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E.E.PROF° IRENE DIAS RIBEIRO TAÍSSA FOCOSI NATALIA ALEXANDRE RIBEIRO LUIS ANTONIO FRANCISCO JR. 3ª A - 2011 MARIA INÊS VITORINO

Memorias de um Sargento de Milícias - 3ª A - 2011

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E.E.PROF° IRENE DIAS RIBEIRO

TAÍSSA FOCOSINATALIA ALEXANDRE RIBEIROLUIS ANTONIO FRANCISCO JR.

3ª A - 2011

MARIA INÊS VITORINO

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Manoel Antônio de Almeida • Filho do tenente Antônio de Almeida

e de Josefina Maria de Almeida. Seu pai morreu quando Manuel Antônio tinha dez anos de idade. Concluiu a Faculdade de Medicina em 1855, mas nunca exerceu a profissão. Dificuldades financeiras o levaram ao jornalismo e às letras.

• Foi redator do jornal Correio Mercantil, para o qual escrevia um suplemento, A Pacotilha. Neste suplemento publicou nas paginas dos folhetins sua única obra em prosa de fôlego, a novela Memórias de um Sargento de Milícias, de 1852 a 1853, em capítulos.

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• Pertenceu à primeira sociedade carnavalesca do Rio de Janeiro, o Congresso das Sumidades Carnavalescas, fundado em 1855.

• Foi professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.

• Em 1858, foi nomeado diretor da Tipografia Nacional. Lá, conheceu o jovem aprendiz de tipógrafo Machado de Assis.

• Procurou iniciar a carreira na política. Quando ia fazer as primeiras consultas entre os eleitores, morreu no naufrágio do navio Hermes, em 1861, na costa fluminense.

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EnredoA obra conta as aventuras de Leonardo ou Leonardinho, filho ilegítimo dos portugueses Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça. Como os pais não desejassem criá-lo, Leonardo fica por conta de seu padrinho (um barbeiro) e de sua madrinha (uma parteira), após a separação dos seus progenitores.

Sempre metido em travessuras, desde cedo Leonardo mostra-se um grande malandro. Já moço, apaixona-se por Luisinha, mas põe o romance a perder quando se envolve com a mulata Vidinha. A primeira decide, então, casar-se com outro.

Tempos depois, Leonardo é preso pelo Major Vidigal, enfrenta diversos problemas, mas acaba sargento de milícias. Quando da viuvez de Luisinha, reaproxima-se da moça. Os dois casam-se e Leonardo é reabilitado.

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Personagens• Leonardo ou Leonardinho - o anti-herói ou herói picaresco do

romance, vadio, malandro, que adora fazer estripulias e criar problemas. Mulherengo, quase perde seu amor, por ser inconsciente. É criado pelo padrinho, já que os pais se separam e não têm paciência para lhe suportar as traquinagens. Chega a ser preso, torna-se granadeiro e Sargento de Milícias. Casa-se e torna-se assentado. 

• Leonardo-Pataca - Tendo conseguido chegar a meirinho, o que lhe garante uma vida de ócio, Leonardo-Pataca é apresentado como o infeliz que é perseguido sempre pela má sorte na vida pessoal, má sorte que, na verdade, é resultado da pouca inteligência e do excesso de sentimentalismo amoroso. Mas a velhice o acalma e, afinal, encontra a paz ao lado de Chiquinha.

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• A comadre - Como parteira, a comadre faz uso da influência e das informações que obtém no exercício de sua profissão para organizar o mundo segundo interesses. Nem sempre é bem-sucedida, mas a sorte a favorece e consegue ver o afilhado bem casado e na posição de sargento de milícias.

O compadre - De bom coração, apesar do famoso arranjei-me, o compadre, o compadre afeiçoa-se a Leonardo, no qual parece identificar-se, pois também fora um menino abandonado que tivera que enfrentar a vida sozinho. Não vive o suficiente para ver o final feliz do afilhado.

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• Vidigal - O terror dos malandros e vagabundos, 'o rei absoluto, o árbitro supremo' e o distribuidor dos castigos em uma sociedade em que a polícia ainda não estava organizada, o major é visto de forma simpática, principalmente porque termina sendo uma peça fundamental para que o destino de Leonardo, o herói central, se encerre de forma favorável.

Vidinha - A 'mulatinha de 18 a 20 anos...de lábios grossos e úmidos' é o primeiro personagem da ficção brasileira que aparece o estereótipo da mulata sensual que enlouquece os homens com sua vida e sem

compromissos.

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• Luisinha - moça com a qual Leonardo se casa. Em princípio é desengonçada e estranha, depois melhora. Casa-se com José Manuel, por influência da tia, arranjando um marido que só deseja seus bens. É órfã. Fica viúva e une-se a Leonardo.

• D. Maria - doida por uma demanda judicial, ganha a guarda de Luisinha, quando ela perde os pais. 

• José Manuel - salafrário e calculista, casa-se com Luisinha por dinheiro e morre.

• Major Vidigal - militar que persegue Leonardo, até conseguir integrá-lo às forças milicianas. Calcado em uma figura real. 

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• Maria da Hortaliça - mãe do personagem, portuguesa, trai o Pataca e foge com outro para Portugal. 

• Chiquinha - casa-se com Leonardo Pataca. É filha da

Comadre.

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Tempo

• A história se passa no começo do século XIX, ocasião em que a família real portuguesa se refugiou no Brasil. Por isso, o romance tem início com a expressão “Era no tempo do rei”, referindo-se ao rei português dom João VI. Essa fórmula também faz referência – e isso é mais relevante para entender a estrutura do romance – aos inícios dos contos de fada:

“Era uma vez...” 

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Espaço• O espaço físico apresentado na obra é o meio urbano

brasileiro do século XIX. A história se passa no Rio de Janeiro , e descreve seus principais pontos, como igrejas, principais ruas, mas descreve também pontos bem à margem da sociedade, como acampamentos de ciganos e bares. Neste trecho, o autor descreve um acampamento cigano:

• Moravam ordinariamente um pouco arredados das ruas populares, e viviam em plena liberdade. As mulheres trajavam com certo luxo relativo aos seus haveres: usavam muito de rendas e fitas; davam preferência a tudo quanto era encarnado, e nenhuma delas dispensava pelo menos um cordão de ouro ao pescoço; os homens não tinham outra distinção mais do que alguns traços fisionômicos particulares que os faziam conhecidos.

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• O autor retrata as classes média e baixa existentes na época, contrariando muitos românticos que retratavam a aristocracia. Quase em nenhuma parte, o livro retrata um ambiente aristocrático.

No trecho a seguir, sobre o batizado da irmã de Leonardo, pode-se observar como era retratado o meio social:

• Estavam todos sentados, e o Teotônio em pé no meio da sala olhava para um, e apresentava uma cara de velho; virava-se repentinamente para outro, e apresentava uma cara de tolo a rir-se asnaticamente; e assim por muito tempo mostrando de cada vez um tipo novo. Finalmente, tendo já esgotado toda a sua arte, correu a um canto, colocou-se numa posição que pudesse ser visto por todos ao mesmo tempo, e apresentou a sua última careta. Todos desataram a rir estrondosamente apontando para o major.

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Foco Narrativo• A narrativa é feita em terceira pessoa (mas há

passagens do livro em que o foco narrativo passa da terceira pessoa para a primeira pessoa) o que torna mais completa a caracterização das personagens e seu foco secundário vai variando.

O autor utiliza diálogos que retratam a linguagem dos personagens. Esse tipo de narrativa faz com que o texto fique mais interessante, pois ficam evidentes as ironias usadas pelo narrador.

No trecho que se segue, pode-se observar como o autor aproxima as falas de seus personagens das expressões usadas na época, em uma linguagem extremamente coloquial:

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• — Já… já… senhora intrometida com a vida alheia… já sabe o pai-nosso, e eu o faço rezar todas as noites um pelo seu defunto marido que está a esta hora dando coices no inferno!…

• O livro é repleto de ironias, como no trecho a seguir:

• Ser valentão foi em algum tempo ofício no Rio de Janeiro; havia homens que viviam disso: davam pancada por dinheiro, e iam a qualquer parte armar de propósito uma desordem, contanto que se lhes pagasse, fosse qual fosse o resultado. Entre os honestos cidadãos que nisto se ocupavam, havia, na época desta história, um certo Chico-Juca, afamadíssimo e temível.

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Estilo• Manuel Antônio de Almeida utiliza uma linguagem que se

aproxima da jornalística, o que torna claros e objetivos os seus textos. Outro aspecto é a utilização de personagens comuns na época, como o barbeiro, a parteira, o major, tornando, assim, a história mais próxima do leitor.

• Memórias de um sargento de milícias foi escrito em forma de folhetim (os capítulos eram publicados em seqüência nos jornais da época, o que prendia o leitor, pois deixava um suspense em relação ao capítulo posterior). Essa característica é utilizada atualmente em novelas, como um resquício do folhetim, com a finalidade de colocar o telespectador em suspense.

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• Essa forma de provocar o suspense no leitor pode ser observada neste trecho, que é o final de um capítulo:

• Um grito de espanto, acompanhado de uma gargalhada estrondosa dos granadeiros, interrompeu o major. Descoberta a cara do morto, reconheceu-se ser ele o nosso amigo Leonardo!....

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• Em alguns trechos, o narrador é onisciente, ou seja, ele sabe todos os pensamentos dos personagens. Exemplo são as passagens em que o narrador "entra" no pensamento do personagem:

• Pois enganava-se redondamente quem tal julgasse: pensava em coisa muito mais agradável; pensava em Luizinha. Pensando nela não podia, é verdade, abster-se de ver surgir diante dos olhos o terrível José Manuel.

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• A obra é muito importante por ser de transição do Romantismo para o Realismo e por ser uma crônica de costumes.

• Além disso, é usada metalinguagem (explicar sobre o próprio processo narrativo), técnica do leitor incluso (conversa com o leitor) e digressão (interromper a narrativa para que o narrador faça um comentário sobre assunto paralelo).

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Verossimilhança

• Ao contrário de outras obras românticas, o autor mostra uma visão bem próxima à realidade. Os problemas sociais, as atitudes dos personagens e uma visão menos idealizada da realidade caracterizam a obra como precursora no Realismo. Personagens como Major Vidigal, por exemplo, realmente existiram.

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• No trecho que se segue, temos um exemplo da ironia e da crítica aos costumes da época, em que um padre tem relações amorosas com uma cigana:

• No mesmo instante viu aparecer o granadeiro trazendo pelo braço o Rev. Mestre-de-cerimônias em ceroulas curtas e largas, de meias pretas, sapatos de fivela, e solidéu à cabeça. Apesar dos aparos em que se achavam, todos desataram a rir: só ele e a cigana choravam de envergonhados.

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Movimento Literário• A obra Memórias de um sargento de milícias é uma obra

romântica, que, conseqüentemente, apresenta algumas características típicas do movimento. A obra, porém, é um romance urbano, que desenvolveu temas ligados à vida social. A história, porém, apresenta os exageros sentimentais comuns à maioria das obras românticas.

Fazendo o uso da ironia, o autor deixa perceber que sua intenção era divertir o leitor com os problemas sociais de sua época.

O livro abandona a linguagem metafórica e a mulher e o

amor não são idealizados, como em outras obras pertencentes ao Romantismo. Em algumas partes o autor chega mesmo a ironizar o Romantismo.

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• Por exemplo:

• tratava-se de uma cigana; o Leonardo a vira pouco tempo depois da fuga da Maria, e das cinzas ainda quentes de um amor mal pago nascera outro que também não foi a este respeito melhor aquinhoado; mas o homem era romântico, como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo.

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• O final feliz de Luisinha e Leonardo, porém, é uma característica tipicamente romântica. Pode-se ver como amor transforma a vida de Luisinha:

• Desde o dia em que Leonardo fizera a sua declaração amorosa, uma mudança notável se começou a operar em Luisinha, a cada hora se tornava mais sensível a diferença tanto do seu físico como do seu moral. Seus contornos começavam a arredondar-se; seus braços, até ali finos e sempre caídos, engrossavam-se e tornavam-se mais ágeis; suas faces magras e pálidas, enchiam-se e tomavam essa cor que só sabe ter o rosto da mulher em certa época da vida; a cabeça, que trazia habitualmente baixa, erguia-se agora graciosamente; os olhos, até aqui amortecidos, começavam a despedir lampejos brilhantes; falava, movia-se, agitava-se. A ordem de suas idéias alterava-se também; o seu mundo interior, até então acanhado, estreito, escuro, despovoado, começava a alargar os horizontes, a iluminar-se, a povoar-se de milhões de imagens, ora amenas, ora melancólicas, sempre porém belas.

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Conclusão• Nota-se que, apesar de romântico, ao longo da

trama vários aspectos do movimento são criticados, e diversas vezes satirizados. O livro foge à diversas características do estilo romântico, o relacionamento amoroso não é idealizado, Leonardo não se mostra corajoso e íntegro, como nos padrões do herói romântico. Mostra-se vagabundo, irresponsável, um anti-herói. Ele não é um vilão, mas não representa um modelo de comportamento; é uma pessoa comum. O final da história, fugindo do estilo romântico já conhecido com tragédias, Leonardo e Luizinha se casam e vivem felizes para sempre.

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• Manuel Antônio de Almeida faz referências à mitologia grega, cita personagens reais, como o major Vidigal. Ele apresenta pequenas histórias no mesmo contexto, histórias "perpendiculares" à trama principal. Enfim, ele faz de tudo para prender a atenção do leitor para o próximo capítulo, criando assim um estilo próprio, um romantismo irônico, e crítico à sociedade vigente na época.

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• Apesar de o livro ter sido escrito no século XIX, época do Romantismo, ele não pode ser classificado como uma obra do Romantismo, e sim como uma obra excêntrica. Os fatos que comprovam que tal obra é excêntrica são a ausência de maniqueísmo e personagens idealizados. Outro fator é a existência de metalinguagem, valor herdado de Machado de Assis, que viveu no Realismo. Por tais motivos, fica inviável classificá-la como uma obra do Romantismo, apesar de ser escrita na época em que tal movimento literário perdia forças e dava espaço ao realismo.

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Dados Bibliográficos• http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem

%C3%B3rias_de_um_Sargento_de_Mil%C3%ADcias

• http://vestibular.uol.com.br/ultnot/livrosresumos/ult2755u14.jhtm

• http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/memorias-de-um-sargento-de-milicias.html

• http://www.youtube.com/watch?v=CjrgTuZ8o8g&feature=related