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COMISSÃO PERMANENTE PARA OS VESTIBULARES A Unicamp comenta suas provas

Mat exercicios resolvidos e comentados 017

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COMISSÃO PERMANENTEPARA OS VESTIBULARES

A Unicampcomentasuas provas

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Tom

ás V

ega

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Caderno de Questões

Uma publicação da CoordenaçãoExecutiva dos Vestibulares da Unicamp

ProjetoCoordenação Acadêmica

Coordenação de projetoEugênia Maria Reginato Charnet

Apoio gráficoCarmo Gallo Netto

Projeto gráficoGrafos Editoração e Comunicação

FotosAntoninho Perri

Coordenação ExecutivaMaria Bernadete M. Abaurre

Coordenação AdjuntaErnesto Ruppert Filho

Coordenação AcadêmicaEugênia M. Reginato Charnet

Coordenação de PesquisaMara F. Lazzaretti Bittencourt

Coordenação de LogísticaAry O. Chiacchio

Coordenação de Comunicação SocialCarmo Gallo Netto

Alex AntonelliAntonio Carlos do PatrocínioArício Xavier LinharesCarlos Alberto de Castro JuniorCarlos Roberto Galvão SobrinhoCristiane DuarteDouglas Soares GalvãoEdgar Salvadori de DeccaEnid Yatsuda FredericoFosca Pedini Pereira LeiteHaquira OsakabeIara Lis Franco S. C. SouzaJosé de Alencar SimoniLeandro Russovski Tessler

Lúcia Kopschitz Xavier BastosLuiz Marco BrescansinMaria Augusta Bastos de MattosMaria Elisa Quissak P. MartinsMaria Tereza Duarte Paes LuchiariMatthieu TubinoNúria Hanglei CacetePatrícia Aparecida de AquinoRegina Célia Bega dos SantosRodolfo IlariSandra Maria Carmello GuerreiroShirlei Maria Recco PimentelSírio PossentiVera Nisaka Solferini

Coordenadoria Executivados Vestibulares e

Programas Educacionais

Colaboradores

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Câmara Deliberativa do Vestibular

Representantes de Cursos

Arquitetura e UrbanismoSilvia Aparecida Mikami G. Pina

Artes CênicasVerônica Fabrini Machado de Almeida

Ciências BiológicasEneida de Paula

Ciência da ComputaçãoNeucimar Jerônimo Leite

Ciências da TerraRegina Célia Bega dos Santos

Ciências EconômicasEugênia Troncoso Leone

Ciências SociaisRita de Cássia Lahoz Morelli

DançaGraziela E. F. Rodrigues

Educação ArtísticaGastão Manoel Henrique

Educação FísicaElizabeth Paoliello Machado de Souza

EnfermagemEliete Maria Silva

Engenharia AgrícolaLuiz Henrique Antunes Rodrigues

Engenharia de AlimentosCarlos Alberto Rodrigues Anjos

Engenharia CivilMarina Sangoi de Oliveira Ilha

Engenharia de ComputaçãoIvan Luiz Marques Ricarte

Engenharia de Controle e AutomaçãoGeraldo Nonato Telles

Engenharia ElétricaCesar José Bonjuani Pagan

Engenharia MecânicaRobson Pederiva

Engenharia QuímicaAntonio José Gomez Cobo

EstatísticaReinaldo Charnet

FilosofiaLucas Angioni

FísicaMaurício Urban Kleinke

GeociênciasCarlos Alberto L. S. Cunha

HistóriaCarlos Roberto Galvão Sobrinho

Letras e LingüísticaPlínio Almeida Barbosa

LicenciaturaCristina Bruzzo

Matemática Aplicada e ComputacionalEdmundo Capelas de Oliveira

MatemáticaClaudina Izepe Rodrigues

MedicinaAngélica Maria Bicudo Zeferino

MúsicaVicente de Paulo Justi

OdontologiaFausto Bérzin

PedagogiaElisabete Monteiro de Aguiar Pereira

QuímicaPedro Faria dos Santos Filho

TecnologiasCarlos Augusto da Silva Timoni

Universidade Estadual deCampinas

Comissão de Vestibulares

Cidade Universitária “Zeferino Vaz”Barão Geraldo - Campinas - SP13.083-970

Tel: (19)289-3130 / 788-7440 / 788-7665

Fax: (19) 289-4070

http://www.convest.unicamp.br

[email protected]

PresidenteAngelo Luiz Cortelazzo

Coordenador dos Vestibulares e Programas EducacionaisMaria Bernadete M. Abaurre

Representante da ReitoriaAnésio dos Santos Junior

Representantes da COMVESTAry O. ChiacchioCarmo Gallo NettoErnesto Ruppert FilhoEugênia M. Reginato CharnetMara F. Lazzaretti Bittencourt

Representantes doEnsino SecundárioSindicato dos Professores de CampinasRoselene dos Anjos

Coordenadoria de Estudose Normas PedagógicasMarlene Gardel

Associação dos Professores do EnsinoOficial do Estado de São PauloMaria Quarezemin

Colégio Técnico de CampinasEdgard Dal Molin Júnior

Colégio Técnico de LimeiraRosa Maria Machado

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Apresentamos a vocês, novamente comgrande satisfação, este quarto Caderno deQuestões: a Unicamp comenta suas provas.Mantemos, nesta publicação, a mesmaestrutura dos Cadernos anteriores. Aqui podemser encontradas as expectativas e os comentá-rios das bancas elaboradoras sobre os temasde redação e sobre as questões das váriasdisciplinas do Concurso Vestibular Unicamp2000. A expectativa de todos nós, quetrabalhamos ao longo de todo o ano naComissão Permanente para os Vestibularesdesta Universidade, é de que este materialpossa ser tomado como importante referênciapara a compreensão dos objetivos das provas edos critérios empregados em sua correção.Enfatizamos, mais uma vez, que a leitura atentadesta publicação já é parte da preparação doscandidatos para um bom desempenho no nossoexame. Quanto aos professores, esperamos que,a partir dos subsídios que aqui oferecemos,possam realizar um trabalho produtivo junto aosseus alunos que estão em fase de preparaçãopara o Vestibular Unicamp 2001.

O eixo temático da prova da primeira fasedo Vestibular 2000 foi Água. Tema à primeiravista singelo, mas que se revela de grandeatualidade e pertinência em uma sociedadena qual, cada vez mais, por ignorância ouirresponsabilidade, colocam-se perigosamenteem risco os recursos hídricos necessários àvida no planeta.

Da mesma forma como no VestibularUnicamp 1999, cuja primeira fase teve comotema Brasil 500 Anos, as bancas elaboradorastiveram por objetivo mostrar a possibilidade detrabalho com temas transversais, respondendoassim às expectativas e recomendaçõesenfatizadas nos Parâmetros Curriculareselaborados e divulgados pelo MEC para os váriosciclos de escolarização. Prestamos assim nossacontribuição para a discussão a respeito daspossíveis formas de implementação de umtrabalho que, nas salas de aula, integreefetivamente os conteúdos das várias disciplinas.Afinal, essa é a maneira de atribuir significadoefetivo às atividades realizadas na escola.

Embora reconheçamos que o momento depreparação para um exame vestibular,sobretudo para um exame inteiramentediscursivo como o da Unicamp, é bastantetenso, tanto para os candidatos, como paraseus professores e seus familiares, gostaríamosde lembrar que essa tensão tem origem, emgrande parte, em uma insegurança a respeitodas provas. A partir de que critérios sãoelaboradas as provas das várias disciplinas? Oque se pretende exatamente avaliar com asquestões? Quais as respostas esperadas? Comoserão corrigidas e pontuadas as respostas doscandidatos? É no sentido de fornecer respostaspara essas indagações, contribuindo assim

para uma preparação mais tranqüila doscandidatos, que a Comvest elabora e divulgaanualmente este material. Acreditamos que édever da Universidade fazer o que estiver aoseu alcance para ajudar os candidatos asuperarem a tensão associada ao examevestibular. Esta publicação deve ser entendida,portanto, como um passo nessa direção, porpermitir que se estabeleça um canal através doqual podem dialogar as bancas, os candidatose seus professores.

Repetimos, aqui, o que já afirmamos emanos anteriores: é nosso desejo que o interessepela leitura deste Caderno de Questões não serestrinja apenas aos alunos que prestarão oVestibular Unicamp 2001 e a seus professo-res. As provas discursivas do nosso Vestibularse têm constituído, ao longo dos últimoscatorze anos, em importante espaço deinteração com os docentes de todas as sériesdo Ensino Médio, já que os temas e asquestões de todas as provas deixam explícitosos pontos de vista dos docentes da Universida-de relativos à maneira como entendem quedevem ser ensinados e trabalhados osconteúdos do núcleo comum obrigatório dessenível escolar. Nossa prova de redação éexemplo disso. Essa prova, dados os seusobjetivos e a maneira como são elaborados ostemas, reflete uma concepção de trabalho comleitura e produção de textos que, se bementendida, pode influenciar positiva eprodutivamente o trabalho com a linguagemescrita na escola, contribuindo assim,efetivamente, para a formação de leitorescríticos e cidadãos participantes, capazes deexpressar de forma clara e coerente suasopiniões sobre temas polêmicos e atuais.

Finalmente, vale lembrar que os comentá-rios e análises constantes deste nosso quartoCaderno de Questões salientam aquilo que,em última análise, é um dos principaisobjetivos das provas do Vestibular da Uni-camp: avaliar não só o que os alunos de fatoaprenderam ao longo do Ensino Médio, massobretudo se são capazes de fazer uso dosconhecimentos adquiridos ao longo de suaformação para resolver as situações-problemaapresentadas nas questões das nossas provas.Esperamos, assim, que a leitura atenta destapublicação leve à conclusão de que a eficáciado processo de ensino e aprendizagem dosconteúdos de quaisquer disciplinas está, emgrande parte, na definição clara da relevânciade tais conhecimentos para a formação dosnossos estudantes.

Caro estudante, caro professor:

Profª Drª Maria Bernadete Marques AbaurreCoordenadora Executiva

Comissão Permanente para os Vestibularese Programas Educacionais

Unicamp

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Unidades de Ensino e PesquisaInstituto de ArtesHelena Jank

Instituto de BiologiaMaria Luiza Silveira Melo

Instituto de ComputaçãoTomasz Kowaltowski

Instituto de EconomiaGeraldo Di Giovanni

Instituto de Estudos da LinguagemLuís Carlos da Silva Dantas

Instituto de Filosofia e Ciências HumanasPaulo Celso Miceli

Instituto de Física “Gleb Wataghin”Carlos Henrique de Brito Cruz

Instituto de GeociênciasNewton Müller Pereira

Instituto de Matemática e EstatísticaJosé Luiz Boldrini

Instituto de QuímicaCelio Pasquini

Faculdade de Ciências MédicasMario José Abdalla Saad

Faculdade de EducaçãoÁgueda Bernardete Bittencourt

Faculdade de Educação FísicaPedro José Winterstein

Faculdade de Engenharia AgrícolaJosé Tadeu Jorge

Faculdade de Engenharia de AlimentosGláucia Maria Pastore

Faculdade de Engenharia CivilRoberto Feijó de Figueiredo

Faculdade de Engenharia Elétrica e deComputaçãoLéo Pini Magalhães

Faculdade de Engenharia MecânicaAntonio Celso F. de Arruda

Faculdade de Engenharia QuímicaMaria Regina Wolf Maciel

Faculdade de Odontologia de PiracicabaAntonio Wilson Salum

Centro Superior de Educação TecnológicaMaria A. Marinho

Colégio Técnico de CampinasMichel Sadalla Filho

Colégio Técnico de LimeiraAntonio Manuel Queirós

Centros e Núcleos InterdisciplinaresNúcleo de Integração e Difusão CulturalVicente de Paulo Justi

Núcleo de Estudos e Pesquisas AmbientaisArchimedes Perez Filho

Núcleo de Planejamento EnergéticoLuiz Augusto Barbosa Cortez

Núcleo de Estudos EstratégicosEliézer Rizzo de Oliveira

Núcleo de Estudos de Pesquisas em AlimentaçãoMaria Antônia Martins Galeazzi

Núcleo de Informática BiomédicaFrancesco Langone

Núcleo de Desenvolvimento da CriatividadeCesar Ciacco

Núcleo de Estudos de Políticas PúblicasPedro Luiz Barros Silva

Núcleo de Estudos da PopulaçãoDaniel Hogan

Núcleo de Informática Aplicada à EducaçãoJosé Armando Valente

Núcleo de Comunicação SonoraJônatas Manzolli

Laboratório de Movimento e ExpressãoIvan Santo Barbosa

Centro de Pesquisas Químicas,Biológicas e AgrícolasJoão Alexandre F. Rocha Pereira

Centro de Documentação de MúsicaContemporâneaJosé Augusto Mannis

Centro de Estudos do PetróleoDenis José Schioser

Centro de Biologia Molecular eEngenharia GenéticaPaulo Arruda

Centro de BioterismoAna Maria Aparecida Guaraldo

Centro de Componentes SemicondutoresJacobus Willibrordus Swart

Centro de Engenharia BiomédicaJosé Wilson Magalhães Bassani

Centro de Estudos de Opinião PúblicaRachel Meneguello

Centro de Estudos de Gênero “Pagu”Adriana Gracia Piscitelli

Centro de Ensino e Pesquisa em AgriculturaHilton Silveira Pinto

Centro de Lógica, Espistemologia eHistória da CiênciaWalter Alexandre Carnielli

Centro de MemóriaOlga Rodrigues M. von Simson

Unidades de Apoio e Prestação de ServiçosHospital das ClínicasPaulo Eduardo R. M. Silva

Centro de Atenção Integral à Saúde da MulherLuiz Carlos Zeferino

Centro de Diagnóstico de Doenças do AparelhoDigestivoJosé Murilo R. Zeitune

Centro de Hematologia e HemoterapiaFernando Costa

Centro de TecnologiaDouglas Eduardo Zampieri

Arquivo CentralNeire do Rossio Martins

Centro de Manutenção de EquipamentosCesar José Bonjuani Pagan

Centro de Ensino de LínguasAna Luíza V. Degelo

EditoraLuiz Fernando Milanez

Escola de ExtensãoPaulo Roberto Mei

Escritório Técnico de ConstruçãoLuiz Carlos de Almeida

Biblioteca CentralMaria Alice Rebello do Nascimento

Centro de ComputaçãoHans Kurt E. Liesenberg

Centro de ComunicaçãoHélio Solha

Serviço de Apoio ao EstudanteJoão Frederico C. A. Meyer

Unidades Administrativas de ServiçosCoordenadoria da Administração GeralVera Lúcia Randi Ferraz

Secretaria GeralPaulo Sotero

Procuradoria GeralOctacílio Machado Ribeiro

Prefeitura do CampusOrlando F. Lima Jr.

Coordenadoria de Serviços SociaisEdison Bueno

Diretoria Geral de Recursos HumanosLuis Carlos Freitas

Diretoria AcadêmicaAntonio Faggiani

Universidade Estadual de Campinas

Coordenadoria Executivado Vestibular

Maria Bernadete Abaurre

ReitorHermano TavaresCoordenador Geral da Universidade

Fernando GalembeckChefe de Gabinete

Ruy Albuquerque

Pró-Reitoria de Pós-GraduaçãoJosé Claudio Geromel

Pró-Reitoria de GraduaçãoAngelo Cortelazzo

Pró-Reitoria de PesquisaIvan Emílio Chambouleyron

Pró-Reitoria de Extensão eAssuntos Comunitários

Roberto Teixeira Mendes

Pró-Reitoria de DesenvolvimentoUniversitário

Luis Carlos Guedes Pinto

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Mais uma vez, apresentamos o Caderno de Questões – a Unicamp comentasuas provas, preparado pela Coordenação Acadêmica para que você possaatravés de sua leitura conhecer melhor o que a Unicamp pretende avaliar nocandidato. Procuramos apresentar informações que sirvam como orientação parasua preparação para o exame Vestibular da Unicamp. Você encontrará nestecaderno as provas de 1a e 2a fases do Vestibular 2000, além de informaçõessobre o desempenho dos candidatos em cada uma delas. Começando pelaRedação, estão aqui reproduzidos os três temas da prova de 2000 acompanha-dos de comentários sobre a abordagem que poderia ter sido feita pelos candida-tos e de exemplos* de redações que atenderam ou não às tarefas que foramsolicitadas. Além disso, são também apresentadas algumas redações anuladas,com a justificativa de sua anulação. Vale lembrar aos candidatos, mais uma vez,que uma redação é anulada quando não atende minimamente às tarefas solicita-das conforme explicitado no Manual do Candidato. A correção das redações éfeita por corretores que passaram por um longo treinamento e rigorosa seleção.Cada redação é corrigida por dois avaliadores independentes e se a diferençaentre as duas notas for de no máximo 20% do valor total da nota, a média entreestas notas é atribuída como nota final do candidato na redação; havendodivergência superior a este valor, a redação recebe uma terceira correção;persistindo a divergência pode-se chegar até a uma quinta correção, feita entãopelo Presidente de Banca. Esta nota é a nota final do candidato. Uma redação éanulada somente com a concordância de três avaliadores independentes.

As questões – doze da primeira fase e as que compõem as provas dasegunda fase – são apresentadas com os comentários das Bancas Elaboradorasa respeito do objetivo e da expectativa de resposta a ser dada a cada uma delas.A maioria delas contém ainda exemplos* de duas respostas cujos desempenhosforam considerados abaixo e acima da média, respectivamente. Ainda fazemparte deste caderno, as provas de Aptidão aplicadas aos candidatos aos cursosde Arquitetura e Urbanismo, Educação Artística e Odontologia.

Finalmente, na última parte do Caderno de Questões, divulgamos dadosrelativos ao desempenho dos candidatos nas diferentes áreas. As tabelas 1 e 2contêm informações sobre a Redação, a tabela 3 sobre as questões da primeirafase e a tabela 4 um resumo do desempenho na prova da primeira fase.

O desempenho em cada uma das questões das provas da segunda fase podeser verificado nas tabelas de 5 a 12 e, finalmente, na tabela 13 encontram-se asinformações sobre o desempenho relativo a cada curso dentro dos gruposdistintos. Observe que as notas de cada uma das questões estão na escala [0 – 5]e as notas da redação, bem como das provas completas, na escala [0 – 100].

* Todos os exemplos aqui reproduzidos constituem cópia fiel da escrita dos candidatos.

1ª FaseRedação ..............................9

Questões ...........................29

2ª FaseLíngua Portuguesa e Literaturasde Língua Portuguesa ..........44

Biologia .............................58

Química.............................69

História .............................83

Física ................................97

Geografia .........................113

Matemática ......................128

Língua estrangeira ............139

Provas de aptidão .............152

Desempenho doscandidatos .......................156

Profª Dra. Eugênia Maria Reginato CharnetCoordenadora Acadêmica

Comissão Permanente para os Vestibularese Programas Educacionais

Unicamp

Índice

Uma explicação necessária

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1ª Fase

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Redação 1ª fase

Conscientes do que significa para você prestar o vestibular e das dúvidas que você pode estar tendo,vamos falar um pouco sobre a prova de Redação do Vestibular Unicamp e comentar as propostas doVestibular 2000 e algumas redações de candidatos.

Antes de passarmos aos comentários, gostaríamos de fazer alguns esclarecimentos com o objetivo deeliminar algumas inquietações, comuns a muitos candidatos. Você certamente já ouviu falar na “coletâ-nea” do Vestibular Unicamp. Ela sempre está presente nas propostas de Redação da Unicamp e vamos,aqui, explicitar a razão dessa constância.

Ela é elaborada basicamente com três propósitos distintos. O primeiro deles é o de fornecer ao candidatoum conjunto de informações que ajudam na elaboração do texto; com base nesse propósito, você pode (e deve)inferir que a Unicamp não pretende surpreender ninguém, pedindo que escreva sobre um tema desconhecido.

O segundo propósito da coletânea é o de delimitar o tema. A partir da leitura do tema de uma proposta– e esse teste pode ser feito com qualquer uma – sem a consideração da coletânea, vários desenvolvimen-tos possíveis e pertinentes podem ser imaginados. Depois da leitura da coletânea, no entanto, alguns dosdesenvolvimentos imaginados são obrigatoriamente descartados e outros continuam sendo possíveis, e éum destes possíveis que você deve escolher.

O terceiro e último propósito é avaliar as diferentes capacidades de leitura dos candidatos; algunsfragmentos dão margem a leituras mais superficiais, mais ingênuas, ou, ao contrário, mais profundas,mais críticas; alguns fragmentos relacionam-se de maneira a sustentar uma determinada argumentação,ou a sugerir um determinado desenvolvimento de cenário, por exemplo; outros apresentam posiçõescontraditórias, e é a partir da seleção e uso dos fragmentos da coletânea que os candidatos se distinguemcom base em diferentes níveis de leitura.

As afirmações acima serão retomadas nos comentários das redações ao longo deste texto. O importan-te é que fique claro que você não precisa ficar imaginando qual seria um desenvolvimento original para otema proposto, ou o que ainda não foi dito sobre o assunto. Deve ler criticamente os fragmentos dacoletânea e demonstrar sua capacidade de analisar e relacionar esses fragmentos num texto escrito.

Esperamos que você leia os comentários a seguir com a certeza de que a Unicamp não tem o objetivode surpreender ninguém. As três propostas de cada ano são elaboradas com o máximo de “pistas” paraque você se sinta confiante e à vontade para desenvolver as tarefas solicitadas.

A partir desses comentários você poderá perceber como os textos são avaliados, sobretudo no que serefere aos itens Tema, Coletânea e Tipo de texto.

TEMA A

Ao longo da história, por muitas razões, a água – este elemento aparentemente comum – tem levadofilósofos, poetas, cientistas, técnicos, políticos, etc, a reflexões que freqüentemente se cruzam.Tendo em mente este cruzamento de reflexões e considerando a coletânea abaixo, escreva uma dissertaçãosobre o tema

Água, cultura e civilização

1. Misteriosa, santificada, purificadora, essencial. Através dos tempos, a água foi perdendo o caráter divinoressaltado na mitologia e na religiosidade dos povos primitivos e assumindo uma face utilitarista na civili-zação moderna. Cada vez mais desprezada, desperdiçada e poluída, atingiu um nível perigoso para asaúde pública. Divina ou profana, ninguém nega sua importância para a sobrevivência do homem, seumaior predador. Como se ensaiasse um suicídio, a humanidade está matando e extinguindo o elementoresponsável pelo fim do mundo da tradição bíblica. E não haverá arca de Noé capaz de salvar aqueles quelutam ou se omitem na defesa do meio ambiente. Escolha a catástrofe: novo dilúvio universal com oderretimento da calota polar; envenenamento da humanidade com as substâncias tóxicas nos mananciais;chuva ácida; ou simplesmente a sede internacional pelo desaparecimento de água potável. (João MarcosRainho, “Planeta água”, in: Educação, ano 26, n. 221, setembro de 1999, p. 48)

2. A água tem sido vital para o desenvolvimento e a sobrevivência da civilização. As primeiras grandes civiliza-ções surgiram nos vales dos grandes rios – vale do Nilo no Egito, vale do Tigre-Eufrates na Mesopotâmia, valedo Indo no Paquistão, vale do rio Amarelo na China. Todas essas civilizações construíram grandes sistemasde irrigação, tornaram o solo produtivo e prosperaram. (Enciclopédia Delta Universal, vol. 1, p. 186)

3. Após 229 anos, o mesmo rio que inspirou o povoamento e deu nome à cidade torna-se o principal vetor dedesenvolvimento, passando a integrar a Hidrovia Tietê-Paraná, interligando-se ao porto de Santos, por viaférrea, e ao pólo Petroquímico de Paulínia. Como marco zero da hidrovia, o porto de Artemis será o portaldo Mercosul. (...) Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Estado de São Paulo iniciou a construção de

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Redação 1ª fase

barragens no rio Tietê, para gerar energia elétrica, porém dotadas de eclusas, um investimento a longoprazo. (www.piracicaba.gov.br/portugues/hidrovia)

4. No que concerne à concepção mesma de salubridade, é possível notar que se, na primeira metade doséculo XIX, os médicos continuam a ter um papel importante no desenvolvimento de uma nova sensibili-dade em relação ao urbano e às habitações em particular, são os engenheiros, contudo, aqueles que sãoresponsáveis por trazer uma resposta prática aos problemas desencadeados pela falta de higiene. Por isso,é do saber deles que depende essencialmente o novo modo de gestão urbana que se esboça nesta época:“As grandes medidas de prevenção – a drenagem, a viabilização das ruas e das casas graças à água e àmelhoria do sistema de esgotos, a adoção de um sistema mais eficaz de coleta do lixo – são operações querecorrem à ciência do engenheiro e não do médico, que tinha cumprido sua tarefa quando assinalou quaisas doenças que resultaram de carências neste domínio e quando aliviou o sofrimento das vítimas”. (Fran-çois Beguin, “As maquinarias inglesas do conforto”, in: Políticas do habitat, 1800–1850)

5. Os progressos da higiene íntima efetivamente revolucionam a vida privada. Múltiplos fatores contribuem,desde os primórdios do século [XVIII], para acentuar as antigas exigências de limpeza, que germinaram nointerior do espaço dos conventos. Tanto as descobertas dos mecanismos da transpiração como o grandesucesso da teoria infeccionista levam a se acentuar os perigos da obstrução dos poros pela sujeira, porta-dora de miasmas. (...) A reconhecida influência do físico sobre o moral valoriza e recomenda o limpo.Novas exigências sensíveis rejuvenescem a civilidade; a acentuada delicadeza das elites, o desejo demanter à distância o dejeto orgânico, que lembra a animalidade, o pecado, a morte, em resumo, oscuidados de purificação aceleram o progresso. Este é estimulado igualmente pela vontade de distinguir-sedo imundo zé-povinho. (...) Em contrapartida, muitas crenças incitam à prudência. A água, cujos efeitossobre o físico e o moral são superestimados, reclama precauções. Normas extremamente estritas regulama prática do banho conforme o sexo, a idade, o temperamento e a profissão. A preocupação de evitar alanguidez, a complacência, o olhar para si (...) limita a extensão de tais práticas. A relação na épocafirmemente estabelecida entre água e esterilidade dificulta o avanço da higiene íntima da mulher.Entretanto, o progresso esgueira-se aos poucos, das classes superiores para a pequena burguesia. Osempregados domésticos contribuem inclusive para a iniciação de uma pequena parcela do povo; masainda não se trata de nada mais que uma higiene fragmentada. Lavam-se com freqüência as mãos; todosos dias o rosto e os dentes, ou pelo menos os dentes da frente; os pés, uma ou duas vezes por mês; acabeça, jamais. O ritmo menstrual continua a regular o calendário do banho. (Alain Corbin, “O segredo doindivíduo”, in: História da vida privada (Vol. 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra) [1987]. SãoPaulo, Companhia das Letras, pp. 443-4)

6. A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matrizde todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim e por três razões: emprimeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porqueo faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado decrisálida, está contido o pensamento: “Tudo é um”. (Friedrich Nietzsche, “Os filósofos trágicos”, in: Os pré-socráticos, Col. Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, p. 16)

7. O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeiaPorque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.(...)O Tejo desce da EspanhaE o Tejo entra no mar em Portugal.Toda a gente sabe isso.Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeiaE para onde ele vaiE donde ele vem.E por isso, porque pertence a menos gente,É mais livre e maior o rio da minha aldeia.Pelo Tejo vai-se para o Mundo.Para além do Tejo há a AméricaE a fortuna daqueles que a encontram.Ninguém nunca pensou no que há para alémDo rio da minha aldeia.O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.Quem está ao pé dele está só ao pé dele.(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos”, in: Fernando Pessoa, Ficções de Interlúdio)

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Redação 1ª fase

Comentáriossobre o Tema A

Comentários

O Tema A-2000 exigiu dos candidatos uma dissertação em que a água deveria ser tratada como um objetocultural ou como um fator da civilização. O enunciado orienta no sentido de comparar as maneiras comodiferentes comunidades interagiram com a água, mostrando que suas diferentes experiências com este ele-mento natural estão profundamente impregnadas de cultura (representada, por exemplo, por hábitos, técnicase valores) e também criam cultura.

O candidato deveria perceber, com base na leitura do tema e da coletânea, que a relação do homem coma água sofreu mudanças ao longo do tempo, que ora significam um aprendizado (novos hábitos, novos usosque resultam em conforto e higiene, por exemplo), ora significam um retrocesso (perda de valores, degradaçãodos recursos hídricos), ora significaram apenas uma transformação nas relações de dominação de uma classesocial por outra (por aquela que detém o acesso à água).

Ele deveria, em seguida, eleger as mudanças sobre as quais pretendia dissertar e posicionar-se, critica-mente, em relação a elas.

Vejamos como a redação abaixo cumpre a tarefa1:

Evolução?Desde os primórdios da Antigüidade, as civilizações foram se formando próximo aos rios. O fator funda-

mental para a escolha foi a presença da água, elemento fundamental para a sobrevivência dos seres vivos.Obras de irrigação, drenagem e distribuição de água foram efetivadas, salientando, portanto, a importânciada água na sociedade.

Os povos foram se expandindo e desenvolvendo meios adequados de manejo da água. Os solos foram setornando mais férteis e produtivos, e, conseqüentemente, houve um grande aumento da população. Parale-lamente, acentuou-se o processo de urbanização, fruto da industrialização européia do século XVIII, o quedemanda uma política ambiental específica, principalmente para o uso da água.

Entretanto, o desenvolvimento industrial não foi acompanhado de um desenvolvimento do caráter huma-no. A industrialização não foi apenas uma revolução no modo de produção, mas foi, principalmente, umagrande e grave mudança ambiental. A partir de então, problemas como contaminação das águas, foramevidenciados e adquiriram dimensões gigantescas.

A água, que outrora era vista como dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. Além disso, emdetrimento de uma política ambiental, o Estado incentivou o consumismo em massa. O lixo urbano aumen-tou e passou a ser despejado na água, a mãe de nossa civilização. O desmatamento em larga escala, gerouo assoreamento dos rios.

O mal está feito. Ora, ou a população é muito ingênua, ou age de má fé. Aplicando-se uma políticaambiental desfavorável, como a atual, a água, mola propulsora do desenvolvimento mundano, será o fatordeterminante para o término da humanidade. É preciso uma revolução ambiental, através da conscientiza-ção em massa, sobre a importância da água. Desde então, a água continuará sendo a mãe da civilização, enós, seremos os seus bons frutos.

O candidato que fez a redação acima optou por tratar das mudanças negativas que ocorreram na relaçãoentre a civilização e a água no decorrer do progresso da humanidade. Para isso, selecionou da coletânea osfragmentos que contribuiriam para sua opção e cuja relação era bastante imediata: os fragmentos 1 e 2. Ocandidato iniciou o texto com o fragmento 2, afirmando que as civilizações foram se formando próximo aosrios, introduziu, no segundo parágrafo, seu conhecimento de mundo que promove o elo entre o momentohistórico tratado no 2º fragmento e o momento histórico atual, tratado no 1º fragmento e acrescentou umelemento fundamental para o seu texto: a demanda de uma política ambiental específica, principalmentepara o uso da água.

No 3º parágrafo o candidato passa a usar o fragmento 1. O uso desse fragmento é em grande parte óbvio,próximo do senso comum. Observe, por exemplo, a 1ª linha do 4º parágrafo: A água, que outrora era vistacomo dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. A única informação nova em relação ao trecho dacoletânea (“Através dos tempos, a água foi perdendo o caráter divino ressaltado na mitologia e na religiosidadedos povos primitivos e assumindo uma face utilitarista na civilização moderna.”) é a palavra mercadoria,trazida pelo candidato. Essa noção de água como mercadoria pode ser relacionada ao eixo desse texto que,como vimos, é a necessidade de uma política ambiental específica. Essa relação, no entanto, que teria sido umganho para o texto se tivesse sido bem desenvolvida, não foi estabelecida pelo candidato. Somos nós queestamos fazendo tal relação e, portanto, ele não pode ser premiado.

No último parágrafo, o candidato continua usando o 1º fragmento, inclusive seu tom “catastrófico”, econclui o texto demonstrando a necessidade de uma “revolução ambiental”, retomando o elemento introduzi-do no 2º parágrafo.

1 A reprodução de todas as redações neste texto foi fiel à escrita dos candidatos.

Exemplo deredação

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Redação 1ª fase

Comentários

Em alguns momentos, vemos que o candidato tentou usar o 4º fragmento da coletânea, sem, no entanto,obter êxito. Percebemos apenas algumas menções a esse fragmento, como a do final do 4º parágrafo, em queo candidato passa a falar do lixo urbano despejado na água. A própria questão da política ambiental pode tersido motivada pelo título do texto do qual o 4º fragmento foi extraído: Políticas do habitat, 1800–1850, masnão se observa nenhuma integração relevante desse fragmento ao texto.

Como você pôde observar, o candidato conseguiu tratar das mudanças negativas da relação entre água ecivilização/cultura centrando-se apenas nos dois primeiros fragmentos da coletânea. Usar somente dois frag-mentos da coletânea não é, como você está vendo, nenhum problema. O que mais importa é a qualidade douso e não a quantidade de fragmentos usados. Você não deve esquecer, no entanto, que, conforme já dissemosna introdução, há fragmentos cuja leitura é mais difícil do que a de outros e usar somente fragmentos de leituramais fácil impede que a nota no critério Coletânea seja acima da média.

No tema A 2000, todos os outros fragmentos, com exceção dos dois primeiros, exigiam uma capacidadede ler e de relacionar elementos um pouco acima da média e tiveram, portanto, o papel de diferenciar oscandidatos. Além de ter desenvolvido o tema e de ter integrado a coletânea de uma maneira bastante óbvia,como vimos, o texto acima não poderia ter recebido notas além da média por outro motivo: embora articulecorretamente vários elementos em seu texto, peca na articulação ou na explicitação de outros. Vejamos o 3ºparágrafo: o que o candidato pretende ao afirmar que o desenvolvimento industrial não foi acompanhado deum desenvolvimento do caráter humano? Além de tal afirmação exigir uma explicação, ela não se relacionacom o que a segue. É um trecho completamente solto no texto do candidato e chega, até mesmo, a perturbarum pouco o andamento da leitura.

No 4º parágrafo, há uma nova imprecisão: ...o Estado incentivou o consumismo em massa. De que estadoo candidato passou a falar, sem mais nem menos? É claro que se percebe a relação que ele estabelece, emseguida, entre o consumismo em massa e o aumento do lixo urbano, mas faltou um elemento que introduzisseo Estado, que caiu de pára-quedas no texto.

Se você ainda não estiver convencido de que este texto não está acima da média, mas até bastantepróximo do ingênuo, veja mais uma imprecisão: na 1ª linha do último parágrafo, o candidato lança umahipótese que não é retomada, a de que a população age de má fé. Com o final do texto nós entendemos porque a humanidade é muito ingênua, a primeira hipótese levantada pelo candidato, mas não conseguimosentender por que ela estaria agindo de má fé...

Vejamos agora um texto que reflete um equívoco do candidato em relação à função da coletânea. Trata-sede um equívoco que, embora não resulte na anulação da redação, faz com que sua nota, em Coletânea, sejamuito baixa.

Poluição SocialO homem ao longo dos tempos e através do seu trabalho modifica a cultura, conforme os sabores de

cada civilização e época.Desde os tempos mais remotos, o homem necessitava de um local para se estabelecer, onde pudesse

encontrar suprimentos e abrigo, principalmente de água. Com o tempo foi-se evoluindo e passando denômade para sedentário.

Através das fontes de água: “As primeiras grandes civilizações surgiram no vale dos grandes rios...”,conforme o fragmento número dois. E a água: “... é a origem e a matriz de todas as coisas”, segundo ofragmento número seis.

O homem foi evoluindo, passando de um sistema feudal para um capitalista, bem explicado por Marx,fundamentado em classes sociais. A classe dominante com: “... vontade de distinguir-se do zé-povinho”,em conformidade ao fragmento 5, tornou a água: “cada vez mais desprezada, desperdiçada e poluída...”,de acordo com o fragmento número um.

Assim, fica claro que o homem como um ser social, toma atitudes e exerce atos com um caráter dedominação, objetivando a manutenção do status-quo, conforme a sua época e seus interesses.

Esta redação está equivocada no “uso” que faz da coletânea porque pressupõe que ela seja conhecidapelos seus avaliadores. É bem verdade que os corretores conhecem a coletânea – afinal são eles que avaliama utilização que os candidatos fazem dos fragmentos – mas isso não significa que os candidatos podem contarcom tal colaboração dos leitores. Pelo contrário, eles devem produzir um redação “autônoma”, isto é, um textoque, sozinho, faça sentido.

Veja que o autor da redação acima não extrai as informações dos fragmentos, integrando-as em seu texto,mas copia alguns pequenos trechos referindo-se aos números dos fragmentos correspondentes, como seestivesse indicando ao leitor que o restante do que ele queria dizer está escrito nos fragmentos. As expressõesque ele utiliza – conforme o fragmento número dois; segundo o fragmento número seis; em conformidade aofragmento 5; de acordo com o fragmento número um – revelam que ele não entendeu a finalidade da coletâ-

Exemplo de redaçãocom nota baixa

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Comentários

nea. Ora, a coletânea deve servir como ponto de partida, na medida em que fornece informações para odesenvolvimento da redação que, por sua vez, precisa ser compreendida por qualquer leitor, mesmo poraquele que não tenha tido acesso à coletânea. Ou seja, você deve escrever como se o seu leitor não conheces-se a coletânea; as informações dela extraídas devem ficar bem integradas e devidamente explicadas em suaredação.

A seguir, há um exemplo de redação em que a integração das informações da coletânea está acima damédia:

O Espelho d´águaAo tentar apreender a origem do mundo e dos homens, filósofos gregos propuseram um enunciado

simples: a água seria o cerne, literalmente a fonte de todas as coisas. Longe de ser absurdo e tomadas asdevidas referências históricas, tal idéia pode metaforizar o papel simples, vital e cultural do elemento quími-co capaz de fazer florescer civilizações, ditar limites geográficos e protagonizar conflitos. Se mitologicamente,a associação da vida e da sobrevivência se fez de forma divina e fantasiosa, hoje é possível analisar essa quepode ser tida como “vulgar premonição” como premissa das mais sábias tida pelos primeiros humanos e defundamental importância para o mundo moderno.

O planeta ironicamente chamado Terra tem a maior parte de sua superfície tomada pelas águas, as quaisfluíram no decorrer dos tempos estreitando os laços biológicos cotidiana e ininterruptamente, assinalandomais que divindades, problemas sociais e políticos bem pouco poéticos. A irrigação, a importância dosrecursos hídricos para a economia humana foi se reforçando com o advento da tecnologia e mais quemetáfora, a composição da vida (e dos meios para esta) confirmou a compleição e a complexidade da ligaçãohomem-água. Ao galgar gradativo do aprimoramento técnico que trouxe indústrias, não só a religião deoutrora remetera ao elemento cristalino a manutenção da vida. Junto ao desenvolvimento urbano (ainda semtocar no processo de desequilíbrio e poluição do meio ambiente), à instalação de indústrias e estabelecimen-to do homem em aglomerados primordiais, virão os médicos a desconfiar do papel importante da águalimpa. A estes, seguir-se-ão engenheiros e arquitetos, responsáveis pela elaboração de mecanismos facilita-dores da manutenção da limpeza e do escoamento de impurezas e dejetos.

Mesmo antes destes, no século XVIII, a preocupação com a purificação, com a higiene corporal marcaráa vida privada de sociedades pouco habituadas a exigências de limpeza, de cuidados pessoais, atuandocomo precursora dos modernos métodos preventivos e profiláxicos. Será nesse tempo que se iniciará oconhecimento mais apurado e científico em relação à umidade e sua nem tão misteriosa influência nasalubridade dos meios de vida. Ora, a higiene é, pois, um pequeno, mas fundamental ponto nessa saga.

Simultâneo, talvez, a isso, seja o processo que acelera o desenvolvimento econômico e faz marcar outilitarismo. Se antes, para o Egito e a Mesopotâmia, a água já era componente cultural e econômico primor-dial, agora, as modernas vias dos meios de produção vão transmutá-la em pomo de discórdia. A poluiçãovem margear o alarde da tecnologia e da economia lastreada na produção industrial. O desequilíbrio naturalvai crescendo paulatino, constante. E as chuvas ácidas, os rios poluídos ameaçam as sociedades higiênicas,estabelecidas nas margens de seus ternos ribeirões. O que remetia à recordação suave da queda cristalinad´água dá lugar à preocupação não mais latente de que não seja o dilúvio a última catástrofe.

O mesmo ser que se constitui da água, que navega descobrindo mundos, escoando ou explorando rique-zas, começa a buscar sedento uma tábua de salvação. Seu mundo e sua sobrevivência estão sobre colunasvitais que podem soçobrar a qualquer momento. Mais que uma problemática geográfica, instaura-se umconflito sócio-econômico em que se disputa não só as vias fluviais e pluviais, mas a própria água, que, dadaa destruição, torna-se rara, preciosa. É o homem semelhante ao místico que agradecia as cheias do Nilo quese conscientiza aos poucos de que, talvez, mais do que sangue, lhe seja vital o elemento primordial, a águaque encantou gregos, que fez Heráclito pensar que tudo fluía, mas que também arrasou a terra e fez Noéconstruir a arca. Bem como benção, ela é castigo se o “predador” assim pedir, mesmo quando gentil lhe fazpoemas ou odes.

Elemento vivo, ela pulsa, reflete a existência e atenta para o fato de que talvez a tragédia final não sejaabarcável por uma arca, tampouco plausível de filosofia.

O projeto de texto deste candidato é o de analisar a existência do homem através do espelho da água.Baseando-se nos fragmentos 6, 1 e 2, o candidato inicia sua redação introduzindo os papéis da água com quevai trabalhar no decorrer do texto: a água não será avaliada somente como origem, tendo em vista suaimportância para o desenvolvimento das civilizações, mas também como portadora de uma possível destrui-ção, se o predador assim pedir.

É interessante destacar o trabalho de leitura e articulação dos fragmentos (6 e 2) efetuado pelo candidato:ele trata da questão da água como origem de todas as coisas afirmando que ela fez florescer civilizações eacrescenta, tendo em vista o desenvolvimento que quer dar ao tema, que a água também é capaz de ditar

Exemplo deredação

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limites geográficos e protagonizar conflitos, apontando a análise que fará da relação entre Água, Cultura eCivilização.

Ainda no 1o parágrafo, além de negar o caráter divino do surgimento da vida e da sobrevivência, o candi-dato destaca a importância da água para a vida – deixando claro que a afirmação dos gregos não deve serconsiderada um absurdo – e, no 2o parágrafo, esclarece: os recursos hídricos e a irrigação são fundamentais naevolução da vida. Perceba que, à medida que o texto progride, ele retoma e desenvolve conceitos já mencio-nados na introdução: a idéia de que a água poderá protagonizar conflitos – ainda genérica no 1o parágrafo – éretomada e especificada quando ele aponta, no 2o parágrafo, que a água assinala problemas sociais e políti-cos. Ainda não podemos dizer claramente qual a avaliação do candidato, mas perceba que ele está nospreparando para expor seu ponto de vista.

Vejamos como, nesse momento, o conteúdo do fragmento 4 é integrado ao texto. Ao descrever o progressoda humanidade e o desenvolvimento urbano, o candidato destaca o papel do médico e dos engenheiros earquitetos na construção do que, em seguida, será retomado como sociedades higiênicas, dadas as preocupa-ções com a limpeza e o escoamento dos dejetos. Ainda na perspectiva de progresso, ele apresenta o conteúdodo fragmento 5 – a vida privada da sociedade começa a ser alterada por hábitos de higiene – ressaltando aindamais a importância da água.

E é justamente pensando na importância da água para a sociedade que o candidato esclarece os motivosque poderão fazer dela pomo de discórdia. É importante destacar o uso que ele faz do fragmento 1, nessemomento do texto. O utilitarismo mencionado nesse fragmento aparece avaliado pelo candidato na mesmaperspectiva de progresso e desenvolvimento econômico que vinha descrevendo: o homem, preocupado com atecnologia e a economia lastreada na produção industrial, assume uma postura utilitarista diante da água, jáque não tem se preocupado com o desequilíbrio que vem crescendo paulatino, constante. Veja que a avaliaçãodo candidato de que a água poderá protagonizar conflitos fica clara agora: os rios poluídos ameaçam associedades higiênicas e talvez o dilúvio não seja a última catástrofe. Mais que uma problemática geográfica,instaura-se um conflito sócio-econômico em que se disputa não só as vias fluviais e pluviais, mas a própriaágua, que, dada a destruição, torna-se rara, preciosa.

A avaliação que o candidato faz revela o quanto soube articular as idéias apresentadas na coletânea deforma a desenvolver o tema proposto. A conclusão de seu texto – Elemento vivo, ela pulsa, reflete a existênciae atenta para o fato de que talvez a tragédia final não seja abarcável por uma arca, tampouco plausível defilosofia – mostra a maturidade com que articulou tais idéias, além de explicitar, com a palavra reflete, a razãodo título atribuído à redação.

Ainda quanto à qualidade das relações estabelecidas pelo candidato, veja como é interessante a mençãoque faz à chuva ácida – elemento que, na coletânea, aparece como um simples dado e, no texto, aparececomo um significativo exemplo da mudança sofrida pela água: O que remetia à recordação suave da quedacristalina d´água dá lugar à preocupação não mais latente de que não seja o dilúvio a última catástrofe.

Cabe frisar que este texto está bastante acima da média no desenvolvimento do tema e da coletânea,dadas a leitura e articulação tão boas dos fragmentos da coletânea. Isso não significa, no entanto, que esteseja um texto exemplar como um todo, na medida em que, em alguns momentos, não se sabe exatamente oque o autor pretendia dizer.

Vejamos dois momentos significativos: o primeiro está na 6ª linha do 1º parágrafo. O que significa dizerque os “primeiros humanos” tiveram uma “vulgar premonição” ao dar tanto valor à água? Não é certo que,pelo fato de valorizar a água, eles estavam tendo uma premonição2 de que hoje estaríamos sofrendo por nãoa valorizarmos. Por sinal, essa relação com os efeitos negativos que estamos vivenciando hoje não foi feita pelocandidato; nós estamos fazendo isso por ele. Ou será que não era premonição que ele pretendia dizer, masalgo como “uma atitude sábia”?

O segundo momento em que não fica claro o que o candidato pretendia está na 2ª linha do 2º parágrafo.O que significaria, no texto, estreitando os laços biológicos? Se você, ao ler o texto, tiver sentido dificuldade deinterpretar este trecho, saiba que o problema não é seu!

O que queremos dizer aqui é que, apesar de, na maioria das vezes, o candidato demonstrar ter domínio daescrita suficiente para dizer exatamente o que quer, em alguns outros, deu umas “deslizadas”, provavelmentepor tentar sofisticar demais sua escrita, desnecessariamente.

A seguir, há dois exemplos de redações que foram anuladas no tema A. Antes de comentá-las, gostaríamosde esclarecer o que significa anular uma redação no Vestibular Unicamp.

Em primeiro lugar, a prova de redação propõe uma tarefa específica para o desenvolvimento do tema que,não sendo cumprida, acarreta a anulação da redação. Portanto, se o candidato fugir ao tema proposto, aindaque escreva muito bem sobre outro tema qualquer, terá sua redação anulada. Em segundo lugar, há umacoletânea de textos que devem ser utilizados. Caso o candidato desconsidere todos os textos, sua redação seráanulada, mesmo que ele escreva sobre o tema proposto.

2 Premonição: sensação ou advertência antecipada do que vai acontecer; pressentimento. cf. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa, 1999.

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Comentários

Há ainda um último critério para anulação: o Tipo de Texto. Se o candidato optar pelo tema A, deveescrever uma dissertação; se optar pelo B, uma narrativa usando o foco narrativo exigido na proposta e, seoptar pelo C, uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor específico. Como se vê, é fundamental queo candidato use os elementos característicos do tipo de texto pelo qual optou.

Perceba que, em nenhum momento, dissemos que anular uma redação significa afirmar que o seu autornão sabe escrever! A redação pode até estar bem escrita, mas indica que o candidato deixou de cumprir umadas exigências essenciais da proposta escolhida. Quando isso ocorre, a redação sequer recebe pontos nosdemais critérios, ou seja, se ela for anulada em pelo menos um dos três critérios (Tema, Coletânea e Tipo deTexto), sua nota final será zero.

TransformaçõesLamenta-se profundamente o estado crítico que se encontra o rio Tietê ao atravessar a cidade de São

Paulo. O desenvolvimento e a industrialização usaram-no, jogando detritos, esgotos, substâncias tóxicas,matando-o aos poucos. Infelizmente, esse é o efeito das grandes cidades.

Após 229 anos da fundação da capital se percorrermos suas marjens desde o nascimento, ao passar pelaserra da Cantareira, com suas águas frescas, transparentes, nota-se com certo pesar, que já não são mais puras,estão paradas; mau cheirosas; poluentes; infectando o ar causando danos, tristeza e uma certa nostalgia.

Ao sair de São Paulo, suas águas mortas passam por Santana de Paraíba, região dos bandeirantes,indo a Pirapora do Bom Jesus onde escondido sob efeito de espumas ocasionadas por detergentes dãoimpressão de flocos de neve. Principalmente em Cabreúva. Ao chegar em Itu transforma-se em Usinahidrelétrica parecendo um lixão, pois, nada é reciclável. De latas de refrigerantes a restos putrificados deanimais mortos, absorventes, chora-se baixinho.

Torna-se navegável em Piracicaba quando com hidrovia através das eclusas principalmente em BarraBonita. Aí renasce e suas águas voltam a ter transparências premiando aos pescadores que se deliciam, emum dia de domingo.

Parabenizar os responsáveis pela realização de obras visando salvar o rio Tietê é o primeiro passo.Mérito maior será reservado para os que trarão águas limpas ao palistano ressuscitando-o, dando esperan-ças a essa sofrida população de poder respirar oxigênio, perceber através dos raios solares o saltitar doslambaris, dourados.

Enfim, milagres ainda existem.

A redação acima é um exemplo de equívoco total com relação ao tema. Ao escrever uma breve história doRio Tietê, o candidato demonstra não ter entendido a tarefa pedida. O que se esperava era uma reflexão arespeito da relação Água, Cultura e Civilização e não uma história, mesmo que seja um exemplo visível decomo tal relação não está bem estabelecida. O que esse candidato fez foi basear-se, de maneira enviesada, nofragmento 3 da coletânea, para escrever sobre o Rio Tietê. Tendo feito isso, fugiu ao tema proposto.

O apocalipse finalA espécie humana está seriamente ameaçada de extinção.Em trêz anos, as calotas polares estarão completamente derretidas, isso ocorrerá graças a uma série

de motivos. Um deles é o efeito estufa, provocado principalmente pela emissão de gases tóxicos, a cada diaque passa ele está piorando, as áreas mais críticas são as metrópoles como: São Paulo, Cidade do México,Nova Iorque e Cairo. Ele causa um super-aquecimento da Terra e inúmeros problemas respiratórios, como:bronquite, asma, etc, sem falar no desconforto das pessoas em morar num lugar quente, abafado e poluído.

Mas o principal motivo está mesmo no buraco da camada de ozônio, que tem um tamanho equivalen-te ao do Brasil e a cada semana aumenta 1 kilômetro. Ele está situada em cima da Antartida e com ele nãoocorre a devida filtragem dos raios solares que passam quase que levemente pela atmosféra. Esse raiosprovocam o derretimento da calota polar que a cada quatro horas, a água derretida daria para encher aLagoa Rodrigo de Freitas do Rio de Janeiro (RJ)

Uma das maiores causas desse buraco é a liberação do gás CFC, presentes nos sprais aerozois. O quetem dificultado também, foram os problemas de saúde, que esses raios têm causado, o mais grave é ocâncer de pele, onde sessenta por cento das pessoas que veviam lá adiquiriram a doença, o local estácompletamente inadequado à sobrevivência humana.

Se toda a calota derreter, o nível do mar subirá cerca de 100 metro e todo o litoral será coberto porágua, mas água poluída, imprópria para o consumo.

Não haverá espaço suficiente para todos na Terra, países como Japão, Nova Zelândia, Inglaterra,países escandinavos e América Central desaparecerão do mapa.

Seremos obrigados a desmatar todas as florestas, o que contribuirá ainda mais para o efeito estufa,não haverá nem água, nem comida para todos.

Exemplo deredação anulada

Exemplo deredação anulada

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Comentáriossobre o Tema B

Comentários

A Terra se tornará um verdadeiro caos, onde todos brigarão por comida e um lugar para morar, a vidaperderá o valor. Não tem solução, todos nós morreremos na miséria e sem dignidade.

A redação acima é outro caso de anulação por Tema. O candidato redefiniu o tema ao tratar do apocalipseque seria gerado pelo derretimento das calotas polares que fariam com que as cidades litorâneas e até mesmopaíses inteiros fossem inundados. Tal derretimento deverá acontecer, segundo o candidato, por causa do efeitoestufa e do “buraco” na camada de ozônio. Mesmo que se reconheça que as conseqüências do efeito estufa edo buraco na camada de ozônio para o homem passem pela água (através do derretimento das calotaspolares), o texto do candidato não estabelece a relação exigida entre a água e homem, mas apenas entre omeio ambiente e o homem. O tema desenvolvido pelo candidato é, portanto, outro.

TEMA B

No dia 5 de outubro de 1999, terça-feira, o jornal Correio Popular, de Campinas, SP, publicou a seguintemanchete de primeira página, acompanhada de breve texto:

100 mil ficam sem água em SumaréUm crime ambiental provocou a suspensão do abastecimento de água de cerca de 100 mil moradores deSumaré. A medida foi tomada na sexta-feira, quando uma mancha de óleo de aproximadamente 3 quilômetrosde extensão surgiu nas águas do rio Atibaia. Anteontem, uma nova mancha apareceu nas proximidades daEstação de Tratamento de Água I, na divisa entre o bairro Nova Veneza e o município de Paulínia. A situaçãosomente será normalizada na quinta-feira. A Cetesb investiga o caso e os técnicos acreditam que o produto(óleo diesel ou gasolina) foi despejado em esgoto doméstico em Paulínia.

Leve em conta esta notícia e privilegie a hipótese dos técnicos, apresentada no final do texto. A partirdesses elementos, escreva uma narração em terceira pessoa, caracterizando adequadamente persona-gens e ambiente. Crie um detetive ou um repórter investigativo que, quando tenta resolver o “crimeambiental”, descobre que o ocorrido é parte de uma conspiração maior.

Neste tema, esperava-se que, a partir de uma breve notícia de jornal, o candidato produzisse uma narra-tiva, em terceira pessoa, construindo necessariamente uma personagem – o detetive ou um repórter investiga-tivo – que, ao tentar resolver um crime ambiental, descobre uma conspiração maior. O candidato poderiaintroduzir outras personagens, a depender das ações que fariam parte de sua narrativa. Pedia-se ainda que ocandidato caracterizasse adequadamente tais personagens e o ambiente em que a história se desenrola.

O final do texto do jornal (ao qual se pedia particular atenção) induzia o candidato a encaminhar-se parauma narrativa cujo eixo fosse um crime ambiental/ecológico. Esperava-se, então, que o candidato desenvol-vesse uma narrativa que privilegiasse alguns aspectos: quem é o criminoso (ou quem são os criminosos), porque comete(m) esse crime e qual é o plano maior/ a conspiração de que esse crime é parte.

As possibilidades para a construção de personagem(ns) eram muitas. O(s) criminoso(s) poderia(m) ser, porexemplo, desafeto(s) político(s), alguém ou algum grupo ligado a uma organização terrorista ou criminosa,gente interessada em desvalorizar as terras banhadas pelo rio Atibaia etc. Obviamente, trata-se apenas dealguns exemplos entre outros possíveis.

Também podiam ser vários os motivos do crime. Podem servir como exemplos: interesses financeiros,políticos, vingança, disputa de poder ou de terras. Na verdade, a motivação poderia ser qualquer uma, desdeque coerente com a história contada.

Você deve ter observado que todas as expectativas acima envolvem o trabalho com algum dos elementosconstitutivos do tipo de texto narrativo. Não basta, portanto, relatar algum acontecimento, alguma “histori-nha”, é necessário construir uma narrativa a partir das instruções presentes na proposta.

Vejamos como alguns candidatos realizaram a tarefa.

O mistério da mancha de óleo.Trim...— Delegacia de Polícia de Sumaré, cabo Jonas falando. Sim. Claro. Infelizmente não podemos fazer

nada. Não é nosso departamento. Sinto muito. Até logo!Cabo Jonas, irritado, se dirige à sala do detetive Hércules Leão. Entra sem bater e já despeja sua ira:— Assim não dá, Leão! Já é a vigésima pessoa que liga reclamando da falta d’água desde a suspensão do

abastecimento por causa daquela mancha de óleo no rio Atibaia. E nós não temos nada com isso.

Exemplo deredação

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Comentários

Leão alisando seu bigode responde calmamente:— Aí é que você se engana. Eu estou indo agora mesmo em Paulínia colher informações. Parece que o

departamento de lá recebeu um telefonema da Ceteb insinuando que essa mancha de óleo não é oriunda devazamento de petróleo e sim da rede de esgoto. Eles agora suspeitam que tenha sido proposital. Ligue parao chefe e o ponha a par de tudo.

Jonas sai mais irritado do que entrou, afinal, falar com o chefe não é fácil.Com a mesma calma que lhe é característica, Leão parte para Paulínia. A idéia de que o derramamento

de óleo não foi um acidente o intriga. Afinal, não é algo comum.À medida que se aproxima de Paulínia, ele vê uma multidão na beira do rio. Parando o carro, ele abre

espaço até conseguir enxergar o motivo da aglomeração: outra mancha de óleo. E esta se encontra nasproximidades da Estação de tratamento de Água I.

Mais do que depressa, ele se dirige à delegacia de Paulínia para saber como anda o inquérito. Quem orecebe é seu grande amigo, delegado Gerson Maia, que vai logo dizendo:

— Oh, você está aqui! Eu tenho uma reunião importante, mas se você quiser dar uma olhadinha nocaso... Até mais!

Leão fica paralisado. Nunca havia visto seu amigo tão displicente assim. Largar um caso de crimeambiental deste jeito! “O que será que está havendo com Maia. Parece que me evitou, que está com medo.”– pensou consigo mesmo.

Entrou em uma viatura e rumou para a Estação de Tratamento, munido de todas as informações sobre ocaso. Nada lhe tirava da cabeça que Maia estava escondendo algo. Mas o quê?

Ordenou que o cabo que o acompanhava fosse investigar e sentou-se na recepção. Agora seria a hora dotrabalho mental, que tanto o fascina. Pegou o inquérito e começou a lê-lo. Examinou o nome do fundador daEstação de Tratamento e lembrou que se tratava do prefeito. Lembrou também que estavam em época deeleição devido aos cartazes que tinha visto do lado de fora....

Levantou-se aturdido e gritando para o cabo:— Leve-me à casa do Maia agora!Chegando à casa de Maia foi direto à garagem e confirmou suas suspeitas: barris e mais barris de óleo,

vazios.Nesse instante Maia chega em casa. Ao ver Leão perto da garagem fica pálido. Tenta fugir, mas já é tarde.

Leão já o tinha alcançado. Algemando-o, diz:— Delegado Gerson Maia, você está preso acusado de poluir o rio Atibaia para denegrir o nome do atual

prefeito de Paulínia, candidato à reeleição.Maia, vendo-se sem saída, interroga-o com o olhar.Leão sorri e diz:— Vi os cartazes de sua campanha eleitoral. Você com medo de perder, apelou para a sabotagem.No outro dia, os principais jornais da região estampavam na primeira página a cara apalermada de Maia

no camburão.E na delegacia de Sumaré o detetive Hércules Leão lendo o jornal, sente mais uma vez a sensação do

dever cumprido.

O candidato cumpre o que foi pedido. Podemos observar, em primeiro lugar, que lança mão de algunsrecursos característicos da narrativa (faz alguma caracterização dos personagens, usa o discurso indiretolivre); em segundo lugar, que seleciona os elementos da coletânea necessários para desenvolver o tema,contemplando todas as informações contidas na proposta (considera o crime ambiental, a hipótese dos técni-cos, o personagem do detetive e a existência de algo por trás do crime ambiental).

Vejamos como o candidato usou a coletânea. Na segunda linha, situa os fatos ocorridos na cidade deSumaré, um uso bastante óbvio da coletânea (outros dados da coletânea serão usados com a mesma funçãoem vários momentos do texto: rio Atibaia, na 6ª linha, Estou indo... em Paulínia, na 8ª linha etc.).

No 4º parágrafo, é de uma maneira interessante que outro dado da coletânea é introduzido: uma grandequantidade de pessoas atingidas pela falta d’água aparece através da freqüência dos telefonemas; essa grandequantidade de pessoas é retomada como multidão no 9º parágrafo, em que o detetive abre espaço atéconseguir enxergar o motivo da aglomeração.

No 6º parágrafo, o candidato faz uso do elemento da coletânea cujo uso é exigência da proposta: ahipótese dos técnicos, que aparece como uma denúncia feita à delegacia de Paulínia. É no 9º parágrafo queum elemento da coletânea central para o texto do candidato é introduzido – a Estação de Tratamento de ÁguaI – perto da qual está uma das manchas de óleo. Esse elemento será retomado no 13º parágrafo, em queficamos sabendo que foi o atual prefeito de Paulínia, candidato à reeleição, que fundou essa estação.

No 12º parágrafo, o candidato usa a gravidade de um crime ambiental como um elemento para justificaro estranhamento de Leão frente ao comportamento de Maia. No 15º parágrafo, o óleo, também mencionado

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na coletânea, aparece como vestígios dentro de barris, que constituem a prova do crime.Finalmente, um outro elemento da coletânea é acionado: as manchetes de jornal que, na proposta, divul-

gavam o crime ambiental, agora divulgam, também em primeira página, o desfecho daquele crime.Vendo um texto tão certinho e que traz tantos dados da coletânea como este, você pode estar se pergun-

tando por que não afirmamos que se trata de um texto que cumpre bem a tarefa pedida. A resposta é aseguinte: o texto é, realmente, um pouco acima da média nos quesitos técnicos, como modalidade e coesão(que vêm descritos no Manual do Candidato), mas apresenta uma articulação de conteúdos apenas razoável,com momentos de certa ingenuidade, inclusive. Atente para o fato de Maia ser um grande amigo do detetiveLeão. Esse dado, embora tenha uma função, na medida em que justifica o estranhamento de Leão durante oencontro dos dois na delegacia, é totalmente desconsiderado no momento em que Leão algema o Maia. Nãohouve uma caracterização suficiente do personagem Leão para justificar essa atitude. Ao invés de o candidatodescrevê-lo usando bigode, deveria tê-lo descrito como alguém obcecado por justiça, por exemplo, e, nodesfecho, mostrar que houve um questionamento, por mínimo que fosse, por parte de Leão antes de prenderseu grande amigo.

O fato de os dois serem grandes amigos também causa estranhamento em nós, leitores, quando tomamosconhecimento da candidatura de Maia. Leão só fica sabendo que seu grande amigo é candidato a prefeitoporque vê cartazes na rua?! Por que será que ficaram tanto tempo sem se falar? Não tiveram tempo pranenhum café, nenhuma cervejinha, nenhum telefonema...?! Outro dado que não combina com a “grandeamizade” dos dois é a tentativa de fuga do Maia no momento em que é flagrado por Leão.

Lembre-se de que um dos aspectos considerados na avaliação das redações é a relação entre os elementospresentes no texto. Ora, a articulação dos elementos desse texto é apenas razoável. Veja, também, como é umtanto facilitado o próprio desfecho desta narrativa: quanta ingenuidade a do criminoso em deixar a prova docrime – os barris sujos de óleo – na garagem de sua própria casa, garagem à qual, por sinal, se tem livreacesso. Estranho, não é?

Vejamos outra redação:

Sexta-feita, 1º de outubro de 1999A mancha tomava conta do rio pouco-a-pouco. O rapaz, observando tudo, afrouxava a gravata, deu um

último trago no cigarro e, embora nesse momento já estivesse sozinho, falou alto – talvez para ver se assimse convenceria – que estava apenas cumprindo ordens. Fora dura a sua jornada até ali. Pessoas como ele nãotêm opção; se lutam contra o sistema se marginalizam. Ele não seria mais um. O avô havia sido um idealista,o pai, um conformista, e o que conseguiram? Respaldado pela imponência de sua imagem: terno e gravataimpecáveis e um quê de altivez no olhar, procurava se convencer de que a Moral existe para subjugar osfracos: a pobreza é nobre; a humildade, dignificante; sofre-se na Terra para ganhar-se o reino dos céus; vive-se em condições sub-humanas para se chegar até Deus. Fracos. Após gerações, ele era o primeiro a tercoragem de dizer não e enxergar a própria realidade, sem pseudo-moralismos. Ele não seria um fraco.Procurava não dar muita vazão ao sentimento que teimava em invadir-lhe a mente quando pensava no pai.“Fraco!”, dessa vez quase gritou. Agora cumpria ordens; amanhã mandaria, era só uma questão de tempo.

Sábado, 02 de outubro de 1999Na redação, o calor era tórrido. O “foca”, ainda desacostumado à rotina acelerada de uma redação de

jornal, já pensava no próximo feriado. Os colegas achavam graça, “será que você escolheu a profissãocerta?”, perguntavam. Um jornalista não tem fim de semana, nem feriado, mas não era isso o que maisincomodava o foca. A essa altura, tinha realmente dúvidas se havia escolhido a profissão certa, mas menosdevido à suposta superatividade que por ver frustrada a imagem que, em seus sonhos juvenis, fazia daprofissão; cobriria uma guerra no Golfo pérsico ou nas balcãs; anunciaria, em primeira-mão, notícia envol-vendo um ministro ou chefe-de-Estado; vaticinaria, com autoridade, sobre um possível naufrágio econômicono país. Sua mente trabalhava em um ritmo mais acelerado que sua rotina suportava. Talvez se desse bemcomo ficcionista. Enquanto isso, ia alimentando uma ou duas histórias na cabeça. Quando o editor pediu queele fosse conferir a “tal da mancha” no rio, ele foi, com a mesma solicitude indiferente de sempre...

Domingo, 03 de outubro de 1999No dia anterior havia feito inúmeras entrevistas: engenheiros, técnicos, autoridades...Havia a possibilidade de a poluição ter sido intencional, mas tal hipótese, geralmente sussurrada ou dita

de modo sorrateiro, parecia causar incômodo. Apenas o “foca” se interessou pela teoria. “Intencional? Maisde cem mil pessoas estão sem água, que, misturada a óleo, compõe um conjunto extremamente tóxico. Masque espécie de intenção é essa?” O BIP chamava: deveria ir a Paulínia, pois havia uma nova mancha por lá.

Segunda-feira, 04 de outubro.Mal o editor deixara a sala, vieram os colegas felicitá-lo pela reportagem: a matéria seria manchete de

primeira página. Indiferente à repercussão, o “foca” sentia uma sensação ruim, uma espécie de um mau

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presságio. Lembrara da conversa com os técnicos da Cetesb, da dúvida em colocar ou não a hipótesecriminosa na reportagem. Os técnicos falavam com certa reserva, mas bastante convicção. Temiam represá-lias, mas sabiam o que estavam dizendo. Ao perceberem o interesse do jornalista, todos emudeceram unâ-nimes. Ao sair, recebeu sinal para subir. Falando com o engenheiro-chefe, entendeu que nunca se deve dizertudo o que se sabe. É sensato saber calar. O jornal sairia na manhã seguinte e ele, arrasado, sentia-sevencido. O telefone tocou.

Terça-feira, 05 de outubro.O “foca” chegava ao lugar marcado com quinze minutos de antecedência. Pelo telefone, a pessoa apenas

informou a hora e o local em que deveriam se encontrar. Não se identificou e não disse como estaria.Aparentemente um boteco, como qualquer outro; adentrou o local, relutante entre a curiosidade e a cautela.Sabia que ter insinuado a hipótese criminosa em sua matéria havia irritado imensamente as autoridadeslocais, que temiam que a população imaginasse que pudesse estar havendo perda de controle. Quem maisele teria irritado? Ao sentar-se à mesa recebeu um bilhete que o mandava subir. Obedeceu cauteloso. Noandar superior, conversou com uma pessoa que, por sua vez, conduziu-o a outra sala. Estava começando aassustar-se. A sala estava escura, e ele não podia ver quem lá estava. Apenas ouvia uma voz que o advertiaa não fazer perguntas. A voz o informou de que um grupo, politicamente oposto ao governo vigente, tentavasabotá-lo poluindo criminosamente o rio, o que, além de indispor a simpatia da população contra as autori-dades, traria um grande prejuízo econômico à cidade. Falou mais, e o jornalista ouvia eufórico, entendendoa dimensão do que ouvia. Ao sair do prédio, uma bala atingiu-o pelas costas. Seu corpo, por ali mesmo,desapareceu.

Quarta-feira, 06 de outubro.O rapaz afrouxava a gravata. Apenas cumpria ordens. O “tal do jornalista” bem que havia provocado. É

assim. Hoje se obedece; amanhã se manda. Cada um no seu lugar.

Provavelmente, lendo esta redação, você tenha percebido como são acima da média as relações estabele-cidas entre os elementos trazidos pelo seu autor.

Observe que não há diferenças substantivas de enredo entre as duas redações acima: nas duas, além dehaver alguém interessado em desvendar o crime ambiental – tarefa exigida pela proposta – há um interessadoem denegrir a imagem de um político. O que diferencia as duas redações são o trabalho com os elementos danarrativa e a relação estabelecida entre os elementos do texto; observe, no segundo texto, a profundidade comque os dois personagens principais – o executor dos dois crimes, que cumpre ordens de derramar óleo no rioe de matar o jornalista e o foca – foram construídos, o trabalho com o cenário e como todos elementos estãorelacionados entre si. Atente para a preparação que o candidato faz para cada ato dos personagens criados: ascoisas não acontecem por acontecer neste texto; o criminoso não comete os crimes como quem vai ao bar daesquina, ele se questiona e tem a necessidade de se justificar. O foca não vai até aquele beco ao encontro doseu assassinato por mera coincidência, ele foi construído pelo candidato como um jovem ingênuo e ambiciosocujo sonho era fazer um furo de reportagem. A chance era aquela. Mesmo tendo suspeitado de que poderiaestar caindo numa cilada – adentrou o local, relutante entre a curiosidade e a cautela,... Quem mais teriairritado? ... Obedeceu cauteloso... Estava começando a assustar-se – prosseguiu; a curiosidade – caracterís-tica de um grande repórter – foi maior!

Veja como o dado de coletânea exigido pela proposta – a hipótese dos técnicos, como você já sabe – étotalmente integrado à trama: é essa hipótese geralmente sussurrada e dita de modo sorrateiro que faz comque o foca deixe de olhar para a matéria com a mesma solicitude de sempre e passe a se envolver com o caso.

Releia o texto pensando em cada elemento utilizado pelo candidato. Você verá que tudo tem uma funçãono texto. Procure observar como os elementos se relacionam. Veja, por exemplo, o paralelismo na constituiçãodos dois personagens – o foca e o criminoso: embora ninguém ouse ver no foca um criminoso, é bastanteimportante vê-lo como alguém cujo caráter é bastante semelhante ao do vilão da história. O que move o focatambém é a ambição: atente para a euforia com que ele ouvia a explicação para o crime. Alguém preocupadocom a saúde pública, com a preservação da natureza, ou com alguma outra questão “nobre” se indignaria comaquelas declarações, mas o foca, não. A sua reação foi de euforia pois entendia a dimensão do que ouvia,sabia que alcançaria a tão almejada fama ao publicar tudo o que lhe fora desvendado sobre o crime ambiental.

Crime no Bairro SumaréTodo dia acordo, pontualmente, às sete horas da manhã. Trabalho, como detetive, em um escritório lá na

rua dos Bandeirantes. Entretanto um telefonema me acordou às seis e quinze. Era meu chefe. Ele perguntarase havia lido o jornal desta manhã. Respondi, obviamente, que não e disse que iria ler e ligaria para eledepois. Com muito esforço, levantei e caminhei em direção à porta da frente para pegar o jornal. Não mepareceu nada demais, os mesmos assuntos de sempre, mortes, roubos; entretanto, uma reportagem sobre afalta de água em Sumaré me chamou atenção. Não pelo fato de faltar água, mas sim pelo motivo da falta.

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Liguei para o meu chefe e recebi ordens para ir ao local checar uma possível contaminação planejada.Chegando ao local, o belo bairro Sumaré, me dirigi a um dos moradores, um homem velho porém forte deuns 60 anos, e lhe perguntei o que estava acontecendo. Ele me disse que em dias recentes manchas deóleo ou gasolina estariam contaminando a água. Indagado, perguntei a ele, como os moradores do bairroestavam suprindo a falta de água. Ele me disse que tinham de comprar água em um armazém recém-aberto a duas quadras dali.

Antes de ir para tal armazém, passei na Estação I de Tratamento de Água para ouvir a opinião de umdos técnicos. José Crivaldo, o técnico que me recebeu, me explicou que tal contaminação teria sido causa-da por alguém. Quando me disse isto, comecei a ligar os fatos. Essa onda de contaminação e a recém-abertura do armazém seriam mera coincidência? Entrei no meu carro, um Gol 1992, liguei para o meuchefe, Ricardo, e lhe contei a história. Recebi a orientação para ir investigar o tal armazém.

Chegando lá me deparei com um armazém velho, enferrujado, mas que tinha uma grande freguezia.Entrei pelos fundos. Lá pude observar que havia uma meia dúzia de “bacanas”, todos bem vestidos e bemarmados. Cheguei mais perto e pude escutar que a contaminação e o armazém não eram mera coincidên-cia. Liguei para a central e contei a situação.

Depois de algum tempo, a polícia chegou com um mandato. Verificaram o local. Encontraram dinhei-ro, muito por sinal, e uns três ou quatro barris. Ao abrirem encontraram um líquido de mesma coloração aolíquido suspeito encontrado na água. Resultado disso tudo é que foi parabenizado pelo meu bom trabalhoe os “bacanas” foram presos. Ao sair do armazém me deparei com uma pequena manifestação. Era oresponsável da Cetesb avisando, que devido ao feriado, a água só ia voltar na outra semana.

Embora esta redação contenha grande parte das exigências, como o crime ambiental, a construção de umdetetive e o plano maior (a conspiração) por trás do crime, ela foi feita em 1ª pessoa. Conforme consta noManual do Candidato, a utilização do foco narrativo exigido é condição para que a redação seja considerada e,portanto, a redação acima foi anulada em Tipo de Texto.

Ambientalistas descobrem que está sumindo aves da floresta e resolveram avisar a polícia ambientale eles nada fiseram. Com a icopetencia da policia ambiental, os ambientalistas resolveram contratar umdetetive para solucionar o caso.

O detetive começando as investigações que aves rarissimas que so existe no Brasil estão ficandoextintas, e a preocupação dos ambientalistas aumentou. Com o decorrer das investigações o detetive des-cobre que não era só aves que estavam sumindo, mas também aranhas caranguejeiras.

Quando o detetive descobriu sobre as aranhas, começou a suspeita sobre que a policia ambientalestava envolvida no desaparecimento das aves e aranhas, que eles estavam exportando para o exterior quecomprava que comprava por um preço alto.

Mas profundo nas investigações descobriu que tinha governadores envolvidos no sumiço das aves earanhas. Após essas descobertas o detetive relata tudo o que havia descoberto para os ambientalistas, emais, sugeriu que eles escrevessem uma carta para o presidente relatando tudo que havia descoberto.

Assim feito o presidente respondeu sua carta agradecendo por ter avisado e pedindo que o detetivesaisse do caso que ele iria mandar a policia federal investigar, meses depois o detetive foi morto e o casonão foi solucionado.

O autor deste texto desconsiderou totalmente o crime ambiental, exigência do tema. A tarefa exigida nãoera a de imaginar “um” crime ambiental, mas a de usar “o” crime ambiental da proposta. Essa desconsidera-ção é gravíssima e acarreta a anulação da redação em Tema. Além do Tema, a redação foi anulada emColetânea. Veja que nenhum dos elementos da proposta foi usado: onde estão a mancha de óleo, a hipótesedos técnicos, o rio Atibaia, o jornal?! Nem a falta d’água aparece no texto...

Além de muitos crimes que ocorre no país, o crime ambiental que é o que causa mais prejuízos tantopara a empresa como para o consumidor, um rio pode distribuir águas para uma cidade inteira, se qualquerempresa ou fábrica vizinhas do rio causar um crime ambiental que é causar uma poluição no rio causa umgrande problema para a cidade que depende da água do rio para utilizar. A água é um dos itens fundamen-tais para a população, que não tem como substitui-lá. Se fosse com a energia elétrica o homem conseguiriasubstitui-lá com a energia solar e a eólica.

O que causam crimes ambientais são geralmente as grandes empresas.Investigam mas quando descobrem que são as grandes empresas que causam este crime, os empre-

sários acabam oferecendo muito dinheiro, assim acabam não sendo punidos. Para causar um dano tãogrande como este só pode ser causado por uma grande empresa.

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Se as empresas não poluíssem os rios a estação de tratamento de água não gastariam muito com otratamento.

Com o rio limpo sem poluição a estação de tratamento teriam menos gastos em materias de tratamen-to da água, podendo cobrar mais barato a água consumida pela população.

Esta redação também foi anulada por dois motivos: além de o candidato desconsiderar totalmente “ocrime ambiental”, não escreveu um texto adequado ao tipo de texto escolhido: o texto acima não é umanarrativa. A redação foi anulada em Tema e em Tipo de Texto, portanto.

Ao ler esta redação, você pode ter ficado com a impressão de que o candidato leu as três propostas dedesenvolvimento e, a partir dessa leitura – que, sem dúvida, foi superficial – escreveu alguma coisa sobreágua, que, aliás, foi o eixo de toda a prova. Mesmo nos casos em que toda a prova é temática, como ocorreunos dois últimos anos, deve-se seguir, exclusivamente, as instruções contidas na proposta escolhida.

TEMA C

Em várias instâncias têm surgido iniciativas que podem resultar em uma nova política em relação à água,até hoje considerada um bem renovável à disposição dos usuários. Abaixo estão trechos de notícias relativa-mente recentes com informações sobre algumas dessas iniciativas.

1. País pode ter agência de águaO secretário nacional de recursos hídricos, Raimundo José Garrido, participa na próxima quarta-feira, emPorto Alegre, de um debate sobre a criação da Agência Nacional da Água (ANA). O encontro, que reunirá aindao jornalista Washington Novaes, o consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, AffonsoLeme Machado, e o Secretário do Meio Ambiente do Estado, Cláudio Langoni, faz parte da 6ª Semana Intera-mericana da Água. O evento vai se estender de hoje até o dia 9, em 200 municípios gaúchos, com atividadesligadas à educação ambiental, painéis, exposições, mutirões de limpeza de rios e riachos, entre outras. Maisde 50 entidades públicas e privadas, incluindo o governo do Rio Grande do Sul, a prefeitura de Porto Alegre,a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, participam da iniciativa. (Campinas, CorreioPopular, 02/10/99)

2. Países concordam que, para evitar escassez, a água não pode ser gratuitaParis – Uma conferência das Nações Unidas sobre gestão das escassas reservas de água doce do mundoconcluiu ontem que a água deveria ser paga como commodity*, ao invés de ser tratada como um bem essen-cial a ser fornecido gratuitamente. A reunião de três dias, da qual participaram ministros do meio-ambiente eautoridades de 84 países, concluiu que os custos deverão permanecer baixos e que o acesso à água docedeveria ser assegurado aos pobres.O apelo feito ao final da reunião, no sentido de maior participação das forças do mercado, motivou uma notade cautela do primeiro ministro socialista [francês], Lionel Jospin, que se dirigiu à assembléia em seu últimodia. Jospin enfatizou a necessidade de prudência quando se trata de uma substância que não é “um produtocomo outro qualquer”. “Vocês renunciaram à velha crença, que se manteve por muito tempo, de que a águasomente poderia ser gratuita porque cai do céu”, disse ele. Mas ele frisou que a mudança para uma forma delidar com a água mais orientada para o mercado “deve ser prudente”.(www.igc.apc.org/globalpolicy/socecon/envromnt/water.htm)* commodity: mercadoria, produtos agrícolas ou de extração mineral

3. Enquanto os ambientalistas preocupam-se em mobilizar a opinião pública e sensibilizar governos, os legis-ladores querem enquadrar os abusados nas normas da lei. Aprovada há dois anos, mas ainda carente deregulamentação, a Lei do Uso das Águas (9.433) disciplina a exploração dos recursos hídricos do país. Elaprevê cobrança de taxas adicionais aos grandes usuários (como hidrelétricas), aos poluidores e às indústriasque exploram a água economicamente ou na produção de algum produto. Outra lei, mais rigorosa e punitiva,é a 9.605, em vigor há mais de um ano: quem poluir os rios, mananciais e devastar as florestas poderá sofrerdetenção de até cinco anos e multas de até R$ 50 milhões. (João Marcos Rainho, “Planeta água”, in: Educa-ção, ano 26, n. 221, setembro de 1999, pp. 57-8)

4. A força política dos que promovem a concentração populacional nas áreas de mananciais é grande. (...) Ademonstração dessa força política está nas muitas mudanças da lei de Proteção dos Mananciais de 1975. Amaior dessas alterações que abrandaram a lei ocorreu em 1987, com a desculpa de que era necessária paraatender “à realidade criada pela ocupação desordenada”. Mas cabe a pergunta: quem permitiu essa ocupa-ção? As prefeituras locais, sem dúvida, mas também a Secretaria de Meio Ambiente, por falta de vigilância.(“Mananciais contaminados”, in: O Estado de S. Paulo, 17 /10/99, p. A3)

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Comentáriossobre o Tema C

Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água (ANA). Acarta deverá argumentar a favor da criação do novo órgão que, como a ANP, a ANATEL e a ANEEL, teráa finalidade de definir e supervisionar as políticas de um setor vital para a sociedade. Nessa carta, vocêdeverá sugerir ao congressista pontos de um programa, a ser executado pela Agência Nacional da Água,programa que deverá incluir novas formas de controle.

ANP: Agência Nacional do Petróleo; ANATEL: Agência Nacional das Telecomunicações; ANEEL: Agência Na-cional de Energia Elétrica

Atenção: ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar.

No Tema C-2000, o candidato deveria escrever uma carta argumentativa a um congressista contrário àcriação da Agência Nacional da Água, procurando convencê-lo da importância de tal agência. Para isso, aproposta temática fornecia uma coletânea de textos que abordavam a questão do gerenciamento da água sobvários aspectos. Havia informações e fatos relacionados a algum tipo de controle da água, a partir dos quais ocandidato poderia argumentar para convencer o congressista da necessidade da ANA, além de poder extrairdali pontos de uma possível proposta de programa para a ANA, já que parte da tarefa pedida era justamentepropor os pontos de um programa para a nova agência. Um bom leitor poderia encontrar ali argumentos pararedigir seu texto persuasivo, como o fizeram alguns candidatos.

Gostaríamos de esclarecer que o que se espera como resposta a esta tarefa específica não é simplesmenteuma carta, mas uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor definido, que deverá ser convencido (oupersuadido) de determinada questão. Para fazer isso, você deve identificar, em primeiro lugar, quem é o seuinterlocutor e, em segundo lugar, a questão que está sendo abordada, bem como os argumentos, opiniões oupontos de vista sobre essa questão que aparecem na coletânea. Em seguida, você deve selecionar, dentre osargumentos, opiniões ou pontos de vista identificados, aqueles que melhor se prestam à análise que vocêpretende fazer da questão, e trazer outros argumentos do seu conhecimento que sejam pertinentes à questãodiscutida e integrá-los ao seu texto.

Além disso, escrever uma carta argumentativa não significa apenas argumentar defendendo um ponto devista, mas, sobretudo, é preciso direcionar a argumentação ao interlocutor definido pela prova. No Vestibular2000, a carta argumentativa deveria ser endereçada a um congressista; você poderia se perguntar: mas quecongressista? a que partido político pertencia? qual sua posição ideológica com relação aos diversos proble-mas do Brasil? por que ele era contrário à criação da ANA? quais as razões concretas para tal postura? E,pensando em cada uma das possíveis respostas às perguntas acima, você deveria construir a imagem do “seu”congressista.

Veja que a tarefa argumentativa seria outra se você tivesse que escrever para:(1) um ambientalista, ligado a causas ecológicas;(2) um amigo que precisasse ser convencido a assinar um abaixo-assinado em favor da nova agência;(3) um gerente de uma indústria que estivesse poluindo rios;(4) o presidente do Departamento de Água e Esgoto de sua cidade.O que queremos enfatizar é que a construção de uma carta argumentativa é mais facilmente bem sucedida

quando você, além de relacionar bem os argumentos extraídos da coletânea e do seu conhecimento de mundo,explora as características que conhece do seu interlocutor.

Foi uma estratégia inteligente a daqueles candidatos que, de antemão, definiram seu interlocutor – sejatendo escolhido um que conhecessem, seja “criando” um deputado ou senador com determinadas caracterís-ticas, desde que coerentes com a única informação dada na prova: a de que o congressista era contrário àcriação da ANA.

A seguir, há três exemplos de redações em que os candidatos, apesar de cumprirem a tarefa pedida,exploraram a imagem de seu interlocutor em graus diferentes.

Ribeirão Preto, 28 de novembro de 1999.

Deputado Sílvio Golveia.

Leio sempre revistas e jornais e li sobre o seu posicionamento contrário a criação da Agência Nacional daÁgua (A.N.A.). Sou estudante e sempre procuro saber sobre os problemas ambientais e seus reflexos nanatureza e nas sociedades futuras; fico profundamente decepcionado com atitudes como a do senhor, queme parece não se preocupar com os problemas que poderiam ser evitados num futuro próximo com aimplantação da A.N.A.

A sua integridade é posta em questionamento quando se volta contra um projeto tão nobre. Não hájustificativas nem argumentos para esse seu posicionamento e a única alternativa que resta à população é

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desconfiar que por trás dessa decisão, há relações políticas ou algum interesse financeiro pressionando osenhor.

Se o senhor quer projeção política, imagine o marketing que o senhor não teria se ajudasse e desse idéiaa esse projeto de controlar e inspecionar o uso da água, a qual terá grande problema de escassez se nada forfeito nesse sentido de controle.

Como idéia, o senhor poderia propor não a taxação, mas a conscientização da população para nãodesperdiçá-la, o que seria muito mais eficiente, uma vez que cobrar água num país de maioria pobre e queem algumas áreas a população nem tem acesso a ela é inviável, além de que, informar e conscientizar é umamedida que servirá não só para a preservação da água, mas para qualquer outro recurso ambiental e ecológico.

O senhor seria visto com muito mais respeito, aderindo-se à esse projeto, e estaria assim respondendo àduas ambições suas; a de se ver bem quisto pelas pessoas e a de atender à sua consciência que, tenhocerteza, quer um mundo melhor para seus descendentes e que se preocupa com o destino desse bem vitalque é a água.

Desculpe pela minha franqueza, mas é que eu me preocupo muito com os recursos ambientais e sei dasua importância para a manutenção da vida.

Respeitosamente,J.G.J.N.

O candidato que escreveu essa redação sabia muito bem que estava escrevendo uma carta a um congres-sista. Daí ter “criado” um deputado – Sílvio Golveia – e ter construído uma imagem de um político envolvidoem interesses financeiros e buscando projeção política. Na opinião do candidato, seriam essas as prováveisjustificativas pelas quais o deputado seria contrário à criação da ANA. Veja que a primeira parte da construçãode uma carta argumentativa foi feita corretamente pelo candidato. Vejamos, então, se ele conseguiu explorarbem essa imagem do deputado e quais foram os argumentos por ele utilizados para convencer Sílvio Golveiaa mudar de idéia com relação à criação da ANA, já que a tarefa pedida não é somente uma carta, mas umacarta argumentativa!

Primeiramente, a ANA poderia evitar problemas ambientais no futuro, se fosse implantada (1º parágrafo).Tendo em mente a projeção política almejada pelo deputado, o candidato aponta o marketing que poderiaalcançar se apoiasse o projeto de controlar e inspecionar o uso e a poluição da água (3º parágrafo). Emseguida, sugere que seria melhor propor a conscientização da população do que a cobrança de taxas paraevitar o desperdício da água (4º parágrafo). E conclui que, fazendo isso, o deputado será visto com muito maisrespeito.

Perceba que, embora o candidato não tenha apresentado nenhuma informação errada a respeito do super-visionamento da água, sua carta não tem força argumentativa, na medida em que os argumentos utilizadossão ingênuos; observe que até mesmo no único momento do texto em que ele efetivamente sugere pontos parao programa da ANA, momento que exige argumentos extremamente consistentes, ele é ingênuo: ao justificara conscientização e não a taxação (cobrança pelo uso da água) com base no fato de o Brasil ser um país demaioria pobre, o candidato desconsidera o fato de que, em grande parte, é a minoria – rica – que mais utilizaágua e, muitas vezes, a desperdiça e a polui, com suas indústrias, por exemplo e que poderia haver cobrançade acordo com a quantidade de água utilizada.

Outro momento de ingenuidade ocorre quando, diante da imagem do político que deseja projeção política,o candidato apresenta o marketing político como tentativa de convencimento, não especificando, porém,como tal projeto colaboraria na formação de uma imagem mais positiva do deputado.

Não estamos querendo dizer que isso seja uma razão para penalizar a redação: trata-se de um desempe-nho apenas razoável. O candidato cumpriu a tarefa: escreveu a um congressista; procurou argumentar nosentido de convencê-lo a mudar de idéia e propôs algumas atividades a serem executadas pela ANA. O quequestionamos é se o deputado ficaria convencido com esse tipo de argumentação, baseada no senso comume, até certo ponto, um pouco apelativa. Se ele tivesse fundamentado melhor sua argumentação, ou se tivesseescolhido outros argumentos não tão próximos do senso comum, ou ainda, se tivesse explorado a imagem quefez de seu interlocutor, provavelmente sua redação teria um desempenho melhor.

São Paulo, 28 de novembro de 1999.

Senhor deputado Cézar Campos,

Soube, por meio de jornais e revistas, que o senhor é contrário à criação da ANA (Agência Nacional deÁgua), alegando que seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”. Como cidadã, concor-do com o senhor: há inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos. Porém, como EngenheiraSanitária, vejo a necessidade de intensificar as políticas de proteção ambiental de todas as maneiras possíveis.

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Certamente o senhor sabe da importância da água dentro de uma sociedade, não apenas para a saúde dapopulação, mas também em termos econômicos. E, certamente, o senhor não é contrário à punição de quemfaz mal uso desse bem, tais como indústrias pesadas e poluidoras. Há também grandes usuários que,mesmo sem poluir a água, fazem largo uso dela – e isso, estando certo ou não, é uma grave agressão ao meioambiente, e que, portanto, merece também uma “punição” (taxas e tributos maiores do que os pagos porcidadãos comuns). Pois bem, a Lei já dá conta desse tipo de regulamentação, cobrando inclusives pesadasmultas de quem polui e, em alguns casos, determinando a prisão em até cinco anos.

Contudo, senhor Campos, sabemos que a lei é raramente cumprida, mesmo em se tratando de umaquestão de vital importância e prioridade. Os órgãos governamentais tradicionais, quer por corrupção, querpor ineficiência, já não dão conta da fiscalização sequer – quem dirá da punição. É por razões como essasque a criação da ANA se faz urgente e necessária.

A prioridade da ANA seria a fiscalização e punição, portanto. Funcionaria como uma espécie de “órgão dedefesa da água”, estando subordinada diretamente ao Ministério do Meio Ambiente. A agência teria poder deação tanto sobre a esfera pública quanto sobre a privada, podendo multar, inclusive, programas governamen-tais que se mostrassem prejudiciais ao Meio Ambiente. Seus processos jurídicos deveriam ter prioridade emtribunais, ou então seriam julgados por juízes especiais, designados apenas para essa função, haja vista aimportância da água como bem econômico, social e geopolítico – o Brasil ainda não tem problemas compaíses vizinhos por conta de recursos hídricos, mas essa situação pode vir a ocorrer um dia.

Por isso, é preciso que haja desde já conscientização. O governo não pode, tal como representantelegítimo da sociedade, fechar os olhos aos abusos que vêm sendo cometidos em relação à “água brasileira”.

Outro ponto importante da criação da ANA, e aparentemente o que mais causa a sua rechação à criaçãoda agência, é a ineficiência das empresas estatais. Para burlar esse fato, a ANA deveria ser um órgão misto,do qual participariam governo, ONG’s e representantes diretos de vários setores da sociedade.

No caso da poluição dos mananciais, por exemplo, seriam feitas auditorias entre a ANA, ONG’s e repre-sentantes da população que habita a região. Além disso, haveria ouvidorias para a denúncia de órgãos queestivessem utilizando mal os recursos hídricos. Essa me parece ser a maneira mais democrática e honestapara que a ANA possa realmente dar certo, sem se tornar “onerosa e espalhafatosa”.

Contudo, isso não basta para que a ANA dê certo. É necessário, antes de qualquer coisa, a conscientiza-ção da população acerca da importância – e da limitação – dos recursos hídricos. E o governo é o órgão maisindicado para esse projeto de reeducação ambiental.

Nós, cidadãos conscientes, esperamos uma resposta séria de vocês, governantes e representantes dasociedade.

Atenciosamente,C.B.M.

Decisão inteligente a desta candidata: criou um deputado, Cézar Campos – não há nenhum deputado comesse nome na lista da Câmara – e um contexto (jornais e revistas) por meio do qual teria tomado conhecimentoda posição do deputado com relação à criação da Agência Nacional da Água e a justificativa para tal posicio-namento: a criação de uma agência nacional seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do gover-no”, tendo em vista os inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos existentes.

Trata-se de uma boa justificativa e muito verossímil – diga-se de passagem –, especialmente porque é doconhecimento geral que tais órgãos não são eficientes como deveriam, e a candidata, como cidadã consciente,concorda com tal preocupação do deputado.

E o que ela faz, então? Assumindo uma máscara de Engenheira Sanitária3, apresenta a importância daexistência de um gerenciamento da água, tendo em vista os vários setores da sociedade, e tira da coletânea osargumentos e dados relacionados à questão que corroboram sua opinião.

O que gostaríamos de destacar é a estratégia utilizada pela candidata para rebater a posição contrária dodeputado. Veja que, para persuadir seu interlocutor, ela procura construir uma argumentação baseada eminformações que poderiam ser comuns aos dois, estratégia de alguém que respeita o interlocutor, apesar denão concordar com ele e, em todo o texto, estabelece explicitamente a interlocução: no 1o parágrafo, concor-da que inúmeros órgãos governamentais são ineficientes e burocráticos; no 2o parágrafo, aponta alguns aspec-tos relacionados à utilização da água que seriam consensuais; no 3o parágrafo, concorda que as leis raramen-te são cumpridas, o que a faz argumentar no sentido de que a ANA também se encarregaria da punição; no 4o

parágrafo, caracteriza a ANA como uma agência que teria prioridade nos tribunais e como portadora de umpoder até mesmo sobre programas governamentais. Veja que, neste parágrafo, ela já está procurando rebatera idéia da ineficiência e da burocracia caracterizadoras dos grandes órgãos governamentais, para, em seguida,propor que a agência seja uma organização “mista”, da qual participariam governo, ONG’s e representantes

3 Entende-se por máscara a utilização de um remetente fictício cuja caracterização possa auxiliar o desenvolvimento argumentativo do texto. No caso desta redação,a máscara de Engenharia Sanitária estaria funcionando como a representação de alguém que tem conhecimento ou autoridade sobre a questão abordada.

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Redação 1ª fase

Comentários

diretos de vários setores da sociedade. Perceba que ela procura “dialogar” com o deputado, levando emconsideração o fato de que ele é contrário à criação da ANA e que tem motivos razoáveis para assumir talpostura.

Nesse diálogo, a candidata procura persuadi-lo a mudar de idéia – ela que, “sendo” Engenheira Sanitária,sabe tão bem o quanto a questão do gerenciamento da água é importante para evitar desperdícios!

Tendo em vista a argumentação construída em função do posicionamento do deputado, posicionamentoesse que caracteriza a imagem que a candidata fez de seu interlocutor, pode-se dizer que este texto estáacima da média.

São Paulo, 28 de novembro de 1999.

Caro deputado Inocêncio de Oliveira,

Decidi escrever esta carta para o senhor após ler algumas declarações suas contrárias à criação daAgência Nacional da Água (ANA), idéia que, defendida pelos inúmeros grupos de proteção dos recursoshídricos e do meio ambiente, faz parte de um movimento mundial para melhor gerenciamento das fontes deágua doce e seu aproveitamento racional. A oposição movida no Congresso Nacional pelo senhor e porinúmeros de seus colegas parlamentares a um projeto que está conseguindo agregar grande parcela daopinião pública parece advir de uma aliança entre interesses próprios e falta de noção do valor que semprerepresenta e que, especialmente no próximo século, representará a posse de água.

Um primeiro aspecto que move a oposição à criação da agência é a perda das vantagens que a posse daágua sempre lhes garantiu. Em seu caso, por exemplo, a posse da água na sua cidade de origem, em meioao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéias demagógicas de combate à secagarantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional. Outros congressistas, por outro lado,aproveitam-se da falta de controle sobre mananciais de rios para criar projetos de ocupação irregulares, combaixo custos, possibilitando fraudes. Enfim, dentro de uma perspectiva de pequeno alcance, a oposição daqual o senhor faz parte permanece presa à manutenção de antigos privilégios, sem atender a um projetomundial, algo além de sua visão.

A perspectiva de que se reveste o projeto é mais global, faz parte de uma idéia que valoriza a importânciahistórica da água e seu poder num mundo em que as reservas de água diminuem constantemente. A posseda água, que moveu civilizações inteiras no decorrer dos séculos, sempre agregou valores; não só econômi-cos quanto culturais. Faz parte da cultura egípcia, por exemplo, agradecer aos deuses a posse do Nilo. Trata-se de uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo umadiscussão mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria acorroborar essa tendência mundial. Representaria um meio de controlar o uso da água no Brasil, asseguran-do a punição de indústrias e setores responsáveis pela poluição de rios e pela ocupação indevida de manan-ciais; a cobrança de taxas sobre grandes usuários de água; uma política de uso racional dos rios na produçãode energia elétrica. Além disso, a agência deve zelar pela distribuição eqüitativa da água, tanto em cidades,quanto no meio rural, promovendo até a perfuração de poços artesianos na sua cidade natal, acabando coma falta de água. Não há, também, como esquecer-se de uma campanha de conscientização pública doadequado uso da água. Atrelado ao poder público, a ANA deveria promover, também um panorama denossos recursos hídricos, para que toda uma política possa se realizar em sua plenitude.

O senhor, portanto, atento à importância da água no mundo de hoje, deve pensar mais cuidadosamentesobre o projeto, algo que nos prepararia melhor para o próximo milênio, um período que reserva, para paísesque agem com uma mentalidade como a sua, uma realidade onde a posse da água terá maior valor que aposse do dinheiro, quando as guerras serão promovidas pela posse de rios e mananciais. Espero não estarnesses países. Nem o senhor.

Atenciosamente,TSA

No caso desta redação, a imagem que o candidato faz de seu interlocutor é baseada em conhecimentosprévios que ele tem a respeito do deputado que escolheu para ser seu interlocutor na carta argumentativa. Ocandidato sabe que Inocêncio de Oliveira é proveniente de Pernambuco, de uma região onde falta água, econstrói, a partir dessa informação, uma imagem carregada de uma avaliação pessoal que o caracteriza comoum parlamentar que leva vantagem com a situação de seca da região que o elege e o mantém no poder. Ocandidato justifica a imagem de demagogo que faz de Inocêncio de Oliveira, ao afirmar: a posse da água nasua cidade de origem, em meio ao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéiasdemagógicas de combate à seca garantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional.

Veja que se o candidato somente chamasse Inocêncio de Oliveira de demagogo, sem fundamentar suaopinião, correria o risco de estar estabelecendo um juízo de valor, que não tem força argumentativa. O que elefez, no entanto, foi vincular o fato de o deputado não ser favorável à criação da ANA ao privilégio de manter-

Exemplo deredação

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Redação 1ª fase

Comentários

Exemplo deredação anulada

se no poder graças aos votos angariados em sua seca região, através de promessas demagógicas a respeito doproblema da seca.

Trata-se, segundo o candidato, de interesses próprios que fariam Inocêncio de Oliveira ser contrário àcriação de uma agência nacional da água. Aos interesses particulares do deputado do PFL, o candidatocontrapõe a iniciativa da criação da ANA, relacionada a um movimento mundial que visa ao melhor gerenci-amento das fontes de água doce e seu aproveitamento racional, ligada, portanto, a interesses gerais dapopulação.

Nesse sentido, o candidato aponta a falta de noção do valor da água de Inocêncio de Oliveira, que não aestaria valorizando em virtude de valores ideológicos próprios e não estaria percebendo que o que move ainiciativa da criação da ANA faz parte de um projeto global de valorização da importância da água: trata-se deuma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma discussãomundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a corroboraressa tendência mundial. E nesse momento do texto (3o parágrafo), o candidato apresenta os pontos doprograma que seria executado pela ANA, integrando várias informações extraídas da coletânea.

Pode-se dizer que o desempenho deste candidato está bem acima da média, se comparado com o universodos candidatos. O fato de ele construir uma imagem de seu interlocutor e explorá-la argumentativamente, istoé, o fato de construir a imagem de um deputado demagogo, eleito a partir de uma região de seca do Nordeste,torna verossímil que tal deputado seja contrário a políticas que visem a um melhor aproveitamento das fontesde água existentes no país, dado que isso poderia ameaçar a manutenção de seus privilégios. Ora, a posturaideal de um político sério seria a de procurar representar os interesses da população que o elegeu e não é issoo que o deputado faz, ao negar a criação da ANA. Na argumentação do candidato, fica claro que a criação daANA estaria vinculada diretamente, como apontamos acima, aos interesses gerais da população, tendo emvista os diferentes benefícios que tal agência poderia gerar.

Campinas, 28 de novembro de 1999.

Deputado Carlos,

Li com muita atenção algumas notícias públicadas em vários jornais sobre a falta de água no país,mais já estão discutindo sobre a criação da Agência Nacional da Água, isso não é tão importante. O quedeveria ser feito é a criação de um novo órgão como a Agência Nacional do Petróleo, porque observamosque no século em que estamos existem muitos automóveis circulando e gastando petróleo. Sabemos quedaqui à alguns anos não terá mais petróleo para todos esses carros.

Devido este fato o Senhor deveria organizar uma reunião com os outros políticos para discutir sobreesse novo órgão, para que daqui à alguns anos não correr perigo dos automóveis ficarem parados sem tercombustíveis.

Deputado o Senhor já imaginou tendo um carro em casa e não poder usá-lo por falta de petróleo.Deputado a criação da Agência Nacional da Água não é importante pois à água cai do céu e o petróleo não.Gostaria que o Senhor batalhasse para a criação da Agência Nacional do Petróleo seja feita.

Atenciosamente,M.O.S.

Uma surpresa para a Banca foi a recorrência de um equívoco de leitura do enunciado da prova que fez comque alguns candidatos se confundissem e escrevessem contrariamente à criação da ANA. O enunciado dizia:

Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da AgênciaNacional da Água... (grifo nosso)

Os candidatos que cometeram o equívoco leram “contrário” como “contrariamente” e associaram tal “ad-vérbio” ao verbo “redija”; daí redigirem uma carta argumentando contrariamente à criação da ANA. O que seespera, no entanto, é que os candidatos sejam capazes de reconhecer os diversos registros da língua portugue-sa e que tenham domínio da linguagem padrão utilizada na escrita.

Perceba que a redação acima reflete bem a leitura equivocada do enunciado, na medida em que o candi-dato, além de negar a criação da Agência Nacional da Água, propõe a criação de um “novo órgão”: a ANP.Nesse momento o candidato revela um novo equívoco de leitura, decorrente daquele. No enunciado da prova,a Agência Nacional da Água é retomada por “novo órgão”; o candidato, porém, lê “novo órgão” não comoexpressão que se referia à ANA e, portanto, propõe um novo órgão.

Campinas, 28 de novembro de 1999

Ilmo. Raimundo José Garrido,

Atualmente a criação da Agência Nacional da Água é de fundamental importância para o país, já que

Exemplo deredação anulada

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Redação 1ª fase

esse elemento vem se tornando cada vez mais escasso no mundo inteiro, apesar de ser muito abundanteem algumas regiões do Brasil, uma quantidade considerável está poluída.

Vários programas para preservação e controle poderiam ser criados. A Agência iria fiscalizar e multarou até fechar empresas que estariam jogando dejetos sem tratamento adequado nos rios e corregos, poisgrande parte da poluição vem de indústrias e fábricas, pois atualmente não há nenhum orgão do governofiscalizando essas irregularidades e se há, estão atuando muito precariamente.

A Agência Nacional da Água trabalhará junto com o Ibama, para proteger as matas siliares de nascen-tes rios e corregos para evitar o assoreamento destes.

Ela gerenciará programas para irrigação no nordeste, já que atualmente isso é pouco explorado nonosso país. Isso ajudaria a diminuir a fome e a miséria no sertão nordestino e como conseqüência adiminuição da pobreza nessa região.

A Agência dará apoio a pesquisas para uma melhor utilização de recursos hídricos, pois assim teremoscomo aproveitar melhor a água e tratá-la para reaproveitar ela de um modo mais eficiente. Desenvolvertambém projetos para recuperar rios poluidos e recuperar a vida que eles possuiam antes. Tentar descobrircomo retirar água do subsolo, já que o pais possui uma das maiores reservas de água do mundo, mas essagrande reserva se encontra no subsolo. Outro fator importante é desenvolver essas pesquisas e projetos dentrode faculdades e centros de pesquisas brasileiros, pois ajuda o país a se desenvolver e a poupar dinheiro.

A água é um recurso fundamental para a vida de todas as espécies e seres vivos da terra.Obrigado pela atenção,RAC

Quando se fala em carta argumentativa, espera-se que o interlocutor não seja esquecido, isto é, que aolongo do texto a interlocução seja mantida. É lamentável encontrar casos como a redação acima, em que ocandidato escreve uma dissertação, utilizando até mesmo bons argumentos que convenceriam qualquer umda posição defendida. É justamente aqui, porém, que reside um dos problemas: com a carta argumentativa,você deverá convencer o seu interlocutor – e apenas ele – sobre o que se pede, e não qualquer um (leitoruniversal) como acontece quando se escreve uma dissertação. Não bastam a data, o cabeçalho e a despedidapara haver uma carta. É fundamental não esquecer, ao longo do texto, que você está escrevendo para umaúnica pessoa e isso significa que deverá utilizar as chamadas marcas de interlocução (vocativos, pronomes)que configuram uma espécie de “diálogo” entre os interlocutores: você e o destinatário de sua carta.

Tenha em conta que não é o fato de o candidato ter assinalado que desenvolveria um dos tipos de texto quegarante que seu texto está de acordo com o tipo de texto escolhido. Também não cabe ao leitor do texto decidirse ele teria feito uma dissertação, uma carta ou uma narrativa sobre um dos temas propostos. O próprio textoprecisa garantir isso, ou seja, precisa conter os elementos característicos do tipo de texto escolhido.

Um último esclarecimento

Freqüentemente, chega até nós a seguinte questão: é preciso utilizar “corretamente” o pronome de trata-mento na carta argumentativa?

Resposta: Não necessariamente. Se você não souber qual o pronome de tratamento adequado para sedirigir a um congressista, por exemplo, pode chamá-lo de “prezado senhor”, “caro congressista”, “senhordeputado” etc. Não perdem pontos os candidatos que não “acertam” o pronome de tratamento; é muitoimportante que você entenda que a tarefa pedida tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentar nosentido de persuadir um interlocutor definido e que não estamos interessados, como já dito na Introdução, emsurpreender ninguém com “pegadinhas” desse gênero...

Conclusão

Estamos certos de que agora você está mais tranqüilo em relação à prova de Redação do VestibularUnicamp!

Se, apesar de mais tranqüilo, você ainda tiver alguma dúvida a respeito dos princípios do VestibularUnicamp ou especificamente sobre a prova de Redação, ou ainda se quiser ler tudo o que já foi publicadosobre a Redação no Vestibular Unicamp, segue a lista das publicações:

Vestibular Unicamp, Redação, 1993; Vestibular Unicamp, Questões Comentadas do Vestibular 94, 1994;Vestibular Unicamp, Questões Comentadas do Vestibular 95; 1995 – Editora Globo, S/A; Caderno de Ques-tões, 97, 98 e 99.

Bom trabalho!

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Questões 1ª fase

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Questões 1ª fase

O conjunto das doze questões gerais que constituem, juntamente com a redação, a prova da 1a fase doVestibular Unicamp tem como objetivo verificar se há domínio de conceitos básicos do conteúdo progra-mático das disciplinas do núcleo comum do Ensino Médio – Matemática, Física, Química, Biologia, Histó-ria e Geografia. Procura-se com estas questões verificar se o candidato sabe ler, compreender, interpretare relacionar os dados que lhe são apresentados nas diferentes linguagens e se consegue redigir suaresposta com clareza e coerência.

No vestibular 2000, o tema central da primeira fase foi Água e pelo menos uma das questões de cadadisciplina foi elaborada em torno deste tema.

As duas primeiras questões da prova foram de Biologia: a primeira questão teve como objetivo princi-pal relacionar conhecimentos básicos sobre o reino Monera com sua importância no ambiente aquático,poluição ambiental, seu metabolismo e com doenças causadas por bactérias. Os conhecimentos queforam solicitados são abordados freqüentemente pela imprensa pelo fato de serem utilizados rotineira-mente como parâmetros pelos órgãos de controle ambiental. A segunda questão verificava o conhecimen-to sobre as características dos grupos zoológicos, a origem de algumas estruturas animais bem como aimportância desses animais no ambiente.

As questões de Química, cuja abordagem foi o tratamento da água, tiveram como objetivo avaliar acapacidade de entendimento do problema colocado e a resolução dentro da linguagem e dos parâmetrosda Química, sendo que na questão de número quatro avaliava-se também a capacidade de associarequilíbrios químicos à sua representação gráfica.

As duas questões de Geografia avaliaram o conhecimento das conseqüências espaciais do desenvolvi-mento técnico-científico e hegemonização político-econômica – questão 5 – e o conhecimento dos proble-mas urbanos das grandes cidades, problemas ambientais e políticas de planejamento urbano – questão 6.

A questão número 7 testava a capacidade de o candidato resolver um problema do quotidiano dedificuldade média. Aqui, era extremamente importante a correta interpretação do gráfico. A outra questãode Física – número 8 – teve como objetivo avaliar a capacidade de o candidato interpretar um texto,equacionar e resolver um problema simples da realidade que o cerca, a geração de energia, além de trazerao candidato uma idéia da ordem de magnitude da potência gerada por uma hidrelétrica.

As questões de História foram as de números 9 e 10. Na primeira, o objetivo foi o de avaliar acapacidade de julgamento histórico-crítico a partir de determinados conceitos elaborados pelo Iluminismobem como o conhecimento do processo de transformação de energia. Cabe observar aqui que, proposita-damente, um dos itens desta questão tinha sua resposta no próprio enunciado da questão de Físicaimediatamente anterior e o bom leitor deveria ter se apercebido deste fato encontrando elementos parasua resposta. A segunda questão de História avaliou a capacidade de julgamento crítico do processo decolonização das Américas e conhecimento dos processos de indução histórica entre o desenvolvimento daagricultura e o crescimento das cidades.

As duas últimas questões foram de Matemática. As questões de Matemática da primeira fase procu-ram avaliar a capacidade de compreensão de textos em problemas associados à realidade do candidato,bem como a habilidade para executar operações matemáticas simples e interpretar dados e resultados. Ocandidato deve demonstrar o domínio de diversas formas de representação, tais como tabelas, figuras,gráficos e equações. O uso de unidades apropriadas, a seleção de informações e conclusões claras sãotambém aspectos importantes dessa fase.

Veja a seguir todas as questões da primeira fase, com suas respectivas respostas esperadas e pontu-ações, exemplos de resolução e comentários feitos pelas bancas. Note que são apresentadas respostasesperadas. Outras respostas que não as apresentadas podem receber pontuação integral ou parcial. Pormotivo de falta de espaço não é possível apresentar sempre todas as possibilidades. Cumpre, ainda,observar que o nível de exigência das respostas está relacionado ao nível dos candidatos de grau médio.Os exemplos apresentados de algumas respostas dadas por candidatos foram selecionados de forma queuma delas exemplifica um desempenho acima da média e a outra desempenho abaixo da média. Oscomentários são feitos de modo a mostrar o que a questão pretendia examinar, a sua dificuldade esperadae o desempenho médio nela alcançado pelos candidatos.

QUESTÃO 1

Os recursos hídricos estão sendo cada vez mais contaminados por esgoto doméstico, que traz consigogrande número de bactérias. Apesar de parte delas não serem patogênicas, muitas causam problemas desaúde ao homem. Levando em conta que as bactérias decompõem a matéria orgânica por processo aeróbicoou anaeróbico e que a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e o índice de coliformes fecais são utilizadoscomo indicativos da poluição da água, resolva as questões abaixo.

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Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Compare águas poluídas e não poluídas quanto a: DBO, índice de coliformes fecais, teor de oxigêniodissolvido e ocorrência de processos aeróbicos e anaeróbicos.

b) Os coliformes fecais são bactérias anaeróbicas facultativas. Metabolicamente, o que é um organismoanaeróbico facultativo?

c) Cite uma doença bacteriana adquirida pela ingestão de água contaminada e dê o nome de seu agentecausador.

a) Águas poluídas: alta DBO; alto índice de coliformes; pouco ou nada de O2 dissolvido; processos anaeró-bicos.Águas não poluídas: baixo DBO; baixo índice de coliformes; alto teor de O2 dissolvido;processos aeróbicos. (3 pontos)

b) anaeróbico facultativo: é um organismo aeróbico que, na falta de O2, pode degradar a glicoseanaerobicamente, realizando apenas a fermentação. (1 ponto)

c)• cólera: Vibrio colerae (ou vibrião da cólera)• febre tifóide: Salmonella typhi• Shigelose: Shigella sp.• Diarréia (e disenteria): E. coli; Salmonella sp. (1 ponto para qualquer item)

a) Indicando por: DBO=1, índice de coliformes fecais=2, teor de oxigênio dissolvido=3, ocorrência deprocessos aeróbicos=4 e anaeróbico=5, temos:

águas 1 2 3 4 5

poluída alto alto baixo baixo alto

não poluída baixo baixo alto alto baixo

b) Em presença de O2, realiza a respiração. Na ausência de O2, realiza a fermentação.c) Amebíase, causada pela ameba.

a)

Águas poluídas Águas não poluídas

DBO baixo alto

Índice de coliformes fecais alto baixo

Teor de O2 dissolvido baixo alto

Processo aeróbico não há ou é reduzido alto

Processo anaeróbico é alto não há ou é reduzido

b) É o organismo capaz de realizar suas atividades metabólicas aerobicamente se houver oxigênio no meioonde ele se encontra, apesar de o organismo agir preferencialmente sem oxigênio (anaerobicamente).

c) Doença: amebíase; agente causador: Entomoeba hystolytica (ameba).

Pelo desempenho dos candidatos pode-se afirmar que esta questão apresentou um nível médio de dificul-dade, pois 41,6% deles obtiveram nota entre 0 e 1 ou a deixaram em branco, enquanto que 9,3% obtiveramnotas 4 ou 5. Pode-se dizer que apesar desta dificuldade, foi uma das questões que melhor discriminou oscandidatos. As médias, pouco discrepantes, oscilaram entre 1,23 na área de Artes a 1,99 na área de Biológi-cas demonstrando desta forma ser o assunto do conhecimento dos candidatos e a questão adequada para oensino médio.

A maior dificuldade na resolução desta questão pode ser atribuída ao desconhecimento do conceito deorganismo anaeróbico facultativo (ver item b do exemplo de nota abaixo da média) e de doenças bacterianase à confusão entre bactérias e protozoários (ver item c dos exemplos de nota). O primeiro item da questão, acomparação de águas poluídas com não poluídas, foi em geral bem respondida.

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Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

QUESTÃO 2

Leia com atenção a tira abaixo:

a) Calvin não entende por que precisa estudar os morcegos. Esses animais, porém, têm funções biológicasimportantes nos ecossistemas. Cite duas dessas funções.

b) Calvin acredita que os morcegos são insetos porque, além de considerá-los nojentos, eles voam. Noentanto, o que ele não sabe é que asas de insetos e de morcegos não são estruturas homólogas masanálogas. Qual a diferença entre estruturas análogas e homólogas?

c) Dê duas características exclusivas da classe a que pertencem os morcegos.

a) polinização, insetivoria, dispersão de sementes, transmissão de várias doenças. (2 pontos)b) Homólogo – mesma origem embrionária.

Análogo – mesma função; origem embrionária diferente. (2 pontos)c) pêlos; mamas; glândulas sudoríparas; ouvido interno; mandíbula com dois ossos; dentes diferenciados

ao longo da mandíbula. (1 ponto)

a) Transportam energia para os ecossistemas afóticos (cavernas), ou seja, levam sementes em seus estôma-gos que ao serem defecadas servem como alimento para espécies ali residentes. Ajudam na dispersão desementes de certas espécies vegetais.

b) As estruturas homólogas possuem mesma origem embrionária e, portanto, possuem semelhança anatô-mica. As análogas não tem mesma origem embrionária mas desempenham a mesma função. Os homó-logos podem ou não ter analogia funcional.

c) glândulas mamárias e presença de pêlos.

a) Principalmente os morcegos frutíferos (aqueles que se alimentam de frutos) são bons “cultivadores” denovas árvores, quando alimentam-se espalham diversas sementes sobre diversos lugares.Pela maioria dos morcegos viverem em cavernas, e como as cavernas possuem um ecossistema muitofrágil, devido a diversos fatores como a luz solar, temperatura, pode não parecer verdade, mas as fezes dosmorcegos possuem um papel muito importante para o cultivo de bactérias necessária naquele ambiente.

b) Estruturas homólogas possuem características iguais, ou seja, no processo de evolução de um ser, elespassam a ter espécies diferentes mas características iguais como a asa de um pato e a asa de uma águia(características homólogas). Porém as asas de um morcego é análoga quanto a de um inseto pois sãototalmente diferentes apesar de serem asas.

c) Os morcegos são artrópodos, mamíferos cobertos por pêlos, alguns se alimentam de sangue, carnívorosou frutiferos, são seres que não podem afetar o homem e não são maléficos ao homem.

Pelo desempenho dos candidatos, pode-se afirmar que esta questão apresentou um nível de dificuldadeelevado, pois 57,6% obtiveram nota 0 ou 1, ou a deixaram em branco, enquanto 7,5% obtiveram nota 4 ou5. Apesar da dificuldade, foi uma questão que discriminou de maneira adequada os candidatos.

O item c desta questão, considerado o de menor dificuldade, foi geralmente bem respondido, muitas vezescom respostas surpreendentes para um aluno do ensino médio (como por exemplo: orelha). Isto ocorreutambém com o item a no qual muitas vezes o candidato respondia com conhecimento ecológico bastanteespecializado (ver item a do exemplo de nota acima da média). Notou-se que os candidatos estão adquirindoconhecimento além da sala de aula. No item b, um erro muito freqüente foi definir estruturas homólogas comode “mesma origem com funções diferentes”.

(O Estado de S. Paulo, 08/09/99)

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Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

QUESTÃO 3

O tratamento da água é fruto do desenvolvimento científico que se traduz em aplicação tecnológica relativa-mente simples. Um dos processos mais comuns para o tratamento químico da água utiliza cal virgem (óxidode cálcio) e sulfato de alumínio. Os íons alumínio, em presença de íons hidroxila, formam o hidróxido dealumínio que é pouquíssimo solúvel em água. Ao hidróxido de alumínio formado adere a maioria das impu-rezas presentes. Com a ação da gravidade, ocorre a deposição dos sólidos. A água é então separada eencaminhada a uma outra fase de tratamento.a) Que nome se dá ao processo de separação acima descrito que faz uso da ação da gravidade?b) Por que se usa cal virgem no processo de tratamento da água? Justifique usando equação(ões) química(s).c) Em algumas estações de tratamento de água usa-se cloreto de ferro(III) em lugar de sulfato de alumínio.

Escreva a fórmula e o nome do composto de ferro formado nesse caso.

a) decantação ou sedimentação (1 ponto)b) CaO + H2O = Ca2+ + 2 OH– (1 ponto)

Al3+ + 3 OH– = Al(OH)3 (1 ponto)ouCaO + H2O = Ca (OH)2

3 Ca (OH)2 + Al2(SO4)3 = 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4

ou3 CaO + Al2(SO4)3 + 3 H2O = 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4

c) Fe(OH)3 (1 ponto)hidróxido de ferro III ou hidróxido férrico (1 ponto)

a) O processo de separação é a decantação.b) Pois a cal virgem reage com o sulfato formando um sólido e decantando:

2 CaOH + Al2SO3 = Al2(OH)2 + Ca SO3

c) Cl2Fe3 + 2 CaOH = Cl2(OH)2 + Ca2Fe3

Composto de ferro formado é o Ca2Fe3 : cálcio férrico II.

a) Decantaçãob) CaO + H2O → Ca(OH)2

Ca(OH)2 (aq) → Ca2+ + 2 OH-

Al2(SO4)3 (aq) → 2Al3+ + 3SO42-

3Ca(OH)2 (aq) + Al2(SO4)3 (aq) → 3CaSO4 + 2 Al(OH)3 ↓c) Fe(OH)3 hidróxido de ferro III

Trata-se de questão que examina, dentro de um contexto de grande importância, o conhecimento deprocedimentos de separação, nomenclatura e formulação química simples, conceito ácido-base de Arrhenius,equações químicas e estequiometria. O desempenho médio (1,62) calculado no universo dos candidatos é umsignificativo indicador da situação do ensino de Química no grau médio. A média calculada considerando osaprovados é igual a 2,52. O item a, particularmente, por corresponder a um procedimento bastante familiar,que é a decantação, deveria, por si só, garantir uma nota mínima igual a 1. De fato, a nota típica da questão(moda) foi igual a 1, referente ao acerto deste item.

QUESTÃO 4

No tratamento da água, a fase seguinte à de separação é sua desinfecção. Um agente desinfetante muitousado é o cloro gasoso que é adicionado diretamente à água. Os equilíbrios químicos seguintes estãoenvolvidos na dissolução desse gás:

Cl2 (aq) + H2O(aq) = HClO (aq) + H+(aq) + Cl–(aq) (I)

HClO(aq) = ClO–(aq) + H+

(aq) (II)

A figura a seguir mostra a distribuição aproximada das concentrações das espécies químicas envolvidas nosequilíbrios acima em função do pH.a) Levando em conta apenas as quantidades relativas das espécies químicas presentes nos equilíbrios

acima, é correto atribuir ao Cl2(aq) a ação bactericida na água potável? Justifique.

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33

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

b) Escreva a expressão da constante de equilíbrio para o equilíbrio representado pela equação II.c) Calcule o valor da constante de equilíbrio referente à equação II.

a) Não, pois a concentração de cloro é muito pequena no pH da água potável. (2 pontos)b) K = [ClO– ] [H+] / [HClO] (1 ponto)c) K = ( [ClO– ] / [HClO] ) 1 x 10–8 = 1 x 10–8 (2 pontos)

a) Não, pois a sua concentração no ph normal é muito pequena, na realidade quem realmente desinfecta aágua é o HClO.

b) v1 = k [HClO], v2 = k’ [ClO– ] [H+]k [HClO] = k’ [ClO-] [H+]k/ k’ = [ClO– ] [H+] / [HClO], k/ k’ = Kc

Kc= [ClO– ] [H+] / [HClO]

c) No ph = 8, [H+] = 10–8

[ClO– ] = [HClO], Kc = 10–8

a) É correto atribuir a ação bactericida ao Cl2 pois ajudam a combater as impurezas na água presentes.b) Kc = [ClO– ] [H+] / [HClO]c) A constante de equilíbrio é 1.

Esta questão, uma continuação da anterior, consistia, essencialmente, na leitura do gráfico que indica asconcentrações das espécies envolvidas no equilíbrio químico mostrado, em função do pH. O item b correspon-de apenas ao conhecimento do que é uma constante de equilíbrio e foi introduzido com a intenção de abrircaminho para a resolução do item c.

A primeira pergunta era muito fácil de ser respondida pois bastava uma leitura do gráfico. A água potávelapresenta pH próximo de 7 e, nestas condições, todo o cloro gasoso já se transformou em hipoclorito, segundoo gráfico e de acordo com os equilíbrios I e II. É interessante que muitos candidatos fizeram a leitura dasabcissas como se estas representassem o desenrolar da reação e responderam que o cloro, à medida que éadicionado à água, vai aumentando o pH da mesma e se transforma em hipoclorito, o que está errado. Outrosresponderam que, como se sabe, é o hipoclorito que tem ação bactericida e não o cloro. Esta resposta nãopode ser considerada certa pois o candidato não usou os dados fornecidos pela questão mas, apenas, a suamemória; para responder deste modo não usou nem os equilíbrios fornecidos e nem o gráfico.

O item c foi aquele que apresentou a maior dificuldade, apesar da sua simplicidade. A pergunta premiouaqueles candidatos que entenderam o significado de equilíbrio químico. Com este entendimento, não terãolevado mais do que um minuto para respondê-la.

O desempenho na questão foi bastante baixo e não foi menor devido ao item b que exigia apenas oconhecimento da expressão da constante de equilíbrio, o que é muito conhecido dos candidatos, conduzindoà nota típica (moda) igual a 1. A média geral foi igual a 0,66 considerando os candidatos e 1,03 considerandoos aprovados.

QUESTÃO 5

“O meio geográfico em via de constituição (ou de reconstituição) tem uma substância científico-tecnológico-informacional. Não é um meio natural, nem meio técnico. A ciência, a tecnologia e a informação estão na

Con

cent

raçã

o / m

ol L

–1

0 2 4 6 8 10 12pH

[Cl2]

[ClO– ]

[HClO]

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34

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

base mesma de todas as formas de utilização e funcionamento do espaço, da mesma forma que participamda criação de novos processos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais). (...) Atualmente,apesar de uma difusão mais rápida e mais extensa do que nas épocas precedentes, as novas variáveis não sedistribuem de maneira uniforme na escala do planeta. A geografia assim recriada é, ainda, desigualitária.”(SANTOS, Milton, Técnica, Espaço e Tempo, p. 51, grifo nosso)a) Considerando que a ciência, a tecnologia e a informação estão na base do funcionamento do espaço, cite

dois países que podem ser considerados centros hegemônicos da economia mundial. Justifique suasescolhas.

b) Como a África sub-saariana se situa em relação ao espaço geográfico mundializado? Qual a razão dessasituação?

a) Os dois países que podem ser considerados como pertencentes ao centro hegemônico da economiamundial são Estados Unidos e Inglaterra. Pode-se citar também, juntamente com os Estados Unidos, oJapão, a Alemanha e a França. São países que detêm os maiores avanços em conhecimento científico etecnológico, incluindo a obtenção de tecnologia através dos altos investimentos em pesquisa científica, oque lhes dá grande poder na decisão sobre as formas de difusão das informações e do conhecimento elhes permite influência direta na economia internacional.Outra maneira de justificar a escolha dos países seria explicar a influência dos mesmos na economiainternacional:

• através dos altos custos cobrados pela transferência de algumas tecnologias aos países que não asdetêm;

• pelo comércio de produtos com preços competitivos, propiciados pelo uso das novas tecnologias, entre asquais a biotecnologia, que permite a produção de novas espécies (vegetais e animais);

• pelo controle das bolsas de valores e de comércio; e principalmente• pelo poderio bélico utilizado, por exemplo, quando existe o risco de perda de suas fontes de recursos

naturais ou de seus mercados cativos, ou simplesmente para afirmar a sua hegemonia. (2 pontos)b) A África subsaariana está situada na periferia do espaço geográfico mundial, dele participando como

fornecedora de produtos primários (principalmente minerais) e de mão-de-obra para serviços menosexigentes e desqualificados, atendendo principalmente o mercado europeu. Os motivos desta situaçãopodem ser encontrados na história de colonização e exploração do continente africano por povos euro-peus que não permitiram o seu desenvolvimento técnico-científico, e o acesso à educação para a maioriade seus habitantes, além das desarticulações internas provocadas por guerras entre tribos e governosditatoriais que contribuem para o estado de extrema miséria vivido pela maioria dos povos que habitamesta parte do continente africano – um exemplo da Geografia desigualitária criada no espaço geográficoatual. (3 pontos)

Estados Unidos e Japão por serem centros irradiadores de tecnologia, pois investem pesado em ciência,pesquisas que garantem informação, garantindo o controle da economia mundial.

Ela está atrasada, à parte do mundo globalizado, isso se deve a sua tardia descolonização, que agravouproblemas étnico-sociais e econômicos, pois fixou fronteiras de países independentes que juntaram tribosrivais, agravando os conflitos, tirou a “ajuda financeira” das metrópoles, mas a dominação do modelo agrá-rio-exportador continuou agravando os problemas sociais, a fome e a miséria.

Brasil e África. Por possuirem recursos necessários ao homem, como matéria-prima e mão-de-obraabundante.

A África sub-saariana se situa em relação ao espaço geográfico “pobre” pois não possui grandes riquezasnaturais e pouco povoamento.

Os vestibulandos não encontraram muita dificuldade para responder esta questão (média 2,11), que podeser considerada uma das mais fáceis da prova, juntamente com as questões 6 (Geografia) e 9 (História), commédias semelhantes. Sosmente a questão 12 (Matemática) foi mais fácil que elas. Dentre os candidatosselecionados para a segunda fase, a média foi 2,76. 36% dos candidatos inscritos e 59% dos aprovadostiveram notas acima de 3. A porcentagem de zeros foi insignificante, apenas 4,5% dos inscritos e 3,0% dosaprovados obtiveram esta nota. As maiores médias foram para os candidatos da área de Biológicas: 2,25 paraos inscritos e 3,06 para os aprovados; as menores ficaram com os candidatos da área de Artes: 1,70 e 2,27respectivamente para os inscritos e aprovados.

A maioria dos candidatos responderam bem o item a. Quase todos mencionaram Estados Unidos e Japãocomo países pertencentes ao centro hegemônico da economia mundial. A relação deste fato com o desenvol-

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35

Questões 1ª fase

Respostaesperada

vimento técnico-científico também é respondida de forma satisfatória por uma quantidade expressiva decandidatos, como no exemplo citado de resposta acima da média. O fatos destes países (ou de empresas nelessediadas) realizarem grandes investimentos em ciência e tecnologia torna-os detentores de um conhecimentoque pode ser utilizado para a obtenção e manutenção de poder econômico e político, pois possuem o controledas formas de difusão do conhecimento e da tecnologia. Entretanto são muitas as respostas justificando talfato pelo óbvio, ou seja, afirmando que tais países ocupam esta posição por serem tecnologicamente avançados.

Quanto ao item b, uma parte considerável de candidatos considerou a região sub-saariana da África, oumesmo o próprio continente africano com um país, demonstrando um grave desconhecimento de conceitosfundamentais da Geografia, como país, região, lugar. Foram freqüentes também as respostas que justificam aextrema pobreza da região pelos fenômenos naturais: existência de áreas desérticas, pobreza em recursosnaturais, localização na faixa equatorial. A maioria, entretanto, consegue identificar a posição marginal daÁfrica sub-saariana no mundo globalizado, mas é uma pequena parte que acerta as explicações para tal fato,apesar de o texto em que se baseia a pergunta trazer as pistas para, pelo menos, parte da resposta: A ciência,a tecnologia e a informação estão na base mesma de todas as formas de utilização e de funcionamento doespaço. (...) Atualmente, apesar de uma difusão mais rápida e mais extensa do que nas épocas precedentes,as novas variáveis não se distribuem de maneira uniforme na escala do planeta. A geografia assim recriadaé, ainda, desigualitária. Portanto, parte da explicação pode ser encontrada no próprio texto: como a ciência,a tecnologia e a informação estão na base mesma de todas as formas de utilização e de funcionamento doespaço, a África sub-saariana não usufrui destas novas variáveis que se distribuem de maneira desigual peloplaneta. Os elementos explicativos para isso deveriam ser buscados no processo de colonização e descoloniza-ção tardia do continente africano, com a formação de estados nacionais, a partir da demarcação de fronteirasem desrespeito aos grupos étnicos pré-existentes, mergulhando a região em lutas e conflitos étnicos-sociaisque contribuem para o estado de extrema miséria vivenciado pela maioria dos povos que habitam esta partedo continente africano.

QUESTÃO 6

Estima-se que 1,5 milhão de pessoas vivem hoje às margens das represas Billings e Guarapiranga, áreas demananciais responsáveis pelo abastecimento de água da Grande São Paulo, situação que ocorre de maneirasemelhante em outros grandes centros urbanos do país. Embora haja atualmente uma legislação que permi-te a ocupação orientada dessas áreas, o fato é que ela continua ocorrendo à revelia do poder público.a) Do ponto de vista social, quais têm sido as justificativas utilizadas pelos moradores para a ocupação

dessas áreas?b) Cite dois problemas relacionados ao meio ambiente provocados por esse tipo de ocupação.c) Por que as políticas públicas para planejar a ocupação dessas áreas foram insuficientes ou nem mesmo

chegaram a ser aplicadas?

a) Os moradores que ocuparam a área podem justificar sua ação alegando que:• estas áreas encontravam-se “vazias” e eles não tinham nenhuma outra alternativa de moradia, ou seja,

estavam vivendo em favelas ou nas ruas.• são pessoas pobres, com baixíssima renda, e que precisam ocupar terras para sobreviverem, pois não

podem pagar aluguel.• estão morando na área há décadas e nunca foram impedidos de construir suas casas. Portanto, tem

direito àquela área e devem ser indenizados em caso de remoção;• muitos compraram lotes e casas porque esse “comércio” não era combatido pelas prefeituras.

(2 pontos)b) As críticas principais são a de que este tipo de ocupação é feita de forma desordenada, não atendendo à

legislação e provocando muitos problemas ambientais, como o desmatamento, a impermeabilização dosolo, a poluição das represas por esgoto e lixo, o que dificulta o uso das represas como manancial paraabastecimento urbano. (1 ponto)

c) As políticas de planejamento urbano, não existiram ou, quando existiram, não foram aplicadas ou foraminsuficientes para conter a ocupação destas áreas. O poder público foi impotente para fiscalizar e conteressa ocupação e hoje se vê na contingência de ter que urbanizar estas áreas, pois não houve e não háuma política habitacional eficiente que impedisse isso no passado e que hoje possa remover todos osmoradores destas áreas para locais mais adequados. Na falta de oferecimento de alternativas de moradiafactíveis para amplas parcelas da população, a ação do poder público foi no sentido de ignorar a ocupa-ção clandestina dessas áreas. (2 pontos)

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36

Questões 1ª fase

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Os moradores alegam que não têm dinheiro para comprar casas em outros lugares, nem têm como pagaraluguéis. Outros dizem que foram enganados por pessoas que venderam lotes nessas áreas, ou culpam ogoverno pelo desemprego.

b) Esse tipo de ocupação polui ainda mais as represas e destrói a vegetação das áreas dos mananciais,prejudicando-as.

c) As políticas públicas foram insuficientes porque o governo não tem como fiscalizar toda a área as mar-gens das represas e mananciais. Além disso, o governo não tem onde colocar as pessoas que moram àsmargens das represas, pois sua política de habitação também é insuficiente.

a) As justificativas são o fácil acesso as águas e uma condição de vida melhor.b) Os problemas são a poluição destas margens e as modificações ambientais que eles podem provocar

vivendo ali.c) Porque os problemas ambientais não permitiram.

Os candidatos não tiveram muitas dificuldades com esta questão (média 2,23), que pôde ser consideradauma das mais fáceis da prova, juntamente com as questões 5 (Geografia) e 9 (História), com médias seme-lhantes. Como já assinalamos anteriormente, somente a questão 12 (Matemática) foi mais fácil que elas.Dentre os candidatos selecionados para a segunda fase, a média foi 2,65. Como na questão anterior e deacordo com uma tendência mais geral, os candidatos inscritos na área de Biológicas obtiveram as maioresmédias: 2,29 para os inscritos e 2,81 para os aprovados e as menores ficaram com os candidatos da área deartes: 1,96 e 2,33, respectivamente. Dentre os inscritos, 43% dos candidatos obtiveram notas acima de 3.Para os aprovados a porcentagem de notas acima de 3 é de 57%. A porcentagem de zeros foi, também,insignificante: apenas 9,8% dos inscritos obteve esta nota.

A maior dificuldade dos candidatos ao responder questões como esta – que tratam de problemas urbanos,de condições de vida e sobrevivência nas cidades, é a de avançar em relação ao senso-comum. Muitas vezes,a problemática envolvida está muito próxima do cotidiano dos vestibulandos, o que leva muitos a responderema questão a partir de sua vivência pessoal, o que, em geral, é muito pouco. Outros devem imaginar que, apartir de um raciocínio mais ou menos lógico e linear, podem chegar à resposta correta. Assim, já que se tratade ocupação de áreas de mananciais, afirmam que as pessoas mudaram-se para lá motivados pela existênciade água para o consumo obtida gratuitamente, o que vai diminuir as despesas com a sobrevivência. Outros, apartir do mesmo raciocínio, imaginam que o que atraiu as pessoas para a área de manancial foi a possibilidadede obter lazer através da prática de esportes em área aprazível. Sem dúvida, isto também é possível; sãoinúmeros os loteamentos de alto e médio padrão nessas áreas, planejados anteriormente à promulgação delegislação restritiva. Mas, sem dúvida, não são estes loteamentos que podem explicar a existência de 1,5milhão de pessoas vivendo às margens das represas Billings e Guarapiranga, como está enunciado na ques-tão. Portanto, uma resposta correta, no item a, precisa fazer referência aos problemas sociais que empurramos moradores das cidades para as áreas clandestinas: pobreza, desemprego, dificuldade de pagar os altospreços dos aluguéis ou da compra de um imóvel, em áreas melhor situadas devido à grande valorização daterra urbana, terrenos mais baratos, loteadores inescrupulosos que vendem terras em áreas sabidamenteclandestinas, sem divulgar a informação aos compradores, existência de favelas ou de ocupações (invasões deáreas vazias e desocupadas que, sendo do poder público, seriam mais facilmente desapropriadas), antiga daárea, quando não existia ainda uma legislação impedindo ou regulamentando esta ocupação.

O item b foi o de mais fácil resolução: a poluição das águas, tornando-as impróprias para o abastecimentoda população, encarecendo o processo de tratamento para torná-las potável e o desmatamento das áreasribeirinhas foram as respostas mais encontradas .

Os candidatos para responder o item c, em geral, valeram-se do mesmo tipo de raciocínio linear empregadopara responder o primeiro item, como por exemplo: O governo quer controlar, mas não consegue. Muita gentemorando nestas áreas, acaba com o problema de moradia para o governo, mas começa outro, o da poluição. Foientretanto, expressiva a quantidade de candidatos que responderam este item de forma satisfatória, isto éreferindo-se às dificuldades de implementação de políticas públicas conseqüentes, pra a resolução dos proble-mas sociais de forma mais abrangente. A menção às políticas habitacionais ineficientes face ao crescente au-mento da pobreza nos grandes centros seria a melhor alternativa para dar uma resposta correta para este item.

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37

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Exemplo de notaabaixo da média

QUESTÃO 7

O gráfico abaixo representa, em função do tempo, a altura em relação ao chão de um ponto localizado naborda de uma das rodas de um automóvel em movimento. Aproxime π ≅ 3,1. Considere uma volta comple-ta da roda e determine:

a) a velocidade angular da roda;b) a componente vertical da velocidade média do ponto em relação ao chão;c) a componente horizontal da velocidade média do ponto em relação ao chão.

a) ω = 2π = 2 x 3,1 = 62 rad/s (2 pontos)

• Aceitamos 600 rpm, 10 rps ou 3600 °/s

b) Vy = ∆y = 0 = 0 (1 ponto)

c) Vx = ∆x = 2πr = 2 x 3,1 x 0,3 = 18,6 m/s ou v = ωr = 62 x 0,3 = 18,6 m/s (2 pontos)

Exemplo de notaacima da média

∆t 0,1

∆t ∆t

∆t ∆t 0,1

Altu

ra (

m)

0,6

0,4

0,2

0,00,0 0,1 0,2 0,3

tempo (s)

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38

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Comentários Questão que explora o conceito de velocidade média, fundamental em cinemática, e que não deve serconfundido com a média das velocidades.

QUESTÃO 8

Uma usina hidrelétrica gera eletricidade a partir da transformação de energia potencial mecânica em ener-gia elétrica. A usina de Itaipu, responsável pela geração de 25% da energia elétrica utilizada no Brasil, éformada por 18 unidades geradoras. Nelas, a água desce por um duto sob a ação da gravidade, fazendo girara turbina e o gerador, como indicado na figura abaixo. Pela tubulação de cada unidade passam 700 m3/s deágua. O processo de geração tem uma eficiência de 77%, ou seja, nem toda a energia potencial mecânicaé transformada em energia elétrica. Considere a densidade da água 1000 kg/m3 e g = 10 m/s2.

a) Qual a potência gerada em cada unidade da usina se a altura da coluna d’água for H = 130 m? Qual apotência total gerada na usina?

b) Uma cidade como Campinas consome 6x109 Wh por dia. Para quantas cidades como Campinas, Itaipué capaz de suprir energia elétrica? Ignore as perdas na distribuição

a) P = η = η = ηρ gh = 0,77 x 1000 x 700 x 10 x 130 = 7,0 x 108 W (2 pontos)

Ptot = 18 x 7,0 x 108 W = 1,26 x 1010 W ≅ 1,3 x 1010 W (1 ponto)

b) PCampinas = = x 109 W = 2,5 x 108 W

NCampinas = ≅ 52 Campinas ou NCampinas = ≅ 50 Campinas

ou

NCampinas = ≅ 52 ou 50 Campinas (2 pontos)

∆E∆t

∆mgh∆t

∆V∆t

6 x 109 Wh

24h

1

4

1,3 x 1010

2,5 x 108

1,26 x 1010

2,5 x 108

3,1 x 1011

6 x 109

Turbina/Gerador

Barragem

Água

H

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Questões 1ª fase

Comentários

Respostaesperada

Comentários Dados reais de Itaipu. Muitos candidatos encontraram valores absurdos e não fizeram uma conexão com arealidade. É preciso sempre ter em mente que Física é uma ciência que estuda o mundo real.

QUESTÃO 9

Leia com atenção o texto abaixo, baseado em Das trevas medievais (...) de Carlo Ginzburg:Em 1965, a cidade de Nova York mergulhou numa imensa escuridão devido à pane de uma central hidrelé-trica, situada nas cataratas do Niágara. A cidade foi lançada bruscamente nas trevas e os jornais, confecci-onados manualmente, perceberam a extrema vulnerabilidade da sociedade industrial. Um escritor se inspi-rou nesse acontecimento e fez um livro de ficção chamado Uma nova Idade Média de amanhã.a) Que formas de energia estão envolvidas no processo de geração numa hidrelétrica?b) Qual o sistema de pensamento do século XVIII que fez a associação entre a luz e o progresso científico?c) Segundo esse sistema de pensamento, quais as características da Idade Média?

Em a, valendo 1 ponto, energia potencial (gravitacional), mecânica (cinética) e elétrica. O item b, valen-do 2 pontos, Iluminismo (Ilustração, Idade da Razão, Filosofia das Luzes). O item c também valia 2 pontos,sendo 1 ponto para cada característica da Idade Média de acordo com o Iluminismo: Idade das Trevas,atraso científico, irracionalismo, intolerância religiosa, misticismo, fanatismo religioso, teocentrismo, “domi-nada pela Igreja”, barbarismo, etc.

Esta pergunta trazia uma novidade ao Vestibular da Unicamp, na medida em que a questão de Históriacobrava do aluno conhecimentos de Física. Pretendia-se assim mostrar ao aluno a natureza interdisciplinar dosaber, que não é monopólio de nenhuma disciplina. Assim como os conteúdos de Física ou de qualquer outradisciplina podem ser trabalhados do ponto de vista histórico, a História também se vale dos conceitos elabo-rados por outras disciplinas. No exemplo da pergunta, para se entender o impacto histórico, social, ecológico,etc. de uma tecnologia ou da falta dela (aqui, no caso, uma falha na hidrelétrica), é necessário compreenderminimamente as suas operações. Achamos bastante pertinente fazer uma experiência com este tipo de exer-cício, uma vez que hoje já não se justifica mais o ensino que busca impor e fixar limites entre diferentescampos do conhecimento. Nesse sentido, a prova caminha na direção dos novos parâmetros curriculares quevêm insistindo na interdisciplinaridade e na integração dos repertórios das ciências e das humanidades.

A pergunta também apostava na capacidade de leitura do candidato, pois a resposta do item a destaquestão se encontrava, propositadamente, no enunciado da questão 8 da prova de Física, o que passou

Exemplo de notaabaixo da média

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40

Questões 1ª fase

desapercebido para muitos candidatos. Foi surpreendente verificar que o mesmo candidato resolvia o proble-ma da questão 8 de Física mas não respondia corretamente a pergunta de História, o que nos leva a crer queo aluno aprende e assimila conteúdos de uma forma estanque e excludente, sem estabelecer relações entrediferentes áreas do saber. É como se, ao passar de uma disciplina para outra (de uma prova para outra), ocandidato penetrasse num outro universo, passando através de um túnel, deixando uma bagagem de conhe-cimentos na entrada para apanhar uma outra na saída. Isso é sintomático de um ensino que precisa urgente-mente se renovar e superar os paradigmas que inspiram a sua prática.

Os itens b e c abordavam conhecimentos bem gerais, como é de costume na primeira fase, e foram bemrespondidos. Ainda assim, fica evidente que o candidato continua tendo dificuldade de trabalhar com metáfo-ras (como no item b onde luz significa razão, ciência ou “progresso”). Muitos candidatos, como em um dosexemplos adiante de nota abaixo da média, tomaram “luz” no seu sentido literal (energia ou eletricidade) e nãoconseguiram resolver o item.

a) Numa hidrelétrica o processo de geração de energia envolve energia mecânica(potencial, no início ecinética, depois) e energia elétrica, obedecendo o seguinte esquema: Emecânica – transfere – Eelétrica(E=energia)

b) O sistema de pensamento do século XVIII que fez a associação entre a luz e o progresso científico foi oIluminismo.

c) Segundo o Iluminismo, a Idade Média representou o período das trevas, da escuridão, mas não por faltade luz, mas sim pela falta de progresso cinetífico que se registrou naquela época. A principal responsávelpor isso foi a Igreja e seu teocentrismo que prejudicou imensamente os cientistas e seus trabalhos,impedindo novas descobertas e avanços. A Idade Média também se caracterizou pelo feudalismo, pelasCruzadas e pelo domínio muçulmano na Europa.

ou então:a) As formas de energia são potencial, mecânica e elétrica.b) O sistema de pensamento foi o Iluminismo.c) Segundo tal sistema de pensamento, a Idade Média pode ser caracterizada como a Era das Trevas, na

qual o conhecimento estava estagnado e a ciência atrasada.

a) A energia elétrica dada pela catarata do Niágarab) É dada na época pelo cientista Engelsc) Uma burguesia rica, pensamento socialista...ou então:a) Está envolvida a vulnerabilidade da sociedade industrialb) A cidade foi lançada bruscamente nas trevasc) Como será a nova Idade Média amanhãou então:a) Energia mecânica, potencial, cinética e da água.b) Foi a descoberta da eletricidade por um cientista.c) As características da Idade Média são: o medo da ciência e das descobertas o aparecimento de grandes

gênios mundiais.

QUESTÃO 10

Os estudos sobre a colonização no Novo Mundo destacam a produção e a comercialização do açúcar, dotabaco e do café. Entretanto, a importância do cultivo de algumas plantas americanas, responsáveis pelasedentarização e sobrevivência do homem em diversas partes do mundo, desperta menor atenção entre osestudiosos. No campo das ciências é surpreendente avaliar as origens deste admirável “capital biológico”transplantado da América para a Europa Tendo em vista esta proposição:Cite duas plantas americanas importantes para a história da alimentação da Europa e do mundo e indiquequais os povos americanos que as cultivavam.Explique de que modo o cultivo destas plantas americanas na Europa favoreceu o processo de urbanizaçãodos séculos 18 e 19.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

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41

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

No item a não se esperava uma resposta dissertativa e explicativa. O candidato deveria relacionar algu-mas plantas oriundas da América com os respectivos povos que as cultivavam. Entretanto, o candidato nãodeveria perder de vista que a pergunta se referia às plantas que, depois da “descoberta” da América, foramlevadas e cultivadas na Europa. Assim, era possível fazer algumas correlações entre as plantas, dentre elas,o milho cultivado por astecas e indígenas da América do Norte, o tomate cultivado pelos astecas; a batatapelos incas. As respostas equivocadas neste item foram devido ao esquecimento dos candidatos de que sóeram válidas as plantas que não apenas foram cultivadas na América mas também levadas para o plantio naEuropa. Este item da questão valia 3 pontos.

No item b o candidato deveria saber relacionar o processo de industrialização ocorrido na Europa e apossibilidade de cultivo dessas plantas para a alimentação de populações urbanas. Pela adaptação delas naEuropa, acabaram por se constituir em base de alimentação dessas populações, possibilitando o aumentodemográfico . Dentre estas plantas destaca-se principalmente a batata, alimento indispensável para ostrabalhadores na época da revolução industrial inglesa do final do século XVIII. Entretanto, o candidatopoderia se lembrar também da importância do tomate para a culinária italiana e do milho para diversospovos europeus. Muitos candidatos se lembraram da disseminação do gosto europeu pelo chocolate, emboraesta planta não tenha sido levada para a Europa para o cultivo. Neste caso, por se tratar de um derivado deplanta americana muito aceito na Europa, resolvemos levar em consideração este tipo de resposta. Este itemvalia 2 pontos.

Esta questão foi elaborada com o objetivo de fazer o candidato estabelecer relações de trocas culturaisentre povos. Evidentemente, o seu conteúdo era pouco conhecido, mas esperávamos que ele pudesse apreen-der o “espírito” da questão. Não se explora nos currículos escolares a questão das trocas culturais e quandoeste conteúdo é dado ao aluno, na maioria das vezes é para ele aprender de que maneira as culturas america-nas absorveram valores e costumes europeus. Pouco se fala da maneira como os europeus absorveram hábi-tos e costumes dos povos americanos. Assim, o que esperávamos era a percepção de que ocorreram trocasculturais entre a América e a Europa, evidentemente não simétricas.

No outro item da questão também esperávamos uma resposta mais dedutiva do que de conhecimento deconteúdo. Sabíamos, de antemão, que o assunto do cultivo de plantas e do processo de urbanização é poucoabordado em sala de aula, no máximo restringindo-se ao período da antiguidade e à revolução agrícola com aconseqüente sedentarização. Assim, procuramos nesta questão perceber de que maneira os candidatos pode-riam extrapolar estas relações entre o cultivo das plantas e os processos de sedentarização e urbanização paraa história européia do século XVIII.

a) Duas plantas que merecem destaque para a alimentação da Europa e do mundo e que são cultivosamericanos são a batata plantada pelos incas e o milho pelos índios americanos.

b) O cultivo dessas plantas americanas na Europa favoreceu o processo de urbanização do Séc. XVIII e XIXna medida em que aumentou a oferta de alimentos para a população, já que o seu cultivo era simples.Em função do aumento da oferta de alimentos a população deslocou-se para os centros urbanos, o quealiado a outros fatores resultou na industrialização.

a) Cana de açúcar e café pelos indígenasb) Favoreceu o modo de que com o cultivo dessas plantas começaram a exportar criando capitalismo,

crescendo assim o capital

QUESTÃO 11

O mundo tem, atualmente, 6 bilhões de habitantes e uma disponibilidade máxima de água para consumoem todo o planeta de 9000 km3/ano. Sabendo-se que o consumo anual per capita é de 800 m3, calcule:a) o consumo mundial anual de água, em km3;b) a população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máxima de água para

consumo.

a) A população mundial atual é de 6 bilhões de habitantes, ou seja, 6 .109 habitantes. Como cada habitan-te consome 800m3 de água por ano, o consumo anual, em m3, é de. Como a resposta deve ser dada emkm3, é necessário converter m3 para km3. Como 1m3 corresponde a 10–9km3, equivalem a.

Resposta: O consumo mundial anual, atualmente, é de 4.800km3. (2 pontos)

Page 42: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

42

Questões 1ª fase

Respostaesperada

Comentários

Comentários

b) O texto do problema informa que a disponibilidade mundial máxima de água para consumo, em todo oplaneta, é de 9000km3. Como o consumo per-capita é de 800.10–9km3, a população mundial máxima édada por: 900 / 800 . 10–9 = 11,25 . 109.

Resposta: A população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máximade água para consumo, é de 11,25 . 109 habitantes, ou seja: 11 bilhões e 250 milhõesde habitantes. (3 pontos)

Esta questão foi considerada adequada aos objetivos da primeira fase: uso de unidades, operações ele-mentares, raciocínio. Alguns candidatos usaram 106 para bilhões ou erraram na conversão de m3 para km3.Entretanto, as maiores dificuldades foram o uso incorreto de dados numéricos e aproximações impróprias. Anota média nessa questão foi de 1,49 na escala (0 – 5), considerando-se todos os candidatos presentes e de2,80 considerando-se apenas os candidatos aprovados.

QUESTÃO 12

Neste ano, para obter as notas da primeira fase de seu vestibular, a Unicamp está usando, da seguinteforma, a nota da prova do Enem: sejam U a nota da primeira fase da Unicamp, E a nota da prova deconhecimentos gerais do Enem e NF a nota final de cada candidato. Se U ≥ E, então NF = U e se U < E,

então NF = . Suponha que algumas das notas dos candidatos A, B, C, X e Y sejam as apresentadas

na tabela abaixo:

Estudante U E NF

A 6,0 5,0

B 5,5 5,5

C 5,0 6,0

X 6,0

Y 6,0

a) Calcule as notas finais dos candidatos A, B e C.b) Sabendo-se que as notas do candidato X são tais que E=2U e que as notas do candidato Y são tais que

U = 2E, calcule as notas obtidas por esses dois candidatos.

ATENÇÃO: Se suas respostas forem dadas através da tabela, não deixe de apresentá-la por completo nocaderno de resposta.

a) A tabela informa que o candidato A teve nota 6,0 na Unicamp e nota 5,0 no Enem; logo, para essecandidato, U > E e, portanto, NF = U = 6,0. Para o candidato B, as notas apresentadas na tabelaforam: U = 5,0 e E = 5,5, ou seja, U = E e, portanto, NF = 5,5. Para o candidato C, temos:

U = 5,0 e E = 6,0. Sendo nesse caso, U < E, temos: NF = = = 5,2.

Assim a nota final do candidato C é 5,2.Resposta: As notas finais dos candidatos A, B e C foram, respectivamente, 6,0; 5,5 e 5,2. (2 pontos)b) Para o candidato X, temos: E = 2U. Se fosse igual a zero, então E e NF também seriam iguais a zero,

o que não é o caso visto que a tabela informa que, para esse candidato, NF = 6,0. Então U ≠ 0 e,

portanto, U < E e NF = = = = 6,0 o que implica U = 5,0 e E = 10,0.

Para o candidato Y, U = 2E; se E = 0, então U = 0 e NF seria também igual a zero, o que não ocorre.Logo, E ≠ 0 e, portanto, U > E e, por isso, NF = U = 6,0 e E = 3,0.

Resposta: As notas do candidato X são: U = 5,0 e E = 10,0.As notas do candidato Y são: U = 6,0 e E = 3,0. (3 pontos)

Observação: As respostas poderiam ser dadas através da tabela completa, devidamente justificada atra-vés dos cálculos correspondentes.

Esta questão foi muito apropriada para avaliar o uso de informações e raciocínio lógico; envolve apenasconteúdos de Matemática do Ensino Fundamental e o desempenho dos candidatos foi satisfatório. A médiafinal nessa questão foi de 3,15 na escala (0 – 5) computadas as notas de todos os presentes, ou seja, 42.000candidatos.

E + 4U

5

E + 4U

5

2U + 4U

5

6U

5

E + 4U

5

6 + 4.5

5

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2ª Fase

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

1. As questões de língua portuguesa

A prova de Língua Portuguesa obedeceu no Vestibular 2000 aos mesmos pressupostos que vêmnorteando sua elaboração desde que a Unicamp decidiu criar um vestibular próprio. Um desses pressu-postos é o de que, na sociedade em que vivemos, qualquer pessoa é constantemente chamada a produzire interpretar mensagens verbais extremamente diversificadas, num sem número de situações distintas, ea capacidade de interagir lingüisticamente é fundamental para garantir uma inserção social construtiva.Isso vale para qualquer indivíduo e, com maior razão, para profissionais de nível universitário, pois delesse espera que utilizem a linguagem não só para se expressarem respeitando as etiquetas de seu própriogrupo social e de outros com os quais interagem, mas também para analisar e interpretar situações,formular soluções e criar novos saberes, intervindo na realidade de maneira sensível e criativa. O ensinotradicional de Português está interessado principalmente na assimilação da nomenclatura gramatical, naortografia e no domínio da norma culta. As provas que mediriam tal competência pouco têm a ver com afunção de intervenção e descoberta da qual a linguagem é instrumento. Por isso, a Unicamp decidiu quesua prova de língua seria o que o nome diz, uma prova de língua, e não apenas uma prova de gramática.Fiel a essa posição, tem proposto exames em que se cobra do candidato algo mais que a capacidade deutilizar corretamente a variedade lingüística culta, ou de aplicar corretamente a nomenclatura com queforam tradicionalmente descritas as estruturas da língua portuguesa.

Ao longo dos últimos vinte anos, a adoção dessa atitude ajudou a colocar em seu devido lugar agramática (e algumas gramatiquices), criando espaço para a redação e as respostas discursivas. Aliada àpreocupação de verificar nas questões de literatura a capacidade de ler criticamente obras literárias, aprova de Português do Vestibular da Unicamp vem produzindo uma profunda mudança na maneira comoa linguagem é encarada no ensino médio e superior. Trata-se de uma autêntica mudança de mentalidadeque – é fácil compreender – deixa às vezes desconcertados os seus próprios agentes. Aos professoressecundários e dos cursinhos, impõe-se a tarefa nem sempre fácil de planejar atividades voltadas para ouso real da linguagem e para os aspectos cognitivos e criativos da competência lingüística; para oscorretores, cria-se a obrigação de refazer e avaliar o raciocínio do candidato; para este último, sobra adificuldade à primeira vista desconcertante de enfrentar uma prova essencialmente aberta.

Como preparar-se para uma prova com essas características?Antes de mais nada, é psicologicamente interessante que o candidato se convença de que uma prova

de língua não é necessariamente mais difícil que uma prova de gramática. Comentar a maneira como aspessoas se expressam, valorizar uma boa resposta, apontar na fala (própria e dos outros) as expressõesque verdadeiramente fizeram diferença, explicar por que um texto não realizou os objetivos a que sepropunha, observar diferenças no modo de falar que caracterizam pessoas ou grupos são atos que qual-quer falante de uma língua realiza corriqueiramente, não importando sua idade e seu grau de instrução;a prova de língua da Unicamp valoriza o candidato que se acostumou a investir algum tempo e algumaenergia nesse trabalho de observação e comentário sobre como a língua funciona.

Também é importante perceber que, ao privilegiar questões de língua, a Unicamp valoriza o candidatocomo pessoa inserida numa comunidade lingüística na qual se vivem problemas reais, em vez de tratá-locomo um aluno de quem se cobram os efeitos de um treinamento cujo horizonte é principalmente aescola. Como ficou apontado acima, a língua é importante demais para ser confundida com a representa-ção que dela nos legaram as gramáticas.

A primeira orientação prática ao vestibulando consiste em repetir algo já muito comentado: que aprova de língua do Vestibular Unicamp é essencialmente uma prova de leitura. Convém repetir essaobservação aparentemente banal, em primeiro lugar porque continua acontecendo algo bastante preocu-pante: muitos candidatos precipitam-se em responder sem a adequada reflexão sobre os enunciadospropostos, e cometem erros bobos, que seriam evitados se o enunciado das questões fosse bem lido. Aprova é de leitura também num outro sentido, igualmente importante: todas as perguntas têm sido arespeito de textos breves (frases, slogans, histórias, anedotas, tiras, etc.), e só responde bem quem forcapaz de ler e interpretar corretamente esses breves textos. Para dar uma boa resposta, é fundamentalentender os propósitos desses textos, situá-los e perceber o que os torna interessantes. Eles terão que sercomentados, mas esse comentário deve basear-se no que dizem, implícita ou explicitamente. A menosque haja instrução em contrário, não se trata de “inventar” a partir da leitura, mas de ser fiel à intençãodo texto, ao seu espírito e, algumas vezes, à sua letra.

A prova de língua da Unicamp é, tipicamente, uma prova aberta, mas é a esta altura uma prova quetem uma história da qual o candidato pode tirar proveito. O que se quer dizer com isso é que a melhormaneira de ver como funciona a prova de língua do Vestibular Unicamp consiste em analisar não só asquestões do Vestibular 2000, que vêm comentadas nesta publicação impressa, mas também as maisantigas, que se encontram em várias brochuras distribuídas pelas escolas e, em formato eletrônico, no

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

site www.convest.unicamp.br. Recomendamos que o candidato se debruce sobre essas provas e queprocure tomar conhecimento dos comentários que foram feitos a respeito das mesmas. No decorrer desseexercício, deveria ficar claro que, embora os fatos lingüísticos analisados tenham sido os mais variados(particularidades fonéticas, diferenças regionais e de registro, questões de sentido, coesão e coerência,etc.), eles receberam um tratamento que obedece, no fundo, a um padrão bastante uniforme.

Tentemos descrever resumidamente esse padrão, que emerge das provas propostas até o momento.Como já lembramos, toda pergunta se refere a um pequeno texto. A própria pergunta dá as informaçõescontextuais necessárias à compreensão desse pequeno texto, e propõe ao candidato um problema arespeito do mesmo. Assim, em algumas perguntas, o candidato é chamado a observar e comentar formu-lações, passagens e trechos que o tornam particularmente eficaz (ou ineficaz) para os propósitos a que sepropõe (uma escolha verbal inadequada pode, por exemplo, provocar uma segunda leitura, engraçada,num texto que se pretende sério; um uso inadequado de recursos coesivos pode prejudicar a compreen-são, etc.; inversamente, um jogo de palavras feliz pode dar mais impacto à tese que o texto defende).Outras perguntas pedem ao candidato algum tipo de “leitura entre as linhas”, isto é, que tire conseqüên-cias autorizadas pelo texto, ou explicite propostas que, no texto, são apenas implícitas. Com um pouco dereflexão, percebe-se que as tarefas exigidas para responder à prova de língua não têm nada de misterioso:são exatamente as mesmas que qualquer usuário da língua realiza quando discute um texto importantedepois de uma leitura atenta. Se, além disso, lembrarmos que os textos são tirados em geral de grandesveículos de comunicação, é imediato concluir que um bom preparo é uma boa leitura desses mesmosveículos, atenta não só aos conteúdos, mas também à maneira como esses conteúdos são trabalhadoslingüisticamente. É isso que se recomenda, em conclusão.

Antes de encerrar, convém porém repetir aqui dois lembretes que constaram do Caderno de Questõesde 99 e que continuam válidos. O primeiro é que o candidato não precisa temer “pegadinhas” e formula-ções capciosas. Esse tipo de armadilha não faz sentido no modelo de prova proposto. O outro lembrete éque o candidato pode contar com corretores que se esforçarão ao máximo para entender o que ele,candidato, quis dizer em sua respostas; mas é sempre bom lembrar que os corretores só dispõem, paraisso, do próprio texto que o candidato terá redigido. Convém, portanto, que também o candidato seimagine na situação dos corretores, e que procure escrever de maneira clara, concisa e relevante, respon-dendo ao que foi perguntado, evitando divagações.

Controlar o que funciona (ou não funciona) num texto e tirar conseqüências que vão além de seusentido literal ou fatual são práticas para as quais todo estudante de escola superior e todo profissional denível universitário precisariam estar dispostos, num mundo em que o bombardeio de informações é cons-tante. Da mesma forma, é sempre desejável (e altamente democrático) que as pessoas procurem interagirconsiderando o ponto de vista dos outros; uma maneira de fazê-lo, quando escrevemos, é imaginar comoseríamos lidos por alguém que tem uma história diferente da nossa. A prova de língua do VestibularUnicamp cobra dos candidatos esses dois tipos de disposição, e nós acreditamos que isso seja umaatitude de respeito para com você, o que faz uma enorme diferença.

Obs: Para todas as questões da prova, além das respostas esperadas, fornece-se um exemplo deresposta ruim (Candidato A) e um exemplo de boa resposta (Candidato B). A comparação com a respostaesperada permitirá a descoberta dos problemas da resposta ruim, por um lado, e da relativa liberdade deresponder adequadamente às questões da prova.

QUESTÃO 1

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Comentário

Respostaesperada

O tema desta tira é, tecnicamente falando, um “neologismo semântico”, isto é, um novo sentido – surgido háalguns anos –, assumido por uma palavra que já existia. A palavra em questão é o verbo “ficar”, que ocorretrês vezes.a) qual (ou quais) das ocorrências representa(m) um sentido mais antigo do verbo “ficar”? Qual(is)

representa(m) o novo sentido?b) qual a palavra que mais provavelmente preencheria as reticências da terceira fala?c) a última fala pode ser interpretada como sendo irônica. Por quê?

a) a terceira ocorrência de “ficar” tem o sentido mais antigo; nas duas primeiras falas, as ocorrências têm osentido novo. (2 pontos)

b) A palavra “grávida”. (1 ponto)c) Por que a conversa não foi nada clara; aliás, foi vaga, reticente / A conversa foi o contrário do que o pai

diz que foi. (2 pontos)

Para responder corretamente, o candidato precisaria ser capaz de comparar as diferentes ocorrências doverbo “ficar”, percebendo que ilustram dois sentidos diferentes da palavra, que hoje convivem na língua: numsentido mais antigo, que corresponde a um uso compartilhado por diferentes gerações e é ilustrado pelasegunda fala do pai, “ficar” é um verbo de ligação (ficar preocupado, ficar rico, ficar...grávida) que indicamudança de estado. Num sentido mais novo, mais corrente entre os jovens, “ficar” indica um certo tipo derelacionamento entre pessoas de sexos opostos, que é diferente tanto do namoro e do noivado quanto docasamento tradicionais. Ao pai que quer compreender melhor esse tipo de relacionamento, o filho respondecom uma definição circular, que nada esclarece (“ficar é ficar”), sugerindo que não é possível compreender anova forma de relacionamento, a não ser vivendo-a. A última fala do pai é um comentário sobre todo o diálogoanterior. Para avaliar essa fala do pai, o candidato precisaria reconhecer que o diálogo anterior foi poucoesclarecedor e pouco explícito, justamente o oposto do que se espera de uma “conversa às claras”.

Candidato Aa) Quando o primeiro interlocutor se preocupa com a moça, se ela vai ficar preocupada ou assumir outras

atitudes ou ter sentimentos. As ocorrências que representam o novo sentido é a descoberta do que é ficare a esclarecida que o segundo interlocutor dá.

b) A palavra poderia ser: com outro.c) Porque o interlocutor quer demonstração e saber praticar o que é ficar.

Candidato Ba) A ocorrência que representa o sentido mais antigo para o verbo “ficar” é na fala do homem: “Não há

perigo dela ficar...” e a que representa um novo sentido se encontra no diálogo entre o homem e omenino, quando o primeiro pergunta o que é ficar e o segundo responde que é “ficar com uma garota”.

b) A palavra que preencheria as reticências da terceira fala é “grávida”.c) Sim, a última fala pode ser interpretada como sendo irônica, pois o homem diz ao menino que eles

precisam ter mais conversas “às claras” como esta, sendo que esta conversa não foi às claras, os diálogosnão explicaram exatamente o que se perguntava e nem terminava algumas frases, deixando subentendi-do.

QUESTÃO 2

Perguntado em fins de 1997 pelo Jornal das Letras (Lisboa) se seu nome seria uma boa indicação para oPrêmio Nobel de Literatura, junto com os nomes, sempre lembrados pela imprensa, de José Saramago eAntónio Lobo Antunes, o escritor português José Cardoso Pires deu a seguinte resposta:“A Imprensa tem lá as suas razões. Durante anos e anos passei a vida a assinar papéis a pedir um Nobel paraum escritor português e isso não serviu de nada. De modo que o facto da Imprensa agora prever isto ouaquilo... Uma coisa eu sei: o Prémio Nobel dado a um escritor português de qualidade beneficiava todos osescritores portugueses. Que todos gostariam de ter o Prémio Nobel também é verdade, mas se um ganharganhamos todos. De qualquer modo o critério actual é o dos mais traduzidos e os mais traduzidos são oSaramago e o Lobo Antunes. Eu sou menos. Mas isso não me preocupa nada. Sinceramente”.a) aponte, na resposta de Cardoso Pires, as características de acentuação e de grafia que a identificam

como um texto em português europeu.b) aponte, na mesma resposta, as construções que a caracterizam como um texto de português europeu, e

dê os prováveis equivalentes brasileiros dessas construções.

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Comentário

Respostaesperada

Comentário

Respostaesperada

c) sabemos que o Nobel de Literatura foi ganho em 1998 por José Saramago. A partir de qual passagem dotexto poderíamos desconfiar que, na opinião do entrevistado, não necessariamente o vencedor é o me-lhor?

a) acentuação: Prémio (duas vezes); grafia: facto, actual (2 pontos)b) As construções típicas do português europeu são beneficiava, a assinar, a pedir; os equivalentes brasilei-

ros são beneficiaria, assinando, pedindo. (2 pontos)c) “...o critério actual é o dos mais traduzidos” (1 ponto)

Para responder às perguntas a e b, bastaria que o candidato fizesse uma revisão do texto, atentando paraos aspectos da ortografia e da sintaxe que não são próprios do português brasileiro culto. Para responder àpergunta c, ele precisaria perceber que Cardoso Pires não responde à pergunta do entrevistador que é sobre“melhores autores”, mas a reformula em termos de “autores mais traduzidos”. Os prêmios Nobel, geralmente,não vão aos melhores escritores, mas aos mais traduzidos; portanto o critério não é estético, e sim mercado-lógico. Cardoso Pires diz com todas as letras que seus concorrentes são mais traduzidos do que ele. Não édifícil, a partir deste ponto, concluir que ele evita uma avaliação estética para não parecer arrogante.

Candidato Aa) “Lá”, “papéis”, são exemplos de acentuação. Já de grafia encontramos: “facto”, “actual”.b) .....................................................c) “Mas isso não me preocupa”.

Candidato Ba) Pode-se identificar o texto como sendo em português europeu nas seguintes passagens: 1. de modo que

o facto... 2. O prémio Nobel dado a ... 3. O critério actual é o...b) E também nas seguintes construções: 1 “passei a vida a assinar papéis a pedir um ...”, 2. Beneficiava

todos os... onde os prováveis equivalentes brasileiros seriam 1. Assinando, pedindo 2. beneficiaria.c) De qualquer modo o critério atual é o dos mais traduzidos.

QUESTÃO 3

A edição de 30 de janeiro de 1998 do Noite e Dia (Feira de Santana, BA) trazia, na seção Zé Coió, a seguintehistória:

Vou pegar o talão!Cansado de não vender nada na sua loja, João pegou o carro e saiu pelo interior para vender seus produtos.Depois de 15 dias sem tirar um só pedido, sentou-se embaixo de uma árvore para descansar. De repente viuuma garrafa e chutou. A garrafa deu meia volta e chegou junto. João tornou a chutar e a garrafa deu outrameia volta e ficou bem ao seu lado. João pegou a garrafa, começou a acariciar e de repente surgiu uma vozque disse:— Você tem direito a três pedidos! João levantou correndo e disse:— Espere aí que eu vou buscar o talão. Cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá.a) a seqüência “Cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá.” não faz parte da história. Explique por quê.b) a fala final de João, retomada no título, revela um equívoco fundamental na identificação de quem fala

de dentro da garrafa. Em que consiste esse equívoco?c) transcreva as palavras que, no diálogo entre as duas personagens, permitem articular a resposta de João

com sua experiência prévia de vendedor itinerante.

a) Porque não acrescenta nenhum outro fato à história / porque se trata de uma reação do narrador e/ou doouvinte, não de alguma personagem / porque antecipa a reação do ouvinte da história. (1 ponto)

b) João entende que se trata de um cliente fazendo pedidos, quando se trata de um “gênio da garrafa”(conforme lendas das Arábias) oferecendo-se para satisfazer três pedidos (=desejos) quaisquer de João/ O equívoco de João consiste no fato de que não consegue sair da situação de vendedor. (2 pontos)

c) As palavras são “pedidos” e “talão”. (2 pontos)

O segredo de uma boa resposta à questão 3 é uma boa compreensão da anedota à qual ela se refere, umadas tantas em que uma personagem de pouca imaginação desperdiça a grande chance de sua vida porque não

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Respostaesperada

Comentário

soube reconhecê-la. Para as perguntas b e c é relevante que o João da história, embora tenha sido milagrosa-mente transportado para um mundo de fábula em que todas as possibilidade lhe são abertas, continuaraciocinando como o vendedor desesperado que era minutos antes, a tal ponto que confunde o gênio dagarrafa com um possível freguês e sai à procura do talão tão logo o gênio usa a palavra crucial “pedidos”. Oitem a obrigava o candidato a separar a anedota propriamente dita do efeito que sua narração deveria provocarno leitor, assim como se separa a história e a moral da história, o espaço reservado ao narrador e o espaçoreservado ao ouvinte-leitor.

Candidato Aa) Porque João sai aos risos do local em que ele estava descansando, ironizando a voz que vinha da garrafa.b) Do qual João pensa que a voz que vem de dentro da garrafa também está na mesma situação em que

João está, desesperado para vender alguma coisa, e quando a voz da garrafa lhe oferece três pedidos,João corre para buscar o seu talão mostrando que ele tem condições de apontar mais os três pedidos.

Candidato Ba ) Porque a seqüências Cá, cá, cá... representa os risos do leitor, os supostos risos provocados pelo texto.b) João achou que a “voz” estava lhe concedendo direito de receber três pedidos de compra da suposta voz,

achou que ela iria comprara três mercadorias dele. Na verdade, ela estava conferindo a ele o direito defazer três pedidos, três desejos para ela realizar.

c) As palavras são: “pedidos”, “talão”.

QUESTÃO 4

O texto abaixo foi extraído de uma seção que divulga “novidades” científicas. Leia-o e responda às questõesque se seguem:Idosa precoce – Dolly é uma cópia tão exata da ovelha de cuja mama os cientistas do Instituto Roslin tiraramuma célula para clonar, que já nasceu “velha”. Quando veio ao mundo, o interior de suas células já apresen-tava traços não de uma filhote, mas de um animal adulto. É o que os biólogos escoceses revelaram na revistaNature. O problema está nos telômeros, apêndices dos cromossomos que compõem o material genético. Osde Dolly são 20% mais curtos do que deveriam ser numa ovelha de sua idade. Sabe-se que o comprimentodos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo das vida. Eventualmente, ficam tãopequenos que a célula perde essa capacidade. Nesse sentido, os telômeros estão fundamentalmente liga-dos ao envelhecimento. Como Dolly foi criada a partir de uma célula adulta, seus telômeros são curtos. Seessa anomalia pode acarretar o envelhecimento precoce da ovelha ou não é outra história ainda a investigar.(...). (ISTO É 1548, 02/06/99).a) o que é caracterizado como problema e como ele é explicado?b) cite a passagem do texto que expresse uma verdade genética dada como conhecida de todos e transcre-

va a expressão que indica que esse conhecimento é compartilhado.c) cite uma passagem do texto que expresse uma hipótese.

a) O problema é que Dolly nasceu velha / não filhote; a explicação é que essa característica se deve aocomprimento dos telômeros. Ou: O problema é que Dolly nasceu velha / nasceu com os telômeros curtos,o que a caracteriza como um animal velho; a explicação é que foi gerada por clonagem. (2 pontos)

b) Sabe-se que o comprimento dos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo dasvida; a expressão é “sabe-se”. (2 pontos)

c) Se essa anomalia pode acarretar o envelhecimento precoce da ovelha ou não é outra história ainda ainvestigar / A hipótese é que ter nascido com os telômeros mais curtos acarreta envelhecimento precoceda ovelha . (1 ponto)

Escrito com objetivos de divulgação para um público não especializado em genética, o trecho a que serefere a questão 4 faz um balanço de alguns desenvolvimentos científicos recentes, que estabeleceram umarelação inesperada entre clonagem e envelhecimento. As três perguntas orientam no sentido de extrair do textoa) um problema, b) uma verdade consensual, c) uma hipótese, o que pode ser feito de maneira inteiramenteintuitiva. Verdades estabelecidas, problemas e hipóteses são, evidentemente, conteúdos aos quais o cientistaprecisa atribuir funções muito diferentes, em sua atividade de investigação e de sistematização de conheci-mentos, mas são também conteúdos que distinguimos porque a língua nos proporciona para eles formas derepresentação diferenciadas. A análise solicitada por esta pergunta dá uma idéia do importante papel que alinguagem desempenha na criação e sistematização de conhecimentos.

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Comentário

Respostaesperada

Candidato Aa) Telômero; através do oposto.b) “Apêndices dos cromossomos que compõem o material genético”; “Os de Dolly são...”.c) “Nesse sentido os telômeros estão fundamentalmente ligados ao envelhecimento”.

Candidato Ba) A presença dos telômeros curtos é caracterizado como problema. Esse problema é explicado através do

fato de Dolly ter sido criada a partir de uma célula adulta.b) A passagem do texto que expressa uma verdade genética dada como conhecida de todos é a seguinte:

“Sabe-se que o comprimento dos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo davida”. A expressão que indica esse compartilhamento é a expressão “sabe-se”.

c) A passagem do texto que expressa uma hipótese é: “Se essa anomalia pode acarretar o envelhecimentoprecoce da ovelha ou não é outra história ainda a investigar”.

QUESTÃO 5

Leia o texto abaixo, que apresenta outra “novidade” científicaRaposa na pele de cordeiro – Os golfinhos sempre tiveram uma das mais agradáveis imagens do mundoanimal. Dóceis e úteis, permeiam a literatura infantil com gestos dignos do melhor samaritano. Flipper queo diga. Bom, descobriu-se que a coisa não é bem assim. Seguindo um rastro de evidências perturbadoras,cientistas de vários países, que vêm estudando com mais cautela o comportamento desses mamíferos,chegaram a uma triste conclusão: os golfinhos estão longe de ser aquelas criaturas felizes e pacíficas.Foram observadas práticas de infanticídio – golfinhos adultos matando filhotes – e morte em série de outrosmamíferos aquáticos. Em locais tão distantes entre si quanto a costa americana e a da Irlanda, os golfinhosusam seu bico pontudo e dentado como clavas para bater e retalhar suas presas. Mas, diferentemente deoutros animais carnívoros, eles não comem um pedaço sequer de suas vítimas. Como a espécie é muitosocial com humanos, teme-se que essa violência possa se repetir em parques aquáticos ou cidades costei-ras, onde há muita proximidade com golfinhos. (ISTOÉ 1554, 14/07/99)a) suponha que alguém não saiba nada sobre golfinhos. Como os classificaria, do ponto de vista da zoolo-

gia, com base nas informações fornecidas pelo texto?b) qual o receio expresso na última frase do texto, e o que o justifica?c) Nas fábulas, o inimigo do cordeiro não é a raposa. Tendo isso em conta, qual deveria ser o título deste

texto?

a) Os golfinhos são mamíferos (aquáticos) e carnívoros. (2 pontos)b) O receio é que os golfinhos ataquem humanos; a razão é que nos parques aquáticos freqüentemente há

golfinhos e nas cidades costeiras, golfinhos poderiam ter acesso a humanos. (2 pontos)c) Lobo na pele de cordeiro. (1 ponto)

Mais uma vez, responderia bem à questão quem tivesse uma compreensão adequada do texto, que fala degolfinhos, a propósito de algumas descobertas recentes que põem em dúvida sua docilidade e sua sociabilida-de com os humanos. Em a, pedia-se ao candidato que extraísse do texto uma classificação zoológica dosgolfinhos: para isso, bastaria observar que o texto fala às vezes desses animais como um conjunto que podeser isolado num conjunto maior: “esses mamíferos”, “[os golfinhos e] outros [animais que, como os golfinhossão] mamíferos aquáticos”, “[outros] animais carnívoros”; b pedia, em resumo, que o candidato, tendo lido notexto que os golfinhos matam outros mamíferos aquáticos e sabendo que os seres humanos são mamíferosque se aventuram em águas freqüentadas pelos golfinhos, principalmente em cidades costeiras e parques aquáti-cos, tirasse a conclusão de que os golfinhos representam risco para os seres humanos. Para responder a c, bastavalembrar que o inimigo tradicional do carneiro é o lobo, chegando assim ao ditado “lobo em pele de carneiro”.

Candidato Aa) Se classificaria o golfinho sendo um animal extremamente perigoso, comparando às vezes até mesmo

com o tubarão.b) O receio é que as atitudes do golfinho possa se repetir em parques aquáticos ou cidades costeiras, onde

há muita proximidade com eles.c) Seria: Cordeiro na pele de Raposa.

Exemplos derespostas

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Comentário

Respostaesperada

Candidato Ba) Os golfinhos seriam classificados como mamíferos aquáticos e carnívoros.b) Há receio que os golfinhos ataquem pessoas em parques aquáticos ou cidades costeiras e é justificado

pelo comportamento observado em estudos mais aprofundados sobre a espécie.c) “Lobo na pele de cordeiro”.

QUESTÃO 6

Millôr Fernandes, considerado um dos maiores humoristas brasileiros, escreveu o texto “Leite, quéquéisso?” em sua coluna no Caderno 2, no jornal O Estado de S. Paulo de 22/08/99. Abaixo, está um excertodeste texto. Leia-o com atenção e responda:Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria daesquina? Lembram mais longe, quando a vaca-leiteira, que não era vaca coisa nenhuma, era uma caminho-nete-depósito, vinha vender leite na porta de casa? Lembram mais longe ainda, quando a gente ia comprarleite no estábulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bosta e de mijo, que a gente achava nojento e sófoi achar genial quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico? Lembra bem mais longe ainda, quando agente mesmo criava a vaca e pegava nos peitinhos dela pra tirar o leite dos filhos dela, com muito jeito praela não nos dar uma cipoada?Mas vocês não lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando issoporque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos eestava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia,foi enriquecido e o escambau.a) a palavra “embromatologia” soa como um termo técnico, mas não é. Diga por que parece e por que não é.b) o texto mostra que a moda pode afetar nossos gostos. Em que passagem?c) as informações técnicas que acompanham muitos produtos não necessariamente esclarecem o consu-

midor, mas impressionam. Transcreva a passagem do texto em que o autor alude a tal problema nessestextos.

a) O radical “-logia” (-tologia) usualmente identifica campos de conhecimento (como em geologia, ecolo-gia), mas embromar não é um desses campos de conhecimento. (2 pontos)

b) Achávamos nojento o cheiro de bicho, de bosta e de mijo, mas a ecologia nos fez acharisso genial. (1 ponto)

c) “... e estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina...” (2 pontos)

O texto de Millôr Fernandes mostra, a propósito de um produto que todos julgamos conhecer de perto – oleite – até que ponto nossa sociedade perdeu o contato com o real e passou a viver de suas representaçõesideológicas. O contato perdido com os animais é valorizado, mas não recuperado, pelo modismo ecologista; aspropriedades do leite não são mais as do conteúdo da caixa (para a qual não há garantias), mas as que vêmimpressas no rótulo. Para mostrar que essas mensagens mais impressionam do que informam, Millôr Fernan-des lembra, antes de mais nada, que para a maioria das pessoas a própria palavra “pasteurizar ou pausterizar”é, por si só, motivo de dúvida; não seria de esperar que as pessoas soubessem o que significa. Para mostrarque é possível falar difícil, sem dar à fala qualquer cientificidade, cria a palavra “embromatologia”, que pareceo nome de uma ciência (devido ao seu prefixo grego, que é o que forma a maioria dos nomes de ciências), masnão é, porque nesse texto não significa “estudo científico da embromação”. A expressão “e o escambau”, umaforma pouco lisonjeira de “etcétera”, lembra, por fim, que há muito mais conversa fiada nos rótulos dosprodutos industrializados, mas que não compensa entrar em detalhes, porque qualquer conversa fiada valequalquer outra conversa fiada, para quem tem bom senso.

Candidato Aa) ............b) “leite em pacote, imagine, Tereza!”.c) “Tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau”.

Candidato Ba) Embromatologia soa como um termo técnico devido ao “logia” de sua terminação, que significa estudo.

Não é um termo técnico porque vem da palavra embromar, que significa enganar.b) “... foi achar genial quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico...”.c) “...estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá...”.

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Respostaesperada

Comentário

2. As questões de Literatura

Uma prova de literatura deve constituir-se num modo de verificar se o candidato teve contato efetivocom o texto literário. Não se trata, portanto, de cobrar informações externas a ele e que nada tenham a vercom a sua organização. Logo, uma boa prova de literatura para concluintes de 2º grau deve colocar emrelevância aquilo que, de fato, o candidato apreendeu de sua experiência de leitura. Se tal experiência nãoocorreu (tendo ele se restringido a memorizar resumos, esquemas e mesmo comentários críticos), não sepode afirmar de maneira alguma que ele conheça literatura. O que resultou desse modo de aprendizado ésimplesmente um conglomerado de informações gerais que não dependem de qualquer leitura de umtexto literário.

A prova elaborada pela Unicamp tem exatamente o seguinte escopo: cobrar uma leitura efetivamenterealizada, entendendo-se por isso a compreensão dos elementos fundamentais na construção de umaobra literária (modos de narração, ação, personagens, organização episódica etc.) bem como a apreensãodesses elementos no plano da própria linguagem (procedimentos de estilo, recursos discursivos etc.). Nocaso específico da leitura de poemas, tenta-se avaliar a capacidade de apreensão do texto através doreconhecimento dos seus recursos poéticos mais relevantes e das relações que o candidato é capaz deestabelecer entre as partes e o todo.

QUESTÃO 7

Em A Relíquia de Eça de Queirós, várias são as mulheres com quem Teodorico Raposo, o herói e narrador,se vê envolvido. Dentre elas, podemos citar Mary, Adélia, Titi, Jesuína, Cíbele.a) uma dessas personagens é importantíssima para a trama do romance, já que acompanha o narrador

desde a infância, e deve-se a ela a origem de todos os seus infortúnios posteriores. Quem é e o que fezela para que o plano de Raposo não desse certo?

b) a qual delas Raposo se refere como “Tinha trinta e dois anos e era zarolha”? Que relações tem essapersonagem com Crispim, a quem o narrador denomina como “a firma”?

a) Entre as diversas personagens femininas citadas no enunciado da questão, apenas uma acompanhouTeodorico Raposo desde a infância. Trata-se de Titi, sua tia, a cuja herança ele teria direito, caso secomportasse como um perfeito católico (na acepção de sua tia). Como tal não aconteceu e, tendo sidodescoberto o engodo que Raposo lhe preparava, Titi deserdou-o. (3 pontos)

b) Jesuína é a referida personagem. O candidato deveria ter observado que é finalmente com ela queTeodorico se casa. Trata-se da irmã de Crispim, o próspero amigo, herdeiro da firma Crispim & Cia. Nãosem ironia, Teodoria o chama de “a firma” para sugerir que a identidade do amigo se sustentava mais novalor financeiro do que no afetivo. (2 pontos)

A questão trata do romance A Relíquia, de Eça de Queirós, mais precisamente do papel que nele exercemdeterminadas figuras femininas. Esperava-se que o candidato, num primeiro momento, conseguisse destacara figura proeminente da tia do narrador-personagem, articulando-a com a origem e o desfecho da tramacentral. Quanto à segunda personagem a que se refere a questão, trata-se de Jesuína, que, embora apareçaapenas aludida no final do romance, é de capital importância para se compreender que, apesar de tudo, oherói do romance nada perde da sua esperteza original.

Candidato Aa) Tal personagem era Titi, que acabou trocando o que Teodorico levaria como se fosse uma relíquia por

uma peça íntima e ousada, feminina.b) Se refere a Cibele, que era filha de Crispim e que Teodorico Raposo pretendia casar visando o dinheiro de

seu pai.

Candidato Ba) A personagem é Titi, tia de Teodorico Raposo. Mulher muito devota a quem Teodorico finge ser devoto

também para receber sua herança. O plano de Raposo não deu certo pois trocou os embrulhos e acabouentregando à sua tia (que tinha lhe pedido que trouxesse de sua viagem uma relíquia) o pacote com acamisola de Mary. A tia, que não aprovava relações amorosas, expulsou o sobrinho de casa, que perdeuo direito à fortuna da tia (ficando apenas com um binóculo).

b) Refere-se a Jesuína, irmã de Crispim e futura esposa do Raposão.

Exemplos derespostas

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Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa

Respostaesperada

Comentário

QUESTÃO 8

Ficou o Padre Bartolomeu Lourenço satisfeito com o lanço, era o primeiro dia, mandados assim à ventura,para o meio duma cidade afligida de doença e luto, aí estão vinte e quatro vontades para assentar no papel.Passado um mês, calcularam ter guardado no frasco um milheiro de vontades, força de elevação que o padresupunha ser bastante para uma esfera, com o que segundo frasco foi entregue a Blimunda. Já em Lisboamuito se falava daquela mulher e daquele homem que percorriam a cidade de ponta a ponta, sem medo daepidemia, ele atrás, ela adiante, sempre calados, nas ruas por onde andavam, nas casas onde não sedemoravam, ela baixando os olhos quando tinha de passar por ele, e se o caso, todos os dias repetido, nãocausou maiores suspeitas e estranhezas, foi por ter começado a correr a notícia de que cumpriam ambospenitência, estratagema inventado pelo padre Bartolomeu Lourenço quando se ouviram as primeiras mur-murações.No trecho acima, extraído de Memorial do Convento de José Saramago aparecem duas personagens centraisdo romance, num momento decisivo para o desenrolar de um episódio muito significativo do livro e queocupa boa porção da primeira parte deste.a) qual é esse episódio e o que têm a ver com ele as personagens Blimunda e padre Bartolomeu Lourenço?b) ao lado do episódio a que se está referindo o trecho acima, o romance relata um outro, que é o da

construção do convento que se passa num outro espaço. Faça uma analogia entre as condições de vidanesse outro espaço, Mafra, com aquelas existentes em Lisboa, tais como se podem depreender do trechocitado.

a) O episódio a que se refere o fragmento citado é o da construção da passarola, ação que é comandadapelo Padre Bartolomeu Lourenço. Blimunda e seu marido Baltasar Sete-Sóis auxiliam o padre em seuempreendimento. A participação de Blimunda é decisiva, pois é ela quem se responsabiliza por capturaras vontades que farão a passarola erguer-se do solo. (3 pontos)

b) O outro episódio é o que dá nome ao romance. Trata-se da construção do grande mosteiro em Mafra. Domesmo modo como em Lisboa, onde está a sede do poder monárquico português, espalha-se a misériae a fome, em Mafra, aqueles que constróem o convento, símbolo da ostentação real e da religião, pade-cem da opressão e de condições precárias de sobrevivência. (2 pontos)

Nessa questão, o que se pedia era que o candidato demonstrasse ter entendido a contraposição entre doisgrandes planos narrativos: a construção da passarola e a edificação do convento. De um lado, a tentativa dematerialização de um sonho do homem (voar) e, de outro, a concretização de um poder opressivo. Considera-se que saber captar a relação entre esses planos bem como perceber a relevância de determinadas persona-gens nos episódios que compõem tais planos é condição básica para se entender o significado crítico doromance.

Candidato Aa) O episódio seria o pecado cometido pelas personagens. Pecado este que fez com que tais personagens

cumprissem a “penitência” citada. A relação com Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço é que ambosteriam sido corrompidos por cederem a prazeres carnais.

b) A relação é da dificuldade e ardor que estão inerentes em ambos os espaços. A idéia de dúvida sobre overdadeiro motivo das tais ações e as condições de uma possível “penitência” nas duas situações.

Candidato Ba) O episódio é a construção da passarola, que iria voar pelos céus. Padre Bartolomeu Lourenço é o inventor

da passarola e dá as instruções para a construção da mesma. Blimunda, além de ajudar Baltasar naconstrução, é responsável por recolher as vontades humanas, as quais farão a passarola levantar vôo.

b) Em ambos os espaços observa-se péssimas condições de vida para o povo, o qual vive mergulhado emsofrimentos. Em Mafra, o sofrimento vem da exploração do trabalho e em Lisboa, da epidemia que mataassustadoramente.

QUESTÃO 9

Uma semana depois, Lobo Neves foi nomeado presidente de província. Agarrei-me à esperança da recusa,se o decreto viesse outra vez datado de 13; trouxe, porém, a data de 31, e esta simples transposição dealgarismos eliminou deles a substância diabólica. Que profundas que são as molas da vida!Trata-se do capítulo CX, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e que significativa-mente tem o título de “31”.

Exemplos derespostas

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Respostaesperada

Respostaesperada

Exemplos derespostas

Comentário

a) o narrador refere-se aí a um episódio de bastante importância para o prosseguimento de sua vida amo-rosa. Quais as relações entre o narrador e a personagem Lobo Neves aí citada?

b) que episódio anterior deve ser levado em conta para se entender o trecho “Agarrei-me à esperança darecusa, se o decreto viesse outra vez datado de 13” ?

c) a frase “Que profundas que são as molas da vida!” pode ser interpretada como irônica no contexto doromance. Por quê?

a) Da recusa do cargo por parte Lobo Neves deve ocorrer a óbvia permanência de Virgília, sua esposa, dequem Brás Cubas, o narrador-personagem, é amante. (1 ponto)

b) Anteriormente, o marido, Lobo Neves, já havia sido nomeado para um cargo idêntico e, na ocasião, ele orecusara porque o decreto datava de um dia 13, número que marcava vários azares na sua vida (o paimorrera num dia 13, treze dias depois de um jantar onde havia treze pessoas; a casa onde morrera a mãetinha o número treze). Brás Cubas, no trecho citado, tinha a esperança de que o novo decreto viessedatado do mesmo número e que com isso o rival desistisse de partir e a esposa lhe continuasse disponí-vel. (2 pontos)

c) A frase refere-se ao fato de que o decreto não foi datado de um providencial dia 13, mas do dia 31. Osalgarismos, embora sendo os mesmos, tinham perdido na nova ordem seu “poder diabólico” (não erammais o número de azar de Lobo Neves e de sorte de Brás Cubas). A referência à profundidade das “molasda vida” é irônica, porque assinala que o destino das pessoas (no caso, do próprio Brás Cubas e deVirgínia) depende de uma banalidade, como a troca de posição dos algarismos, por exemplo. (2 pontos)

Na questão 9, pede-se que o candidato atente para uma relação de causalidade entre determinadosepisódios, nos quais se torna evidente o tipo de laços que se dão entre duas personagens importantes doromance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Além disso, levando em conta uma dascaracterísticas mais conhecidas do estilo do autor, espera-se que o candidato saiba identificá-la numa seqüên-cia bastante evidente do trecho citado.

Candidato Aa) A relação é que Lobo Neves nomeado presidente da província daria um emprego a Brás Cubas (narrador-

personagem).b) Para Brás Cubas, 13 não era um número de sorte porque ele morara boa parte de sua vida numa casa de

número 13, seu pai morreu num dia 13, ele havia participado de um jantar onde estiveram 13 pessoas.Enfim, se o decreto fosse realizado no dia 13, Brás achava que não fosse dar certo.

c) Sim, porque a simples mudança da data do dia 13 para o dia 31 (transposição de algarismos) fez comque tudo desse certo para Brás como se o número fosse o único responsável.

Candidato Ba) O narrador é amante da esposa de Lobo Neves.b) Deve-se levar em conta um episódio anterior da narrativa, no qual Lobo Neves recusa-se a assumir um

cargo para o qual fora nomeado pois a nomeação era datada do dia 13, número que trazia lembrançasfunestas a esse mesmo Lobo Neves.

c) Porque expressa o oposto do que o narrador está pensando já que os fatos que ele finge tratar como“profundas molas da vida” são, na realidade, considerados por ele meras superstições infundadas.

QUESTÃO 10

Um “quarup”, a ser organizado por índios de área próxima ao posto do Serviço de Proteção aos Índios, noBrasil Central, é uma das idéias mais constantes do segundo e terceiro capítulos do romance Quarup, queAntônio Callado publicou em 1967. Não se trata de uma insistência aleatória: o terceiro capítulo culminacom o relato daquela festa ritualística, que, nesse caso, envolve vários acontecimentos decisivos para umaboa compreensão da obra.a) aquele “quarup” coincide no romance com a notícia de um acontecimento trágico, que teria abalado o

quadro político brasileiro. Que acontecimento foi esse? Que outro fato político vinculado com aqueleacontecimento é referido no romance em páginas imediatamente precedentes ao relato do “quarup”?

b) por que um dos protagonistas diz que aquele será provavelmente o último “quarup” daquela tribo?

a) O acontecimento, cuja notícia coincide com o quarup, é a morte-suicídio de Getúlio Vargas. O anúnciodesse acontecimento é precedido ou prenunciado pelo tumultuado episódio no qual teria sido ferido ojornalista e político Carlos Lacerda, inimigo confesso de Vargas. (3 pontos)

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Respostaesperada

Exemplos derespostas

Comentário

b) O protagonista que afirma isso é Otávio. Refere-se ele ao fato de que aquela tribo está em extinção.Lembre-se que ele dizia que Canato preparava o velório e a comedoria de Uranaco, mas ninguém iriafazer o mesmo por Canato. (2 pontos)

O que se pede na questão 10 é bastante simples, mas exige boa compreensão do romance. Ao solicitar queo candidato relembre a ocorrência de um episódio histórico, a morte de Vargas, num dado momento da trama, épreciso levar em conta que não se trata de qualquer episódio histórico. Ao contrário, trata-se de uma referênciafundamental para se entender a importância que a História do país tem na trama da obra. Nesse sentido, areferência ao último quarup daquela tribo, coincidindo com a notícia da morte de Vargas, não é simples acaso.Vale destacar, portanto, que a verificação de leitura suposta aqui (bem como na questão 8) leva em conta não sóa memória da leitura, mas também a capacidade do candidato de ir além do significado literal da obra.

Candidato Aa) A tomada do governo pelos militares em 64, e a repressão do governo contra movimentos revolucionários

de esquerda.b) Porque julga que o governo tentará repreender esse ritual por considerá-lo irrelevante para o governo e

para a nação.

Candidato Ba) O acontecimento trágico foi o suicídio de Getúlio Vargas. Outro fato político foi o atentado da Rua Tone-

leros, com a morte de um oficial do exército e o ferimento de um jornalista de oposição a Vargas.b) Porque a tribo estava se aculturando, perdendo seus hábitos normais, além de que, a tribo também

estava se extinguindo.

QUESTÃO 11

Os trechos abaixo do romance Madame Pommery referem-se a duas personagens importantes não só doponto de vista de sua participação na trama, como também do ponto de vista de sua presença no quadrosocial de São Paulo no início deste século.I. “Uma centena de páginas adiante, vemos Pinto Gouveia, coronel e capitalista, desalojado do Paradis comuma enorme conta a liquidar de 12.914$400!... E entretanto, o fato, embora muito sabido, passou comalgumas risadas maliciosas como cousa permitida, natural e costumeira...”II. “Com esta sublimação de ideais, a vida de Justiniano discorria tranqüila e ignorada, mas augusta, comoesses trabalhos tão portentosos como invisíveis da natureza, na vegetação dos polipos, das esponjas, e doszoófitos em geral. Mas não se vá imaginar, por isso, que era uma vida toda ela na sombra e nas profundida-des. Tinhas os seus dias de florir e aparecer à luz , com pompa e solenidade. Justiniano florescia e Justini-ano se ostentava, nos dias de procissão e de festas nacionais.Sair de opa e de estandarte na procissão de Corpus Christi, envergar a sobrecasaca, pôr cartola e cumpri-mentar o Presidente no dia 15 de Novembro, eram os acontecimentos mais festivos, as grandes funçanatasde toda a sua existência. Afora isso, novenas, missas, sermões uma vez por outra, o Raposo Botelho, o Jornaldo Commercio e o Mensageiro Episcopal, enchiam-lhe os mais dos ócios que lhe deixavam a revisão e oslançamentos. E ainda lhe sobrava tempo de pensar na aposentadoria; e não só tempo, ao que parece, poisia à Caixa Econômica uma vez por mês com exemplar pontualidade, e em seguida ao pagamento...a) faça uma comparação entre ambas as personagens, Pinto Gouveia e Justiniano, quanto à sua participa-

ção nos projetos de Madame de Pommery.b) aponte, no segundo trecho, expressões que demonstrem como o narrador descreve Justiniano como

metódico, religioso e patriota. Considerando o destino dessa mesma personagem, explique porque essadescrição é, na verdade, irônica.

a) As duas personagens têm o mesmo destino: ambas são vítimas dos negócios e interesse de MadamePommery. O Doutor Pinto Gouveia é aquele que lhe emprestara os seis contos, ainda nos primeirostempos da carreira desta e que, ao final de dois meses, se via, por conta de sua credulidade nos favoresda referida senhora, devendo muito mais. O caso de Justiniano Sacramento é semelhante: funcionário deuma repartição de arrecadação do estado, cabe-lhe a tarefa de vistoriar e lançar imposto sobre o “ParadisRetrouvé” de Madame Pommery, que a seus olhos nada tinha de uma pensão familiar. Lançado o impos-to, aliás bastante pesado, Justiniano é seduzido pelos encantos da vida que se levava naquele palácio. E,assim, não só Madame Pommery se vê livre dos impostos, como Justiniano vai rapidamente perdendosuas economias acumuladas a custo de uma vida metódica. (2 pontos)

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Exemplos derespostas

Comentário

b) A caracterização de Justiniano como metódico, religioso e patriota pode ser percebida através de expres-sões ou trechos como: “com exemplar pontualidade”, “sair de opa e de estandarte na procissão deCorpus Christi”, “cumprimentar o presidente”. Considerando que Justiniano, ao fim do romance, cai namais absoluta desgraça por conta da armadilha tramada por Madame Pommery, é de se entender quetoda essa seriedade e religiosidade escondiam um tipo de pessoa não só ingênua como ocultamentevoltada para os prazeres da vida. (3 pontos)

O espírito da questão 11 é similar ao da questão 9, na qual se solicita que o candidato revele uma leituraatenta da obra, através da relação entre episódios. Nesta questão, a relação solicitada é aquela que se estabe-lece entre os papéis desempenhados por duas personagens masculinas centrais no desenvolvimento da trama.Trata-se de um modo de verificar se, por comparação, o candidato é capaz de estabelecer aproximações ediferenças entre personagens relevantes. A pergunta sobre os elementos do texto com que o narrador descreveJustiniano tem função semelhante àquela que consta da questão 8 e que se refere ao recurso estilístico daironia.

Candidato Aa) Pinto Gouveia, por ser mais rico, ajuda financeiramente nos projetos de Madame Pomery enquanto

Justiniano, por ter um caráter metódico, ajuda na criação e desenho do projeto. Ajuda também na rezapara que o projeto seja bem concluído.

b) As expressões seriam: “sublimação de ideais” (metódico), “augusta” (religioso), “e Justiniano se ostenta-va, nos dias de procissão e de festas nacionais” (religioso e nacionalista). Ele acaba sendo morto pelopróprio governo por ter uma relação amorosa com uma freira (ação de um não religioso).

Candidato Ba) Ambas são utilizadas por Madame Pommery para resolver aspectos financeiros. Pinto Gouveia dá à

Madame seis contos, dinheiro com o qual ela monta o Paradis Retrouvé, um Bordel de “Luxo”. Justinianopor classificar o Paradis como hotel e local de apresentações, determinações que custariam altos impos-tos à Pommery, é convidado a ingressar no Paradis, sob o argumento que lá é freqüentado por grandesfigurões e pessoas importantes. Assim Justiniano acaba por “mudar de idéia” classificando o Bordelcomo pensão familiar. Ambos são descartados após não terem mais serventia.

b) “Sair de opa e de estandarte na procissão de Corpus Christi, (...) cumprimentar o presidente no dia 15 denovembro, eram os acontecimentos mais festivos de sua existência”; “missas, novenas, sermões”; “umavez por mês com exemplar pontualidade”. É irônica, porque o personagem ingressa no Bordel e depoisdisso nunca mais foi o mesmo, endividando-se e gastando seu dinheiro com as “alunas”.

QUESTÃO 12

O poema abaixo tem como referência uma cantiga tradicional muito conhecida que diz:O anel que tu me desteEra vidro e se quebrouO amor que tu me tinhasEra pouco e se acabou.

Leia-o com atenção.

Cantiga“O anel que tu me deste”[...

Onde os anéis, onde os dedosdas estrelas neblinadasOnde os caminhos das luasdescambando em madrugadasOnde os sonhos que juntamosnas mesmas águas pisadasOnde o amor que de tão grande( no cair da trovoada)sorria tão manso mansocomo os olhos da boiada?

Me vejo: este anel partidoarcoflexa sem sentido

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Exemplos derespostas

Comentário

ontem nos dedos da mãohoje punhal solidãoque fere as cores da pelesem gemido, sem um nãotraçando um lugar vaziona palma de cada mão

Arrastado amor antigodesmanchado do contigodesfibrado do comigoquebrado na encantaçãoAquele anel que de vidrono abstrato se mudousumiu das fibras dos dedosdo círculo em que se fechouNaquele anel que me desteno vidro em que se quebroufoi-se o amor que tu me davasque era nada, se acabou

( Zila Mamede)

a) há um conjunto de expressões na primeira estrofe, sugerindo que o amor aí referido tem um contornovago, mais de penumbra do que de luminosa claridade, mais de tranqüilidade do que de agitação. Citepelo menos duas dessas expressões.

b) o caráter suave do amor, referido pelo poema na primeira estrofe, está contrastado, na segunda, porexpressões que indicam de modo agudo o sentimento decorrente de sua ruptura. Cite pelo menos duasdessas expressões e tente relacioná-las (por oposição ou não) com os três últimos versos da mesma estrofe.

c) explique o verso “quebrado na encantação”, relacionando-o não só com o poema todo, mas tambémcom a cantiga original.

a) As expressões mais relevantes para indicar aquela forma de amor são: “estrelas neblinadas”, “luas des-cambando em madrugadas”, “sonhos”, “tão manso manso”. (1 ponto)

b) As expressões que indicam mais fortemente o sentimento decorrente da ruptura amorosa são: “arcoflexasem sentido” e “punhal solidão”. A expectativa é a de que o candidato perceba a contraposição entre aviolência da ruptura (“punhal solidão”) e o sentimento de vazio, o silêncio, que se manifestam nos trêsúltimos versos ( “sem gemido, sem um não”, “lugar vazio”). (2 pontos)

c) Trata-se de um verso que sintetiza todo o poema, porque retoma a idéia da ruptura amorosa ( “quebra-do”), e denuncia pela palavra “encantação” o caráter ilusório de que era revestido esse amor ( “que eranada, se acabou”). Nesse sentido , afirma-se uma diferença entre a cantiga original e o poema: naquelao amor “era pouco”, neste “era nada”. (2 pontos)

A questão 12 tem a ver com a verificação da capacidade de leitura de um texto poético, supostamentedesconhecido do candidato. Essa capacidade se revela na compreensão do significado do poema como um todo(pergunta c) e na percepção de detalhes, que, no seu conjunto, garantem tal compreensão (perguntas a e b).

Candidato Aa) “onde os caminhos das luas descambando em madrugadas”.b) “onde os anéis, onde os dedos” com “ontem nos dedos da mão” e ainda “na palma de cada mão”.c) O anel se quebra durante o encantamento do amor. No momento que o encantamento é grande, belo e

puro o anel se quebra e prova que amor ali não tinha.

Candidato Ba) As expressões da primeira estrofe são: “estrelas neblinadas” e “sorria tão manso manso”.b) Expressões como “arcoflexa sem sentido” e “punhal solidão” indicam o sentimento decorrente da ruptura

do amor. A primeira contrapõe-se aos últimos versos da segunda estrofe, pois indica algo sem sentido queestaria “traçando um lugar vazio”. A segunda relaciona-se aos três últimos versos que aludem à solidãoatravés de expressões como “lugar vazio”.

c) O anel simbolizava a união, o amor de caráter encantado e a ruptura do anel – “quebrado na encantação”– é uma metáfora do fim do amor a que se faz referência tanto no poema quanto na cantiga original.

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Biologia

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Biologia

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

A prova de Biologia do Vestibular Unicamp procura avaliar o conhecimento, a compreensão e a aplica-ção dos conceitos básicos do ensino médio, abrangendo amplamente o conteúdo programático. Visatambém a verificar a capacidade de estabelecer relações entre os diferentes fenômenos biológicos, reco-nhecendo a unidade dentro da diversidade. Assim, têm sido solicitadas explicações para fenômenos ob-servados no cotidiano do candidato, interpretação e análise de informações apresentadas em gráficos,figuras, tabelas, experimentos e interrelação de conhecimentos dentro dos diferentes campos da Biologiae com outras áreas. São utilizadas também informações veiculadas pelos meios de comunicação valori-zando o candidato que procura se manter informado e que faz uma leitura crítica com base nos conheci-mentos de Biologia adquiridos no ensino médio.

As doze questões da 2ª fase apresentam itens que permitem estabelecer graus diferentes de dificulda-de, direcionar as respostas e tornar a correção mais precisa e objetiva.

QUESTÃO 13

No século XVIII foram feitos experimentos simples mostrando que um camundongo colocado em um recipi-ente de vidro fechado morria depois de algum tempo. Posteriormente, uma planta e um camundongo foramcolocados em um recipiente de vidro, fechado e iluminado, e verificou-se que o animal não morria.a) Por que o camundongo morria no primeiro experimento?b) Que processos interativos no segundo experimento permitem a sobrevivência do camundongo? Explique.c) Quais as organelas celulares relacionadas a cada um dos processos mencionados na sua resposta ao

item b?

a) Porque o O2 disponível era gasto com a respiração do camundongo. (1 ponto)b) Fotossíntese e Respiração. Porque a planta, utilizando o CO2 liberado na respiração do camundongo (e da

planta), fazia fotossíntese, liberando O2 que o animal usava na respiração. (2 pontos)c) mitocôndria - respiração; cloroplasto - fotossíntese. (2 pontos)

a) Porque todo oxigênio que havia no recipiente de vidro era consumido pelo camundongo, através darespiração celular.

b) A respiração e a fotossíntese. Através da respiração celular, o camundongo produzia gás carbônico (CO2).O CO2 era utilizado pela planta para produzir glicose e oxigênio através da fotossíntese e na presença deluz. O oxigênio produzido pela planta era utilizado então, na respiração, permitindo a sobrevivência docamundongo.

c) Respiração – mitocôndrias; fotossíntese – cloroplastos.

a) O camundongo morria no primeiro experimento devido à falta de luminosidade e oxigenação do recipien-te; ao contrário do segundo experimento.

b) Os processos interativos do segundo experimento permitiram a sobrevivência do camundongo por que aluminosidade que ajudou na clorofilação da planta que dispensava o oxigênio e absorvia o CO2 emitidopelo camundongo que por sua vez absorvia o oxigênio eliminado pela planta.

c) Oxigênio, gás carbônico e clorofila.

A questão foi simples e bastante fácil com a média mais alta da prova (3,89), exigindo conhecimentosbásicos dos processos de obtenção de energia e das organelas envolvidas nestes processos. Foi uma questãopraticamente respondida por todos os candidatos e em que mais da metade tirou notas entre 4 e 5.

Um dos erros mais freqüentes foi atribuir a morte do camundongo ao excesso de CO2 e à falta de alimento,no caso, a planta.

QUESTÃO 14

Estima-se que um quarto da população européia dos meados do século XIX tenha morrido de tuberculose. Aprogressiva melhoria da qualidade de vida, a descoberta de drogas eficazes contra a tuberculose e o desenvol-vimento da vacina BCG fizeram com que a incidência da doença diminuísse na maioria dos países. Entretanto,estatísticas recentes têm mostrado o aumento assustador do número de casos de tuberculose no mundo,devido à diminuição da eficiência das drogas usadas e à piora das condições sanitárias em muitos países.

Page 59: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

59

Biologia

Respostaesperada

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Qual é o principal agente causador da tuberculose humana?b) Como essa doença é comumente transmitida?c) Explique por que a eficiência das drogas usadas contra a tuberculose está diminuindo.

a) Mycobacterium tuberculosis (ou: bacilo de Koch; ou bacilo da tuberculose ou M. bovis). (1 ponto)b) Inalando bacilos expelidos pelos doentes, principalmente através da tosse. (2 pontos)c) Porque o uso contínuo dessas drogas tem selecionado microorganismos resistentes. (2 pontos)

a) O agente causador é o bacilo de Koch.b) A doença é transmitida pelo ar, quando um indivíduo contaminado tosse ou espirra, liberando gotículas

de secreção que contêm os bacilos. Ao inalar essas gotículas, uma pessoa sã é contaminada.c) A eficiência das drogas, que são antibióticos, está diminuindo porque o uso incessante desses medica-

mentos ao longo dos anos selecionou os bacilos mais resistentes a esses medicamentos (matando osbacilos mais fracos). Esses bacilos mais resistentes então se proliferaram, reduzindo a eficiência dosantibióticos.

a) Vírus da tuberculose.b) Através do ar.c) Em razão da possível mutação dos agentes causadores da tuberculose.

A tuberculose é uma das doenças que estão ressurgindo no mundo, apesar de todos os conhecimentosadquiridos a seu respeito e dos avanços no seu tratamento. A questão procurou medir o conhecimento doscandidatos sobre a doença em si, seus mecanismos mais comuns de transmissão e a relação entre qualidadede vida e incidência da doença. Paralelamente, verificou conhecimentos sobre seleção natural.

A nota média variou entre 1,68 para os candidatos da área de Artes até 2,54 para os candidatos da áreade Biológicas (média geral=2,20). Apesar de muito poucos candidatos terem deixado a prova em branco,64% obtiveram nota menor do que 3. Este desempenho abaixo da expectativa é surpreendente, pois osconhecimentos exigidos nesta questão são bastante abordados no ensino médio e o assunto tem sido muitocomentado na imprensa. No item b, foi dada nota parcial para respostas como “pelas secreções pulmonares(ou objetos) contaminadas” e “por via respiratória”.

Notou-se a dificuldade dos candidatos em utilizar o conceito de seleção natural, para interpretar umasituação real que é aumento da resistência às drogas.

QUESTÃO 15

Numa excursão à praia foram coletados alguns organismos que foram colocados em sacos plásticos eidentificados como: esponjas, cracas, algas macroscópicas, gastrópodes, mexilhões (bivalvos), ouriços-do-mar, caranguejos e estrelas-do-mar.a) Organize os animais coletados por filos.b) Além dessa organização por filo, os animais podem ser classificados pela mobilidade (os fixos e os que se

deslocam) ou pelo seu principal modo de obter o alimento (filtradores, predadores e herbívoros). Organi-ze-os segundo a mobilidade e depois, segundo o modo de obter alimentação.

c) Cite uma Divisão (filo) de algas macroscópicas que poderia ter sido encontrada na excursão à praia.

a) Esponjas – Porifera;gastrópodes e mexilhões – Mollusca;ouriços e estrelas-do-mar – Echinodermata;cracas e caranguejos – Arthropoda. (2 pontos)

b) Fixos: mexilhões, cracas e esponjas;com locomoção: estrelas-do-mar, caranguejos, gastrópodes e ouriços;filtradores: mexilhões, cracas e esponjas;predadores: estrelas-do-mar, caranguejos, gastrópodes;herbívoros: gastrópodes e ouriços. (2 pontos)

c) Chlorophyta ou Phaeophyta ou Rhodophyta. (1 ponto)

Page 60: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

60

Biologia

Respostaesperada

Comentários

a) Esponja – PoríferoGastrópodes e mexilhoes – MoluscosEstrela-do-mar e ouriço-do-mar – EquinodermosCaranguejos e cracas – ArtrópodesAlgas macroscópicas – Fitofícias

b) Mobilidade: esponjas e cracas – fixosdemais – se deslocam

Alimentação: esponjas , cracas e mexilhões – filtradoresgastrópodes e caranguejos – carnívorosestrela-do-mar e ouriço – herbívoroalgas macroscópicas – produtores

c) Rodofícias.

a) Algas, esponjas, mexilhões, ouriços-do-mar, cracas , gastrópodes, estrela-do-mar, caranguejo.b) esponjas, algas, cracas, ouriços-do-mar, mexilhões, caranguejos, gastrópodes, estrela-do-mar (organiza-

ção pela mobilidade). Organização pela obtenção de alimentos, esponjas, algas, gastrópodes, cracas,mexilhões, ouriços-do-mar, estrelas do mar, caranguejos.

c) Algas Pirrofíceas.

Com esta questão objetiva e simples procurou-se avaliar o conhecimento dos candidatos sobre as caracte-rísticas gerais dos grupos zoológicos e seus modos de vida. Apresentou-se uma situação que pode ocorrer nocotidiano de um estudante para que ele agrupasse alguns seres vivos utilizando-se dos conhecimentos adqui-ridos em sala de aula sobre taxonomia, mobilidade e hábitos alimentares.

Pelo desempenho dos candidatos, pode-se afirmar que esta questão apresentou pouca dificuldade, pois15% obtiveram nota inferior a 2 ou a deixaram em branco, enquanto que 30% obtiveram notas 4 ou 5. Pode-se dizer que, apesar desta aparente facilidade, foi uma questão que discriminou de maneira adequada oscandidatos. A média oscilou entre 2,09 na área de Artes a 3,34 na Área de Biológicas, demonstrando que oassunto era do conhecimento dos candidatos.

Nos itens a e b desta questão, relacionados aos invertebrados, os candidatos mostraram desconhecer oconceito de Filo. Muitos consideraram alga como grupo animal, além de outros erros grosseiros como classi-ficar moluscos como artrópodes. Notou-se um desconhecimento dos modos de vida, especialmente alimenta-ção e mobilidade, pois esta muitas vezes não foi relacionada a movimento ativo próprio do organismo mas aotransporte passivo pela água.

QUESTÃO 16

As fases iniciais do desenvolvimento embrionário do anfioxo estão representadas nas figuras abaixo:

A B C D E

a) Identifique essas fases.b) Descreva as diferenças de cada uma delas em relação à fase anterior.

a) Ovo, mórula, blástula, gástrula, nêurula. (1 ponto)b) Ovo (A)→ mórula (B) – clivagem ou segmentação ou formação de 32 blastômeros;

Mórula(B) → blástula (C) – formação da blastocele (com cavidade); mórula maciça;Blástula (C) → gástrula (D) – formação do arquênteron (gastrocele) , com blastóporo a partir da

invaginação de uma das regiões formando endoderme (mesentoderme) e ectoderme;Gástrula (D) → nêurula (E) – ocorre simultaneamente a formação da mesoderme, celoma, tubo neural

e notocorda. (4 pontos)

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 61: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

61

Biologia

Respostaesperada

Comentários

a) A representa o ovo, B a mórula, C a blástula, D a gástrula e E a nêurula.b) B: no estágio de mórula, o ovo já sofrera clivagem, atingindo o estágio de 32 células.

C: no estágio de blástula, tem a caracterização de um espaço oco, chamado blastocele, revestido poruma camada de células, chamada blastoderme, fruto de contínuas clivagens após o estágio de mórula.

D: a fase de gástrula se dá por um processo de invaginação sofrido pela parede dos macrômeros queconstituiam a blastoderme, na blástula. Depois deste processo de gastrulação por embolia forma-se oarquênteron (cavidade interior = cavidade digestiva) e o blastóporo (abertura). Neste estágio há 2folhetos embrionários a mesentoderme e a ectoderme (abertura).

E: Neurula: apresenta 3 folhetos embrionários, ectoderme, mesoderme, endoderme (os dois últimos sãoprovenientes da mesentoderme). Não há abertura que comunique a cavidade interior e exterior.

a) Zigoto, divisão celular, desenvolvimento, formação da estrutura e celoma.b) Na segunda fase o zigoto se dividiu formando várias células

Na terceira fase houve um desenvolvimento do corpo.Na quarta fase houve a formação estruturalNa quinta fase o anfioxo está completo.

Esta questão trata das modificações que ocorrem nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário,um assunto importante dentro da Biologia que, se bem compreendido, permite o entendimento da organogê-nese e de todos os processos que se seguem.

A despeito da importância dos conhecimentos de Biologia do Desenvolvimento nos diferentes gruposanimais e de ser um assunto muito abordado no ensino médio, esta questão apresentou uma das médias maisbaixas da prova (1,24). Em grande parte, esta média baixa se deve ao alto índice de notas zero (46% - sendo31% devido a respostas erradas e 15% a respostas em branco). No entanto, foi uma das questões que maisdiscriminou os candidatos.

Verificou-se que a maior dificuldade dos candidatos foi identificar as características da blástula. Foi bas-tante comum a identificação do zigoto como “embrião” e da nêurula como “organogênese”.

QUESTÃO 17

A fauna de fundo de cavernas é caracterizada por turbelários, minhocas, sanguessugas, muitos crustáceose insetos, aracnídeos e caramujos. Os vertebrados são representados por peixes, salamandras e morcegos.Os morcegos se refugiam na caverna durante o dia. Geralmente os animais são despigmentados e os peixessão cegos. Muitos insetos, miriápodes e aracnídeos têm pernas e antenas desmesuradas, não raro densa-mente revestidas de cerdas. Alguns besouros têm cerdas distribuídas pelo corpo todo. A umidade constanteé de especial importância; geralmente os animais são estenotermos. O alimento é raro, a escuridão écompleta, faltam vegetais. (Adaptado de Mello Leitão, C. Zoogeografia do Brasil, 1943)a) Pode-se dizer que foi a falta de luz que fez com que os peixes ficassem cegos? Explique sua resposta do

ponto de vista evolutivo.b) No texto são citadas adaptações que permitem aos animais sobreviverem nesse ambiente. Identifique

uma delas e explique a sua função.c) Construa uma cadeia alimentar de três níveis tróficos que pode ocorrer em cavernas, utilizando as

informações do texto.

a) Não. A falta de luz selecionou os peixes cegos por estarem melhor adaptados às condições da cavernae por desenvolverem outras adaptações mais vantajosas (como órgãos do sentido mais desenvolvidos).

(2 pontos)b) Pernas longas, permitindo perceber uma área maior ao redor;

ou: muitas cerdas, permitindo maior sensibilidade táctil;ou: antenas desenvolvidas, permitindo maior quantidade de receptores sensoriais. (2 pontos)

c) Exemplos de cadeias possíveis:• fezes de morcego – besouro – aranha;• turbelários – crustáceos – peixes;• inseto – aracnídeos – salamandras. (1 ponto)

a) Não. Podemos dizer que a falta de luz selecionou os peixes que não dependiam dos olhos mas dos outrossentidos.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Exemplo de notaacima da média

Page 62: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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Biologia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

b) O surgimento de cerdas pelo corpo suplanta a falta da luz pois aumenta a capacidade do animal emtatear o meio.

c) Insetos → aracnídeo → morcegos.

a) Sim pois segundo Lamarck os órgãos que não são utilizados acabam atrofiados.b) Cerdas que protegem das baixas temperaturas.c) Vegetais → insetos → morcegos

decompositores

Esta questão envolveu conhecimentos integrados de Ecologia, Evolução e Zoologia relacionados ao ambi-ente específico de cavernas. Porém não exigia que o candidato conhecesse de antemão as característicasdesse ambiente e dos seres que nele vivem, já que foram dadas as informações no texto. O candidato deverianelas se basear para formular suas respostas.

A questão se mostrou relativamente fácil, com média geral de 2,30. Praticamente não ocorreram provasem branco e o número de notas zero foi baixo (6%).

Os erros mais freqüentes notados durante a correção foram: aceitação de que a falta de luz fez com que ospeixes ficassem cegos, segundo a explicação lamarckista (veja exemplos de nota); confusão entre lamarckis-mo e darwinismo; atribuição de função de absorção de umidade às cerdas; inclusão de vegetais nas cadeiasalimentares (veja exemplos de nota), o que revela leitura desatenta, já que o texto se refere à escuridãocompleta e à ausência de vegetais.

QUESTÃO 18

Muitas espécies são introduzidas em um ambiente sem que haja uma avaliação dos riscos associados a essaprática. Isso tem acontecido em larga escala com peixes pelo mundo todo. A truta arco-íris já foi introduzidaem 82 países, uma espécie de tilápia, em 66 países e a carpa comum, em 59 países. (Ciência Hoje, 21,(124): 36-44, 1996)a) Cite duas possíveis conseqüências da introdução de peixes exóticos em rios e lagoas.b) Caracterize os peixes quanto à anatomia do coração, quanto ao tipo de sistema respiratório e quanto ao

tipo de sistema circulatório.

a)• Extinção de espécies por competição, ou por alimento, ou por nichos;• Diminuição / eliminação de espécies por predação, ou pela introdução de patógenos (doenças), ou com-

petição por nichos;• Se forem introduzidas espécies herbívoras, diminuição / eliminação dos vegetais, afetando toda a cadeia

alimentar.• Aumento da densidade de uma espécie por falta de inimigo natural, ou falta de predador.

(2 pontos para dois itens quaisquer)b)• Coração com 1 átrio e 1 ventrículo (1 seio venoso).• Sistema respiratório brânquial.• Sistema circulatório fechado. (3 pontos)

a) Uma das conseqüências é que esses peixes exóticos quando são introduzidos em um novo ambiente nãoapresentam predadores naturais e por essa razão proliferam rapidamente podendo acabar com o alimen-to da região e levar a extinção outras espécies que são dependentes desses alimentos. Outra conseqüên-cia é que esses peixes exóticos podem levar a extinção da espécie da qual eles estão se alimentando.

b) Os peixes possuem um coração com duas cavidades, um ventrículo e um átrio, pelos quais passa apenassangue venoso. A respiração é realizada por brânquias e o sistema circulatório é fechado.

a) 1- Eles podem não se encaixar na cadeia alimentar, tendo coloração inadequada à sua sobrevivêncianaquele ambiente, se tornando alvos muito visíveis.

2- Outro fator é a resistência do peixe em relação à água desses rios, como pH, acidez por exemplo.b) O sistema respiratório é feito através de guelras e brânquias.

→ →→

Exemplo de notaabaixo da média

Page 63: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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Biologia

Respostaesperada

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários A introdução de espécies exóticas em ambientes naturais pode ter sérias conseqüências para a flora efauna locais e este foi o assunto explorado nesta questão. Foi também pedido um conhecimento sobre aspec-tos básicos da anatomia de peixes. Algumas respostas incompletas foram comuns na parte a, com a utilizaçãofreqüente de termos vagos como “desequilíbrio ecológico” ou “morte dos rios”. Além disso, foi também fre-qüente a utilização do termo “exótico” como sinônimo de “ornamental”.

O item b apresentou maior dificuldade aos candidatos, que muitas vezes usaram termos que não seaplicam aos peixes, como circulação completa ou incompleta.

Foi uma questão fácil, em que 55% dos candidatos tiraram notas 3 e 4, mostrando, mais uma vez, quetemas ambientais são bastante discutidos no ensino médio despertando o interesse dos alunos.

QUESTÃO 19

O controle do volume de líquido circulante em mamíferos é feito através dos rins, que ou eliminam o excessode água ou reduzem a quantidade de urina produzida quando há deficiência de água. Além disso, os rins sãoresponsáveis também pela excreção de vários metabólitos e íons.a) Qual é o hormônio responsável pelo controle do volume hídrico do organismo? Onde ele é produzido?b) Qual é o mecanismo de ação desse hormônio?c) Qual é o principal metabólito excretado pelos rins? De que substâncias esse metabólito se origina?

a) Hormônio antidiurético (ADH). (1 ponto)Hipotálamo (ou neuro-hipófise; ou hipófise). (1 ponto)

b) Aumenta a reabsorção de água nos túbulos renais. (2 pontos)c) Uréia. De proteínas (ou polipeptídeo, aminoácidos, compostos nitrogenados ou amônia). (1 ponto)

a) É o ADH (hormônio anti-diurético), produzido na hipófise.b) O ADH determina a reabsorção de água nos néfrons dos rins. Quando há excesso de água a hipófise

produz menos ADH e o volume de urina produzida é maior. Quando há falta de água, a hipófise produzmais ADH, reduzindo o volume de urina.

c) Trata-se da uréia, originária da amônia, resultante do metabolismo celular.

a) Insulina, na tireóide.b) Controlar a quantidade de glicose no sangue.c) Uréia, originária da amônia.

A prova de Biologia da Unicamp sempre tem contemplado assuntos relacionados à fisiologia humana,abordando inclusive os mecanismos de ação de hormônios, por considerar importante que um aluno egressodo ensino médio conheça os mecanismos integrados de funcionamento do organismo, importante tambémpara a compreensão de doenças e de interação entre os seres vivos. No entanto, questões desse tipo têmcausado dificuldade aos candidatos, pois as notas médias costumam ser baixas, mesmo que as perguntassejam diretas. Esta questão não fugiu à regra, podendo ser considerada difícil, pois a média geral ficou em1,72. Notou-se também que o grau de dificuldade foi bastante variável, de acordo com a área. Desta forma,candidatos da área de Artes obtiveram uma média de 0,61, enquanto que aqueles da área de Biológicasobtiveram média de 2,65. Por essa razão foi uma das questões que mais discriminou os candidatos.

QUESTÃO 2O

Os médicos verificam se os gânglios linfáticos estão inchados e doloridos para avaliar se o paciente apresen-ta algum processo infeccioso. O sistema imunitário, que atua no combate a infecções, é constituído pordiferentes tipos de glóbulos brancos e pelos órgãos responsáveis pela produção e maturação desses glóbulos.a) Explique como macrófagos, linfócitos T e linfócitos B atuam no sistema imunitário.b) Explique que mecanismos induzem a proliferação de linfócitos nos gânglios linfáticos.

a) Macrófagos – eliminam substâncias estranhas por fagocitose;– imobilizam substâncias estranhas na membrana, estimulando os linfócitos T.

Linfócitos T – reconhecem substâncias estranhas na membrana do macrófago;– produzem interleucinas, que estimulam os linfócitos B a produzirem anticorpos;– eliminam células anormais.

Linfócitos B – produzem anticorpos. (4 pontos)

Page 64: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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Biologia

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

b) Presença de substâncias estranhas ao organismo(ou estímulo por proteínas especiais – as interleucinas). (1 ponto)

a) Os macrófagos atuam na fagocitose de agentes que penetram no organismo. Após a fagocitose, elesexpõem em suas membranas substâncias específicas desses agentes infecciosos aos linfócitos T. Estes,por sua vez, reconhecem essas substâncias e enviam sinais para que os linfócitos B produzam anticorposespecíficos contra os invasores. Os lifócitos B podem, ainda, guardar em sua “memória” as característi-cas do invasor para que, em uma próxima infecção, eles sejam novamente acionados.

b) Os linfócitos se proliferam nos gânglios linfáticos sempre que há agentes estranhos percorrendo o orga-nismo, como uma forma de prepará-lo para combater uma possível infecção.

a) _____

b) Ao detectar algum corpo estranho, o organismo aumenta a produção de linfócitos nos gânglios linfáticos.

O sistema imunitário humano tem tido destaque em pesquisas na área biomédica e muitas vezes tornou-se assunto da imprensa devido ao surgimento de doenças que afetam a capacidade de defesa do organismo,principalmente a AIDS. Apesar disto, este é um assunto que causa dificuldades aos candidatos talvez devidoà complexidade dos mecanismos envolvidos. Além disso, no caso da questão, era necessária uma interpreta-ção integrada e seqüencial, numa relação estímulo - resposta. A média geral foi 1,08, variando de 0,52 paraa área de Artes até 1,59 para a área de Biológicas, refletindo a dificuldade da questão.

QUESTÃO 21

No citoplasma das células são encontradas diversas organelas, cada uma com funções específicas, masinteragindo e dependendo das outras para o funcionamento celular completo. Assim, por exemplo, os li-sossomos estão relacionados ao complexo de Golgi e ao retículo endoplasmático rugoso, e todos às mitocôndrias.a) Explique que relação existe entre lisossomos e complexo de Golgi.b) Qual a função dos lisossomos?c) Por que todas as organelas dependem das mitocôndrias?

a) Os lisossomos são produzidos como vesículas que se destacam das bolsas (cisternas, sáculos)do Complexo de Golgi. (2 pontos)

b) Digestão intracelular. (2 pontos)c) Porque todas as funções celulares requerem energia na forma de ATP produzido nas mitocôndrias.

(1 ponto)

a) O Complexo de Golgi armazena substâncias e para liberá-las forma vesículas. Quando a substânciaarmazenada é a enzima digestiva, a vesícula formada leva o nome lisossomo.

b) A função dos lisossomos é a digestão intracelular.c) Todas as organelas dependem das mitocôndrias porque estas produzem energia (ATP) através da respira-

ção celular aeróbica. Essa energia é utilizada pelas outras organelas para realizarem suas funções.

a) Os lisossomos ficam “grudados” ao Complexo de Golgi para, juntamente, fazerem a escreção da célula.b) É de aumentar a superfície de absorção do complexo de Golgi, para auxiliá-lo na escreção da célula.c) Porque todas as mitocôndrias é uma espécie de “armazém” de alimento da célula e é dela que veêm todo

o alimento necessário a todas as organelas.

Esta questão procurou verificar os conhecimentos dos candidatos sobre organelas celulares e suas inter-relações morfológicas e fisiológicas. O desempenho dos candidatos foi muito bom nesta questão, com umadas maiores médias (2,33) da prova. Apresentou baixa porcentagem de notas zero (15% - sendo 11% emrespostas erradas e 4% em branco) e discriminou adequadamente os candidatos.

Entre os erros conceituais mais comuns verificados durante a correção podem-se destacar algumas respostas aoitem a. Ao relacionar os lisossomos com o Complexo de Golgi, muitos candidatos atribuíram, erradamente, aoComplexo de Golgi, a função de síntese das proteínas presentes nos lisossomos ou indicaram aquela organela comoo local da célula que recebe os “restos” da digestão feita pelos lisossomos, “excretando-os” para fora da célula.

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65

Biologia

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

QUESTÃO 22

Abaixo estão esquematizadas as seqüências de aminoácidos de um trecho de uma proteína homóloga, emquatro espécies próximas. Cada letra representa um aminoácido.espécie 1: M E N S L R C V W V P K L A F V L F G A S L L S A H L Qespécie 2: M E N S L R R V W V P A L A F V L F G A S L L S A H L Qespécie 3: M E N S L R C V W V P K L A F V L F G A S L L S Q L H Aespécie 4: M E N S L R L A F V L F G A S L L S A H L Qa) Quantos nucleotídeos são necessários para codificar a seqüência de aminoácidos nas espécies 1 e 2?

Justifique.b) Pode-se dizer que seqüências idênticas de aminoácidos são sempre codificadas por seqüências idênticas

de nucleotídeos? Justifique.c) Considerando que as espécies 2, 3 e 4 se originaram da espécie 1, que tipo de mutação originou cada

seqüência?

a) 84. Porque são requeridos 3 nucleotídeos para codificar 1 aminoácido. (1 ponto)b) Não, pois sendo o código genético degenerado, mais de uma seqüência de nucleotídeos pode codificar

um mesmo aminoácido. (2 pontos)c) Mutação de ponto (substituição), inversão e deleção (ou deficiência). (2 pontos)

a) Como existem 28 aminoácidos nas espécies 1 e 2 teremos 84 nucleotídeos para codificá-los, visto queuma trinca de nucleotídeos codifica um aminoácido. Três nucleotídeos do DNA codificam três nucleotíde-os do RNAm que codifica três nucleotídeos do RNAt que traz consigo um aminoácido.

b) Não podemos afirmar isso porque o código genético é degenerado e mais de uma trinca de nucleotídeospode codificar um mesmo aminoácido mas o inverso nunca ocorre.

c) Uma substituição deu origem à espécie 2 enquanto que uma inversão deu origem à espécie 3. A espécie4 foi originada por deleção.

a) São necessários (28 x 3) = 84 nucleotídeos para codificar a seqüência de aminoácidos pois cada amino-ácido é formado por 3 nucleotídeos.

b) Não. Pode ocorrer outras formas de substrato e mutações genéticas.c) As espécies 2, 3 e 4 sofreram, respectivamente os seguintes tipos de mutação: erro na tradução, erro na

tradução e erro na divisão celular.

Esta questão explorou e correlacionou os conceitos de código genético e mutações. Foi uma questão difícile que discriminou bem os candidatos. A distribuição das notas, com 45% entre respostas em branco e zero eapenas 7% entre 4 e 5, reflete a deficiência dos candidatos em conceitos fundamentais da biologia celular emolecular. Por outro lado, 21% dos candidatos obteve nota 3, geralmente respondendo aos itens a e b.

O item c foi o que apresentou maior dificuldade. Um erro muito freqüente foi a interpretação da ocorrênciadas mutações nas seqüências de aminoácidos, desvinculadas das seqüências de nucleotídeos. Alguns termoscitados erroneamente como tipos de mutações foram mitose, meiose, clonagem, transcrição, refletindo adificuldade na interpretação destes conceitos.

QUESTÃO 23

O gráfico abaixo mostra a mortalidade de mosquitos de uma determinada espécie quando expostos a dife-rentes concentrações de um inseticida. A resistência ou susceptibilidade ao inseticida é devida a um locuscom dois alelos, A1 e A2.

Concentração de inseticida

Mor

talid

ade

(por

cent

agem

)

100

80

60

40

20

0

A1A1 A1A2A2A2

Page 66: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

66

Biologia

Respostaesperada

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Qual é o genótipo mais resistente? Como você chegou a essa conclusão?b) Observando as três curvas, que conclusão se pode tirar sobre as relações de dominância entre os alelos

deste locus? Explique.c) Os indivíduos de cada um dos genótipos não se comportam da mesma forma quanto à resistência ao

inseticida e, por isso, os pontos distribuem-se ao longo da curva. Essas diferenças podem ser atribuídasa efeitos pleiotrópicos de outros genes? Justifique sua resposta utilizando o conceito de efeito pleiotrópico.

a) A2A2. Porque para uma mesma concentração de inseticida os indivíduos com o genótipo A2A2

sobreviveram em maior quantidade. (1 ponto)b) É um caso de ausência de dominância ou codominância; o heterozigoto mostra fenótipo intermediário ao

dos dois homozigotos. (2 pontos)c) Sim, já que o efeito pleiotrópico ocorre quando um gene interfere em mais de uma característica. Assim,

outros genes, além de seu efeito principal, podem interferir na resistência a inseticidas. (2 pontos)

a) A2A2. Como se observa pelo gráfico, tomando-se uma mesma concentração de inseticida, a menor morta-lidade observada é de A2A2.

b) Trata-se de um caso de herança sem dominância ou codominância. Isto pode ser observado comparan-do-se A1A2 com A1A1 e A2A2. O heterozigoto A1A2 tem fenótipo intermediário a A1A1 e A2A2. Se houvessedominância de um dos dois genes, o fenótipo de A1A2 deveria ser igual ao de A1A1 ou A2A2.

c) Sim. A pleiotropia é um fenômeno em que um mesmo par de genes determina vários fenótipos. Nessecaso, um outro par de genes, além de determinar um outro fenótipo qualquer, pode estar interferindo nadeterminação do fenótipo resistência à inseticida. Portanto esse fenótipo é determinado por mais de umpar de genes que não interferem um no outro (não há epistasia).

a) O genótipo mais resistente é o A2A2, pois para haver alta taxa de mortalidade, é preciso também altaconcentração de inseticida.

b) Como os alelos A2A2 são mais resistentes, eles são dominantes com relação ao A1A1.c) Sim, pois o efeito pleiotrópico é a influência do meio sobre os genes, havendo ou não dominância.

Esta questão verificou não apenas o conhecimento do candidato sobre assuntos de genética básica comotambém sua habilidade na leitura e interpretação de gráficos.

A maioria dos candidatos (53%), porém, teve nota 1, tendo acertado apenas o item a. Este desempenhoruim foi atribuído ao fato de o assunto ser apresentado de forma não convencional, já que foi pedido quetirassem conclusões a partir dos dados fornecidos em gráficos e não simplesmente que apresentassem umadefinição memorizada.

Erros conceituais foram bastante freqüentes, como de usar “alelo”, “locus” ou “espécie” no lugar de “genó-tipo” (veja exemplos de nota); admitir A1 e A2 como sendo indivíduos ou genótipos; admitir que a maiorresistência de A2A2 ao inseticida indica dominância do alelo A2 (veja exemplos de nota); confundir codominân-cia com herança quantitativa; confundir pleiotropia com epistasia.

QUESTÃO 24

A transpiração é importante para o vegetal por auxiliar no movimento de ascensão da água através do caule.A transpiração nas folhas cria uma força de sucção sobre a coluna contínua de água do xilema: à medidaque esta se eleva, mais água é fornecida à planta.a) Indique a estrutura que permite a transpiração na folha e a que permite a entrada de água na raiz.b) Mencione duas maneiras pelas quais as plantas evitam a transpiração.c) Se a transpiração é importante, por que a planta apresenta mecanismos para evitá-la?

a) Transpiração: estômatos (1 ponto)Entrada de água: pêlos absorventes. (1 ponto)

b) Fechamento dos estômatos;enrolamento de folhas (ou mudança da posição das folhas);cutícula espessa (ou presença de cera);estômatos na face inferior;estômatos protegidos por pêlos;estômatos em cripta;

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67

Biologia

Comentários gerais

Comentários

quedas das folhas;ausência de folhas;modificações das folhas – espinhos;folhas revestidas de pêlos. (1 ponto para dois itens quaisquer)

c) Porque a transpiração em excesso causa o murchamento da planta,quando o suprimento de água é pequeno. (2 pontos)

a) A transpiração na folha: os estômatos.A entrada de água na raiz: pêlos absorventes

b) Através do fechamento dos estômatos e a perda das folhas durante as estações secas.c) Para evitar a perda excessiva de água.

a) A estrutura que permite a transpiração das folhas é o floema e a estrutura que permite a entrada de águaé o xilema.

b) Uma das maneiras pelas quais as plantas evitam a transpiração é a sucção descontínua de água e a outraé consumindo água através do processo de fotossíntese.

c) Porque a transpiração abundante fragiliza a planta tornando-a mais fraca.

A questão procurou verificar de forma integrada conhecimentos da estrutura e função de determinadosórgãos das plantas e de mecanismos de regulação da transpiração. Foi uma questão relativamente fácil(média = 2,95), porém foi a questão que melhor discriminou os candidatos. O item c foi o de maior dificulda-de, tendo sido bastante freqüentes respostas como “a transpiração intensa prejudica a planta”, sem, noentanto, dizer qual é esse prejuízo.

1) Várias respostas dos candidatos eram extremamente prolixas, resultando em notas idênticas àquelasrespostas mais concisas, igualmente completas e corretas. Compare, por exemplo, as respostas espera-das pela banca nas questões 2 da primeira fase e 18 da segunda fase com o “exemplo de nota acima damédia” dos candidatos. Compare ainda a “Resposta esperada” pela banca e o “Exemplo de nota acimada média” (concisa – nota 5) da questão 13 com a resposta (prolixa - nota 5) transcrita abaixo.

“a) O camundongo morria no primeiro experimento porque, em um dado momento, todo gás oxigênio queexistia no recipiente acabou. O animal consumiu todo o O2 do recipiente; sem que o gás fosse reposto, ocamundongo não pode mais respirar e morreu.

b) Os processos interativos, no segundo experimento, que permitem a sobrevivência do camundongo são afotossíntese e respiração. No processo fotossintético a planta contida no recipiente realizava a fixação docarbono, isto é, sintetizava matéria orgânica a partir de água e gás carbônico (CO2), com subsequenteliberação de gás oxigênio (O2). No processo de respiração realizado pela planta e camundongo, ambosquebram a glicose, para obtenção de energia, com a presença de O2, tendo como produtos o CO2 e H20,além de energia. A interação dos dois processos se nota pelo fato de que o CO2 necessário para afotossíntese provém da respiração e o O2 necessário para a fotossíntese provém da fotossíntese.

c) As organelas relacionadas à fotossíntese e à respiração são, respectivamente, cloroplasto e mitocôndria.”

2) Ao redigir a resposta é desnecessário repetir o enunciado da questão. Isso ocorre com muita freqüência eacarreta uma perda de tempo para o candidato. A leitura desatenta dos enunciados leva a respostaserradas e a não perceber informações contidas no texto da questão que podem auxiliar o candidato emsua resposta. Como já mencionado no Caderno de questões 99, o desconhecimento de vocabulárioespecífico, as redações confusas e o uso de palavras com sentido diferente, às vezes oposto, levam aerros que muitas vezes comprometem as respostas.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

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Química

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69

Química

Respostaesperada

Exemplo de notaabaixo da média

Nesta prova procurou-se apresentar a Química dentro de um contexto histórico e social, mostrando-acomo um conhecimento inerente ao ser humano e, portanto, à sociedade e ao momento. Em alguns casosforam feitas algumas suposições, por exemplo, de como o ferro teria sido descoberto. Se a imaginação,associada ao conhecimento de Química, conseguiu reproduzir os fatos não sabemos e nem isto, nestemomento, é muito importante. Vale, no caso, mostrar ao aluno como uma descoberta importante, quemuda a história da humanidade, pode ocorrer a partir de fatos corriqueiros e como é possível reconstruirtais fatos, por hipótese, sem ter estado presente nos acontecimentos.

Esta prova é uma homenagem à Química, evidenciando alguns de seus aspectos relevantes que ajudaram aentender, a continuar ou a melhorar a vida na Terra.Comecemos por procurar entender, do ponto de vista químico, a origem da vida na Terra.

QUESTÃO 1

Ainda hoje persiste a dúvida de como surgiu a vida na Terra. Na década de 50, realizou-se um experimentosimulando as possíveis condições da atmosfera primitiva (pré-biótica), isto é, a atmosfera existente antes deoriginar vida na Terra. A idéia era verificar como se comportariam quimicamente os gases hidrogênio,metano, amônia e o vapor d’água na presença de faíscas elétricas, em tal ambiente. Após a realização doexperimento, verificou-se que se havia formado um grande número de substâncias. Dentre estas, detectou-se a presença do mais simples α-aminoácido que existe.a) Sabendo-se que este aminoácido possui dois átomos de carbono, escreva sua fórmula estrutural.b) Este aminoácido poderia desviar o plano da luz polarizada? Justifique.c) Escreva a fórmula estrutural da espécie química formada quando este aminoácido é colocado em meio

aquoso muito ácido.

a)H OH| |

H2N C C == O|H (2 pontos)

b) Não, pois a molécula não possui carbono (centro) assimétrico (quiral). (1 ponto)

c)H OH

+ | |H3N C C == O

|H (2 pontos)

a)H

H — C — N — C — H dimetil amônioO H H

b) Não, pois não possui um Carbono quiral (assimétrico)c)

H OH — C — N — C — H → HO — C — N — C — H + H2

O H H H ácido metilamônio metanóico

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70

Química

Respostaesperada

Comentários

a)H OH| |

H2N — C — C == O|H

b) Não. Pois não há isomeria óptica no composto, já que não possui carbono assimétrico.c) grupo amina do aminoácido tem caráter básico. Portanto reage com o ácido da solução aquosa, forman-

do:H OH

+ | |H3N — C — C == O

|H

Esta questão examina, no item a, se o candidato sabe o que é um aminoácido e se sabe escrever umafórmula estrutural baseando-se, em parte, em seus conhecimentos, inclusive de funções orgânicas e, emparte, nos dados conhecidos. Não era necessário, e nem se desejava que o candidato tivesse memorizado afórmula pedida. O item b é uma pergunta simples sobre isomeria óptica: bastava verificar que a molécula nãoapresenta carbono assimétrico. No item c avaliou-se o conhecimento sobre conceito ácido-base de Lewis. Onitrogênio, tendo um par de elétrons livres, reagirá como base na presença de H+.

O desempenho dos candidatos refletiu-se numa média igual a 1,43 que está próxima do esperado pelo fatode a questão estar contextualizada, refletindo-se numa maior dificuldade.

Determinar a época em que o ser humano surgiu na Terra é um assunto ainda bastante polêmico. No entanto,alguns acontecimentos importantes de sua existência já estão bem estabelecidos, dentre eles, o domínio dofogo e a descoberta e o uso dos metais.

QUESTÃO 2

Já na pré-história, o homem descobriu como trabalhar metais. Inicialmente o cobre, depois o estanho, obronze e o ouro. Por volta de 1500 a.C., ele já trabalhava com o ferro. É bem provável que este metal tenhasido encontrado nas cinzas de uma fogueira feita sobre algum minério de ferro, possivelmente óxidos deferro(II) e ferro(III). Estes óxidos teriam sido quimicamente reduzidos a ferro metálico pelo monóxido decarbono originado na combustão parcial do carvão na chama da fogueira. Esse é um processo bastantesemelhante ao que hoje se usa nos fornos das mais modernas indústrias siderúrgicas.a) Cite uma propriedade que possa ter levado o homem daquela época a pensar que “aquilo diferente”

junto às cinzas da fogueira era um metal.b) Suponha duas amostras de rochas, de mesma massa, reagindo com monóxido de carbono, uma conten-

do exclusivamente óxido de ferro(II) e outra contendo exclusivamente óxido de ferro(III). Qual delaspossibilitaria a obtenção de mais ferro metálico ao final do processo? Justifique.

c) No caso do item b, escreva a fórmula estrutural do principal subproduto do processo de produção doferro metálico.

a) brilho; maleabilidade; som metálico; cor prateada; não quebradiço; incandescente no fogo. (1 ponto)b) Quem forneceria mais ferro metálico seria o FeO. Justificativa:

Porcentagem em massa de ferro nos óxidos:78% de Fe no FeO70% de Fe no Fe2O3

portanto o FeO contém proporcionalmente mais ferro do que o Fe2O3 (3 pontos)Ou

moles de ferro nos óxidos: FeO n = m/72; Fe2O3 n’ = 2 (m/160) = m/80; n > n’Portanto é o FeO que contém a maior quantidade de ferro.

c) O=C=O (1 ponto)

Exemplo de notaacima da média

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Química

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Uma característica, que pode ter chamado atenção, é o barulho do metal, quando esse recebe umapancada.

b) FeO + CO → Fe + CO2

Fe2O3 + 3CO → 2Fe + 3CO2

R: A rocha de ferro III libera mais ferro metálico que a outra rocha, segundo as equações acima.c) O=C=O

a) Os metais são conhecidos por serem maleáveis, não esfarelando-se e fáceis de trabalharb) Supondo que a massa das duas rochas é 11.520 gr. O composto de ferro II (massa molar:72 g/mol)

possui 160 mol. O composto de ferro III possui 72 mol (MM=160 g/mol). Porém cada mol do compostode FeII possue somente 1 mol de Fe (FeO) enquanto o outro composto possue 2 mol (Fe2O3).Entãotemos:Fe (II) → FeO → 160 mol de ferro*Fe (III) → Fe2O3 → 2.72 mol de ferro → 144 mol de ferro** considerando o rendimento de 100% pelas equações:FeO(s) + CO(g) → Fe(s) + CO2(g)

Fe2O3(s) + 3CO(g) → 2Fe(s) + 3CO2(g)

R: a amostra de óxido de ferro II produziria mais ferro metálicoc) A fórmula estrutural do CO2 é O = C = O

Esta questão apresenta o aspecto interessante da reconstrução histórica usando-se conhecimentos sim-ples de Química. O item a avalia se o candidato consegue correlacionar propriedades do metal com a possívelidentificação do ferro naquela época remota. Observe-se que as respostas esperadas se apresentam numintervalo bastante amplo. Evidentemente, não puderam ser aceitas como válidas respostas que incluíam, porexemplo, a condutividade elétrica uma vez que esta propriedade não se ajusta à época tratada.

O desempenho nesta questão foi bastante baixo considerando-se que o item a é muito simples, o b refere-se a um cálculo estequiométrico clássico e o c pede uma fórmula estrutural muito conhecida. A média geralobtida foi 1,26.

Muito antes da era Cristã, o homem já dominava a fabricação e o uso do vidro. Desde então o seu empregofoi, e continua sendo, muito variado: desde simples utensílios domésticos ou ornamentais até sofisticadasfibras óticas utilizadas em telecomunicações.

QUESTÃO 3

Uma aplicação bastante moderna diz respeito à utilização do vidro em lentes fotossensíveis empregadas naconfecção de óculos especiais. Algumas dessas lentes contêm cristais de cloreto de prata e cristais decloreto de cobre(I). Quando a luz incide sobre a lente, ocorre uma reação de oxidação e redução entre osíons cloreto e os íons prata, o que faz com que a lente se torne escura. Os íons cobre(I), também por umareação de oxidação e redução, regeneram os íons cloreto consumidos na reação anterior, sendo que a lenteainda permanece escura. Ao ser retirada da exposição direta à luz, a lente torna-se clara pois os íonscobre(II), formados na reação de regeneração dos íons cloreto, reagem com o outro produto da primeirareação.a) Escreva a equação química que descreve o escurecimento da lente.b) Qual é a espécie química responsável pelo escurecimento da lente?c) Escreva a equação química da reação que possibilita à lente clarear. Qual é o agente oxidante nesta

reação?

a) Ag+ + Cl– = Ag + Cl ou Ag+ + Cl– = Ag + 1/2Cl2 ouAgCl = Ag + Cl ou AgCl = Ag + 1/2Cl2 (2 pontos)

b) Prata metálica ou Ag ou Ag(s) ou Ago (1 ponto)c) Cu2+ + Ag = Cu+ + Ag+ ou CuCl2 + Ag = CuCl + AgCl (1 ponto)

Agente oxidante: Cu2+ (1 ponto)

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Química

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) AgCl → 2 Ag + Cl2b) é o Cl2c) Cu2+ + Ag0 → Cu + AgCl

agente oxidante é o Cu2+

a) Cl– + Ag+ → Ag + Clb) é a prata metálicac) Cu2+ + Ag0 → Cu+ + Ag+

agente oxidante é o Cu2+

Esta questão aborda o assunto oxidação e redução dentro de um contexto atual e comum ao cotidiano. Asreações que ocorrem são bastante simples de modo que o candidato com conhecimento do que seja oxidaçãoe redução podia responder sem dificuldade. Se o candidato, ainda, correlacionasse o escurecimento da lentecom a formação de prata metálica, com mais facilidade poderia apresentar a resposta correta.

A média geral neste caso ficou em 1,01. O assunto abordado, oxidação e redução, é muito problemáticopara os estudantes, o que se refletiu no baixo desempenho.

Com a revolução industrial do século XVIII, a sociedade ocidental experimentou uma nova escala de produ-ção de bens. A indústria se mecanizou e, desde então, este processo está em crescimento.

QUESTÃO 4

O ácido sulfúrico, a substância mais produzida industrialmente no mundo, é importante na fabricação defertilizantes, na limpeza de metais ferrosos, na produção de muitos produtos químicos e no refino do petró-leo. Sua produção industrial ocorre da seguinte forma: queima-se o enxofre elementar com oxigênio, o quedá origem ao dióxido de enxofre; este, por sua vez, reage com mais oxigênio para formar o trióxido deenxofre, um gás que, em contato com a água, forma finalmente o ácido sulfúrico.a) Escreva a equação química que representa a reação da água com o trióxido de enxofre na última etapa

da produção do ácido sulfúrico, conforme descrito no texto.Numa mesma fábrica, o ácido sulfúrico pode ser produzido em diferentes graus de concentração, por exem-plo: 78% , 93% e 98%. O congelamento destes três produtos ocorre aproximadamente em : 3 ºC, –32 ºC e–38 ºC (não necessariamente na mesma seqüência dos graus de pureza).b) Qual é a mais baixa temperatura de fusão dentre as três?c) A qual dos três produtos comerciais relaciona-se a temperatura de fusão apontada no item b? Justifique.

a) SO3 + H2O = H2SO4 (1 ponto)b) –38 oC (1 ponto)c) 78% (1 ponto)Quanto mais impurezas presentes numa solução menor será o ponto de fusão.OuQuanto mais partículas presentes na solução menor será o ponto de fusão. (2 pontos)

a) SO3 + H2O → H2SO4

b) 98%, pois é o que contém menos água e portanto é o que tem a temperatura de fusão mais distante dada água.

c) A obtensão de produtos químicos que ocorre em diversas temperaturas, mas que tem sempre o ácidosulfúrico líquido.

a) SO3 + H2O → H2SO4

b) A mais baixa temperatura de fusão será –38 ºC.c) Relaciona-se a 78% de pureza, já que quanto menor o grau de pureza mais baixo será o ponto de fusão

pois possui mais partículas dissolvidas.

Page 73: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

73

Química

Respostaesperada

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários Nesta questão avaliou-se, no item a, a capacidade do candidato de representar em linguagem química(equação e fórmulas) um fenômeno descrito em linguagem comum. A pergunta b é muito simples e examinao entendimento de uma escala de temperatura. O item c está relacionado ao conhecimento de propriedadescoligativas. De modo geral, esta questão pode ser considerada muito fácil.

O desempenho nesta questão foi o segundo mais alto da prova (média = 2,13) e reflete, provavelmente,o fato de a reação de formação do ácido sulfúrico ser vista na ocasião em que se estuda a chuva ácida.Também o item b é muito simples. O item c, também, não foi um grande problema para os candidatos.Verificando-se a escala de pontos apresentada acima na resposta esperada, percebe-se que um candidatoatento poderia facilmente obter, pelo menos, nota 2.

A “revolução verde” , que compreende a grande utilização de fertilizantes inorgânicos na agricultura, fezsurgir a esperança de vida para uma população mundial cada vez mais crescente e, portanto, mais necessi-tada de alimentos.

QUESTÃO 5

O nitrogênio é um dos principais constituintes de fertilizantes sintéticos de origem não orgânica. Podeaparecer na forma de uréia, sulfato de amônio, fosfato de amônio etc., produtos cuja produção industrialdepende da amônia como reagente inicial. A produção de amônia, por sua vez, envolve a reação entre o gásnitrogênio e o gás hidrogênio. A figura a seguir mostra, aproximadamente, as porcentagens de amônia emequilíbrio com os gases nitrogênio e hidrogênio, na mistura da reação de síntese.

a) A reação de síntese da amônia é um processo endotérmico? Justifique.b) Imagine que uma síntese feita à temperatura de 450 ºC e pressão de 120 atm tenha produzido 50

toneladas de amônia até o equilíbrio. Se ela tivesse sido feita à temperatura de 300 ºC e à pressão de100 atm, quantas toneladas a mais de amônia seriam obtidas? Mostre os cálculos.

c) Na figura, a curva não sinalizada com o valor de temperatura pode corresponder aos dados de equilíbriopara uma reação realizada a 400 ºC na presença de um catalisador? Justifique.

a) Não, pois, segundo o gráfico, quando se aumenta a temperatura, o rendimento diminui. (1 ponto)b) 20% de rendimento → 50 toneladas

50 % de rendimento → x toneladas x = 125 toneladas (1 ponto)diferença: 125 – 50 = 75 toneladas a mais. (1 ponto)

c) Não. O catalisador não altera a posição de equilíbrio da reação, apenas a velocidade. (1 ponto)A curva para a reação a 400 oC deveria estar posicionada entre 350 e 450 oC. (1 ponto)

a) Não. É exotérmico, pois à mesma pressão, há maior porcentagem de amônia nos produtos ao diminuir-se a temperatura.

b) 450 ºC e 120 atm50 t → 20% ∴ Seriam produzidas 150 t a maism (N2 + H2) → 80% 300 ºC e 100 atmm = 200 t 200 t → 50%

m’(NH3) → 50% m’ = 200 t

300 °C

40 60 80 100 120 140 160 180 200 220Pressão total/atm

70

60

50

40

30

20

10

0

% N

H3 n

a m

istu

ra

350 °C

450 °C

500 °C

Page 74: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

74

Química

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Exemplo de notaacima da média

Comentários

c) Na presença de um catalisador, a reação de síntese da amônia será muito rápida não sendo possível fazeras medições progressivas para sinalizar a curva.

a) Não, pois quanto menor a concentração da amônia maior a temperatura e quanto maior a concentraçãode amônia menor a temperatura, isso nos leva a concluir que a síntese da amônia é um processoexotérmico.

b) Se 20% = 50 toneladas, porque quando temos a substância a 120 atm e 450 ºC é formada 20 % deNH3.Quando temos a mistura a 300ºC e 100 atm produzimos 30% a mais, então se 20 % é 50 e 30 %é 20 % + 10 %, podemos concluir que: 50 + 25 → 75 toneladas a mais.

c) Não, pois o catalisador não influi no equilíbrio e sim na velocidade. A curva para a reação a 400 oCestaria entre 350 e 450 oC.

A leitura e interpretação de um gráfico é a principal avaliação desta questão. A média alcançada, 1,93,mostra que este é um aspecto relativamente bem visto no ensino médio. Foi no item c que os candidatos maistropeçaram pois muitos não usaram o gráfico para a justificativa completa.

O homem, na tentativa de melhor compreender os mistérios da vida, sempre lançou mão de seus conheci-mentos científicos e/ou religiosos. A datação por carbono quatorze é um belo exemplo da preocupação dohomem em atribuir idade aos objetos e datar os acontecimentos.

QUESTÃO 6

Em 1946 a Química forneceu as bases científicas para a datação de artefatos arqueológicos, usando o 14C.Esse isótopo é produzido na atmosfera pela ação da radiação cósmica sobre o nitrogênio, sendo posterior-mente transformado em dióxido de carbono. Os vegetais absorvem o dióxido de carbono e, através da cadeiaalimentar, a proporção de 14C nos organismos vivos mantém-se constante. Quando o organismo morre, aproporção de 14C nele presente diminui, já que, em função do tempo, se transforma novamente em 14N.Sabe-se que, a cada período de 5730 anos, a quantidade de 14C reduz-se à metade.a) Qual o nome do processo natural pelo qual os vegetais incorporam o carbono?b) Poderia um artefato de madeira , cujo teor determinado de 14C corresponde a 25% daquele presente nos

organismos vivos, ser oriundo de uma árvore cortada no período do Antigo Egito (3200 a.C. a 2300a.C.)? Justifique.

c) Se o 14C e o 14N são elementos diferentes que possuem o mesmo número de massa, aponte uma carac-terística que os distingue.

a) Fotossíntese ou quimiossíntese (1 ponto)b) Não.

Justificativa: São necessários 11460 anos para que a quantidade de 14C se reduza à 25 % da original.Isto mostra que o objeto seria de 9460 a.C., portanto anterior ao período do Antigo Egito. (2 pontos)c) O número de prótons. O número de prótons do 14C é 6. O número de prótons do 14N é 7. (2 pontos)

a) Fotossínteseb) Não, pois a concentração de 14C no Antigo Egito era bem maior que a de hoje então ele não poderia ter

teor de 14C tão baixo. Mas pensando na ipotese de esta arvore ter sido criada numa estufa com atmosferacontrolada poderia só que não no antigo Egito, sem grandes tecnologias.

c) A principal característica para distingui-los é que o N → pertence a família 5A e o C → pertence a família 4A.

a) Fotossínteseb) m= m0 / 2

t

25/100 m0 = m0 / 2t

2t = 4 , então t =2. Passou-se 2 períodos de meia vida, portanto a idade do artefato é de 11460 anos,sendo de origem anterior ao período do antigo Egito. (hoje -2000. A idade seria 5200 anos)

c) presença de diferente número de prótons no núcleo (número atômico).

Page 75: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

75

Química

Respostaesperada

Exemplo de notaabaixo da média

Esta é uma questão bastante fácil. A média obtida foi igual a 3,05, a mais alta da prova. Os itens a e c,pela sua facilidade, já justificam uma média igual a 3. O item b foi também bastante respondido, o que indicaum bom preparo dos candidatos.

A melhoria da qualidade de vida não passa somente pela necessidade de bem alimentar a população oupelas facilidades de produção de novos materiais. A questão da saúde também tem sido uma preocupaçãoconstante da ciência.

QUESTÃO 7

A sulfa (p-amino benzeno sulfonamida), testada como medicamento pela primeira vez em 1935, represen-tou, e ainda representa, uma etapa muito importante no combate às infecções bacterianas. A molécula dasulfa é estruturalmente semelhante a uma parte do ácido fólico, uma substância essencial para o cresci-mento de bactérias. Devido a essa semelhança, a síntese do ácido fólico fica prejudicada na presença dasulfa, ficando também comprometido o crescimento da cultura bacteriana.a) Escreva a fórmula estrutural e a fórmula molecular da sulfa, dado que o grupo sulfonamida é: –SO2NH2.A estrutura do ácido fólico é:

b) Escreva a fórmula estrutural da parte da molécula do ácido fólico que é estruturalmente semelhante àmolécula da sulfa.

a)

ou ou

(1 ponto)

C6H8N2O2S (2 pontos)

b)

ou

(2 pontos)

a)

Fórmula molecular : C6H10N2SO2

NH2

|

|SO2NH2

NH2

|

|O == S == O

| NH2

NH2

|

|O ← S → O—

| —

NH2

NH2

|

|SO2NH2

NH|

| HN — C == O

NH|

|CONH

H2N

N

N N

N CH2 — NH — — C — NHCHCH2COOH | COOH

O||

Page 76: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

76

Química

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

b) O anel benzênico na molécula do ácido fólico é estruturalmente semelhante à molécula da sulfa.

a)

Fórmula molecular: C6H8N2SO2

b)

A média desta questão (0,99) foi a mais baixa da prova. À primeira vista, a questão parece bastante difícilmas, observando-se com cuidado, verifica-se que se trata de perguntas relativamente simples de nomenclatu-ra e de fórmulas. O item c podia ser respondido com certa facilidade pois bastava a identificação da parte damolécula do ácido fólico que interessava. Parece que os candidatos se assustaram com a figura que represen-tava o ácido fólico.

A aspirina, medicamento antitérmico, analgésico e anti-inflamatório é, de certo modo, um velho conhecidoda humanidade, já que a aplicação de infusão de casca de salgueiro, que contém salicina – produto compropriedades semelhantes às da aspirina –, remonta ao antigo Egito. A aspirina foi sintetizada pela primeiravez em 1853 e, ao final do século XIX, começou a ser comercializada.

QUESTÃO 8

Quando ingerimos uma substância qualquer, alimento ou remédio, a sua absorção no organismo pode se daratravés das paredes do estômago ou do intestino. O pH no intestino é 8,0 e no estômago 1,5, aproximada-mente. Um dos fatores que determinam onde ocorrerá a absorção é a existência ou não de carga iônica namolécula da substância. Em geral, uma molécula é absorvida melhor quando não apresenta carga, já quenessa condição ela se dissolve na parte apolar das membranas celulares. Sabe-se que o ácido acetil-salicí-lico (aspirina) é um ácido fraco e que o p-aminofenol, um outro antitérmico, é uma base fraca.a) Transcreva a tabela abaixo no caderno de respostas e complete-a com as palavras alta e baixa, referindo-

se às absorções relativas das substâncias em questão.

Local de absorção Aspirina p-aminofenol

Estômago

Intestino

b) Sabendo-se que a p-hidroxiacetanilida (paracetamol), que também é um antitérmico, é absorvida efici-entemente tanto no estômago quanto no intestino, o que pode ser dito sobre o caráter ácido-base dessasubstância?

a)Local de absorção Aspirina p-aminofenol

Estômago Alta Baixa

Intestino Baixa Alta (3 pontos)

NH2

|

|SO2NH2

NH|

|CONH

Page 77: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

77

Química

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

b) Apresenta baixo caráter ácido-básico. OU reage em muito pequena extensão com OH– e H+. OU não seioniza significativamente em meio ácido ou básico nas condições do corpo humano. (2 pontos)

a)Local de absorção Aspirina p-aminofenol

Estômago Alta Fraca

Intestino Fraca Alta

b) É uma substância neutra e apolar

a)Local de absorção Aspirina p-aminofenol

Estômago Alta Baixa

Intestino Baixa Alta

b) Que possui um fraco caráter ácido-base.

O desempenho dos candidatos nesta questão foi bem abaixo do esperado. Trata-se de perguntas relativa-mente simples que, no entanto, se mostraram difíceis. No item a, muitos erraram, surpreendentemente. Noitem b, grande parte dos candidatos não soube correlacionar as propriedades ácido-base com as informaçõesfornecidas. A média obtida pelos candidatos foi 1,30.

Para se ter uma idéia do que significa a presença de polímeros sintéticos na nossa vida, não é preciso muitoesforço: imagine o interior de um automóvel sem polímeros, olhe para sua roupa, para seus sapatos, para oarmário do banheiro. A demanda por polímeros é tão alta que, em países mais desenvolvidos, o seu consumochega a 150 kg por ano por habitante.

QUESTÃO 9

Em alguns polímeros sintéticos, uma propriedade bastante desejável é a sua resistência à tração. Essaresistência ocorre, principalmente, quando átomos de cadeias poliméricas distintas se atraem. O náilon,que é uma poliamida, e o polietileno, representados a seguir, são exemplos de polímeros.

[–NH–(CH2)6–NH–CO–(CH2)4 –CO–]n náilon

[–CH2–CH2–]n polietileno

a) Admitindo-se que as cadeias destes polímeros são lineares, qual dos dois é mais resistente à tração?Justifique.

b) Desenhe os fragmentos de duas cadeias poliméricas do polímero que você escolheu no item a, identifi-cando o principal tipo de interação existente entre elas que implica na alta resistência à tração.

a) Náilon. (1 ponto)Justificativa: O náilon é o mais resistente à tração devido à existência de pontes de hidrogênio entre as

moléculas adjacentes do polímero. (2 pontos, desde que vinculados à correta indicação das pontes dehidrogênio no item b).b) — N — R6 — N — C — R4 — C —

| | || ||H H O O

O O H H|| || | |

— C — R4 — C — N — R6 — N —(2 pontos)

– –

– –

– –

– –

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78

Química

Respostaesperada

Exemplo de notaabaixo da média

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

a) O náilon, pois a cadeia principal é formada por cadeia poliméricas distintas que se atraem.b)

a) náilon, pois por ter hidrogênio ligado a nitrogênio pode formar pontes de hidrogênio, que são interaçõesfortes.

b) — N — R6 — N — C — R4 — C —| | || ||H H O O

O O H H|| || | |

— C — R4 — C — N — R6 — N —

A interação é a ponte de hidrogênio.

Trata-se de uma questão que avalia o conhecimento sobre pontes de hidrogênio e a capacidade de ocandidato trabalhar com este modelo microscópico para justificar propriedades macroscópicas da matéria. Oassunto pontes de hidrogênio é muito visto no ensino médio e esperava-se uma média mais alta do que aalcançada (1,13). Provavelmente os candidatos mais uma vez se assustaram com a questão por apresentar“estas fórmulas complicadas” .

Somos extremamente dependentes de energia. Atualmente, uma das mais importantes fontes de energiacombustível é o petróleo. Pelo fato de não ser renovável, torna-se necessária a busca de fontes alternativas.

QUESTÃO 10

Considere uma gasolina constituída apenas de etanol e de n-octano, com frações molares iguais. As ental-pias de combustão do etanol e do n-octano são –1368 e –5471 kJ/mol, respectivamente. A densidade dessagasolina é 0,72 g/cm3 e a sua massa molar aparente, 80,1 g/mol.a) Escreva a equação química que representa a combustão de um dos componentes dessa gasolina.b) Qual a energia liberada na combustão de 1,0 mol dessa gasolina?c) Qual a energia liberada na combustão de 1,0 litro dessa gasolina?

a) C2H6O + 3 O2 = 2 CO2 + 3 H2O Ou

C8H18 + 25/2 O2 = 8 CO2 + 9 H2O (1 ponto)

b) 0,5 mol de etanol ⇒ 1368 × 0,5 = 684 kJ liberados (1 ponto)0,5 mol de octano ⇒ 5471 × 0,5 = 2736 kJ liberados

Total = 3420 kJ liberados (1 ponto)c) 1 litro corresponde a 720 g de gasolina ⇒ 720 / 80,1 ≅ 9 moles (1 ponto)

1 mol ⇒ 3420 kJ9 moles ⇒ × × = 30742 kJ liberados (1 ponto)

a) C2H6O + 3O2 → 2 CO2 + 3H2Ob) Energia = combustão etanol + combustão n-octano

Estas curvas existentes em cadeias distintasimplicam na alta resistência à tração

– –

– –

– –

– –

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79

Química

Exemplo de notaacima da média

Comentários

1 mol de etanol → 1368 kJ1 mol de n-octano → 5471 kJtotal = 6839 kJR.: A energia liberada é de 6839 kJ

c) 0,72 g — 1 cm3 — 10–9 L m

_________ 1 L

m = 0,72 10–9 g80,1 g — 1 mol0,72 109 g — n

n = 9 10 6mol6839 kJ — 1 mol E — 9 10 6mol, E = 61551 106 kJR.: A energia liberada é de 61551 106 kJ

a) 2 C8H18 + 25 O2 → 16 CO2 + 18H2Ob) 1 mol de gasolina 0,5 mol de C8H18 e 0,5 mol etanol 1 mol de C8H18 libera 5471 kJ, 0,5 mol libera 2735,5 kJ 1 mol de etanol libera 1368 kJ, 0,5 mol libera 684 kJ

Logo a combustão de 1 mol de gasolina libera 3419,5 kJc) 1 mol de gasolina — 80,1 g — V

0,72 g — 10–3 L ⇒ V = 11,125 10–2 L

11,125 10–2 L — libera 3419,5 kJ de energia1 L — xx = 3419,5 / 0,11125 kJ = 3,073 104 kJ

A média obtida pelos candidatos nesta questão foi igual a 1,82. Tradicionalmente as questões envolvendotermoquímica estão entre as de menor média. Neste caso, contudo, a tradição não se cumpriu e a nota médiadesta questão ficou acima da média das médias das questões. Parece que houve uma reação positiva doensino deste assunto nas escolas.

Há quem afirme que as grandes questões da humanidade simplesmente restringem-se às necessidades e àdisponibilidade de energia. Temos de concordar que o aumento da demanda de energia é uma das principaispreocupações atuais. O uso de motores de combustão possibilitou grandes mudanças, porém seus diasestão contados. Os problemas ambientais pelos quais estes motores podem ser responsabilizados, além deseu baixo rendimento, têm levado à busca de outras tecnologias.

QUESTÃO 11

Uma alternativa promissora para os motores de combustão são as celas de combustível que permitem, entreoutras coisas, rendimentos de até 50% e operação em silêncio. Uma das mais promissoras celas de com-bustível é a de hidrogênio, mostrada no esquema abaixo:

Eletrodos

Reagente

Produto

Reagente

Produto

Membrana poliméricapermeável a H+

X Y

– +

Motor elétrico

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80

Química

Respostaesperada

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Nessa cela, um dos compartimentos é alimentado por hidrogênio gasoso e o outro, por oxigênio gasoso. Assemi-reações que ocorrem nos eletrodos são dadas pelas equações:

ânodo: H2(g) = 2 H+ + 2 e –

cátodo: O2(g) + 4H+ + 4 e = 2 H2O

a) Por que se pode afirmar, do ponto de vista químico, que esta cela de combustível é “não poluente”?b) Qual dos gases deve alimentar o compartimento X? Justifique.c) Que proporção de massa entre os gases você usaria para alimentar a cela de combustível? Justifique.

a) Porque o único produto é a água. (1 ponto)b) Gás H2 , porque é onde ocorre a oxidação (ou onde o H2 passa para H+) e, portanto, é onde os elétrons

são liberados. (2 pontos)c) 1 H2: 8 O2 ou 2 H2: 16 O2 ou 4 H2: 32 O2

Justificativa: a estequiometria da reação mostra que reage 1 mol de H2 com 1/2 mol de O2. A massa molardo H2 é 2,0 e a massa molar do O2 é 32, donde sai a proporção indicada. (2 pontos)

a) Porque ela utiliza elementos que ao reagirem geram água, que não é poluente.b) O oxigênio, pois o catodo da eletrólise é o negativo.c) O dobro de hidrogênio em relação ao oxigênio.

a) Pois o produto da reação:H2 → 2 H+ + 2 éO2 + 4 H+ + 4 é → 2 H2O

2 H2 + O2 → 2 H2Oproduto é água (H2O) que é não poluente

b) H2 alimenta o compartimento X, pois é o polo negativo, ou seja, ânodo, onde sofre oxidação, isto é, perdeelétrons.

c) Usaria: em massa, H2 : O2= 1:8 em massa (pela estequiometria da equação)

Trata-se de questão relativamente fácil de oxidação e redução e de estequiometria. Apesar da facilidade, amédia foi baixa (1,42) provavelmente devido ao contexto. Não há equações difíceis a escrever e nem cálculoscomplicados. Esta questão é mais fácil do que a anterior mas a sua apresentação é menos usual, o que deveter dificultado os candidatos.

A corrida espacial, embora inicialmente inspirada em motivos políticos, acabou por trazer enormes avançospara a humanidade. O projeto Apolo é um símbolo das conquistas tecnológicas do século XX e excelenteexemplo de como conceitos simples podem ser valiosos na resolução de problemas sérios.

QUESTÃO 12

A Apolo 13, uma nave tripulada, não pôde concluir sua missão de pousar no solo lunar devido a umaexplosão num tanque de oxigênio líquido. Esse fato desencadeou uma série de problemas que necessitaramde soluções rápidas e criativas. Um desses problemas foi o acúmulo de gás carbônico no módulo espacial.Para reduzir o teor desse gás na cabine da nave, foi improvisado um filtro com hidróxido de lítio que, porreação química, removia o gás carbônico formado.a) Escreva a equação química que justifica o uso do hidróxido de lítio como absorvedor desse gás.b) Qual seria a massa de hidróxido de lítio necessária para remover totalmente o gás carbônico presente,

considerando-o a uma pressão parcial igual a 2 % da pressão ambiente total de 1,0 atm, estando a cabineà temperatura de 20 ºC e supondo-se um volume interno de 60 m3? Dado: R = 0,082 atm L mol–1 K–1

a) 2 LiOH + CO2 = Li2CO3 + H2OOuLiOH + CO2 = LiHCO3 (2 pontos)

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Química

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

b) 1 atm ⇒ 100%pCO2 ⇒ 2% pCO2 = 0,02 atm (1 ponto)p v = nCO2 RT ⇒ nCO2 = p v / RT = 0,02 × 60000 / 0,082 × 293 ⇒ nCO2 = 50 moles (1 ponto)Se nCO2 = 50 moles, pela estequiometria da reação a quantidade de LiOH seria de 100 moles. Como a

massa molar do LiOH é 24 g / mol, a massa de LiOH seria 2400 gramas.Ou

Se nCO2 = 50 moles, pela estequiometria da reação a quantidade de LiOH seria de 50 moles. Como amassa molar do LiOH é 24 g / mol, a massa de LiOH seria 1200 gramas. (1 ponto)

a) 2 Li(OH) + CO2 → 2Li + H2CO4

b) TemosP CO2 = 2% de 1 atm = 2 x 10-2 atmV = 60 m3 = 6 x 104 LT = 20 ºC = 293 K , R = 0,082 , M Li(OH) = 24 g / molSabendo que P V = n R T fi n = P V / R T fi n = 86 mol

m Li(OH) = 86 x 2 x 24 = 4128 g

a) 2 LiOH + CO2 → Li2CO3 + H2Ob) P V/T = Po Vo / To

c) 0,02 x 60000 / 293 = 1 Vo / 273Vo = 1118 L nas CNTP 2 x 24 g de Li — 22,4 L de CO2

m — 1118 L de CO2

m = 1118 x 48 / 22,4

m = 2,348 kg de LiOH

Trata-se de questão que examina o conhecimento de reações químicas ácido-base, de gases e de estequi-ometria. A média (1,49) obtida pelos candidatos indica que tiveram dificuldade. Provavelmente, mais umavez, a dificuldade deve ter sido criada mais pelo fato de haver uma contextualização do que pelas perguntasem si pois, examinado-se com cuidado a questão, verifica-se que ela trata de assuntos muito vistos na escola.

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História

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83

História

A prova dissertativa de História da Unicamp tem como objetivo principal avaliar o conhecimentohistórico adquirido pelo candidato durante o seu estudo nos ensinos fundamental e médio. Tal afirmaçãodita de forma muito sintética pode parecer uma redundância, pois todos os vestibulares têm como finali-dade medir o conhecimento adquirido pelos candidatos em sua formação na escola dos ensinos funda-mental e médio. Entretanto, devemos esclarecer que a Unicamp em sua proposta de prova dissertativapretende avaliar o conhecimento histórico dos candidatos sem se restringir aos critérios de certo ouerrado, falso ou verdadeiro que caracterizam os exames vestibulares. Procurando levar em consideraçãoa natureza dos materiais didáticos utilizados pelos candidatos, a Unicamp pretende avaliar de que modoos estudantes são capazes de elaborar respostas coerentes com o repertório de informações e conteúdoshistóricos que, hoje em dia, são veiculados pelos materiais didáticos destinados às escolas do ensinofundamental e do ensino médio.

As questões elaboradas pela Unicamp não prevêem um único tipo de resposta dissertativa, de acordocom um gabarito utilizado para a correção da prova. Ao contrário, por se tratar de uma prova cuja propostaé a de aferir os conhecimentos dos estudantes a partir de materiais didáticos que, de antemão, sabemos ser,eles próprios, comprometidos com um certo modo de se conhecer a história, a Unicamp espera recebercomo resposta, justamente, o modo como, a partir destes materiais didáticos disponíveis aos ensinos funda-mental e médio, os estudantes entendem, compreendem e interpretam os acontecimentos históricos.

Por estas razões, a prova da Unicamp visa menos à justeza das respostas dos candidatos durante acorreção, mas, principalmente, ao modo como as respostas são elaboradas e às operações intelectuaisque eles são capazes de fazer para responder com coerência as questões propostas. Evidentemente, asquestões são propostas procurando alcançar um leque amplo de possibilidades de elaboração do conhe-cimento histórico por parte dos candidatos. Nesse sentido, a prova da Unicamp procura avaliar tambémem que medida os ensinos fundamental e médio têm sido capazes de propiciar as noções básicas para acompreensão da história.

Neste caderno de questões, os candidatos não deverão procurar os gabaritos das questões do anoanterior, nem tampouco o modo correto de sua resolução. Estaremos oferecendo ao candidato as informa-ções e orientações necessárias para se resolver a prova de História da Unicamp, deixando claro queestamos cientes das limitações do material didático disponível para os candidatos em sua preparaçãopara o vestibular. Temos consciência também de que as áreas de interesse do conhecimento históricomudam periodicamente e, às vezes, um assunto entra em evidência durante alguns anos e cai no esque-cimento anos mais tarde. Isto porque o conhecimento histórico do passado responde às expectativas queo próprio presente coloca para si mesmo, sendo por isso muito comum a renovação das abordagenshistóricas e um renovar permanente dos temas e assuntos de interesse histórico.

Nessa medida, torna-se tarefa muito difícil, hoje em dia, delimitar o conteúdo da história como disci-plina de aprendizagem dos ensinos fundamental e médio. A prova de História da Unicamp, procurandoapresentar um conteúdo próximo àquilo que vem sendo estudado pelos candidatos, leva em conta, prin-cipalmente, o material didático de história que anualmente está sendo utilizado na maioria das escolas. Adiferença é que a Unicamp tem uma maneira muito própria de aferir estes conhecimentos históricos doscandidatos. Nesse sentido, a prova da Unicamp é diferente de todas as outras, como os candidatos devemter notado ao longo destes anos.

QUESTÃO 13

No ano de 73 a. C., um grande número de escravos e camponeses pobres se rebelaram contra as autorida-des romanas no sul da Itália. Os escravos buscavam retornar às suas pátrias. Depois de resistirem aosexércitos romanos durante dois anos, a maioria foi massacrada. (Traduzido e adaptado de P. Brunt, SocialConflicts in the Roman Republic)a) Compare a escravidão na Roma Antiga e na América Colonial, identificando suas diferenças.b) Quais foram as formas de resistência escrava nesses dois períodos?

Em a, o candidato pontuava ao identificar corretamente a característica da escravidão na Roma Antiga ena América colonial. O item valia 3 pontos. O candidato obtinha 2 pontos pelas características citadas,assim distribuídos: 1 ponto para Roma e 1 ponto para América. O candidato que executasse o exercício decomparação e identificasse as diferenças na escravidão naqueles dois períodos chegava aos 3 pontos.

O item b valia 2 pontos. O candidato pontuava ao citar formas de resistência escrava nestes dois períodos, porexemplo, fugas, rebeliões, abortos, assassinatos de senhores, suicídio, boicote ao trabalho, e, no caso da América,quilombos. Cada citação valia 1 ponto. O candidato que respondesse que não havia resistência zerava o item.

Respostaesperada

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História

Exercícios de história comparativa já não são novidade no Vestibular Unicamp. Esta questão exigia docandidato um exercício comparativo sobre escravidão em Roma e na América colonial (incluindo-se aí oBrasil). Na prova do ano anterior pedia-se um exercício semelhante com o conceito de colonização em Romae no Brasil.

A questão foi bem respondida. O tema é tradicional e bem conhecido dos alunos. O enunciado, que falavade fuga e rebelião, ajudava na resposta. O candidato que soubesse o significado do termo resistência escrava(o que foi o caso da maioria), retirava do próprio enunciado da questão a resposta para o item b.

a) A escravidão na Roma antiga era formada por prisioneiros de guerra (povos pertencentes às terras con-quistadas pelo Império Romano). Os escravos exerciam funções diversas, inclusive atuavam como inte-lectuais, como professores. Já, na América colonial, os escravos eram basicamente índios e negros,capturados e transportados para as grandes fazendas ou para as minas, obrigados a realizarem trabalhoforçado e braçal.

b) Os escravos do antigo Império Romano se revoltavam, recusando-se a cumprir suas funções, os escravosda América colonial fugiam para o mato e lá constituíam pequenas comunidades longe da violênciabranca — os quilombos.

a) Na Roma: alimentação descente; os donos pagavam um tipo de imposto para serem seus governantes;quem era escravo podia se tornar plebeu. Na América: maus cuidados ; era capturado e se tornavaescravo; quem nascia escravo morria escravo.

b) As lutas.

QUESTÃO 14

Em 15 de julho do ano de 1099, os cruzados tomaram Jerusalém. Eles massacraram homens, mulheres ecrianças, assaltaram casas e saquearam as mesquitas. O saque foi o ponto de partida de uma hostilidademilenar entre o Islão e o Ocidente. (Adaptado de A. Maalouf, As cruzadas vistas pelos árabes)a) Qual o significado da retomada de Jerusalém para a cristandade européia?b) Caracterize dois conflitos na história contemporânea que revivem essa hostilidade entre cristãos e mu-

çulmanos.

O item a valia 1 ponto. A grade contemplava tanto o significado espiritual da retomada de Jerusalém paraos cristãos do Ocidente como seus significados políticos. Como exemplo do primeiro caso, o candidato quemencionasse que Jerusalém era a “Terra Santa para os cristãos” obtinha 1 ponto. Entre outras variantes,aceitava-se também “Terra Sagrada”, “lugar onde Jesus morreu e ressuscitou”, “local do Santo Sepulcro”,“berço do cristianismo,” etc. No segundo caso, o candidato enfatizava que a conquista de Jerusalém signifi-cava a reunificação da Igreja; afirmava ou confirmava a “supremacia” da Igreja católica romana; “indicavaque Deus estava do lado dos católicos”; “ampliava o poder da Igreja de Roma,” etc.

O item b cruzava os conteúdos de história medieval com os de história moderna e contemporânea.Esperava-se que o candidato citasse e caracterizasse conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos no mundomoderno. O item valia 4 pontos e comportava uma possibilidade grande de respostas. Para obter os 4pontos, esperava-se que o candidato não só citasse os conflitos, mas que discorresse sobre suas caracterís-ticas religiosas, políticas, econômicas, etc. Entre vários exemplos, a grade contemplava: Guerra do Golfo(EUA vs. Iraque), imperialismo nos séculos XIX e XX (europeus na África do Norte, Oriente Médio e Índia), aGuerra da Bósnia, do Kosovo e os conflitos no Timor Leste, a Guerra da Tchetchênia, os conflitos da Armêniavs. Azerbaijão, Turquia vs. Armênia, conflitos em Chipre, Líbano, Nigéria, etc.

Esta questão explorava, mais uma vez, o tema guerras de religião, já abordado na prova do ano anterior.Nas duas provas, entendia-se conflito religioso como um problema muito comum em situações históricasdistintas. Aproveitando o texto do enunciado, que fala de uma hostilidade milenar entre cristãos e muçulma-nos, a questão também chamava atenção para a ressonância do passado no presente. Nos conflitos da Bósniae do Kosovo, por exemplo, a memória da derrota dos sérvios cristãos para os turcos muçulmanos na IdadeMédia serviu como uma das justificativas para a aniquilação dos bósnios muçulmanos. No geral, a questão foibastante respondida. O item b apresentou mais dificuldades, uma vez que os candidatos não conseguiamcaracterizar o conflito citado ou o caracterizavam erradamente. Um erro muito comum foi tomar os conflitosentre árabes e israelenses (ou seja, entre muçulmanos e judeus) por conflitos entre cristãos e muçulmanos, oque parece refletir uma certa falta de preparo dos alunos do ensino médio para tratar de temas atuais emhistória contemporânea.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

Respostaesperada

Comentários

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História

Respostaesperada

a) A retomada de Jerusalém pelos europeus em 1099 significava retomar o domínio do berço do cristianis-mo, ou seja, o local onde Jesus Cristo foi morto e ressuscitado.

b) Um conflito da história contemporânea entre cristãos e muçulmanos é o conflito entre os EUA e o Iraque.O Iraque com intenções de dominar o comércio internacional de petróleo, invade o Kwait. Para evitar queo Iraque dominasse o comércio de petróleo do mundo, os EUA entram em guerra com o Iraque, acirrandoas diferenças entre cristãos e muçulmanos, assim mesmo, depois do fim da guerra, a relação entre osdois países continuou conflituosa. Outro conflito é o conflito entre sérvios cristãos ortodoxos e kosovaresmuçulmanos. Após a morte de Tito, a Iugoslávia passa por um desmembramento em países com culturasdiferentes. O último a tentar independência foram os kosovares muçulmanos que foram reprimidos pelossérvios, gerando um conflito que contou com a participação americana a favor dos kosovares.

a) Para que os Jesuítas tenha um lugar para ficar, pois antes estavam espalhados pelo mundo.b) Reforma e Contra-Reforma.

QUESTÃO 15

Podemos dizer que a idéia de globalização é mais antiga do que imaginamos. Alguns acreditam que suaorigem remonta a uma Bula Papal, de 1493, que pela primeira vez empregou a palavra descobrimento. Poreste documento, a Europa adquiria o direito de converter à sua religião os povos do mundo e se apropriardas terras por ela descobertas. Evidentemente, trata-se de uma idéia unilateral e unidimensional de globa-lização: foram desconsideradas, quando não aniquiladas, as diferenças culturais e sociais. (Adaptado deEduardo Subirats, O mundo, todo e uno)a) Quais os países europeus que desencadearam essa globalização?b) Por que o autor considera unilateral essa globalização?c) De acordo com o enunciado, qual o significado de descobrimento para os europeus? Por que, hoje, eles

são contestados?

O item a valia 1 ponto, exigia informação e esperava-se que o candidato respondesse Portugal e Espa-nha. No item b, valendo 2 pontos, o candidato retirava a resposta do texto: a globalização foi unilateralporque, segundo o autor, a unificação do mundo foi realizada exclusivamente pelos europeus, desrespeitandoas culturas e religiões dos povos conquistados e submetendo-os à exploração econômica. Em c, valendo 2pontos, a partir do enunciado, o candidato obtinha 1 ponto ao responder sobre o significado religioso (“direi-to de converter à sua religião os povos do mundo”) e/ou econômico dos descobrimentos (“direito... de seapropriar das terras... descobertas”). Chegava aos 2 pontos o candidato que explicasse que os descobrimen-tos são contestados porque o conceito de descobrimento impõe uma visão unilateral, eurocêntrica, quedesconsidera a história, a cultura ou a religião dos povos conquistados. O candidato igualmente obtinha 1ponto se falasse que os descobrimentos foram associados à violência e ao genocídio de populações indígenas.

Aproveitando a efeméride dos 500 anos do Brasil, esta pergunta tratava do tema descobrimento e exigiaque o candidato refletisse sobre o caráter arbitrário e unilateral deste conceito. Em a, para obter 1 ponto, ocandidato precisava citar as duas potências ibéricas. Uma vez que a pergunta foi feita no plural, não bastavao candidato mencionar uma só. A pergunta era fácil e abordava conteúdos clássicos e bastante trabalhados noensino médio. O candidato que enumerasse outros países sem identificar a precedência dos portugueses eespanhóis, também não pontuava. Este foi um erro comum. O item b cobrava um exercício simples de leiturae interpretação de texto. A resposta era retirada do próprio enunciado. Bastava que o candidato “copiasse”ouparafraseasse o enunciado e tivesse lido com atenção a pergunta para pontuar neste item. O enunciadotambém ajudava na resposta do item c, que exigia um exercício de raciocínio histórico. O candidato quepercebesse que o descobrimento garantia às potências européias o direito de converter e de se apropriar dasterras descobertas facilmente respondia esse item.

a) Portugal e Espanha.b) Porque era imposto às regiões “descobertas” a cultura e a religião européias, sendo quase que eliminados

os elementos da cultura nativa. Os países que se lançavam na expansão marítima eram todos europeuse todos implantaram o cristianismo e a exploração das duas colônias.

c) O significado do descobrimento para os europeus era a total dominação de suas colônias, explorando-ascom o objetivo de obter lucro e desenvolvimento para a metrópole, sendo necessário para isso dizimar acultura nativa e impor a européia. Esses descobrimentos são contestados porque não foi um mero desco-brimento, mas uma dominação de um território que não pertencia aos europeus.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Page 86: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

86

História

Respostaesperada

a) Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra.b) Porque só prejudicaria os países menos desenvolvidos, que assumem uma posição de produtores de

matérias-primas e mercado consumidor, sendo prejudicados pela exploração dos seus recursos naturais.c) Mais territórios para tomar posse. Esse conceito é contestado pelos países do 3º mundo ou subdesenvol-

vidos porque tende a prejudicá-los nas relações comerciais.

QUESTÃO 16

A caricatura abaixo, entitulada “A besta papal de sete cabeças”, de 1530, representa o papa e a hierarquiaeclesiástica sob uma cruz na qual está escrito, em alemão: “por dinheiro, uma bolsa de indulgências”.Caricaturas como esta e outras semelhantes foram impressas e circularam amplamente na Europa nessaépoca.

a) Que movimento religioso essa caricatura representa e qual a sua crítica à Igreja católica?b) Qual o papel da imprensa na difusão desse movimento?

O trabalho com iconografia constitui uma tradição nas provas da Unicamp. O item a valia 3 pontos: 1ponto pela identificação do movimento religioso e 2 pontos pela crítica que este movimento faz à IgrejaCatólica. O movimento era a Reforma Protestante (ou Luteranismo, Reforma, Protestantismo, etc.). Paracaracterizar a crítica à Igreja, o candidato podia remeter ao enunciado da pergunta à imagem ou à suabagagem de conhecimentos. A Reforma, especialmente a luterana, criticava a venda de indulgências, adesmoralização e ganância dos clérigos, a autoridade e infalibilidade do Papa, o culto aos santos, às imagense às relíquias e a salvação pelos atos. O candidato que não identificasse corretamente o movimento, zeravao item. Em b, valendo 2 pontos, o candidato que falasse que a imprensa possibilitou a difusão das idéias oudoutrinas protestantes obtinha 1 ponto. A divulgação da Bíblia também valia 1 ponto. A melhor resposta,que explicava que a imprensa contribuiu para quebrar o monopólio cultural da Igreja católica, valia 2 pontos.

Esta pergunta trabalhava um conteúdo tradicional e foi bastante respondida. O item a avaliava (1) acapacidade de o candidato ler e interpretar imagens e (2) a capacidade de estabelecer relações entre elas e ocontexto histórico. A imagem era muito sugestiva e a legenda que a acompanhava ajudava na resposta desteitem. O item b exigia do candidato um exercício de raciocínio, testando a sua capacidade de estabelecerrelações entre fenômenos históricos contemporâneos mas distintos entre si, quais sejam, a Reforma e ainvenção da imprensa. A imagem e o enunciado, de novo, contribuíam para a solução deste item. Obviamente,o candidato precisava situar a imprensa no contexto histórico do século XVI. Só assim evitava o anacronismode tratar a imprensa como a mídia moderna ou como uma instituição autônoma, que noticiava sobre osdesmandos da Igreja católica. Esse foi um erro comum.

a) É a Reforma, que criticava o alto clero e as suas mordomias, a venda de indulgências e a simonia.b) Com a Reforma, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e pregou a livre interpretação da Bíblia. A

imprensa também ajudou na velocidade de difusão deste movimento.

a) É a Contra-Reforma e critica a venda de perdões: papéis com o perdão escrito (indulgência) eram troca-dos por moedas. Ou seja, a Igreja ganhava dinheiro em cima da crença dos outros.

b) A imprensa introduziu à população um novo modo das (sic) pessoas pensarem, um modo de pensamentomais liberal, o homem tendo o próprio pensamento, sobre tudo e todos.

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História

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QUESTÃO 17

No Brasil colonial, além da grande propriedade açucareira de produção escravista, o historiador Caio Pradoenumera outras atividades econômicas importantes como, por exemplo, a mineração do século XVIII, queera também uma atividade voltada para o comércio externo. (Adaptado de Caio Prado Júnior, Formação doBrasil Contemporâneo, Editora Brasiliense, 1979).a) Caracterize esta atividade econômica em termos de região geográfica e de sua organização do trabalho

e de desenvolvimento urbano.b) Cite e caracterize duas outras atividades econômicas do Brasil colonial que não eram voltadas para o

comércio externo.

De acordo com a grade de elaboração poderiam ser esperadas respostas mais ou menos objetivas emambos os itens desta questão. Para a, valendo 3 pontos:• Minas Gerais;• Regime de trabalho escravo e de homens livres faiscadores;• aparecimento de cidades com as atividades comerciais e profissionais ligas à mineração.

Para b, valendo 2 pontos• Economia extrativa no Vale do Amazonas, com o cacau, a nós, o pau-brasil, feita por empresários colhe-

dores;• Pecuária no sul do Brasil;• agricultura de subsistência.

Questão formulada para se cobrar quase que exclusivamente o conteúdo de história colonial. Evidente-mente, o conteúdo exigido não era apenas descritivo, uma vez que o candidato deveria conhecer o conceito demercado interno, de economia de subsistência e de mercado exportador.

a) A mineração no Brasil so século XVIII ocorreu sobretudo na região onde hoje se situa o estado de MinasGerais. Apesar de haver mão de obra livre, era a escrava que predominava, sendo utilizados os negros.Durante esta época houve grande desenvolvimento urbano na região mineradora. Houve grande fluxomigratório para região e, para suprir suas necessidades, existia um comércio expressivo.

b) Entre as atividades voltadas para o comércio interno destacam-se a pecuária nordestina, voltada inicial-mente para suprir as necessidades das fazendas açucareiras, possuindo principalmente mão de obra livree também o extrativisimo vegetal, ocorrido na Amazônia, em que se procuravam drogas do sertão.

a) A mineração do século XVIII era muito rica, com dificuldades para a agricultura, suas plantações eramfeitas por irrigação, o trabalho era manual, pessoas tinham que fazer o trabalho pesado. No caso dodesenvolvimento urbano ainda era primitivo.

b) A produção de petróleo não era voltada para o comércio externo e também a plantation não era voltadapara o comércio externo.

QUESTÃO 18

O português entrou em contato íntimo e freqüente com a população de cor. Mais do que nenhum povo daEuropa, cedia com docilidade ao prestígio comunicativo dos costumes, da linguagem e das seitas dosindígenas e negros. Americanizava-se ou africanizava-se, conforme fosse preciso. (Adaptado de Sérgio Bu-arque de Holanda, Raízes do Brasil, Cia. das Letras, 1995, p. 64).Simetria: (do grego symmetria, ‘justa proporção’) S. m. 1. Correspondência em grandeza, forma e posiçãorelativa de partes situadas em lados opostos (...) (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 1986, p.1586).De acordo com os enunciados acima responda:a) Quais os componentes culinários, linguísticos e musicais da cultura brasileira que revelam a adoção de

costumes negros e indígenas por parte do branco europeu.b) Você concordaria com a afirmação de que houve uma relação de simetria entre a cultura branca e a dos

negros e índios durante o período colonial? Justifique porque sim ou porque não.

Nesta questão o candidato precisava conhecer e saber trabalhar o conceito de trocas culturais e perceberde que maneira muitos de nossos hábitos e costumes são oriundos das culturas negra e indígena. Além

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História

Respostaesperada

disso, teria de raciocinar e deduzir se as trocas culturais, segundo a sua avaliação histórica, ocorrerammediante uma condição de simetria

No item a, valendo 3 pontos, o candidato deveria citar elementos da língua indígena como o nome decidades, de rios e de alimentos, como também identificar elementos da cultura negra, como a religião, amúsica, a culinária. Cada elemento vale 1 ponto.

No item b, valendo 2 pontos, ao responder negativamente, o candidato deveria explicar a inexistência dasimetria nessas trocas culturais, baseando-se principalmente na questão da escravidão e no aprisionamentodos indígenas. Se respondessem afirmativamente, deveriam se referir à adaptação do português na adoçãode costumes dos negros e índios. (Recupera-se aqui o argumento do historiador Sérgio Buarque de Holanda,que abre a possibilidade de explicar essas trocas como simétricas.)

Assim como havíamos proposto uma questão sobre trocas culturais na primeira fase que fugia dos conteú-dos convencionais, aqui também está formulada uma questão onde exigimos conteúdo histórico e capacidadede dedução. Para o item b da questão não havia apenas uma resposta certa posto que o que se esperava erao modo de argumentação do candidato, a favor ou contra a idéia de trocas culturais simétricas. Houve respos-tas ainda mais sofisticadas, que foram capazes de ponderar e argumentar a favor do sim e do não na questãoda simetria.

a) Na culinária destacam-se elementos como a feijoada. Na linguagem, pode-se citar palavras como Anhan-gabaú e Mogi-Mirim de origem indígena e quanto à música, destacam-se o samba e a capoeira, oriundasda cultura negra.

b) Não houve simetria entre essas culturas no período colonial. Apesar da influência negra e indígena noscostumes do banco europeu, foi a cultura européia que se sobressaiu sobre as ouras. Religião, lingua-gem, elementos culturais, modos de se vestir, todos esses elementos foram duramente impostos a negrose índios no período colonial.

a) Elementos adotados de costumes negros e indígenas por parte do branco europeu são no caso da culiná-ria, o bambu que é feito para comer, o modo de falar algumas palavras como saracura para nome depessoa e elementos musicais dos indígenas como o sopro, no caso a flauta dentre outros

b) Sim, pois muitos dos costumes dos brancos foram passados para os negros e indígenas, como aprendera ler e escrever, no qual os padres ensinavam eles. Como alguns costumes de negros e indígenas forampassados aos brancos, nos quais estão até os nossos dias.

QUESTÃO 19

Neste cenário, em uma triste e silenciosa solidão, quase perdidos no espaço, dispersos em uma imensaplantação de café, dez ou vinte quilômetros distante do menor vilarejo, vivem milhares e milhares deitalianos. (Relato de uma viagem ao Brasil no início do século XX do viajante italiano Luciano Magrini, InBrasile, 1926).a) Quais as condições políticas e econômicas na Itália na segunda metade do século XIX que provocaram o

movimento migratório em direção à América?b) Quais foram as localidades geográficas brasileiras ocupadas pela imigração italiana nas últimas décadas

do século XIXc) Quais as características econômicas da agricultura cafeeira?

Outra questão de natureza conteudística na qual o candidato deveria saber cruzar informações históricas.Normalmente os conteúdos sobre o processo de unificação italiana e suas relações com a economia cafeeirae com a imigração não aparecem relacionados de maneira criativa nos livros didáticos. A grade de respostaera suficientemente ampla e dava muitas possibilidades de respostas relativamente objetivas em qualquerum dos três itens.

Item a:• processo político: unificação promovida pelos estados desenvolvidos do norte; (1 ponto)• processo econômico:• empobrecimento dos camponeses do sul da Itália devido às obrigações fiscais decorrentes

da unificação do reino da Itália.• aparecimento de uma classe de grandes proprietários no sul aliada às burguesias

comerciais e industriais do norte. (1 ponto)

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Page 89: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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História

Respostaesperada

Item b:Noroeste do estado de SP em direção a Minas Gerais, como também a região sul do Brasil,

principalmente Rio Grande do Sul, e também o Espírito Santo. (1 ponto)

Item c:Grande propriedade rural;Produção voltada para a exportação;Predominância do trabalho livre, que explica o fluxo imigratório;Desenvolvimento de centros urbanos voltados às atividades complementares,

como a comercial, ferroviária, portuária, etc. (2 pontos)

Nesta questão procuramos reforçar mais uma vez a proposta já bastante em uso pelo vestibular da Uni-camp, isto é, fazer com que o candidato estude a história do Brasil em conjunto com a história de outrospovos. Na maioria dos livros didáticos há pouca ênfase no estudo de processos históricos de grande amplitudecomo foi o caso das emigrações européias do final do século XIX.

a) Na Itália, a causa fundamental desse movimento foi a unificação desse país. Antes dela, observava-se onorte comercial e rico(com cidades ccomo Gênova e Veneza) e o sul agrário e mais pobre. A unificaçãounificou também os impostos aos habitantes causando ruína na população do sul e fazendo-os migrar

b) Nas últimas décadas do século XIX os italianos ocuparam principalmente regiões do Oeste Paulista, ondesituavam grandes plantações de café

c) A agricultura cafeeira era maciçamente voltada para o mercado externo, sendo o principal produto deexportação brasileiro do período. A mão de obra provinha se imigrantes, sobretudo italianos, que traba-lhavam de forma livre na cultura cafeeira. O poder econômico era voltado para os cafeicultores, emprejuízo dos trabalhadores.

a) Nas condições que a Itália estava em guerra, ou seja, em conflito com a Espanha pelo objetivo deconquistar novas terras para a expansão do território. No caso politicamente, a Itália estava falindo, poisteria que investir na guerra para poder vencer.

b) Foram ocupadas a região noredeste e a região central do Brasil pelos italianos.c) O Brasil estava muito bem economicamente com a produção do café, sua economia estava crescendo

cada vez mais.

QUESTÃO 20

Leia com atenção este texto de 1901, em defesa dos direitos operários e responda:A organização operária, que vai se fazendo nesta cidade, trouxe, como principal consequência, a multipli-cação das greves.(...) Verdade é que tivemos de assistir, nos últimos anos, ao irrompimento de umas cincoou seis greves, quase todas bem sucedidas. (Evaristo de Moraes, Apontamentos de direito operário, 1905,p. 61).a) Caracterize a situação dos direitos dos trabalhistas urbanos e rurais no Brasil nas três primeiras décadas

do século XX e cite as principais conquistas grevistas do período?b) Compare estas conquistas do início do século com os direitos trabalhistas e sindicais da constituição

brasileira de 1988

Procuramos com esta questão avaliar até que ponto os candidatos seriam capazes de ultrapassar osconhecimentos adquiridos através dos livros didáticos. Esperava-se que o candidato, lendo o enunciado comatenção, fosse capaz de chegar a algumas conclusões sobre a legislação trabalhista no Brasil, sem transfor-mar a figura de Getúlio Vargas num herói da classe trabalhadora.a)• ausência de direitos trabalhistas nas duas primeiras décadas, sendo a greve uma questão de polícia e não

de regulamentação estatal. Embora tenha havido a promulgação de algumas leis trabalhistas, elas nãochegaram a ser devidamente aplicadas, na maioria das vezes

• lutas e reivindicações dos trabalhadores nas três primeiras décadas do século XX:• lei de férias;• regulamentação do trabalho do menor e da mulher;• limitação da jornada de trabalho;

• ausência de qualquer tipo de lei protetora do trabalhador rural. (3 pontos)

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História

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b)• jornada de trabalho de 44h• licença gestante• trabalhador rural passou a ter o mesmo direito que o trabalhador urbano• o Estado está proibido de intervir nos sindicatos• direito irrestrito de greve, com funcionamento mínimo nos setores

fundamentais da sociedade. (2 pontos)

Nesta questão esperava-se que o candidato fosse capaz de deduzir que a questão dos direitos trabalhistasno Brasil não começou pela promulgação da CLT, com Vargas. O candidato deveria perceber que desde aorigem do movimento operário no Brasil há uma luta pela defesa dos direitos trabalhistas, nem sempreaplicados mediante a tutela do Estado, como aconteceu a partir do Governo Vargas. Pretendemos também queo candidato pensasse a questão dos direitos trabalhistas contidos na constituição de 1988, para avaliar deque modo esta legislação é resultado de um processo histórico que não começou pela mãos benevolentes deGetúlio Vargas.

a) Os trabalhadores urbanos e rurais não possuíam nenhuma legislação que lhes assegurasse direitos, aocontrário disso, não possuíam férias, as jornadas eram de 12 a 16 horas. Comn o início das greves asconquistas iniciaram, como redução gradual das horas de trabalho e o descanso semanal. Vale lembrar,que muitas destas conquistas atingiram apenas os trabalhadores urbanos, já que eram nas cidades queaconteciam a maior parte sos movimentos dos trabalhadores.

b) Comparando os direitos da atual constituição com as conquistas do início do século, vemos um grandeavanço, como por exemplo a equiparação do trabalhador rural com o urbano, a liberdade sindical e odireito de greve. Entretanto, atualmente, segue-se uma tendência de diminuição dos direitos trabalhistasque ocorrem devido a pressão das empresas.

a) A situação dos direitos dos trabalhadores no Brasil era ainda a mesma, os trabalhadores “sem direito” dereivindicar seus direitos, sem cuidados no trabalho, com máquinas perigosas, trabalhando sem ter des-canso em período de trabalho e sem ter um salário digno para poder sustentar a família.

b) Na constituição Brasileira os trabalhadores conseguiram muito mais conquistas grevistas, pois tinhamdireito de trabalhar com segurança, sem emdo de morrer no trabalho, também com direito a saláriorazoável para o sustento da família. Os direitos trabalhistas foram bons para ajudar os trabalhadores atrabalhar mais seguro.

QUESTÃO 21

A ditadura de Porfirio Díaz (1876-1911) produziu no México uma situação de superficial bem-estar econô-mico, mas de profundo mal-estar social. (...) Fizeram-no chefe de uma ditadura militar burocrática destina-da a sufocar e reprimir as reivindicações revolucionárias. ...Amparavam-na os capitalistas estrangeiros,tratados então com especial favor. (José Carlos Mariátegui, A Revolução Mexicana, Coleção Grandes Cientis-tas Sociais, Ática, pp. 134-5).a) Quais as características do desenvolvimento econômico mexicano durante este período?b) Explique a situação socio-econômica da população indígena e camponesa durante a ditadura de Por-

fírio?c) Quais os grupos sociais e políticos que se opuseram à ditadura de Porfirio Dias e que desencadearam o

processo da revolução mexicana?

Esta pergunta tratava da Revolução Mexicana enfocando seus antecedentes. Primeiro, o candidato deve-ria indicar a situação econômica do México baseada na expansão do capitalismo, com o crescimento indus-trial, dos investimentos estrangeiros e dos latifúndios.

Na seqüência, o candidato deveria falar do empobrecimento e descontentamento social dos camponesese índios, à medida que as terras comunitárias dos índios foram incorporadas ao latifúndios e houve umprocesso de proletarização dos camponeses. Estas descrições da situação econômica mexicana e a explora-ção dos índios e camponeses, aliás comentada na afirmação de Mariátegui, garantia ao candidato até 4pontos. Só então, era-lhe pedida uma informação nova acerca dos sujeitos sociais que iniciaram o processorevolucionário: anarquistas, socialistas, liberais ligados a Madero, o grande contingente de camponesesliderados por Zapata e Pancho Villa. Esta informação valia 1 ponto.

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História

Na expectativa desta resposta, a grade assim era composta:a)• estimulou indústria• investimento estrangeiro• favoreceu a elite fundiária com a ampliação dos latifúndios• modernização da rede de transportes• expansão do marcado consumidor• uso da mão-de-obra barata• concessão do uso do subsolo (a multinacionais principalmente para a exploração do petróleo)• isenção fiscal (2 pontos)b)• tomou as terras comunitárias dos índios, que foram absorvidas pelos latifúndios (1 ponto)• proletarização dos camponeses (1 ponto)c) A elite liberal proprietária, liderada por Madero, anarquistas,

socialistas e a grande massa dos camponeses liderada porEmiliano Zapata e Pancho Villa. (1 ponto para dois destes sujeitos sociais)

Trata-se de um assunto recorrente nos livros didáticos ao estudar os movimentos revolucionários na AméricaLatina. Esta revolução destaca-se, contudo, nesta literatura pela força de sua movimentação social e efetivoexercício de um governo revolucionário marcado pela presença camponesa – ao lado da Revolução Cubana.

A pergunta enfocava os antecedentes desta Revolução, valendo-se da afirmação de Mariátegui que flagrajustamente a contradição entre o desenvolvimento capitalista e o mal-estar social que ele produz entre campo-neses e índios. O candidato dava uma densidade histórica ao comentário ao descrever tal contradição. Umequívoco frequente no item a foi o candidato preocupar-se em justificar o avanço capitalista, valorizando-osem perceber a exploração social envolvida.

Centrado ainda nos antecedentes da revolução, pedia-se, em c, a identificação dos sujeitos sociais respon-sáveis pela eclosão da revolução. Em b e c, privilegiava-se a precisão histórica da resposta sem escorregar emgeneralidades tais como: a “marginalização dos pobres” em b ou os “nacionalistas” em c, pois a perguntaincidia sobre grupos sociais atuantes na revolução.

Havia uma dada noção de que a revolução é, enquanto processo histórico, marcada por antecedentes quepodem funcionar como causas, motivos, motores, elementos que acabam acelerando e/ou detonando a revo-lução e certo domínio desta noção podia ajudar a explicar e entender tal processo histórico.

a) O desenvolvimento econômico que se dava se caracterizou pela desapropriação de terras de índios ecamponeses para a agricultura de plantation para exportação, garantindo capital para o país e usandomão de obra barata a procura de emprego. Comerciava com petróleo com outros países compradores,que estava em alta.

b) A situação sócio-econômica da população indígena e camponesa era ruim, pois o sistema que Díazimplantou foi o de desapropriação de terras, deixando esses povos sem terra e assim sem sustento, tendoque se oferecer para trabalho nas fazendas ganhando pouco ou nada para ficar na terra.

c) Povos nativos, camponeses, pequenos produtores e políticos que queriam chegar ao poder, de esquerda,desencadearam a revolução mexicana.

a) Durante o governo de Porfírio Díaz, a economia desenvolveu-se apoiada no capital externo, que faziainvestimentos e empréstimos. A indústria e a agricultura de exportação cresceram, dando a falsa impres-são de prosperidade.

b) A população indígena perdeu suas terras onde cultivava gêneros tradicionais para subsistência, o mesmoacontecendo aos camponeses, que foram obrigados a trabalhar nas grandes propriedades.

c) Os grupos sociais rurais, camponeses e indígenas e líderes socialistas opuseram-se à ditadura, reivindi-cando a reforma agrária através da revolução.

a) A economia estava praticamente estagnada. O aparente bem-estar econômico não mostrava a má distri-buição de renda que provocava o mal-estar social.

b) Camponeses e indígenas estavam em péssimas condições tendo pouco para comer e muito o que fazerpara conseguir viver.

c) Os camponeses e a classe média.

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História

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QUESTÃO 22

A República do Paraguai se defendia heroicamente contra as agressões do Império do Brasil. (...) Para todasas nações, o heroísmo da resistência de tão pequena república contra aliados tão poderosos excitava asimpatia que sempre há pelo fraco (...). (D. F. Sarmiento, Questões Americanas, Coleção Grandes CientistasSociais, Atica, p. 124).a) Como Sarmiento representa neste texto o conflito entre o Brasil e o Paraguai?b) De que modo esta representação de Sarmiento ilustra o conflito político-ideológico no Brasil após a

Guerra do Paraguai?c) Por que a Guerra do Paraguai contribuiu para o movimento abolicionista no Brasil?

A resposta pedia uma boa leitura do enunciado e sua efetiva compreensão. Isto exigia do candidato quepercebesse para além do conflito entre países (Brasil e Paraguai, no caso citado) uma disputa quanto àsformas de governo: monarquia x república. Por outro lado, exigia a percepção, por parte do candidato, de quetal disputa estava instalada dentro do próprio Brasil, devido à emergência e à expansão do movimentorepublicano contra a monarquia vigente. Ora, pedia-se em a e b que o candidato nomeasse este conflitodentro e fora do Brasil que se punha como uma questão do Estado.

Por último, a resposta vinculava a Guerra do Paraguai e o movimento abolicionista, pois os escravos nelalutaram, os soldados passam a simpatizar com a causa abolicionista, muitos escravos conseguiram suaalforria em virtude da sua participação na guerra e, além disso, crescia no Brasil a boa acolhida em meio àopinião pública do tema da abolição.

Resumidamente a Grade era assim:a) pequeno estado republicano vs. Império monarquista e/ou desigualdade de forças. (1 ponto)b) ilustra o conflito entre o movimento republicano ascendente e a monarquia. (3 pontos)c) negros lutaram no exército. (1 ponto)

Baseada numa boa leitura de enunciado, tarefa em geral considerada fácil e de rápida execução, estapergunta foi pouco respondida e/ou teve muitos enganos no item a que pedia para nomear justamente oconflito das formas de governo. A resposta mais comum somente menciona a luta entre o grande/forte Brasilversus o pequeno/fraco Paraguai. Este comportamento do item a dificultava a apreensão de que o item brepetia o mesmo conflito, desta feita dentro do Brasil. Propositadamente, a pergunta trabalhava esta relaçãodentro e fora a fim de indicar a sua força e repercussão social. Este procedimento reforçava o jogo de contras-tes entre Brasil e Paraguai notado por Sarmiento no enunciado da questão.

Aqui, tal como nas Q. 21, Q 23, Q. 24, um comentário de um pensador político funcionava como umdocumento e, ao mesmo tempo, explicava um problema importante do processo histórico estudado, o queconferia uma certa unidade e semelhança a essas questões. Vale a pena enfatizar que esta pergunta participado mesmo interesse em trabalhar temas históricos com recortes vários e/ou transversais. Desta feita, era umrecorte entre História da América Latina e do Brasil tanto quanto um confronto das formas de governo, ou entãoainda aludia implicitamente ao desejo de expansão imperialista do Brasil nesta região da América do Sul.

Ao contrário do desempenho de a, o item c foi bastante respondido ao retomar uma abordagem já consa-grada das relações entre o abolicionismo e a Guerra do Paraguai, pois bastava assinalar a participação deescravos para pontuar. Desta maneira, os itens a e c contrabalançavam-se no intuito de permitir que o candi-dato escrevesse e mostrasse seus conhecimentos.

a) Sarmiento representa o conflito como de contrastes. O grande Brasil contra o pequeno Paraguai. OImpério contra a República.

b) Depois da Guerra do Paraguai a disputa entre republicanos e monarquistas ficou mais acirrada por causada crise que se instalou no país. Os republicanos culpavam a Monarquia pela situação caótica do país edefendiam a imediata proclamação da República.

c) Porque o Exército aderiu ao movimento. Na Guerra do Paraguai os negros lutaram ao lado dos brancos esofreram as mesmas dores. Por isso, o Exército começou a apoiar a Abolição.

a) Sarmiento representa o conflito entre Brasil e Paraguai como sendo injusto, já que o Brasil era forte e oParaguai era fraco.

b) A representação de Sarmiento revela um conflito político-ideológico no Brasil entre a criação da Repúblicae o fim do Império. Isto é representado através da luta entre o Império do Brasil e a República do Paraguai.

c) A Guerra do Paraguai contribuiu para o movimento abolicionista no Brasil porque muitos negros, queforam alforriados por participarem da Guerra, voltaram armados e cientes das táticas de guerra. Além dereceberem o apoio de colegas militares, os quais os negros ajudaram durante a guerra.

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História

Respostaesperada

a) Apresenta o Paraguai heroicamente ao contrário do Brasil.b) Pois o Paraguai foi visto como símbolo de coragem tomando simpatia após a guerra. O conflito enfraque-

ceu ainda mais o Império que teve de ceder principalmente à Inglaterra, em relação à Abolição.

QUESTÃO 23

Para os pensadores do século XIX Stuart Mill e Fourier, o grau de elevação ou rebaixamento da mulherconstitui o critério mais seguro para avaliarmos a civilização de um povo. (Adaptado do N. Bobbio et al.,orgs., Dicionário de Política, UnB, vol. 1, p. 488).a) Qual o movimento de mulheres com idéias semelhantes a estas que ocorreu na Europa e nos Estados

Unidos no início deste século e qual a sua principal reivindicação?b) Quais são as diferenças entre este movimento e o movimento feminista da década de 60?c) Por que estes movimentos alargaram a cidadania?

O candidato tratava do movimento feminista, tendo por ponto de partida a luta pelo direito de voto pelasmulheres e passava pela conquista de vários direitos sociais e trabalhistas, além dos direitos relativos ao usode seu próprio corpo ou mesmo quanto à administração de sua casa. Entre o item a e b, estabelecia-se umatemporalidade histórica que tem por ponto de partida a luta pelo sufrágio universal até as conquistas dasmulheres, tão comentadas na média, na década de 1960.

Depois, de elencar tais ganhos, a resposta tinha em c um teor mais conceitual ao trabalhar com a noçãode cidadania. Esta idéia começava com uma luta pelo direito ao voto e se expandia, cada vez mais, com aintrodução e luta por novos direitos, muitos deles adstritos ao universo feminino. Uma boa resposta tantocasava informações quanto percebia a expansão e certa mudança da noção de cidadania.a)• sufragismo/sufragetes, movimento pelo direito do voto feminino e/ou• direito de voto das mulheres. (1 ponto)b)• igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres• igualdade de oportunidades profissionais• igualdade de direitos políticos• acesso igual à educação• igualdade dos papéis sexuais masculino e feminino• direito do uso do corpo• direito ao aborto.• controle da reprodução.• liberdade sexual e/ou revolução sexual• licença maternidade• divisão das tarefas domésticas (3 pontos para 3 características)

c) Obs. Este item valia de 1 a 2 pontos de acordo com a qualidade conceitual da resposta Uma respostacomo a primeira, por exemplo, por si só valia 2 pontos.

• mulher passa a ser cidadã;• mulheres votam ou participam da política.

A atuação da mulher na sociedade contemporânea é assunto querido da média, bastante debatido epertence ao cotidiano do candidato. Por outro lado, foi tematizada pela historiografia e encontra ecos emvários livros didáticos. Daí, seu interesse para esta prova. Foi uma pergunta bastante respondida sobretudonos itens a e b – com mais acertos em b, dada a facilidade das informações.

O enunciado já se preocupava em evidenciar a importância política das mulheres para pensadores políti-cos do porte de Stuart Mill e Fourier – tão distintos entre si. Desta maneira, reconstituiu-se ao longo dapergunta – juntando enunciado e os itens a e b – um sentido histórico deste assunto, ao denotar sua conforma-ção ao longo dos anos. Trabalhou-se também sua forte conotação política que vai desde a esfera das leis – comas sufragetes, a licença maternidade, o direito legal ao aborto – até o uso cotidiano e mais pessoal do corpofeminino com a liberação sexual. A questão assim atravessava desde o século XIX até as mais recentesconquistas femininas e ainda reportava-se para outro conceito histórico chave: a noção de cidadania – quenasce nos gregos antigos. Este entrecruzamento entre o estudo das mulheres e a cidadania dava chance docandidato falar quer da cidadania como sinônimo da conquista ao voto quer da cidadania como uso da suaprópria individualidade conforme seu responsável livre arbítrio.

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História

Respostaesperada

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a) Foi o movimento feminista, cuja principal reivindicação era o direito do voto feminino.b) As idéias eram de igualdade entre os homens e mulheres. Esta igualdade se refere quanto aos direitos

salariais, profissionais e outros. Além disso, as mulheres buscavam eliminar o preconceito quanto à suacapacidade intelectual, física e mesmo emocional.

c) Estes movimentos alargaram o conceito de cidadania pois estenderam direitos, que antes eram restritosaos homens, às mulheres, dando a elas direitos e deveres que um cidadão possui.

a) O movimento das operárias, elas reivindicavam a regulamentação do trabalho feminino.b) A de que a mulher não precisa estar nem acima nem abaixo dos homens e sim somente com o direito de

igualdade aos homens.Ao promoverem estes movimentos, houve um questionamento quanto ao conceito de cidadania, que neces-

sitava de um alargamento sim, não ficando restritos a fracções das sociedades por critério algum que usassem.

QUESTÃO 24

Na origem do pitoresco há a guerra e a repulsa em compreender o inimigo: na verdade nossas luzes sobre aÁsia vieram, inicialmente, de missionários irritados e de soldados. Mais tarde chegaram os viajantes –comerciantes e turistas – que são militares frios: o saque se denomina shopping e as violações são pratica-das honrosamente nas casas especializadas. (...) Criança, eu era vítima do pitoresco: tinham tudo feito paratornar os chineses apavorantes (...) (Jean-Paul Sartre, Colonialismo e Neocolonialismo, Tempo Brasileiro,1968, p. 7).a) Retire do texto dois personagens da colonização européia da Ásia e da África do século XVI ao século XX

e explique qual o seu papel na exploração e dominação colonial.b) Explique como a Revolução Cultural Chinesa em 1968 se posicionou frente aos valores econômicos e

culturais do Ocidente?

Trata-se de uma pergunta com uma longo recorte temporal por centrar-se na colonização européia daÁfrica e Ásia entre os séculos XVI e XX, tendo por porta de entrada a citação de Sartre, na qual destaca-seesta repulsa pelo outro estrangeiro.

Recortando personagens que em si tipificaram a ação colonizadora, o candidato nomeava suas funções eassim informava sobre a conquista destas áreas e ação dos europeus.

Em contraposição, o item b fazia o percurso inverso ao exigir do candidato que reconhecesse na Revolu-ção Cultural Chinesa a repulsa do Ocidente, da Europa e seus valores civilizados e capitalistas.a)• missionários: conversão a religião e visão de mundo ocidental; dominação ideológica.• comerciantes: “saque” da população nativa; introdução do capitalismo.• turistas: contribuíram para transformar o modo de vida local• militares: dominação pela força.• prostituição: desumanização da mulher. (vale 3 pontos, 1 ponto para cada informação correta)Obs: Só ganha 2 pontos quando explicar o papel do personagem.b)• Rejeição de valores da cultura do ocidente que chegaram à China desde o século XVI.• Não aceitação da sociedade de consumo ocidental e do modelo econômico do capitalismo. (2 pontos)

A pergunta baseada na afirmação de Sartre centrava-se no horror, repulsa e ressentimento que o processode colonização porta para o colonizador, colonizado, colono, com diversas conotações. Aqui, tratava-se docolonizador e o colonizado, contrastando em a e b práticas que motivaram tal ideário.

O recorte temporal permitia uma tal diversidade de personagens no item a que era difícil não respondê-loe obter pontuação. A atual situação da China ganha assiduamente espaço da mídia, daí o reconhecimento doestudante do tema. O item b, contudo, exigia do candidato que conhecesse especificamente a RevoluçãoCultural Chinesa para perceber que sua reação negativa e de exclusão, perseguição, dos elementos do Ociden-te reiteravam a repulsa comentada por Sartre. Neste item houve o maior índice de brancos e nulos.

O tema do Imperialismo e do Mercantilismo aparecia aqui recoberto pela experiência colonizadora, mar-cando certas semelhanças e dava vazão a uma resposta vinda da China que mantinha o autoritarismo, empre-gava também a violência e excluía a diferença.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 95: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

95

História

a) Os missionários e os soldados. Os missionários vinham para catequizar os povos dominados, impondo areligião européia. Os soldados são os órgãos opressores que reprimiam a população para conter rebeliõese revoluções.

b) A revolução Cultural Chinesa era contrária aos princípios capitalistas vindos do Ocidente. Pregava osocialismo como transição para o comunismo, onde a terra seria um bem comum, não tendo interessesvoltados apenas para a obtenção de lucros, mas, sim, interesses voltados para o bem-estar da sociedade.

a) Os missionários tiveram papel importante na dominação de outros povos, eram eles que se aproximavamdos povos, a fim de traze-los para a Igreja Católica. Com isso, impunham também valores europeus, quefacilitavam a dominação e escravização.Os comerciantes finalizaram o processo de dominação: suas mercadorias afirmavam a supremacia euro-péia sobre os povos e tornava-os dependentes de sua economia.

b) A Revolução Cultural Chinesa consistiu no fechamento em todos os aspectos da China aos povos doOcidente. Dessa maneira, tornou-se a influência menos violenta. A China criou seu próprio sistemapolítico, negando o capitalismo, e nela foi proibida e abafada qualquer manifestação da cultura ocidental.

a) Soldado e missionário, exploração do comércio e dominação colonial chineses.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 96: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

Page 97: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

97

Respostaesperada

As questões de Física do Vestibular Unicamp versam sobre assuntos variados do programa (que cons-tam do Manual do Candidato). Elas são formuladas de forma a explorar as ligações entre situações reais(preferencialmente ligadas à vida cotidiana do candidato) e conceitos básicos da Ciência Física, muitasvezes percebidos como um conjunto desconexo de equações abstratas e fórmulas inacessíveis. Pelo con-trário, o sucesso de um candidato no tipo de prova apresentado depende diretamente da sua capacidadede interpretar uma situação proposta e tratá-la com um repertório de conhecimento compatível com umestudante egresso do ensino médio. A banca elaboradora apresenta inúmeras propostas de questões e asseleciona tendo em vista o equilíbrio entre as questões fáceis e difíceis, os diversos itens do programa e apertinência do fenômeno físico na vida cotidiana do candidato. Após a seleção, as questões são aprimora-das na descrição dos dados correspondentes à situação ou ao fenômeno físico e na clareza do que é per-guntado. Formuladas as questões, elas são submetidas a um professor

revisor.

Para ele, as questões sãointeiramente novas e desconhecidas. Sua crítica a elas se fará em termos de clareza dos enunciados, dotempo para se resolvê-las, da perfeição de linguagem, da adequação ao programa, etc. Um bom trabalhode revisão às vezes obriga a banca a reformular questões e mesmo a substituí-las. A política da Comvest,que as bancas de Física vêm seguindo reiteradamente, é de não manter bancos de questões. Além disso,não utilizamos questões de livros ou de qualquer compilação de problemas. Portanto, se alguma questãose parece com a de algum livro ou compilação é porque o número de questões possíveis numa matériacomo a de Física é finito e coincidências não são impossíveis.

A correção:

A correção é feita de maneira a aproveitar tudo de correto que o candidato escreve. Em geral, erros

de unidade e erros de potência de 10 são penalizados com algum desconto de nota.

QUESTÃO 1

Erro da NASA pode ter destruído sonda

(Folha de S. Paulo, 1/10/1999)

Para muita gente, as unidades em problemas de Física representam um mero detalhe sem importância.No entanto, o descuido ou a confusão com unidades pode ter conseqüências catastróficas, como aconte-ceu recentemente com a NASA. A agência espacial americana admitiu que a provável causa da perda deuma sonda enviada a Marte estaria relacionada com um problema de conversão de unidades. Foi forne-cido ao sistema de navegação da sonda o raio de sua órbita em

metros

, quando, na verdade, este valor

deveria estar em

pés

. O raio de uma órbita circular segura para a sonda seria

r

= 2,1 x 10

5

m, mas o sis-tema de navegação interpretou esse dado como sendo em

pés

. Como o raio da órbita ficou menor, a sondadesintegrou-se devido ao calor gerado pelo atrito com a atmosfera marciana.a) Calcule, para essa órbita fatídica, o raio em metros. Considere 1 pé = 0,30 m. b) Considerando que a velocidade linear da sonda é inversamente proporcional ao raio da órbita, deter-

mine a razão entre as velocidades lineares na órbita fatídica e na órbita segura.

a)

r

m

=

r

ft

2,1 x 10

5

ft = 6,3 x 10

4

m

(3 pontos)

b) = = = =

3,3

(2 pontos)

0,3 mft

--------------- 0,3 mft

---------------

Vft

Vm------

rm

rft----- 2,1 x 105

6,3 x 104------------------------ 70

21------- 10

3-------

Exemplo de notaacima da média

Page 98: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

98

Respostaesperada

Esse assunto teve grande destaque na mídia nos meses que antecederam o vestibular.

QUESTÃO 2

Uma das primeiras aplicações militares da ótica ocorreu no século III a.C. quando Siracusa estava sitiadapelas forças navais romanas. Na véspera da batalha, Arquimedes ordenou que 60 soldados polissem seusescudos retangulares de bronze, medindo 0,5 m de largura por 1,0 m de altura. Quando o primeiro navioromano se encontrava a aproximadamente 30 m da praia para atacar, à luz do sol nascente, foi dada aordem para que os soldados se colocassem formando um arco e empunhassem seus escudos, como repre-sentado esquematicamente na figura abaixo. Em poucos minutos as velas do navio estavam ardendo emchamas. Isso foi repetido para cada navio, e assim não foi dessa vez que Siracusa caiu. Uma forma deentendermos o que ocorreu consiste em tratar o conjunto de espelhos como um espelho côncavo. Suponhaque os raios do sol cheguem paralelos ao espelho e sejam focalizados na vela do navio.

a) Qual deve ser o raio do espelho côncavo para que a intensidade do sol concentrado seja máxima?

b) Considere a intensidade da radiação solar no momento da batalha como 500 W/m

2

. Considere que arefletividade efetiva do bronze sobre todo o espectro solar é de 0,6, ou seja, 60% da intensidade inci-dente é refletida. Estime a potência total incidente na região do foco.

a)

r

= 2

f

= 2 30 m = 60 m

(2 pontos)

b)

P

= 500 30 m

2

= 9000 W

(3 pontos)

30 m

Sol

Wm2------- ⋅ ⋅ 60

100----------

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 99: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

99

Respostaesperada

QUESTÃO 3

Um automóvel trafega com velocidade constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de um cruzamentoonde há um semáforo com fiscalização eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma distância de 30 mdo cruzamento, o sinal muda de verde para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o carro antes de che-gar ao cruzamento ou acelerar o carro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para vermelho. Este sinalpermanece amarelo por 2,2 s. O tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre o momento em que omotorista vê a mudança de sinal e o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s. a) Determine a mínima aceleração constante que o carro deve ter para parar antes de atingir o cruza-

mento e não ser multado.b) Calcule a menor aceleração constante que o carro deve ter para passar pelo cruzamento sem ser mul-

tado. Aproxime 1,7

2

3,0.

a) i. Distância percorrida no tempo de reação:

d’

= 12 0,5 s = 6 m

(1 ponto)

ii.

v

2

= + 2

ad

d

= 24 m

a

= –

– = – = – = –3,0

(3 pontos)

b) i. Tempo para acelerar:

t’

=

t

amarelo

t

resp

2,2 – 0,5 = 1,7 s

(1 ponto)

ii.

d

=

v

0

t’

+

at’

2

24 = 12 1,7 +

a

1,7

2

a

= = 2,4

(1 ponto)

m s

-------- ⋅

v02

v02

2d------- 122 m2 s2⁄

2 24 m⋅---------------------------- 144

48---------- m

s2---- 3 x 48

48----------------- m

s2----

1 2

------- ⋅ 1 2

------- 3,6 x 23,0

------------------ ms2----

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 100: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

100

Respostaesperada

QUESTÃO 4

Um canhão de massa

M

= 300 kg dispara na horizontal uma bala de massa

m

= 15 kg com uma veloci-dade de 60 m/s em relação ao chão.a) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação ao chão?b) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação à bala?c) Qual a variação da energia cinética no disparo?

a)

p

antes

=

p

depois

0 =

MV

canhão

+

mV

bala

V

canhão

= –

V

bala

= – 60 = –3,0

(2 pontos)

b)

V

canhão – bala

=

V

canhão – terra

V

bala – terra

= 60 – = 63 ou – 63

(1 ponto)

c)

∆Ec = ∆Efinal – ∆Einicial = M + m – 0

∆Ec = 300 kg 32 + 15 kg 602 = (2700 + 54000) =

28350 J ≅ 28000 J (2 pontos)

m M

-------- 15 kg300 kg------------------ ⋅ m

s-------- m

s--------

m s

-------- 3 m s

--------– m

s-------- m

s--------

1 2

------- Vcanhão2 1

2------- Vbala

2

1 2

------- ⋅ m2

s2------- 1

2------- ⋅ m2

s2------- 1

2-------

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 101: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

101

QUESTÃO 5

Algumas pilhas são vendidas com um testador de carga. O testador é formado por 3 resistores em paralelocomo mostrado esquematicamente na figura abaixo. Com a passagem de corrente, os resistores dissipampotência e se aquecem. Sobre cada resistor é aplicado um material que muda de cor (“acende”) sempreque a potência nele dissipada passa de um certo valor, que é o mesmo para os três indicadores. Uma pilhanova é capaz de fornecer uma diferença de potencial (ddp) de 9,0 V, o que faz os 3 indicadores “acende-rem”. Com uma ddp menor que 9,0 V, o indicador de 300 Ω já não “acende”. A ddp da pilha vai diminu-indo à medida que a pilha vai sendo usada.

a) Qual a potência total dissipada em um teste com uma pilha nova?b) Quando o indicador do resistor de 200 Ω deixa de “acender”, a pilha é considerada descarregada. A

partir de qual ddp a pilha é considerada descarregada?

ddp 100 Ω 200 Ω 300 Ω

Exemplo de notaabaixo da média

Page 102: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

102

Respostaesperada a) P = ⇒ P = = 1,485 W ≅ 1,5 W (2 pontos)

b) Potência de corte = PC = = 0,27 W (1 ponto)

= 0,27 ⇒ VC = ≅ 7,5 V (2 pontos)

O item a) pode ser resolvido também calculando explicitamente a resistência equivalente.

V2

R----- 9,02

100----------- 9,02

200----------- 9,02

300-----------+ +

81300----------

VC2

200---------- 54

Exemplo de notaacima da média

Comentários

Exemplo de notaabaixo da média

Page 103: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

103

Respostaesperada

QUESTÃO 6

Na prática, o circuito testador da questão anterior é construído sobre uma folha de plástico, como mostra o dia-grama abaixo. Os condutores (cinza claro) consistem em uma camada metálica de resistência desprezível, e os

resistores (cinza escuro) são feitos de uma camada fina (10 µm de espessura, ou seja, 10 x 10–6 m) de um polí-

mero condutor. A resistência R de um resistor está relacionada com a resistividade ρ por R = onde l é o

comprimento e A é a área da seção reta perpendicular à passagem de corrente.

a) Determine o valor da resistividade ρ do polímero a partir da figura. As dimensões (em mm) estão indi-cadas no diagrama.

b) O que aconteceria com o valor das resistências se a espessura da camada de polímero fosse reduzida àmetade? Justifique sua resposta.

a) ρ = =

ou 2 Ωmm (basta uma das 3) (3 pontos)

b) R = ρ = ρ

Portanto se d é reduzido à metade, R deve dobrar. (2 pontos)

ρ l A -------

ddp

+

5 m

m

10 mm

100 Ω 200 Ω 300 Ω

10 mm 6 mm

9 m

m

10

mm

RAl-------

100 Ω 10 x 10 3 – m 10 x 10 6– m⋅ ⋅5 x 10 3– m

-------------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10 3– Ωm=

200 Ω 10 x 10 3 – m 10 x 10 6– m⋅ ⋅10 x 10 3– m

-------------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10 3– Ωm=

300 Ω 6 x 10 3 – m 10 x 10 6– m⋅ ⋅9 x 10 3– m

----------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10 3– Ωm=

l A------ l

wd-------

Exemplo de notaacima da média

Page 104: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

104

Respostaesperada

Foi muito comum o uso da área dos dispositivos como vistos na figura no lugar da área transversal.

QUESTÃO 7

O bíceps é um dos músculos envolvidos no processo de dobrar nossos braços. Esse músculo funciona num sis-tema de alavanca como é mostrado na figura abaixo. O simples ato de equilibrarmos um objeto na palma da mão,estando o braço em posição vertical e o antebraço em posição horizontal, é o resultado de um equilíbrio dasseguintes forças: o peso P do objeto, a força F que o bíceps exerce sobre um dos ossos do antebraço e a força Cque o osso do braço exerce sobre o cotovelo. A distância do cotovelo até a palma da mão é a = 0,30 m e a distân-cia do cotovelo ao ponto em que o bíceps está ligado a um dos ossos do antebraço é de d = 0, 04 m. O objetoque a pessoa está segurando tem massa M = 2,0 kg. Despreze o peso do antebraço e da mão.

a) Determine a força F que o bíceps deve exercer no antebraço.b) Determine a força C que o osso do braço exerce nos ossos do antebraço.

a) (1 ponto)

Fd – Mga = 0 ⇒ F = (2 pontos)

b) C + P – F = 0 ⇒

C = F – P = 150 N – 20 N = 130 N (2 pontos)

F

d

CP

a

Bíceps Ossos doantebraço

ad

Cotovelo

Osso dobraço

M

τd∑ 0=

2,0 kg 10 m/s2 0,30⋅ ⋅0,04

----------------------------------------------------------- 150 N=

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 105: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

105

Respostaesperada

Essa questão permitia várias soluções por caminhos diferentes. Todos os relevantes foram considera-dos corretos.

QUESTÃO 8

Dois blocos homogêneos estão presos ao teto de um galpão por meio de fios, como mostra a figura abaixo.Os dois blocos medem 1,0 m de comprimento por 0,4 m de largura por 0,4 m de espessura. As massasdos blocos A e B são respectivamente iguais a 5,0 kg e 50 kg. Despreze a resistência do ar.

a) Calcule a energia mecânica de cada bloco em relação ao solo.b) Os três fios são cortados simultaneamente. Determine as velocidades dos blocos imediatamente antes

de tocarem o solo.c) Determine o tempo de queda de cada bloco.

a) Ep = mgh ⇒ (2 pontos)

b) mv2 = mgh’ ⇒ v = ⇒

= = 10 m/s para os dois blocos (2 pontos)

c) v = v0 + gt ⇒ t = = = 1,0 s para os dois blocos (1 ponto)

5,0 m

Solo

Teto

fio

AB

fio

EpA 5,0 kg 10 m/s2 5,5 m⋅ ⋅ 275 J= =

EpB 50 kg 10 m/s2 5,2 m⋅ ⋅ 2600 J= =

1 2

------- 2gh'

2 10 m/s2 5,0 m⋅ ⋅ 100 m2/s2

v g

------ 10 m/s10 m/s2--------------------

Comentários

Exemplo de notaabaixo da média

Page 106: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

106

Uma questão aparentemente simples mas que envolve conceitos mais elaborados como centro demassa, a definição de energia potencial e queda livre.

QUESTÃO 9

Algo muito comum nos filmes de ficção científica é o fato dos personagens não flutuarem no interior dasnaves espaciais. Mesmo estando no espaço sideral, na ausência de campos gravitacionais externos, elesse movem como se existisse uma força que os prendesse ao chão das espaçonaves. Um filme que se preo-cupa com esta questão é “2001, uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick. Nesse filme a gravidade ésimulada pela rotação da estação espacial, que cria um peso efetivo agindo sobre o astronauta. A estaçãoespacial, em forma de cilindro oco, mostrada abaixo, gira com velocidade angular constante de 0,2 rad/sem torno de um eixo horizontal E perpendicular à página. O raio R da espaçonave é 40 m.

a) Calcule a velocidade tangencial do astronauta representado na figura.b) Determine a força de reação que o chão da espaçonave aplica no astronauta que tem massa m = 80 kg

R

E

Comentários

Exemplo de notaabaixo da média

Exemplo de notaacima da média

Page 107: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

107

Respostaesperada

Respostaesperada

a) v = ωR = 0,2 40 m = 8 (2 pontos)

b) N = mω2R = 80 kg 0,22 40 m = 128 N ≅ 130 N (3 pontos)

QUESTÃO 10

Um escritório tem dimensões iguais a 5 m × 5 m × 3 m e possui paredes bem isoladas. Inicialmente a tempe-

ratura no interior do escritório é de 25 °C. Chegam então as 4 pessoas que nele trabalham, e cada uma liga seumicrocomputador. Tanto uma pessoa como um microcomputador dissipam em média 100 W cada na forma decalor. O aparelho de ar condicionado instalado tem a capacidade de diminuir em 5 °C a temperatura do escritó-rio em meia hora, com as pessoas presentes e os micros ligados. A eficiência do aparelho é de 50%. Considere

o calor específico do ar igual a 1000 J/kg °C e sua densidade igual a 1,2 kg/m3.a) Determine a potência elétrica consumida pelo aparelho de ar condicionado.b) O aparelho de ar condicionado é acionado automaticamente quando a temperatura do ambiente atinge 27 °C,

abaixando-a para 25 °C. Quanto tempo depois da chegada das pessoas no escritório o aparelho é acionado?

a) P = =

= = 2100 W (3 pontos)

b) 800 W = ⇒ t = = 225 s = 3 min 45 s (2 pontos)

rads

-------- ⋅ m s

--------

⋅ rad2

s2---------- ⋅

mC∆Tt

---------------- 800 W+

0,50-----------------------------------------

1,2 kg/m3 75 m3 1000 J/kg °C 5 °C⋅ ⋅ ⋅30 min 60 s/min⋅

----------------------------------------------------------------------------------------------------- 800 W+

0,50------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 250 W 800 W+

0,50-------------------------------------------

mC∆Tt

---------------- 1,2 kg/m3 75 m3 1000 J/kg °C 2 °C⋅ ⋅ ⋅800 W

-----------------------------------------------------------------------------------------------------

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 108: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

108

QUESTÃO 11

Grande parte da tecnologia utilizada em informática e telecomunicações é baseada em dispositivos semi-condutores, que não obedecem à lei de Ohm. Entre eles está o diodo, cujas características ideais são mos-tradas no gráfico abaixo.

O gráfico deve ser interpretado da seguinte forma: se for aplicadauma tensão negativa sobre o diodo (VD < 0), não haverá corrente(ele funciona como uma chave aberta). Caso contrário (VD > 0), elese comporta como uma chave fechada.

+ –VD

I

VD

I

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 109: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

109

Respostaesperada

Considere o circuito abaixo:

a) Obtenha as resistências do diodo para U = +5 V e U = –5 V.b) Determine os valores lidos no voltímetro e no amperímetro para U = +5 V e U = –5 V.

a) R = (1 ponto)

b)

(2 pontos)

Diodo

U+

A

V

Amperímetro ideal

Voltímetro ideal

3 kΩ

2 kΩ

∞ para U = +5 V,0 para U = –5 V,

U = +5 V ⇒ i =

V = R2 i = 2 x 103 Ω 1 x 10–3 A = 2 V

UR1 R2+------------------ 5 V

3 2+( ) kΩ---------------------------- 1 mA= =

⋅A

V

3 kΩ

2 kΩ+5 V

U = –5 V ⇒ i =

V = ddp = –5 V (2 pontos)

UR2------ 5– V

2 kΩ------------- 2,5 mA–= =

A

V2 kΩ–5 V

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 110: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

110

Respostaesperada

Trata-se de um condutor não-ohmico. Todos os elementos necessários para o tratamento dele estão notexto e nos gráficos.

QUESTÃO 12

Uma barra de material condutor de massa igual a 30 g e comprimento 10 cm, suspensa por dois fios rígi-dos também de material condutor e de massas desprezíveis, é colocada no interior de um campo magné-tico, formando o chamado balanço magnético, representado na figura abaixo.

Ao circular uma corrente i pelo balanço, este se inclina, formando um ângulo θ com a vertical (como indi-cado na vista de lado). O ângulo θ depende da intensidade da corrente i. Para i = 2A, temos θ = 45°.a) Faça o diagrama das forças que agem sobre a barra. b) Calcule a intensidade da força magnética que atua sobre a barra.c) Calcule a intensidade da indução magnética B.

a)

(2 pontos)

b) θ = 45° ⇒ FB = mg = 0,030 kg 10 = 0,3 N (1 ponto)

fio fio

barra

ii

i

B BVista de frente Vista de lado

θfio

barra

T

P

θ

FB

⋅ m s2

--------

Comentários

Page 111: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Física

111

c) FB = iLB ⇒

B = = = 1,5 T (2 pontos)FB

iL----- 0,3 N

2A 0,1 m⋅---------------------------

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 112: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Geografia

Page 113: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

113

Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Na segunda fase, a prova de Geografia examina o conhecimento de conteúdos mais específicos dadisciplina conforme o programa apresentado no Manual do Candidato. Isto é feito através da verificaçãodas mesmas habilidades já requeridas para a prova de 1ª fase, isto é capacidade de leitura, interpretaçãode textos, gráficos, tabelas e cartogramas, devem ser trabalhados agora, de forma a demonstrar que ocandidato dispõe de conhecimentos geográficos suficientes e indispensáveis para uma boa compreensãodo mundo contemporâneo.

QUESTÃO 13

(...) a existência de Brasília, (...) sua própria posição geográfica, como local próximo do centro geométrico doterritório, mas distante da área nuclear do país (Rio e São Paulo) denota uma política institucional praticadacomo administração exercida por um grupo de especialistas que buscam um afastamento dos problemassociais mais candentes. (José William Vesentini – A capital da Geopolítica. São Paulo, Ática, 1986)

a) Interprete a charge acima.b) Com base nessa charge e no texto apresentado, explique a influência exercida pela posição geográfica de

Brasília sobre as possibilidades de participação política da sociedade civil.

A charge de Angeli demonstra com clareza as afirmações feitas no texto de José William Vesentini sobreBrasília. Fica nítido o isolamento do Poder Central do país, notadamente o Poder Executivo, que se comportacomo uma ilha distante e inacessível diante da onda de movimentos sociais reivindicatórios e contestatóriosà sua volta.

(Esses movimentos pressionam por maior participação social nas decisões político-institucionais cen-trais, contra a violência, contra o desemprego, contra pedágios e rodovias intransitáveis, a favor da reformaagrária, etc. Entretanto, a ilha central “dos caras”, sobre-elevada no centro da multidão, demonstra o desca-so e o afastamento que os especialistas do Governo procuram manter dos problemas sociais, o que transpa-rece no sentido pejorativo da expressão “ilha dos caras”). (2 pontos)

O texto dá ênfase ao caráter geopolítico da localização estratégica de Brasília (próxima ao centro geomé-trico, mas distante da maioria da população, concentrada no eixo Rio-São Paulo) e o que ela representa emtermos de democracia representativa, ou seja, limitação à efetiva participação do cidadão nas decisõesgovernamentais, as quais não refletem os interesses diretos e imediatos da população. (3 pontos)

a) a charge faz um trocadilho com a ilha de Caras, uma ilha em que são vão os ilustres convidados de umarevista da sociedade. Colocando Brasília como a “Ilha dos Caras”, o autor mostra seu isolamento geográ-fico e também coloca Brasília como um lugar que nem todos têm acesso, apenas uma seleta minoria. Amultidão abaixo da montanha que seria a ilha dos Caras, ou seja Brasília ou seja o palácio do planalto, sóconfirma o distanciamento que existe entre quem administra o país e a população.

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114

Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

b) Apesar de toda a poesia de uma integração nacional com a capital do país mudando para o centrogeográfico do Brasil, o que houve, na verdade foi um distanciamento das decisões políticas do centroeconômico, cultural e social do país, que é o eixo Rio-São Paulo. Essa distância estratégica dificulta acobrança por parte da sociedade civil para com os seus representantes.

a) A charge mostra como Brasília se posiciona de maneira superior ao resto do país, localizada numa regiãoque apresenta menos problemas sociais por ser menos povoada.

b) Devido a sua posição, Brasília fica afastada das regiões mais povoadas e problemáticas do país, comoSão Paulo e Rio de Janeiro que apresentam grande número de desemprego e de insatisfeito com apolítica adotada.

A média da questão foi 2,81 com uma baixíssima porcentagem de notas 0: apenas 1,3% dos candidatosobteve esta nota. Apesar de não ter sido uma questão difícil, o desempenho dos candidatos não correspondeuao esperado. A maior concentração de notas (57%) esteve entre 2,5 e 3,0. Os objetivos desta questão eramverificar conhecimentos sobre o papel geopolítico de Brasília e avaliar a capacidade de articulação e interpre-tação da charge por meio da análise do texto. Os candidatos, via de regra, responderam a questão sem realizaruma análise mais consistente. O texto e a charge se complementavam e, de certa forma, “dirigiam” a respostada questão, isto é, o texto apresentado “reforçava” a idéia presente na charge e o vestibulando deveria entãodemonstrar capacidade de articulação dessas idéias analisando o caráter geopolítico da localização da capitaldo país frente às possibilidades de participação política da sociedade civil. Nem todos os candidatos souberamanalisar de forma articulada esses dois aspectos da questão. Muitos se limitaram a reproduzir as palavras dotexto apresentado sem trabalhar de forma mais analítica o conceito de geopolítica, de localização estratégicada capital do país, como fator limitador da participação política da sociedade civil.

QUESTÃO 14

Octávio Ianni, em seu livro A sociedade global, assim se refere a certos tipos de organizações internacionais:Essas organizações e agências internacionais dedicadas a sanear, orientar e dinamizar as economias nacio-nais e a economia internacional, nascem da crescente convicção de que os sistemas econômicos nacionaise internacionais não são auto-reguláveis.a) Dê dois exemplos dessas organizações.b) Explique como elas interferem nas políticas econômicas e sociais do Brasil.

a) Fundo Monetário Internacional (FMI); Banco Mundial ou Banco Internacional de Reconstrução e Desen-volvimento (BIRD), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). (2 pontos)

b) No caso brasileiro, a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem sido a de administrador dascontas nacionais brasileiras, visando garantir o pagamento da dívida externa, de modo a não causarprejuízos aos investidores/especuladores estrangeiros. Para garantir esse fluxo de capital, o FMI impõe aopaís uma “cartilha” com várias medidas: controle do déficit público, obrigando o Estado a cortar gastos,principalmente na área social (Saúde e Educação), diminuição do quadro de servidores, com a dispensae a não contratação de novos funcionários, retirada de conquistas sociais, tais como previdência social;aumento das receitas do Estado com aumento de impostos e venda de empresas estatais. Essas medidasprovocam um quadro de grave recessão no país, aumentando o desemprego e as crises sociais. Entretan-to, são operadas pelos agentes do FMI que ocupam altos cargos no Governo Brasileiro. (3 pontos)

a) O FMI e o Banco Mundialb) Elas interferem não só no Brasil , como em muito outros países capitalistas ou não. Essas organizações

impõem percentuais e índices a serem cumpridos como inflação, balança comercial, valor do dólar, PIB,etc. As metas devem ser cumpridas para não haver embargos ou retaliações nem que com isso o paístenha um custo social como recessão, desemprego.

a) O Mercosul e a Opepb) Na tentativa do equilíbrio da balança comercial o Mercosul visa a isenção de impostos alfandegários

estimulando as exportações , isso representa mais empregos e aquecimento da economia. A Opep visatabelação dos preços de petróleo evitando concorrência.

Exemplo de notaabaixo da média

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Geografia

Comentários A média dessa questão foi 2,02, podendo, portanto, ser considerada como uma questão relativamentedifícil. Foi a segunda questão da prova com maior porcentagem de notas 0 (24,5%), entretanto, com poucasrespostas em branco – 2,9%. A maior concentração de notas ficou entre 2 e 3 – 41,8%.

Os objetivos desta questão era verificar conhecimentos do candidato sobre:a) a existência e o modo de operação das agências e organismos internacionais de apoio ou intervenção nos

países com problemas econômicos;b) os problemas decorrentes do modo de funcionamento destas agências, notadamente os econômicos e

sociais.Esperava-se que o candidato reconhecesse e nominasse agências e organismos internacionais que atuam

no sentido de intervir nos países com problemas econômicos. Além disso era necessário o candidato explicitarcomo essas organizações atuam no caso brasileiro. A intenção era de verificar em que medida os vestibulan-dos têm acompanhado o debate acerca da atuação desses organismos em países como o Brasil, e a suacompreensão do caráter e das consequências das medidas operadas por esses organismos.

O item a da questão solicitava dois exemplos dessas agências ou organizações, porém nem todos oscandidatos nomearam corretamente. O FMI e o BM foram os organismos mais citados. Entretanto não forampoucos aqueles que citaram o MERCOSUL, a OTAN, o NAFTA errando portanto esse item da questão.

Em geral o candidato que respondia corretamente a primeira parte da questão conseguia também respon-der o item b que solicitava uma explicação acerca da atuação desses organismos na economia do país. Oscandidatos demonstraram um certo conhecimento acerca das medidas de ajuste estrutural da economiabrasileira impostas por essas organizações mas nem todos chegaram a analisar os problemas decorrentesdessas medidas notadamente no âmbito social.

QUESTÃO 15

Brasil: consumo de energia primária – 1970 e 1994

Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1974 e 1995.

carvão mineral

produtos de cana-de-açúcar

petróleo

energia hidráulica

lenha

carvão mineral

produtos de cana-de-açúcar

petróleo

energia hidráulica

lenha

outros

16 %

42 %

3 %

5 %

34 %

1970

1994

35,8 %10,0 %

4,3 %

31,5 %

5,2 %

13,3 %

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116

Geografia

Comentários

Respostaesperada

Considerando os dados acima:a) Cite as duas principais alterações ocorridas no consumo de energia primária no Brasil entre 1970 e

1994.b) Cite alguns dos fatores responsáveis pela alteração.

a) Analisando os gráficos do “consumo de energia primária no Brasil, no período entre 1970 e 1974 (em %),pode-se notar que o consumo de:

• lenha, em 1970, era de 42% do total, declinando para 13,3% em 1994;• energia elétrica, proveniente do aproveitamento da energia hidráulica, em 1970 era de 16%, passando

para 35,8% em 1994;• produtos de cana-de-açúcar (bagaço e álcool combustível), não destacado em 1970, passam a represen-

tar 10% do consumo total em 1994;• carvão mineral aumenta de 3% em 1970, para 5,2% em 1994;• outras fontes diminuem de 5% (1970), para 4,3% em 1994. (2 pontos)b) A produção e o consumo de energia primária do país estão diretamente relacionadas com o modelo de

desenvolvimento adotado. Dessa forma, no período ocorreram diversas mudanças na produção e consu-mo de energia primária associadas à intensa urbanização e industrialização ocorridas no Brasil no perío-do, à substituição do tipo de transporte, priorizando o rodoviarismo (com alto consumo de petróleo eálcool combustível), aos avanços técnico-científicos e aos conflitos/ações internacionais que elevaram opreço de algumas fontes. Em relação às fontes mencionadas, os fatores da mudança foram:

• energia hidráulica: o consumo aumentou em virtude do maior aproveitamento do potencial hidráulico dosrios brasileiros, proporcionado pelo desenvolvimento tecnológico e pelo aporte de recursos originados defontes externas. Esse tipo de energia veio substituir principalmente alguns derivados de petróleo (óleodiesel), visando diminuir seu consumo na geração de energia elétrica e no setor industrial;

• produtos de cana-de-açúcar: a produção e o consumo de álcool combustível foi incentivada e intensificada,principalmente pelo ProÁlcool, para fazer frente à crise do petróleo. No caso do bagaço de cana, este estásendo utilizado para geração de energia elétrica no próprio local das usinas sucro-alcooleiras. (3 pontos)

a) Nota-se principalmente a elevada porcentagem de energia hidráulica no ano de 1994 e a baixa daenergia fornecida pela lenha.

b) Principalmente a mudança no modo de vida. O crescimento das cidades e da industrialização fez comque a principal fonte de energia fosse a hidrelétrica. Tem também o fato de ter chegado energia elétricanas zonas rurais o que diminuiu o consumo de lenha.

a) Houve diminuição da porcentagem do uso de petróleo pois com o proálcool o uso de produtos de cana deaçúcar foram incentivados.

b) Poálcool, alta do petróleo.

A média de 3,39 demonstra que os vestibulandos não tiveram muita dificuldade em responder a questão.A porcentagem de 0 foi insignificante ( 0,6%), o que reforça essa afirmação. A maior concentração de notasficou entre 3 e 4 – 76,8%. Os objetivos com esta questão eram verificar a capacidade de leitura e interpreta-ção de representação cartográfica e a capacidade de analisar as transformações na matriz energética brasileira(produção e consumo), reconhecendo as suas causas.

A partir de dois gráficos com dados sobre o consumo de energia primária no Brasil em 1970 e 1994, ovestibulando deveria inicialmente ler o gráfico e identificar as duas principais alterações ocorridas no consumode energia primária no Brasil entre 1970 e 1994. A seguir esperava-se que o candidato relacionasse astransformações na matriz energética brasileira, em termos de produção e consumo, com o modelo de desen-volvimento adotado no período em questão.

No item a o candidato deveria qualificar as alterações no padrão de consumo ocorridas no período de-monstrado pelos gráficos para obter os dois pontos relativos a esse item. Foram poucos os candidatos que nãoconseguiram ler de forma correta os dados fornecidos. Entretanto o item b que exigia uma análise do modelode desenvolvimento adotado no período, o que justificaria as mudanças na produção e no consumo das fontesde energia, não foi respondido a contento por boa parte dos candidatos.

Uma parcela significativa de candidatos fez uma análise superficial dessas mudanças, respondendo que osinvestimentos, em geral, foram deslocados para outras fontes de energia e que a grande disponibilidade de riospropiciou o aumento da energia hidráulica. As respostas para a diminuição do consumo e da produção delenha giraram, em geral, em torno da questão da preservação ambiental. Foram poucos os candidatos queabordaram o modelo urbano/industrial adotado no período como justificativa para essas mudanças.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

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Geografia

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

QUESTÃO 16

Devido à falta de oxigênio, à instabilidade do substrato e à ação das correntes, estas espécies apresentamraízes escoras, ou pneumatóforos, que ampliam a base de suporte e facilitam a troca gasosa com o ambien-te. O emaranhado de raízes reduz a velocidade das correntes, acarretando um depósito extenso de argila elodo. (PGC/ZEE/Secretaria do Meio Ambiente)

a) A que formação vegetal se refere o texto?b) Qual a importância desta formação vegetal para os ecossistemas costeiros?c) Cite duas atividades sócio-econômicas que estão causando a sua degradação ou mesmo a sua extinção.

a) Manguezal ou vegetação de mangue. (1 ponto)b) São áreas de reprodução e de desenvolvimento de várias espécies marinhas: viveiro natural ou berçário

das mesmas, servindo como abrigo para os microorganismos. Têm importante papel na deposição desedimentos e tendem a ampliar e retificar a zona litorânea, protegendo a costa contra a erosão. Alémdisso, atuam como filtro biológico (natural) na purificação das águas. (2 pontos)

c) As atividades a serem consideradas podem ser: a pesca predatória, o desmatamento e a exploração demadeiras, a construção de aterros para a construção civil, a implantação de complexos industriais, aprópria expansão urbana com o despejo de esgotos urbano e industrial nas áreas de mangue ou aconstrução de marinas e de portos. (2 pontos)

a) Manguesaisb) Primeiro ela impede a erosão., geralmente essas formações são deltas de rios. É um verdadeiro “bercário”

onde muitas espécies se reproduzem como: peixes, crustáceos, etc.c) Exploração imobiliária e pesca predatória

a) ....b) Esta formação vegetal faz com que não haja acúmulo de argila e lodo nos territórios costeirosc) Industrialização

A média da questão demonstrou uma relativa facilidade para respondê-la. A maioria das notas ficou entre2 e 3 (50,4%) e apenas 11% dos candidatos obteve nota 0

Os objetivos relacionavam-se à verificação da capacidade de leitura e interpretação de gráficos e de anali-sar a inserção da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e a questão de sua valorização profissional.

A partir de um fragmento de texto e de uma foto esperava-se que o candidato identificasse no item a omangue ou manguezal como formação vegetal aí expressa. No item b a resposta deveria contemplar a impor-tância dessa formação vegetal para os ecossistemas costeiros, identificando-a como área de reprodução/desenvolvimento de várias espécies marinhas, como abrigo de microorganismos, como proteção contra aerosão da costa, entre outras. No último ítem o candidato deveria citar duas atividades sócio-econômicas queestariam contribuindo para o processo de degradação dessas formações vegetais. Entre elas, a expansãourbana, o aterro, o desmatamento ,etc.

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Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

A resposta do 1º item era essencialmente objetiva: mangue ou maguezal. Entretanto respostas comotundra, taiga, caatinga, etc. apareceram demonstrando que alguns vestibulando não conseguiram identificar aformação vegetal solicitada pela questão. Esse tipo equivocado comprometia toda a questão na medida emque os demais itens estavam relacionados a ele. No item b, em geral as respostas mais freqüentes diziamrespeito à característica do manguezal como área de reprodução de espécies com poucas respostas maiscompletas, o que demonstra o pouco conhecimento dos vestibulando em relação às características dessaformação vegetal. O item c foi melhor respondido evidenciando um melhor preparo do candidato quanto aoconhecimento das atividades predatórias nessas áreas.

QUESTÃO 17

a) Além da Europa Ocidental e da América Anglo-Saxônica, quais as regiões do mundo onde há maiorexpectativa de vida?

b) Explique por que essas regiões são as que apresentam maior expectativa de vida.

a) As regiões do mundo que apresentam maior esperança de vida ao nascer são:• sul da América do Sul: Chile, Argentina e Uruguai• Turquia e Israel• Oceania (Austrália, Nova Zelândia)• Sudeste asiático (Japão, Hong Kong, Cingapura)• Cuba e Malásiab) A esperança de vida ao nascer está diretamente relacionada com as condições econômicas e sociais de

cada país e de seu povo. Nos países ricos, a esperança de vida apresenta índices elevados, em virtudedas condições gerais de renda elevada, atendimento médico, educação, securidade social e infra-estrutu-ra disponíveis para a população (IDH). Nos países indicados, estes valores também variam internamente,existindo diferentes índices de esperança de vida por regiões e por setores sociais.

a) Oceania, sul da América do Sul, como a Argentina, Chile e o Uruguai, Japão e alguns Tigres Asiáticos,alguns países da América Central.

b) Porque são regiões geralmente desenvolvidas e industrializadas, onde não há tanta desigualdade e pro-blemas sociais quando comparado com regiões subdesenvolvidas. Essas regiões desenvolvidas possuem,geralmente, baixo crescimento vegetativo e melhores condições de vida, permitindo que a população quevive nessas áreas desfrute de condições estáveis, porém há também desigualdades sociais nessas regi-ões, mas o nível de vida e de condições da população que vive nessas regiões é muito melhor que o nívelde vida das populações que vivem em regiões subdesenvolvidas. A partir dessas condições de vidaestável que estão relacionadas com níveis de industrialização econômica, PIB altos dentre outras coisascomo TM e TN baixas, pouco índice de analfabetismo é que há em decorrência e conseqüência dissouma maior expectativa de vida nessas regiões.

a) da Europa Ocidental e América Anglo Saxônica, estão num nivel elevado de desenvolvimento econômicoe social isso faz com que a expectativa de vida almente. Já na região da oceania, é uma região pouco

Banco Mundial, 1994.

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Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Comentários

habitada, onde a preservação natural e dos costumes nativos são o fator contribuinte p/ maior expectativade vida. América do norte e América do sul

b) Por causa da localização geográfica, por causa do clima, melhores condições de vida, etc.

Esta questão foi a mais fácil desta prova, com a maior média: 3,69. A simples interpretação do temaapresentado no mapa, e a localização de alguns países e/ou regiões já garantia ao candidato 3 pontos (item a).

O item b tinha por objetivo uma interpretação mais elaborada. Assim, além de reconhecer as regiões domundo onde há maior expectativa de vida, o candidato deveria associar este indicador demográfico às ques-tões sociais e político-econômicas dos países em questão. Atingindo este objetivo o candidato obtinha osoutros 2 pontos. Tendo em vista que os candidatos não avaliaram as diferenças espaciais, a expectativa inicialde pontuar as desigualdades sócio-espaciais neste item foi abandonada e substituída pela abordagem político-econômica.

QUESTÃO 18

Data do século passado a entrada de norte-americanos no Brasil. Eram principalmente confederados fugi-dos da Guerra de Secessão dos E.U.A. Entretanto, nada ficou entre nós desse contato, com exceção dafundação da cidade de Americana, no Estado de São Paulo, e da instituição de ensino Mackenzie, na cidadede São Paulo. (...) Apesar de poucos imigrantes norte-americanos no Brasil, se comparados com outrospovos, a influência dos E.U.A. na vida brasileira tornou-se marcante através do tempo. (Melhem Adas,Panorama Geográfico do Brasil)a) Cite dois exemplos da influência cultural que os EUA exercem na sociedade brasileira.b) Por que a influência norte-americana no mundo assumiu proporções tão grandes após a Segunda Guerra

Mundial?

a) Existem inúmeros exemplos da influência norte-americana no país. Pode-se citar a influência na lingua-gem, que está permeada de termos originários do inglês, utilizados em inúmeros produtos e estabeleci-mentos comerciais ou de serviços; o inglês passou a ser língua obrigatória para os que querem se capa-citar a empregos, navegar na Internet, etc; influência no vestuário, com o uso do já tradicional jeans;influência na música ... (influência econômica, com o dólar sendo a moeda padrão ou referência de valorda moeda nacional; influência política, com inúmeras decisões locais tomadas para atender diretrizesexternas, tais como o “Consenso de Washington”; etc.)

b) A influência norte-americana assumiu grandes proporções primeiramente em virtude da expansão econô-mica e militar dos EUA a partir da Primeira Guerra Mundial e, mais fortemente, depois da SegundaGuerra Mundial, com a divisão do mundo em dois blocos. O Brasil ficou na área de influência direta dosEUA, que procuraram impedir o avanço de idéias e forças de esquerda (comunistas) no Brasil, com aajuda política e militar de setores da sociedade brasileira. Com o declínio do bloco socialista, os EUApassaram a atuar como a “polícia do mundo”, intervindo militarmente, direta ou indiretamente, eminúmeros pontos do planeta. Além do aspecto militar, alicerçado nos mais avançados conhecimentostecnológicos e científicos, os EUA detêm o poder econômico, sendo o país mais rico do planeta, sediandogigantescas corporações transnacionais e abrigando em seu território diversas instituições internacionais.Em síntese, a influência dos EUA decorre principalmente de seu poderio bélico e econômico. A imposiçãoda língua inglesa como universal, além de fatores históricos, é decorrência deste poderio.

a) Rock rool na música e na alimentação a criação de sistemas de self-service e lanchonetes como MacDonnald’s.

b) Com o fim da 2ª Guerra Mundial, iniciou-se a Guerra Fria, dividindo o mundo em duas esferas deinfluência, a dos Estados Unidos e União Soviética. O primeiro defendia o capitalismo e o segundo osocialismo. Para ampliar suas zonas de influência, os Estados Unidos investiram enormes somas decapitais, com o envio de dólares através de seus bancos, empresas e multinacionais, tanto na América eÁsia como na África. O plano Marshall é um exemplo desse fato, pois financiou o crescimento da EuropaOcidental – arrasada após a Grande Guerra. Também seguindo a política do Big Stick, foram promovidasditaduras nos países americanos. Simultaneamente, através da publicidade, da mídia, o país do Tio Sampregava o ideal de felicidade como sendo o seu, como a compra de automóveis, eletrodomésticos etc.,financiando e proporcionando o crescimento de suas empresas e indústrias. Sem mencionar a Conferên-cia de Bretton-Woods, na década de quarenta, com a adoção do dólar como moeda padrão mundial.

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120

Geografia

Respostaesperada

Comentários

a) Uso de marcas americanas. Costumes alimentícios.b) Por ter uma grande importância econômica para a maioria dos países do mundo.

A média desta questão foi de 2,81, o que nos permitiu considerá-la como uma questão de nível médio dedificuldade, juntamente com as questões 13 e 16.

No item a, bastava que o candidato citasse dois exemplos de influências norte-americanas na sociedadebrasileira para obter 2 pontos. Os exemplos mais freqüentes foram a língua, a música e os hábitos de alimen-tação e vestimentas. A grande maioria dos candidatos atingiu os dois pontos neste item.

Para explicar as principais razões da influência norte-americana no mundo, o item b exigia do candidatoalguns elementos da história econômica e política do pós-guerra, até o período contemporâneo. Como esteitem exigia uma maior elaboração para a confecção da resposta, a banca considerou que seria mais operaci-onal para a discriminação dos candidatos que este item, por si só, valesse 3 pontos.

QUESTÃO 19

Estão reproduzidas abaixo duas gravuras (retiradas de Leonardo Benevolo, História da cidade) que repre-sentam uma cidade cristã em 1440 e em 1840.

a) Identifique as principais alterações ocorridas na paisagemb) Explique por que essas alterações ocorreram.

a) Trata-se de uma cidade localizada às margens de um rio, como é o caso de inúmeras cidades européiasque se desenvolveram no final da Idade Média. Em 1440, a cidade encontrava-se cercada por umamuralha e dominada pelas torres de inúmeras igrejas e catedrais em estilo gótico e pelos mosteiros econventos na periferia. Em 1840, os espaços vazios e áreas verdes existentes foram ocupados pelasfábricas e edificações com vários pavimentos (verticalizações). Houve um adensamento habitacionalmuito grande. As chaminés das fábricas, dispostas lado a lado com as torres das igrejas, passaram aexpelir gases poluentes, tornando o ambiente da cidade bastante insalubre. Houve um crescimentodemográfico acentuado e o espaço urbano expandiu-se, rompendo os limites da muralha, com o surgi-mento de muitos subúrbios, onde se instalaram novas indústrias.

b) O processo de industrialização transformou radicalmente a cidade, imprimindo um rápido crescimentopopulacional e modificando a estruturação de seu espaço urbano. Nesse período ocorre um enfraqueci-mento do poder da Igreja na sociedade e este fato é fortemente representado na estruturação da paisa-gem urbana.

Exemplo de notaabaixo da média

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Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Comentários

a) Na primeira figura, há muitas igrejas do estilo gótico, e estas são os pontos mais altos da cidade, juntocom o castelo feudal. Há também uma muralha em torno da cidade. É uma figura típica do feudalismo.Na segunda, vê-se muitas indústrias, prédios altos, templos de religiões diferentes da católica. As igrejasfeudais perdem espaço para a urbanização e industrialização

b) Entre 1440 e 1840 ocorreram a Reforma Protestante, que diminuiu muito o poderio da Igreja e possibilitousurgimento de novas religiões, a Revolução Comercial, que acabou com o feudalismo e tirou o poder dossenhores feudais, e a Revolução Industrial, que trouxe a urbanização e muitas indústrias às principais cidades.

a) Na primeira paisagem as construções eram arquitetônicas. Na segunda indústrias começaram a tomarespaços e construções mais altas, também surgiram.

b) Essas transformações ocorreram por causa do desenvolvimento de novas técnicas de produção e novastécnicas arquitetônicas.

A média desta questão foi 3,01, o que nos permitiu situá-la entre as três questões mais fáceis da prova. Amaior média ficou para a área de Humanas: 3,17.

Aparentemente fácil, gerou uma certa dificuldade na correção. A proposta era clara: a apresentação deduas figuras, representando a cidade em dois períodos, o feudal e o industrial. O item a pedia apenas aidentificação das principais alterações ocorridas na paisagem, tendo como referência os dois períodos (esteitem valia 2 pontos). O item b pedia a explicação das alterações ocorridas (este item valia 3 pontos).Muitoscandidatos simplificaram demais a resposta do item a, remetendo às principais transformações mas sinteti-zando a resposta em textos pouco elaborados, tais como: “Surgimento de indústrias e residências”. O item btinha por objetivo que o candidato apontasse, em linhas gerais, os processos de industrialização, urbanização,êxodo rural, perda do poder da Igreja em relação ao poder mercantil. A urbanização, o êxodo rural e a indus-trialização foram processos evidentes para a maioria dos candidatos, enquanto a perda da centralidade e dopoder da Igreja em relação ao mercantilismo só foi explorada por alguns.

QUESTÃO 20

A Venezuela tem sido presença constante na imprensa nos últimos meses. O Governo Hugo Cháves, eleitopor uma frente de coalisão de esquerda, tem encontrado grandes dificuldades para executar o seu programade governo baseado, segundo ele, nos ideais de Simon Bolívar. Cháves é crítico ao chamado neoliberalismoselvagem que vê disseminado por toda a América Latina, numa guinada anti-EUA e pró América Latina,sendo que o Brasil é prioridade na diplomacia venezuelana.a) Quais seriam as possíveis conseqüências econômicas para a Venezuela se fosse efetivado um rompimen-

to com os EUA? Justifique sua resposta.b) Por que o Brasil é prioridade na diplomacia venezuelana?

a) Como o Governo Hugo Cháves prega uma política anti-EUA e anti-neoliberalismo selvagem na AméricaLatina, certamente um rompimento com os EUA poderá provocar uma pressão forte da potência parainviabilizar a política de Cháves. Isso ainda poderia ser agravado pelo fato dos EUA serem um dosprincipais compradores de petróleo venezuelano que é comercializado nos EUA através de uma rede depostos de gasolina venezuelana e o principal fornecedor de produtos manufaturados para a Venezuela.

(3 pontos)b) Em virtude do papel estratégico que o Brasil possui na América do Sul, e pelo seu amplo mercado

consumidor, poderia constituir uma alternativa comercial para produtos venezuelanos, intensificando ocomércio bilateral, incluindo melhorias no setor de circulação das mercadorias entre os dois países. OBrasil é também um grande comprador do petróleo venezuelano e principal parceiro da Venezuela naAmérica Latina. (2 pontos)

a) Assim como os outros países da América Latina, a Venezuela tem uma grande dívida externa e dependede recursos internacionais e do Fundo Monetário Internacional. Apesar de ser grande produtora de petró-leo, de exportar grande quantidade dele e fazer parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores dePetróleo), a economia da Venezuela enfrenta grave crise. Crise que é agravada com os constantes ataquesde guerrilheiros que desestabilizam mais o governo. Assim, um rompimento com os EUA implicaria emmuitas sansões econômicas por parte dos EUA – o que agravaria a crise. A Venezuela, muito dependentede produtos importados, poderia até ficar alijada do processo de exportação do Petróleo.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

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122

Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Comentários

b) Por que o Brasil é o maior país da América Latina, membro de peso no Mercosul e pode ser um aliado depoder em caso de necessidade política. O Brasil importa ainda mais ou menos 40% do petróleo aquiconsumido e tem na população brasileira um grande mercado consumidor.

a) Um possível rompimento com os EUA traria grave crise econômica à Venezuela, que não teria comoescoar sua produção, já que mantém balanço comercial positiva com os EUA.

b) O Brasil seria uma saída para o escoamento da produção venezuelana caso se efetue o rompimento comos EUA.

Esta questão apresenta a terceira média mais baixa da prova: 1,97 (superior apenas às das questões 21 e22). Demandou um conhecimento mais específico do candidato, o que pode explicar as médias relativamentemais baixas. Muitos candidatos associaram a situação da Venezuela à de Cuba fazendo, a partir desta associ-ação, uma análise genérica do boicote econômico e político. Apesar disto não ter sido previsto na grade, comogrande parte dos candidatos se utilizaram deste recurso, acabou sendo considerado na avaliação. Devido àespecificidade do tema abordado, a maioria dos candidatos fizeram abordagens genéricas; poucos consegui-ram apresentar todos os itens esperados pela grade: política econômica, boicote comercial, retirada de inves-timentos, crise na exportação de petróleo.

No item b, a alusão a uma possível relação comercial entre o Brasil e a Venezuela não foi consideradacorreta, tendo em vista a forte relação econômica já existente entre os dois países. Contudo, bastava o candi-dato citar a importância econômica e política (estratégica no Cone Sul) para atingir os 2 pontos.

QUESTÃO 21

Relações entre as cidades em uma rede urbanaEsquema Clássico Esquema Atual

a) Explique como funciona o esquema clássico de rede urbana.b) Como se justificam as novas formas de relações entre as cidades?

a) O esquema clássico estabelece uma hierarquia de relações entre as diferentes cidades, segundo a qual ascidades estabelecem suas interações com as cidades imediatamente inferiores ou superiores. Assim, acidade local exerce influências e é influenciada pela vila e pelo centro regional. A vila porém, não teminterações diretas com o centro regional, devendo “passar” primeiramente pela cidade local. O nível maiselevado nessa hierarquia de rede urbana é a metrópole nacional. (2 pontos)

b) Analisando o esquema atual, pode-se afirmar que as relações concretas entre as cidades contemporâne-as não seguem a hierarquia do modelo clássico de rede urbana. As interações entre as cidades tem sidoalteradas pelo desenvolvimento tecnológico, pela evolução no sistema de transportes e de comunicaçãoo que permite a quebra na hierarquia urbana e mudanças nas formas das cidades se relacionarem entresi, permitindo uma maior flexibilidade nas relações entre cidades, através da dessiminação (descentrali-zação maior) dos fluxos e das relações entre as cidades de diferentes dimensões. (3 pontos)

a) Segundo o modelo clássico de rede urbana, as diferenças entre os lugares é realizada pelo critério deatuação em outros. Assim, a metrópole nacional (no Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro) influencia todo o

Exemplo de notaabaixo da média

metrópole nacional

metrópole regional

centro regional

cidade local

vila

metrópole regional

centro regional

cidade local

vila

metrópolenacional

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123

Geografia

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Comentários

país. A metrópole regional atua em outras regiões e recebe influências da metrópole nacional. Comoexemplo temos Belém, Fortaleza e Recife. Os centros regionais (Campinas, Sorocaba) é catalisado pelametrópole regional, mas exerce influência nas cidades locais que influenciam vilas.

b) Atualmente não há escalas que generalizem a rede urbana. Quaisquer áreas influenciam outras não pelotamanho dessa, mas pelos setores político-econômicos e sociais. Mesmo ma pequena cidade pode influ-enciar maiores centros urbanísticos, dependendo de seu avanço tecnológico.

a) O sistema clássico funciona como uma hierarquia patriarcal cheia de burocracias e com o caminhodeterminado pelo grau de força e grandeza de cada lugar parece uma escada de poder.

b) Hoje se sabe que os problemas têm de serem resolvidos diretamente entre as partes envolvidas diminu-indo a burocracia e agilizando as soluções.

Esta pode ser considerada como uma questão difícil em comparação com as demais desta mesma prova.Sua média foi de 1.93 e cerca de 62% dos candidatos obtiveram nota 2 ou menos que 2 (por volta de 41%obtiveram nota2). O objetivo desta questão era o comparar as concepções clássica e moderna de rede urbanae analisar as transformações nas relações entre as cidades contemporâneas diante do avanço tecnológico e daglobalização da economia. O baixo desempenho dos candidatos pode ser explicado pelo fato de não se trata deum tema comum nas provas de Geografia dos concursos vestibulares, embora seja um tema clássico daGeografia urbana. Faltou assim conhecimento para a maioria dos candidatos, que têm se deparado nos últi-mos anos com questões que exigem interpretações de problemas urbanos específicos e não conhecimentoconceitual a respeito das formas de funcionamento das cidades.

QUESTÃO 22

A região dos Bálcãs é uma das mais conflituosas da Terra. As freqüentes intervenções das potências ociden-tais nessa região têm contribuído para aumentar ainda mais a tensão.a) Cite duas potências ocidentais que se envolveram no conflito ocorrido nessa região no primeiro semestre

de 1999.b) Por que houve o envolvimento dessas potências?c) Quais são os interesses conflitantes locais?

a) Estados Unidos da América e Inglaterra, agindo em nome da OTAN. (1 ponto)b) As nações ocidentais justificaram sua interferência alegando razões humanitárias em função do genocí-

dio praticado pela Sérvia no Kosovo. A Sérvia tem sido apoiada historicamente pela Rússia (ex-URSS), eo que se buscava era afirmar a hegemonia americana e mesmo européia, para evitar a imigração maciçade kozovares para os países europeus. (2 pontos)

c) A região toda vive o conflito entre as repúblicas da antiga Iugoslávia, destacando-se nos conflitos recentesas rivalidades entre sérvios e albaneses, aparentemente por motivos étnico-religiosos: os albaneses doKosovo (em sua maioria islâmicos/muçulmanos) buscam a independência da Sérvia (em sua maioria deorigem eslava e cristã ortodoxa). (2 pontos)

a) Estados Unidos e Inglaterra.b) Ambas almejavam criar na região mencionada zona de influência de suas economias e de seus sistemas

políticos. No entanto, alegam, oficialmente, que suas intervenções tem caráter pacífico.c) Após a morte de Tito, na década de oitenta, ressurgiu na região movimentos separatistas que culminaram

na desagregação e emancipação da Iuguslávia (a qual pertenciam) de alguns países, como a Croácia,Bósnia-Herzegovina. A Iuguslávia ficou formada então por duas repúblicas: Sérvia e Montenegro. ASérvia é formada por duas províncias, sendo uma delas Kosovo. Esta procurava conquistar sua indepen-dência, por ser a maioria albanesa e islâmica. O que era negado pela maioria eslava e católica-ortodoxada Iuguslávia, tendo em vista fatores históricos. A ONU, com o voto os Estados Unidos e Inglaterra,países pertencentes ao Conselho de Segurança e com poder de veto – ordenou à OTAN atacar a região,com intuitos pró-kosovares.

a) Estados Unidos e União Soviética.

Exemplo de notaabaixo da média

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124

Geografia

Comentários

b) Porque a região dos Bálcãs estavam escondendo armas nucleares, que poderiam colocar em risco a vidade toda a humanidade.

c) Fazer com que as grandes potências, usem suas armas, para assim poderem acabar com as tais.

Esta questão, com 0,84 de média, foi a mais difícil da prova de Geografia. Cerca de 35% dos candidatosobteve nota zero e 30,6% nota 1.

Esta questão tinha por objetivo caracterizar os conflitos étnicos da Ex-Iugoslávia e analisar os interessesgeopolíticos das potências ocidentais na região dos Bálcãs. Sem saber direito de qual conflito armado setratava, e de suas causas efetivas, muitos candidatos procuravam responder de acordo com fórmulas antigas,aprendidas para outros contextos histórico-geográficos. Respondiam, por exemplo, tendo como referência aGuerra Fria, que se tratava de uma disputa hegemônica entre Estados Unidos e Rússia (ex-URSS). Partindo dopressuposto errado, respondiam incorretamente também os demais itens, obviamente. Outro modelo de res-posta muito encontrado era o que remetia o conflito às questões de caráter étnico-religioso, porém de acordocom o modelo usual os católicos ou cristãos (ocidentais) estão contra as etnias de origem árabes (islâmicos oumuçulmanos). Assim, a Iuguslávia só poderia ser muçulmana e os albaneses católicos, invertendo-se assim aordem dos fatos. Outros, ainda, tentando responder a questão, mas sem dispor dos conhecimentos necessá-rios, tentavam responder pelo óbvio: se é uma guerra, deve ser por território e poder ou por independênciapolítica.

É preciso, portanto, mais atenção para com os problemas contemporâneos, procurando entendê-los deacordo com os processos históricos concretos que conferem à cada região do planeta ou a cada lugar e a cadaterritório características peculiares identificadas a situações geográficas específicas e que não podem sertratadas de forma genérica.

QUESTÃO 23

As figuras abaixo representam o ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica da Grã-Bretanha. A armazena-gem, em cada etapa do ciclo, corresponde à área pontilhada conforme a porcentagem do total de água queprocessa. A espessura dos fluxos é proporcional à importância de cada etapa do fluxo da água.

Fluxo para os oceanos

Dav

id D

rew

, Pr

oces

sos

inte

rati

vos

hom

em-m

eio

ambi

ente

. Sã

o Pa

ulo,

Dife

l, 1986.

Situação 1Área sob utilização agrícola

Situação 2Alterações no ciclo hidrológico após umaintensiva urbanização na área da bacia

precipitação(entrada)

evaporaçãoescoamento

infil

traç

ãope

rcol

ação

fluxo

fluv

ial

entr

ada

para

o r

io d

e ou

tras

bac

ias

fluxo

fluvi

al

transpiração

escoamento

descargasubterrânea

evapotranspiração(saída)

armazenagemda superfície

armazenagemdo solo

armazenagemlacustre

armazenagemsubterrânea

Armazenagem

Transferência

precipitação(entrada)

evaporaçãoescoamento

infil

traç

ãope

rcol

ação

fluxo

fluv

ial

entr

ada

no r

io d

e ou

tras

bac

ias

fluxo

fluv

ial

transpiração

escoamento

descargasubterrânea

fluxo para os oceanos(saída)

evapotranspiração(saída)

armazenagemde superfície

armazenagemdo solo

armazenagemsubterrânea

armazenagemlacustre

Armazenagem

Transferência

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125

Geografia

Respostaesperada

Comentários

Respostaesperada

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

a) Compare o armazenamento subterrâneo e o escoamento superficial nas situações 1 e 2.b) Quais as conseqüências ambientais decorrentes das mudanças observadas?

a) Na situação 1, o ciclo hidrológico pode ser descrito pela água que entra e é armazenada na superfície,fornecendo maior volume para a evaporação e infiltração, que irá abastecer a armazenagem do solo; umapequena parcela escoa superficialmente. Da água armazenada no solo (cerca de 75% da água é armaze-nada na superfície), praticamente quantidades iguais são transferidas à transpiração, à percolação e aoescoamento que abastecerá os rios. Da armazenagem subterrânea (cerca de 20% da armazenagemsuperficial), ocorre a descarga para o fluxo fluvial. Na situação 2, com a intensa urbanização, e conse-qüentemente grande impermeabilização do solo, ocorre a diminuição drástica da água armazenada nosolo e nenhuma armazenagem subterrânea. Os fluxos para evapotranspiração diminuem, pois o escoa-mento superficial é acelerado e muito alto. (2 pontos)

b) As mudanças no ciclo hidrológico, com a supressão de algumas etapas de armazenagem e redução dosfluxos entre diversas armazenagens, provocam o aumento apenas do fluxo fluvial. Como consequênciapode-se ter a aceleração dos processos erosivos, assoreamento dos cursos de água pelo transporte desedimentos. provocando a possibilidade de enchentes, reduzindo a alimentação do lençol freático econseqüentemente diminuindo a reserva dos mananciais. (3 pontos)

a) Na área sob utilização agrícola percebemos que há infiltração de água e consequente armazenagemsubterrânea portanto ocorrendo pouco escoamento superficial. Já nas áreas urbanizadas, percebemosuma “impermeabilização” do solo que resulta na inexistência da armazenagem subterrânea e um índiceavassalador de escoamento superficial.

b) Com a “impermeabilização” do solo, observaremos o empobrecimento do mesmo e um aumento nonúmero de enchentes (e doenças como a leptospirose) decorrentes da não infiltração das águas nasuperfície.

a) Tanto o armazenamento subterrâneo quanto o escoamento são melhores na situação 1 que na 2. Oarmazenamento subterrâneo não ocorre na situação 2 e o escoamento é maior também.

b) Essas mudanças geram extinções de espécies, assim como morte de vegetação nativa que não consegueretirar água do solo.

A média desta questão (2,16) situa-a dentre as questões consideradas difíceis nesta prova. Cerca de 38%dos candidatos obteve nota entre 1 e 2 e por volta de 35% entre 3 e 4. Esta questão coloca-se dentre aquelasque podem ser bem respondidas mesmo sem que se tenha conhecimentos específicos sobre o tema. Seusobjetivos eram a leitura e interpretação de representação gráfica e o reconhecimento dos impactos provocadospelo uso do solo no ciclo hidrológico. Os candidatos melhores preparados, que dominam as habilidadesconsideradas indispensáveis para o prosseguimento dos estudos em nível superior, podem conseguir bonsresultados interpretando logicamente o gráfico e deduzindo as conseqüências ambientais advindas dos pro-cessos descritos.

QUESTÃO 24

Sobre o aquecimento da Terra e o efeito estufa. Pode-se estar certo de que, apesar do contínuo crescimentodo teor em CO2 da atmosfera desde os começos da era industrial, o clima não conheceu aquecimento noséculo XX. As normais medidas entre 1951 e 1980, em relação às do período 1921-1950 mostram, aocontrário, uma baixa (não significativa) de – 0,3º. De qualquer modo, a evolução é muito lenta, e dezenas deanos são necessários para que se registre uma mudança climática. O apocalipse anunciado - fusão deglaciares, elevação do nível do mar etc. - não é seguramente para amanhã. Se é necessário lutar contra apoluição, a degradação do meio ambiente, devemos fazê-lo com os olhos abertos, com base em análisescientíficas e não nos limitando a gritar: “está pegando fogo!”. (Bernard Kayser, Pour une analyse nonconformiste de notre société, fev. 92, (mimeo) apud Milton Santos, Técnica, Espaço e Tempo)a) O que é o efeito estufa?b) Em que se baseia o autor na sua crítica aos que anunciam o apocalipse relacionado às mudanças

climáticas?

a) o efeito estufa é uma explicação científica para o aquecimento do clima na Terra, com elevação média de0,5 graus no último século. Essa teoria afirma que esse aquecimento é originado do aumento do gás

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126

Geografia

Comentários

carbônico (CO2) na atmosfera, o qual, junto com outros gases (metano, p.ex.) funcionam como retentoresde parte do calor refletido pela Terra, após receber energia solar. O aumento da concentração de gáscarbônico estaria relacionado com o advento da era industrial, consumo de combustíveis fósseis, desma-tamentos e queimadas das florestas e atividades vulcânicas. (3 pontos)

b) A crítica aos apocalípticos refere-se ao alarmismo que estes provocam na população, apregoando amudança climática, e a condenação a priori de algumas fontes de CO2, como as indústrias e o desmata-mento, como responsáveis pelo aquecimento do planeta, quando ainda não se tem confirmado se estassão realmente as causas, ou se são intensificadores de causas naturais, astronômicas inclusive. Dado operíodo curto de observações climáticas, podemos estar vivendo um novo ciclo de aquecimento geral doclima no planeta, independentemente da ação antrópica. Além disso, o autor ressalta que o processo demudança climática é muito lento e que não há maiores estudos científicos que o comprovem e quemostrem sua causa. (2 pontos)

a) É o aquecimento global da terra. Os gases poluentes emanados pelas indústrias, carros, queimadas,ficam acumulados na atmosfera terrestre, impedindo que os raios solares que atingem a terra sejamrefletidos de volta ao espaço. Logo a temperatura tende a aumentar.

b) Na falta de base científica daqueles que se dizem “profetas do apocalipse”. Não basta apenas sair por aídizendo que o mundo vai acabar, é preciso fazer uma série de experimentos científicos para se chegar auma conclusão lógica e racional.

a) É o derretimento das calotas polares decorrentes da poluição e o aquecimento elevado do globo terrestredevido a destruição da camada de ozônio.

b) Com o aumento da temperatura global pode haver um derretimento das calotas polares, o que elevaria onível do oceano e inundaria os países litorâneos, e com o passar do tempo todos os continentes, o quesignificaria o fim do mundo. O autor critica, pois há muito alarme por parte dos ecologistas e na verdadeo que se deveria fazer era oferecer alternativas ao uso de produtos que liberam CO2.

A média desta questão, 2,26 também permite classificá-la como difícil. 39% dos candidatos obteve notaentre 2 e 1 e 41% entre 3 e 4, o que permite considerar que, como para a questão anterior, os candidatos maispreparados, dominando melhor as habilidades necessárias, nesta caso a leitura e a interpretação de textos,tinham grandes possibilidades de chegar a um bom resultado. Os objetivos aqui eram: definir efeito estufa eestabelecer sua relação com as atividades antrópicas e analisar e criticar a ação e discurso dos ambientalis-tas., a partir do texto apresentado. Acontece que o texto fazia referência a vários fenômenos: efeito estufa,fusão de glaciares, elevação do nível do mar (que se sabe relacionada ao derretimentos das calotas polares) oque levou uma parte significativa dos candidatos a generalizar em demasia, relacionando em inúmeras respos-tas de forma incorreta, o efeito estufa (aquecimento provocado pela concentração de CO2, como o próprio textodo enunciado menciona) com o aumento do buraco na camada de ozônio, provocado pelo uso do CFC.

Exemplo de notaacima da média

Exemplo de notaabaixo da média

Page 127: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

Page 128: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

128

Respostaesperada

Respostaesperada

As questões da segunda fase da prova de matemática procuram avaliar os conteúdos usualmentepresentes no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. As primeiras questões envolvem apenas asnoções básicas de matemática além da capacidade de leitura e raciocínio; as questões intermediáriasenfocam, normalmente, os conteúdos de quinta a oitava séries e as últimas dizem respeito ao EnsinoMédio. Em quase todas as questões, mesmo nas mais complexas, um dos itens é uma pergunta simplescujo objetivo é levar o candidato até o final da prova. Além disso, a maioria das questões envolve, cadauma delas, diversos tópicos do conteúdo programático.

QUESTÃO 1

Um determinado ano da última década do século XX é representado, na base 10, pelo número

abba

e umoutro, da primeira década do século XXI, é representado, também na base 10, pelo número

cddc

.a) Escreva esses dois números.b) A que século pertencerá o ano representado pela soma

abba+cddc

?

a)

abba

= 1991 e

cddc

= 2002Resposta: Os números pedidos são 1991 e 2002.

(2 pontos)

b) 1991 + 2002 = 3993 (século 40)Resposta: A soma é igual a 3993, que representa um ano do século XL

. (3 pontos)

Questão simples, cujo objetivo é saber representar um número e reconhecer o século ao qual um dadoano pertenceu. Muitos candidatos não sabem escrever um número em algarismos romanos – esta formaainda é usada em situações específicas. Entretanto, quando o candidato respondeu corretamente, escre-vendo apenas século 40, isto foi considerado satisfatório. A nota média, considerados os candidatos pre-sentes [13.910], foi de 3,94 na escala [0 – 5].

QUESTÃO 2

A soma de dois números positivos é igual ao triplo da diferença entre esses mesmos dois números. Essadiferença, por sua vez, é igual ao dobro do quociente do maior pelo menor.a) Encontre esses dois números.

b) Escreva uma equação do tipo

x

2

+

bx

+

c

= 0 cujas raízes são aqueles dois números.

a) Sejam

x

e

y

os dois números, e suponhamos que

x

>

y

. A partir do enunciado, podemos escrever oseguinte sistema linear de duas equações e duas incógnitas:

Da primeira equação obtemos

x

= 2

y

e, fazendo-se a substituição na segunda equação, tem-se:

2y – y = 2 = 4, ou seja,

y

= 4 e, portanto,

x

= 8.

Resposta: Os números pedidos são 8 e 4

. (3 pontos)

b) Das relações entre raízes e coeficientes de uma equação do segundo grau com

a

=1, podemos escrever:

x

+

y

= 8 + 4 = 12 = –

b

e

xy

= 8 4 = 32 =

c

.

Resposta: A equação do segundo grau é

x

2

– 12

x

+ 32 = 0

(2 pontos)

Um dos objetivos dessa questão foi a transcrição em linguagem matemática. O candidato deveria dei-xar claro qual dos números,

x

ou

y

, seria tomado como o maior deles, para equacionar corretamente. Umerro freqüente foi apresentar a resposta como um polinômio e não como equação. A questão foi resolvidacorretamente pela maioria dos candidatos e a média nessa questão foi de 3,04 na escala [0 – 5].

x y+ 3 x y–( )=

x y– 2 x y

------=

2yy

------

Comentários

Comentários

Page 129: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

129

Respostaesperada

QUESTÃO 3

a) Quantos são os triângulos não congruentes cujas medidas dos lados são

números inteiros

e cujos perí-metros medem 11 metros ?

b) Quantos dos triângulos considerados no item anterior são eqüiláteros ? E quantos são isósceles ?

a) Sejam

a

,

b

e

c

as medidas, em metros, de 3 segmentos. Para que esses 3 segmentos formem um triân-gulo de perímetro 11, devemos ter:

a

+

b

+

c

=11;

a

<

b

+

c; b

<

a

+

c

e

c

<

a

+

b

.

Então: 11 =

a

+

b

+

c

<

b

+

c

+

b

+

c

= 2 (

b

+

c

).

Como

a

,

b

e

c

são números naturais e

b

+

c

> 5,5, segue-se que

b

+

c

6. Somando

a

aos dois mem-bros dessa última desigualdade, temos:

11

6 +

a

o que implica

a

5.

O mesmo vale para

b

e

c

, ou seja, todos os 3 números são menores ou iguais a 5. Podemos entãoconstruir a seguinte tabela:

Observando que permutações dos mesmos números produzem triângulos congruentes, podemos con-cluir que existem apenas os 4 triângulos não congruentes apresentados na tabela acima.

Resposta: Existem apenas 4 triângulos não congruentes cujos lados são números inteiros (positivos) ecujos perímetros medem 11 metros. São eles: (5, 5, 1), (5, 4, 2), (5, 3, 3) e (4, 4, 3).

(3 pontos)

b) Para que um triângulo de lados

a

,

b

e

c

seja equilátero é necessário que

a

=

b

=

c

e, portanto, 3

a

=3

b

= 3

c

= 11.

Como 11 não é divisível por 3, segue-se que

a

,

b

e

c

não podem ser inteiros, ou seja, não existe triân-gulo equilátero com lados inteiros e perímetro igual a 11. Esta mesma conclusão pode ser obtida a par-tir da resposta (a), observando-se que nenhum dos 4 triângulos possíveis é equilátero. Os triângulosisósceles são: (5, 5, 1), (4, 4, 3) e (3, 3, 5), totalizando 3 triângulos

.

Resposta: Nenhum triângulo é equilátero e três triângulos são isósceles.

(2 pontos)

Esta questão avalia vários conceitos básicos de geometria e aritmética, especialmente as condiçõespara a existência de triângulos e a noção fundamental de congruência de triângulos. A média foi muitomenor que a da questão anterior, ficando em 1,47 na escala [0 – 5].

QUESTÃO 4

Em um certo jogo são usadas fichas de cores e valores diferentes. Duas fichas brancas equivalem a trêsfichas amarelas, uma ficha amarela equivale a cinco fichas vermelhas, três fichas vermelhas equivalem aoito fichas pretas e uma ficha preta vale quinze pontos.a) Quantos pontos vale cada ficha ?b) Encontre todas as maneiras possíveis para totalizar 560 pontos, usando, em cada soma, no máximo

cinco fichas de cada cor.

a b c

5 5 1

5 4 2

5 3 3

4 4 3

Comentários

Page 130: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

130

Respostaesperada

Respostaesperada

a) Seja

a

o número de pontos de uma ficha amarela,

b

o número de pontos de uma ficha branca,

v

onúmero de pontos de uma ficha vermelha e

p

= 15 o número de pontos de uma ficha preta. Então:2

b

= 3

a

,

a

= 5

v

, 3v = 8p e p =15.

Logo: v = 40, a = 200 e b = 300.

Resposta: Cada ficha vermelha vale 40 pontos; cada ficha amarela, 200 pontos; cada ficha branca,300 pontos. (2 pontos)

b) Para totalizar 560 pontos podemos usar, no máximo, 1 ficha branca. Usando uma ficha branca, restam260 pontos que podem ser obtidos com 1 ficha amarela e 4 pretas ou com 5 vermelhas e 4 pretas. Nãousando ficha branca, podemos usar 2 amarelas e 4 vermelhas. Estas são as únicas respostas possíveis.

Resposta: (i) 1 ficha branca, 1 amarela e 4 pretas. (ii) 1 ficha branca, 5 vermelhas e 4 pretas. (iii) 2amarelas e 4 vermelhas. (3 pontos)

A solução dessa questão exige uma análise cuidadosa mas nenhum conteúdo matemático mais pro-fundo. A parte (b) desta questão poderia também ser colocada no contexto de soluções inteiras não nega-tivas da equação: 15x + 40y + 200z + 300w = 560, onde x, y, z e w são as quantidades de fichaspretas, que valem 15 pontos, de fichas vermelhas, 40 pontos, fichas amarelas, 200 pontos e fichas bran-cas, 300 pontos. A maioria dos candidatos foi bem sucedida na resolução dessa questão, o que se refletiuna média de 3,84 na escala [0 – 5].

QUESTÃO 5

As diagonais D e d de um quadrilátero convexo, não necessariamente regular, formam um ângulo agudo.

a) Mostre que a área desse quadrilátero é .

b) Calcule a área de um quadrilátero convexo para o qual D = 8 cm, d = 6 cm e α = 30°.

a) No quadrilátero ABCF da figura abaixo:

Seja E o ponto de intersecção das diagonais D e d e sejam h1 e h2 as alturas dos triângulos ABC e ACF,

respectivamente. Então temos: h1 = sen α e h2 = sen α.

A área S do quadrilátero é igual à soma das áreas dos triângulos ABC e ACF, ou seja:

S = h1 + h2 = sen α + sen α =

= sen α = D d sen α (3 pontos)

b) Para calcular a área do quadrilátero para o qual D = 8 cm, d = 6 cm e α = 30°, basta observar que

sen 30° = e substituir na fórmula acima:

S = 8 6 = 12 cm2

Resposta: A área do quadrilátero é de 12 cm2. (2 pontos)

D d⋅2

-----------sen α

A

B

C

E

F

D

dh1

h2

α

BE ⋅ FE ⋅

1 2

------- ⋅ AC ⋅ 1 2

------- ⋅ AC ⋅ 1 2

------- ⋅ AC ⋅ BE ⋅ 1 2

------- ⋅ AC ⋅ FE ⋅

1 2

------- ⋅ AC ⋅ BE FE+( ) ⋅ 1 2

------- ⋅ ⋅

1 2

-------

1 2

------- ⋅ ⋅ ⋅ 1 2

-------

Comentários

Page 131: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

131

Respostaesperada

Os candidatos tiveram a oportunidade para “demonstrar” uma fórmula de geometria e, em seguida,aplicá-la. A decomposição de uma figura plana em triângulos é um procedimento importante e, nessecaso, muito simples. Convém observar que a parte (b) pode ser resolvida usando a parte (a) mesmo que ocandidato não tenha demonstrado a fórmula e muitos fizeram isso, o que contribuiu para que a nota médiadessa questão se aproximasse de 2, na escala [0 – 5]. Convém também salientar a dificuldade generali-zada com demonstrações – conseqüência do descuido com essa componente importante da matemática, enão somente da geometria, no ensino médio e no ensino fundamental. Além disso, muitos vestibulandosparticularizaram o quadrilátero, considerando-o um quadrado, ou um losango, um paralelogramo ou atémesmo um trapézio. Outros consideraram que as diagonais se cortam nos seus pontos médios ou que sãoperpendiculares. Na parte (b) a omissão da unidade foi o erro mais freqüente.

QUESTÃO 6

Suponha que o número de indivíduos de uma determinada população seja dado pela função: F(t) = a 2–bt,onde a variável t é dada em anos e a e b são constantes. a) Encontre as constantes a e b de modo que a população inicial (t = 0) seja igual a 1024 indivíduos e a

população após 10 anos seja a metade da população inicial.b) Qual o tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial?c) Esboce o gráfico da função F(t) para t ∈ [0, 40].

a) Fazendo t = 0 na expressão F(t) = a 2–bt tem-se: F(0) = a 2–b0 ⇒ a = 1024 = 210

De modo que já temos a = 210 e, conseqüentemente, F(t) = 210 2–bt =

Fazendo t = 10, tem-se: F(10) = 210 – 10.b = 1024 = 210 = 29, de onde podemos concluir que:

10 – 10 b = 9 e, portanto: b =

Resposta: a = 1024 = 210 e b = (2 pontos)

Observação: Para esta última conclusão estamos usando a “injetividade” da função exponencial y=2x, isto é:

“Se x1 e x2 são números reais tais que , então x1=x2”. No caso, 210 – 10 . b = 29 implica10 – 10 b = 9. Esta propriedade (injetividade) não é válida para todas as funções. Por exem-plo: cos(x1) = cos(x2) não implica x1=x2.

b) Vamos encontrar o valor de t para o qual F(t) = 210 = 27

Como a função F(t) = 210 – = 7 é decrescente (ou seja, diminui à medida que t aumenta), o valor de

t para o qual F(t) = 27 é o tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial.

Então, basta resolver a equação: = 27, ou seja : 10 – = 7, o que significa t = 30

Resposta: O tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial é de 30 anos.(1 ponto)

c) Devemos usar o resultados obtidos em (a) e (b) para escrever a tabela abaixo e depois traçar o gráficoda função no intervalo [0, 40].

t 0 10 20 30 40

F(t) 210 29 28 27 26

⋅ ⋅

⋅ 210( ) bt–

1 2

------- ⋅ 1 2

------- ⋅

⋅ 110-------

110-------

2x1 2

x2=

1 8 ------- ⋅

t10-------

210 t

10-------– t

10-------

Comentários

Page 132: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

132

Respostaesperada

Note que após cada período de 10 anos, F(t) se reduz à metade do valor no início do período.

(2 pontos)

O conhecimento da função exponencial y = ax é indispensável, visto que esta função descreve muitosfenômenos naturais importantes, como é o caso da variação populacional apresentada nesse exemplo.Observe que “à medida que t cresce, F(t) decresce”; entretanto, F(t) nunca será igual a zero, ou seja, ográfico não deve cortar o eixo horizontal, mesmo que t seja tomado como “arbitrariamente grande”. Seriainteressante analisar o que ocorre com a população descrita por essa função depois de 90 anos! A notamédia dessa questão, foi de 3,39 na escala [0 – 5].

QUESTÃO 7

Seja A a matriz formada pelos coeficientes do sistema linear abaixo:

a) Ache as raízes da equação: det(A)=0.b) Ache a solução geral desse sistema para= –2.

a) A matriz dos coeficientes do sistema linear dado é:

A =

Desenvolvendo-se pela primeira linha, temos:

det(A) = λ (λ2 – 1) – (λ – 1) + (1 – λ) = λ (λ2 – 1) – 2 (λ – 1) = (λ – 1) [ λ (λ+1) – 2] = (λ – 1) [λ2 + λ – 2].

As raízes da equação:

det(A) = (λ – 1) (λ2 + λ – 2) = 0 são dadas por:

λ – 1 = 0 e λ2 + λ – 2 = 0, ou seja, λ1=1, λ2=1, λ3= –2.

Resposta: As raízes da equação det(A) = 0 são: λ = 1 (dupla) e λ = –2. (3 pontos)

b) Para λ = –2, o sistema linear é:

10 20 30 40 anos

popu

laçã

o

2627

28

29

210

λx y z+ + λ 2+=

x λy z+ + λ 2+=

x y λz+ + λ 2+=

λ 1 11 λ 11 1 λ

2x– y z+ + 0=

x 2y– z+ 0=

x y 2z–+ 0=

Comentários

Page 133: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

133

Respostaesperada

Tal sistema é homogêneo, isto é, os termos constantes são todos iguais a zero, e, por isso, x = y = z = 0, ouseja (0, 0, 0) é uma solução. Assim sendo, este sistema é possível, isto é, possui pelo menos uma solução.Como para λ = –2, det(A) = 0, o sistema em questão é indeterminado. Isto quer dizer que o sistema temmais de uma solução e, por ser linear, tem na verdade infinitas soluções. Estas soluções podem ser encontra-das por escalonamento, por exemplo. Este método produz o seguinte sistema, equivalente ao inicial:

Podemos então concluir que x = z e y = z, ou seja: para cada valor atribuído à variável z, podemosencontrar os valores correspondentes para x e y. Fazendo então z = α tem-se: x = α e y = α.

Resposta: O conjunto solução do sistema para λ = –2 é (α, α, α); ∀α ∈ R (2 pontos)

Esta questão pretende avaliar: (i) O conceito de matriz dos coeficientes de um sistema linear e o cál-culo de seu determinante. (ii) Raízes de uma equação do terceiro grau e raízes múltiplas. (iii) Resolução deum sistema linear homogêneo indeterminado.

A média obtida pelos candidatos nessa questão foi de 1,25, bem abaixo da média esperada pela Banca.

QUESTÃO 8

Sejam A e B os pontos de intersecção da parábola com a circunferência de centro na origem e raio .a) Quais as coordenadas dos pontos A e B ?

b) Se P é um ponto da circunferência diferente de A e de B, calcule as medidas possíveis para os ângulos .

a) A equação da circunferência de centro na origem e raio é:

(x – 0)2 + (y – 0)2 = , ou seja, x2 + y2 = 2.

As coordenadas dos pontos de intersecção dessa circunferência com a parábola y = x2 são as soluçõesdo sistema não linear:

Substituindo y = x2 na primeira equação obtemos a equação biquadrada: x4 + x2 – 2 = 0, cujas raízesreais são: x1 = 1 e x2 = –1.

Como y = x2, temos um único valor correspondente para y, a saber: y = 1.

Resposta: Os pontos de intersecção são: A(1, 1) e B(–1, 1). (2 pontos)

x z– 0=

y z– 0=

2

APB

2

2( )2

x2 y2+ 2=

y x2– 0=

AB

1

–1

45° O

135°

P’

P’’

Comentários

Page 134: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

134

Respostaesperada

b) Vamos mostrar que o triângulo AOB, onde O é o centro da circunferência x2 + y2 = 2 e A e B são ospontos obtidos anteriormente, é retângulo.

De fato: = (–1 – 1)2 + (1 – 1)2 = 4 e + = 4.

Assim, + = e pela recíproca do teorema de Pitágoras, o triângulo AOB é retângulo.

Se P’ está no arco correspondente ao ângulo central de 90°, então o arco correspondente ao ânguloAP’B mede 270° e, portanto, o ângulo AP’B mede 135°.Se P’’ está no arco correspondente ao ângulo central de 270°, então o arco correspondente ao ânguloAP”B mede 90° e, portanto, o ângulo AP”B mede 45°.

Resposta: As medidas possíveis para o ângulo APB são 45° e 135°. (3 pontos)

Esta questão procura relacionar conhecimentos de álgebra e geometria. O fato matemático fundamen-tal é: a medida do ângulo central é o dobro da medida do ângulo cujo vértice está sobre a circunferência,ambos subentendendo o mesmo arco. A nota média foi muito baixa, talvez refletindo a separação álgebra/geometria que ainda é muito comum no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

QUESTÃO 9

Os lados de um triângulo têm, como medidas, números inteiros ímpares consecutivos cuja soma é 15.a) Quais são esses números ?b) Calcule a medida do maior ângulo desse triângulo.

c) Sendo α e β os outros dois ângulos do referido triângulo, com β > α, mostre que sen2 β – sen2 α < .

a) Sejam a, a + 2 e a + 4 os 3 números ímpares consecutivos que são as medidas dos lados do triângulo.

Então: a+ (a + 2) + (a + 4) = 15 o que implica de imediato a = 3.

Resposta: Os números são: 3, 5 e 7. (1 ponto)

b) Sabendo-se que o maior ângulo é oposto ao maior lado e utilizando a lei dos cosenos, temos:

72 = 32 + 52 – 2 3 5 cos θ ⇒ cos θ = .

Resposta: O maior ângulo é θ = 120° (2 pontos)

c) Pela lei dos senos: = = de onde concluímos que:

sen α = e sen β = uma vez que sen 120° = .

Então: (sen2 β) – (sen2 α) = – = <

Resposta: (sen2 β) – (sen2 α) < (2 pontos)

Esta questão explorou a trigonometria de um triângulo qualquer, em particular as leis do seno e do co-seno. Consideramos importante observar que θ > β > α visto que a omissão desse cuidado produziu erros

para muitos candidatos. Também é importante observar que o ângulo para o qual cos θ = é θ =120°

e não θ = 60°. Muitos candidatos chegaram a cos θ = e, conseqüentemente, erraram tudo.

A média final dos presentes nessa questão foi de 1,67; observamos que tal média é conseqüência da facilidadeda parte (a) que proporcionou 1 ponto aos candidatos que não desistiram antes de chegar a essa altura da prova.

AB2

AO2

BO2

AO2

BO2

AB2

1 4

-------

⋅ ⋅ 1–2

------

7sen 120°----------------------- 5

sen β-------------- 3

sen α--------------

3 314

----------- 5 314

----------- 32

-------

75196---------- 27

196---------- 48

196---------- 1

4-------

1 4

-------

1–2

------

1 2

-------

Comentários

Comentários

Page 135: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

135

Respostaesperada

Respostaesperada

QUESTÃO 10

Para representar um número natural positivo na base 2, escreve-se esse número como soma de potências

de 2. Por exemplo: 13 = 1 23 + 1 22 + 0 21 + 1 20 = 1101.

a) Escreva o número 26 + 13 na base 2.b) Quantos números naturais positivos podem ser escritos na base 2 usando-se exatamente cinco algarismos?

c) Escolhendo-se ao acaso um número natural n tal que 1 ≤ n ≤ 250, qual a probabilidade de que sejamusados exatamente quarenta e cinco algarismos para representar o número n na base 2?

a) Devemos escrever o número 26 + 13 como soma de potências de 2, isto é:

26 + 13 = 1 26 + 0 25 + 0 24 + 1 23 + 1 22 + 0 21 + 1 20 = 10011012.

Resposta: O número 26 + 13 = 7710 escreve-se na base 2 como 1001101. (1 ponto)

b) Um número que se escreve na base 2 com exatamente 5 algarismos é da forma:

1 24 + a 23 + b 22 + c 21 + d 20 onde a, b, c e d podem assumir valores 0 ou 1.

De modo que temos duas possibilidades para cada uma dessas quatro letras; pelo princípio multiplica-

tivo, podemos concluir que temos 24 possibilidades, ou seja, são exatamente 16 estes números.

Resposta: São 16 os números que se escrevem na base 2 usando exatamente 5 algarismos. (2 pontos)

c) Entre 1 e 250 temos 250 números naturais.

Representados na base 2 com 45 algarismos existem 244 números naturais – para ver isto basta repetiro raciocínio usado na parte (b). Portanto, a probabilidade pedida é igual a:

Resposta: A probabilidade é igual a . (2 pontos)

Essa questão abordou as noções básicas de contagem, sistema de numeração na base 2 e probabilidade. Oresultado evidencia que esses conceitos fundamentais ainda não são dominados pelos vestibulandos e, comoconseqüência, a média final foi uma das menores da prova de matemática: 0,73 na escala [0 – 5].

QUESTÃO 11

Considere a equação: .

a) Mostre que x = i é raiz dessa equação.b) Encontre as outras raízes da mesma equação.

a) Substituindo x = i na equação dada e lembrando que, para esse valor de x, x2 = –1, tem-se:

⇒ + 7 0 + 4 = 2 (–2) + 4 = 0

Resposta: x = i é raiz da equação dada. (2 pontos)

b) Se x = i é raiz da equação, como os coeficientes são reais, x = –i, que é o conjugado de i, também éraiz da mesma equação. Além disso:

⋅ ⋅ ⋅ ⋅

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅

244

250-------- 1

26----- 1

64-------= =

164-------

2 x2 1 x2-------+

7 x 1 x

-------+ 4+ + 0=

2 i2 1 i2

-------+ 7 i 1

i-------+

4+ + 0= 2 1– 1 i–

-------+ ⋅ ⋅

Comentários

Page 136: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

136

Respostaesperada

se, e somente se, 2x4 + 7x3 + 4x2 + 7x + 2 = 0.

Como x = i e x = –i são raízes dessa equação, segue-se que o polinômio p(x) = 2x4 + 7x3 + 4x2 + 7x + 2 é

divisível por (x – i) (x + i) = x2 + 1.

Na verdade: 2x4 + 7x3 + 4x2 + 7x + 2 = (x2 + 1) (2x2 + 7x + 2).

Resolvendo a equação do segundo grau 2x2 + 7x + 2 = 0, obteremos as raízes;

e .

Resposta: As quatro raízes da equação dada são: i, –i, , . (3 pontos)

Números complexos e raízes de polinômios são os tópicos envolvidos nessa questão. Estes conteúdossão, em geral, os últimos no programa do Ensino Médio e, por isso mesmo, nem sempre são tratados ade-quadamente. A média final foi de 1,86 pontos na escala de zero a cinco.

QUESTÃO 12

Seja P um ponto do espaço eqüidistante dos vértices A, B e C de um triângulo cujos lados medem 8 cm, 8 cme 9,6 cm. Sendo d(P, A)=10 cm, calcule:a) o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC;b) a altura do tetraedro, não regular, cujo vértice é o ponto P e cuja base é o triângulo ABC.

a)

Sejam O o centro e R o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC; seja ainda M o pontomédio do lado BC. O triângulo AMC é retângulo, de modo que:

+ (4,8)2 = 64, ou seja, = 40,96 e, portanto, = 6,4 cm.

No triângulo OMC, temos: R2 = + (4,8)2.

Como = – R = 6,4 – R, segue-se que:

R2 = (6,4 – R)2 + (4,8)2 de onde tiramos que R = 5 cm.

Resposta: O raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC mede 5 cm. (2 pontos)

2 x2 1 x2-------+

7 x 1 x

-------+ 4+ + 2x4 7x3 4x2 7x 2+ + + +

x2-------------------------------------------------------------- 0=

x37– 33+

2-------------------------= x4

7– 33–2

-------------------------=

7– 33+2

------------------------- 7– 33–2

-------------------------

A

B C

R R

R8 8

9,6

O

M

AM2

AM2

AM

OM2

OM AM

Comentários

Page 137: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Matemática

137

b)

O ponto H, pé da perpendicular ao plano do triângulo ABC, baixada a partir do ponto P, coincide com oponto O.

De fato: como = = , os triângulos retângulos PHA, PHB e PHC são congruentes e, por-tanto, o ponto H é eqüidistante de A, B e C ou seja H é o centro da circunferência circunscrita ao triân-gulo ABC, isto é, H coincide com O.

Então, a altura PH do tetraedro é dada por: = 102 – 53 = 75, ou seja, = cm.

Resposta: a altura do tetraedro mede cm. (3 pontos)

Este é um problema clássico de geometria no espaço e a matemática necessária para resolvê-lo, além davisão espacial indispensável, se reduz ao uso apropriado do teorema de Pitágoras. A média final de 0,27nessa questão foi a mais baixa da prova, como tem acontecido nos últimos anos com a questão envolvendogeometria espacial. Isto que dizer que o entendimento dessa parte da geometria continua deficiente.

A

B

C

P

H = 0

PA PB PC

AH2

AH 5 3

5 3

Comentários

Page 138: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Língua estrangeira

PROVA DE FRANCÊSOs interessados na resolução da prova defrancês devem solicitá-la à Comissão deVestibulares, que a enviará pelo correio.

Page 139: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

139

Inglês

Respostaesperada

Comentários

A prova de Inglês do vestibular Unicamp do ano 2000 apresentou oito textos para leitura, númeromaior que o dos anos anteriores, o que se justifica pelo tamanho e mesmo pela natureza dos própriostextos escolhidos. Procurou-se, com isso, evitar uma concentração de perguntas em um ou dois textos,para que ficassem aumentadas as chances de sucesso na leitura e, portanto, na resolução das questões.Não há textos longos; os textos têm, todos, tamanhos aproximados. Guarda-se, no entanto, a variedadequanto à diferença de complexidade de língua.

Os textos escolhidos para a prova de 2000 foram dois trechos de histórias, bastante diferentes entresi, sendo que um deles prima pela presença marcante de diálogos; um trecho de um livro que narra ahistória dos Beatles; uma resenha de um livro; uma carta de um leitor para a revista Popular Science; umtrecho de um livro sobre sonhos e pesadelos; o início de um artigo retirado da revista The Economist (quenão trata de economia, mas do tempo) e uma tirinha. Vejamos, texto por texto, questão por questão, asrespostas esperadas, o que era preciso fazer para se chegar a elas, exemplos de soluções e, ainda, demaneira geral, o que chamou a atenção na solução de cada questão. Por fim, para algumas questões,exercícios de observação e avaliação de respostas, exercícios que ajudam a preparação para uma provacomo esta.

Lembramos que na transcrição de respostas dadas pelos candidatos mantivemos a maneira exatacomo ela veio redigida, incluindo a grafia.

QUESTÃO 13

Responda a todas as perguntas em português.

1. Qual é o nome do personagem que aparece na tirinha usando uma coroa? Como se pode chegar a essaconclusão pela leitura da tirinha?

Dogbert. Pode-se chegar a essa conclusão porque ele diz que, daquele momento em diante, vai se referira si mesmo na terceira pessoa, como de fato o faz no segundo quadrinho.

Observa-se imediatamente que há três nomes próprios no material com que o candidato tem que lidar pararesolver a questão 13: Bob, Dogbert e Dilbert. Na conversa entre os personagens que aparecem nos quadri-nhos, no entanto, há apenas dois nomes próprios, Bob e Dogbert. Logo na primeira fala o dinossauro échamado de Bob pelo cachorro de óculos e coroa, portanto este é Dogbert. Em outras palavras, o reconheci-mento do vocativo e da pontuação usada em sua introdução – a vírgula depois de Bob – já apontavam umasolucão para a questão.

A solução envolvia ainda o entendimento da primeira fala, que passa por I, myself e third person e oreconhecimento dos verbos empregados pelos dois personagens na terceira pessoa do singular (does, thinks)nas falas seguintes, notadamente na fala do próprio Dogbert, junto com o uso que ele faz de his (sem neces-sariamente apontar o caráter majestático que quer imprimir a sua fala). Era preciso entender ainda o fato deDogbert dizer o que fará daquele momento em diante (from now on) e o fato de ele o fazer usando umanafórico (Dogbert does this...), bem como o que era uma boa idéia em Bob thinks that is a good idea.

Responder apenas o nome correto do personagem dava ao candidato 1 ponto. Receberam nota máximaaquelas respostas que, além de darem o nome correto do personagem, indicaram que Dogbert diz que vai sereferir a si mesmo em terceira pessoa e que faz isso no segundo quadrinho.

Page 140: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

140

Inglês

Respostaesperada

Comentários

O nome do personagem é Dogbert. Pode-se chegar a esta conclusão porque ele diz que vai se referir a elemesmo na terceira pessoa, o que ele faz no segundo quadrinho, ao pronunciar seu próprio nome.

QUESTÃO 14

Leia o trecho seguinte, do livro The Love You Make. An Insider´s Story of The Beatles, de P. Brown e S.Gaines (trecho em que são mencionados John Lennon, sua mãe Júlia, sua tia Mimi e seu pai Fred) eresponda à questão 14.

(...) But by that summer it had become clear that John wasn’t interested in hiseducation, or in art, or in his future at all. John’s only interest was the Americancraze called “rock and roll”, a derivative form of black rhythm and blues with aprominent drum beat. (...) John wanted a guitar more than he had wanted anything before in his life. Surpri-singly, it wasn’t Julia who broke down and bought it for him, it was Mimi whomarched him to a music shop in Whitechapel and bought him his first guitar for£17. A small, Spanish model with cheap wire strings, he played it continuously untilhis fingers bled. Julia taught him some banjo chords she had learned from Fred, andhe started with those. He sat on the bed all day, and when Mimi tried to shoo himinto the sunlight, he’d go out to the support and lean up against the brick wallpracticing his guitar for so long that Mimi thought he’d rub part of the brick awaywith his behind. She watched him waste hour after hour, day after day with thedamned thing and regretted having bought it for him. “The guitar’s all very well,John,” she warned him, “but you’ll never make a living out of it.”

Qual a previsão feita por Mimi a respeito do futuro de John Lennon?

Mimi achava que John jamais ganharia a vida com sua guitarra.

Mimi, já identificada como a tia de John Lennon na introdução ao texto da questão 14, faz uma previsãosobre o futuro do Beatle, é o que afirma a própria questão ao indagar qual a previsão feita. Dessa forma, oenunciado da questão dá ao candidato um caminho para a leitura do trecho: ele contém uma previsão feita porMimi a respeito do futuro de John.

A previsão aparece de fato na fala da própria Mimi transcrita no final do trecho em questão: The guitar´svery well, John, she warned him, but you´ll never make a living out of it. Para identificar a fala como sendode Mimi, necessariamente deve-se identificar o she, de she warned him, com o she, de she watched himwaste hour after hour (...) e com Mimi que aparece linhas antes, em (...) Mimi thought he´d rub part of thebrick away with his behind, tarefa aparentemente fácil. Algum entendimento de todo o trecho que antecede afala de Mimi seria de grande valia aqui. As estruturas lingüísticas são simples e o vocabulário, conhecido(expressões como broke down, to shoo, sunporch, lean up poderiam ser interpretadas pelo contexto). Por fim,havia ainda o verbo usado pelo autor para introduzir a fala de Mimi: to warn.

Houve uma distribuição razoavelmente equivalente de notas altas e zeros. Entre os zeros, foi notável adificuldade encontrada na leitura da expressão make a living out of (something). Foram aceitas várias manei-ras de se dizer que, na opinião de Mimi, John jamais poderia ganhar a vida com a música, como, por exemplo:se sustentar, viver de música, se dar bem na vida, ser bem sucedido, garantir a vida, subir, vencer na vida,manter-se.

1. ‘The guitar’s very well (...) but you’ll never make a living out of it’. Com essa frase pode-se dizer que a tiade J. Lennon previa que o rapaz nunca iria ser um músico que ganhasse dinheiro o suficiente para viversomente ‘fazendo’ música.

2. Que Lennon nunca iria viver da música como uma fonte de renda.

A seguir, exemplos de respostas equivocadas que mostram a dificuldade com a expressão em questão:1. Mimi disse a John que ele tocava muito bem mas nunca faria sua vida fora dali, ou seja, que ele nunca

tocaria em outro lugar a não ser ali.2. Mimi, tia de J. Lennon, diz que ele nunca iria fazer um show fora de seu quarto, da sua casa.3. O futuro dele está na guitarra. Ele nunca conseguirá viver a vida fora daquilo.

Exemplo de notaacima da média

Exemplos de notaacima da média

Page 141: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

141

Inglês

Comentários

Respostaesperada

Para responder às questões 15 e 16, leia a pergunta feita por um leitor à revista Popular Science (outubrode 1999), bem como a resposta dada a ele pela revista.

QUESTÃO 15

Qual a explicação dada pela revista para a afirmação “(...)we are a bit taller in the morning than we are atnight”?

A posição horizontal em que dormimos reduz a pressão em nossa espinha e a cartilagem que existe entrenossas vértebras se expande.

Ou:Os discos de cartilagem que existem entre as vértebras são constituídos de uma razoável percentagem de

água. Quando nos deitamos, diminuímos nosso peso e os discos se expandem. Quando o nosso peso estásobre eles, eles se comprimem.

Em comparação com as questões anteriores, as questões 15 e 16 (ambas a respeito de uma carta-resposta de uma revista a uma pergunta colocada por um leitor) eram mais trabalhosas, embora ainda dedificuldade apenas média. A pergunta feita pelo leitor à revista envolve uma estrutura de comparativo bastantefamiliar para o aluno do segundo grau. O mesmo pode ser dito do adjetivo em questão (tall). Tanto o primeiroquanto o segundo parágrafo da resposta da revista poderiam ser usados para uma resposta para a questão 15.

Optando pelo primeiro parágrafo, era preciso mostrar a recuperação do referente do pronome it, isto é,mostrar a que este pronome se referia quando usado em It´s because e o entendimento do próprio because,é claro (assim como o entendimento do so conclusivo no final do parágrafo). O vocabulário que diz respeito àanatomia humana traz termos que evocam seus correspondentes em português, facilitando a leitura do trecho:spines, cartilage. Já a expressão throughout poderia ser um obstáculo, mas era possível atribuir-lhe umsignificado através do entendimento da pergunta colocada pelo leitor da revista, que supõe uma comparaçãoentre um estado nosso de manhã e à noite.

Optando por responder com base no segundo parágrafo, surgem, mais uma vez, cognatos: vertebral,discs. Este trecho, no entanto, é menos transparente. Sua dificuldade, além de estar em fairly, está também no

Page 142: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

142

Inglês

Comentários

Respostaesperada

vocabulário empregado na explicação: When you lie down you take the weight bearing off and the discsexpand. When your weight´s on them, they squeeze.

Certamente devido à presença desses cognatos, a questão 15 foi respondida pela maioria dos candidatos(apenas 3% deixaram de respondê-la). No entanto, se a presença no texto dessas palavras muito parecidascom palavras em português muitas vezes facilita a leitura, nem sempre ela é suficiente para uma compreensãopelo menos razoável, que gere uma resposta da qual se possam aproveitar alguns trechos. É o caso dosexemplos abaixo, que receberam nota zero:1. A recuperação é melhor de manhã do que a noite.2. Ao acordarmos depois de ficarmos muito tempo deitados pressionando nossa coluna vertebral a cartilagem

dos discos invertebrais está expandida o que provoca alguns ruídos (até mesmo a sensação de que aindaé noite (dói as costas).

3. Nós parecemos estar mais velho de manhã do que a noite devido a claridade que mostra as marcas na pele“amassada” de quando dormimos e por realçar as espinhas.

4. A explicação é que a posição horizontal que as grávidas dormem pressionam as costelas e a colunavertebral, devendo mudar tal posição.

5. Se os discos (cartilagem) ficarem ao sol, acontece a desgravação das músicas, se o aparelho estiver no sol.Agora a noite não acontece isso.

1. A explicação dada pela revista para a afirmação “(...) we are a bit taller in the morning than we are atnight” é a de que por passarmos a noite em posição horizontal, existe um alívio da pressão da gravidadeexercida sobre as cartilagens invertebrais que se descomprimiram. Ao longo do dia, a pressão exercidavolta a comprimir as cartilagens.

2. No texto o autor afirma que somos um pouco mais altos durante a manhã do que somos à noite. Isso sedeve porque a pressão da gravidade sobre nossa espinha é aliviada pela posição horizontal em quedormimos; assim a macia cartilagem entre nossas 26 vértebras se expandem. Durante o dia, como nosmexemos na vertical, esses discos de cartilagem são comprimidos pela gravidade.

3. Quando dormimos na posição horizontal, nossas vértebras não fica pressionando os discos de cartilagemque estão entre eles então eles se expandem e nós ficamos um pouco mais altos ao acordarmos pelamanhã. Durante o dia esses discos são pressionados pelas vertebras, eles se comprimem e ficamos maisbaixos.

QUESTÃO 16

O fenômeno em questão se manifesta igualmente em toda a população? Por quê?

Não. O fenômeno é mais notável entre os jovens. À medida que envelhecemos, encolhemos menos aolongo do dia, porque os tecidos se tornam menos flexíveis, menos elásticos.

A segunda questão a respeito da carta-resposta da revista Popular Science incide sobre um trecho bastanteespecífico do texto, o último parágrafo. Era fácil localizar o trecho por causa de people, palavra bastante conhe-cida. A caracterização young people já direciona a resposta; more pronounced nem merece comentários.

Era preciso entender necessariamente a que diferenças o parágrafo se refere, já que começa com suchdifferences. O uso de such pode não ser muito familiar ao aluno de segundo grau, mas as diferenças enfoca-das já foram objeto da questão anterior, a 15. A resposta à segunda parte da questão (Por quê?) passa pelacompreensão de as (em As we age...), por todas as estruturas de comparativo aí presentes e, principalmente,pela atribuição de um significado a shrink. Resilience, palavra certamente menos conhecida, poderia até serignorada (como de fato foi, por uma parte considerável dos candidatos) e a resposta ainda seria obtida comsucesso, com o apoio em flexibility.

1. O fenômeno da variação de tamanho ocorre com mais ênfase nos jovens, pois nas pessoas mais velhas,o tecido das vértebras tendem a perder a flexibilidade.

2. Sim, acontece com todos, mas é mais evidente nos jovens, pois estes têm os tecidos mais flexíveis: acartilagem se expande e contrai com mais facilidade.

Exemplos de notaacima da média

Exemplos de notaacima da média

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Inglês

Respostaesperada

Comentários

Leia, abaixo, a resenha do livro Last Climb e responda à questão 17.

QUESTÃO 17

Qual a dúvida levantada a respeito dos aventureiros que já escalaram o Monte Everest? Como se justificaessa dúvida?

Quais foram realmente os primeiros alpinistas a atingir o topo do Everest? ( Ou: teriam sido GeorgeMallory e Andrew Irvine os primeiros alpinistas a chegar ao topo do Everest e não Sir Edmund Hillary e TenzigNorway ?) O corpo de Mallory foi encontrado mas não se sabe se ele estava subindo ou descendo quandomorreu. Se estivesse descendo, ele e seu companheiro teriam atingido o topo trinta anos antes de Sir EdmundHillary e Tenzig Norway, tidos como os primeiros a realizar a façanha.

Para a questão 17 foi selecionada a resenha de um livro: Last Climb. Mais uma vez o enunciado daquestão adianta informações contidas no texto em inglês. Em outras palavras, ao perguntar sobre uma dúvidalevantada a respeito dos aventureiros que já escalaram o Monte Everest, informa a existência de tal dúvida. Atarefa aqui era explicitar essa dúvida e justificar sua razão de ser.

Quando se olha para a resenha do livro, o que chama a atenção, além do título, que vem em letrasgarrafais? Uma dúvida, expressa antes mesmo do título, através de uma pergunta: Could it be that Mallorywas the first to reach the top of the world? A explicitação de tal dúvida exige, de fato, a leitura da resenhatoda, já que só se completa no final do segundo parágrafo e não vem enunciada diretamente. (A resposta nãopode ser localizada, digamos assim, e traduzida diretamente do texto, como se pensa muitas vezes serpossível para todas as questões.) Uma vez entendido o problema, restava, para responder à segunda parte dapergunta, passando pelas inversões determinadas pelas interrogativas na língua inglesa, redigir o raciocínioapresentado.

Para uma resposta completa era necessário:a) que se questionasse se teriam sido George Mallory e Andrew Irvine os primeiros a escalar o pico do

Everest;b) que fosse mencionado o fato do corpo de George Mallory ter sido encontrado ec) que fosse dito que não era possível saber se naquele ponto, George Mallory e Andrew Irvine estavam ainda

subindo ou se já haviam alcançado o topo do Everest e, portanto, estavam descendo.

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Inglês

Respostaesperada

Comentários

1. A dúvida é se George Mallory e Andrew Irvine foram ou não os primeiros humanos a chegar ao topo doEverest. A dúvida vem do fato do corpo de Mallory ter sido encontrado 2000 pés abaixo do topo, porémnão se sabe se ele estava subindo ou descendo quando, em junho de 1924 ele morreu.

2. A dúvida é se George Mallory estava subindo ou descendo o monte Everest e se ele e seu parceiro AndrewIrvine foram os primeiros homens a chegar ao topo. Essa dúvida se justifica pois o corpo de George foiencontrado a 2000 pés do topo.

3. Se George Mallory estava subindo ou descendo o monte Everest quando morreu. Ou seja, se ele e seuparceiro Andrew Irvine foram os primeiros humanos a chegar ao topo do Everest. A dúvida se justificapelo fato de que o corpo de George Mallory foi encontrado a uma distância relativamente próxima ao topodo Everest: 2000 pés.

Em muitas respostas ficou faltando parte do racicínio exigido para a nota máxima nessa questão (itens a,b e c, acima). Um bom exercício é ler as respostas abaixo e tentar identificar o que ficou faltando em cadauma delas:1. Há dúvida se foi realmente George Mallory e seu parceiro Andrew Irvine os primeiros humanos a escalar e

pesquisar o topo do mundo, uma vez que existe um livro que conta a história de alguns pioneiros que esca-laram trinta anos antes do senhor Edmund Hillary e Tenzig Norway que eram os primeiros a escalar o topo.

2. A dúvida é quem foi ou foram os primeiros a chegarem ao topo do mundo. A descoberta de um corpomuito bem preservado e identificado levantou a polêmica.

Leia, abaixo, o início do capítulo sobre pesadelos, do livro Dreams and Nightmares, de J. A. Hadfield eresponda às questões 18 e 19.

N I G H T M A R E SPEOPLE may ignore their dreams, they cannot ignore their nightmares. Fornightmares can be most distressing, casting their shadows throughout the followingday. Hamlet shrank from taking his life because he would have ‘perchance todream’. Nightmares are a common cause of sleeplessness, for many people, like thewar-shocked soldier or civilian, dare not sleep because of the horrifying dreams thatawait them. One does not lightly submit oneself to the experience of getting blownup or buried night after night. The night terrors of children are of this type, for notonly are they terrifying in themselves, but their effects persist, filling the day withapprehension and foreboding. The child who is frightened by a dog during the daymay have a nightmare of the monster, and may continue to be frightened all the nextday. (...) How to define nightmares as distinct from ordinary dreams is a littledifficult: the very origin of the term is obscure.

The distinctive feature of a nightmare in the more restricted sense of the term isthat of a monster, whether animal or subhuman, which visits us during sleep andproduces a sense of dread. Sometimes it is a witch, sometimes a vampire, which isconceived as a reanimated dead person who returns to suck the blood of livingpeople during their sleep; or it may be a night hag, an incubus, or a mare. The wordnightmare originally referred to these monstrous creatures themselves and then cameto be used of the dream in which these monsters appeared. (...)

QUESTÃO 18

Qual a explicação oferecida pelo autor do texto para o fato de que nós, principalmente as crianças, nãoconseguimos esquecer facilmente nossos pesadelos?

Além de serem aterrorizantes em si mesmos, seus efeitos persistem, enchendo o dia seguinte de apreen-são e pressentimento. Uma criança, por exemplo, que é assustada por um cachorro durante o dia, pode terpesadelos com ele de noite e continuar aterrorizada durante o dia seguinte.

O importante aqui era o entendimento de que os efeitos dos pesadelos persistem no dia seguinte à noiteem que ocorreram. A questão era considerada difícil, principalmente pelo uso de for (em For nightmares canbe most distressing (...) e em (...) for many people (...) dare not sleep) e pelo vocabulário empregado. Se porum lado havia essas dificuldades, por outro, a resposta podia ser apreendida em vários lugares através de todoo primeiro parágrafo. Além disso, havia exemplos para o raciocínio desenvolvido.

Exemplos de notaacima da média

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Inglês

Respostaesperada

Comentários

Exemplo de notaacima da média

Uma boa resposta deveria afirmar que, além de os pesadelos serem aterrorizantes em si mesmos, seusefeitos persistem, enchendo o dia seguinte de apreensão e pressentimento, ou simplesmente afirmar que ospesadelos podem ser perturbadores e lançam suas sombras por todo o dia seguinte. Para obtenção da notamáxima exigiu-se ainda a menção ao exemplo dado pelo autor no texto. Como efeitos dos pesadelos aceitou-se, por exemplo, medo, angústia, estresse, desgaste inquietação, mal-estar. Já quanto à caracterização dospesadelos, aceitou-se, por exemplo, que estes podem ser perturbadores, assustadores, aterrorizantes, terrí-veis, horríveis, chocantes, entre outros adjetivos.

1. Os pesadelos, de acordo com o autor não são somente aterrorizantes, mas o seu efeito persiste, enchendoo dia com apreensão. O autor fala que uma criança que se apavorou com um cachorro em um dia podeter pesadelos com o monstro e continuar amedrontada durante o próximo dia inteiro. Temos medo desonhar e ter pesadelos novamente, segundo o autor.

2. A explicação oferecida pelo autor do texto para o fato de que nós, principalmente as crianças não conse-guimos esquecer facilmente nossos pesadelos é que o pesadelo não nos aterroriza apenas por ele mesmo,apenas enquanto estamos tendo o pesadelo. Os seus efeitos persistem, preenchendo o nosso dia comsentimento de apreensão, medo. O autor exemplifica dizendo que uma criança que passa um dia commedo de um cachorro, pode ter pesadelos com esse “monstro” e continuar com medo durante todo o diaseguinte.

Uma resposta como a seguinte, embora não tenha obviamente recebido nota zero, apresenta-se bastanteincompleta:

“ Porque seus efeitos persistem durante o dia.”

Tomar o exemplo como sendo a explicação em si também não era suficiente para uma boa nota: “A explicação oferecida é de que se uma criança for assustada por um cachorro durante o dia, poderá ter

um pesadelo com um monstro a noite e assim continuará assustada no dia seguinte.”

Como no exercício proposto para a questão anterior, tente identificar, a partir do que foi exposto a respeitodas soluções para a questão 18, o que ficou faltando na resposta abaixo:

“Porque os pesadelos refletem experiências trágicas que acontecem na vida normal. A criança que éassustada por um cão, por exemplo, pode sonhar com um monstro e continuará assustada no dia seguinte.”

QUESTÃO 19

Qual é, segundo o autor, a origem do termo nightmare?

Originalmente o termo se referia a criaturas monstruosas, como bruxas, vampiros, lobisomens; depoispassou a designar o sonho em que esses monstros aparecem.

Se prestarmos atenção à ordem das duas perguntas colocadas a respeito do texto Nightmares, notamosque ela corresponde à ordem em que os argumentos sobre os quais as perguntas incidem vêm apresentadosno texto: no primeiro parágrafo, logo no início, vem a afirmação de que as pessoas podem ignorar seus sonhos,mas não podem ignorar seus pesadelos. Em seguida, vêm explicitadas as razões disso. No final, lê-se: (...) thevery origin of the term is obscure. O segundo parágrafo mostra a que a palavra nightmare se referia original-mente.

Assim, não seria suficiente como resposta para a questão 19 dizer que a origem do termo é obscura. Aresposta se completa com o final do segundo parágrafo – The word nightmare originally referred to thesemonstruous creatures themselves and then came to be used of the dream in which these monsters appeared– em que era necessário determinar a que este these se referia, reconhecer themselves e concluir com o queo termo passou a designar. Atribuir um significado aí para came to be used poderia ser problemático, mashavia o apoio do próprio used e de these.

Em resumo, foram consideradas boas respostas aquelas que:a) mencionavam que a origem do termo é obscura;b) apontavam para o fato de o termo provir da denominação dada a monstros;c) apontavam ainda para o fato de que, com o passar do tempo, a palavra passou a denominar o sonho em

que estes monstros apareciam.

A origem do termo é obscura. A palavra nightmare referia-se originalmente aos monstros e criaturas,depois começou a ser usada para sonhos em que essas criaturas apareciam. Ou seja, no início nightmare erareferência para falarmos de monstros, subhumanos, bruxas, vampiros, mortos-vivos.

Exemplos de notaacima da média

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Inglês

Respostaesperada

Comentários

Que elementos faltam em cada uma das respostas abaixo para que se tornem respostas completas?1. Nightmare é um termo originalmente usado para descrever criaturas monstruosas.2. O autor afirma que a origem do termo nightmare é obscura. O termo refere-se às criaturas monstruosas

(bruxas, vampiros, monstros, animais) que aparecem nos sonhos pessoais, durante o sono.3. O termo nightmare se origina da referência a criaturas monstruosas e é usado para identificar sonhos em

que essas criaturas como: bruxas, vampiros e zumbis aparecem.

Segue-se um trecho de uma história retirada de The Victorian Fairy-Tale Book. Leia-o e responda às questões20 e 21.

A great fear came over the poor boy. Lonely as his life had been, hehad never known what it was to be absolutely alone. A kind of despairseized him – no violent anger or terror, but a sort of patient desolation.

“What in the world am I to do?” thought he, and sat down in themiddle of the floor, half inclined to believe that it would be better togive up entirely, lay himself down, and die.

This feeling, however, did not last long, for he was young andstrong, and, I said before, by nature a very courageous boy. Therecame into his head, somehow or other, a proverb that his nurse hadtaught him – the people of Nomansland were very fond of proverbs –

For every evil under the sunThere is a remedy, or there’s none;If there is one, try to find it-If there isn’t, never mind it.

“I wonder – is there a remedy now, and could I find it?” cried thePrince, jumping up and looking out of the window.

QUESTÃO 20Em que situação se encontrava o protagonista da história e o que ele pensava em fazer inicialmente?

Ele estava completamente desanimado, desolado, sozinho, sem esperanças, sem saber o que fazer,sentado no chão, um pouco inclinado a achar que talvez fosse melhor desistir de tudo, deitar-se e morrer.

As questões 20 e 21 diziam respeito a um trecho de uma história chamada O Pequeno Príncipe Coxo eseu Capote de Viagem, de um livro de contos de fadas. O trecho era de leitura difícil, não pelas palavras, pelovocabulário envolvido, mas pelas estruturas sintáticas presentes nele, como inversões típicas da língua inglesa.

No primeiro parágrafo, havia várias palavras que poderiam caracterizar a situação em que se encontrava oprotagonista da história, objeto da questão 20: fear, lonely, alone, despair, violent anger, terror, patientdesolation, umas mais transparentes, outras menos. Restava, pela leitura, separar as que caracterizam posi-tivamente tal situação e as que eram apresentadas como não sendo características da situação, mas quetambém serviam para explicitá-la, é claro. A pergunta exigia ainda que a resposta incluísse a leitura dosegundo parágrafo, que trata do que o protagonista pensava fazer inicialmente. O fato de que ele estavainclinado a tomar uma atitude, mas mudou de idéia, vem dado em Português no enunciado das duas questõesa respeito do trecho: (...) o que ele pensava fazer inicialmente? (questão 20); (...) como ele chega a mudar deidéia? (questão 21).

Duas frases introduziam a resposta: What in the world am I to do? e Thought he. Talvez (...) it would bebetter to give up entirely, lay himself down não fosse de compreensão óbvia, mas die, como se esperava,favoreceu bastante a resposta, dando sua direção.

Em poucas palavras, a resposta deveria conter informações em duas partes: a situaçao do protagonista eo que ele pensava fazer inicialmente. Assim, receberam nota cinco respostas como as listadas abaixo.

1. Estava sozinho, desolado e pensava em morrer.2. O protagonista da história se encontrava inicialmente sozinho, sentindo um certo desespero, desolado,

sem saber o que fazer no mundo. Ele pensa em desistir da vida e se deixar morrer.

Foram relativamente freqüentes respostas como as seguintes, com sua origem em patient (em patientdesolation), nurse, remedy e mesmo em jumping up and looking out of the window. (Não receberam notazero, já que em todas elas, como se pode notar, há pelo menos parte da leitura que deveria ser feita.)

Exemplos de notaacima da média

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Exemplo de notaacima da média

1. Se sentindo absolutamente sozinho e desolado e pensando em saltar do prédio no qual ele estava emorrer.

2. Ele estava se sentindo solitário e pensava em se matar.3. O protagonista da história estava sozinho desolado e doente.

Poor boy, que aparece na primeira linha, gerou respostas como:Estava muito triste, muito abatido, por causa de sua situação de pobreza. Queria se matar.

QUESTÃO 21

Explique como ele chega a mudar de idéia.

Além de ser jovem, forte e corajoso ele se lembra de um provérbio que dizia que para todo o mal há umremédio e que, se há um remédio, deve-se tentar achá-lo, se não há, melhor deixar pra lá.

This feeling, however, did not last long – assim começa o terceiro parágrafo. O sentimento, retomado porthis feeling, estava contido na resposta à questão anterior, como vimos. O however marca o contrapontoapontado pelas questões 20 e 21 entre o que ele pensava fazer inicialmente e como ele chega a mudar deidéia. O entendimento da caracterização do principezinho – jovem, forte e corajoso – era importante para adireção da resposta. Era necessário também identificar this feeling com o sentimento identificado para aresposta da questão anterior. A palavra proverb, embora semelhante ao português, surge em um trechobastante complexo. No entanto, a animação (pode-se até dizer assim, dada a presença de cried e jumping up)que toma o protagonista no final do trecho pode elucidar o sentido do provérbio. Isso sem mencionar remedy,que pode evocar o provérbio em português: O que não tem remédio, remediado está.

Essa era uma das questões mais difíceis da prova de 2000 e, no entanto, houve uma distribuição bastanteuniforme de todas as notas (de zero a cinco) o que indica que houve de fato tentativas diversas de resposta porparte dos candidatos. Uma das dificuldades mais freqüentes acabou sendo o entendimento do provérbio e oestabelecimento de sua relação com a mudança de atitude do personagem.

Receberam nota máxima aquelas respostas que:a) estabeleciam uma vinculação da mudança de idéia do principezinho com a lembrança do provérbio;b) mostravam o entendimento de que as características do principezinho apontadas pelo narrador (jovem,

forte e corajoso) tinham uma relação com o provérbio, o que resultou em sua mudança de atitude ec) explicitavam ou apresentavam de alguma forma o provérbio.

O garoto era corajoso e forte, e veio a sua cabeça, de um jeito ou de outro, um provérbio dos povosnórdicos, que sua enfermeira havia lhe ensinado.

O provérbio dizia que para cada mal, haveria uma cura ou não. Se houvesse cura, deveria ser procurada,se não houvesse, que se esquecesse isso.

O garoto muda de idéia, a partir do momento em que ele se lembra do provérbio e descobre que para oseu mal, pode haver uma cura.

As questões 22 e 23 referem-se ao texto abaixo:

SATURDAY-NIGHT SHOWERS

“The rain it rained every day”. Butmore at the weekend than on the otherdays. That, according to Randall Cervenyand Robert Balling, of Arizona StateUniversity, is not mere paranoia – at least ifyou happen to live on the east coast ofNorth America. For their report in thisweek’s Nature suggests what many, in theirheart of hearts, have secretly believed for along time – that Saturday is the wettest dayof the week. On the other hand, it alsosuggests that if you are suffering ahurricane, the wind will be least blustery onthat day.

The link between these two newbits of weather lore seems to be that the endof the week brings worse air pollution thanthe beginning, and that something in thepollution is affecting the local climate. Thisidea has been suggested in the past, but Dr.Cerveny and Dr. Balling confirmed it wastrue by looking at the air quality on SableIsland – an isolated dot in the ocean some180 kilometers (110 miles) off the coast ofNova Scotia. (...)

(The Economist August 8th 1988)

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Inglês

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Respostaesperada

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QUESTÃO 22

Segundo Randal Cerveny e Robert Balling, que crença não pode ser considerada uma mera paranóia?

Segundo os autores, não é mera paranóia a idéia de que chove mais no fim de semana do que nos outrosdias.

Duas questões foram formuladas a respeito de Saturday-Night Showers. A primeira diz respeito ao temamesmo do artigo, dado inclusive por seu título. A palavra paranóia, presente na pergunta e no texto, localizavaa resposta. (...) more at the weekend than on the other days era um trecho bastante claro. Recuperar oreferente de that em that (..) is not mere paranoia também não deve ter sido encarado como um grandeproblema. O que era difícil aí, então, era separar o que serve como resposta e aquilo que vem como amparopara a argumentação (como the rain it rained every day, que inicia o texto e o que vem depois de at least). Aresposta também pode ser depreendida da seqüência do parágrafo ((...) many (...) have secretly believed fora long time – that Saturday is the wettest day of the week), seqüência que, uma vez bem entendida, jáencaminhava a resposta da questão seguinte.

Fora as notas zero, geradas pelo fato do texto ser um dos mais difíceis da prova, é interessante olharmosaqui para duas outras notas bastante comuns, as notas 5 e 3. Atribuímos os sucessos na resposta principal-mente à presença da palavra paranoia, que certamente foi reconhecida. As notas 3 surgiram de descontos depontos a cada inadequação ou impropriedade no entendimento do fenômeno em questão – chover mais nosfins de semana – como, por exemplo:• respostas que diziam que choveu mais no fim de semana;• respostas que diziam que as chuvas são piores, ou que há tempestades nos finais de semana;• respostas que restringiam a crença de que chove mais nos finais de semana exclusivamente à costa leste

da América do Norte.

1. A crença que costuma chover mais nos finais de semana que durante a semana.2. O fato do sábado ser o dia mais chuvoso da semana.3. Que chove mais aos sábados.

Tente identificar, nas respostas abaixo, o que não está exatamente de acordo com a resposta esperada:1. de que há mais tempestades nos finais de semana de nos outros dias.2. Choveu todos os dias e choveu mais no fim de semana do que nos outros dias.

QUESTÃO 23

O que aconteceria, segundo esses mesmos cientistas, com os furacões aos sábados?

Ficam mais fracos.

Trata-se aqui da atribuição de um significado para blustery, principalmente. Uma questão como essa, emque se pede significado para uma palavra, deve incidir necessariamente sobre palavras que não sejam conhe-cidas entre os alunos do segundo grau, de modo que a resposta venha de um trabalho com o texto, venhanecessariamente pela leitura. A questão era difícil e, de fato, muitos ou deixaram de responder ou não conse-guiram chegar a uma resposta minimamente satisfatória, ficando com nota zero. Mesmo assim, houve umnúmero muito grande de respostas com nota máxima.

A resposta estava relacionada ao entendimento exigido para a resposta à questão anterior, relação dadapelo on the other hand e completada pelo least. Além disso, mais uma vez era indispensável ler that day comoreferente a sábado (tarefa facílima aqui, mesmo porque sábado é o único dia mencionado). Não se perguntanada diretamente sobre o segundo parágrafo, que discorre sobre a causa de ambos os fenômenos – chuvas efuracões. Portanto, esperava-se que os candidatos não incluíssem as informações que pudessem obter aí,mostrando perfeito entendimento das questões (que, lembramos, são apresentadas em português!) e mostran-do ainda que entendem pelo menos que o segundo parágrafo não diz respeito ao que se pergunta. Uma vezincluídas as informações do segundo parágrafo, para serem consideradas, elas não deveriam apresentar qual-quer problema de compreensão.

Receberam nota 5 respostas em que se afirmava que os furacões nos finais de semana seriam:• mais fracos;• menos violentos;• menos destruidores;

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• menos perigosos;• menos rigorosos;• mais amenos;• menos fortes ou, ainda,• mais calmos.

1. Segundo os cientistas, os ventos gerados por um furacão aos sábados é bem menos veloz e conseqüen-temente destruidor do que um furacão gerado durante os dias úteis da semana, fato este também expli-cado pela maior concentração de ar poluído nos finais de semana, o que acaba por alterar o miniclima daregião e conseqüentemente a intensidade dos fenômenos da natureza.

2. Segundo esses mesmos cientistas, aos sábados os ventos dos furacões são menos destrutivos. Observa-ção: pelo contexto, sobretudo pela expressão “on the other hand”, essa mesma população que sofre comas chuvas aos sábados não sofrerá tanto com os ventos dos furacões. “The wind will be least blustery onthat day”.

3. O vento dos furacões aos sábados seriam menos “blustery”. → Senhor corretor, pelo contexto acho queesse termo quer dizer violentos, mas desconheço o real significado dessa palavra.

Leia a conversa entre Jack (The Pumpkinhead) e o espantalho (The Scarecrow), retirada de O Mágico de Oz,de L.F. Baum (1856-1919) e responda à questão 24.

The King was the first to speak. After regarding Jack for some minutes he said, in a tone of wonder:“Where on earth did you come from, and how do you happen to be alive?”“I beg your Majesty’s pardon,” returned the Pumpkinhead; “but I do not understand you.”“What don’t you understand?” asked the Scarecrow.“Why, I don’t understand your language. You see, I came from the Country of the Gillikins,

so that I am a foreigner.”“Ah, to be sure!” exclaimed the Scarecrow. “I myself speak the language of the Munchkins,

which is also the language of the Emerald City. But you, I suppose, speak the language of thePumpkinheads?”

“Exactly so, your Majesty,” replied the other, bowing; “so it will be impossible for us tounderstand one another.”

“That is unfortunate, certainly,” said the Scarecrow, thoughtfully. “We must have aninterpreter.”

“What is an interpreter?” asked Jack.“A person who understands both my language and your own. When I say anything, the

interpreter can tell you what I mean; and when you say anything the interpreter can tell me whatyou mean. For the interpreter can speak both languages as well as understand them.”

“That is certainly clever,” said Jack, greatly pleased at finding so simple a way out of thedifficulty.

So the Scarecrow commanded the Soldier with the Green Whiskers to search among hispeople until he found one who understood the language of the Gillikins as well as the language ofthe Emerald City, and to bring that person to him at once.

QUESTÃO 24

O que há de estranho no diálogo entre os dois personagens da passagem acima?

O que é estranho é eles dizerem que precisam de um intérprete quando é possível perceber que seentendem perfeitamente bem.

O que é estranho é The Pumpkinhead e The Scarecrow, O Cabeça de Abóbora e O Espantalho, dizeremque precisam de um intérprete, quando mostram, através de sua conversa, que se entendem perfeitamentebem. Exige-se aqui mais a compreensão do texto como um todo e menos a compreensão de trechos específi-cos que envolvam determinadas estruturas características da língua inglesa, ou mesmo a atribuição de signi-ficado a alguns itens lexicais determinados.

Particularmente neste trecho, há muitos nomes que entrecortam a leitura (The King, The Pumpkinhead,The Country of Gillikins, The Scarecrow, The Soldier with the green whiskers, e ainda Jack, Munchkins,Emerald City) além da forma de tratamento Your Majesty, o que poderia dar um certo trabalho logo à primeira

Exemplos de notaacima da média

Page 150: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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Inglês

Últimas palavras

vista. Inicialmente, é possível que o leitor se sentisse perdido diante de tantos nomes. Entretanto, a questãoincidia exatamente sobre a outra dificuldade de leitura do trecho: o fato de os personagens enunciarem anecessidade de um intérprete, quando na verdade não precisam de nenhum, dado que mostram se entendermutuamente perfeitamente bem. Desnecessário dizer que a recorrência da estranheza dá-se na recorrência deunderstand (“I do not understand you”, “what don´t you understand”, “why, I don´t understand yourlanguage”, etc), language, foreigner e interpreter. Os candidatos bem-sucedidos certamente fizeram uso dotexto como um todo para obter a resposta.

1. O estranho é que os dois se comunicam no diálogo afirmando que não falam a mesma língua e que aindaprecisam de tradutor.

2. O fato de estarem conversando, “se entendendo” e mesmo assim procuram um intérprete.3. Jack diz que não entende o que o espantalho diz pois fala outra língua e este aceita a justificativa. Porém

ambos conversam normalmente sem precisar de intérprete.

Quanto aos mal sucedidos, de modo geral, o que se notou é que se iludiram pela presença de understand,palavra certamente bastante conhecida do aluno do segundo grau, além de terem se apoiado em foreigner eem interpreter, o que acabou determinando a conclusão de que os personagens não se entendiam... Ouainda, que se entendiam, mas falavam línguas diferentes. Veja os exemplos abaixo:1. Que embora falem línguas diferentes, eles se entendem.2. Cada personagem do texto acima, fala uma língua diferente tornando-se impossível a comunicação.

Se você seguiu o raciocínio exposto aqui para a correção de cada uma das questões, percebeu que, emboratodas elas sejam questões de avaliação de seu desempenho na leitura de textos em inglês, são de nível deexigência bastante variado. As questões não avaliam, lembre-se, outras coisas, como por exemplo sua capa-cidade de escrever em inglês ou mesmo seus conhecimentos explícitos da gramática dessa língua. Mas, se porum lado, nem sempre a proficiência em uma língua estrangeira é suficiente para a leitura de um texto nessalíngua, por outro, muitas questões aproveitam propositalmente conhecimentos de língua, gramaticais muitasvezes, que você possa ter.

Em contrapartida, há vários lugares na prova dedicados à discriminação e, portanto, à classificação decandidatos que eventualmente, por razões diversas, conheçam pouco a língua inglesa, já que, mesmo assim,podem empreender um trabalho de leitura a partir desse pouco. É bom lembrar também que as notas atribu-ídas a cada questão variam de zero a cinco; só não é possível mostrá-las todas aqui.

Exemplos de notaacima da média

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Provas de aptidão

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Provas de aptidão

Para os candidatos aos cursos de Educação Artística, Arquitetura e Urbanismo e Odontologia, alémdas provas comuns da 1ª e 2ª Fase, são ainda exigidas provas de aptidão. Apresentamos a seguir asprovas do Vestibular 2000 para que você possa conhecer melhor o que é esperado dos candidatos emcada uma das provas de aptidão da Unicamp.

Arquitetura e UrbanismoQUESTÃO 1

As informações pertinentes à questão (anexo I) são duas:• A primeira delas é o projeto esquemático do traje com o título de “NEW LOOK p. VERÃO - 2 PEÇAS”

produzido pelo arquiteto e artista Flávio de Carvalho em 1956, que corresponde, em nossa prova, a umainformação gráfica.

• A segunda, a foto do autor vestindo o traje e caminhando pelas ruas de São Paulo (1956), sendoacompanhado pelos transeuntes e pela imprensa, corresponde a uma informação fotográfica do evento.

Anexo I

A partir destas informações e exclusivamente com a técnica de grafite série B, o candidato deverá realizarsua composição gráfica no papel recebido, relacionando as duas informações fornecidas.Observação: A composição do candidato deverá estar baseada unicamente nas informações dadas. Nãoserão considerados outros trabalhos ou conhecimentos do candidato sobre a obra de Flávio de Carvalho quenão estejam contidos na prova.

QUESTÃO 2

Breve Histórico:O concurso internacional para o “Farol de Colombo” (1928), teve a participação de mais de 1.400 arquite-tos. “Esse concurso foi realizado em duas etapas (eliminatórias em 1928 e final em 1931) e nele Flávio deCarvalho obteve menção honrosa.”... “O projeto de Flávio para esse Concurso, que homenageava o desco-bridor da América, era notável. Compunha-se de duas plataformas gigantescas, travadas por 2 ...“templosegípcios”... que também lembravam a primeira letra do alfabeto! Em seu centro, o patamar superior recebiaum aglomerado de edifícios prismáticos, simetricamente dispostos; ao meio, emergia a grandiosa torre doFarol, com 160 metros de altura. Percebe-se, na elevação frontal e na perspectiva, certa ambigüidadefuturista: a composição assemelha-se ora a um transatlântico, ora a um brinquedo de armar; a cortina de

In Flávio de Carvalho 100 anos de um revolucionárioromântico/curadoria Denise Mattar, 1999, Rio de Janeiro.

In Flávio de Carvalho e A Volúpia da Forma, Luiz Carlos Daher, 1984, São Paulo.

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153

Provas de aptidão

arcos, desta vez completa, por vezes lembra um apoio centopéico, desproporcionalmente frágil, de umimenso bicho mecânico”.

Texto de Luiz Carlos Daher, “Flávio de Carvalho: arquitetura e expressionismo”;Projeto Editores; São Paulo, 1982; pp. 38-39.

Anexo II

A partir dos elementos arquitetônicos fornecidos pelo “Projeto do Farol de Colombo” de autoria de Flávio deCarvalho (anexo II), pede-se ao candidato (após a identificação dos principais sólidos geométricos, comotambém de sua estruturação no espaço, ou seja, as relações espaciais entre eles) executar, graficamente nopapel recebido, usando as técnicas de perspectiva e lápis de cor, exclusivamente, uma composição volumé-trica de sua autoria, a partir dos sólidos geométricos mencionados acima.

Educação ArtísticaPROVA DE HISTÓRIA DA ARTE

Escolha TRÊS das cinco questões que seguem:1. Em conferência pronunciada em abril de 1942 sobre o Movimento Modernista, Mário de Andrade decla-

rou que “a convulsão profundíssima da realidade brasileira” ocorrida após a realização da Semana deArte Moderna foi conseqüência da fusão, no movimento em questão, de três princípios fundamentais: “odireito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabiliza-ção de uma consciência criadora nacional”. Comente tal afirmação relacionando-a à obra de três dosmaiores pintores brasileiros desse período: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari.

2. Escreva sobre Flávio de Carvalho.3. “Monet era apenas um olho, mas que olho!”, afirmou o pintor Cézanne sobre seu amigo Claude Monet.

Em que sentido essa afirmação ilustra as diferentes visões desses dois pintores sobre a arte? Comenteainda as principais características do Movimento Impressionista.

4. “A visão de Guernica é a visão da morte em ação; o pintor não assiste ao fato com terror e piedade, masestá dentro do fato, não celebra nem se compadece das vítimas, mas está entre as vítimas. Com elemorre a arte, a civilização ‘clássica’, a arte e a civilização cuja meta era o conhecimento, a compreensãoplena da natureza e da história. (...) Com Les demoiselles d’Avignon, Picasso detonava, desintegrava alinguagem tradicional da pintura; com Guernica, detonava a linguagem cubista (...)”. Comente essaafirmação do crítico e historiador da arte Giulio Carlo Argan, comparando Guernica, realizada em 1937,com o trabalho anterior de Pablo Picasso.

5. O que sabe sobre os diversos tipos de Abstracionismo surgidos na arte européia no imediato pós-guerra,e dos seus desdobramentos entre fins dos anos 1940 e os anos 1970 na arte brasileira?

In Flávio de Carvalho e A Volúpia da Forma, Luiz Carlos Daher, 1984, São Paulo.

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154

Provas de aptidão

PROVA DE DESENHO

Primeira parte:Com os sólidos recebidos (um cubo, três prismas e uma lâmina retangular flexível), realize uma composiçãoespacial através de qualquer combinação entre todos eles.Segunda parte:Execute, na folha de canson fornecida (A3, 180 g) e utilizando grafite (da série B), um desenho de observa-ção da composição realizada na primeira parte, desenho esse em que sejam trabalhados efeitos de luz esombra.OBSERVAÇÕES:• Será avaliada a capacidade do candidato na criação tridimensional, quanto à composição, à representa-

ção gráfica e ao emprego dos efeitos de luz, sombra e perspectiva.

PROVA DE EXPRESSÃO GRÁFICA, FORMAS E CORES

Utilizando uma, duas ou as três figuras geométricas das faces dos sólidos recebidos (triângulo, quadrado eretângulo), crie, no interior da circunferência já traçada na folha de papel canson (A3, 180 g), uma compo-sição cromática que expresse valores de equilíbrio, contraste e policromia. Nessa composição as figuraspoderão ser inteiras ou seccionadas e estar presentes na quantidade, no tamanho e na proporção desejadas.Tal trabalho deverá ser executado com os lápis de cor fornecidos, podendo ser realizado com instrumentosde desenho (esquadros, régua etc.) ou à mão livre.OBSERVAÇÕES:• Será avaliada a capacidade do candidato para a utilização cromática de tons (valores) e matizes (nuan-

ças), bem como o equilíbrio gráfico das formas na composição.• Ao final, deixe sobre a mesa os seus trabalhos, bem como os sólidos e a caixa de lápis de cor.

OdontologiaA PROVA DE APTIDÃO

INSTRUÇÕES1. Você está recebendo um bloco de cera especial para escultura (Fig.1);2. Utilize, em todos os passos, a régua milimetrada e a ponta da espátula, para delimitar os contornos e

medidas propostas;3. Com auxílio da espátula alise as faces do bloco até reduzir seu tamanho. (Fig. 2);4. Marque na face lisa as 2 porções que compõem o bloco, nas medidas de 20mm cada, respectivamente,

(Fig. 2);5. Em seguida, desenhe em uma das faces lisa os contornos da peça a ser esculpida (Fig. 2);6. Comece então a esculpir (Fig. 3);7. As figuras 04, 05, 06 e 07 representam a escultura em linguagem técnica, que poderão ajudá-lo;8. Se desejar empregar outra técnica, você poderá usá-la.9. A duração desta prova é de 02 (duas) horas.

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Desempenhodos candidatos

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156

Desempenho dos candidatos

Tabela 1 –

Tabela 2 –

Tabela 3 –

Totais e Porcentagens de Provas e Anulações por Tema de Redação – Segundo as Áreas

TEMA

A B C BrancoTotal (Área)

ÁreaN(1) Anul. N(1) Anul. N(1) Anul. N(1) Anul. N(1) Anul.(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

Exatas12.265 43 1.763 83 2.266 85 103 103 16.757 314

73,19 0,26 10,52 0,50 13,52 0,51 0,61 0,61 100,00 1,87

Humanas4.298 22 603 28 845 28 46 46 5.792 12474,21 0,38 10,41 0,48 14,59 0,48 0,79 0,79 100,00 2,14

Artes854 4 200 7 126 8 9 9 1.189 28,00

71,83 0,34 16,82 0,59 10,60 0,67 0,76 0,76 100,00 2,35

Biológicas14.252 47 1.466 62 2.473 76 73 73 18.264 258

78,03 0,26 8,03 0,34 13,54 0,42 0,40 0,40 100,00 1,41

Total 32.029 116 4.032 180 5.710 197 231 231 42.002 724(Tema) 76,26 0,28 9,60 0,43 13,59 0,47 0,55 0,55 100,00 1,72

N(1) = número de candidatos presentes.

Média e Desvio-Padrão (D.P.) da Prova de Redação Por Tema e Área – Fase I (Escala: [0–100])

ÁreaTEMA

(N)(1) A B C

N(1) Média D.P. N(1) Média D.P. N(1) Média D.P.

Exatas 12.582 47,72 7,92 1.680 48,32 8,68 2.181 51,48 8,20(16.757)

Humanas 4.276 49,20 7,84 575 51,16 8,84 817 53,24 7,44(5.792)

Artes 850 47,16 8,16 193 49,84 7,88 118 50,56 8,48(1.189)

Biológicas 14.205 49,48 7,88 1.404 48,88 9,20 2.397 53,00 8,28(18.264)

Total 31.913 48,68 7,96 3.852 49,00 8,92 5.513 52,40 8,16(42.002)

N(1) = número de candidatos presentes, excluindo as provas em branco (231).

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Questões da Fase I – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 16.757 N(1)= 5.792 N(1)= 1.189 N(1)= 18.264 N(1)= 42.002

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

01 (Bio) 1,64 1,24 1,44 1,24 1,23 1,18 1,99 1,32 1,75 1,29

02 (Bio) 1,26 1,17 1,04 1,10 0,91 1,03 1,73 1,36 1,42 1,28

03 (Quí) 1,58 1,43 1,08 1,21 0,86 5,00 1,88 1,57 1,62 1,48

04 (Quí) 0,63 0,80 0,42 0,65 0,29 0,54 0,80 0,81 0,66 0,79

05 (Geo) 1,99 1,26 2,09 1,33 1,70 1,18 2,25 1,33 2,11 1,31

06 (Geo) 2,17 1,24 2,25 1,25 1,96 1,19 2,29 1,23 2,23 1,24

07 (Fís) 1,14 1,37 0,62 1,04 0,43 0,81 1,20 1,37 1,07 1,34

08 (Fís) 1,26 1,46 0,70 1,15 0,41 0,86 1,32 1,46 1,19 1,43

09 (His) 2,11 1,62 2,27 1,71 1,96 1,68 2,44 1,67 2,27 1,66

10 (His) 0,56 0,97 0,62 1,03 0,50 0,88 0,59 0,98 0,58 0,98

11 (Mat) 1,70 2,14 1,02 1,80 0,66 1,48 1,51 2,06 1,49 2,06

12 (Mat) 3,30 1,68 2,65 1,77 2,51 1,76 3,22 1,72 3,15 1,73N(1) = número de candidatos presentes

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157

Desempenho dos candidatos

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Provas da Fase I – Por Área (Escala: [0–100])

Exatas Humanas Artes Biológicas Geral

Prova N(1)= 16.757 N(1)= 5.792 N(1)= 1.189 N(1)= 18.264 N(1)= 42.002

Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

Redação 47,40 10,40 48,92 10,76 46,80 10,92 49,20 10,00 48,36 10,32

Questões 32,23 16,65 27,00 15,72 22,40 12,68 35,35 18,18 32,58 17,42

Fase I 43,41 13,34 40,81 13,25 37,07 11,82 46,22 13,78 44,09 13,67

N(1) = número de candidatos presentes.

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase IIProva de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.645 N(1)= 1.915 N(1)= 393 N(1)= 5.150 N(1)= 14.103

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

01 2,90 1,33 2,89 1,31 2,83 1,35 3,07 1,32 2,96 1,32

02 3,05 1,02 3,22 0,98 3,06 1,10 3,19 0,95 3,13 0,99

03 3,10 1,34 3,24 1,33 3,14 1,38 3,24 1,34 3,17 1,34

04 3,65 1,09 3,79 1,04 3,57 1,09 3,83 1,06 3,73 1,08

05 2,75 1,20 2,84 1,19 2,85 1,15 2,93 1,16 2,83 1,19

06 3,32 0,99 3,39 0,95 3,31 1,01 3,47 0,96 3,38 0,98

07 1,47 1,64 1,87 1,79 1,50 1,64 2,29 1,85 1,82 1,78

08 1,09 1,60 1,43 1,74 1,05 1,60 1,91 1,84 1,43 1,75

09 1,19 1,12 1,41 1,16 1,09 1,17 1,69 1,16 1,40 1,17

10 1,20 1,43 1,31 1,48 1,05 1,34 1,73 1,57 1,40 1,51

11 0,61 1,00 0,76 1,09 0,54 0,94 0,99 1,26 0,77 1,13

12 1,89 0,87 2,03 0,83 1,87 0,84 2,11 0,93 1,99 0,89

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase IIProva de Ciências Biológicas – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.645 N(1)= 1.915 N(1)= 393 N(1)= 5.150 N(1)= 14.103

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

13 3,65 1,33 3,49 1,36 2,87 1,39 4,42 0,83 3,89 1,25

14 2,03 1,01 1,99 0,98 1,68 1,05 2,54 0,97 2,20 1,03

15 2,47 1,23 2,29 1,19 2,09 1,14 3,34 1,00 2,75 1,23

16 0,78 1,16 0,59 1,04 0,35 0,84 2,15 1,48 1,24 1,44

17 2,18 1,20 2,04 1,16 1,85 1,15 2,58 1,20 2,30 1,21

18 3,02 1,15 2,85 1,13 2,44 1,17 3,58 0,97 3,19 1,13

19 1,26 1,34 1,00 1,21 0,61 1,00 2,65 1,52 1,72 1,56

20 0,82 1,01 0,71 0,93 0,52 0,83 1,59 1,31 1,08 1,18

21 2,00 1,47 1,59 1,37 1,27 1,37 3,10 1,37 2,33 1,54

22 1,06 1,36 0,73 1,17 0,41 0,91 2,00 1,47 1,34 1,46

23 1,39 0,97 1,22 0,95 1,03 0,85 1,87 1,15 1,53 1,07

24 2,57 1,62 2,26 1,61 1,78 1,58 3,78 1,28 2,95 1,63N(1) = número de candidatos presentes

Tabela 4 –

Tabela 5 –

Tabela 6 –

Page 158: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

158

Desempenho dos candidatos

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Química – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.600 N(1)= 1.895 N(1)= 389 N(1)= 5.125 N(1)= 14.009

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

01 1,25 1,42 0,57 1,06 0,32 0,78 2,07 1,57 1,43 1,52

02 1,18 1,29 0,69 0,92 0,49 0,72 1,64 1,47 1,26 1,35

03 0,89 1,28 0,46 0,91 0,31 0,68 1,43 1,53 1,01 1,37

04 2,12 1,10 1,89 1,10 1,63 1,08 2,27 1,12 2,13 1,11

05 1,85 1,37 1,18 1,25 0,78 1,10 2,41 1,41 1,93 1,44

06 2,98 1,40 2,46 1,39 2,17 1,38 3,43 1,25 3,05 1,39

07 0,86 1,29 0,42 0,94 0,29 0,75 1,41 1,54 0,99 1,39

08 1,22 1,49 1,25 1,50 1,31 1,52 1,43 1,52 1,30 1,51

09 1,02 1,08 0,72 0,76 0,59 0,62 1,48 1,36 1,13 1,18

10 1,72 1,77 0,78 1,29 0,42 0,98 2,44 1,87 1,82 1,83

11 1,40 1,30 0,76 0,98 0,55 0,79 1,75 1,35 1,42 1,32

12 1,32 1,50 0,63 1,05 0,40 0,78 2,11 1,76 1,49 1,63

N(1) = número de candidatos presentes

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de História – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.600 N(1)= 1.895 N(1)= 389 N(1)= 5.125 N(1)= 14.009

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

13 3,25 1,68 3,58 1,54 2,88 1,76 3,65 1,48 3,43 1,61

14 1,28 1,27 1,72 1,51 1,04 1,06 1,62 1,42 1,46 1,37

15 3,12 1,36 3,46 1,25 2,89 1,51 3,45 1,23 3,28 1,31

16 2,1 1,32 2,49 1,29 2,04 1,34 2,47 1,26 2,29 1,31

17 3,21 1,16 3,46 1,04 2,93 1,15 3,64 1,02 3,40 1,12

18 3,23 1,24 3,51 1,10 3,24 1,26 3,45 1,15 3,35 1,20

19 1,81 1,06 2,14 1,11 1,64 1,03 2,20 1,07 1,99 1,09

20 1,84 1,45 1,89 1,49 1,63 1,48 2,02 1,50 1,91 1,48

21 0,64 0,84 0,87 0,93 0,46 0,68 0,91 0,96 0,77 0,90

22 1,45 1,08 1,79 1,21 1,28 0,99 1,80 1,20 1,62 1,16

23 1,58 1,33 2,00 1,37 1,70 1,42 2,02 1,38 1,80 1,37

24 2,19 1,43 2,54 1,37 2,04 1,42 2,50 1,36 2,34 1,41

N(1) = número de candidatos presentes

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Física – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.574 N(1)= 1.886 N(1)= 386 N(1)= 5.100 N(1)= 13.946

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

01 3,85 1,52 3,25 1,73 2,77 1,78 4,13 1,29 3,84 1,52

02 2,89 2,03 1,50 1,88 1,15 1,68 3,18 1,95 2,76 2,06

03 2,09 1,71 1,23 1,47 0,79 1,20 2,21 1,60 1,98 1,67

04 2,98 1,81 1,84 1,79 1,22 1,54 3,34 1,65 2,91 1,83

05 1,64 1,39 0,96 1,05 0,62 0,86 1,87 1,34 1,61 1,36

06 1,62 1,84 0,70 1,24 0,42 0,97 1,58 1,77 1,45 1,76

07 2,41 2,29 1,12 1,89 0,62 1,48 2,97 2,24 2,39 2,30

08 2,2 1,32 1,43 1,37 1,03 1,28 2,37 1,19 2,12 1,33

09 2,23 1,98 1,16 1,67 0,61 1,29 2,46 1,86 2,12 1,94

10 0,97 1,28 0,32 0,81 0,14 0,53 1,08 1,24 0,90 1,23

11 1,35 1,63 0,50 1,04 0,35 0,87 1,28 1,45 1,18 1,51

12 1,1 1,56 0,32 0,87 0,18 0,57 1,26 1,59 1,03 1,51N(1) = número de candidatos presentes

Tabela 7 –

Tabela 8 –

Tabela 9 –

Page 159: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

159

Desempenho dos candidatos

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Geografia – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.574 N(1)= 1.886 N(1)= 386 N(1)= 5.100 N(1)= 13.946

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

13 2,68 0,85 2,94 0,85 2,69 0,99 2,94 0,78 2,81 0,84

14 1,90 1,39 2,33 1,52 1,56 1,44 2,10 1,46 2,02 1,45

15 3,30 0,85 3,45 0,80 3,17 0,89 3,51 0,80 3,39 0,84

16 2,35 1,30 2,44 1,32 2,13 1,31 2,89 1,15 2,55 1,28

17 3,58 0,95 3,74 0,92 3,43 1,02 3,84 0,82 3,69 0,91

18 2,66 0,88 2,96 0,86 2,68 0,89 2,96 0,83 2,81 0,87

19 2,86 0,82 3,17 0,78 2,95 0,79 3,15 0,76 3,01 0,80

20 1,81 0,83 2,10 0,89 1,69 0,87 2,15 0,87 1,97 0,87

21 1,75 0,98 1,98 0,95 1,77 0,93 2,16 0,95 1,93 0,98

22 0,70 0,76 0,97 0,98 0,61 0,77 0,99 0,92 0,84 0,86

23 1,97 1,48 2,35 1,49 1,56 1,41 2,39 1,41 2,16 1,47

24 2,11 1,09 2,28 1,11 2,00 1,20 2,46 0,97 2,26 1,07

N(1) = número de candidatos presentes

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Matemática – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.554 N(1)= 1.883 N(1)= 384 N(1)= 5.089 N(1)= 13.910

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

01 4,00 1,75 3,70 1,95 3,12 2,18 4,03 1,70 3,94 1,78

02 3,06 2,17 2,37 2,16 1,66 1,92 3,38 2,08 3,04 2,17

03 1,52 1,79 1,12 1,60 0,81 1,42 1,59 1,77 1,47 1,76

04 3,87 1,41 3,62 1,45 3,24 1,51 3,92 1,36 3,84 1,41

05 2,00 1,32 1,49 1,12 1,18 0,93 2,20 1,26 1,98 1,29

06 3,46 1,81 2,43 1,95 1,67 1,74 3,79 1,60 3,39 1,83

07 1,27 1,51 0,69 1,17 0,35 0,79 1,50 1,60 1,25 1,52

08 1,04 1,49 0,47 1,05 0,15 0,60 1,11 1,48 0,96 1,44

09 1,67 1,29 1,28 1,01 0,99 0,66 1,87 1,35 1,67 1,28

10 0,82 1,09 0,47 0,79 0,30 0,64 0,73 1,00 0,73 1,02

11 1,91 1,78 1,13 1,53 0,57 1,20 2,17 1,71 1,86 1,75

12 0,30 0,93 0,10 0,48 0,01 0,15 0,32 0,93 0,27 0,87

N(1) = número de candidatos presentes.

Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Inglês – Por Área (Escala: [0–5])

ÁreaExatas Humanas Artes Biológicas Geral

N(1)= 6.523 N(1)= 1.857 N(1)= 380 N(1)= 5.075 N(1)= 13.835

Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.

13 3,06 1,87 3,12 1,86 3,08 1,82 3,48 1,76 3,23 1,84

14 2,49 2,29 2,68 2,29 2,36 2,32 2,88 2,26 2,66 2,29

15 3,09 1,70 3,03 1,63 3,06 1,75 3,59 1,48 3,26 1,64

16 3,29 1,63 3,36 1,52 3,15 1,63 3,79 1,37 3,48 1,55

17 2,81 1,64 2,91 1,66 2,79 1,63 3,19 1,50 2,96 1,61

18 0,99 1,12 1,18 1,24 0,99 1,19 1,39 1,25 1,16 1,20

19 2,18 1,57 2,27 1,54 1,99 1,42 2,63 1,61 2,35 1,59

20 3,20 1,68 3,31 1,62 3,04 1,71 3,66 1,46 3,38 1,61

21 2,02 1,51 2,19 1,55 2,05 1,66 2,48 1,48 2,21 1,52

22 3,15 2,18 3,24 2,10 2,94 2,22 3,62 1,93 3,33 2,10

23 1,74 2,32 1,74 2,31 1,03 1,93 2,15 2,39 1,87 2,35

24 2,85 1,96 3,18 1,88 3,17 1,93 3,43 1,75 3,12 1,89N(1) = número de candidatos presentes.

Tabela 10 –

Tabela 11 –

Tabela 12 –

Page 160: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Tabe

la 1

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Desempenho dos candidatos

Page 161: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

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161

Desempenho dos candidatos

Page 162: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

162

Page 163: Mat exercicios resolvidos e comentados  017

Cade

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NOME

ORDEM INSCRIÇÃO

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

LUGAR NA SALA

ASSINATURA DO CANDIDATO

PROVA

SEQ. LOTE

1 • Verifique se o seu nome e número de inscrição estão corretos.2 • A prova deve ser feita com caneta azul ou preta.3 • A resolução de cada questão deve ser apresentada no espaço

correspondente a cada questão.4 • O rascunho poderá ser feito no espaço indicado e não será

considerado na correção.

PROVA

EMPC

QUIMIC

Instruções

Questões

QUEST O 2:

1

2

QUEST O 1:

1

2

RASCUNHO

ATEN O: Os rascunhos n o ser o considerados para

efeito de corre o, em hip tese alguma.

Modelo

1 • Verifique se o seu nome e número de inscrição estão corretos.2 • A prova deve ser feita com caneta azul ou preta.3 • A resolução de cada questão deve ser apresentada no espaço

correspondente a cada questão.4 • O rascunho poderá ser feito no espaço indicado e não será

considerado na correção.

Instruções