jessica Morais nº 29870

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Curso: Línguas para as relações internacionaisDisciplina: Teoria das Relações InternacionaisAno: 3.º

2014/2015 (1.º semestre)

Marxismo: o capital e o proletariado

Jessica Morais nº 29870

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Agradecimentos

“Dedico este trabalho aos meus pais por serem o meu pilar de segurança no

meu dia-a-dia, por me terem incentivado a fazer algo da minha vida, os meus

agradecimentos também vão para os meus irmãos que me apoiaram desde

que comecei o curso e finalmente dou os meus agradecimentos a uma pessoa

muito especial para mim, que me tem acompanhado no meu dia-a-dia, que me

tem dado forças para ultrapassar todos os obstáculos que aparecem, e dedico-

lhe este trabalho por ser quem é para mim e por saber que estará sempre ao

meu lado aconteça o que acontecer.”

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Sumário

1 Introdução...........................................................................................................................7

2 O pensamento marxista....................................................................................................8

2.1 A sociedade capitalista.............................................................................................9

2.2 A ditadura do proletariado......................................................................................10

3 Marxismo e o Estado......................................................................................................12

3.1 O Estado...................................................................................................................12

3.2 O socialismo marxista.............................................................................................13

4 Marx do ponto de vista nacional e internacional.........................................................15

5 Marxismo nas Relações Internacionais e a sua contribuição....................................18

5.1 A sociedade internacional.......................................................................................19

5.2 O poder e balança do poder...................................................................................20

Conclusão.................................................................................................................................21

Bibliografia................................................................................................................................23

Anexos......................................................................................................................................24

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Resumo

Marx não teve uma contribuição relevante nas relações internacionais e

nunca teve interesse pelo capitalismo, só o influenciou através do capitalismo

estatal. Isto é, o marxismo usou a teoria criada dentro do Estado e pô-la à nível

mundial. Apesar de ela restringir-se ao grau estatal, Marx não se preocupou

com o Estado, e acreditou na importância internacional do capitalismo. Marx

acreditava no alcance do capitalismo e na sua expansão, representando uma

força que se tornaria num modo de produção dominante. Assim, Marx

contribuiu para o progresso de uma crítica das Relações Internacionais. Para

ele, o capitalismo é entendido como constituição histórica e o Estado deve ser

visto como forma de organizar comunidades políticas. É importante salientar,

que o marxismo tornou-se conhecido por demonstrar que a produção de

riqueza no capitalismo consistia na exploração de uma classe subordinada por

outra classe capitalista, dessa forma, quando a primeira tomasse consciência

da sua condição iria lutar contra o sistema. Alias, Marx demonstrou outro

conceito importante: a alienação.

Os pensamentos de Marx desenvolveram-se pelo mundo embora não se

referisse aos Estados. Essa é uma causa do apoio de Marx ao socialismo

internacional que era o meio pelo qual o interesse comum dos trabalhadores

era formulado e interpretado em estratégia política. Essa nova organização

demonstrou capacidade para organizar revoltas. Destaca-se que as principais

contribuições de Marx eram: colocar homens e mulheres no centro da história

mas não como objetos passivos; demonstrar a exploração do proletariado pela

burguesia e finalmente a alienação.  

Outro fator importante do marxismo são as teorias da dependência que

demonstram o subdesenvolvimento como sendo o resultado do

desenvolvimento das forças produtivas globais. Com isso, é defendida a

condição de dependência dos países da periferia, o que salienta o seu

subdesenvolvimento. Logo, as relações internacionais são caracterizadas pela

exploração da periferia pelos países ricos através de mecanismos como a troca

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desigual do investimento direto e do financiamento aos desequilíbrios das

balanças de pagamento.

Por último, temos o estruturalismo marxista de Wallerstein, que tem a

sua teoria do sistema-mundo em conjunto com as teorias da dependência.

Esse sistema mundo diz respeito ao sistema Internacional como sendo uma

única estrutura integrada, sob a lógica da acumulação capitalista, ademais de

ser governado por leis que conduzem à exploração das economias pobres

pelas economias centrais. Resumindo, o marxismo é quase não é estudado

nas disciplinas de Relaçôes Internacionais, sem ser isso, sabemos que

existiram múltiplas tentativas de incorporar a análise do capitalismo em escala

mundial, contudo essas tentativas muitas vezes falharam.  

Palavras-chave: marxismo, teoria das relações internacionais, teoria da

dependência, contribuição

Résumé

Marx n'a pas de contribution pertinente dans les relations internationales

et il n'a jamais eu d'intérêt pour le capitalisme, seulement influencé par le

capitalisme d'État. C’est à dire, le marxisme a utilisé la théorie créée au sein de

l'État et la mise à un niveau mondial. Bien qu'elle soit limité au niveau de l'État,

Marx n’était pas préoccupé par l'État, et croyait en l'importance du capitalisme

international. Marx croyait en la portée du capitalisme et de son expansion,

représentant une force qui allait devenir un mode de production dominant.

Ainsi, Marx a contribué à la progression d'une critique des Relations

International. Pour lui, le capitalisme est entendu comme la constitution

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historique et l'État doit être considéré comme un moyen d'organiser les

communautés politiques. Il est important de mettre en évidence, que le

marxisme est devenu connu pour démontrer que la production de la richesse

dans le capitalisme se composait de l'exploitation d'une classe subordonnée

par une classe capitaliste, donc quand le premier est devenu conscient de son

état, il a commencé à lutter contre le système. D’ailleurs, Marx a démontré un

autre concept important: l’aliénation.

Les pensées de Marx se sont développées dans le monde, mais sans

faire référence aux États. C’est une cause de l'appui de Marx au socialisme

international qui était le moyen par lequel l'intérêt commun des travailleurs était

formulée et interprétée en stratégie politique. Cette nouvelle organisation a

démontré sa capacité à organiser des rébellions. Il est à noter que les

principales contributions de Marx étaient: mettre les hommes et les femmes au

centre de l'histoire, mais non comme des objets passifs; démontrer l'exploitation

du prolétariat par la bourgeoisie et enfin l’aliénation.

Un autre facteur important du marxisme sont les théories de dépendance

qui démontrent le sous-développement comme le résultat de l'évolution des

forces productives mondiales. Ainsi, la condition de dépendance des pays

périphériques est défendue, ce qui souligne son sous-développement. En ce

cas, les relations internationales sont caractérisées par l'exploitation de la

périphérie par les pays riches à travers de mécanismes tels que l'échange

inégal de l'investissement direct et du financement aux déséquilibres de la

balance des paiements.

Enfin, nous avons le structuralisme marxiste de Wallerstein, qui a sa

théorie du système-monde en commun avec les théories de la dépendance.

Ce système mondial concerne le système international comme étant une seule

structure intégrée, dans la logique de l'accumulation capitaliste, en plus d'être

gouverné par des lois qui conduisent à l'exploitation des pays pauvres par les

pays développés.

En résumé, le marxisme n’est presque pas étudié dans les disciplines

des Relations Internationales, malgré cela, nous savons qu'il y a eu de

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nombreuses tentatives d'incorporer l'analyse du capitalisme à l'échelle

mondiale, mais ces tentatives ont souvent échoué.

Mots-clés : marxisme, théorie des relations internationales, théorie de la

dépendance, contribution

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1 Introdução

Neste trabalho iremos abordar o pensamento marxista. Também iremos falar

do marxismo face ao Estado e as contribuições do marxismo nas Relações

Internacionais. Isto é, queremos descobrir se o marxismo teve alguma

contribuição a dar a área das Relações Internacionais. Se o facto de haver

poucas referências do marxismo nas Relações Internacionais tem a ver com o

facto dos autores marxistas se interessarem mais pelos fatores económicos

desfavorecendo os fatores políticos, principalmente o Estado.

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2 O pensamento marxista

2.1 A sociedade capitalista

Segundo Marx, o capitalismo apareceu por completo por volta do século

XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial. O objetivo dessa revolução era a

procura de capital, isso fazia com que a burguesia (que era a classe social

dominante) detivesse o poder. Nessa procura, o sistema económico não

apresenta nenhum obstáculo politico, moral ou ético para desapossar os

trabalhadores dos seus direitos.

Uma das obras mais reconhecida de Karl Marx foi “ O Capital” que retrat

uma investigação feita ao funcionamento das relações economicas.

Marx sustenta que no processo de produção capitalista, o homem tornou-

se numa simples peça da organização produtiva. Para Marx, o homem já não é

o proprietário das suas ferramentas de trabalho, ele não determina o ritmo de

produção e nem sequer controla o processo de produção, isto é, a repartição

do trabalho. Basicamente, o homem já não tem controlo em nada. Isso levou, a

que o homem não se identificasse no produto que fez, e assim perde a sua

identidade enquanto sujeito.

O facto da alienação do produto levar a alienação do homem fez com

que, as relações interpessoais passam a ser avaliadas pelas mercadorias e

pelo dinheiro, e mais que isso, os proletários obtêm um caráter de mercadoria

por causa da força de trabalho ser vendida no mercado. Com isso tudo, o

trabalhador passa a ser um ser privado da sua essência humana.

No entanto, ao contrário de uma visão fatalista da história, Marx usa o

materialismo dialético para dar a conhecer como ocorreria a rutura da ordem

capitalista. Nesse momento, o trabalhador poderia tomar consciência dessa

situação de opressão e daí, movimentar-se como classe social para promover

a sua libertação, por meio de uma revolução. Logo, seria da própria situação de

exploração que iria nascer a força da classe operária.

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Além da alienação a nível económica, também houve a alienação a nível

religiosa que foi influenciada por Ludwig Andreas Feuerbach (filosofo alemão),

Marx diz que é preciso aniquilar a religião para que o homem se recupere a si

próprio, visto que para ele o único Deus do homem é o próprio homem. A

alienação religiosa fez com que o ser humano deixe de lutar pelo

melhoramento da sua condição social, crendo estar em deus a justificação para

a desigualdade do mundo capitalista.

Deste modo, Deus é quem decide quem é pobre ou rico, acabando com o

sentido da luta contra a desigualdade.

Para Marx, a principal missão de qualquer pessoa é de converter o

mundo de maneira a acabar com a alienação social e política, isto é, atuar para

eliminar a sujeição da classe operária pelo Estado burguês, isso faz com que

ele considere essa tarefa a principal para o movimento socialista para alcançar

o comunismo.

A sociedade capitalista iria criar os requisitos para a sua autodestruição e

a aparição da sociedade comunista, que se distingue pela anulação da

propriedade privada; pela igualdade, com a abolição das classes; pela justiça,

isto é, que a sociedade iria reclamar um esforço proporcionado a cada

individuo das suas forças e ela irá retribuir de acordo com as suas

necessidades.

2.2 A ditadura do proletariado

A ditadura do proletariado é uma ideologia que esta baseada no Karl Marx

que supõe a conquista do poder pelos operários como única maneira de

converter a exploração capitalista. O progresso do capitalismo provocou um

conjunto de princípios que propunham romper com a suposta exploração do

sistema. Desde a Revolução Industrial, a estrutura do trabalho modificou-se.

Os trabalhadores deixaram de ter o controlo dos meios de produção e dos

produtos finais, passaram só a vender a força de trabalho à burguesia. Assim,

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originou-se um modelo de trabalho que se fundamentou na burguesia e no

proletariado.

Desejosos por lucros, os burgueses, donos dos meios de produção e

dos produtos, estabeleceram um peso de trabalho inconveniente sobre os

trabalhadores.

Visto que as relações de trabalho não tinham regras que dessem conta

da relação entre proletariado e burguesia, esta tirou proveito dos trabalhadores.

Com cargas horarias de trabalho excessivas, um salário baixo e uma

indistinção entre o trabalho de crianças e adultos, o capitalismo tornou-se

intenso no meio das sociedades criadas pela burguesia. Como resposta a esta

situação, os trabalhadores iniciaram movimentos de revolta que originaram

ideias politicas.

Karl Marx estabeleceu os fundamentos de uma nova ideologia

responsável por influenciar em larga escala os desejos dos trabalhadores. O

marxismo colocou numa situação de perigo a relação da burguesia com o

proletariado e espalhou a ideia de que os operários eram os únicos aptos, de

reverter o quadro exploratório.

Marx fazia propaganda do comunismo, acreditava que no decorrer do

sistema capitalista, o proletariado iria desenvolver uma consciência de classe

que estivesse apto a unir os trabalhadores em grandes quantidades.

A luta de classes, sendo a base do capitalismo, viria a ser revelada aos

trabalhadores.

O sistema capitalista para poder subsistir depende da luta de classes, no

que diz respeito a burguesia e ao proletariado, eles só existem em função um

do outro.

Entretanto a burguesia era privilegiada por possuir o controlo dos meios

de produção e ter o privilégio de explorar a força de trabalho, o que levava a

que tivessem benefícios privados.

Com isso, Marx referia que a burguesia apoderava-se injustamente da

diferença e contribuía para estender a distância social e económica entre

operários e patrões. Foi assim, que surgiu a noção de Ditadura do Proletariado.

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Conforme este conceito, o desenvolvimento da consciência de classe e

a exploração do capitalismo cediam aos operários a possibilidade de se a

classe social única com a aptidão de reverter a situação.

Por esse motivo, o proletariado deveria apoderar-se do poder da

burguesia por meio de uma revolta e estabelecer um regime do proletariado,

governado com pulso firme, para reduzir as diferenças sociais e facultar o bem-

estar coletivo.

Uma das primeiras tentativas de execução da Ditadura do Proletariado

aconteceu em 1871 na França que foi a Comuna de Paris. Mas após o

acontecimento, Marx avisa que não chega só conquistar o poder da máquina

estatal também é necessário pôr fim ao estado, já que este só existe porque a

sociedade está dividida em classes. Somente nisso se baseia a ditadura do

proletariado, no acontecimento revolucionário de expropriar os meios de

produção e romper a consequente resistência burguesa. Mas a medida que se

erige o socialismo, a ditadura do proletariado suscita o aumento de democracia

torna-se pela primeira vez na democracia das massas.

Marx, acreditava que o governo mesmo que seja bastante democrático

tinha sempre um aspeto de ditadura, isto porque, vivia num quadro de um

Estado e isso fazia com que estivesse garantido a conquista da classe

dominante. E segundo Friedrich Engels (revolucionário alemão) a utilização da

força pelo proletariado para expropriar os meios de produção seria um modelo

breve de Estado e consequentemente uma ditadura.

3 Marxismo e o Estado

3.1 O Estado

Marx vê no Estado um instrumento na qual existe uma classe que

controla e explora outra classe. Seria fundamental o Estado para proteger a

propriedade e seguir qualquer política em que a burguesia estaria interessada,

assim o Estado seria considerado como sendo uma espécie de assembleia

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executiva da burguesia. Marx e Engels no manifesto comunista (obra de Karl

Marx e Friedrich Engels que demonstrava as principais ideias do comunismo)

esclarecem que o poder político é simplesmente o poder formado por uma

classe para pressionar a outra. Assim verifica-se que a teoria de Estado é

derivada daquilo que Marx teorizava como classes sociais, onde existia uma

luta entre as mais diversas classes é o que carateriza a história da sociedade

que é formada por grupos de interesse organizado.

As classes que têm carater egoísta, não fazem caso dos interesses

nacionais, e muito menos as classes opostas.

Marx refere que as classes sociais não são só um grupo que partilha um

estatuto social. Para ele havia quem possuísse o capital produtivo que era a

classe exploradora, e havia os empregados que não tinham propriedade, estes

eram o proletariado.

Assim, podemos verificar que Marx deu uma certa definição a classe que

relacionou com a propriedade produtiva, isto é, que possuíssem capital ou não.

Isto porque, se estivessem associadas com a posição social, as classes de

renda distintas não compartilhariam os mesmos interesses.

3.2 O socialismo marxista

O socialismo marxista é uma ideologia que se fundamenta nas normas

propostas por Marx. Foi no século XIX que o socialismo teve origem, em que o

pensamento teve origem num momento em que o liberalismo era considerado

como sendo a ideologia principal o que marcou as conquistas capitalistas da

Revolução Industrial.

Este enquadramento reforçou o poder da burguesia na sociedade

contemporânea, que permitiu caraterizar um momento da história em que a

produção industrial ganhou bastante e isto originou uma grande explosão ao

nível do trabalho a favor do rendimento.

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Apesar de existir uma forte crítica ao liberalismo com a chegada do

socialismo, os primeiros pensadores socialistas acreditavam que a burguesia

reconheceria a exploração infligida aos trabalhadores e que isto levaria à que

houvesse uma alteração no sistema vigente.

Sendo que, a burguesia iria partilhar a sua fortuna e o seu poder, e a

sociedade iria conseguir alcançar uma maneira de vida comunista. Isto é quase

impossível sendo que a burguesia não iria abrir mão do que lhe pertence em

favor de uma sociedade comunista. Com isso, esta ideologia ficou conhecida

como socialismo utópico. Ao contrário desta corrente ideológica, Marx expôs

reflexões mais razoáveis para a sociedade poder conseguir ter um modo de

vida comunista. Com a exposição de processos e requisitos mais apropriados,

estes pensamentos tornaram-se bastantes influentes, principalmente, no século

XX.

Podemos dizer que o socialismo marxista também tem uma ambição que

é tentar alcançar o comunismo, porém por caminhos diferentes e mais

prováveis do que o socialismo utópico.

Marx formulou que a sociedade necessita passar por etapas até

conseguir os requisitos essenciais para o comunismo. Assim sendo, a

sociedade capitalista iria precisar desenvolver-se para que fosse permitido ao

proletariado controlar os meios de produção numa sociedade socialista e, após

isso, iriam existir condições necessárias para o comunismo. Essa corrente

também designada de Marxismo, entende o homem como um ser social e

histórico, e tem a sua base em conceitos materialistas e dialéticos da Historia.

A vida social é interpretada através do modo de produção e a luta de

classe em que ocorre.

A sociedade, segundo o socialismo marxista, é descrita como sendo

bastante materialista, isto é, dando muita importância as relações económica

que as atrevessem. Marx considerava que esta base económica seria o fator

principal dos aspetos políticos, culturais e religiosos. Devido a esse valor

concedido às questões económicas, a sociedade foi assinalada por uma

dialética que opõe dois grupos que são a burguesia e o proletariado. A razão

pelo qual o sistema capitalista funciona deve-se a facto de que a burguesia é

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quem possui os meios de produção e como o proletariado não possui nada a

não ser a sua força de trabalho, ele vende-a. O facto de a burguesia explorar o

mais possível os trabalhadores para conseguir lucros e do salario do

proletariado ser muitas vezes reduzido da origem a chamada luta de classes.

O socialismo marxista acredita que a tensão existente na mais-valia (que

designa a diferença entre o montante final da mercadoria produzida e a soma

do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria considerado a

base do sistema capitalista) iria promover uma união da classe proletária que

esta, a procura de uma sociedade mais justa, iria ter o controlo dos meios de

produção e aí iria passar esse controlo ao Estado, que estaria encarregado de

representar a colectividade. Este seria o contexto de uma Revolução Socialista.

Com o passar do tempo, o Estado já não iria ser necessário, se tivermos

em consideração que não existiria uma classe dominante na sociedade, e isso

levaria a que aparecesse a sociedade comunista. Para Marx, esta sociedade

seria a fase final na sociedade humana, isto é, deixariam de existir classes e

Estado, as decisões sobre questões económicas seriam tomadas de forma

democráticas.

4 Marx do ponto de vista nacional e internacional

A tradição socialista que tinha um modo de produção capitalista, tinha

como ideia de que a nação estava associada a um valor que era capaz de

ultrapassar as divisões da nação burguesa. Marx tentou perceber qual era o

sentido relativo da constituição da sensação de nação durante a imposição e

consolidação do Estado moderno.

Os socialistas afirmavam que o Estado nacional ainda estava preso a

algumas contestações do modo de produção capitalista, com esta situação foi

estabelecido o fundamento do Estados modernos. Com o aparecimento do

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capitalismo, voltou-se a definir o poder político e o aparecimento de um meio

para poder diferenciar o poder público do privado.

Marx nega essa divisão na medida em que essa tenta esconder a sua

correlação com as áreas pública e privada.

Se formos concordar com a ideia de soberano isto levaria a que tivéssemos

que aceitar as relações de alienação que se encontram na base do capitalismo.

Assim, podemos afirmar que Marx acreditava que o Estado era o resultado

dos desejos da nobreza e da burguesia que só queiram infligir as suas regras.

Isto faz com que se aceitarmos a imagem da nação, então a burguesia

poderá autentificar a sua autoridade. São essas as razões que permitem

afirmar que Marx não demonstra qualquer inquietação no que diz respeito as

relações entre os Estados. Os marxistas diziam que as relações de submissão

e poder seriam escondidas quando aparecesse uma igualdade definitiva das

nações.

Segundo aquilo que Marx afirma acerca da sua teoria, é nós possível

concluir que as teorias da RI não têm em conta os motivos que estabeleceriam

o sistema internacional e as suas alterações.

Alguns teóricos, não se preocupam com as contradições fundamentais do

modo de produção capitalista, alias, eles têm em consideração os problemas

que não seriam estruturais, apenas se trataria de obstáculos.

Em contraste a essa conceção, o estudo de tipo estrutural permite nos

entender as Relações Internacionais ao tentarmos percebe-las de maneira a

destacar as suas particularidades.

Em 1994, Rosenberg insinuou que o sistema internacional e as suas

alterações só podiam ser percebidos se entendêssemos de outra maneira o

sistema de Estados.

Como se sabe, Marx não realizou uma análise sobre o conceito de nação,

mas também não pôs de parte o assunto.

De acordo com o modelo de revolução apoiado por Marx e Engels, as

forças produtivas iriam expandir-se para poder incluir o mundo civilizado e

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nesse acontecimento iriam unir-se as várias lutas de classes, que já existiam

tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Com

esta situação, seria previsível que no futuro os socialistas não estivessem

propensos a dar autenticidade a instituições de natureza nacional.

O autor Mármora, refere que devia a ausência de um princípio de Estado-

nação causa a falta de uma teoria marxista de relações políticas internacionais.

Isto justifica se pelo facto do internacionalismo marxista não ter um significado

positivo das relações entre as nações no decorrer da passagem para o

socialismo, mas possui sim, uma contradição dessas teorias e da sua

necessidade.

Assim sendo, o assunto das ligações entre Estados não é fundamental.

Resumindo, as bases das Relações Internacionais são principalmente dirigidas

por relações sociais de prioridade.

Mesmo que o marxismo não pondere sobre as Relações Internacionais, ao

considera-las como relações entre os diferentes Estados, ele actua para

desfazer os fundamentos que que guiam e mantem a sociedade capitalista.

Essa crítica da sociedade é essencial para os marxistas e tem de ser inserida

no debate das RI. Podemos assim verificar que, a doutrina do marxismo é

capaz nos ajudar a perceber os períodos económicos e políticos, para

podermos tornar claro os motivos históricos que esclarecem a hegemonia no

sistema internacional.

O uso do marxismo tem como objetivo conseguir desfazer a ideia de

estado. Rosenberg refere que para podermos perceber qual o contributo que

Karl Marx teve nas Relações Internacionais, temos que entender o sistema de

Estados como sendo uma totalidade social. E acaba dizendo que a relação

politica entre o sistema dos Estados e a totalidade social tem origem nas

relações sociais de produção.

Marx afirma que para existir uma crítica do sistema capitalista é necessário

que haja uma revelação dos segredos do capital e do seu amontoamento. Não

podemos dizer se realmente existe uma teoria de relações internacionais

marxista mas pode afirmar-se que o marxismo em vez de clarificar as Relações

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Internacionais, torna a numa teoria que descobre os motivos das estruturas

dominantes dando origem as relações de poder entre os vários Estados.

5 Marxismo nas Relações Internacionais e a sua contribuição

Como se referiu no capítulo anterior, Marx não realizou um estudo

aprofundado acerca do conceito de nação e também não encontramos em

Marx uma observação no que diz respeito a Relações Internacionais. A

segunda situação pode ser causada pela visão que tem Marx da nação, esta

estando, para ele, ligada a noção de hegemonia burguesa. Se isto estiver

certo, então entender a natureza e as relações entre as nações exige que haja

uma compreensão das origens da hegemonia burguesa.

Marx nunca criou uma teoria de um sistema de Estados soberanos, pode

afirmar-se isto pelo facto de não existir um diálogo entre o debate marxista e o

progresso da disciplina das RI. Para além disso, Marx conseguiu descobrir qual

era a essência da soberania, exemplificando o facto de ser funcional em

relação a noção de independência do Estado face à sociedade.

Rosenberg acreditava que a ideia de relações internacionais, que foi uma

noção estabelecida por Marx e que servia para podermos perceber qual era o

conceito de mercadoria na época moderna, podia ser vista como uma

componente de adoração. Assim Rosenberg conseguiu determinar a existência

de uma certa aproximação entre a noção de anarquia aplicada por Marx e a

noção de anarquia usada nas Relações Internacionais, isto permite

percebermos que o conceito de anarquia esconde as relações materiais

realizadas entre as partes.

Autores, como Robert Cox, estão mais propensos a usarem conceitos

idealizados no século XX, principalmente os de Gramsci. É daí que surge a

teoria crítica. Cox, que estava inserido nessa teoria crítica, transfere a noção de

hegemonia de Gramsci, que dizia respeitoao dominide uma classe social sobre

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outra, para as Relações Internacionais. Deste modo, Cox demonstra que o

conceito de hegemonia apareceu para esclarecer não só a luta entre os

Estados e as relações de domínio, como também para explicar os outros

aspetos das relações de poder que se consolidaram sobre bases profundas.

Para Cox e Sinclair, a noção de hegemonia global é a solução para

esclarecer as relações internacionais, isto é, hegemonia global pode ser uma

ordem social, económica e política, mas verificamos que tem que ser as três,

não pode simplesmente ser só uma delas.

5.1 A sociedade internacional

Apesar de Marx e Engels não terem desenvolvido uma teoria das

relações internacionais, eles deixaram uma perceção dessas relações. É nos

possível verificar que não existe uma teoria marxista das relações

internacionais, mas estes autores idealizaram uma teoria geral da sociedade

internacional.

Eles veem a sociedade internacional como uma sociedade na qual os

principais atores são as classes sociais e não os Estados, estando as relações

internacionais imersas na luta de classes.

Eles referem no Manifesto Comunista (1864):

“… na mesma medida em que seja abolida a exploração de uma pessoa por outra, será

abolida a exploração de uma nação por outra. Enquanto desaparecerá o antagonismo de

classes dentro das nações, desparecerá a hostilidade de uma nação para outra…”

No pensamento marxista, a evolução do capitalismo teve como resultado

tanto a internacionalização da burguesia como a do proletariado, donde

apareceu a noção de internacionalismo proletário, isto é, da solidariedade

internacional do trabalho.

Em relação ao fenómeno colonial, próprio do seu tempo, é analisada

como sendo uma consequência da acumulação que teve origem do capital. Na

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sua busca de novas matérias-primas, a burguesia lançou-se na conquista

colonial.

5.2 O poder e balança do poder

O assunto do poder em Marx é um dos mais discutidos do seu racíocinio

a partir expetativa atual. Haverá realmente uma teoria do poder em Marx?

Podemos considerar que o poder não é uma coisa ou a qualidade de um

objeto em si que é conquistado, ele só existe em relação ao que está fora dele ,

isto é, acontecimentos históricos, condições sociais, algumas estruturas, etc.

O poder não é inerente, algo externo o torna possível, necessário e o cria.

Porém, o poder se encontra relacionado com algo, ele é o relacionamento. Aí

surge uma duvidá, se o poder é um relacionais então quais os objetos que

estao relacionados?

Não entre os homens e as coisa, embora o dominio de aqueles sobre

estas, sobre a natureza, estabeleça algumas relações de poder entre os

homens.

O poder pode ser considerado como sendo uma relação particular entre

as pessoas, em que os objetivos dela desempenham uma posição irregular.

Tratam-se de relacionamentos, em que uns dominam e subordinam, e outros

são dominados e subordinados.

Nas relações de poder, o poder de uns, não é o poder dos outros, deste

ponto de vista, notamos que existe uma desigualdade de poder em que a

dominação e a sujeição se sobrepôem.

No aspeto da dominação, são impostas, a vontade, as crenças e os

interesses de uns aos outros. E isto, independentemente do facto de a sujeição

ser aceita ou negado, de ser respeitada ou não à nivel interno ou externo, e ou

que a desobdiencia de grau externo assume uma forma de luta ou resistencia.

Marx na sua teoria dizia que havia uma quantidade limitada de poder na

sociedade, e que so podeia ser usado por uma pessoa ou um grupo de cada

vez. Também referia que estes “grupos” eram classes de operarios e

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governantes. Sob o capitalismo, a classe que dominava, detinha todo o poder e

usava-o para poder explorar o proletariado . Este, é um dos aspetos

fundamentais do marxismo.

Marx acreditava que a estrutura da sociedade era estabelecida pela

natureza da sua economia, isto é, se a economia fosse capitalista, entao a

sociedade iria actuar sob os valores capitalista.

Isso acontece porque o capitalismo designado de classe dominante, é o

proprietario dos meios de produção, o que quer dizer, que tem o poder de

controlar os seus operários, e isso leva a que vários países tenham a totalidade

do poder reunido nas mãos da classe que domina.

Ralph Miliband ( filoso político maxista) referiu que o poder político

também pertencia à aqueles que tinham o controlo da economia.

Os marxistas acreditavam que a classe que dominava, utilizava o poder

para socializar o proletariado com o objetivo que acreditasse nalguma coisa

contra a sua vontade, isto é, a burguesia usava e abusava do poder no sentido

de fazer com que o proletariado aceitasse a ideologia de classe dominante.

Esta situação é conhcecida como “falsa consciencia”, isto quer dizer que, os

operarios iriam dar conta que tinham aceite a ideologia da classe dominante

como sendo tambem a deles.

Com isto, os valores e a moral da burguesia iria ser aceite de maneira

universal na sociedade, permitindo assim, assegurar que a burguesia

continuaria a ter o poder.

Conclusão

Embora Karl Marx não tenha dado muita atenção ao estudo das Relações

Internacionais, possui uma série de contribuições possíveis para as Relações

Internacionais.Varios autores de pensamento marxista realizaram alguns

estudos dizendo respeito à relação entre os Estados.

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Uma das primeiras grande contribuição que o Marxismo teve nas Relações

Internacionais é o assunto da totalidade, isto é , Marx acredita que o mundo

social deve ser estudado inntegridade. Com a subdivisão academica do

mundo em varias áreas, os marxistas defendem a ultrapassagem dos limites

disciplinares das ciencias sociais. No que diz respeito às Relações

Internacionais, ele defendem a abertura da área para assuntos economicos na

ligação que tem com a política.

Outro aspeto importante do pensamento marxista que podemos referir, é a

concepção materialista da historia, ou seja que é preciso mentalizarmos nos

que os processos de alteração historica, são reflexos do progresso economico

presente na sociedade.

Com isso, podemos verificar, que apesar da teoria marxista não ser muito

falada hoje em dia, ela teve as suas contribuições para o estudo das Relaçoes

Internacionais. E principalmente que o Marx, permitiu-nós perceber os

acontecimentos que mudaram a formçao da sociedade, ou melhor, que fizeram

com que ja não houvesse desigualdade entre as classes.

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Bibliografia

https://www.marxists.org/archive/trotsky/1920/terrcomm/ch01.htm

https://crtandthecanadianidentity.wordpress.com/2012/03/21/crt-marxism-

ideologies-and-the-balance-of-power/

http://bobjessop.org/2014/03/27/marxist-approaches-to-power/

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_depend%C3%AAncia

Karl Marx's Conception of International Relations by Regina Buecker;

El “equilibriod el poder”, en la Teoria de las Relaciones Internacionales

de Esther Barbé;

Antonio Gramsci: un pensador poco convencional en las Relaciones

Internacionales de María Paz Berger & Ralf J. Leiteritz;

Relações de poder sob o olhar marxista e foucaultiano de Dinair Velleda

Teixeira;

Gramsci e a teoria critica das relações internacionais de Rodrigo Duarte

Fernandes dos Passos;

A contribuição marxista para o estudo das Relações Internacionais de

Tullo Vigevanii, Aline Regina Alves Martins, Manoela Miklos e Priscila

Rodrigues.

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Anexos

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