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CADERNOS DIDÁTICOS PET HISTÓRIA UFCG Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o ensino de História Vol. 1 - 2014 Campina Grande PB

Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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Cadernos Didáticos 2013

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CADERNOS

DIDÁTICOS

PET HISTÓRIA

UFCG

Ciências Humanas e suas

tecnologias: novas sensibilidades para pensar

o ensino de História

Vol. 1 - 2014

Campina Grande

PB

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Caro estudante,

Atualmente, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) é utilizado como critério de

seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade

para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame

como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou

substituindo o vestibular. O ENEM tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao

fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já

concluíram o ensino médio em anos anteriores.

Foi pensando nessa abrangência, relevância para a formação do grupo e a necessidade

de estreitarmos os laços com o ensino básico que o PET Historia UFCG, iniciou em 2011, o

projeto “ENEM - Ciências Humanas e suas tecnologias: novas sensibilidades para pensar o

ensino de História”. E nesse sentido, este módulo foi elaborado com o objetivo de facilitar a

compreensão da proposta do ENEM para a área de CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS

TECNOLOGIAS, melhorando o desempenho dos participantes em seus estudos dentro e fora

da oficina.

Contamos com sua participação para que possamos aprimorar este módulo em edições

futuras e esperamos que suas notas reflitam seu esforço, dedicação, tempo de estudo e que

seus sonhos e objetivos sejam alcançados.

Organizadoras

Regina Coelli Gomes Nascimento

Tutora/PET História Rozeane Albuquerque Lima

Mestranda/PPGH/UFCG

Autores (as) Petianos PET História UFCG

Ana Carolina Monteiro Paiva Elson da Silva P. Brasil

Janaína Leandro Ferreira

Jaqueline Leandro Ferreira

Jonathan Vilar dos S. Leite

José dos Santos C. Júnior

Maria Aline Souza Guedes

Paula Sonály N. Lima Paulo Montini de Assis Souza Júnior

Priscila Gusmão Andrade Raquel Silva Maciel

Ronyone de A. Jeronimo

Silvanio de Souza Batista

Valber Nunes da Silva Mendes

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Sumário I. Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem

as identidades: “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Uma construção da

identidade brasileira?”.............................................................................................04

II. Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços

geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder:

“Transformações dos espaços geográficos, fluxos populacionais e poder”............14

III. Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das

instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes

grupos, conflitos e movimentos sociais: “Lutas por cidadania no Brasil”...........26

IV. Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e

seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento

e na vida social: “Mídia e poder”..........................................................................40

V. Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para

compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia,

favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade: “Democracia,

cidadania e participação”........................................................................................53

VI. Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza,

reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e

geográficos: “Homem e espaço geográfico”..........................................................70

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Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as

identidades.

MACUNAÍMA: O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER. UMA CONSTRUÇÃO DA

IDENTIDADE BRASILEIRA?

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

Jaqueline Leandro Ferreira

Valber Nunes da Silva Mendes

Maria Aline Souza Guedes

Disponível em <http://fichacorrida.wordpress.com/2014/02/03/domnio -do-fato-isso-a/> Acesso em: 16/03/2014.

<http://www.pimenta.blog.br/tag/lingua/> Acesso em: 16/03/2014

<http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/02/para-enternder-leitura-de-macunama.html> Acesso em:

16/03/2014.

O livro Macunaíma o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade, foi publicado

em 1928 e constrói um personagem que representa uma das imagens do “típico brasileiro”. O

romance pretendia valorizar as “raízes” da cultura brasileira, especialmente as indígenas, já

que o autor recorreu a inúmeras lendas e mitos indígenas como também a elementos do

folclore e da cultura popular para compor uma identidade nacional através do personagem

Macunaíma. O título do livro O herói sem nenhum caráter nos diz muito quanto às intenções

do autor, em primeiro lugar porque ele dá o nome de herói a um personagem que não é aquele

convencional herói europeu loiro, alto, bonito, forte, corajoso, etc. Em segundo lugar, a ideia

de não ter “nenhum caráter” remete a falta de valores e princípios próprios da cultura

europeia, isso não quer dizer que o autor quis mostrar um personagem sem moral, mas

ressaltar que muito do que entendemos por eticamente certo ou errado é construído a partir de

influências e contatos. Pois bem, se a intenção do autor é criar um personagem que

“represente a identidade brasileira” se faz importante ressaltar o quanto nos influenciamos

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pelo contato com o outro a ponto de adotarmos determinados traços que não são imutáveis,

mas, vão também se modificando através desse contato.

Outra coisa importante notar é como Macunaíma muda seu físico e também seu

comportamento: o modo de falar, de se portar e até mesmo a cor da sua pele, de acordo com a

região em que está. Isso ressalta a capacidade de adaptação desta identidade brasileira de

acordo com o contato com regiões distintas, evidenciando assim multiplicidade de nossos

traços culturais e como o sujeito pode adquirir novos comportamentos e, consequentemente,

modificar sua identidade por influência do contato com outras regiões. É a cara dos diferentes

traços físicos e culturais do povo brasileiro que o autor pretende mostrar.

O Personagem principal da obra de Mário de Andrade e que dá nome ao livro,

Macunaíma, possui determinadas características para negar valores e princípios europeus e

mostrar mudanças de comportamento de acordo com sua caminhada por diferentes regiões do

país, o herói brasileiro nasce negro, não possuía a preocupação de trabalhar, percorre distintas

realidades: do índio ao africano, da mata à cidade, do místico ao acadêmico, etc. Outra

característica importante da obra é o tempo, a narrativa acontece em momentos distintos e o

próprio personagem se metamorfoseia durante o romance, de acordo com sua caminhada

retomando a todo o momento culturas e costumes diversos.

O livro trás á tona um dos principais traços que veremos no movimento modernista no

Brasil, a negação à influência europeia e, consequentemente, valorização de elementos das

‘raízes’ brasileiras. A obra de Mário de Andrade (1928) recebeu influência da Semana de Arte

Moderna de 1922. Este evento reuniu escritores, pintores e artistas que pretendiam romper

com os padrões anteriores. Os participantes desse movimento buscavam uma “identidade

própria” e influenciaram muitos autores e pintores do movimento modernista posterior. A

década de 1920 no Brasil e no mundo se caracteriza por uma grande efervescência cultural e

artística, foram os anos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial. No campo das artes, o

Modernismo visava uma ruptura com as formas tradicionais da arte, da literatura, etc. No

Brasil esse movimento artístico e literário se voltou para romper com a influência europeia e

buscar novas formas próprias na arte, na literatura, na música, enfim, em vários campos

artísticos. Assim o Modernismo utilizou também a ideia de identidade nacional para compor

suas obras.

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A obra Macunaíma: O herói sem nenhum caráter foi adaptado ao cinema no ano de

1969, com roteiro e produção de Joaquim Pedro de Andrade, e o ator Grande Otelo

representado o papel de Macunaíma. Voltando-se para o gênero da comédia, o filme tem uma

duração de 108 minutos. Elogiado pela critica e buscando manter fidelidade ao livro de Mario

de Andrade, o diretor e roteirista, Joaquim, aproximou-se bastante da obra literária para

compor sua produção, apesar de ser uma adaptação, como qualquer filme com base em obras

literárias, precisa ajustar-se quanto à narrativa e o tempo do longa-metragem, como também

quanto aos cenários. O diretor buscou ao máximo tentar refletir as paisagens e espaços que

Mário de Andrade descreve na sua obra. Tanto o livro Macunaíma como a adaptação

cinematográfica podem ajudar a pensarmos a ideia de identidade brasileira, sua

(des)construção, questionar a influência de valores europeus, perceber como a ideia de

identidade pode modificar-se de região para região e até mesmo como ela pode ganhar, perder

ou adaptar características de acordo com o contato com outras culturas.

As paisagens narradas no livro (1928) e recuperadas no filme Macunaíma (1969) nos

trazem outros aspectos da identidade: o simbólico e cultural. Determinados espaço físicos,

naturais, artificiais, etc., evidenciam sentimentos de pertencimento, de traços culturais que se

fazem mais fortes e distintos de espaço para espaço. Assim, a paisagem também pode nos

dizer muito sobre identidade: ela nos remete a memórias, a sentimentos e ocasiões vividas; o

espaço, portanto, está carregado de elementos simbólicos, culturais e de pertencimento.

Vale a pena conferir...

REFLEXÃO

A produção literária do movimento modernista, que propunha desenvolver uma arte

que estivesse fora dos padrões estéticos literários utilizados no estilo europeu, para produzir

modelos genuinamente nacionais, fornece um exemplo de como as identidades culturais

brasileiras foram construídas a partir de fontes provenientes de momentos históricos

específicos. Ou seja, toda a efervescência cultural da década de 1920, impulsionada pelo

movimento modernista, proporcionou novas formas de pensar nossa construção identitária.

Vejamos:

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Erro de português (Oswald de Andrade)

Quando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena! Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

Brasil (Oswald de Andrade).

— O Zé Pereira chegou da caravela

E perguntou pro guarani da mata virgem

- Sois cristão?

— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da

Morte

Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

— Sim pela graça de Deus

Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval.

Estes poemas de Oswald de Andrade, participante do movimento modernista,

demonstram como esta tendência literária fabricou imagens da nossa construção enquanto nação

no sentido de apontar para as miscigenações, as interações e os contatos culturais que fornecem a

base para entender as identidades culturais brasileiras. Oswald de Andrade assume a postura de

enfatizar as relações culturais no processo de colonização, ou seja, expor a tentativa de

aculturação aos povos indígenas – isto é, ‘vestir’ o indígena que não cobria suas ‘‘vergonhas’’, a

cristianização dos nativos – pelos portugueses, bem como as péssimas condições de trabalho dos

negros cativos e a conversão ao cristianismo.

Dessa forma, é diante deste cenário em

que as interações culturais se processam de

maneira dinâmica, conflituosa e adaptativa nas

quais valores e costumes ora são apropriados,

ora são renegados, que se constitui um amplo e

complexo processo no qual podemos pensar a

construção das identidades culturais brasileiras. A Lavagem do Bonfim, festa que antecede às

devoções ao Nosso Senhor do Bonfim é um dos

exemplos mais contundentes de sincretismo religioso

na historia do Brasil.

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BRASIL, MOSTRA TUAS CARAS!

Os contatos entre culturas – durante o período colonial e posteriores - pôs frente a frente

diferentes etnias, crenças, costumes, religiões, valores e maneiras de sentir e pensar. E a partir

desse amálgama entre sistemas culturais tão distintos, podemos entender que não existe apenas

uma identidade nacional (apesar das representações que buscam formar uma homogeneização de

todas as culturas em um mesmo espaço, ou seja, se constrói uma ideia de nação), mas sim vários

‘lugares’, nos quais cada identidade se coloca e que em conjunto com os demais, dialogam,

estabelecem vínculos e fronteiras.

Nesse sentido, perceber a pluralidade das identidades e a riqueza (materiais e/ou

imateriais) em que consistem seus elementos culturais é considerar que não há culturas

superiores ou inferiores, por mais que em determinados contextos históricos, tentou-se sobrepor

uma cultura as demais. Um exemplo ocorreu durante os primeiros séculos da colonização na

América, em que as tentativas de cristianização dos nativos e afrodescendentes, se utilizou o

discurso da demonização das divindades, destruição dos templos sagrados, assassinatos de

lideres religiosos e formação de tribunais e visitas da Inquisição.

No entanto, o que caracteriza esse processo de construção das identidades, é perceber os

sincretismos, os hibridismos e as ‘apropriações’ que rompem a ideia de uma cultura pura, fixa,

estável, insolúvel. No campo da religião, o diálogo de crenças entre o catolicismo e o candomblé

é notável. Uma delas ocorre no mês de Janeiro com a Lavagem do Bonfim, na qual por ordens

dos senhores no século XVIII, os escravos eram obrigados a lavar as escadarias da Igreja Colina

Sagrada um dia antes das festividades de Nosso Senhor do Bonfim. Com o tempo os adeptos do

candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá (o mais respeitado de todos os

Orixás do panteão africano) e passaram a realizar suas festividades em devoção à sua divindade,

com a tradicional lavagem das escadarias com essências perfumadas ao som de atabaques e

palmas e relembrando os antepassados que legaram este culto ao deus de todas as religiões

africanas.

A pluraridade de identidades culturais é

um dos aspectos mais característicos da

sociedade brasileira. Indígenas,

portugueses, africanos (de várias

etnias), italianos, judeus, alemães,

árabes, japoneses, haitianos, etc.

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FOLCLORE E PRÁTICAS CULTURAIS.

O folclore consiste na maneira como um povo pensa, cria seus costumes, práticas e

valores no sentido de poder construir significados à identidade cultural a qual está vinculado.

Essas tradições culturais são repassadas ao longo das gerações através de discursos que buscam

legitimar a existência e reafirmar o lugar que ocupam no cenário das identidades. (Rainer Sousa)

Portanto formam-se nesse contexto os mitos fundadores, a exaltação de personagens,

estórias, lendas, festividades, monumentos, culinárias e uma série de componentes culturais que

visam enaltecer a identidade local. No campo das festividades, um leque de exemplos demonstra

a forte ligação das gerações atuais com as tradições. Vejamos:

A festa do Fogaréu é uma tradicional

festividade que ocorre na cidade de

Goiás. Realizada desde o século XVIII,

acontecem na quarta-feira da semana

santa e representa os últimos momentos

de Jesus. Disponível em:

http://encantosdocerrado.com.br/n/9414.

Acesso em: 31 de Janeiro.

A capoeira é um dos esportes mais tradicionais no

Brasil. Trazida pelos negros da África no período

colonial, por muitas vezes tentou-se reprimir e

inibir suas práticas por serem consideradas

agressivas. No entanto, hoje é patrimônio cultural.

Disponível em:

http://capoeiragungadourado.blogspot.com.br/201

3_03_01_archive.html. Acesso em 30 de Janeiro.

A Oktoberfest realizada em Blumenau - SC

caracteriza-se pela influência alemã na região,

com bebidas, danças, músicas que relembram a

tradição alemã. Disponível em:

http://g1.globo.com/sc/santa-

catarina/oktoberfest/2012/noticia/2012/10/29-

oktoberfest-de-blumenau-encerra-neste-

domingo-apos-19-dias-de-festa.html. Acesso

em: 30 de Janeiro.

O Festival de Paritins, realizado na Ilha de

Paritins, na região Norte. Representa uma

festividade centenária que têm como história,

a lenda de Negro Francisco e Catirina.

Disponível em:

http://tvabmanaus.blogspot.com.br/2012/06/s

howfestival-de-parintins-2012-tudo-que.html.

Acesso em: 31 de Janeiro.

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APRENDA FAZENDO

QUESTÃO 05 - ENEM 2012 Torna-se claro que quem descobriu a África

no Brasil, muito antes dos europeus, foram

os próprios africanos trazidos como

escravos. E esta descoberta não se restringia

apenas ao reino lingüístico, estendia-se

também a outras áreas culturais, inclusive à

da religião. Há razões para pensar que os

africanos, quando misturados e

transportados ao Brasil, não demoraram em

perceber a existência entre si de elos

culturais mais profundos. SLENES, R.

Malungu, ngoma vem! África coberta e

descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12,

dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).

Com base no texto, ao favorecer o contato

de indivíduos de diferentes partes da África,

a experiência da escravidão no Brasil tornou

possível a:

a) Formação de uma identidade cultural

afro-brasileira.

b) Superação de aspectos culturais africanos

por antigas tradições européias. c) Reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos. d) Manutenção das características culturais específicas de cada etnia. E resistência à

incorporação de elementos culturais

indígenas.

QUESTÃO 18 – ENEM 2012.

Portadora de memória, a paisagem ajuda a

construir os sentimentos de pertencimento;

ela cria uma atmosfera que convém aos

momentos, fortes da vida, às festas, às

comemorações. CLAVAL, P. Terra dos

homens: a geografia. São Paulo. Contexto,

2010 (adaptado)

No texto, é apresentada uma forma de

integração da paisagem geográfica com a

vida social. Nesse sentido, a paisagem,

além de existir como forma concreta,

apresenta uma dimensão.

a) Política de apropriação efetiva do

espaço.

b) Econômica de uso de recurso do espaço.

c) Privada de limitação sobre a utilização

do espaço.

d) Natural de composição por elementos

físicos do espaço.

e) Simbólica de relação subjetiva do

indivíduo com o espaço.

Page 11: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

SAIBA MAIS

FILMES

Narradores de Javé. Direção de Eliane Caffé. Brasil:

Vania Catani, 2003 (100min). Narradores de Javé conta

a historia de moradores ameaçados ficarem sem suas

terras devido à construção de uma hidrelétrica no lugar,

Assim, tentarão justificar aos oficiais que no lugar há um

patrimônio cultural e por isso precisa ser preservado,

então tiveram a ideia de reunir diferentes historias para

tentar convencê-los. Historias fantástica serão contadas!

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Trm-

CyihYs8> Acesso em 17 de mar. 2014

Curta-metragem: Águas de Romanza. Direção

Glaucia Soares. Brasil, Patrícia Baia, 2002 (35min). O

enredo mostra a história de uma menina que desejava

conhecer a chuva, acontecimento que não ocorria há 6

anos na região, então sua vó decide realizar o sonho de

sua neta, e as acompanham a um caixeiro viajante. O

curta acontece no sertão nordestino mostrando a

identidade formada a partir da forma de pensar, falar,

ouvir sobre determinados aspectos.

Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=jfSdeELacVw> Acesso

em 06 de fev. 2014

SITES Vídeo relacionado a Competência 1

<http://www.youtube.com/watch?v=NX8c5lp_z8Q&list

=PL_XuB9G-lZwN21RdHUBp66KqRv5p1C2-J> Trata

de uma exposição da Competência de área 1, da matriz

Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias.

Acesso em 14/09/2013.

Índios do Nordeste <http://indiosnonordeste.com.br/> O

site é composto por artigos, imagens, vídeos,

documentos, dissertações, teses e as mais diversas

informações sobre história Indígena. Embora o título

direciona-se a região nordeste, o site de maneira

nenhuma se limita as causas indígenas nessa região, pelo

contrário, o site enfoca vários assuntos sobre as diversas

etnias em todo o Brasil.

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Page 12: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

RESPOSTAS COMENTADAS

QUESTÃO 1 - ENEM 2012

Comentário da Revista Veja:

“A vinda para o Brasil de diferentes grupos africanos, trazidos de distintas regiões

daquele continente, possibilitou a identificação e a superação de algumas desigualdades

culturais existentes entre eles”. Dessa forma o sincretismo entre bantos, sudaneses e

malês, por exemplo, contribui para a formação de uma identidade cultural africana no

Brasil.”

Disponível em <http://veja.abril.com.br/educacao/enem-resolvido-

2012/Q13.pdf>Acesso em: 16 de out. 2013

A questão do Enxame Nacional do ensino médio (ENEM) da edição de 2012 apresenta

referência bibliográfica completa fidedigna extraída da Revista USP. Seu texto possui

coesão e coerência com um vocabulário acessível a todos e com a situação

nacionalmente conhecida, pois se trata da formação da identidade brasileira. O

enunciado é bastante claro referente ao tema Brasil colonial, mais precisamente a

importância do tráfico de escravos trazidos da África para o país, da qual formou uma

identidade cultural afro-brasileira.

Alternativa Correta: Letra A

QUESTÃO 2 - ENEM 2012

Comentário da professora de Geografia Ludmila Dutra Soares:

“A paisagem constitui a aparência do espaço é o que se pode visualizar no horizonte,

sendo composta por elementos naturais e elementos artificiais produzidos pelo homem.

Além da dimensão concreta, os elementos da paisagem carregam uma dimensão

simbólica e cultural, uma vez que a percepção da paisagem é individual e carregada de

elementos subjetivos. Duas pessoas que visualizam a mesma paisagem, possivelmente

não vão descrevê-la da mesma maneira.”

Disponível em: <http://ludmilageografia.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html>

Acesso: 25 de set. 2013

Curso Objetivo:

“A relação é subjetiva na medida em que o espaço não pode ser tocado, mas as

relações, os movimentos, as atividades humanas são todas realizadas nesse espaço, que

se consubstancia na paisagem geográfica.”

Page 13: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

Disponível em: <http://www.curso-

objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2012/enem2012_1dia.pdf> Acesso

em: 06 de ago. 2013

Alternativa Correta: Letra E.

REFERÊNCIAS

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Martins,

1970.

BARCALA. Valter Aparecido Macunaíma, a trajetória de um herói moderno. São

Paulo. [s.d]

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/cultura-folclorica.htm> Acesso

em: 15 de mar. 2014

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/> Acesso em: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://fichacorrida.wordpress.com/2014/02/03/domnio-do-fato-isso-a/>

Acesso em: 16 de mar. 2014.

Disponível em: <http://www.pimenta.blog.br/tag/lingua/> Acesso em: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://literalmeida.blogspot.com.br/2008/02/para-enternder-leitura-de-

macunama.html> Acesso em: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-

concurso/questoes/instituicao/ENEM?gclid=CNKR08bKzL0CFSsQ7AodpC0AWg>

Acesso em 12 de dez. 2013.

Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/barcala-valter-macunaima.pdf> Acesso

em: 11 de mar. 2014.

Page 14: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços

geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

TRANSFORMAÇÕES DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS, FLUXOS

POPULACIONAIS E PODER

Janaína Leandro Ferreira

Ronyone de Araújo Jeronimo

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA... O que as imagens nos dizem? Use seus conhecimentos prévios!

Disponível em: <http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi> Acesso em: 08 de set.13

A segunda metade do século XIX e começo do XX trouxeram significativas

mudanças nas cidades brasileiras. Com o processo de modernização e industrialização

que se intensifica na segunda metade do século XX. Foram se desenhando também as

mudanças de ordem político, social, cultural e espacial nos centros urbanos, São Paulo

de forma mais representativa se tornaria o exemplo de “cidade” moderna e

influenciariam as demais cidades brasileiras. No entanto, sabe-se que o processo de

urbanização aconteceu de forma desigual: à segregação urbana, as favelas são alguns

dos “problemas” acarretados muitas vezes por falta de um planejamento urbano

Page 15: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

“igualitário”. As primeiras décadas do século XIX, de fato, trouxeram ao Brasil toda

uma incorporação de valores urbanos à nossa sociedade, o que acarretou toda uma

transformação no cenário urbano acelerando o dinamismo das cidades, as

transformações da paisagem urbana. Todos esses fatores combinados trariam a esses

espaços uma conotação bastante atrativa a população que concentravam no campo suas

perspectivas econômicas e de sobrevivência. Há quem pretenda explicar esses fluxos

populacionais que se fizeram bem mais intensos nas décadas de 1960 e 70 no sentido

Nordeste - Sudeste pelo fator climático, ou seja, a seca teria feito com que milhares de

retirantes saíssem de seus lugares de origens em busca de promessas de uma vida

melhor. A seca teve sua contribuição no que se

refere à elevação da miséria no período

tratado, de fato, no entanto não devemos

admitir esse fator como o principal elemento

explicativo do problema, pois se assim

pensarmos estaríamos elevando e transferindo

para natureza um problema que é sobretudo

político, econômico e social.

Esses fluxos populacionais que

aconteceram historicamente de maneira

desordenada deixaram suas marcas nas paisagens

e no cotidiano urbano, especialmente nos grandes

Os Retirantes de Candido Portinari:

http://meninasemarte.files.wordpress.c

om/2012/03/expressionismo-no-brasil-

i1.jpg Acesso: 16 de mar. 2014

centros, pois seriam nas periferias onde essas populações encontrariam abrigo, muitas

vezes em condições tão precárias quanto as que lhes impulsionaram a sair de seus

lugares de origem. Especialmente no caso brasileiro, as favelas foram historicamente

construídas como o espaço dos “marginalizados” levaram às periferias uma conotação

bastante pejorativa, e por vezes espaços “invisíveis” aos olhos do poder público, desta

forma, são espaços privilegiados no tocante a problemas de falta de saneamento básico,

acarretando grandes preocupações na atualidade. Deve-se perceber dentro desse

contexto a importância das formas e relações de poder que se expressam nos espaços,

sejam eles urbanos ou rurais como normalizadores e construtores de nossa sociedade,

nossa nação e nossas relações cotidianas.

Page 16: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

REFLEXÃO

O Nome da Cidade

(Adriana Calcanhotto)

Onde será que isso começa

A correnteza sem paragem

O viajar de uma viagem

A outra viagem que não cessa

Cheguei ao nome da cidade

Não a cidade mesma espessa

Rio que não é Rio: imagens

Essa cidade me atravessa

Ôôôôêh boi êh bus

Será que tudo me interessa

Cada coisa é demais e tantas

Quais eram minhas esperanças

O que é ameaça e o que é promessa

Ruas voando sobre ruas

Letras demais, tudo mentindo

O Redentor que horror, que lindo

Meninos maus, mulheres nuas

Ôôôôêh boi êh bus

A gente chega sem chegar

Não há meada, é só o fio

Será que pra meu próprio Rio

Este Rio é mais mar que mar

Ôôôôêh boi êh bus

Sertão ê mar.

Capa do CD “Senhas”. Disponível

em:<http://www.djzepedro.com.br/t

extos.php?p=3> Acesso: 16 de mar.

2014

(O NOME DA CIDADE de Caetano Veloso. In: Senhas. Intérprete: Adriana Calcanhotto

Senhas, 1992. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/discografia>

Acesso em 09 de set. 2013).

Imagem 1.

Imagem 1: Inglaterra do século XVIII. Disponível em: <http://marcosbau.com.br/geobras

il-2/1434-2/urbanizacao-no-

mundo/>

Imagem 2. Imagem 2: São Paulo século XXI.

Disponível

em:<http://oglobo.globo.com/foto

s/2010/07/02/>

Acesso em: 16 de mar. 2014

Page 17: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

O processo de industrialização se deu inicialmente na Inglaterra, o que

convencionalmente chamamos de Revolução Industrial ocorrendo no contexto europeu

no século XVIII e progressivamente foi substituindo o trabalho artesanal pelo

industrializado, contribuiu significativamente para transformações das cidades

modernas. A influência no Brasil, no início do século XX, colocou o país diante de um

novo panorama para os espaços urbanos: questões sobre reformas urbanas, sanitárias e a

industrialização faziam do urbano um local de novas experiências para os indivíduos,

bem como significava um atrativo econômico, social e cultural para aqueles que

queriam melhores condições de vida. Desta forma, o espaço vai se transformando de

acordo com os novos interesses dos que fazem a cidade. As paisagens são construídas,

reformadas e reorganizadas, já que o espaço também é movimento, modificável,

instável.

A música citada acima nos diz muito sobre como pensar os sentidos que os

espaços possibilitam aos indivíduos praticantes dela, como se expressa, e como essa

expressão é fruto do uso, das relações do ser humano que transforma constantemente

seu espaço geográfico. Segundo o historiador Michel de Certeau (2009) “a cidade, à

maneira de um nome próprio, oferece, a capacidade de conceber e construir o espaço a

partir de um número finito de propriedade estáveis”, e a propriedade de transformá-la

são atribuídas a múltiplos sujeitos, associações e indivíduos, transformações essas que

são produtos das relações socioeconômicas e culturais de poder”. A partir dessas

premissas, iremos analisar como a música O nome da Cidade, composição de Caetano

Veloso inspirada no livro A hora da estrela da escritora Clarisse Lispector, expressa a

saída de um indivíduo para uma cidade desconhecida. Percebemos na letra os anseios e

esperanças que atravessam o “viajante” e algumas questões que podem nos fazer pensar:

Quais eram as esperanças do personagem? As expectativas traçadas por ele foram

alcançadas? Quais problemáticas sociais podem ser percebidas na letra?

TEXTO DE APOIO

As cidades são espaços de intenso movimento, intensa transformação, as

paisagens são construídas e reconstruídas, podemos observar isso ao nosso redor, no

nosso bairro, os processos de reprodução das cidades são também influenciados por nós,

além disso, devemos entender o espaço urbano como produto das relações

Page 18: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

18

socioeconômicas e culturais de poder, como nos diz o historiador Antônio Paulo

Rezende, a cidade:

Está sempre em movimento. Um movimento que é impossível de ser

percebido na sua fatalidade e que tenha talvez um sentido comum. Ou as

coisas ou os homens mudam. A fragmentação toma conta da cidade moderna,

na medida em que cresce nela a ideia de que se pode sempre aperfeiçoá-la.

Ela não cessa, então, de ser reconstruído criar-se uma obsessão. A imagem

que se tem dela passa a ser modificada constantemente, a dialética entre o

novo e o velho ganham dimensões incríveis. (REZENDE apud FILHO p.60.)

A leitura do fragmento acima permite vislumbrar as transformações vivenciadas

nas cidades, os passantes moldam os espaços, tecem lugares de acordo com seus

interesses e necessidades. Os objetos de intervenções de poder mudam o espaço, como

também os homens mudam; o espaço é constantemente alterado, não apenas pela

racionalidade urbana, mas também pelos que resistem às suas imposições. Pensar a

cidade de forma ordenada ou planejada é também admitir a pluralidade de sentidos que

a compõem: Ela é a relação do velho e o novo, a linguagem do poder que a “urbaniza” e

o movimento contraditório que se combina fora do poder. A citação de Rezende (1997)

reflete as transformações dos espaços e suas constantes mudanças. Albuquerque Júnior

(1999) destaca as mudanças paisagísticas vividas pela região Nordeste a partir da

modernização e da industrialização que chega ao “campo”, retratando a emblemática

simbologia da modernização que “emerge” para trazer o novo, civilizar os espaços e

modifica-los sobre o viés do discurso do “moderno” que chega aos antigos engenhos de

açúcar do Nordeste, base econômica durante toda a época colonial para o

desenvolvimento da região:

O Nordeste é filho da ruína da antiga geografia do país, segmentada entre

“Norte” e “Sul”. No início dos anos vinte, a percepção do intelectual que

desembarca no Recife, vindo dos Estados Unidos, é de que a própria

paisagem, o próprio físico da região, altera-se profundamente. Seria outra, a

sua crosta. Outra, a fisionomia. Seu olhar que entrara em contato com o

mundo moderno é obrigado a admitir que a paisagem perdera o ar ingênuo

dos fragrantes de Koster e de Henderson para adquirir o das modernas

fotografias de usinas e avenidas novas. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 1999,

p.51)

A industrialização, que chega ao campo com as usinas substituindo os

engenhos, ocorre paralelamente ao “declínio” do ciclo do açúcar, mas como podemos

relacionar esta chegada com as transformações do espaço geográfico? Além das

modificações que a modernização do campo trouxera à paisagem rural, nesse caso do

Nordeste, havia a procura por uma maior oportunidade de trabalho relacionada a regiões

mais desenvolvidas; especialmente na segunda metade do século XX, a região Sudeste

Page 19: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

19

Árvores submersas, sob as águas da barragem

surgiria como um poderoso atrativo para os nordestinos que estrategicamente

procuraram em grandes cidades minimizar as penúrias do cotidiano, que periodicamente

era assolado pelas grandes secas, transformando a paisagem das grandes cidades.

Os espaços possuem seus cheiros, que nos fazem lembrar locais agradáveis ou

até mesmo de locais que não nos agradam. Os sentidos nos trazem memórias boas e

ruins. Segundo Albuquerque Junior (2008), em O espaço em Cinco Sentidos, as

paisagens podem ser construídas a partir da audição, do paladar, do tato e do olfato. A

visão seria apenas complementar, diante do que estava à frente do individuo que

contempla. Os sentidos são fundamentais em nossa vida e cada representação de um

aspecto, pode ser vista em qualquer lugar, tudo possui uma característica em nossa

memória. Então cada setor da área urbana ou rural, tem o seu cheiro, a lembrança de um

gosto ou de um toque, seguido de um som, que nos leva a uma visão de uma bela

paisagem, nunca vista, pelos olhos. Já que estes, distraídos, não veem a beleza das

coisas mais simples e belas que o mundo nos proporciona.

Como diria Albuquerque Junior (2008), a visualização de outras dimensões e

aspectos da realidade entorpece os nossos outros sentidos. Os indivíduos tecem suas

relações com o espaço, então, como pensar aqueles que são deslocados

compulsoriamente de seus lugares de origem, em favor da chegada da modernização,

sendo obrigados a se distanciar das memórias que esses espaços lhes trazem? Se

lembrarmos das construções de barragens,

como a de Sobradinho, localizada na

Bahia, por exemplo, que na década de 70

levou milhares de pessoas que se

abrigavam às margens da represa e cidades

vizinhas a saírem de suas casas, podemos

estabelecer um sentido à sensibilidade

humana sobre os espaços. As memórias

dessas populações, obviamente, são cheias de

afetividades e histórias a serem contadas

sobre suas experiências, expectativas e

de Sobradinho. Disponível em:

<http://gerson.leite.zip.net/images/DSC00336.

JPG /> Acesso: 18 de mar. 2014

angústias trazidas pela retirada forçada e a transferência de todo um cotidiano de

vivências que foram formuladas a custa de anos.

Page 20: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

APRENDA FAZENDO

Questão 01 (ENEM 2011)

SOBRADINHO

O homem chega, já desfaz a natureza.

Tira gente, põe represa, diz que tudo vai

mudar.

O São Francisco lá pra cima da Bahia

Diz que dia menos dia vai subir bem

devagar

E passo a passo vai cumprindo a profecia do

beato que dizia que o Sertão ia alagar.

SÁ E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe

com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado).

O trecho da música faz referência a uma

importante obra na região do rio São

Francisco. Uma das consequências sócio

espaciais dessa construção foi

A) a migração forçada da população

ribeirinha.

B) o rebaixamento do nível do lençol

freático local.

C) a preservação da memória histórica da

região.

D) a ampliação das áreas de clima árido.

E) a redução das áreas de agricultura

irrigada

Questão 02 (ENEM 2011)

O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em

22 minutos de casa para o trabalho, todos os

dias. Nunca foi atingido por um carro.

Mesmo assim, é vítima diária do trânsito de

São Paulo: a cada minuto sobre a bicicleta,

seus pulmões são envenenados com 3,3

microgramas de poluição de metal em

suspensão, sulfatos, nitratos, carbonos,

compostos orgânicos e outras substâncias

nocivas.

ESCOBAR. H. Sem ar. O Estado de São

Paulo. Ago. 2006.

A população de uma metrópole brasileira

que vive nas mesmas condições

socioambientais das do professor citado no

texto apresentará uma tendência de:

A) Ampliação da taxa de fecundidade.

B) Diminuição da expectativa de vida.

C) Elevação do crescimento vegetativo.

D) Aumento na participação relativa de

idosos.

E) Redução na proporção de jovens na

sociedade.

20

Page 21: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

SAIBA MAIS

DESENHO

ANIMADO

A compreensão construída a partir do filme "Morte e Vida Severina"

colabora com a competência e as habilidades trabalhadas, que enfatizam

as ocupações dos espaços através das migrações. “Das paisagens áridas e

secas do interior de Pernambuco sai o retirante Severino. Para escapar da

morte lá “morrida antes dos trinta” e em busca de melhores condições de

vida, o retirante segue rumo ao litoral.” Em sua romaria, Severino usa o

rio Capibaribe como guia e, por todos os lugares em que passa, dá de cara

com a morte e com a vida “Severina” – aquela que para ele é “a vida mais

vivida do que defendida”. “Produzida pela TV Escola, a versão animada

do livro de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina – Um Auto

de Natal Pernambucano se baseia também nos quadrinhos do cartunista

Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e

movimento aos personagens da história, publicada originalmente em

1956.”

Disponível em:

http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=160052&

id_secao=29 Acesso em 15 de jul. 2013.

SITE

http://www.historiadigital.org/. Página que trata da temática da história

abordando as suas mais variadas temporalidades, que vai da pré-história,

aos dias atuais. Vídeo disponível no YouTube da TV Henfil sobre a

competência 2 da área de ciências humanas.

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=rN_H_qnj7WI&list=PL_XuB9G-

lZwN21RdHUBp66KqRv5p1C2-J Acesso: 11 de out. 2013.

LIVROS Resenha: A invenção do Nordeste e outras artes (1999) livro do

pesquisador e historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior.

Seu texto analisa de forma poética a evolução de uma região do

Brasil, situando-a no conjunto dos mecanismos constitutivos de

um projeto de bases culturais e sociais diversificadas. O autor

busca compreender o conteúdo e as modalidades da ação dessas

bases culturais, as especificidades dos agentes, os princípios

norteadores de sua intervenção, analisando as determinações mais

amplas da regionalização e diversificação dessa cultura.

Resenha Disponível em:

<http://luizreginaldo.blogspot.com.br/2009/01/resenha-de-inveno-do-

21

Page 22: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

nordeste-e-outras.html> Acesso: 11 de out. 2013.

"Vidas Secas", romance publicado em 1938, retrata a vida

miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se

deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela

seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como

regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas

criações da época. Disponível em:

<http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/vidas-secas-

resumo-obra-graciliano-ramos-702011.shtml> Acesso: 11 de out.

2013.

FILME

Narradores de Javé é um filme dirigido por Eliane Caffé, lançado em

2003, que suscita o debate histórico, porque confronta o público que o

assiste com uma variedade de significados que emergem das vivências de

seus personagens. Javé é um povoado do interior baiano, idealizado como

um espaço urbano que foi condenado ao desaparecimento pela construção

de uma hidrelétrica, cujas águas inundaram o lugar.

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52182/>

Acesso: 11 de out. 2013.

22

Page 23: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

23

RESPOSTAS COMENTADAS

Questão 01 (ENEM 2011):

Comentário:

A questão proposta traz como texto base um trecho da música “Sobradinho” gravada por vários

grupos musicais, no entanto a referência utilizada é a seguinte: SA E GUARABYRA. Disco

Pirão de peixe com pimenta. Som Livre, 1977 (adaptado). O trecho da música se remete à

construção da barragem de Sobradinho, como o próprio título da mesma faz referência, a letra é

utilizada de forma fidedigna sem nenhum tipo de adaptação, tratando da já antiga questão da

transposição do Rio São Francisco que remonta ao século passado, pretende-se que o aluno

consiga perceber a relação da construção da barragem de Sobradinho e as conotações sociais

que esse tipo de investida causou na vida da população que vivia às margens do Rio São

Francisco.

A questão não traz nenhuma imagem para complementação do enunciado, junto com a letra da

música compõem de maneira bastante clara e elucidativa o desenvolvimento da problemática

proposta, que é fazer uma ligação das transformações do meio ambiente e das fontes de água

para fins econômicos e como isso implicaria numa transformação sócio-espacial no ambiente.

Podemos observar então que a letra explora aspectos relacionados à construção da represa de

Sobradinho e as implicações que essa construção causou na vida cotidiana daqueles moradores

que se abrigavam às margens do rio, pretendendo problematizando as consequências sociais

dessa obra para a população ribeirinha. Portanto, a construção da problemática e do enunciado

se encontram bem articuladas, remetendo claramente à alternativa (A), ou seja, a migração

forçada da população que vivia às margens da barragem, nem todas as alternativas

complementariam de forma satisfatória o enunciado, a exemplo da alternativa (E), pois em

momento algum, de forma mais direta, se faz alusão à diminuição de áreas irrigadas, embora

seja uma possibilidade de problemática a ser tratada em outro tipo de questão sobre transposição

de águas.

Alternativa correta: Letra A.

Questão 02 (ENEM 2011): Comentário:

O item apresenta uma matéria jornalística do “O Estado de São Paulo” de agosto de 2008. No

tocante a coesão e coerência do enunciado da questão, podemos considerar o texto utilizado

Page 24: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

24

como satisfatório, visto que trata da questão da poluição e do aumento populacional das cidades

em especial das grandes metrópoles como um agravante no tocante à saúde da população. O

enunciado e as referências não trazem nenhuma adaptação em relação ao texto original. No que

se refere à utilização de fatos nacionalmente conhecidos, podemos argumentar que o tema é

bastante atual e recorrente, pois, como sabemos, os assuntos que tratam a questão da poluição

são extremamente utilizados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O texto é claro e

objetivo no tocante ao tema da poluição. Pretende fazer uma a ligação de como efeitos da

poluição afeta as grandes cidades, nos fazendo refletir a partir de um personagem: “o professor

Paulo”. Este, indo para o trabalho todos os dias de bicicleta é vitima diária do trânsito e do ar

poluído da metrópole em que vive. Embora pratique exercícios e tente levar uma vida saudável,

usando a bicicleta para chegar ao trabalho, e consequentemente não contribuindo para a

liberação de gases poluentes, “o professor Paulo” tem os pulmões envenenados todos os dias.

Para tal interpretação é necessário que o aluno possa distinguir que o professor vai para o

trabalho de bicicleta não somente para não contribuir com os efeitos poluentes produzidos pelos

automóveis nas grandes cidades, mas que também a adoção da bicicleta como transporte seria

uma forma de praticar exercícios e assim aumentar o que conhecemos como “qualidade de

vida”. Nem todas as alternativas se relacionam com o texto, por exemplo, a alternativa (E), em

momento nenhum no enunciado se fala da redução de jovens por qualquer motivo na sociedade,

embora a questão queira tratar das problemáticas de faixas etárias, ou a alternativa (A), que trata

na questão de fecundidade. Dessa forma, consideramos que a alternativa mais correta,

certamente seja a (B)

Alternativa correta: Letra B

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e Outras Artes.

Recife; FJN; Massagana: São Paulo. Cortez, 1999.

ALBUQUERQUE JR. Durval Muniz. O espaço em Cinco Sentidos. Sobre cultura, poder e

representações espaciais. Recife: Bagaço, 2008, P. 97-124.

DA SILVA, Edcarlos Mendes. Desterritorialização sob as águas de Sobradinho: ganhos e

desenganos. Dissertação de Mestrado.PPGG-UFBA. Salvador, 2010.

Page 25: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

25

FILHO, José Adilson. A cidade atravessada: Velhos e novos cenários na politica belo-

jardinense. Dissertação de Mestrado PPGH-UFPE, Recife, 2002.

REZENDE, Antônio Paulo. (Des) Encantos Modernos. História da cidade do Recife na

década de 1920. Recife, Fundarpe, 1997.

Disponível em: <http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi> Acesso: 08 de set. 2013

Disponível em: <http://meninasemarte.files.wordpress.com/2012/03/expressionismo-no-brasil-

i1.jpg> Acesso: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://www.djzepedro.com.br/textos.php?p=3> Acesso: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/adriana-calcanhoto/discografia> Acesso: 09 de

set. 2013

Disponível em: <http://marcosbau.com.br/geobrasil-2/1434-2/urbanizacao-no-mundo/> Acesso:

16 de mar. 2014

Disponível em: <http://oglobo.globo.com/fotos/2010/07/02/> Acesso: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://nitroimagens.com.br/nitronline/2011/12/02/historias-guardias/> Acesso:

04 de fev. 2014

Disponível em:

<http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=160052&id_secao=29>

Acesso: 15 de jul. 2013.

Disponível em: <http://luizreginaldo.blogspot.com.br/2009/01/resenha-de-inveno-do-nordeste-e-

outras.html> Acesso: 11 de out. 2013.

Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/vidas-secas-resumo-obra-

graciliano-ramos-702011.shtml> Acesso: 11 de out. 2013

Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52182/> Acesso: 11 de out. 2013.

Disponível em: <http://gerson.leite.zip.net/images/DSC00336.JPG/> Acesso: 18 de mar. 2014

Page 26: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

26

Sim.

Competência de área 03 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais,

políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

LUTAS POR CIDADANIA NO BRASIL

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

Ana Carolina Monteiro Paiva

Elson da Silva Pereira Brasil

Marechal Deodoro da Fonseca / Presidente Dilma Rousseff. Disponível em:

<http://www.brasilescola.com/historiab/governos-republicanos.htm > Acesso em: 8 out.2013.

Fomos bestializados? Somos bestializados?

Uma das frases mais comuns ao se falar em Proclamação da República no Brasil é a frase

atribuída a Aristides Lobo, que segundo o historiador e cientista político José Murilo de

Carvalho haveria afirmado: “o povo teria assistido ‘bestializado’ à proclamação da República

sem entender o que se passava”.

Muito se disse nos primeiros anos da República sobre a “falta de cidadania” dos

brasileiros durante os períodos colonial e imperial, assim como se criticou esse fenômeno nos

primeiros anos da República, chegando a afirmar que o povo brasileiro não se comportava como

cidadãos. Muitos destes críticos da República, a exemplo do próprio Aristides Lobo, faziam

parte de uma elite conservadora que idealizara uma República ao modelo europeu para o Brasil.

Não imaginaram, porém que o Brasil era muito diferente da Europa: um país que abrigava

culturas migrantes de quase todas as partes do mundo em um mesmo lugar, modos de pensar

distintos, modos de agir diferentes entre si provavelmente não resultaria em uma República aos

moldes das europeias nem à norte-americana.

Page 27: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

27

Este tipo de comentário continua em pleno século XXI. O sistema republicano teve suas

mudanças ao longo do tempo, mas em meio aos escândalos de corrupção, práticas abusivas e

negligenciadoras para com a população. Conquistamos a liberdade de expressão e vivemos em

meio a direitos iguais, mas será que tomamos consciência do nosso papel de cidadãos na

sociedade e exigimos nossos direitos (assim como cumprimos com nossos deveres)?

REFLEXÃO

Vale recapitular o cenário político que levou à República, antes de refletir sobre o papel

que tiveram, ao longo da História do país, os vários sujeitos, instituições e movimentos.

Duas forças políticas tinham interesse em implantar a República no Brasil, essas forças

tinham pontos de vista diferentes tanto no âmbito social quanto no ideológico. O Partido

Republicano e os Militares

eram os dois grupos mais

expressivos que apoiavam a

proclamação da República o

mais rápido possível. O Partido

Republicano, com partidos

regionais, defendia um governo

descentralizado, no qual elites

com interesses em cada região

deveriam governar o país. Os

militares defendiam uma

República centralizada e

Tendo sido proclamada por militares, a proclamação da Republica no

Brasil é quase sempre representada com a ausência dos populares.

Disponível em:

<http://international.loc.gov/service/hisp/brfbnth/154347p8a.gif> Acesso em: 06/02/2014

militarizada; estavam mais preocupados com a unidade nacional.

No dia 15 de novembro de 1889 são os militares quem proclamam a República. Nomes

como os Marechais do exército, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, são até hoje exaltados

como os pais da República dos Estados Unidos do Brazil. Nesse sentido outros grandes nomes

que, desde a colonização, lutaram pela construção de um país mais justo, são ofuscados pelo

glamour dos trajes militares. Após dois curtos e conturbados mandatos, os militares cedem

espaço para uma elite civil. Assim, o ideal do Partido Republicano triunfa com a aprovação da

Constituição Federal em 1891, implantada uma República federativa, com três poderes regendo

as leis e consequentemente o país.

Page 28: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

28

Quando falamos em mudanças,

estamos nos remetendo à mudança na

forma de governo, o direito ao voto,

instituição do casamento civil e etc. Os

anos que antecederam a Proclamação da

República foram marcados por lutas de

Arraial de Canudos. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Canudos.jpg> Acesso em: 06 de fev. 2014

negros almejando a liberdade e revoltas

contra o Império. Já na República, se nos

dispusermos a refletir sobre Canudos, movimento classificado como messiânico, liderado por

Antônio Conselheiro que nos primeiros momentos da República agrega uma grande quantidade

de pessoas, em sua grande maioria pobre, revoltada com as mudanças resultantes do novo estado

político que se instalara, assolados pela seca e nutridos pelas pregações de Conselheiro, estamos

diante de um dos primeiros movimentos sociais de grande impacto contra a nova ordem vigente,

ocorrido entre 1896 e 1897. Formou-se no interior da Bahia um povoado, maior que a grande

maioria das cidades da época, Canudos

contava com cerca de 25 mil habitantes. Do

ponto de vista do governo Canudos, era um

reduto de monarquistas perigosos e

dispostos a desestabilizar o regime, por isso

o arraial foi destruído pelas tropas federais

em 1897.

Os movimentos estavam apenas

começando; o século XX seria marcado por

numerosas ‘revoltas’ que demonstram como os Jornal “O século” Notícia as ordens do prefeito Pereira Passos de derrubar construções coloniais para

brasileiros estavam incomodados com as

desilusões que a República trazia sob seus

seios que só amamentavam as elites e

no lugar construir uma larga avenida. Disponível em:

<http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?catid=1 51&blogid=57&archive=2008-0> Acesso em 15 de mar. 2014.

aumentavam as desigualdades. Em 1904, o então presidente Rodrigues Alves reúne um

engenheiro, um médico sanitarista e um engenheiro urbanista para realizar a reforma urbana na

cidade do Rio de Janeiro, de maneira a demolir os casarões onde viviam grande parte da

população pobre, alegando que prejudicava o fluxo da cidade moderna, e obrigando a vacinação

contra a varíola que assolava a população. Assim, a população inconformada com as medidas

sanitárias, se rebelou, dando origem à Revolta da Vacina.

Page 29: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

29

Cabeço do bando de Lampião exposta após morte do bando em 27 de julho de 1937. Disponível em: http://hid0141.blogspot.com.br/2011/01/image

ns-do-cangaco.html Acesso em 13 de fev.

2014.

Uma das novas ideias que emergem com a República no Brasil, é o higienismo. O

discurso médico higienista vai fazer-se presente no país no início do século XX pregando uma

sanitarização e uma higieniação dos costumes da população. É esse tipo de discurso que vai dar

margens para as reformas urbanas feitas nas grandes cidades, a exemplo do Rio de Janeiro e

Recife que derrubam casarões colônias, que representavam o sujo e o atrasado, e abrem longas e

largas avenidas que representavam na época o moderno e o limpo. O discurso médico higienista

será, também, um dos responsáveis pela disseminação dos ideais eugênicos no Brasil, que muito

contribuíram para enraizar o preconceito étnico-racial no Brasil.

A Eugenia buscava, por meio do controle social, evitar a “degeneração da raça

brasileira”, essa degeneração seria a união entre as várias raças coexistentes no país, brancos,

negros e índios, sua mistura, segundo os eugenistas, causaria um enfraquecimento na raça

brasileira. Posteriormente a teoria de branqueamento dos eugenistas enfraquece, principalmente

por violar os direitos humanos. Vale lembrar que essas ideias deixaram uma herança de

preconceito racial forte.

Em 1910 os marinheiros tomam os navios exigindo o fim dos castigos corporais

aplicados pelos oficiais nos marujos, pedindo uma série de medidas às autoridades, esse evento

ficou conhecido como a Revolta da Chibata. Todavia, foram escanteados pelo Governo e

acabam presos ao se entregarem.

Outro movimento também de caráter messiânico, tal qual Canudos, ocorreu de 1912 à

1916: o beato José Maria liderou milhares de pessoas pobres e insatisfeitas com a situação de

miséria em uma região de Santa Catarina, mais conhecida como a Revolta do Contestado. Os

camponeses pobres queriam terra para plantar, pois tiveram as suas terras confiscadas para

construção de uma estrada de ferro, mas terminam

mortos, assim como seu líder.

Em fins do século XIX e estendendo-se

até quase metade do século XX, temos o

Cangaço, um grupo de homens e algumas

mulheres que atuaram no Nordeste do Brasil

realizando saques e manifestando-se contra as

desigualdades políticas dos coronéis.

Considerados bandidos, por alguns e heróis por

outros, o cangaço ao mesmo tempo em que

despertava o ódio de governantes, despertava

Page 30: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

30

também alta popularidade entre os pobres que viam alguns cangaceiros, como Lampião, com

grande respeito e admiração. Ainda hoje estudiosos dividem opiniões sobre caráter heróico ou de

vilania dos cangaceiros.

Mas dentre todos esses movimentos na

história da República brasileira, um em

especial vai usar dos discursos

historiográficos para se legitimar. A chamada

‘revolução de 1930’ vai tirar do poder a elite

agrícola que mantinha a chamada “Republica

do Café com leite”, oligarquias de Minas

Gerais e São Paulo que se intercalavam na

Funeral de João Pessoa, após peregrinar por quase

todo o país seu corpo é enterrado no Rio de

Janeiro. Isso na intenção de torná-lo o novo mártir

da história do país. Disponível em: <http://dochico.blog.terra.com.br/category/sem- categoria/> Acesso em 13 de fev. 2014.

presidência. Após serem excluídos dessa

rotatividade os mineiros vão buscar apoio dos

gaúchos que lançam o nome de Getúlio Vargas à

presidência. Vargas perde, mas com a morte de

seu vice: o paraibano João Pessoa, há uma comoção nacional e no final desse movimento Vargas

assume o poder.

No poder Vargas vai tratar de dar legitimidade ao seu novo modo de governar, e logo os

se inscreverão novos termos para designar a republica. A fase anterior à Getulio seria nomeada

como República Velha, representaria uma fase nefasta da republica brasileira, seria a fase da

desigualdade. A fase a partir de Getúlio receberia o nome de República Nova, a novidade, e

para tanto se passaria a dizer que ouve uma ‘revolução’, para alguns historiadores essa revolução

não teria ocorrido, pois ainda quem permanecia no poder eram militares e representantes da

burguesia brasileira. A escolha do termo, República nova, implicaria na tentativa de

conscientizar as massas que se vivia um tempo diferente e bom, em contraposição ao anterior.

Nessa nova fase todos esses movimentos acontecidos anteriores a 1930 são tomados como de

pouca importância, o que de fato era marcante na história do país era o acontecido em 1930.

OS BRASILEIROS LUTAM

Intelectuais que se dedicam a analisar esse momento da História do Brasil os menos

abastados financeiramente, os ditos povo, na afirmação de Aristides Lobo, não assistiram

apáticos as transformações políticas e culturais. Historiadores como Mary Del Priore e Renato

Page 31: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

31

Situação do MST na década de 1990. Foto de Sebastião Salgado. Disponível em: <http://www.nonada.com.br/wp- content/uploads/2011/04/Nonada_SemTerra_Cr%C3%

A9tido_Sebasti%C3%A3oSalgado-300x206.jpg >

Acesso em: 8 de out. 2013.

Venâncio, José Murilo de Carvalho, Nicolau Sevcenko contribuem para a desconstrução desse

mito da apatia política dos brasileiros.

O primeiro argumento é deixar de comparar e inferiorizar os movimentos populares do

Brasil com os da Europa ou dos Estados Unidos. Essa comparação que nunca igualará um a

outro, devido às características econômicas e culturais de cada um, só tende a induzir a

precipitadas conclusões sobre o exercício da cidadania no país. Pode-se também iniciar uma

leitura própria de fatos políticos e cotidianos da história que desconstroem esse discurso de que o

povo brasileiro é apático politicamente. Os cidadãos e seus movimentos sociais organizados ou

desorganizados, homogêneos ou não, deram sua contribuição para a formação da cidadania

brasileira – formação que ainda se encontra em processo. Todavia, o que se tem hoje não são

movimentos de contestação pela instauração da República, mas pelo funcionamento da mesma

que, em certos aspectos, continua com sua política de marginalização.

Em 1980, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra inicia sua luta pela

reforma agrária, presente na maioria dos estados brasileiros e promovendo ocupações de terras

principalmente improdutivas como uma forma de chamar atenção do governo. É um movimento

que até os dias de hoje ganha força e chama atenção pela sua organização social e sua

importância para a população, pois a questão fundiária continua presente mesmo após vários

assentamentos e foi um fator de atuações sociais e políticas durante todo o governo do presidente

Fernando Henrique Cardoso.

Também temos os movimentos

dos grupos étnicos, como os índios de

diversas etnias que cada vez mais

aparecem nos noticiários. Em nome do

progresso, o governo tem tomado

medidas que acabam entrando em

choque com os índios, como é o caso

do projeto de construção das usinas

hidrelétricas no Rio Tapajós e Belo

Monte, no sudeste do Pará; das novas

regras de demarcação de terras indígenas;

e mais recentemente, da demolição do

antigo prédio da FUNAI, no Rio de

Janeiro, para a construção de sedes para a Copa de 2014. Tudo isso tem levado vários índios a se

reunirem em protestos, ganhando apoio da população com campanhas de incentivo, para

Page 32: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

32

Disponível em: < content/uploads/2013/06

http://viatrolebus.com.br/wp-

/Protestos-Passe-Livre.jpeg ,

acesso em: 8 de out. 2013.

tentarem um diálogo com o governo e barrar a construção das usinas, mas este alega que o país

precisa da energia e do crescimento

econômico que trará.

Manchete dos noticiários de todo

o Brasil, a onda de protestos iniciada no

mês de junho de 2013 repercutiu

internacionalmente, ganhando apoio de

países como Alemanha, Argentina,

Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

Tudo começou com o aumento da tarifa

de ônibus em São Paulo, e bastou para que a

população fosse às ruas reivindicar seus

direitos, como se o grito de protesto e de

insatisfação estivesse preso na garganta há anos. A família brasileira encontrava-se em meio à

multidão, cada um com sua indignação; cartazes que iam desde a melhoria no transporte público,

um basta na violência, não à corrupção, apoio aos homossexuais, melhorias na educação e saúde.

Um movimento social que se transformou em uma carta aberta de repúdio à atual situação em

que vivemos que demonstra o quanto nosso sistema republicano tem a mudar. Se chegamos a

essa situação é a prova maior que a República Brasileira não se transformou em instrumento de

diálogo entre as classes dirigentes do país e a grande massa de proletários rurais e urbanos, e que

a ausência deste diálogo acabou sendo pedra fundamental para que uma série de revoltas

colocasse em questão o enorme vão que separa o Estado e as maiorias que deveria de fato

representar.

TEXTOS DE APOIO

Havia a poeira de garotos e moleques; havia o vagabundo, o desordeiro profissional, o

pequeno-burguês, empregado, caixeiro e estudante; havia emissários de políticos

descontentes. Todos se misturavam, afrontavam as balas.

(...) Numa esquina, numa travessa, forma-se um grupo, seis, dez, vinte pessoas diferentes,

de profissão, inteligência e moralidade. Começa-se a discutir, ataca-se o Governo, passa o

bonde e alguém lembra: vamos queimá-lo. Os outros não refletem, nada objetam e correm

a incendiar o bonde.

Textos extraídos de SEVCENKO, Nicolau. “A Revolta da Vacina: mentes

insanas em corpos rebeldes.” São Paulo: Scipione, 1993.

Page 33: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

33

(...) Quando a sociedade, ou uma parte dela, se mobiliza em nome de um ideal ou de uma

proposta, em nome de uma vontade de protesto ou de um desejo de mudança, não há

partido ou regime que fique de pé. Não só de Bastilhas queremos falar aqui, mas também

da Índia de Gandhi, ou da Polônia de Walesa, ou da Europa Oriental inteira, em 1989.

Em todos os lugares, mais do que partidos, havia por trás o sentimento compartilhado de

uma vontade profunda de renovação e mudança.

SCARRONE, Marcelo. (assinado em: 25/06/2013) Disponível em:

<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/dialogo-apartidario acessado dia

09/09/13> Acesso em: 08 set. 2013.

Rompendo as fronteiras do Brasil, a história possui movimentos de cunho social, político

e religioso dos mais variados: a Queda da Bastilha, na França de 1789; o movimento de

independência indiana, com Mahatma Gandhi; o movimento dos direitos civis dos negros, nos

Estados Unidos, com Martin Luther King; são alguns que podemos destacar. A pluralidade

desses movimentos é clara. Mas a partir do momento que um conjunto de pessoas com um ideal

em comum se juntam em defesa desse mesmo, há um deslocamento de posições.

Na maioria dos movimentos houve uma tendência à violência, mortes e degradação de

patrimônio público (no passado como no presente). Essa é uma discussão atual, em meio a série

de protestos que nosso país enfrentou. Muitos em meio a esse turbilhão de indignação e revolta

criticam o papel da justiça ao serem punidos. Por serem na maioria pessoas comuns (professores,

estudantes, trabalhadores e quem abraça a causa), alegam que a justiça é falha ao repreenderem

quem está na rua lutando pelos direitos, ao invés daqueles fora da lei. Vale a reflexão sobre o

papel da justiça como instituição na organização da sociedade.

PENSANDO A PARTIR DA CHARGE

(Disponível em: <http://www.willtirando.com.br/?post=727> Acesso em: 18 de mar. 2014.)

Page 34: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

34

APRENDA FAZENDO

Questão 1 – ENEM (2011)

É difícil encontrar um texto sobre a

Proclamação da República no Brasil que não

cite a afirmação de Aristides Lobo, no

Diário Popular de São Paulo, de que “o povo

assistiu àquilo bestializado”. Essa versão foi

relida pelos enaltecedores da Revolução de

1930, que não descuidaram da forma

republicana, mas realçaram a exclusão

social, o militarismo e o estrangeirismo da

fórmula implantada em 1889. Isto porque o

Brasil brasileiro teria nascido em 1930.

MELLO, M. T. C. A república consentida:

cultura democrática e científica no final do

Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007

(adaptado).

O texto defende que a consolidação de uma

determinada memória sobre a Proclamação

da República no Brasil teve, na Revolução

de 1930, um de seus momentos mais

importantes. Os defensores da Revolução de

1930 procuraram construir uma visão

negativa para os eventos de 1889, porque

esta era uma maneira de:

a) Valorizar as propostas políticas

democráticas e liberais vitoriosas.

b) Resgatar simbolicamente as figuras

políticas ligadas à Monarquia.

c) Criticar a política educacional

adotada durante a República Velha.

d) Legitimar a ordem política

inaugurada com a chegada desse grupo ao

poder.

e) Destacar a ampla participação

popular obtida no processo da Proclamação.

Questão 2 – ENEM (2012)

Charge capa da revista O Malho, de 1904.

Disponível em: http://1.bp.blogspot.com

A imagem representa as manifestações nas

ruas da cidade do Rio de Janeiro, na

primeira década do século 20, que

integraram a Revolta da Vacina.

Considerando o contexto político-social da

época, essa revolta revela:

a) A insatisfação da população com os

benefícios de uma modernização urbana

autoritária. b) A consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias. c) A garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população. d) O planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral. e) O apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez

de privilegiar a elite.

Page 35: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

SAIBA MAIS...

RESENHA Resenha de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha (por Tainá Passos de

Menezes PET-JUR).

O grupo PET de Direito da PUC-Rio, que pesquisa sobre As Bases

Materiais do Constitucionalismo Brasileiro, realiza resenhas sobre obras

brasileiras de cunho político – como também Macunaíma. Entre elas, a

petiana Tainá Passos de Menezes escreveu uma resenha sobre a obra “Os

sertões”, do escritor Euclides da Cunha que relata, em 1902, o episódio

que é uma das peças centrais para entender as tensões que assinalam a

cultura brasileira no século XX, narrando desde os aspectos geográficos

da região, as figuras brasileiras (o jagunço, o sertanejo, o gaúcho), as

expedições e os últimos dias da revolta que tomava conta dos habitantes

de Canudos, no norte da Bahia, em 1897.

Disponível em: <http://pet-jur.blogspot.com.br/2012/05/resenha-os-

sertoes_15.html> Acesso em: 13 fev. 2014

FILME Policarpo Quaresma, o herói do Brasil. Direção de Paulo Thiago.

Brasil: Riofilme e Filmark, 1998. (123 min.)

Trata-se da adaptação do livro Triste Fim De Policarpo Quaresma,

escrito por Lima Barreto, em 1911. A temática passa pela questão do

nacionalismo – na figura de Policarpo, um sonhador que tem planos para

a nação perfeita -, mas também fala do abismo existente entre as pessoas

idealistas e aquelas que se preocupam apenas com seus interesses. O

filme possui alguns aspectos cômicos, e críticas ao presidente Floriano

Peixoto – que governou entre 1891 a 1894 –, descrevendo politicamente o

país nesse período inicial de instituição da República e traçando um rico

panorama social e humano dos subúrbios cariocas.

VÍDEO História do Brasil (República Velha), por Bóris Fausto.

Recomendamos um vídeo produzido por Bóris Fausto – um renomado

historiador e cientista político brasileiro – sobre o período da República

Velha, desde a proclamação da república, em 1889, até a subida de

Getúlio Vargas ao poder, em 1930. O vídeo tem quase 30 minutos de

duração, sendo bem claro e preciso fazendo um panorama breve sobre

esse período. É um excelente material de pesquisa!

Disponível em: <http://www.historiadigital.org/historia-do-brasil/brasil-

republica/republica-velha/video-republica-velha/> Acesso em: 10

set.2013.

49

Page 36: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

36

REVISTA Revista História Viva: "República: obra em progresso"

A edição de número 121 da Revista História Viva, traz o dossiê república,

que repassa sobre o processo de mudança de regime. Com os olhares de

José Murilo de Carvalho mostrando como o povo ficou alheio aos

acontecimentos; Cláudia Viscardi revisa os interesses dos diferentes

setores que tramaram para o regime; Américo Freire defende que o país,

de fato, mudou de rumo em 1891; Surama Conde Sá Pinto retrata os

processos eleitorais da Primeira República e Claudia Bojunga mostra o

estado de abandono do templo positivista, no Rio de Janeiro.

Disponível em

<https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=3120&action=info>

Acesso em: 22 nov.2013

Você sabia? Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM!

Um levantamento feito pelo portal Universia Brasil apontou que o tema Brasil República é o mais

cobrado nas provas de história do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O resultado foi

dado com base na análise das últimas 13 edições da avaliação, realizada desde 1998. A Era

Vargas é o segundo assunto mais frequente, seguido de perto por Brasil Colônia e Segunda

Guerra Mundial.

Segundo Maria Lúcia Zanutto, integrante da equipe de conteúdo do portal, o estudante deve saber

interpretar e relacionar diferentes assuntos. "A ideia é compreender o conteúdo e saber associá-lo

a outros momentos da história”

Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM. O Estadão. 12 jun.2012. Disponível em:

<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-republica-e-o-tema-mais-cobrado-no-

enem,885425,0.htm> Acesso em: 07 out.2013.

Page 37: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

37

RESPOSTAS COMENTADAS

Questão 1 – ENEM (2011)

O enunciado apresenta claramente o que deve ser suprimido com o que os defensores da

revolução de 1930 queriam negativando os eventos de 1889, pois acreditavam em um país

moderno, contra as oligarquias. Pode ocasionar dúvidas, ao responder, a alternativa A e, a D

correta, por induzir ao erro, quando a alternativa aborda sobre a valorização das propostas

políticas democráticas, porém, observamos que Getúlio Vargas concentrou o poder todo em suas

mãos e o congresso é fechado.

Alternativa correta: D.

Questão 2 – ENEM (2012)

O assunto em questão é a Revolta da Vacina. A imagem é clara e retrata o conflito entre a

população e os oficiais. O enunciado reforça a temática e foca no contexto político-social da

época, buscando saber o que essa revolta significou. Desde o início do século 20, o Rio de Janeiro

passava por uma série de reformas urbanísticas e sanitárias. A urbanização do centro da cidade

tinha resultado na demolição de cortiços e no deslocamento da população de baixa renda para os

morros e subúrbios. Os descontentamentos dessas camadas sociais alcançaram seu ápice com a

obrigatoriedade da vacina antivariólica em 1904, levando essa massa a se manifestar nas ruas da

cidade. Alternativa correta: A.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e Outras

Artes. Recife; FJN; Massagana: São Paulo. Cortez, 1999.

ALMANAQUE ABRIL; Edição 2011, ano 37.

Brasil Escola – O Brasil Republicano. Disponível em:

<http://www.brasilescola.com/historiab/governos-republicanos.htm> Acesso em: 02 de

abr. 2014.

CARVALHO, José Murilo de. “Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que

não foi”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Page 38: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

38

CERTEAU, MICHEL DE. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2009.

DÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil (1917-1945).

Trad. Claudia Sant'Ana Martins. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

FILHO, José Adilson. A cidade atravessada: Velhos e novos cenários na politica

belojardinense (1969-2000). Dissertação de mestrado PPGH- UFPE. Recife, 2002.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo . História para o Ensino Médio: História

Geral e do Brasil; São Paulo, Editora Scipione, 2002.

REZENDE, Antônio Paulo. (Des) Encantos Modernos. História da cidade do Recife

na década de 1920. Recife: Fundarpe, 1997.

SEVCENKO, Nicolau. “História da vida privada no Brasil (volume 3)”, São Paulo:

Companhia das Letras, 2012.

História Digital – Vídeo: República Velha. Disponível em:

<http://www.historiadigital.org/videos/video-republica-velha/> Acesso em: 02 de abr.

2014.

História licenciatura- Imagens do Cangaço. Disponível em:

<http://hid0141.blogspot.com.br/2011/01/imagens-do-cangaco.html> Acesso em: 02 de

abr. 2014.

Hoje na Historia/JBlog - 1903: Prefeito Pereira Passos. Disponível em:

<http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6588> Acesso em: 02 de abr.

2014.

Loja Duetto - Produto: Revista História Viva – República, obra em progresso.

Disponível em:

<https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=3120&action=info> Acesso em:

02 de abr. 2014.

Page 39: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

39

O Estadão - Notícia: Brasil República é o tema mais cobrado no ENEM. Disponível

em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-republica-e-o-tema-mais-

cobrado-no-enem,885425,0.htm> Acesso em: 02 de abr. 2014.

PET- JUR. PUC- RIO - Resenha “Os Sertões”. Disponível em: <http://pet-

jur.blogspot.com.br/2012/05/resenha-os-sertoes_15.html> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Project The United States and Brazil: Expanding Frontiers, Comparing Cultures -

The Republic, A República. Disponível em:

<http://international.loc.gov/intldl/brhtml/br-1/br-1-6.html> Acesso em: 02

2014.

de abr.

Recife Minha Cidade, Minha História - Recife e João Pessoa. Disponível em:

<http://dochico.blog.terra.com.br/> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Revista de História – Diálogo apartidário. Disponível em:

<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/dialogo-apartidario> Acesso em: 02

de abr. 2014.

Sem-terra - Crédito: Sebastião Salgado. Disponível em:

<http://www.nonada.com.br/wp-

content/uploads/2011/04/Nonada_SemTerra_Cr%C3%A9tido_Sebasti%C3%A3oSalga

do-300x206.jpg> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Via trolebus - Protestos do passe livre. Disponível em: <http://viatrolebus.com.br/wp-

content/uploads/2013/06/Protestos-Passe-Livre.jpeg> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Wikipédia - Ficheiro: Canudos.jpg. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Canudos.jpg> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Willtirando - Proclamação da República. Disponível em:

<http://www.willtirando.com.br/?post=727> Acesso em: 02 de abr. 2014.

Page 40: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

40

Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e

seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na

vida social.

MÍDIA E PODER

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA

Silvanio de Souza Batista

Priscila Gusmão Andrade

Brasileiros ‘descobrem’ mobilização em redes sociais durante protestos

Redes sociais tiveram picos de participação de usuários brasileiros em junho. Por: Camilla Costa, da BBC Brasil em São Paulo/ Atualizado em 11 de julho, 2013 (Brasília). Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.shtml>

Acesso em: 06 de set. 2013

A mobilização de usuários do Facebook e do Twitter, os dois sites de redes sociais mais

acessados do Brasil, foi considerada uma das principais forças por trás das manifestações

que atingiram todo o país durante o mês de junho. Na internet, tanto usuários experientes

quanto iniciantes se tornaram organizadores, comentaristas e protagonistas dos protestos.

O Twitter é apontado por usuários entrevistados pela BBC Brasil como uma das principais

fontes de informação em tempo real sobre o que acontecia durante as manifestações. O

Facebook, por outro lado, foi usado principalmente para organizar atos de protesto e

demonstrar posicionamentos políticos.

Facebook e Twitter não divulgaram dados sobre o número de perfis novos criadas no Brasil

Page 41: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

41

no período. No entanto, um levantamento da consultoria Serasa Experian, divulgado pelo

jornal Valor Econômico, aponta que o Facebook teve uma taxa de participação (perfis de

usuários que tiveram atividade) de 70% dos brasileiros com presença no site no dia 13 de

junho ─ o terceiro pico de participação do ano. O Twitter, por sua vez, contabilizou cerca de

11 milhões de tweets com a palavra "Brasil" e 2 milhões mencionando "protesto" entre os

dias 6 e 26 de junho.

A movimentação também fez o caminho inverso ─ além de levar internautas para as ruas,

trouxe pessoas também para dentro das redes virtuais.

(Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.shtml> Acesso em: 06 de set. 2013.)

REFLEXÃO

Em um período de tempo, relativamente curto, observa-se a incorporação das

ferramentas digitais na vida contemporânea e a diversificação das possibilidades de

uso, tais como a busca e produção de informações e de conhecimento, a conexão de

pessoas e de grupos, atividades comerciais, organização social e política, oferta de

serviços públicos e privados, entre outros. Nesse sentido, nota-se que a Internet já

exerce uma transformação significativa em um conjunto de dinâmicas econômicas,

sociais, políticas e culturais e que, a cada uma dessas dinâmicas, verifica-se a

presença cada vez mais significativa das novas tecnologias de informação e de

comunicação.

SEGURADO, Rosemary. Entre a regulamentação e a censura do ciberespaço. 2011.

Disponível em:

<http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13919> Acessado em:

12 de mar. 2014).

O fragmento do texto da Cientista Política, Rosemary Segurado, vai nos mostrar

como as ferramentas digitais adentraram a vida das pessoas e proporcionaram

transformações significativas a vida social, em um curto período. Uma das mudanças

marcantes na “era digital” é o maior acesso a informações e também a liberdade de

expressão, que pode ser utilizada de forma positiva ou negativa. As novas tecnologias

de informação e comunicação proporcionam assim um ambiente de liberdade “da

palavra” que intervém no espaço social, transformando-se, de acordo com Javier

Cremades, em Micropoder. A respeito do tema o mesmo coloca:

A principal contribuição da revolução do micropoder à regeneração da

democracia não é, portanto, nenhum avanço tecnológico, como poderia ser o

voto eletrônico. Sua principal contribuição é tornar possível um verdadeiro

diálogo social entre os cidadãos, e entre os cidadãos e os poderes públicos.

(CREMADES, Javier. Micropoder: a força do cidadão na era digital. Trad.

Edgard Charles. São Paulo, 2009, p.28.).

Page 42: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

Um exemplo do poder da tecnologia, em intervir no diálogo social está presente

na influência exercida pelas redes sociais (principalmente o facebook e Twitter) nas

manifestações que ocorreram no Brasil a partir do período de junho de 2013, com o

slogan “o gigante acordou”, como podemos observar na reportagem “Brasileiros

descobrem mobilização em redes sociais durante protestos” de Camila Costa

(encontrada mais acima). Podemos também citar as revoltas que ocorreram no mundo

Árabe, que se iniciou em dezembro de 2010 e ficou conhecida como “Primavera

Árabe", onde o ministro da Indonésia culpou as redes sócias por tais revoltas.

Entretanto antes da

chegada da internet e do impacto

que a mesma vai causar na vida

das pessoas, tivemos a criação do

rádio e da televisão que tanto

facilitou o acesso a informação e

ao entretenimento em velocidades

antes não conhecidas. No Brasil

as transmissões de televisão se

iniciam em 18 de setembro de 1950,

sendo trazida por Assis

Chateaubreand, que fundou o canal

Tupi.

TEXTO DE APOIO

Imagem disponível em:

<http://www.tsf.pt/multimedia/galeria/Default.aspx?PageI

dx=5&content_id=2186782&page_galeria=39> Acesso

em: 04 de fev. 2014

Conheça as revoltas que marcaram a história do Brasil

Imagem disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=pt-

BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=624&q=guerra+de+canudos&oq=guerr a+de+canudos&gs_l> Acesso em 20 de set. 2013 42

Page 43: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

43

“Em relação ao conceito de revolta, a professora Tania Regina de Luca, professora do

departamento de história da UNESP (Universidade Estadual Paulista), explica que a ela

surge após um movimento de manifestação e que em muitos casos possui atos de

violência. Além disso, ela exige mudanças mais pontuais do que em uma revolução.

Um exemplo pelo mundo é a série de protestos na Turquia. “Primeiro a população se

manifestou contra a construção do shopping center para defender o espaço verde do

local. Mas agora essa manifestação já se transformou em uma revolta contra o

governo”, explica Tania.

Na história brasileira também há bons exemplos de movimentos revoltosos.

“Aqui tivemos em Minas a Inconfidência Mineira, uma revolta contra um imposto

que. iniciou com manifestações contrárias a ele. Tivemos também a Revolta do

Vintém, em dezembro de 1879, no Rio de Janeiro, contra o aumento de alguns vinténs

do preço de passagem de bonde”, destaca a professora da UNESP. A professora ainda

lembra da Revolta da Vacina, na qual as pessoas se revoltaram no Rio de Janeiro

contra a aplicação da vacina porque acharam que não era correto obrigar as pessoas a

aceitarem o que estava sendo exigido”.

(Texto disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/06/22/onda-de-protestos-no-

brasil-ainda-nao-e-revolta-popular-saiba-por-que.htm#fotoNav=100> Acesso em: 20 de set.

2013.)

INCONFIDÊNCIA MINEIRA: MOVIMENTO FOI RESPOSTA AO EXCESSO

DE IMPOSTOS

“A Inconfidência Mineira, também chamada de Conjuração Mineira, foi a conspiração

de uma pequena elite de Vila Rica - atual Ouro Preto (MG) -, ocorrida em 1789, contra

o domínio português. Desse grupo, fizeram parte intelectuais, religiosos, militares e

fazendeiros, dentre os quais estava o alferes Joaquim José da Silva Xavier sempre

lembrado como principal líder do movimento. O motivo principal da Inconfidência foi

a questão da derrama: tratava-se de uma operação fiscal realizada pela Coroa

portuguesa para cobrar os impostos atrasados. O chamado quinto, como o próprio

nome já indica, correspondia à cobrança de 20% (1/5) sobre a quantidade de ouro

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extraído anualmente. Quando o quinto não era pago, os valores atrasados iam se

acumulando. Então, a Metrópole podia lançar mão da "derrama" para cobrar esses

impostos, utilizando-se até mesmo do confisco dos bens dos devedores. Todos os

líderes da Inconfidência estavam endividados com o Real Erário Português, motivo

pelo qual, segundo especialistas, teriam sido instigados a se envolver na revolta contra

a Metrópole. Emblemático, nesse sentido, foi o fato de a eclosão do movimento ter sido

agendada justamente para o dia em que se esperava que o governador da Capitania de

Minas Gerais, visconde de Barbacena, ordenasse a cobrança da derrama. Esperavam,

com isso, ganhar o apoio da população à sua luta anticolonial.

Ideias republicanas

Em geral, a Inconfidência Mineira sempre é apresentada como um movimento

que, combatendo o domínio português e inspirada nas experiências revolucionárias da

França e dos Estados Unidos, defendia a transformação do Brasil em uma república.

Não raro associada à essa ideia, está a questão da igualdade social - o que seria uma

influência direta dos exemplos das revoluções francesa e norte-americana. Embora os

inconfidentes falassem de república, é preciso ter em vista que o significado do termo

naquele momento estava associado à sua viabilidade num pequeno território, como

Minas Gerais, por exemplo - ou, quando muito, incluindo o Rio de Janeiro e São

Paulo”.

(Texto disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/inconfidencia-

mineira-movimento-foi-resposta-ao-excesso-de-impostos.htm> Acesso em 20 de dez. 2013.)

DUAS REVOLTAS E O MESMO PROPÓSITO: O RIO DE HOJE E A GUERRA

DO VINTÉM CONTRA O AUMENTO DE PASSAGEM

Historiadores debatem semelhanças de protestos atuais com o movimento deflagrado

pelo aumento do bonde

“RIO. Em primeiro de janeiro de 1880, os cariocas inauguraram, por assim dizer, uma

nova modalidade de protesto na cidade: a manifestação social. O motivo era bem claro,

a cobrança de uma taxa de 20 réis (ou um vintém, a menor moeda que existia na época)

sobre um dos principais meios de transporte urbano de então, o bonde puxado a burros.

A despeito de reclamações nos dias anteriores, no primeiro dia da vigência do novo

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imposto, a maioria das empresas simplesmente o repassou para a passagem, atingindo

em cheio o bolso dos menos favorecidos.

A revolta foi generalizada e rapidamente tomou as ruas do Centro em forma de

protesto espontâneo, amalgamando outras insatisfações e ganhando o apoio de diversos

setores, entre eles a classe média dos funcionários públicos e também a ‘tropa mais

barra-pesada do Centro e da zona portuária’, nas palavras do historiador José Murilo de

Carvalho, da UFRJ. Inicialmente pacífica, segundo os jornais da época, a manifestação

descambou para a violência diante da ação truculenta da polícia, munida com os longos

e grossos cassetetes conhecidos como ‘bengalas de Petrópolis’.

Pelo menos três morreram

O povo atacou os policiais com paralelepípedos arrancados do calçamento,

destruiu trilhos, espancou condutores, virou bondes, esfaqueou animais. A polícia

respondeu com mais violência, abrindo fogo contra os manifestantes, e os protestos

acabaram se estendendo até o dia 4. Houve saques, roubos e depredação do patrimônio

público por várias ruas do Centro, resultando em um saldo de pelo menos três mortos e

vários feridos. Tirando os burros, a semelhança com o movimento que ganhou as ruas

há duas semanas é grande, segundo historiadores, e sua análise, dizem, pode colaborar

para a compreensão do fenômeno atual - um dos maiores desafios para políticos,

cientistas sociais e jornalistas, que se esforçam para entender, afinal, o que está

acontecendo no país e por quê.

Para José Murilo de Carvalho, há semelhanças entre os dois movimentos, para

além do valor do aumento, de 20 réis e de 20 centavos: “Passagens, tanto em 1880

como hoje, pesam no bolso dos usuários. O ato de aumentar foi um bom gatilho então e

é agora” afirma o historiador.

Segundo o historiador Marcos Breta, também da UFRJ, os transportes urbanos

sempre foram um dos principais motivos de distúrbios populares no Rio de Janeiro : “É

um ponto muito sensível porque envolve praticamente todo mundo; é o sistema

nervoso da cidade. E para quem tem um orçamento apertado, 20 réis ou 20 centavos

pesam no bolso. É um erro achar que não”.

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O distanciamento partidário dos manifestantes é apontado por Sandra Graham,

no artigo ‘O Motim do Vintém e a cultura política no Rio de Janeiro - 1880’, na

Revista Brasileira de História, como uma marca dominante daquela revolta. Segundo

ela, os protestos se converteram numa ‘fonte de poder até então nunca utilizada’, capaz

de transformar a ‘violência da rua’ em parte integrante da ‘equação política’ e, assim,

‘arrastar a política das salas do Parlamento para as praças da cidade’.

Como apontam analistas hoje, se alguma certeza se pode ter é que as

manifestações deixaram muito claro o distanciamento entre povo e governo. De fato, o

imposto de 1880 foi imediatamente revogado como resultado direto do movimento,

bem como o aumento das passagens de ônibus na semana passada.

Os atos de vandalismo de parte dos manifestantes e a violência policial são

outras semelhanças apontadas por José Murilo de Carvalho:

“Em 1880, houve quebra de bondes e destruição de trilhos. Finalmente, a violência foi

agravada pelo ato insensato do comandantes da tropa do Exército destacada para conter

os manifestantes - relembra. - No Largo de São Francisco, atingido por uma pedra

atirada por um manifestante, ele deu ordem de fogo, da qual resultaram mortos e

feridos”.

Para Bretas, autor do livro ‘A guerra das ruas: povo e polícia na cidade do Rio

de Janeiro’, a polícia hoje é mais bem preparada do que jamais foi, embora ainda haja

um longo caminho a percorrer:

- Tradicionalmente, a polícia é muito mal preparada e também muito mal vista pela

população. Ela sempre foi muito odiada - explica Bretas. - Oriunda de um mundo

escravista, ela é vista como aquela que pode bater nas pessoas, que é violenta em

relação ao trabalhador e aos que não têm recurso. Por sua vez, os policiais eram

recrutados à força, eram mal preparados, mal pagos e também chicoteados por seus

superiores.

Tradição escravocrata

José Murilo de Carvalho concorda.

- O grande inimigo das manifestações populares era já naquela época a polícia.

Page 47: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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Seguramente, nossas polícias continuam não sabendo lidar com essas manifestações -

sustenta. - Desde a Primeira República, nossas polícias foram militarizadas, fato que se

exacerbou durante a ditadura. Sua mentalidade e seu treinamento têm que ser

reformados.

A ditadura militar, na análise de Bretas, capitalizou formas policiais já

consagradas, mas que sempre existiram. Talvez, diz, não causassem tanto choque por

seguirem uma tradição escravocrata e serem dirigidas a classes menos favorecidas.

- A gente só começou a estranhar na época da ditadura porque começaram a bater na

classe média - opina o historiador. - O grande ganho do movimento pós-ditadura é a

noção de que os direitos humanos são para todo mundo”.

(Texto disponível em: <http://oglobo.globo.com/historia/duas-revoltas-o-mesmo-proposito-rio-

de-hoje-a-guerra-do-vintem-contra-aumento-da-passagem-8779375> Acesso em 28 de jan.

2014.)

Imagem disponível em:

<https://www.google.com.br/search?hl=ptBR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&

bih=624&q=revolta+do+vint%C3%A9m&oq=revolta+do+vint%C3%A9m&gs_l=img.3..0j0i24

.3305.8424.0.8671.17.9.0.5.5.0.1088.3244.3j1j2j5> Acesso em: 28 de jan. 2014.

Page 48: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

APRENDA FAZENDO...

Questão 1 – (ENEM 2010)

A chegada da televisão

A caixa de pandora tecnológica penetra

nos lares e libera suas cabeças falantes,

astros, novelas, noticiários e as

fabulosas, irresistíveis garotas-

propaganda, versões modernizadas do

tradicional homem-

sanduíche. (SEVCENKO, N. (Org).

História da Vida Privada no Brasil 3.

República: da Belle Époque à Era do

Rádio. São Paulo: Cia das Letras,

1998.)

A TV, a partir da década de 1950,

entrou nos lares brasileiros provocando

mudanças consideráveis nos hábitos da

população. Certos episódios da história

brasileira revelaram que a TV,

especialmente como espaço de ação da

imprensa, tornou-se também veículo de

utilidade pública, a favor da

democracia, na medida em que:

a) amplificou os discursos nacionalistas

e autoritários durante o governo Vargas.

b) revelou para o país casos de

corrupção na esfera política de vários

governos.

c) maquiou indicadores sociais

negativos durante as décadas de 1970 e

1980.

d) apoiou, no governo Castelo Branco,

as iniciativas de fechamento do

parlamento.

e) corroborou a construção de obras

faraônicas durante os governos

militares.

Questão 2 – (ENEM 2011)

A introdução de novas tecnologias

desencadeou uma série de efeitos

sociais que afetaram os trabalhadores e

sua organização. O uso de novas

tecnologias trouxe a diminuição do

trabalho necessário que se traduz na

economia liquida do tempo de trabalho,

uma vez que, com a presença da

automação microeletrônica, começou a

ocorrer a diminuição dos coletivos

operários e uma mudança na

organização dos processos de trabalho.

(Revista eletrônica de Geografia y

Ciências Sociales. Universidade de

Barcelona. Nº 170(9), 1 ago. 2004.)

A utilização de novas tecnologias tem

causado inúmeras alterações no mundo

do trabalho. Essas mudanças são

observadas em um modelo de produção

caracterizado

a) Pelo uso intensivo do trabalho

manual para desenvolver

produtos autênticos e

personalizados.

b) Pelo ingresso tardio das

mulheres no mercado de

trabalho no setor industrial.

c) Pela participação ativa das

empresas e dos próprios

trabalhadores no processo de

qualificação laborai.

d) Pelo aumento na oferta de vagas

para trabalhadores

especializados em funções

repetitivas.

e) Pela manutenção de estoques de

larga escala em função da alta

produtividade

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SAIBA MAIS...

FILME

Os Inconfidentes é uma produção cinematográfica do diretor

Joaquim Pedro de Andrade, que utilizou como fontes para a

produção do seu filme, dados da devassa, assim como poesias de

Cecília Meireles. O filme contesta versões oficiais sobre a história

dos inconfidentes, dando uma nova abordagem sobre a temática.

SITES http://www.historiadigital.org/. Página que trata da temática

da história abordando as suas mais variadas temporalidades,

que vai da pré-história, aos nossos dias atuais.

Vídeo sobre a competência disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=fyQjRLK5aY4>

Acesso: 16 de set. 2013.

LIVROS

História para o Ensino Médio é um livro dos historiados

Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, cujo objetivo é

trazer ao estudo da história um novo significado para

questões relativas ao mundo de hoje.

Micropoder - A Força do Cidadão na Era Digital O

advogado Javier Crema desfaz uma análise de como a

internet e as novas tecnologias possibilitaram o surgimento

de micropoder, ou seja, o poder de cada indivíduo votar,

expressar sua opinião, tomar novos grupos, otimizando a

democracia na sociedade moderna. Blogs, wikis, etc. são as

novas ferramentas a favor da liberdade de expressão.

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RESPOSTAS COMENTADAS

Questão 1 – (ENEM 2010)

A questão aborda a função social da televisão e, indiretamente, defende a liberdade de

imprensa no país. Interessante a abordagem, em um momento em que alguns setores

políticos no país estão ameaçando esta liberdade. Sendo um instrumento a favor da

democracia, anulamos todas as outras alternativas.

O texto apresenta referência completa e de acordo com as normas da ABNT. A

referência é fidedigna e cita o livro onde se encontra o texto. O texto base é adequado e

apresenta coesão com as alternativas propostas, as alternativas são adequadas com a

proposta do ENEM de ser correta a que mais se aproxime do texto proposto, e a

linguagem é utilizada é clara e objetiva.

Alternativa Correta: Letra B

Questão 2 – (ENEM 2011)

Comentários: Entre as inúmeras alterações no mundo do trabalho provocadas pela

utilização de novas tecnologias, estão: a substituição do trabalho manual e repetitivo,

seja de homens, seja de mulheres, por máquinas automáticas ou robôs; o aumento

planejado da produtividade, que reduz (e não aumenta) os estoques de mercadorias; e,

finalmente, a exigência de trabalhadores cada vez mais qualificados, aptos a lidar com

toda a sofisticação tecnológica dos tempos atuais.

A questão apresenta referência completa de acordo com as normas da ABNT. A

referência é fidedigna e cita revista internacional de Geografia e Ciências Sociais. Em

termos de coesão e coerência é possível dizer que o texto-base é adequado, sendo

composto de forma objetiva, contextualizada e com forte articulação com o enunciado,

onde é exposta a situação-problema. A linguagem usada no item é clara, concisa e

objetiva. Utiliza termos específicos da área de tecnologia e engenharia, mas que são

frequentemente abordados em diversos meios de comunicação de massa. Por isso

mesmo a linguagem usada é nacionalmente conhecida.

Alternativa Correta: Letra C

Page 51: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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REFERÊNCIAS

A Revolta Árabe. Imagem disponível em:

<http://www.tsf.pt/multimedia/galeria/Default.aspx?PageIdx=5&content_id=2186782&page_gal

eria=39> Acesso em: 15 de jul. 2014.

Angelo, Vitor Amorim de. Inconfidência mineira: movimento foi resposta ao excesso de

impostos. 2005. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-

brasil/inconfidencia-mineira-movimento-foi-resposta-ao-excesso-de-impostos.htm> Acesso em

20 de dez. 2013.

Barros, Flávio. Guerra de Canudos. 1897. 1 fotografia, color. , 800 x 520 pixels.

COSTA, Camila. Brasileiros ‘descobrem’ mobilização em redes sociais durante protestos.

Reportagem. Da BBC Brasil em São Paulo/ Atualizado em 11 de julho, 2013 (Brasília).

Disponível em

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130628_protestos_redes_personagens_cc.sh

tml> Acesso em: 06 de set. 2013.

CREMADES, Javier. Micropoder: a força do cidadão na era digital. Trad. Edgard Charles. São

Paulo, 2009

Cruz, Bruna Souza. Conheça as revoltas que marcaram a história do Brasil. 2013.

Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/06/22/onda-de-protestos-no-brasil-

ainda-nao-e-revolta-popular-saiba-por-que.htm#fotoNav=100> Acesso em: 20 de set. 2013.

HISTORIA para o ensino médio. Capa de produção; Ûchoa Cintra. São Paulo, 2007.

Jansen, Roberta. Duas revoltas e o mesmo propósito: O Rio de hoje e a Guerra do Vintém

contra o aumento de passagem. 2013. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/historia/duas-

revoltas-o-mesmo-proposito-rio-de-hoje-a-guerra-do-vintem-contra-aumento-da-passagem-

8779375> Acesso em: 28 de jan. 2014.

Os INCONFIDENTES. Produção de Joaquim Pedro de Andrade. Brasil/Itália: RAI, 1972. 1

videocassete.

Revolta do vintém. Imagem disponível em: <https://www.google.com.br/search?hl=pt-

BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1360&bih=624&q=guerra+de+canudos&oq=guer

ra+de+canudos&gs_l> Acesso em: 20 de set. 2013.

Page 52: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

52

SEGURADO, Rosemary. Entre a regulamentação e a censura do ciberespaço. 2011. Artigo

Cientifico. Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13919>

Acesso em: 12 de mar. 2014.

Vicentino, Cláudio. História para o ensino médio: história geral e do brasil/ Cláudio

Vicentino, Gianpaolo Dorigo; ilustrações Cassiano Röda. – São Paulo: Scipione, 2005.

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Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os

fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na

sociedade.

DEMOCRACIA, CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

José dos Santos Costa Júnior

Raquel Silva Maciel

Pintura de Péricles, expoente da democracia Grega, na

Ágora Ateniense, com a Acrópole ao fundo. Disponível

em: <http://www-storia.blogspot.com.br/2012/02/guerra-

do-peloponeso-na-grecia-431-ac.html> Acesso em: 19 de

out. de 2013.

Fotografia de uma urna eletrônica. Disponível em:

<http://www.justicaeleitoral.jus.br/imagens/fotos/urn

a-eletronica-2/image> Acesso em: 19 de out. de

2013.

Fotografia que ilustra um grupo de manifestantes do

movimento de maio de 68 apoiando aqueles que foram

às ruas brasileiras participar da série de manifestações

em junho de 2013. Disponível em:

<http://www.clubedocabeloecia.com.br/2013/06/manife

stacoes-2013-eu-fuipor-um-brasil.html> Acesso em: 19

de out. de 2013.

Page 54: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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O que é democracia?

O termo democracia é de origem grega e significa "poder do povo". Consiste em uma

forma de governo em que todas as importantes decisões políticas são tomadas pelo povo, de

forma compartilhada. Nas democracias modernas, contudo, a democracia precisou se adaptar a

novas condições históricas e assim configurou-se a chamada democracia representativa ou

indireta. Assim, através do voto elegemos aqueles que julgamos poder representar os nossos

interesses no governo da cidade. Essa organização pode existir, por exemplo, no sistema

presidencialista, no qual o presidente é o maior representante do povo; no parlamentarismo, em

que existe o presidente, eleito pelo povo, e o primeiro ministro, que toma as principais decisões

políticas, e em outras formas de governo.

Disponível em:

<http://quemtemmedodademocracia.

com/> Acesso em: 14 de set. de 2013.

Disponível em:

<http://www.uarevaa.com/2012/08/democra

cia-uma-farsa.html> Acesso em: 15 de set.

de 2013.

Um caminho é fortalecer a democracia direta, pois temos nela uma forma de organização

na qual todos os cidadãos/as podem participar diretamente no processo de tomada de decisões.

A democracia tem princípios que protegem a liberdade humana e baseiam-se no governo

da maioria, associado aos direitos individuais e das minorias. No entanto, nem sempre todos

tiveram direito ao voto, existindo, por exemplo, exclusões étnicas, de gênero e de classes

sociais.

Embora a maioria das sociedades contemporâneas denominem-se democráticas é

possível perceber que há grupos que têm sido historicamente excluídos dos benefícios

econômicos, sociais e culturais produzidos coletivamente. Para ilustrar esse tipo de situação

podemos perceber que ainda em pleno século XXI as mulheres ainda têm remuneração inferior

aos homens mesmo quando ocupam cargos iguais dentro de uma empresa, corporação, etc. Esse

Page 55: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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tipo de atitude tem um componente histórico importante, na medida em que foi a partir do

século XX que as mulheres passaram a reivindicar, através de movimentos sociais organizados,

a transformação da situação de opressão em que viviam. Depois da Segunda Guerra Mundial

(1939-1945), com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a formulação da

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) os grupos historicamente excluídos, e

dentre eles as mulheres, passaram a ter, no plano formal, o reconhecimento da sua

particularidade e da situação de desigualdade a que eram submetidos.

Os direitos humanos, enquanto formulação teórica e política são frutos de um momento

histórico turbulento, marcado pela violência sofrida por judeus, negros, ciganos, homossexuais,

mulheres, crianças, etc. Neste sentido, os direitos humanos enquanto proposta política precisa

ser compreendido historicamente, percebendo que fez parte de um conjunto de necessidades e

problemas que se apresentaram naquela época. Por esse motivo, é interessante fazer a

comparação com o contexto histórico atual, no século XXI, e atentar para as “críticas” que são

feitas aos direitos humanos, seja pela sociedade de um modo geral, seja ainda por setores

específicos como a mídia. Para perceber um olhar crítico sobre os direitos humanos no século

XXI, indicamos ao final deste capítulo o texto “Três teses equivocadas sobre os direitos

humanos”, de Oscar Vilhena Vieira. A partir deste texto esperamos que você pense sobre

questões como “de que direitos humanos precisamos hoje?” e “qual a compreensão que os

direitos humanos têm do ser humano?”.

É possível perceber que em alguns lugares a situação não mudou muito, nas ilhas Fiji,

por exemplo, as restrições étnicas visam barrar a maioria dos indianos em favor dos grupos

étnicos fijianos. Atualmente, apenas sete países muçulmanos do Oriente Médio, entre esses a

Arábia Saudita, ainda não permitem que as mulheres votem.

REFLEXÃO

Atualmente podemos notar que diversos meios de comunicação tratam do tema

“cidadania”, ora relacionando-o com a prestação de serviços à comunidade, ora com o exercício

do voto em períodos de eleições municipais, estaduais ou federais. No entanto, a noção de

cidadania enquanto conceito político historicamente construído aponta para uma dimensão mais

ampla e complexa que envolve o exercício de direitos e deveres do cidadão na sua vida

cotidiana. Ser cidadão não é apenas votar, ter título de eleitor ou participar de campanhas que

prestam serviços básicos de higiene, emissão de documentos, etc.

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Para compreender então como a cidadania foi

construída vamos viajar com esse conceito na história...

Na Grécia antiga, especificamente na Atenas do

século V a. C, conhecida por ser o berço da civilização,

foram construídas as noções de democracia enquanto

sistema de governo e cidadania enquanto relação dos

indivíduos com o governo da coletividade. A pólis grega

surgiu no século VI a. C, e ela simboliza uma mudança

histórica importante, pois naquele momento a sociedade, que

era basicamente rural, passava a se urbanizar e isso provocou

a invenção da escrita, as primeiras leis escritas e a reflexão

filosófica.

Nesse contexto o cidadão era aquele que tinha a

‘A Escola de Atenas’, de Rafael,

representa a Ágora, o epicentro da

vida pública da Polis Grega.

Disponível em:

<http://casadasaranhas.wordpress.com

/2012/09/07/somos-governados-por-

politicos-ou-conspiradores/> Acesso

em: 15 de set. de 2013.

possibilidade de participar de maneira ativa das assembleias e opinar sobre o destino da cidade.

Todavia, não eram todos os habitantes da pólis que tinham essa possibilidade, pois embora a

Grécia tenha sido o berço da cidadania, essa não era vivida por todos. Assim, as mulheres,

crianças, os estrangeiros e os metecos (escravos) não eram considerados cidadãos e por isso não

tinham direito à participação política.

Pensadores da Grécia antiga

A antiguidade grega é famosa também pelo legado filosófico que deixou para o Ocidente.

Três pensadores marcaram a história da Filosofia ao formular princípios e pensamentos que

contribuiriam para o desenvolvimento da ciência e da própria Filosofia ao longo dos séculos:

Sócrates (469-399 a. C) pôs a reflexão filosófica no sentido de apreensão da verdade,

algo que não estava no horizonte dos sofistas que, segundo ele, estariam mais preocupados com a

retórica (que significa a arte do bem falar, do uso das palavras para convencer alguém sobre

determinado argumento) do que com a conquista da verdade. Na concepção de Sócrates

poderíamos conhecer de forma clara o caráter do ser humano. Para isso era preciso fazer uso do

diálogo através do qual o indivíduo fornece informações sobre seus valores e crenças. Nesse

sentido pode-se dizer que Sócrates desenvolveu um método para a produção do conhecimento. O

método socrático pode ser dividido em dois momentos: a ironia, através de perguntas cada vez

mais complexas o mestre fazia com que o discípulo entrasse em contradição e percebesse seus

erros, opiniões equivocadas, etc.,e a maiêutica, que em grego antigo significa “parto de ideias”.

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Nesse momento, depois de ter percebido suas dúvidas, erros e equívocos o discípulo poderia

criar novas ideias sobre si, compreender melhor a vida, a natureza e a sua experiência. É

importante dizer também que Sócrates não escreveu nada a respeito de suas ideias. O seu

pensamento é acessado por nós a partir dos escritos de Platão, seu discípulo.

Platão (427-347 a. C) deu continuidade ao processo de compreensão do real iniciado

pelo seu mestre,Sócrates. “Retomando a questão da definição, Platão descobre que, para dizer o

que uma coisa é, faz-se necessário afirmar dois princípios: o da identidade e o da permanência,

ou seja, uma coisa é aquilo que é e não outra coisa [identidade] e deve sempre ser do mesmo

modo [permanência]” (ARANHA & MARTINS, 2005: 108). Mas estes princípios não podem

ser aplicados às coisas concretas, pois, por exemplo, existem muitas casas e uma não é igual à

outra. Por isso, o pensamento de Platão é relacionado à existência do mundo das ideias e o

mundo dos sentidos. Para ele as ideias são perfeitas, mas o mundo dos sentidos não. Portanto, os

sentidos podem nos enganar já que o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo das

ideias.

Aristóteles (385-322 a. C) criticou a teoria das ideias de Platão, principalmente a divisão

que ele fez entre mundo das ideias e mundo sensível. Segundo Aristóteles, existem três tipos de

saber:

O conhecimento fruto da experiência – este tipo de conhecimento se constrói pela

familiaridade com cada coisa. É um conhecimento imediato e concreto e não pode ser

transmitido, pois é individual e particular.

O saber fazer (a técnica) – é o conhecimento dos instrumentos necessário para a

produção de algo. Por exemplo, se uma costureira deseja fazer um vestido ela sabe que

precisa de tecido, linha, agulha, e dependendo do tipo de vestido e do tecido a ser usado

ela precisará também de uma máquina de costura.

A sabedoria (sophia) – este conhecimento é o que define as coisas e as suas causas. A

atividade filosófica busca compreender as ações, os sentimentos e os valores humanos.

Por exemplo, a Filosofia dedica-se a pensar a liberdade. Algumas perguntas filosóficas

que podemos fazer para pensar este tema são: “o que é a liberdade”, “é possível vivenciar

uma total liberdade?”, “quem define o significado de liberdade e com que intenções?”,

“quem define as condições para o exercício da liberdade? E ainda, “se são definidas

condições para se exercer isso, é possível dizer que há liberdade por parte dos

indivíduos?”.

Para Aristóteles o conhecimento é fruto de todas essas formas de conhecer o mundo.

Diferente de Platão, ele diz que esses conhecimentos se enriquecessem uns aos outros, não se

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anulam. Os filósofos gregos deixaram importantes contribuições para a Filosofia. É possível

notar isso tendo em vista que foram responsáveis por estabelecer a diferença entre conhecimento

sensível e conhecimento intelectual; entre aparência e essência; entre opinião e saber; as regras

da lógica, isto é, como passar de um juízo para outro de forma correta e coerente para se alcançar

a verdade.

Em relação a Roma antiga podemos considerar a

soberania que essa sociedade assumiu em um momento no

qual inúmeras cidades-estados da Grécia entravam em

decadência e Roma passou a ocupar a posição de senhora

do mais vasto império da Antiguidade, e por isso nota-se a

importância do estudo das suas instituições políticas. Seu

prestígio se deve ao domínio que exerceu em várias

regiões do mundo, deixando um importante legado para a

vida institucional, política e jurídica de boa parte do mundo

ocidental.

Pirâmide que representa a divisão

social na Roma antiga. Disponível

em:<http://casadasaranhas.wordpress.

com/2012/09/07/somos-governados-

por-politicos-ou-conspiradores/>

Acesso em: 15 de set. de 2013.

A Roma antiga passou por diferentes momentos políticos, mas o que nos interessa nessa

competência é o estudo do seu período republicano que se constituiu como sistema

governamental até 27 a.C. Nesse contexto temos as lutas desencadeadas pelos plebeus para

conquistarem os mesmos direitos reservados aos patrícios. Esse processo durou cerca de

duzentos anos e resultou na obtenção de inúmeros direitos sociais, tornando praticamente

inexistente a diferença entre essas duas camadas sociais.

Entre as grandes conquistas alcançadas através

dos movimentos organizados pelos plebeus temos a

possibilidade de serem representados no governo

romano, pelos chamados tribunos da plebe. Além disso,

houve a conquista de acesso às leis romanas, sendo

concretizada na publicação da famosa Lei das Doze

Tábuas. “Depois das conquistas obtidas pelos plebeus,

todo cidadão romano podia candidatar-se a qualquer cargo

público e exercê-lo, fosse ele plebeu ou mesmo patrício”

(ANDRADE, José de Arimatéia Alburquerque de &

OLIVEIRA, Michael Seymour Alves de. Temas de

Afresco Cícero denuncia Catilina que

representa o senado romano reunido

na Cúria Hostilia. Palazzo Madama,

Roma. Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/direitos/anth

ist/12tab.htm> Acesso em: 15 de set.

de 2013.

Page 59: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

59

História. João Pessoa, F&A Gráfica e Editora 2010, p. 27). Mesmo com as vitórias obtidas esses

encontraram resistências por parte dos patrícios que instituíram os censores como seus

representantes e criaram barreiras para a chegada dos candidatos plebeus ao governo.

O período histórico denominado de Idade Média1

é aquele que se estende da conquista da Gália, por

Clóvis, até o fim da guerra dos cem anos. Nesse

momento, a cidadania, que como vimos, havia

recebido suas bases filosóficas com os antigos, será

sufocada, pois as relações feudo-vassálicas não abriam

possibilidades para a necessária autonomia do sujeito

que pudesse ser tido como cidadão para atuar ativamente

na sociedade. Não havia um espaço de debate aberto,

como a antiga ágora, onde todos pudessem opinar e

Imagem que representa relação se suserania

e vassalagem. Disponível em:

<http://www.infoescola.com/idade-

media/vassalagem/> Acesso em: 05 de fev.

de 2014.

discutir as questões coletivas. A Igreja Católica Romana passou a ser a mantenedora da ordem

social e não abriu possibilidades para democratizar a organização social. A religião exerceu forte

domínio político e econômico, na medida em que era detentora de grande parte dos feudos.

Nesse sentido, este período pode ser caracterizado como aquele em que as ideias de democracia

e cidadania não se desenvolveram por conta do próprio contexto histórico medieval. Essas ideias

só seriam retomadas posteriormente, com o Renascimento e o advento da modernidade.

É preciso ainda quebrar um mito que foi

construído ao longo do tempo. A Idade Média também

foi por muito tempo chamada de Idade das Trevas. O

motivo para isso seria o fato de que ela estaria

localizada entre dois períodos muito produtivos

culturalmente, isto é, a Antiguidade e a Modernidade.

No entanto, pesquisas históricas realizadas a partir do

século XX vêm mostrando como o período da Idade

Média também é rico em aspectos culturais, econômicos

e religiosos. Assim, percebe-se que este período deve

Queda da bastilha durante a Revolução Francesa em 1789. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3

%A7%C3%A3o_Francesa> Acesso em:

05 de fev. de 2014.

1É bom deixar claro que ao falarmos em Idade Média, nos referimos a uma ideia que foi criada pelo Ocidente e se

refere a um período histórico entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Este momento é caracterizado pelo

feudalismo, as relações de suserania e vassalagem, as ordens de cavalaria e ainda pela ocorrência da Peste Negra,

onde dois terços da população morreu por conta da peste bubônica.

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60

ser particularizado e não comparado com outros de modo a dizer que este momento teria sido

inferior em qualquer aspecto.

Foi na Idade Moderna que ocorreu o desenvolvimento dos Estados Modernos cuja

característica inicial foi o absolutismo, quando o poder político esteve centralizado na figura do

rei, tido como indivíduo iluminado e escolhido por Deus para governar um determinado

território através de um governo vitalício. Foi também nesse período que houve um conjunto de

‘revoluções’, como a Francesa em 1789 e as inglesas em 1640 e 1688. Através delas as ideias de

democracia e cidadania foram ressignificadas a partir das necessidades do próprio momento

histórico. O objetivo era a libertação da opressão de um Estado centralizado e que não

representava os interesses da maioria.

Durante o século XVII, a Inglaterra foi palco de uma série de disputas políticas entre a

monarquia e o parlamento, controlados pela burguesia. Essa rivalidade foi responsável pela

sangrenta Guerra Civil (1642-1649), que opôs as tropas do Rei Carlos I contra as forças do

Parlamento, lideradas por Oliver Cromwell, este acabou vitorioso e governando a Inglaterra de 1649 a 1658. Após o governo de Cromwell e do período de restauração da monarquia dos Stuarts, houve um grande descontentamento da grande burguesia e da nobreza anglicana em relação ao rei, o que acabou provocando a chamada Revolução Gloriosa (1688-1689), que pôs fim ao absolutismo monárquico inglês (EUFRÁSIO, Marcelo Alves Pereira.Cidadania e direitos fundamentais, uma luta emancipatória em diferentes momentos históricos. In. História do direito e da violência: recortes de uma abordagem interdisciplinar. Campina Grande: EDUEPB, 2009, pp. 53-67.

Na modernidade, houve o processo de formulação das ordenações jurídicas que passaram

a reconhecer os direitos fundamentais do cidadão. Os ideais de igualdade, liberdade e

fraternidade são espécies de “símbolos” dos empreendimentos modernos. A vivência da

cidadania foi norteada em grande medida pelo contratatualismo, caracterizado pela ênfase no

indivíduo, tendo em vista a sua preservação e a prática do não autoritarismo, sendo assim uma

oposição ao absolutismo. O pensamento contratualista de Jean Jacques Rosseau (1712-1778)

consistia na ideia de que o Estado seria a instituição social garantidora da ordem e da segurança

coletiva. Todavia, a ideia de contrato social estava alicerçada no princípio de que o cidadão

abriria mão de um pouco da sua liberdade em troca da segurança que o Estado lhe garantiria.

Surge então um interessante problema político e filosófico: embora estivesse em um Estado

democrático, que suporia a vivência da liberdade, o indivíduo não a vive de forma completa, pois

em nome da segurança precisava submeter-se às leis e regras estatais, instituídas sem que ele

pudesse participar ativamente dessa formulação.

A partir do exposto podemos afirmar que a modernidade abriu a possibilidade do retorno

da democracia e da cidadania porque, diferentemente da Idade Média, o sujeito passou a ser

valorizado como autônomo e os valores religiosos não seriam mais hegemônicos. Nesse

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61

contexto, o pensamento científico daria condições para a produção do conhecimento pelo próprio

sujeito, que não mais precisaria da revelação divina para produzir o saber.

O papel dos movimentos sociais

O que esta competência solicita do candidato é que ele consiga pensar como os direitos

foram conquistados ao longo do tempo a partir de lutas sociais e políticas. Em diferentes

contextos históricos, houve o desencadeamento de movimentos sociais que buscavam mudanças

nas legislações ou nas políticas públicas. No Brasil a história das lutas sociais compreende desde

aquelas organizadas durante o período colonial e do segundo reinado como a Cabanagem, a

Revolução Praieira, Revolta do Malês, Sabinada, Farroupilha e outras que, apesar de

possuírem particularidades que as diferenciavam, são importantes na medida em que

reivindicavam os interesses populares e perante a insatisfação de diferentes camadas sociais.

A cidadania no Brasil não foi dada de graça, mas conquistada. Assim como a democracia,

a cidadania foi sendo construída aos poucos e houve momentos em que também ambas foram

postas em risco. Aliás, isso ocorre ainda hoje. Como cidadãos devemos ficar atentos quando um

determinado grupo social, partido ou líder político ocupa de forma hegemônica os espaços

públicos, pois uma maioria pode perder direitos importantes quando há uma presença contínua e

oportunista de um pequeno e esperto grupo.

A Constituição de 1824, por exemplo, não foi construída de forma democrática,

contando com a participação do povo. Dom Pedro I dissolveu a assembleia constituinte de 1823

porque temia que esta elaborasse uma carta constitucional que limitasse os seus poderes. Logo

depois o imperador formou o Conselho de Estado, presidido por ele mesmo e composto por um

grupo de apoiadores e formulou a primeira constituição do Brasil, promulgada no dia 24 de

março de 1824. Através do chamado Poder Moderador, ele manteve o seu poder, pois embora

houvesse um princípio de descentralização e autonomização das províncias todas as decisões

políticas de caráter amplo precisariam passar por seu crivo.

Passamos também pelo momento de Ditadura Militar (1964-1985), no qual alguns

princípios referentes à democracia foram esmagados pela força do Estado. É interessante

destacar, no entanto, que a Ditadura no Brasil se impôs de forma legal. O que significa isso?

Significa dizer que a ditadura estava de acordo com a lei. A estratégia dos militares, logo após o

Golpe de 1964, foi mudar a Constituição, ou seja, o documento que organiza a sociedade de

modo geral. Antes dessa nova Constituição ficar pronta o governo atuava por meio de Decretos-

lei que tinham o mesmo peso que uma lei. Em 1967, no governo do presidente Castelo Branco,

foi sancionada a nova Constituição. A partir desse momento tudo o que os militares fizessem

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estaria de acordo com a lei, isto é, seria legítimo, e por isso a população não poderia questionar

suas atitudes.

O ano de 1968 pode ser considerado como um ano de efervescência social, sendo

emblemático pelos vários movimentos sociais importantes ocorridos no Brasil e no mundo.

Naquele momento se “[...] pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas

estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo; dela

participaram também intelectuais, artistas, padres e grande número de mães de estudantes”

(RECCO, s/d). No cenário mundial temos também em 1968 a eclosão de movimentos como a

chamada “Primavera de Praga”, na qual havia reivindicações de mudanças políticas e sociais

por parte de intelectuais, estudantes e operários. E na França o famoso “maio de 1968” “[...] foi

uma revolução política e, mesmo derrotado, abriu o caminho para um conjunto de mudanças

sociais e culturais, além de garantir a ampliação de direitos a grupos até então discriminados,

como as mulheres e os jovens. A manutenção das estruturas políticas tradicionais foram

compensadas pela ampliação dos direitos e por uma mudança social revolucionária” (RECCO:

s/d).

Em 1968 inúmeras manifestações sociais que tiveram grande importância ocorreram em

diferentes regiões e com várias reivindicações sendo um processo mundial que abarcou

diferentes setores da sociedade. O ano de 1984 no Brasil também foi impactado pelo movimento

popular das “Diretas Já!”, considerada uma das maiores manifestações populares deste país,

entre as reinvindicações estava a realização imediata de eleições diretas. No ano de 1992 ocorreu

o movimento dos “caras pintadas” que em suas lutas reivindicavam a deposição de Fernando

Collor de Mello e “(...) tornariam-se ícones de um novo modo que o povo descobriu de se fazer

democracia: a deposição de seus dirigentes incompetentes ou corruptos.” (SANTIAGO,

Emerson. Caras pintadas. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/caras-

pintadas/> Acesso em: 05 de fev. de 2014.)

Podemos considerar que o ano de 2013 foi nitidamente um período em que a insatisfação

popular ganhou força levando milhares de pessoas às ruas em diferentes cidades brasileiras e

ganhando apoio de outros países que também realizaram manifestações nas ruas em

solidariedade a luta popular que aqui ocorria. Processo semelhante à Primavera Árabe, Occupy

Wall Street e outros que tiveram uma espécie de propagação viral, contando com o auxílio dos

atuais meios de comunicação a exemplo da internet para sua divulgação.

Entre as reinvindicações e insatisfações populares que influenciaram esse movimento

podemos citar o aumento nas tarifas de transporte público, melhorias nos sistemas de saúde e

Educação, oposição aos gastos públicos em eventos esportivos internacionais a exemplo da Copa

Page 63: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

63

do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016, pela não aprovação do Projeto de Decreto

Legislativo 234/11 conhecido popularmente como “cura gay” que busca estabelecer novas

normas para atuação dos psicológos em relação à orientação sexual, assim como pela rejeição à

PEC 37 que retiraria o poder de atuação do Ministério Público em investigações criminais.

Todos esses movimentos foram e são importantes para a construção da nossa cidadania

enquanto sujeitos com direitos e deveres, para o estabelecimento dos princípios democráticos e

da participação política.

TEXTO DE APOIO

Desenvolvendo e aprimorando as habilidades dessa competência

1. Não é em todo lugar do mundo que existe liberdade de imprensa. Procure informações sobre

a ONG Repórteres sem Fronteiras. Conheça a sua atuação pelo mundo. A instituição divulga

uma lista em que classifica os países conforme o nível de liberdade de imprensa. Relacione

as características comuns entre os primeiros colocados na lista. Faça o mesmo com os

últimos.

2. Até que ponto a imprensa colabora para a democracia e até que ponto pode representar

somente as classes dominantes? Veja o documentário “Muito Além do Cidadão Kane” e

pense a esse respeito. Você pode encontrá-lo no site www.midiaindependente.org.

3. Estude o Movimento Cocaleiro na Bolívia. Descubra quais suas reivindicações e qual sua

forma de atuação. Compreenda como esse movimento social conseguiu eleger o presidente

daquele país.

4. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma conquista de vários movimentos sociais no Brasil.

Faça uma pesquisa sobre isso. Depois assista ao documentário “Sicko – SOS Saúde”, do

diretor Michael Moore e compare nosso sistema de saúde com o americano.

5. Vários países passaram, ou passam, por períodos em que é negada a democracia e a

cidadania à população. Em 1974, a canção “Grandola, Vila Morena” foi uma das senhas

utilizadas para o início da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal da ditadura fascista

de Franco. Conheça a música e reflita sobre a relação entre a letra da música e períodos

ditatoriais do Brasil (1937 a 1945 e de 1964 a 1980). Se quiser conhecer melhor a história,

procure o filme “Capitães de Abril”, de Maria Medeiros, ou pesquise na Internet.

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/estude-a-historia-da-

cidadania-e-democracia-para-o-enem/c1597305157623.html> Acesso em: 15 de set. de 2013.

Page 64: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

64

APRENDA FAZENDO

Questão 1 - ENEM 2009

O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural. “É preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não precisa delas”.

Journal de lacomuneétudiante.

Textesetdocuments.

Paris: Seuil, 1969 (adaptado).

Os movimentos sociais, que marcaram o ano

de 1968,

a) foram manifestações desprovidas de

conotação política, que tinham o objetivo de

questionar a rigidez dos padrões de

comportamento social fundados em valores

tradicionais da moral religiosa.

b) restringiram-se às sociedades de países

desenvolvidos, onde a industrialização

avançada, a penetração dos meios de

comunicação de massa e a alienação cultural

que deles resultava eram mais evidentes.

c) resultaram no fortalecimento do

conservadorismo político, social e religioso

que prevaleceu nos países ocidentais durante

as décadas de 70 e 80. d) tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura. e) inspiraram futuras mobilizações, como o

pacifismo, o ambientalismo, a promoção da

equidade de gênero.

Questão 02 - ENEM 2009

Segundo Aristóteles, “na cidade com

o melhor conjunto de normas e naquela

dotada de homens absolutamente justos, os

cidadãos não devem viver uma vida de

trabalho trivial ou de negócios — esses tipos

de vida são desprezíveis e incompatíveis

com as qualidades morais —, tampouco

devem ser agricultores os aspirantes à

cidadania, pois o lazer é indispensável ao

desenvolvimento das qualidades morais e à

prática das atividades políticas.”

VAN ACKER, T. Grécia. A vida

cotidiana na cidade-Estado. São

Paulo: Atual, 1994.

O trecho, retirado da obra Política, de

Aristóteles, permite compreender que a

cidadania

a) possui uma dimensão histórica que deve

ser criticada, pois é condenável que os

políticos de qualquer época fiquem

entregues à ociosidade, enquanto o resto dos

cidadãos tem de trabalhar.

b) era entendida como uma dignidade

própria dos grupos sociais superiores, fruto

de uma concepção política profundamente

hierarquizada da sociedade.

c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma

percepção política democrática, que levava

todos os habitantes da pólis a participarem

da vida cívica.

d) tinha profundas conexões com a justiça,

razão pela qual o tempo livre dos cidadãos

deveria ser dedicado às atividades

vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

Page 65: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

SAIBA MAIS

LIVRO O livro “Os bestializados – O Rio de Janeiro e a República que

não foi”, do cientista político José Murilo de Carvalho aborda o

processo de implantação da República no Brasil. A obra oferece

uma interessante contribuição para pensarmos noções como regime

republicano, cidadania, participação social. No link a seguir você

encontra uma resenha do livro escrita de forma objetiva e clara,

com autoria de Taciana Barreto.

Disponível em: <http://historiaufpe2009-

2.blogspot.com.br/2012/04/resenha-do-livro-os-bestializados-de.html>

Acesso em 04: de fev. de 2014.

SÉRIE E VÍDEOS

A minissérie “A casa das sete mulheres”, escrita por Maria

Adelaide e Walther Negrão, e baseada na obra homônima de

Letícia Wierzchowski, retrata a Revolução Farroupilha

(1835-1835), uma das revoltas do período regencial que

questionaram a forma como a nação vinha se constituindo.

O vídeo realizado pela Mídia NINJA (Narrativas

Independentes: Jornalismo em ação) mostra a cobertura

diferenciada das manifestações ocorridas ao longo do mês

de junho em 2013 fazendo referência à atuação dos

chamados black blocs (termo em inglês que remete ao grupo

de indivíduos mascarados e vestidos de pretos,

anticapitalistas que atuam nas manifestações destruindo o

patrimônio público) e o surgimento dessa organização

independente que faz de qualquer cidadão um divulgador de

informações. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=5yjvo9RJ50U> Acesso em:

05 de fev. de 2014.

O especial realizado pela TV Cultura discute questões

acerca do movimento de maio de 1968, evidenciando seu

surgimento, sua ocorrência em universidades como a de

Nanterre na França, depoimentos de época, suas críticas,

etc. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bWI8_-

Vf4cY> Acesso em: 05 de fev. de 2014.

O diagnóstico de Zigmunt Bauman para a pós-modernidade.

Em entrevista à TV Cultura o sociólogo Zigmunt Bauman

fala sobre a cidadania que vivemos hoje. Disponível em:

<http://www.cpflcultura.com.br/2013/04/09/zygmunt-bauman-

estrategias-para-a-vida-participacao-de-luiz-felipe-ponde-

franklin-leopoldo-e-silva-frank-usarski-e-catherina-koltai/>

Acesso em: 15 de set. de 2013.

65

Page 66: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

66

Como a competência “Utilizar os conhecimentos históricos para compreender

e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma

atuação consciente do indivíduo na sociedade”é cobrada no ENEM?

Nessa competência teremos questões relacionadas aos conceitos de cidadania e

democracia. Assim “[...] o aluno deve valorizar a democracia ocidental. A construção

dela e a conquista da cidadania serão os temas das questões dessa competência.

Direitos não são dados, são conquistados. Nesse sentido, é importante conhecer as lutas

sociais que levaram às mudanças nas legislações. Revolução francesa, declaração dos

direitos do homem e do cidadão, evolução da liberdade de imprensa, direito ao voto no

Brasil, Constituição Brasileira de 1988, Código de Defesa do Consumidor e alguns

estatutos, como o da Criança e do Adolescente, o do Idoso e o das Cidades são

conteúdos desejáveis. Devem ser valorizadas, na hora de responder a algumas das

questões, as estratégias que promovam a inclusão social. É grande a possibilidade de o

tema da redação estar relacionado a essa competência”.

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/enem-como-e-a-

prova-de-ciencias-humanas/c1237805947619.htm> Acesso em: 15 de set. de 2013.

RESPOSTAS COMENTADAS

Questão 01 – ENEM 2009

Em meio à Primavera de Praga; à Guerra do Vietnã, ao enaltecimento da sociedade de

consumo, entre outros fatos, o ano de 1968 ficou notabilizado pela emergência de ideias

que constavam com a ordem reinante. As novas propostas, de grande abrangência,

constituíram numa verdadeira revolução cultural que inspirou movimentos posteriores,

como o pacifismo, o ambientalismo e a defesa dos direitos das minorias.

Alternativa correta: Letra E

Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/anglo/2010/enem/01/q53.pdf> Acesso

em: 15 de set. de 2013.

Questão 02 – ENEM 2009

No texto, Aristóteles defende que o “lazer” (mais apropriado seria dizer o ócio) é

“indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades

políticas”. Deixa claro, assim, que o exercício da política e a resolução dos problemas

da cidade exigiam tempo livre, de que apenas os cidadãos dispunham.

Alternativa correta: Letra E

Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/anglo/2010/enem/01/q60.pdf> Acesso

em: 15 de set. de 2013.

Page 67: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

67

REFERÊNCIAS

ANDRADE, José de Arimatéa Albuquerque de & OLIVEIRA, Michael Seymour Alves

de.Temas de História. João Pessoa: F&A Gráfica e Editora, 2010.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de

Filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal,

Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 88 p.

CARVALHO, José Murilo de. (Org.) A construção nacional. Rio de Janeiro:

Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012.

CARVALHO, José Murilo de. “Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que

não foi”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

DIREITOS HUMANOS NA INTERNET. O que é formação para a cidadania?

Entrevista com o sociólogo Francisco de Oliveira, realizada por Silvio CacciaBava,

diretor da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), em

dezembro de 1990. Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/coliveira.htm> Acesso em: 02 de jun.

2013.

EUFRÁSIO, Marcelo Alves Pereira. Cidadania e direitos fundamentais, uma luta

emancipatória em diferentes momentos históricos. In. História do direito e da

violência: recortes de uma abordagem interdisciplinar. Campina Grande: EDUEPB,

2009, pp. 53-67.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Comunidade, cidadania e minorias. In. Introdução à

Sociologia. São Paulo: Ática, 2003, pp. 47-65.

PINSKY, Jayme & PINSKY, Carla Bassanezi. (Orgs.) História da cidadania. 3ª ed.

São Paulo: Contexto, 2005.

Page 68: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

68

RECCO, Claudio. 1968: o ano que não terminou. Disponível em:

<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=1090> Acesso em: 15 de

set. 2013.

SANTIAGO, Emerson. Caras pintadas. Disponível em:

<http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/caras-pintadas/> Acesso em: 05 de fev.

2014.

SCHERER-WARREN, Ilse. Cidadania sem fronteiras – ações coletivas na era da

globalização. São Paulo: Hucitec, 1999.

VIEIRA, Oscar Vilhena. Três teses equivocadas sobre os direitos humanos.

Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/oscarvilhena/3teses.html#1> Acesso em:

04 de fev. 2014.

Pintura de Péricles, na Ágora Ateniense. Disponível em: <http://www-

storia.blogspot.com.br/2012/02/guerra-do-peloponeso-na-grecia-431-ac.html> Acesso

em: 19 de out. 2013.

Fotografia de uma urna eletrônica. Disponível em:

<http://www.justicaeleitoral.jus.br/imagens/fotos/urna-eletronica-2/image> Acesso em:

19 de out. 2013.

Fotografia que ilustra um grupo de manifestantes do movimento de maio de 68

apoiando aqueles que foram as ruas brasileiras participar da série de manifestações em

junho de 2013. Disponível em

<http://www.clubedocabeloecia.com.br/2013/06/manifestacoes-2013-eu-fuipor-um-

brasil.html> Acesso em: 19 de out. 2013.

Democracia. Disponível em: <http://quemtemmedodademocracia.com/> Acesso em: 14

de set. 2013.

Tira de Mafalda. Disponível em: <http://www.uarevaa.com/2012/08/democracia-uma-

farsa.html> Acesso em: 15 de set. 2013.

Page 69: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

69

Escola de Atenas. Disponível em:

<http://casadasaranhas.wordpress.com/2012/09/07/somos-governados-por-politicos-ou-

conspiradores/> Acesso em: 15 de set. 2013.

Pirâmide que representa a divisão social na Roma antiga. Disponível em:

<http://casadasaranhas.wordpress.com/2012/09/07/somos-governados-por-politicos-ou-

conspiradores/> Acesso em: 15 de set. 2013.

Afresco. Cícero denuncia Catilina. Disponível em:

<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/12tab.htm> Acesso em: 15 de set. 2013.

Imagem que representa relação se suserania e vassalagem. Disponível em:

<http://www.infoescola.com/idade-media/vassalagem/> Acesso em: 05 de fev. 2014.

Queda da bastilha durante a Revolução Francesa em 1789. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa> Acesso em: 05 de

fev. 2014.

Movimentos de 1968 na França. Disponível em:

<http://nososcachorros.blogspot.com.br/2012/05/fatos-historicos-do-dia-21-de-

maio.html/> Acesso em: 15 de set. 2013.

Fotografia em uma das manifestações ocorridas em junho de 2013. Disponível em:

<http://blogdotarso.com/tag/manifestacoes/> Acesso em: 05 de fev. 2014.

Imagem do folder do filme “Muito além do cidadão Kane”. Disponível em:

<http://blogdoprofessorhenry.blogspot.com.br/2012/04/sociologia-filme-muito-alem-

do-cidadao.html> Acesso em: 15 de mar. 2013.

Page 70: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

70

Competência de área 06 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas

interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.

O HOMEM E ESPAÇO GEOGRÁFICO

PARA COMEÇAR A HISTÓRIA...

Jonathan Vilar dos S. Leite

Paulo Montini de A. Souza Júnior

Paula Sonály N. Lima

Marcha durante a Cúpula dos Povos, na Rio+20, cobrando dos governos justiça ambiental e

social. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Missao-e-Valores-/>

Acesso em dez. 2013

Com um pouco de sorte, os homens poderão no futuro encarar este século como um

momento extraordinário – o momento em que a espécie humana esteve à beira do desastre.

Nos últimos anos uma quantidade razoável de armas nucleares, armazenadas em silos

subterrâneos, tem esperado por um sinal de radio para destruir grande parte da humanidade

e liberar resíduos de incalculáveis consequências genéticas para os sobreviventes.

Mesmo utilizada para fins pacíficos, a energia nuclear pode trazer danos

irreparáveis ao meio ambiente com a acumulação do lixo nuclear. Em 1970, havia nos

Estados Unidos mais de 75 milhões de galões de refugo, principalmente da produção de

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explosivos nucleares, armazenados em cerca de duzentos tanques subterrâneos. Até 1980

outros dois milhões de galões de lixo das usinas atômicas se acumulariam.

Ao lado disso, há a produção de resíduos industriais. As indústrias não só produzem

grande quantidade de mercadorias baratas, e em boa parte inúteis, como também

consomem enormes quantidades de energia e geram imensa quantidade de refugo. Ao

olharem para o século XX é provável que os historiadores do futuro se espantem com nosso

uso desregrado dos recursos planetários, especialmente aqueles que não se renovam, como

o petróleo, o carvão e outros minerais.

Outras formas de poluição aumentam com extrema rapidez, especialmente a

causada por dióxido sulfúrico, decorrente da queima do petróleo, por escapamento da

fumaça de automóveis e várias formas de poeira. O ar dos Estados Unidos age como

depósito de lixo para 23 milhões de toneladas de compostos sulfúricos por ano, 15 milhões

de toneladas de óleo e substâncias fuliginosas (muitas das quais são agentes cancerígenos

potenciais),12 milhões de toneladas de poeira e 10 milhões de outros vapores.

Um dos efeitos da atividade industrial global é lançar na atmosfera grandes

quantidades de dióxido de carbono originadas pela queima de combustíveis fósseis. Em

cem anos essa quantidade aumentará para 360 bilhões de toneladas. O dióxido de carbono

está naturalmente presente na atmosfera em pequenas quantidades e é essencial para as

plantas. Mas a presença desse gás tem também um importante efeito sobre o clima: permite

que o calor do Sol seja absorvido, mas impede que seja irradiado de volta para o espaço.

Esse efeito estufa produziu um clima global mais quente do que teríamos de outro

modo. Mas a quantidade excessiva que se despeja na atmosfera pode tornar o clima ainda

mais quente – e os efeitos disso serão extremamente perigosos. Uma estimativa sugeria

que, até o fim do século, a temperatura global do ar na Terra poderia elevar-se dois graus

Celsius. Isso pode desencadear mudanças climáticas irreversíveis, como o derretimento das

calotas polares e a consequente elevação do nível dos mares, com perdas catastróficas de

terras e cidades por todo o mundo.

Adaptado de: John Davy. A crise do meio ambiente. In: História do século XX. São Paulo, Abril

Cultural,1973.v. 6. P.2866-71.

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72

Reunido em Estocolmo, na Suécia, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças

Climáticas (IPCC), um relatório crucial, mas permeado de polêmicas, sobre o

aquecimento global.

PARA SABER MAIS

Desaceleração do aquecimento da superfície terrestre vem ocorrendo desde 1998. Disponível em:

<http://www.paraiba.com.br/2013/09/24/31731-pausa-no-aquecimento-global-gera-polemica-no-

painel-do-clima> Acessado em 16 de mar. de 2014

Por um lado, há um relativo consenso sobre o impacto da atividade humana no

aumento das temperaturas. Pelo rascunho do relatório que será publicado, ao qual a

BBC teve acesso, o nível de certeza científica sobre isso aumentou. Segundo o painel,

há hoje 95% de certeza de que "a influência humana no clima é responsável por mais da

metade dos aumentos médios de temperatura observados entre 1951 e 2010".

No entanto, a polêmica se intensifica quando a discussão gira em torno da

desaceleração do aquecimento, que vem ocorrendo desde 1998, com muitos

demandando mais explicações sobre o fenômeno. Desde 2007, há um crescente foco no

fato de que as temperaturas médias globais não terem subido acima do recorde histórico,

em 1998. No rascunho, o painel concorda que "a taxa de aquecimento nos últimos 15

anos é mais baixa do que as tendências anteriores".

Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130920_mudanca_climatica_mdb.shtml>

Acesso em: 24 de set. 2013

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REFLEXÃO

Mas afinal, no decorrer da

história, que relação há entre o

espaço geográfico e o homem?

O espaço geográfico

corresponde ao espaço construído e

alterado pela humanidade; além do

mais, pode ser definido como

sendo o palco das realizações

humanas, nas quais estão as

relações entre os seres humanos e

desses com a natureza. O espaço

geográfico abriga o ser humano e

todos os elementos naturais, tais

como relevo, clima, vegetação e

tudo que nela está inserido.

Disponível em:

<http://www.trajanosilva.com.br/2013/09/04/agricultura/>

Acesso em: dez. 2013

Em sua etapa inicial, o espaço geográfico apresentava somente os aspectos

físicos ou naturais presentes, como rios, mares, lagos, montanhas, animais, plantas e

toda interação e interdependência entre eles. Dessa maneira, desde que surgiu, o ser

humano usufrui da possibilidade de interferir no meio a partir do corte de uma árvore

para construção de um abrigo e da caça, por exemplo, impactando e transformando o

espaço geográfico.

Nesse primeiro momento, as transformações eram quase que insignificantes,

uma vez que tudo que se retirava da natureza servia somente para sanar as necessidades

básicas de sobrevivência, processo chamado de “meios de existência”. Boa parte das

modificações executadas na natureza é proveniente do trabalho humano. É através do

trabalho que o ser humano é capaz de construir e desenvolver tudo aquilo que é

indispensável à sua sobrevivência. O termo “trabalho” significa todo esforço físico e

mental humano com finalidade de produzir algo útil a si mesmo ou a alguém.

O conjunto de atividades desempenhadas pelas sociedades continuamente

promove a modificação do espaço geográfico. A partir da Revolução Industrial, o

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homem enfatizou a retirada de recursos dispostos na natureza a fim de abastecer as

indústrias de matéria-prima, que é um item primordial nessa atividade, ao passo que a

população crescia acompanhada pelo alto consumo de alimentos e bens de consumo.

Com o avanço tecnológico, o homem criou uma série de mecanismos para

facilitar a manipulação dos elementos da natureza, máquinas e equipamentos facilitaram

a vida do homem e dinamizaram o processo de exploração de recursos, como os

minerais, além do desenvolvimento de toda produção agropecuária com a inserção de

tecnologias, como tratores, plantadeiras, colheitadeiras e muitos outros.

Na extração mineral, o espaço geográfico é bastante atingido, sofrendo

profundos impactos e mudando de forma drástica todo arranjo espacial do lugar

que está sendo explorado.

Nos centros urbanos, as alterações são percebidas nas construções presentes,

essas transformações ocorrem em loteamentos que em um período era somente

uma área desabitada e passou a abrigar construções residenciais, além de áreas

destinadas ao comércio e indústria. Desse modo, nas cidades de todo mundo

sempre ocorrem modificações no espaço, são identificadas nas novas

construções, nas reformas de residências, lojas e todas as formas de edificações.

Na produção agropecuária se faz necessário transformar o meio, pois retira-se

toda cobertura vegetal original que é substituída por pastagens e lavouras.

Dessas derivam outros impactos como erosão, poluição e contaminação do solo

e dos mananciais.

Sobre este último é necessário frisar também não apenas os aspectos físicos que

são postos em cheque, mas também (e não menos importante), fatores de relevância

econômico social. Nos países pobres a modernização da agricultura deixou muitos

produtores à margem do processo, principalmente famílias que viviam da agricultura de

subsistência, ou agricultura familiar, em pequenas propriedades rurais. Estes, privados

de técnicas e métodos modernos, como irrigação, maquinários e insumos, perderam a

competitividade, o que levou ao abandono do campo, em um fenômeno conhecido

como êxodo rural, acabando por propiciar um grande aglomerado de cidadãos vindos do

campo nas grandes cidades. Com isso, grandes proprietários do agronegócio passam a

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possuir largas faixas de terras com uma produção maximizada e com foco principal para

o mercado externo, abastecendo de forma precária o mercado interno, criando assim um

paradoxo, pois como se tem um aumento técnico e espacial dessa produção agrícola,

mas por outro lado não há abastecimento interno proporcional?

Disponível em:

<http://blogdosonambulo.blogspot.com.br/2011/0

4/sera-que-destruir-floresta-no-brasil.html>

Acesso em: 14 de mar. 2014

No caso do Brasil, por exemplo, o novo

código florestal vem propondo uma série

de mudanças drásticas que podem levar a

uma nova configuração do território verde

brasileiro. Dentre estas mudanças há uma

série de jogos de interesses vindos de altos

escalões do governo que irão praticamente

legalizar extração de árvores e devastações

de vegetação para a criação de campos para

o agronegócio pecuário, por exemplo.

Diante dessas considerações constata-se que o espaço geográfico não é estático,

pois até mesmo a deterioração de um edifício ou monumento é considerado uma

alteração do espaço e automaticamente da paisagem, por isso as mudanças são

contínuas e dinâmicas.

Ao mesmo tempo que as constantes intervenções humanas no espaço causam

uma infinidade de benefícios e avanços em prol de uma melhor qualidade de vida, há

também uma degradação que recentemente tem se voltado contra o homem. Desse

modo, a natureza está devolvendo boa parte daquilo que as ações antrópicas causaram.

São vários os exemplos decorrentes das profundas alterações ocorridas principalmente

no último século no planeta, como o aquecimento global, efeito estufa e escassez de

água em alguns lugares.

Outro ponto polêmico que vêm causando intensos debates nos mais diversos

meios pelo planeta se refere aos organismos geneticamente modificados (OGMs).

Defendidos por uns pelo fato de aumentar a produtividade outros se opõem ao afirmar

que a inserção de um ou mais genes no código genético de um organismo causaria o

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aparecimento de superpragas, poluição genética (perda da biodiversidade) e resistência

antibiótica, além de tornar pequenos agricultores reféns de multinacionais que

produzem sementes ou herbicidas.

As décadas de exploração ocasionaram a extinção, somente no século XX pelo

menos 15% das espécies da fauna e da flora foram extintas. A partir das afirmativas,

fica evidente que o homem necessita da natureza para obter seu sustento, no entanto, o

que tem sido promovido é uma exploração irracional dos recursos. Se continuar nesse

ritmo, provavelmente as próximas gerações enfrentarão sérios problemas. Além disso, a

vida de todos os seres vivos na Terra ficará comprometida, inclusive do homem, caso o

problema não seja solucionado.

Disponível em <http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-

geografico.htm> Acesso 03 de out. 2013

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APRENDA FAZENDO...

QUESTÃO 35 – ENEM 2012:

Na charge faz-se referência a uma

modificação produtiva ocorrida na

agricultura. Uma contradição presente

no espaço rural brasileiro derivada

dessa modificação produtiva está

presente em:

a) Expansão de terras agricultáveis, com

manutenção de desigualdade sociais.

b) Modernização técnica do território, com

redução do nível de emprego formal.

c) Valorização de atividades de

subsistência, com redução da

produtividade da terra.

d) Desenvolvimento de núcleos

policultores, com ampliação da

concentração fundiária.

e) Melhora na quantidade dos produtos,

com retração na exportação de produtos

primários.

QUESTÃO 6 – ENEM 2011:

O Centro-Oeste apresentou-se

como extremamente receptivo aos

novos fenômenos da urbanização, já que

era praticamente virgem, não possuindo

infraestrutura de monta, nem outros

investimentos fixos vindos do passado.

Pôde assim, receber uma infraestrutura

nova, totalmente a serviço de uma

economia moderna.

SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São

Paulo: EDUSP, 2005 (Adaptado)

O texto trata da ocupação de uma

parcela do território brasileiro. O

processo econômico diretamente

associado a essa ocupação foi o avanço

da

a) Industrialização voltada para o setor de

base.

b) Economia da borracha no sul da

Amazônia.

c) Fronteira agropecuária que degradou

parte do Cerrado.

d) Exploração mineral na chapada dos

Guimarães;

e) Extrativismo na região pantaneira.

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SAIBA MAIS...

SITES

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/

Página que cobre a atuação de uma das maiores

organizações não governamentais do mundo.

Espalhado por 40 países e com conteúdo exclusivo

para os usuários brasileiros, o site expõe os métodos

revolucionários utilizados pelo grupo na luta contra a

destruição do meio ambiente.

http://www.akatu.org.br/

Site da organização não governamental e sem fins

lucrativos que propõe um consumo consciente.

LIVRO

Primavera Silencionsa (Silent Spring). Escrito por Rachel

Carson, publicado pela editora Houghton Mifflin, em 1962.

A obra escrita por Rachel Carson traz questionamentos

quanto aos problemas ambientais causados pelos pesticidas

nos Estados Unidos. Com a obra, Carson acabaria levando à

proibição do DDT no país.

FILMES Erin Brockovich: Uma mulher de talento (Erin

Brockovich ). Direção de Steven Soderbergh.

Estados Unidos: Universal Pictures., 2000.

(130min). Erin trabalha num pequeno escritório de

advocacia, e quando descobre que a água de uma

cidade no deserto está sendo contaminada e

espalhando doenças entre seus habitantes, convence

seu chefe a deixá-la investigar o assunto. A partir de

então, utilizando-se de todas as suas qualidades

naturais, desde a fala macia e convincente até seus

atributos físicos, consegue convencer os cidadãos da

cidade a cooperarem com ela, fazendo com que

tenha em mãos um processo de 333 milhões de

dólares.

(Adaptado de: <http://www.catho.com.br/carreira-

sucesso/dicas-emprego/filmes-que-inspiram-erin-brokovich-

uma-mulher-de-talento> Acesso em: 14 de mar. 2014)

O Conflito das Águas (Tambíen la Lluvia ).

Direção de Icíar Bollaín. Espanha: Morena

Films; Alebrije Cine y Video; Mandarin Cinema.,

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Page 79: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

79

2010. (104min). “Uma equipe de viagem espanhola,

de baixo orçamento, chega em Cochabamba,

Bolívia, para rodar um filme sobre a chegada de

Cristovão Colombo, e a relação dos conquistadores

espanhóis, que praticamente dizimaram a população

indígena que ali habitava, explorando-os

comercialmente, e matando os insubordinados. A

equipe escala atores e figurantes locais, mas o que

não esperavam é que a população enfrenta o

governo, por conta do uso da água, e isso atrapalha o

rendimento das filmagens, pondo em risco a vida de

todos após a eclosão de uma rebelião civil.’’

(Disponível em: <http://filmow.com/conflito-das-aguas-

t32135/> Acesso em: 14 de mar. 2014)

Ouro Azul: A Guerra Mundial da Água (Blue

Gold). Direção de Sam Bozzo. Japão: Purple

Turtle Films., 2008. (90min). “Documentários

sobre as atuais e futuras Guerras Mundiais por água.

Mostra como a água mundialmente está sendo mal

gerida, esgotada e poluída. A falta de água em

muitos países do mundo devido à manipulação e

corrupção por parte dos Governos, administrações

locais e, claro, as corporações multinacionais de

água. As constantes lutas entre o povo e os altos

poderes econômicos e governamentais. As Guerras e

revoluções diárias por uma fonte de vida de todos os

seres humanos e seres vivos deste planeta.’’

(Disponível em: <http://filmow.com/ouro-azul-guerra-mundial-

da-agua-t32734/> Acesso em: 14 de mar. 2014)

O Mundo Segundo a Monsanto (Le Monde Selon

Monsanto). Direção de Marie-Monique Robin.

Documentário. França: Image et Compagnie;

Arte France; Office National du Film du

Canada., 2008. (108min). “O documentário “O

Mundo Segundo a Monsanto’’ traça a história da

principal fabricante de organismos geneticamente

modificados (OGM), cujos grãos de soja, milho e

algodão se proliferam pelo mundo, apesar dos alertas

de ambientalistas.’’

(Disponível em: <http://filmow.com/o-mundo-segundo-a-

monsanto-t16425/> Acesso em: 14 de mar. 2014)

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RESPOSTAS COMENTADAS

QUESTÃO 35 - (ENEM 2012)

Nas últimas décadas, houve expressivo avanço do agronegócio no espaço rural

brasileiro visando o abastecimento dos mercados externo e a indústria. O crescimento

deu-se, inclusive, sobre novas terras agricultáveis e em decorrência da elevação da

produtividade relacionada ao uso da biotecnologia (incluindo a utilização crescente de

transgênicos), mecanização e insumos (agrotóxicos e fertilizantes). A modernização do

setor não eliminou problemas tradicionais do espaço agrário brasileiro como a

desigualdade social e a concentração fundiária.

Alternativa correta: Letra A

Disponível em: <http://ludmilageografia.blogspot.com.br/2013/06/questao-para-

exercitar.html> Acesso em: 14 de set. 2013

QUESTÃO 06 (ENEM 2011)

A expansão das fronteiras agrícolas brasileiras se deu em direção à Região

Centro-Oeste, que passou a contar com melhor acesso a partir da criação de Brasília,

incrementado pelo acesso rodoviário à região. Ao mesmo tempo em que destruía o

Cerrado (já dizimado em cerca de 50% de sua área original), a expansão da agricultura

se fazia com elevado grau de mecanização, bloqueando a possibilidade da utilização de

mão de obra. Assim, grande parte dos fluxos migratórios que se dirigiam para a região

acabou por concentrar-se nas cidades, intensificando a urbanização.

Alternativa correta: Letra C

Disponível em:

<http://www.cursoobjetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/enem/2011/enem2011_dia1.pdf>

Acesso em: 14 de set. 2013

REFERÊNCIAS

DAVY, John. A crise do meio ambiente. In: História do século XX. São Paulo, Abril

Cultural,1973.v. 6. P.2866-71

Disponível em:

<http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130920_mudanca_climatica_mdb.s

html> Acesso em: 24 de set. 2013

Page 81: Módulo 2013 enem com ajustes da editora

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Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/geografia/transformacao-no-espaco-

geografico.htm> Acesso em: 03 de nov. 2013

Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Missao-e-Valores-/>

Acesso em: 21 dez. 2013

Disponível: <http://www.paraiba.com.br/2013/09/24/31731-pausa-no-aquecimento-

global-gera-polemica-no-painel-do-clima> Acesso em: 16 de mar. 2014

Disponível em: <http://www.trajanosilva.com.br/2013/09/04/agricultura/> Acesso em

20 dez. 2013

Disponível em: <http://blogdosonambulo.blogspot.com.br/2011/04/sera-que-destruir-

floresta-no-brasil.html> Acesso em: 14 de mar. 2014

Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores/provas-e-

gabaritos> Acesso em: 22 de dez. 2013

Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/> Acesso em: 12 de mar. 2014.

Disponível em: < http://www.akatu.org.br/> Acesso em: 12 de mar. 2014.

Disponível em: <http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/dicas-emprego/filmes-que-

inspiram-erin-brokovich-uma-mulher-de-talento> Acesso em: 14 de mar. 2014.

Disponível em: <http://filmow.com/conflito-das-aguas-t32135/> Acesso em: 14 de mar.

2014.

Disponível em: <http://filmow.com/ouro-azul-guerra-mundial-da-agua-t32734/> Acesso

em: 14 de mar. 2014

Disponível em: <http://filmow.com/o-mundo-segundo-a-monsanto-t16425/> Acesso em

14 de mar. 2014