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MODERNISMO BRASILEIRO VANGUARDA DOS TRÓPICOS Influências externas O século XX é (re)conhecido como o tempo da velocidade, das mudanças bruscas, revolucionárias e rápidas que geram reações diversas no homem ainda ligado às carruagens e lamparinas. LUZ ELÉTRICA, AUTOMÓVEL, RÁDIO, CINEMA transformam o cenário lento e calmo. As vanguardas artísticas que surgiram na Europa, a partir da primeira década do século são reflexo do impacto das transformações provocadas pela tecnologia e pelo avanço da ciência. Aquilo que, a princípio, prenunciava mais conforto e longevidade para as pessoas choca-se com CRISE ECONÔMICA EM 1.929, GUERRAS MUNDIA, REVOLUÇÃO RUSSA.

Modernismo Brasileiro

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MODERNISMO BRASILEIRO

VANGUARDA DOS TRÓPICOSInfluências externasO século XX é (re)conhecido como o tempo da velocidade, das mudanças bruscas, revolucionárias e rápidas que geram reações diversas no homem ainda ligado às carruagens e lamparinas.

LUZ ELÉTRICA, AUTOMÓVEL, RÁDIO, CINEMA transformam o cenário lento e calmo.

As vanguardas artísticas que surgiram na Europa, a partir da primeira década do século são reflexo do impacto das transformações provocadas pela tecnologia e pelo avanço da ciência. Aquilo que, a princípio, prenunciava mais conforto e longevidade para as pessoas choca-se comCRISE ECONÔMICA EM 1.929, GUERRAS MUNDIA, REVOLUÇÃO RUSSA.

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O Brasil, no início do século XX, não era mais a ilha paradisíaca dos colonizadores e dos artistas tradicionais. Para os centros urbanos, convergem ideias cosmopolitas que apagam pouco a pouco o provincianismo de um país agrícola e rural. O comércio e a indústria progridem rapidamente. A arte tradicional, de imitação, perde espaço para uma estética chocante, para muitos, já que o olhar dos artistas é inovador, pois nova era a realidade. Anita Malfatti, em 1917, assusta os conservadores com imagens como estas: O homem amarelo, A boba, O farol, A estudante.

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Monteiro Lobato, enraivecido, explode no artigo Paranóia ou mistificação? O que todos viam na exposição eram pinturas absolutamente diferentes das habituais. A sociedade brasileira estava acostumada a assimilar a arte conservadora.

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Compare o traço de Renoir, no quadro

Leitura, com a obra de Anita Malfatti em

Tropical. O que pode ter assustado o autor de O

sítio do pica-pau amarelo?

Justifique essa atitude de Monteiro Lobato a partir

destas imagens.

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VANGUARDA DOS TRÓPICOS

Na poesia e nas artes plásticas, o modernismo brasileiro representava um esforço de atualização de nosso ambiente cultural em relação às vanguardas europeias. O modernismo foi, nos anos 20, entre tardio e antenado, nossa vanguarda tupiniquim.

(Ítalo Moriconi)

Justifique a última frase do texto de Moriconi.

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Em que as obras de Oswald de Andrade

e Di Cavalcanti, a seguir, lembram as

vanguardas europeias?

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Bucólica

Agora vamos correr o pomar antigo

Bicos aéreos de patos selvagens

Tetas verdes entre folhas

E uma passarinhada nos vaia

Num tamarindo

Que decola para o anil

Árvores sentadas

Quitandas vivas de laranjas maduras

Vespas

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VANGUARDA DOS TRÓPICOS Tupy or not tupy that is the question.

O movimento de 1922 consegue a façanha de fazer o Brasil olhar para si mesmo e não deixar de lado o que ocorria fora daqui. A História oficial do país foi (re)escrita com irreverência e senso de humor.

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erro de português Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena . Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português

(Oswald de Andrade)Analise a linguagem e a pontuação do poema.Qual é o efeito do duplo sentido causado pela expressão erro de português?

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Destaque palavras ou expressões do texto que respondam às questões abaixo:

1. De quem é a voz poética?

2. Com qual acontecimento histórico os versos dialogam?

3. Comente a ironia que está implícita no título do poema.

Preparativos da pescaria Qualquer dia dou um gritoMando às favas Portugal,Toda a corte de Bragança.Qualquer dia dou um

cascudoNo tal de ministro inglês.

Meu pai não fez coisa alguma

Por vocês, ó vrazileiros.Se meu pai disse que fez

Ele mente pela gorja...

(Murilo Mendes)

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VANGUARDA DOS TRÓPICOSA Semana de Arte Moderna “(...) Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes (...) ora inconscientes ( a grande maioria) foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me importa”.

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,O burguês- burguês!...O homem-curva! O homem nádegas!

(Mário de Andrade)

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A Semana de 22

Principais tendências e legados para épocas seguintes• Rompimento com a estética conservadora, dessacralização do limite rígido

entre o poético e o não poético.

Vou jogar o meu guarda-chuvaNo depósito dos objetos sem uso.

Guarda-chuva ridículo, monstruoso morcegoQue abro contra o céu negro.

Não mais me adianta abri-lo contra a chuva das horas.

(Carlos D. Andrade)

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• Desrespeito à norma gramatical, uso de coloquialismos linguísticos, apropriação dos traços regionais do idioma falado no Brasil pelo homem comum.

Se Pedro SegundoVier aqui

Com história Eu boto ele na cadeia.

(Oswald de Andrade)

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A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livrosVinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povoPorque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nósO que fazemos

É macaquear A sintaxe lusíada.

(Manuel Bandeira)

Qué apanhá, sordado?- O quê?- Qué apanhá?Pernas e cabeças na calçada. (Oswald de Andrade)

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Percebe-se, na implantação do Modernismo, que os artistas faziam de seus textos manifestos estéticos que sugeriam como deveriam ser os autores sintonizados com uma postura revolucionária. Por isso, disseram: Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos.

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Busca da verdadeira origem brasileira, nacionalismo autêntico. Reflexões de como acontecera a miscigenação no Brasil.

O Zé Pereira chegou de caravelaE preguntou pro guarani da mata virgem- Sois cristão?- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da MorteTeterê tetê Quizá Quizá Quecê!Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! Uu!O negro zonzo saído da fornalhaTomou a palavra e respondeu- Sim pela graça de DeusCanhém Babá Canhém Babá Cum cum!E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)

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Incorporação do presente progressista mundial às letras nacionais. Não permita Deus que eu morraSem que eu volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo. (Oswald de Andrade)

Sou um tremUm navioUm aeroplanoSou a força centrífuga e centrípetaTodas as forças da terra (Luís Aranha)Qual a ponte que pode ser feita entre os versos e São Paulo e EFCB, de Tarsila do Amaral?

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Releitura parodística de textos brasileiros.

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiáAs aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras?Não. Minha terra tem engenhocas de rapadura e cachaçaE açúcar marrom, tiquinho, para o gasto.As fazendas misturam dor e consoloEm caldo verde-garrafaE sessenta mil réis de imposto fazendeiro.

(Carlos Drummond de Andrade)

A romântica Canção do Exílio, de Gonçalves Dias é, talvez, o poema mais parodiado em nossa literatura.

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Liberdade formal e temática permitiu aos autores flexibilidade criativa. Vinícius de Morais escreveu sonetos, Paulo Leminski criticou tal modelo de composição, João Cabral de Melo Neto fez textos com rimas. Há espaço e reconhecimento para todos os três, o que era impensável para os artistas até o século XIX.

Composições poéticas com versos brancos e livres, ou seja, sem rimas e com métrica variada.

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Não, meu coração não é maior que o mundo.É muito menor.Nele não cabem nem as minhas dores.Por isso gosto tanto de me contar.Por isso me dispo,por isso me grito,por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:preciso de todos. (Carlos Drummond de

Andrade)

Abaixo a carestiaChega de comer angustia e solidão.

( Marcelo Dolabela

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POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNALJoão Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia

num barraco sem númeroUma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

BebeuCantouDançou

Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(Manuel Bandeira)

1930 1960 1980 amor homem ama

dor come cama fome (Paulo Leminski)

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Imagens fragmentadas, busca de síntese, exploração do espaço em branco, abolição de sinais de pontuação.

SOLTO

Soltodosol

o (Arnaldo Antunes)

• Quantas leituras diferentes você consegue fazer deste poema ?• De que maneira a disposição das palavras interfere na interpretação do

texto?• Justifique o título do texto.

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Reflexões metalinguísticas apontam para uma postura estética inovadora.Aprendi com meu filho de dez anosQue a poesia é a descobertaDas coisas que nunca vi (Oswald de Andrade)

Não sou futurista de Marinetti. Disse e repito-o. Tenho pontos de contacto com o futurismo. Oswald de Andrade, chamando-me futurista,

errou...(Mário de Andrade)

Sou mais chegado ao escracho que ao desempenhomais chegado à música que à porradamais chegado ao vício que à virtude

sou pedestre sim senhorsou panfleta de uma sociedade anônima.

(Charles)

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Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmadaE um dia sei que estarei mudo:- Mais nada.

(Cecília Meireles)

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Por que o homem que come gente, o abaporu, em tupi-guarani, tornou-se o símbolo do Modernismo

brasileiro?

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BRASIL TARSILA(...)Tarsila acordando para o pesadeloDe assombrações pré-colombianas tão vivas como outroraAbaporu das noites na fazendaBichos que não existem? Mas existentesCactos-animais, pedras-árvores, monstros a expulsar de nossa menteOu a recolher para melhorSeguir nosso traçado preternaturalTarsila mágica,Meu Deus, tão simples,Alheia às teorias analíticas de FreudE desvendando As grutas, os alçapões, as pirambeirasDa consciência ruralExpondo ao solA alegria colorida da libertação. Carlos Drummond de Andrade

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Como se pode reconhecer nos versos de Drummond, as intenções da pintora Tarsila do Amaral?

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A que corrente europeia a figura do quadro de Tarsila poderia ser associada?Por quê?

Observe: • a desproporção do corpo da personagem,• as referências de Drummond a respeito da figura monstruosa,• a simplicidade do traço de Tarsila do Amaral,• as cores da pintura são reprodução da bandeira brasileira,• a vegetação e o sol tropicais.

Os modernistas conseguiram trazer para o sul do Equador a postura do artista de vanguarda da Europa. Isso foi feito sem ser imitação ou cópia do que era produzido do outro lado do Atlântico. É com a Semana de 22 que a literatura brasileira abre suas portas para a produção autêntica dos que aqui vivem.

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QUADRO-RESUMO

Antecedentes do Modernismo: Movimentos de Vanguarda Europeia, a partir de 1905, na AlemanhaExposição de Anita Malfatti, em 1917Reações às pinturas de Malfatti

Contexto sociocultural do Modernismo:Avanço da tecnologia e da ciênciaIndustrialização e urbanização do BrasilVolta de artistas brasileiros que estavam na EuropaDecisão de promover evento com as diversas formas de manifestação artísticas.

Características da arte modernista:SimplicidadeBusca das raízes de um Brasil autênticoRompimento com a estética passadista, tradicionalHumor, irreverência

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Características da arte modernista:Linguagem do homem comum

Pesquisa estéticaRespeito ao regionalismo

Reprodução dos diversos falares do brasileiro

Artistas modernistas de primeira horaAnita Malfatti

Tarsila do AmaralMário de Andrade

Oswald de Andrade Menotti del PicchiaCassiano Ricardo

Ronald de CarvalhoGraça Aranha

Augusto Frederico SchimidtVilla-Lobos

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