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FANOR-FACULDADES NORDESTE COMUNICAÇÃO SOCIAL/PUBLICIDADE E PROPAGANDA MARCIO DE OLIVEIRA VERAS AS REDES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO FACEBOOK. FORTALEZA 2013

Monografia AS REDES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO FACEBOOK

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Diante das rápidas e importantes transformações vivenciadas pela educação e comunicação na atualidade, faz-se necessário a elaboração de estudos específicos que possam analisar e compreender como se dão essas mudanças, e como elas podem afetar a sociedade de forma positiva e/ou negativa. Assim, o objetivo principal da referida obra monográfica é analisar como a Educomunicação é utilizada como ferramenta no processo de aprendizagem de estudantes que utilizam a rede social Facebook. Visa abordar como essa nova ferramenta pedagógica pode auxiliar os educandos da atual era digital. O estudo, em relação a sua metodologia, utilizou a pesquisa exploratória, sendo especificamente um estudo de caso, que abordou técnicas qualitativas. O objeto de análise foi uma comunidade virtual de aprendizagem, denominada: "Semiótica das Mídias", o qual foi criado na rede social Facebook, no intuito de ser um instrumento agregador de uma disciplina, de um curso superior na área de comunicação social em Fortaleza, Ceará. A partir dos resultados obtidos foi possível perceber como as comunidades virtuais podem ajudar no processo de construção do conhecimento, além de entender a autonomia dos estudantes diante da busca da informação através das novas mídias. Conclui-se que a Educomunicação, através de suas vertentes digitais, pode ser eficaz e colaborar para a aprendizagem, no entanto, por ser algo relativamente novo, requer estudos mais aprofundados sobre seus processos e particularidades.

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FANOR-FACULDADES NORDESTE

COMUNICAÇÃO SOCIAL/PUBLICIDADE E PROPAGANDA

MARCIO DE OLIVEIRA VERAS

AS REDES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO FACEBOOK.

FORTALEZA

2013

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FANOR-FACULDADES NORDESTE

COMUNICAÇÃO SOCIAL/PUBLICIDADE E PROPAGANDA

MARCIO DE OLIVEIRA VERAS

AS REDES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO FACEBOOK.

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social, das Faculdades Nordeste como requisito para obtenção do título de bacharel. Orientador: Prof. Doutor Daniel Barsi Lopes.

FORTALEZA

2013

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V584r Veras, Marcio de Oliveira.

As redes sociais como instrumento de ensino-aprendizagem através da educomunicação: análise a partir do facebook./ Marcio de Oliveira Veras. – Fortaleza, 2013.

110f. Monografia (Curso de Comunicação Social) –

Faculdades Nordeste - Fanor. Orientador: Prof. Dr. Daniel Barsi Lopes

1. Ensino-aprendizagem. 2. Redes sociais. 3. Educomunicação. I. Título.

CDD – 070

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MARCIO DE OLIVEIRA VERAS

AS REDES SOCIAIS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO: ANÁLISE A PARTIR DO FACEBOOK.

Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social, das Faculdades Nordestes como requisito para obtenção do título de bacharel, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores abaixo. Aprovado dia:___/___/_____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________

Prof. Doutor Daniel Barsi Lopes

Orientador - Faculdades Nordeste

________________________________

Profª. Especialista Lizie Sancho Nascimento Examinadora - Faculdades Nordeste

________________________________

Profª. Especialista Maria Aurileide Ferreira Alves Examinadora - Faculdades Nordeste

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A meu bom Deus pela sabedoria e saúde, a meus familiares e amigos pela confiança e compreensão...

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente quero agradecer a Deus, que é o principal motivo da minha

existência, e, por conseguinte, a principal razão por eu ter conseguido

desenvolver esta obra. Quero agradecer também a minha mãe Edina, que com

toda a sua compreensão e amor me ajudou a chegar até aqui. Minha avó

Francisca que é a minha segunda mãe, e muito especial para mim.

Meus irmãos Marcos e Edvar pelo apoio e verdadeira amizade fraterna.

À minha sobrinha Helena que me alegra com sua esperteza e inteligência. A

todos os meus familiares, que são vários e como não é possível citar todos, e

para evitar injustiças, agradeço pela força e apoio de forma igual a cada um. A

meu orientador Daniel Barsi pela dedicação e ajuda que foram de grande

importância para a elaboração deste trabalho. Às professoras Lizie Sancho e

Aurileide Alves pela participação na banca examinadora da apresentação desta

monografia, além de suas orientações que foram bastante úteis para o

enriquecimento do mesmo.

A todos os meus colegas de faculdade que estiveram sempre próximos

me ajudando e me divertindo com suas conversas e distrações. A meus

professores de todas as disciplinas, pois todas foram essenciais à minha

formação e por isso, agradeço igualmente a cada um pela dedicação e esforço

na transmissão do conhecimento.

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"A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro". Albert Einstein

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RESUMO

Diante das rápidas e importantes transformações vivenciadas pela educação e comunicação na atualidade, faz-se necessário a elaboração de estudos específicos que possam analisar e compreender como se dão essas mudanças, e como elas podem afetar a sociedade de forma positiva e/ou negativa. Assim, o objetivo principal da referida obra monográfica é analisar como a Educomunicação é utilizada como ferramenta no processo de aprendizagem de estudantes que utilizam a rede social Facebook. Visa abordar como essa nova ferramenta pedagógica pode auxiliar os educandos da atual era digital. O estudo, em relação a sua metodologia, utilizou a pesquisa exploratória, sendo especificamente um estudo de caso, que abordou técnicas qualitativas. O objeto de análise foi uma comunidade virtual de aprendizagem, denominada: "Semiótica das Mídias", o qual foi criado na rede social Facebook, no intuito de ser um instrumento agregador de uma disciplina, de um curso superior na área de comunicação social em Fortaleza, Ceará. A partir dos resultados obtidos foi possível perceber como as comunidades virtuais podem ajudar no processo de construção do conhecimento, além de entender a autonomia dos estudantes diante da busca da informação através das novas mídias. Conclui-se que a Educomunicação, através de suas vertentes digitais, pode ser eficaz e colaborar para a aprendizagem, no entanto, por ser algo relativamente novo, requer estudos mais aprofundados sobre seus processos e particularidades.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Redes Sociais. Educomunicação.

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ABSTRACT

Given the rapid and major changes experienced by education and communication today, it is necessary to draw up specific studies to analyze and understand how these changes occur and how they can affect society positively and/or negatively. Thus, the main objective of that monograph is to analyze how the Education/Communications is used as a implement in the process of learning of students who use the social network Facebook. Aims to address how this new teaching tool can help learners in the current digital era. The study, in relation to its methodology, has used the exploratory research, and specifically it is a case study that addressed qualitative techniques. The object of analysis was a virtual learning community, called: "Semiótica da Mídia" (Semiotics of the Media) , which was created on the social network Facebook in order to be an aggregator implement of a discipline by a university graduation in social communication from Fortaleza, Ceará. From the results we realize how virtual communities can help in the process of knowledge construction, as well as understand the students' autonomy on the pursuit of information through new media. We conclude that the Education/Communications through your digital aspects, can be effective and contribute to learning, however, for the fact it is relatively a new methodology, it requires further studies about its processes and peculiarities.

Key words: Teaching and Learning. Social Networks. Education/Communica-

tion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema representando o conceito de nós na rede..........................41

Figura 2- Esquema representando a estrutura de uma rede Centralizada........59

Figura 3- Esquema representando a estrutura de uma rede Distribuída...........59

Figura 4- Esquema representando uma Comunidade virtual emergente..........73

Figura 5- Esquema representando uma Comunidade virtual de associação....74

Figura 6- Esquema representando uma Comunidade virtual híbrida........,,,,,,,,75

Figura 7- Exemplo de página de perfil pessoal no Facebook............................80

Figura 8- Exemplo do recurso "status" no Facebook.........................................80

Gráfico 1-Esquema do Processo de comunicação tradicional..........................24

Gráfico 2- Esquema do Processo de comunicação bidirecional (Two-way)......24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Principais diferenças entre o ensino presencial e a distância............54

Tabela 2-Colocação das redes sociais mais acessadas no mundo..................76

Tabela 3- Porcentagem de acessos das dez redes sociais mais usadas no

Brasil..................................................................................................................77

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................12

2 BREVE PANORAMA SOBRE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO..................15

2.1 A COMUNICAÇÃO: PRINCIPAIS CONCEITOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A HUMANIDADE.....................................................................................15

2.2 PRINCIPAIS PROCESSOS COMUNICACIONAIS.....................................20

2.3 EDUCAÇÃO: DEFINIÇÕES E ASPECTOS SOCIAIS.................................26

2.4 INTERLIGAÇÕES ENTRE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO.....................33

3 TICS E REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS DE

EDUCOMUNICAÇÃO.....................................................................................37

3.1 EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ÁREA DE CONVERGÊNCIA EDUCACIONAL

E COMUNICATIVA............................................................................................37

3.2 AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM....................................................47

3.3 REDES SOCIAIS NA INTERNET: ESPAÇOS VIRTUAIS DE INTERAÇÃO E

APRENDIZAGEM..............................................................................................56

4 REDES SOCIAIS NA INTERNET: CLASSIFICAÇÕES E

EXEMPLOS.......................................................................................................68

4.1TIPOS DE REDES SOCIAIS NA INTERNET...............................................68

4.1.1 Redes sociais emergentes.....................................................................68

4.1.2 Redes sociais de filiação ou associativas............................................69

4.2 COMUNIDADES EM REDES SOCIAIS NA INTERNET..............................70

4.2.1 Comunidades emergentes.....................................................................73

4.2.2 Comunidades de associação ou filiação..............................................74

4.2.3 Comunidades híbridas...........................................................................75

4.3 EXEMPLOS DE REDES SOCIAIS..............................................................76

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4.3.1- Facebook..............................................................................................78

4.3.2-YouTube.................................................................................................81

4.3.3-Twitter.....................................................................................................82

4.3.4- Orkut......................................................................................................83

5 METODOLOGIA, OBJETO E ANÁLISE DOS DADOS...............................85

5.1 METODOLOGIA..........................................................................................85

5.2-OBJETO DE ESTUDO...............................................................................87

5.3-ANÁLISE DOS DADOS..............................................................................91

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................101

REFERÊNCIAS...............................................................................................104

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1 INTRODUÇÃO

A educação e a comunicação são duas áreas que vêm passando por

profundas transformações nos últimos anos, principalmente no que se refere às

suas práticas, conceitos e metodologias. Isso se deve em boa medida à

presença e centralidade das tecnologias de comunicação e informação, que

possibilitaram grandes avanços na velocidade em que ocorre a divulgação de

dados ao redor do planeta e que diminuíram as distâncias entre os povos,

realidade projetada por meio do conceito proposto pelo filósofo canadense

Marshall Macluhan (1967) de aldeia global.

Para este autor, com o advento tecnológico todos os seres humanos, de

certa forma, estariam interligados, o que não deixou de se tornar em parte uma

verdade, com a expansão vertiginosa das redes sociais no século XXI,

proporcionando que as conexões entre as pessoas contribuíssem para uma

mudança profunda no formato de comunicação.

A comunicação pode ser considerada como o ato elementar primordial

dos seres humanos, já que é impossível imaginar a vida humana sem a

mesma. A todo instante, quer sozinhos ou em grupos, as pessoas sempre

estão praticando a ação comunicativa, mesmo que involuntariamente. Nem as

barreiras físicas ou psíquicas impedem que as pessoas pratiquem o ato de se

comunicar, que é fundamental para que o indivíduo compreenda a si próprio, o

ambiente em que vive, e demonstre suas reações, desejos e necessidades

perante os outros.

Por conseguinte, para que o ser humano empreenda uma comunicação

mais avançada em termos de complexidade faz-se necessário que este receba

uma instrução, que em geral é ministrada inicialmente em seu próprio lar, pelos

seus parentes, e, posteriormente, é adquirida em instituições especificas

chamadas de escolas, pelos professores e outros profissionais da área

educacional.

Assim, temos o termo educação, que também pode ser considerada uma

forma de desenvolvimento da ação comunicativa, uma vez que só através da

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troca recíproca de conhecimento é que as pessoas serão capazes de

desenvolver uma linguagem que possibilitará uma comunicação mais eficiente

e clara entre os envolvidos. Dessa forma, vê se que a comunicação e a

educação não podem caminhar separadas, visto que ambas são

complementares e inseparáveis, objetos essenciais à complexa máquina

humana.

Pretende-se, portanto, com a referida monografia investigar essa

intricada relação, analisando, assim, o neologismo criado a partir da junção de

práticas pedagógicas com ferramentas da comunicação, denominado de

Educomunicação. Para isso o tema da pesquisa está relacionado às

possibilidades de se construir processos de ensino-aprendizado através das

redes sociais, buscando compreender o potencial destes como instrumentos de

Educomunicação. Toma-se, neste intuito, como objeto de análise o Facebook,

mais especificamente um grupo virtual criado nessa rede social.

O objetivo geral que norteou a presente obra foi: analisar como a

Educomunicação é utilizada como ferramenta no processo de aprendizagem de

estudantes que utilizam a rede social Facebook. Os objetivos específicos são

os seguintes:

-Compreender as comunidades virtuais de aprendizagem como um ambiente

agregador na construção do conhecimento;

-Perceber a relação de autonomia do educando perante as novas mídias

inseridas no processo de ensino-aprendizagem.

Esta monografia está dividida em seis capítulos, os quais seguem a

ordem cronológica do desenvolvimento da pesquisa. No primeiro capítulo é a

referida introdução mostrando uma breve visão geral sobre a obra monográfica.

No segundo capítulo são abordados os principais conceitos sobre educação e

comunicação, focando nos aspectos históricos, sociais, antropológicos e

classificatórios das respectivas áreas.

O terceiro capítulo aborda a questão das tecnologias de informação e

comunicação e as redes sociais como ferramentas educomunicativas. Para

isso é mostrada a origem do termo "Educomunicação" e seus aspectos

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elementares. Além disso, discorremos sobre as TIC´s (tecnologias da

informação e comunicação) e seu uso no processo de ensino aprendizagem,

bem como as redes sociais.

O quarto capítulo versa sobre o tema das redes sociais de maneira mais

aprofundada, mostrando as suas principais classificações, o significado do

termo de acordo com alguns teóricos, além de apresentar um panorama geral

de quatro importantes redes sociais, com a finalidade de se compreender o

funcionamento das mesmas. São apresentadas, também, as comunidades

virtuais e suas principais características.

O quinto e penúltimo capítulo apresenta alguns tópicos importantes da

pesquisa, tais como a metodologia utilizada, com o detalhamento dos

processos utilizados e classificações em relação ao tipo de pesquisa e seus

objetivos propostos. É abordado também neste capítulo o objeto de estudo,

com todas as suas especificidades mais importantes, e o motivo que levou o

pesquisador a escolhê-lo. Por fim, é realizada a análise dos dados colhidos.

Este processo se dá por meio da escrita da observação dos principais fatos

ocorridos no ambiente virtual analisado, e os resultados alcançados.

Por fim, nas considerações finais será explicitada uma reflexão sobre os

resultados obtidos e apontamentos para estudos futuros sobre o tema.

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2 BREVE PANORAMA SOBRE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO

Nesse capítulo será apresentado um panorama geral abordando as

características principais da comunicação e da educação, assim como seus

aspectos históricos e sociais, bem como a importância de ambas para o

desenvolvimento humano. Também será discutida a interface entre essas duas

vertentes, a fim de compreender como essas duas áreas se inter-relacionam.

2.1 A COMUNICAÇÃO: PRINCIPAIS CONCEITOS E SUA IMPORTÂNCIA

PARA A HUMANIDADE

A palavra comunicação provém do latim “comunicare”, que possui como

significado "pôr em comum". Este expõe uma abundância de sentidos, produto

da sua natureza complexa e multidisciplinar. Além disso, o verbete pode ser

definido através de Matos(2009) como a habilidade de "transferir significados

entre os seus componentes”, o que abrange passagem e apreensão do sentido

da mensagem. Deste modo, comunicação é a ação em que se compartilha um

mesmo objeto de consciência; demonstra a afinidade entre consciências.

Ainda em relação a sua definição Matos, (2009, p.27) afirma que

comunicação significa "compartilhar‟, "dividir‟, "integrar‟, "interagir através de

ideias e opiniões‟, "conferenciar”, uma vez que são ações desempenhadas por

nós a todo o momento, quer no convívio profissional, quer com os amigos, com

os familiares, em um ambiente de entretenimento, pela internet, pelo telefone,

por carta etc. Contudo, acompanhando esse conceito: o que podemos tornar

comum através do sentido de uma determinada mensagem, conforme Vilalba

(2006) é o sentido:

Sentido é uma resposta mental a um estímulo percebido pelo corpo e que, na mente, torna-se informação. Por sua vez, essa informação, aplicada de maneira eficaz, transforma-se em conhecimento. Tudo isso acontece por meio do processo de comunicação, em que o sentido é formado, apresentado e negociado (VILALBA, 2006, p.06).

Percebe-se, por meio da citação acima, que toda comunicação possui

um sentido especifico, ou seja, ela não é produzida de modo aleatório, mas

possui uma finalidade pré-delineada para que possa ser produzida e existir.

Deste modo, a comunicação passa a ser transformada em conhecimento pelo

indivíduo que a recebe e que a processa através da decodificação, movimento

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este afetado pelo repertório do sujeito social. Pode-se dizer, então, que a

informação é a decodificação do sentido, pois a mente humana compreende

que os estímulos exteriores sempre possuirão algum significado particular.

A comunicação apresenta-se a cada dia mais indispensável às relações

da sociedade e ao ambiente de qualquer tipo de instituição. Modernas

tecnologias proporcionam uma maior abrangência das informações,

ultrapassando os limites do tempo, espaço e até mesmo de valores culturais.

Os processos comunicacionais sempre exibiram uma evolução paralela

àquela contituída pelo homem ao longo dos séculos, nos mais diversos

ambientes ocupados pelo mesmo, de acordo com o contexto histórico. Assim,

em épocas anteriores à Revolução Industrial, quando não havia o predomínio

tecnológico que existe atualmente, em geral, ocorria sempre a comunicação de

um para muitos, onde uma única mensagem era produzida para ser absorvida

por diversas pessoas. Não havia um retorno por parte dos receptores da

mensagem, que simplesmente processavam-na, e não emitiam opinião própria

sobre o conteúdo recebido.

Braga e Calazans (2001) afirmam que a comunicação é “conatural” ao

ser humano. Sem comunicação não há sociedade, comunidade.

Para agir em comum os seres humanos interagem. Desde que se pode identificar a existência de grupos humanos, na pré-história mais remota, existe "comunicação social". Em contraste com este truísmo, entretanto, é interessante perceber que esta questão - de como os homens se comunicam - só se coloca na sua forma atual a partir do início do século XX (BRAGA; CALAZANS, 2001, p. 14).

Não há como desvincular a maneira que o ser humano vive das ações

que o homem desenvolveu para comunicar-se. Atualmente, de modo mais ágil

e tecnológica do que em outros períodos, as invenções humanas continuam a

melhorar as maneiras de se comunicar, e os diferentes estilos de comunicação

contribuem para isso.

Os estilos de comunicação são múltiplos, dos quais convém destacar a

expressão dos olhos, meneio facial, trejeitos corporais, mímica manual

(gesticulação), contato físico, sons produzidos apenas pela garganta,

expressões faladas (discurso), termos escritos (texto, literatura), grafismo em

relevo, desenhos ou ilustrações (artes plásticas), pintura, esculturas, produção

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de ruídos, de sons instrumentais, reflexões e emissões de luz.

A comunicação parece fazer parte naturalmente da maneira de ser dos

homens e dos animais. Geralmente pode ultrapassar a característica humana,

conhecida como racionalidade, e simplesmente manifestar-se, por anseio ou

precisão. E, mesmo que, instantaneamente desprovido da razão, o ser humano

pode aproveitar-se da comunicação como instinto em diferentes ocasiões

(PEREZ, BAIRON, 2002).

A interligação entre comunicação e ação é abordada por Rüdiger (1998),

que afirma que a comunicação aparece no momento em que a necessidade do

indivíduo agir em conjunto contitui o estabelecimento de relações entre seres

humanos e meio ambiente, e entre os próprios homens. Como produto dessas

relações deve manifestar-se, por conseguinte, a cooperação.

Aranha (1996) comenta que para existir comunicação entre o indivíduo e

a natureza, o homem com outros homens e com ele mesmo é indispensável o

emprego de símbolos (signos). De acordo com a autora, os seres humanos

instituem distintas maneiras de comunicação através das necessidades de um

grupo, em uma ocasião e local particular. Ela pontua que

[...] ao criar um sistema de representações aceitas por todo o grupo social (ou seja, a linguagem simbólica) os homens se comunicam de forma cada vez mais elaborada. Neste sentido pode-se dizer que a cultura é o conjunto de símbolos elaborados por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a infinita possibilidade de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas (ARANHA, 1996, p. 15).

Com a referida citação a autora sugere que a existência da cultura

humana, em suas mais diferentes vertentes, como a música, o teatro, a

arquitetura, as artes plásticas, a literatura, dentre outras, é fruto das

representações simbólicas criadas principalmente através da linguagem

humana, e que esta possibilitou um grande desenvolvimento das diversas

sociedades humanas com suas respectivas singularidades.

A comunicação é essencial para se imprimir emoções, os julgamentos e

a visão de mundo de cada um, objetivando a partilha de estilos de vida e

condutas instituídos por preceitos de costume social. A linguagem da

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comunicação é ferramenta indispensável à interação humana, é ela que irá

estabelecer o ser humano em certo ambiente social e mercadológico.

Qualquer mensagem, quer escrita ou verbalizada, é conduzida a um

destinatário, em exato período, e manifesta-se distinguida pela personalidade

do caráter de quem emite tal mensagem. Portanto, a eficácia da comunicação

é diferenciada pela demonstração pessoal estabelecida entre as regras

linguísticas estabelecidas e as marcas da mensagem pessoal. Isso se

sobrepõe tanto à expressão escrita quanto à oral.

De maneira geral, a oralidade é mais instintiva que a escrita e possui a

faculdade da comunicação contígua, enriquecido pela pronúncia, pela prosódia,

pela dicção, pela harmonia, pela entonação, timbre e tom da voz, pela

acentuação e pela expressão corporal. A configuração de como se processa a

ação comunicacional por meio da expressão falada geralmente motiva o

sucesso ou a derrota de um profissional, na medida em que o uso dos

vocábulos na manifestação dos conceitos, completado pelo tom de voz, pela

expressão física e pelo jeito de se vestir, permanece registrado como sua

marca no grupo social em que convive.

Os indivíduos apresentam uma composição intelectual e psicológica que

lhes admite aprender idiomas distintos (em determinadas pessoas que

passaram por lesões cerebrais ou sofreram retardo intelectual grave essa

aptidão é bloqueada ou não pôde ser desenvolvida). Os hominídeos mais

elevados parecem ser o único grupo de espécies que possuem a capacidade

de desenvolver uma linguagem com rigorosa constituição sintática. Apesar de

que o código de sinais ensinado a outros primatas, como o chimpanzé,

mostram um conhecimento dos fundamentos semânticos básicos da língua. E,

embora seja provável que determinadas espécies de hominídeos diferentes do

Homo sapiens tenham desenvolvido uma linguagem com a sintaxe, não há

nenhuma evidência para comprovar isso.

Laignier e Fortes (2009) afirmam que provavelmente o homem moderno

começou a se alastrar pelo globo terrestre a partir da África Oriental (Homo

sapiens), sendo o núcleo de surgimento humano localizado na Etiópia. O

surgimento da escrita nas primeiras comunidades de Homo sapiens foi

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indispensável para provocar uma mudança profunda na sociedade humana,

como a passagem da comunidade de caçador-coletores nômades para uma

sociedade agrícola e pecuária que passou a se fixar em um determinado

local. Bordenave (1997) afirma o seguinte sobre a origem da comunicação

humana;

A comunicação humana tem um começo bastante nebuloso. Realmente não sabemos como foi que os homens primitivos começaram a comunicar entre si, se por gritos ou por grunhidos, como fazem os animais, ou se por gestos, ou ainda por combinações de gritos, grunhidos ou gestos (BORDENAVE, 1997, p.23).

Com a citação, o teórico afirma que devido ao pouco conhecimento que

se possui em relação aos homens primitivos que ainda habitavam em cavernas

há centenas de milhares de anos, não se tem como afirmar como se dava a

comunicação entre eles, uma vez que a comunicação sempre foi algo

complexo, principalmente na espécie humana. Porém, sabe-se que as

manifestações artísticas rupestres encontradas nas cavernas dão indício de

que já havia essa necessidade de comunicação.

Um importante avanço na comunicação humana foi o aparecimento da

escrita, que está atrelado ao advento da divisão social em hierarquias

distintas. É por este motivo que os primeiros escritos surgiram nas têmporas,

em que a classe sacerdotal foi localizada. Os eclesiásticos eram incumbidos

da contabilidade e direção fiscal, empregando tábuas de argila, onde o

algarismo apresentou mais importância do que a grafia.

Estas tábuas concebem a origem da escrita cuneiforme1 e os mais

antigos foram encontrados no templo de Uruk, na antiga Mesopotâmia. Sem a

escrita os sacerdotes não teriam sido capazes de constituir sua categoria

elevada e a sua função de coordenação da população. Com este tipo de escrita

as camadas sociais são formalizadas através de seu papel perante a

sociedade.

1 A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios, sendo a designação geral dada a

certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. Inicialmente a escrita representava formas do mundo (pictogramas), mas por praticidade as formas foram se tornando mais simples e abstratas.

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De acordo com Laignier e Fortes (2009), antes que a escrita fosse

generalizada, no último período do paleolítico, o homem já utilizava formas de

comunicação pictográfica, que teve sua origem no gesto, na oralidade e na

mímica, e não na palavra.

No momento em que a revolução urbana estabeleceu as primitivas

cidades surgiu também a escrita linear e cuneiforme, ao longo da margem

oriental da costa do Mediterrâneo. Cerca de 3.500 anos atrás, em uma aldeia

na região da Síria, os fenícios, mercadores diferenciados por serem grandes

navegadores, desenvolveram uma nova maneira mais simplificada de escrever,

com vinte sinais de caráter ideográfico e alfabético, ou seja, que representavam

os sons graficamente e inicialmente simbolizavam apenas as consoantes,

levando ao alfabeto semita constituído na região do Oriente Médio. Quinhentos

anos depois, o alfabeto passou por uma separação em quatro subalfabetos: o

sul-semita, o cananeu, o aramaico e o grego arcaico.

Conforme Laignier e Fortes (2009), os gregos desenvolveram as cinco

vogais modernas para adaptar o novo alfabeto para o idioma deles, dando

início ao primeiro alfabeto escrito da esquerda para a direita. Com o advento do

Império Romano, este se propagou para o Mediterrâneo e foi adotado

pelos romanos, tornando-se o latim, ancestral das línguas românicas como

português, espanhol, francês, italiano, dentre outras.

O funcionamento das sociedades humanas contemporâneas só é

possível através da comunicação. Esta, como foi abordada anteriormente, é a

troca de mensagens entre indivíduos. Vejamos no tópico a seguir como se dá o

processo comunicativo em suas vertentes principais.

2.2 PRINCIPAIS PROCESSOS COMUNICACIONAIS

É importante ressaltar que haverá sempre uma finalidade específica para

existir qualquer tipo de comunicação, uma vez que ela será desenvolvida para

atender a uma determinada necessidade humana quer individual ou social.

Essa intenção foi descrita por Juan Bordenave (1994) a seguir:

Na comunicação há sempre uma intenção básica: como fonte codificadora, certamente o emissor espera que o receptor selecione sua mensagem, a compreenda, a aceite e, finalmente, a aplique. Por

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sua vez, o receptor ao decodificar a mensagem também tem uma intenção básica. Ele deseja selecionar o que é importante para ele. Dessa forma, vai direcionar a sua compreensão e avaliação, para depois decidir se aceita ou não o conteúdo transmitido, e aplicar o que achar válido na mensagem (BORDENAVE, 1994, p.20).

Verifica-se, portanto, com a citação acima que cada elemento presente

em qualquer ação comunicativa possui suas intenções específicas. Deste

modo, cada um dos componentes envolvidos selecionará aquilo que

considerará mais importante na decodificação da mensagem. Assim, são três

os elementos indispensáveis ao processo comunicacional, descrito por

Heldman (2006, p. 321): “toda comunicação possui três componentes: o

emissor, a mensagem e o receptor”. Matos (2009) oferece uma breve descrição

sobre cada um desses elementos:

Emissor

Conforme Matos (2009, p. 5), o emissor, no processo de comunicação, é

“um dos protagonistas do ato da comunicação, aquele que, num dado

momento, emite uma mensagem para um receptor ou destinatário”.

Intui-se com a referida citação que o elemento emissor possui uma

função imprescindível na ação comunicativa, já que o mesmo será responsável

por originar a mensagem e assim produzir para os receptores uma informação

que possa ser compreendida de forma clara e objetiva.

Mensagem

De acordo com Matos (2009), a mensagem, no processo de

comunicação, é assim descrita:

(...) comunicação, notícia ou recado verbal ou escrito. Estrutura organizada de sinais que serve de suporte à comunicação. A mensagem é o objeto da comunicação, é um produto físico real do codificador / fonte (BERLO, 1999, apud MATOS, 2009, p. 5).

Percebe-se, então, o quanto a mensagem possui uma definição

complexa e o quanto ela está presente em todas as situações da vida humana

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e da sociedade em geral. A mensagem pode ser considerada a matéria-prima

de toda ação comunicacional, visto que ela só existirá através da mesma. O

autor afirma também, que existem inúmeros tipos de mensagem, e que devido

a sua subjetividade é possível produzi-la mesmo a partir do silêncio, apenas

com a expressão facial ou corporal.

Quando conversamos, o discurso é a mensagem; quando sorrimos, a alteração característica da face é a mensagem; quando somos surpreendidos subitamente, o silêncio e imobilidade momentânea são a mensagem (D`AZEVEDO,1978, apud MATOS, 2009, p. 5).

Toda mensagem requer um emissor para que possa ser produzida e

existir, daí ela ser originada a partir de uma determinada fonte, que no

processo comunicacional, de acordo com Matos (2009, p.5), é definida como

“nascente de mensagens e iniciadora do ciclo da comunicação. Sistema

(pessoa, máquina, organização, instituição) de onde provém a mensagem, no

processo comunicacional”.

Receptor

Com base em Matos (2009), o receptor, no processo de comunicação, é:

(...) um dos protagonistas do ato da comunicação; aquele a quem se dirige a mensagem, aquele que recebe a informação e a decodifica, isto é, transforma os impulsos físicos (sinais) em mensagem recuperada (MATOS, 2009, p.05).

O receptor, consequentemente, possui sua função desenvolvida no

momento em que o mesmo é capaz de decodificar eficazmente a mensagem a

ele transmitida que pode ser feita de infinitas formas desde estímulos físicos

simples, como um abraço ou aperto de mão, até os estímulos visuais dos mais

complexos como a leitura de um texto em um idioma ideográfico como o

mandarim.

Os elementos supracitados, como dito anteriormente, são os

indispensáveis na ação comunicativa, porém existem outros que também

auxiliam nesse processo, mas que existem a partir dos três componentes

principais, que segundo Bordenave (1997) são; o código, o contexto, a

linguagem, o ruído, o repertório, etc.

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Sob um ponto de vista técnico o processo de comunicação pode ser

definido como a transmissão de uma determinada mensagem originada em um

ponto A que se desenvolve até chegar a outro ponto B, distante do anterior

pelo espaço e pelo tempo.

Sobre os processos comunicacionais, o modelo transacional de

comunicação é tido como o mais atual, focando o estilo de comunicação “two-

way”. Esse termo anglófono pode ser traduzido livremente por comunicação

bidirecional que segundo Terra (2009, p.2) é a "comunicação que permite a

oportunidade de resposta e interação entre os emissores e receptores de uma

mensagem". Portanto, é um formato comunicativo que permite total interação

entre os elementos envolvidos no processo. Percebe-se, então, que essa é

uma das características principais da comunicação ocorrida no ambiente

digital.

Ainda sobre os processos simultâneos de trocas de informações mútuas

Weinburg e Wilmot (apud ANDREWS, HERSHEL, 1996) discorrem que na

perspectiva bidirecional ou transacional cada indivíduo está comprometido em

enviar e receber mensagens de modo simultâneo, compartilhando do processo

de codificação, decodificação e alcançando o outro.

Axley (1984) faz uma comparação entre o modelo transacional com o

modelo tradicional, que possui uma perspectiva linear da comunicação. O autor

ressalta que, neste último, o significado de uma mensagem é atribuído ao

emissor, e o desafio consiste em usar com sucesso um canal e, então,

transmitir a mensagem de modo claro para um receptor ou grupo. Já o modelo

transacional está ajustado ao receptor e, principalmente, para a constituição de

um significado da mensagem em sua percepção.

Os teóricos Barker e Sinkula (1999) defendem que este processo de

interligações de mensagens e constituição de significados, nas quais as

diversas partes relacionadas fazem parte do processo como emissor e receptor

em situações divergentes, não havendo uma mera troca de informações entre

os campos envolvidos, é a ideal para ser desenvolvida no ambiente social.

Conforme os autores, apenas desta maneira a propagação do saber e

enriquecimento dos vínculos poderá acarretar o aprendizado do sujeito, algo

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EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR

indispensável às rápidas e contínuas mudanças da sociedade e em prol da

inovação.

Santaella (2001) exibe os elementos principais da comunicação humana

conceituados por DeVito, dentre os quais podemos destacar que: na

comunicação vista como processo transacional cada sujeito é, igualmente,

emissor e receptor, manda e recebe mensagens; a comunicação é um

processo inevitável, afinal mesmo quando não queremos acabamos nos

comunicando uns com os outros, durante todo momento estamos emitindo

mensagens.

Gráfico 1-Esquema do Processo de comunicação tradicional

CÓDIGO

LINGUAGEM

CONTEXTO REPERTÓRIO

RUÍDO

Fonte:Santaella (2001)

Gráfico 2- Esquema do Processo de comunicação bidirecional (Two-way)

MENSAGEM

MENSAGEM

FOCO

Fonte:Santaella (2001)

EMISSOR

RECEPTOR EMISSOR

RECEPTOR

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A autora Santaella (2001) conceituou da seguinte forma o processo de

transformação do comportamento do indivíduo durante o processo

comunicativo:

Uma ação torna-se uma mensagem quando é percebida tanto pelo próprio ser quanto por outras pessoas. Em outras palavras: os sinais de trânsito se tornam mensagens quando há um receptor que, no lugar de destino, pode avaliar o significado destes sinais. Tal definição inclui a comunicação entre seres humanos e animais, assim como entre os próprios animais. De fato, todos os organismos biológicos, incluindo as plantas, recebem, avaliam e enviam mensagens. Resumindo: a comunicação é um princípio de organização da natureza (SANTAELLA, 2001,p.19).

Infere-se através da citação que a comunicação faz parte dos mais

variados processos e fenômenos da natureza, uma vez que mesmo os seres

biológicos que não possuem nenhum tipo de raciocínio são dotados da

capacidade de processar uma determinada mensagem nas mais variadas

vertentes, tanto entre si como entre os outros.

As divergências entre ambos os modelos tradicional e transacional se

encontram justamente no fato de que este último dá uma maior liberdade aos

sujeitos participantes do processo, visto que o mesmo pode atuar como

emissor, receptor e até canal. Além disso, não há mais um conformismo por

parte do receptor em apenas receber a mensagem e guardá-la para si, este

agora passa a retransmitir uma nova mensagem redecodificada para o

componente de origem.

Sobre as diferentes fases do processo comunicativo, Bordenave (1994)

afirma o seguinte:

É teórica e praticamente impossível dizer onde começa e onde termina o processo da comunicação. Razões internas ou externas podem levar duas pessoas a se comunicarem. Embora a fase visível da comunicação possa ser iniciada por uma delas, sua decisão de comunicar pode ter sido provocada pela outra, ou por uma terceira pessoa, presente ou ausente, ou por muitas causas coincidentes (BORDENAVE, 1994, p.41).

O autor afirma que, devido a sua grande complexidade, a comunicação

não possui fases definidas sistematicamente e, por conseguinte, estas podem

ocorrer independentemente da vontade do próprio indivíduo e ser influenciado

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por inúmeros fatores. Ainda segundo Bordenave (1994) as fases podem

ocorrer em qualquer ordem ou ao mesmo tempo, sobrevindo em alguns

momentos conflitos, uma com as outras.

Enfim, no estudo da comunicação, torna-se indispensável conhecer

como se dá os processos comunicacionais, a fim de entender como os

elementos interagem entre si, e a importância e o papel de cada um nessa

ação comunicativa. O tópico seguinte irá abordar a educação, que é

intrinsecamente ligada à comunicação, e, por conseguinte, necessita de

processos comunicacionais para que se desenvolva.

2.3 EDUCAÇÃO: DEFINIÇÕES E ASPECTOS SOCIAIS

O termo educação provém do vocábulo latino "educer", que

significa 'tomar, extrair' ou "educare" que diz respeito a 'formar, instruir'. O

vocábulo pode ser definido, segundo o dicionário Aurélio, como: despertar as

aptidões naturais do indivíduo e orientá-las segundo os padrões e ideais de

determinada sociedade, aprimorando-lhe as faculdades intelectuais, físicas e

morais.

Na intenção de compreender o que é educar em nossos tempos,

constantemente tropeçamos em definições agregadas a perspectivas sociais. A

apreensão que evidenciamos em entender o que se constitui educar

atualmente também é uma contenda acentuada para as preleções e políticas

sociais, pois compete a ela ser uma ferramenta de democratização, de

inserção e em benefício do exercício da cidadania. Gohn (2001) assim define o

ambiente escolar em relação ao seu papel social:

À escola assim como à cidade é atribuído o espaço para o exercício da democracia, de conquista de direitos, da mesma forma que a fábrica foi o espaço de luta e conquista dos direitos sociais dos trabalhadores. Mas o modelo atual é totalmente diferente do implantado no século passado, pois está centrado nos indivíduos como atores sociais, e não apenas como trabalhadores/produtores ou consumidores de bens e mercadorias. Trabalhamos, portanto, com uma perspectiva que aborda a Educação como promotora de mecanismos de inclusão social, que promove o acesso aos direitos de cidadania. Trata-se de uma concepção ampliada, que alarga os domínios da Educação para além dos muros escolares e que resgata alguns ideais já esquecidos pela humanidade, como, por exemplo, o de civilidade (GOHN, 2001, p.14).

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Assim, as perspectivas sociais contemporâneas fazem com que

entendamos o significado de educar dentro de um ponto de vista inclusivo e

decodificador de nossa realidade. Ainda em relação à educação sob uma

perspectiva sociocultural, o autor aborda o seguinte:

O saber interpretativo, nas ciências humanas, refere-se às condutas

intencionais, decifrando as linguagens sociais existentes, passando

pelas mídias. É preciso ver televisão não apenas como um “mal”, mas

utilizá-la como veículo de debate, polemizar sobre seu conteúdo, e

discutir sobre as diversas culturas que os filmes e programas

apresentam,desenvolvendo conhecimentos sobre o outro, seu

passado, seus costumes e tradições. É preciso agregar ao ensino

formal, ministrado nas escolas, conteúdos da educação não-formal,

como os conhecimentos relativos às motivações, à situação social, à

origem cultural dos alunos, etc. (GOHN, 2001, p.16).

O autor faz uma reflexão interessante sobre a relação existente entre a

educação contemporânea e os veículos midiáticos, ressaltando a importância

que os mesmos possuem para a formação cultural dos indivíduos. Essa

constituição passa pela educação informal e leva o indivíduo à reflexão de

temas polêmicos trazidos pelos mais diversos suportes como a televisão e o

cinema, por exemplo, mas que de algum modo irão contribuir para formação

crítica do cidadão e, portanto ajudará no ensino formal.

Esta perspectiva, sobre o que é educar em nossos dias, faz com que o

discurso da educação não alcance uma eficácia maior perante a nova

conjuntura criada pelas novas tecnologias da comunicação e do conhecimento.

Aranha (2006) percebe que a educação é fundamental e indispensável

para a socialização (ou seja, partilha) e humanização:

É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condições para a sua sobrevivência material e espiritual. A educação é, portanto, fundamental para a socialização e a humanização, com vistas à autonomia e à emancipação. Trata-se de um processo que dura a vida toda e não se restringe à mera continuidade da tradição, pois supõe a possibilidade de rupturas, pelas quais a cultura se renova e o ser humano faz a história (ARANHA, 2006, p.67).

Brandão (2001) afirma que há três tipos de educação: a formal, a não

formal e a informal. A educação formal faz referência aos âmbitos das escolas,

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institutos, universidades, creches, etc. A educação não formal faz referência

aos cursos, academias e instituições que não são regidas por um currículo de

estudos específicos.

A educação informal é aquela que fundamentalmente se adquire nos

âmbitos sociais, pois é a educação que se recebe progressivamente ao longo

de toda a vida. Os meios de comunicação, assim como o ambiente familiar,

também contribuem para o desenvolvimento da educação informal do

indivíduo. Isso se dá a partir do momento em que este passa a receber e

analisar o conteúdo midiático com uma visão crítica e contestadora. Nesse

contexto também podemos categorizar a educação em duas grandes vertentes:

a tradicional ou clássica e a nova e construtivista.

Aprofundada na sociedade de hierarquias escravocrata da Idade Antiga,

designada a uma acanhada minoria, a instrução clássica principiou sua

decadência já no movimento renascentista, ela resiste, entretanto, até hoje,

embora tenha ocorrido uma expansão média da escolaridade originada pela

educação burguesa. Sobre a hierarquização da educação e seu uso como

instrumento de subjugação, Brandão (2001) aborda o seguinte:

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos (BRANDÃO, 2001, p.31).

Assim o autor afirma que a educação, mesmo sendo uma ferramenta tão

indispensável ao desenvolvimento da humanidade, pode muitas vezes ser

utilizada como forma de imposição e manutenção de um sistema hierárquico

desigual, que favorecem apenas as minorias que tem acesso a ela em melhor

qualidade. Tal situação foi bastante intensa em outras épocas antigas e ainda

hoje se mostra latente em diversas sociedades, como a brasileira.

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A educação nova, que aparece de maneira mais intensa a partir da obra

de Rousseau2, desenvolveu-se nesses últimos dois séculos e ocasionou

inúmeras conquistas, especialmente na área das ciências da educação e dos

processos de ensino-aprendizagem. O conceito de "aprender fazendo3" de

John Dewey e as metodologias Freinet4, por exemplo, são conquistas

determinantes na história da pedagogia. Tanto a percepção tradicional de

educação como a nova, largamente concretizadas, possuirão um espaço

garantido na educação do futuro.

A educação tradicional e a nova apresentam em comum a percepção da

educação como ação de desenvolvimento particular. Contudo, a descrição

mais inédita da educação desse século é a condução de ponto de vista do

individual para o social, para o político e para o ideológico.

A pedagogia institucional é um modelo disso. A prova de mais de meio

século de educação nos países socialistas também o dá credibilidade. A

educação, no século XX, tornou-se mais acessível, no entanto, inúmeras

crianças, jovens e adultos continuam sem esse direito básico. Sardagna (2001)

discorre o seguinte sobre o direito universal da educação:

As políticas educacionais cada vez mais apontam para a necessidade de ofertar educação para todos. Observa-se diariamente o surgimento de novas possibilidades que se configuram em diferentes modos para que ninguém fique de fora. Intensificam-se as formas de ingresso, flexibilizam-se organizações curriculares, criam-se novas possibilidades de educação à distância, implementam-se propostas para todas as idades, entre outras opções. Ou seja, o aluno tem múltiplas escolhas. É fato que há ainda muitas disparidades entre regiões e nações, entre o Norte e o Sul, entre países subdesenvolvidos e hegemônicos, entre países globalizadores e globalizados. Todavia, há conceitos globalmente difundidos, entre elas a de que não há faixa etária definida para se educar, de que a educação se alarga pela vida e que ela não é indiferente (SARDAGNA, 2001, p.02).

2 Rousseau sistematizou toda uma nova concepção de educação, depois chamada de escola

nova e que reúne vários pedagogos dos séculos 19 e 20. Para Rousseau, a criança devia ser

educada, sobretudo, em liberdade e viver cada fase da infância na plenitude de seus sentidos 3 É um conceito que afirma que a educação assim como qualquer conhecimento precisa ser

construído pela criança, e isso deveria ocorrer associando a teoria à prática. 4 A metodologia Freinet situa-se muito além de suas técnicas, estimula a busca dos

professores por novos caminhos, num trabalho cooperativo que promove uma nova interação entre professor e aluno.

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A educação como um direito de todos é um conceito bastante difundido

na sociedade, uma vez que ela é a base da formação dos indivíduos como

cidadãos conscientes de seus direitos e constituidores do desenvolvimento e

progresso humano por meio das ciências. A autora afirma que as

possibilidades de acesso à educação se ampliaram consideravelmente,

principalmente com o surgimento das novas tecnologias que possibilitaram o

ensino à distância, dando novas possibilidades de aprendizado ao aluno e o

implemento de novas práticas pedagógicas ao educador. Porém, Kenski (2007)

explana que ainda há uma grande parcela da sociedade que ainda não possui

acesso aos suportes tecnológicos, e desse modo estão excluídas deste

processo.

Ainda em relação ao acesso universal à educação, Tomasevski (2004)

pondera o seguinte:

[...] o direito à educação invalida a dicotomia dos direitos humanos que separa os direitos civis e políticos dos direitos econômicos, sociais e culturais, já que engloba todos ao afirmar e afiançar a universalidade conceitual desses direitos negando-se a aceitar que a desigualdade e a pobreza sejam fenômenos contra os quais não se pode lutar (TOMASEVSKI, 2004, p.15).

Compreende-se, através da citação do autor, que a educação se mostra

como uma ferramenta importante e indispensável na luta contra as

desigualdades, abrindo ao cidadão que a adquire novas possibilidades de

acesso aos direitos sociais e culturais, além da criticidade e libertação da

condição de pobreza. No entanto, a realidade mostra que, infelizmente, nem

sempre o fato de alguém possuir educação em seu sentido formal, significa que

a mesma passará por uma mudança imediata de status social ou ter uma visão

crítica desenvolvida. Isso é comprovado pelo fato de haver na sociedade

diversas pessoas com nível educacional elevado, em alguns casos com pós-

graduação, e que se encontram desempregadas. Assim também, há indivíduos

que embora educados institucionalmente, encontram-se em uma situação de

extrema alienação em relação ao conhecimento de seus direitos e com baixo

nível cultural.

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A história da educação se relaciona de acordo com cada época de

evolução da história humana. Sobre esse longo e rico processo de constituição

sócio-histórica da educação, Cambi (1999) diz o seguinte:

A história da educação é, hoje, um repertório de muitas histórias, dialeticamente interligadas e interagentes, reunidas pelo objeto complexo "educação" , embora colocado sob óticas diversas e diferenciadas na sua fenomenologia. Não só: também os métodos (as óticas por assim dizer) tem características preliminarmente diferenciadas, de maneira a dar a cada âmbito de investigação a sua autonomia/especificidade, a reconhecê-lo como um "território" da investigação histórica (CAMBI,1999, p.29).

Infere-se, pela referida menção do autor que, o ciclo histórico de

desenvolvimento da educação, por ser algo complexo e que se deu em

diferentes etapas e maneiras peculiares nos diversos recantos do globo

terrestre, promoveu uma grande investigação em relação aos seus métodos e,

por conseguinte, trouxe uma vasta gama de teorias e postulados que, embora

divergentes em alguns pontos, como cultura e conceitos são interligadas pelo

seu caráter instrucional.

No início da antiguidade houve um grande incremento de conceitos e

práticas das culturas indiana, chinesa, egípcia e hebraica no desenvolvimento

da educação. Durante o primeiro milênio A.C. se desenvolvem as diferentes

"paideias" gregas, um termo que justamente significava instrução e eram a

base da educação helenística. Sobre o conceito do termo paideias, Lobato

(2001) assim define:

O termo Paidéia não pode ser traduzido simplesmente como educação,significa muito mais que isso, significa também cultura, instrução e formação do homem grego. Este termo começou a ser utilizado no séc. IV a.c. e nesta época significava apenas a criação dos meninos. Mas o seu significado se alargou e passou a designar também o conteúdo e o produto dessa educação. [...] Enfim, a Paidéia, é a busca do conhecimento do homem, de forma individual, para que este possa interferir na organização política e social da pólis, a idéia principal é colocar o homem a par de todo o conhecimento necessário para a harmonia consigo próprio e com a comunidade ao seu redor (LOBATO, 2001, p.32).

Entende-se que as paideias que existiam no mundo grego eram

fundamentais para a educação das crianças e dos jovens, uma vez que a

origem do termo vem de paidós, que significa criança em grego e, por

conseguinte, deu origem ao vocábulo pedagogia em língua portuguesa. Assim,

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a educação grega buscava englobar aspectos necessários que levassem à

harmonia do homem nas mais diferentes vertentes.

O mundo romano também assimila o helenismo5 no campo docente, em

especial graças a Cícero6, que foi o principal impulsor da

chamada humanitas romana. Em relação à humanitas romana, Aranha (1996)

assim define o termo:

Significa uma Cultura Universalizada. Equivale à Paidéia, distingue-se dela por se tratar de uma cultura predominantemente humanística e, sobretudo cosmopolita e universal, buscando aquilo que caracteriza o homem, em todos os tempos e lugares. Concepção que não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação do homem virtuoso, como ser moral, político e literário (ARANHA, 1996, p.29).

O fim do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) marca o fim do mundo

antigo e o início da Idade Média a partir de 1453. O Cristianismo, nascido e

prolongado pelo Império Romano, assume a tarefa de manter o legado

clássico, modificado e filtrado pela doutrina cristã.

É através da recuperação plena do saber do grego e do romano- e que

se reproduziu durante o Renascimento- que nasceu o novo conceito educativo

do Humanismo, ao longo do século XVI, continuando durante o

Barroco, através do disciplinarismo pedagógico do século XVIII.

Na idade contemporânea (séculos XIX-XXI), juntamente com as teorias

pedagógicas propostas por teóricos e educadores como Freinet, Paulo Freire,

Jean Piaget, Vygostisky, Wallon, dentre outros, nascem os atuais sistemas

educativos, a maioria deles organizados e controlados pelo Estado. A

educação como um sistema humano complexo e em constante mutação e

desenvolvimento, assim como a comunicação, continua sofrendo inúmeros

processos em sua constituição.

5 O helenismo foi a difusão da cultura grega aos territórios que os helênicos (gregos)

conquistavam. Foi naquele período que as ciências particulares tiveram seu primeiro e grande desenvolvimento. Foi o tempo de Euclides e Arquimedes. O helenismo marcou um período de transição para o domínio e apogeu de Roma. 6 Marco Túlio Cícero foi um filósofo, orador,escritor, advogado e político romano. Viveu entre os

anos de 103 a.C a 43 a.C.Foi ele quem apresentou aos Romanos as escolas da filosofia grega e criou um vocabulário filosófico em Latim, distinguindo-se como um linguista, tradutor, e filósofo.

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2.4 INTERLIGAÇÕES ENTRE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO

A educação e a comunicação são duas áreas que possuem uma estreita

relação entre si, visto que uma depende da outra para que ocorra. A

comunicação é a base de toda transmissão do conhecimento humano, afinal

esse processo ocorre através da linguagem, que é uma ferramenta

comunicativa importante e baseada em signos.

A educação, por sua vez, é fundamental para o desenvolvimento

humano, tanto no aspecto individual como coletivo. Ela é o alicerce da

formação dos indivíduos enquanto cidadãos e sujeitos participantes da história

humana. Quanto mais é feita a ampliação dos inúmeros sentidos existentes

entre a educação e a comunicação mais se percebe a íntima relação existente

entre ambas. Nessa linha de raciocínio Paulo Freire, parafraseado por Pretto

(2008, p.13), afirma que “o ato de educar é um ato de comunicação”.

Entende-se, portanto, através da citação que ao educar, o educador

está exercendo uma ação comunicativa, do mesmo modo que os educandos

também estão partilhando esse dualismo entre si, afinal a aprendizagem é uma

construção mútua que requer a participação de diversos sujeitos envolvidos.

Portanto, é possível afirmar que mais do que um processo que possa envolver

o uso de ferramentas comunicacionais no processo de ensino-aprendizagem, é

preciso existir a vontade de todos os indivíduos em aprender, ensinar e

comunicar.

Essa interligação entre comunicação e educação envolve inúmeros

fatores e isso vem da natureza complexa de ambas as áreas. Kenski (2008)

assim aborda essa intricada relação:

A relação biunívoca em que se entrelaçam educação e comunicação engloba os mais diferenciados assuntos, concepções e linhas teóricas, práticas, sujeitos, tempos e processos formais e não-formais conscientes e determinados, ou nem tanto assim. Envolve também manifestações humanas expressivas – mediadas ou não – em um sentido de transformação e continuidade das relações interpessoais. Abrange a autonomia para a produção e a realização de conteúdos midiáticos contextualizados, as próprias inovações, as interconexões possíveis entre processos e produtos comunicacionais; as montagens e edições como aprendizagens e descobertas, refletindo o sentido de aprender, os desejos de ir além e ultrapassar as fronteiras de si em múltiplas dimensões pessoais e sociais (KENSKI, 2008, p.649).

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Percebe-se que a prática da comunicação na educação permeia

diferentes etapas e permite uma variedade significativa de possibilidades, já

que são áreas dinâmicas e nas quais estão sempre ocorrendo novas

mudanças e remodelações. Assim, os sujeitos envolvidos, no caso, educadores

e educandos, possuem grandes chances de adquirirem novas descobertas e

proporem novas interconexões. O principal motivo que os levará a essas novas

realizações será sempre o desejo de aprender, não importando se isso virá de

uma maneira formal ou informal.

O uso da comunicação com propósitos pedagógicos vai muito além do

simples emprego de ferramentas midiáticas, mas visa principalmente à busca

pelo diálogo entre os campos afetados e exige um apurado processo de

intercompreensão mútua. Desde os primórdios da biografia humana nossos

ancestrais sempre buscaram aprender uns com os outros, e a gesticulação

corporal, grunhidos e meneios faciais foram os primeiros formatos de

comunicação e aprendizagem, visto que, por possuírem em si um significado,

tinham algo a ser aprendido. Em relação a esse aspecto, Cruz ressalta que:

A comunicação era realizada por meio de ruídos e movimentos corpóreos que constituíam símbolos e sinais mutuamente entendidos, claro que utilizavam um número limitado de sons que eram fisicamente capazes de produzir, tais como rosnados, roncos e guinchos (não falavam, pois eram fisicamente incapazes de fazê-lo) era um modo lento e primitivo de comunicação comparado com a fala humana baseada em linguagem e provavelmente não era possível de realizá-la de forma complexa e extensa (CRUZ, 2009, p.01).

Infere-se, portanto, que a comunicação é um processo tão antigo quanto

a própria história humana e se confunde totalmente com o surgimento da

educação, já que, como discorrido anteriormente, ambas estão totalmente

interligadas e dependem dessa interação para ocorrerem. Nossos ancestrais já

possuíam essa necessidade de se comunicarem e, por conseguinte,

desenvolveram técnicas próprias que possibilitaram à espécie humana o

aperfeiçoamento da aprendizagem e da comunicação.

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A comunicação e a educação também possuem como característica

similar o fato de existir essa necessidade de troca mútua, na qual cada sujeito

exerce um papel fundamental durante a ação. De acordo com Kenski (2008):

A ação educativa que se realiza como aprendizagem é mais complexa e compreende a essência da comunicação. Exige a participação plena e a intercomunicação frequente entre os diversos parceiros do processo. Todos devem estar envolvidos no mesmo desejo de avançar no conhecimento, ou seja, se transmutar, ser diferente. Ser melhor não apenas pelas aquisições cognitivas, mas pela formação ampla da pessoa em termos de valores, comportamentos individuais e sociais, capacidade crítica e autonomia para pensar e agir. Essa necessidade educacional é inerente ao ser e se apresenta em todos os seus momentos vivenciais, independente da escolarização (KENSKI, 2008, p.651).

Os valores adquiridos por meio da ação educativa que, segundo Kenski

(2008) é a essência da comunicação, permite aos indivíduos envolvidos

maiores possibilidades de avançarem em relação à dinamicidade que é

percebida nos dias atuais, com o advento da internet e das novas tecnologias.

Desse modo, há uma grande possibilidade de desenvoltura nos uso dessas

novas ferramentas. Porém, o que ocorre geralmente, é que o uso das novas

tecnologias fica limitado aos suportes, como lousas digitais, smartphones,

tablets, etc. e não ao conteúdo em si.

O diálogo como uma importante ferramenta de linguagem permite que a

ação educativa seja realizada de forma similar à comunicação bidirecional, ou

seja, de igual para igual, já que, nesse processo, o educando não será mais um

mero receptor de informações, mas irá processar a informação, podendo

contestá-la e, até mesmo, produzir seu próprio conteúdo. Sobre isso Roesler

(2008) assim discorre:

No encontro dos sujeitos, a existência se caracteriza como problematização do mundo pelo e com o diálogo. Neste sentido, o diálogo é comunicação e vice-versa. Educar, portanto, não é transmissão de informações, na medida em que o diálogo se constitui como possibilidades de um encontro entre sujeitos que buscam a significação dos significados através de uma ação eminentemente cultural e comunicacional. O diálogo se apresenta como a enunciação com o mundo, pois é através da interação que as pessoas se comunicam e se tornam sujeitos críticos também atuantes (ROESLER, 2008, p.81).

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Portanto, entende-se que a importância do diálogo para a comunicação e

educação é significativa, e que ele possibilita muito mais do que aquisição de

conhecimento, mas uma formação cultural, humanística e cidadã do indivíduo.

Freire (1987) explana que esse diálogo também remete a uma maior liberdade

durante a prática pedagógica:

Somente o diálogo, que implica um pensar critico, é capaz, também, de gerá-lo. Sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza. Daí que, para esta concepção como prática da liberdade, a sua dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educando-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes (FREIRE, 1987, p.83).

O olhar crítico para Paulo Freire (1987) é, por conseguinte, uma forma

de expressar a comunicação através da opinião própria do indivíduo, além

disso, é também um modo de ampliar as possibilidades de diálogo, permitindo

uma maior liberdade entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino-

aprendizagem, afim de que todos possam construir o conhecimento de maneira

igualitária e dinâmica.

A relação comunicação-educação, portanto, vai bem além das práticas

pedagógicas tradicionais, mas abre oportunidade para o emprego de novas

metodologias no processo de ensino-aprendizagem, que se tornou

convergente, denominando-se com o neologismo "Educomunicação", e que

será mais bem analisada no capítulo seguinte.

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3 TICS E REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTAS DE EDUCOMUNICAÇÃO

No capítulo a seguir será discorrido sobre a Educomunicação como uma

importante área de convergência entre a comunicação e a educação. Será

explicitada a origem desse neologismo, seu contexto histórico, suas principais

áreas de atuação e a fundamentação teórica sobre o tema a partir de

importantes autores.

As tecnologias de informação e comunicação (TICS) serão também

abordadas a partir de seus aspectos, funcionalidade e utilização como a

educação à distância, por exemplo. Torna-se importante conhecer tais

ferramentas, visto que a Educomunicação faz parte desse conjunto. Por fim

também haverá uma abordagem inicial sobre as redes sociais, visando

compreender seus significados e características.

3.1 EDUCOMUNICAÇÃO: UMA ÁREA DE CONVERGÊNCIA EDUCACIONAL

E COMUNICATIVA

O Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo

(NCE-USP) nomeia a inter-relação entre Comunicação e Educação de

Educomunicação. A significância do termo Educomunicação, insere-se em um

contexto histórico que procura refletir a analogia dos meios de comunicação

com a vida social e do ambiente educacional inserido e guiado por estes meios.

Desde o princípio do século XX, são escritos teorizações e projetos

constituídos sobre o tema, sem existir, porém, uma fronteira conceitual que

conecte todas essas considerações sobre a área da Educomunicação.

O termo "Educomunicação" refere-se a muito mais do que um

neologismo para definir a junção entre educação e comunicação, uma vez que

não apenas unem as duas áreas que, até então, eram vistas como

dialogicamente distintas, mas destaca de forma relevante um terceiro elemento

a ação. É sobre esse termo que deve recair a tonicidade ao referir-se a essa

nova palavra, proporcionando assim a ela, um significado extremamente

importante.

A Educomunicação, como um novo campo de intervenção social e

político é, para Ângela Schaun (2002):

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[...] uma ação política voltada para o aporte da consciência ética e uma pragmática direcionada para as transformações da sociedade [...] a ação educomunicativa é uma releitura das utopias sociais impulsionada pela motivação transformadora do status quo [...] propõe a credulidade no ser humano, no seu permanente encontro com o outro (SCHAUN, 2002, p.82).

Deste modo, para a autora as ações educomunicativas promovem o

resgate do desejo utópico da sociedade de igualdade entre os indivíduos, já

que, a base para sua existência é a troca de experiências com o outro de igual

para igual, onde é possível uma troca de informações, que pode criar novas

experiências, mudar pensamentos, e promover a cidadania entre os

envolvidos.

Educação e/ou Comunicação – assim como a Educomunicação – são

formas de conhecimento ou campo de construções que têm na ação o seu

princípio elementar inicial. Trata-se, então, de um ambiente no qual percorre

conhecimentos historicamente estabelecidos. Algo que singulariza, caracteriza

ou é específico desse campo chamado de Educomunicação, é a sua

capacidade de cruzar saberes, promovendo o diálogo entre os que

estabelecem e/ou se aproveitam das tecnologias de informação e

comunicação.

A Educomunicação, como uma nova modalidade de transmitir o

conhecimento através da comunicação e novas tecnologias, tem como objetivo

promover a criticidade do educando, embora, isso nem sempre ocorra, pois, ela

não é uma tendência automática e linear, requer inúmeros fatores envolvidos

como o comprometimento dos sujeitos envolvidos. Sobre esse aspecto,

Galarreta e Henriques (2012), assim pontua:

A Educomunicação ensina uma nova forma de analisar o mundo. Fornece-nos subsídios sobre a cultura dos meios de comunicação e ensina como buscar informação em diversas fontes, diferente das habituais. A partir desse processo, tornamo-nos pessoas mais críticas, capazes de avaliar as informações que recebemos e questionar pelas que gostaríamos de receber. A sociedade pode se organizar para cobrar sobre aquilo que lhes é faltante. Estará apta para cobrar da mídia e do governo ações que resolvam as suas demandas, dessa forma, terá voz e será participativa no processo de construção da cidadania. Entretanto, se a sociedade não está bem informada, dificilmente terá poder para exigir melhoras para si (GALARRETA; HENRIQUES, 2012, p.05).

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Percebe-se que a Educomunicação, além de promover uma nova

maneira do educando perceber o ambiente que o cerca, também lhe dá

autonomia, uma vez que, o ensina a buscar a informação nas mais diferentes

mídias. A criticidade, promovida pela Educomunicação, deve permitir também

que o cidadão, educado por meio dela, passe a participar mais ativamente da

sociedade cobrando seus direitos e tendo uma visão mais questionadora diante

das mídias.

A tecnologia digital está promovendo uma grande revolução nos

processos da comunicação humana, e a educação como uma área importante

das ações comunicacionais, tornou-se altamente influenciada por esses

avanços tecnológicos. Diante dessa visão, Kenski (2007, p.15), alega que: “a

opção pelo ensino com o computador […] exige alterações significativas em

toda a lógica que orienta o ensino e a ação docente em qualquer nível de

escolaridade […] o ponto fundamental da nova lógica de ensinar […] é a

redefinição do papel do professor”.

O que transforma a Educomunicação em um elemento peculiar, em

todas as suas vertentes, é que ela põe em evidência um dos temas mais

importantes da nossa história: a influência da comunicação social na

constituição dos indivíduos e na consolidação da nossa sociedade.

Sobre esse assunto, Virício (2009) afirma que os meios de comunicação

não tem apenas o papel de informar, mas influencia diretamente na vida das

pessoas. Isso é notado, quando se observa alguns veículos de comunicação

com grande abrangência, como é o caso da televisão. Como exemplo, a autora

afirma que se tal personagem de uma telenovela usa certa roupa ou sapato,

logo a maioria dos telespectadores, começarão a usar o mesmo vestuário do

personagem famoso. Para ela, os veículos comunicacionais criam conceitos,

modas e ideologias, ou sustentam outras já existentes, pautando a vida das

pessoas.

A introdução das mídias, como instrumentos e/ou artifícios

complementares do educador, esteve presente em outro período histórico no

qual prevalecia o ufanismo pela tecnologia (entendida aqui como conjunto de

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técnicas/recursos), como solução única para as dificuldades existentes no

processo de ensino-aprendizagem.

A história da pedagogia nos expõe que este processo não obteve os

efeitos esperados. Convive-se hoje em outra conjuntura histórica, com outra

realidade e, sobretudo, com outros indivíduos. Nesse contexto a internet é a

principal ferramenta intermediadora do processo educomunicativo, segundo

Galarreta e Henriques (2012):

Neste processo, uma das mais importantes ferramentas que pode ser utilizada tanto na construção da cidadania, através da Educomunicação, como de forma mediadora dos assuntos de interesse da comunidade é a Internet. Através dela, assuntos que antes eram restritos a uma determinada comunidade, em determinada região, facilmente podem ser vistos em praticamente todos os lugares do mundo. Além disso, por ser uma mídia extremamente rápida, em que praticamente tudo que é publicado pode ser acessado quase que instantaneamente, colocar um assunto em pauta na Internet, é uma forma de torná-lo visível para outras mídias (GALARRETA; HENRIQUES, 2012, p.05).

Dessa maneira, a dinamicidade da internet promove não apenas um

intercâmbio maior de informações, mas uma nova maneira de se receber

conteúdo, produzi-lo e divulgá-lo. Com a rapidez dessa mídia algumas

publicações alcançam todo o globo terrestre em poucos segundos,

promovendo assim um maior acesso às novas culturas e informações sobre

assuntos bem específicos.

Para que essa disseminação ocorra Recuero (2009) trabalha com o

conceito de nós7 nas redes. Quantos mais nós tem uma rede mais a chance e

a probabilidade de um determinado conteúdo ser disseminado por ali. Assim,

nem todo conteúdo é visualizado imediatamente ou por um número grande de

pessoas, mas dependerá da quantidade de nós que irá alcançar na rede.

7 Em redes de comunicação, um nó (em Latim nodus, 'nó') é um ponto de conexão existente,

no caso da Internet, os nós seriam cada um dos computadores e, por conseguinte usuários conectados naquele momento à rede mundial de computadores.

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Figura 1- Esquema representando o conceito de nós na rede, onde o nó central representa o

conteúdo inicial e a sua difusão através da ligação com outros nós, representados pelos

pequenos quadrados azuis.

Fonte: http://www.brasilseo.com.br/social-media-marketing/redes-sociais-e-sua-importancia-em-

seo. Acesso em 21/10/2013.

A ampliação dos desenvolvimentos educacionais e comunicacionais, que

as linguagens e temas das mídias proporcionam, remete ao fato de que a

afinidade da escola com os meios de comunicação, necessita também ir além

da concepção de uma educação voltada apenas para a mídia. É importante

desenvolver no educando uma relação inteligente de usuário com os mais

diferentes meios de comunicação. Sobre a importância da Educomunicação

para o ambiente escolar Maros, Schimidt e Maciel. (2010) abordam o seguinte:

Em uma época onde a evolução tecnológica marcadamente privilegia a comunicação, a escola precisa utilizar todos os recursos possíveis para promover o fluxo informativo entre seus membros. Nesse cenário, um novo campo teórico-prático começa a ser desbravado: a “Educomunicação”. Unir os conhecimentos da Educomunicação e de Comunicação Institucional e, a partir deles, propor estratégias que contribuam para uma comunicação interna mais efetiva dentro do ambiente escolar é o desafio aqui proposto (MAROS; SCHIMIDT;

MACIEL, 2010, p.2).

Entende-se, portanto que as instituições educacionais devem fazer essa

adequação diante dos grandes avanços tecnológicos ocorridos atualmente.

Assim, a escola irá contribuir não apenas para uma maior eficácia nas práticas

pedagógicas, mas também aumentará a sua comunicação interna através do

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uso das novas mídias. Essa nova realidade tecnológica evidencia uma

inovadora modalidade de letramento chamado de digital. Esse termo é assim

definido por Xavier (2002):

O Letramento digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital (XAVIER, 2002, p.02).

Conforme Soares (2002), letramento digital é desenvolvido de forma

diferente do letramento tradicional:

“[...] a hipótese é de que essas mudanças tenham consequências sociais, cognitivas e discursivas, e estejam, assim, configurando um letramento digital, isto é, um certo estado ou condição que adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela, diferente do estado ou condição – do letramento – dos que exercem práticas de leitura e de escrita no papel (SOARES,2002,p. 151) .”

Percebe-se, que o letramento digital é algo que já faz parte da

alfabetização dos educandos, que nasceram nesta geração dominada pelos

recursos tecnológicos, deste modo, as crianças aprendem desde cedo a

manusear aparelhos portáteis, que geralmente possuem acesso à internet e só

depois são levados à alfabetização tradicional. Segundo a autora, esse

processo traz efeitos que transformaram o modo de agir e pensar dos

educandos que vivenciam essa realidade.

Não se compreende como papel primordial da escola o letramento para

as mídias, uma vez que estaríamos, assim, refletindo o padrão cognoscitivo até

então seguido pelas instituições de ensino. É sabido que os meios estão na

escola, não somente no formato de soluções ou metodologias de ensino, mas

na cultura dos alunos e professores que a "constroem" diariamente.

Os estudos e pesquisas sobre o tema Educomunicação se iniciaram em

meados dos anos noventa, tendo o Núcleo de educação e comunicação (NCE)

da Universidade de São Paulo como precursora em nosso país, reunindo um

grupo de professores de diversas universidades brasileiras interessadas na

inter-relação entre Comunicação e Educação. Seu trabalho inicial maior foi uma

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pesquisa8 abrangendo especialistas de 12 nações da América Latina e da

Península Ibérica para saber o que pensavam os coordenadores de projetos na

área e qual o perfil dos profissionais que trabalham nesta inter-relação.

Atualmente, além do NCE, existem inúmeras outras instituições, que

desenvolvem pesquisas consistentes nessa área, tanto em nosso país como

em outros, ao redor da América e Europa. Já foram elaborados inúmeros

artigos, teses, dissertações e livros, sobre o tema criando uma vasta

bibliografia, mas que ainda é razoável se comparado a outros temas de ambas

as áreas; educação e comunicação social, uma vez, que essa convergência é

recente em nossa sociedade.

Os diversos trabalhos relacionados ao tema da Educomunicação no

país, ainda estão bastante concentrados na região centro-sul, principalmente

no eixo Rio-São Paulo, com destaque para a Universidade de São Paulo, que

continua liderando a pesquisa sobre o assunto no Brasil. Outras universidades

federais, dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, também realizam

trabalhos acadêmicos baseados em Educomunicação. Existem também

diversas ONGs atuantes em todo o Brasil voltadas para o uso do referido

instrumento pedagógico-comunicacional, e que foram originadas

principalmente no Estado de São Paulo.

A Universidade de São Paulo foi pioneira também na criação de um

bacharelado especifico em Educomunicação. No Nordeste brasileiro, a capital

pernambucana: Recife, também é destaque, pois, é onde se concentra as

pesquisas acadêmicas mais relevantes nessa região, há nessa cidade um

núcleo da organização governamental ABPEDucom (Associação Brasileira de

Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação), que é uma instituição

voltada para divulgação, capacitação de profissionais e fomento de ensino e

8 Essa pesquisa ocorreu entre 1997 e 1998. e teve como objeto o conceito de

Educomunicação e o perfil de seus profissionais. Esta pesquisa passou a ser designada pelo NCE como Pesquisa Perfil. Reuniu um grupo de 178 especialistas de 12 países da América Latina. Segundo a pesquisa, o Educomunicador é o profissional que demonstra capacidade para elaborar diagnósticos e de coordenar projetos no campo da inter-relação Educação/ Comunicação. Em síntese, a pesquisa aferiu também que 56% dos profissionais desenvolvem projetos nas universidades, enquanto 40% atuam no ambiente escolar. A pesquisa informa, também, que predominam os especialistas do sexo feminino, à razão de 59% de mulheres para 41% de homens.

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pesquisa na área de Educomunicação. A sede da referida organização também

se encontra em São Paulo.

Mário Klapún (apud FONSECA, 2004, p. 61) foi o primeiro autor a

empregar o termo Educomunicação para mencionar “toda a ação comunicativa

no espaço educativo concretizada com o objetivo de criar e desenvolver

sistemas comunicativos.” A estreita união entre a Educomunicação e os

sistemas comunicativos é permitida pelas conexões humanas entre ambiente

escolar e comunidade, entre educandos e educadores, entre quadro

pedagógico e administração escolar e as técnicas comunicativas ampliadas

nesta atmosfera. Todos são participantes atuantes nesta ação: os atores

educativos – educadores, educandos, colaboradores, equipes técnicas; os

atores sociais da comunidade – pais de alunos, habitantes da região.

A concepção de sistema comunicativo implica influência mútua,

dialogicidade, e descentralização de vozes. Ismar de Oliveira Soares (2002)

afirma que, na expectativa da gestão comunicacional, o sistema comunicativo

envolve:

(...) a coordenação do ambiente, a disponibilidade dos instrumentos a serem utilizados, o modus faciendi (modo de atuar) dos indivíduos submergidos e o grupo de ações que distinguem determinada categoria de educação comunicacional (SOARES, 2002, p.16).

Está no ambiente educomunicativo, um novo e moderno ambiente de

interferência social, em que educandos e educadores podem estabelecer

unidos, cada um a sua função de ator social. Alain Touraine e Khosrokhvar

(2004) afirmam:

O ator social é capaz de modificar seu ambiente pelo trabalho pela comunicação. Mas essa ação sobre o social sempre tem um fundamento não-social, que depois de religioso e político, hoje é ético (TOURAINE e KHOSROKHVAR, 2004, p.35).

Segundo Ismar Soares (1999), um dos principais teóricos da área no

Brasil, a Educomunicação concebe um conjunto de ações ligadas com o intuito

de fortalecer espaços comunicativos em ambientes educativos sejam eles

presenciais ou virtuais. Entretanto, vários grupos de profissionais e pessoas

comuns que utilizam a Educomunicação, desconhecem esta definição,

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produzindo novas denominações para suas atuações. A pesquisa concretizada

entre 1997 e 1998, pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade

de São Paulo, já citada anteriormente, mostrou o ponto de vista de vários

profissionais atuantes em seu respectivo ambiente.

O experimento do NCE demonstrou que os relatos de técnicas em

diversas ocasiões, combinaram-se à avaliação que o profissional possuía sobre

o assunto. Dessa forma, de acordo com Soares (1999) o grupo pesquisado

admitiu que para a total compreensão do termo "Educomunicação" observar os

elementos principais que formam cada uma das áreas:

Educação/Comunicação é imprescindível. Tendo em vista, que suas

percepções têm uma íntima ligação com o ambiente educacional e precisam

responder às obrigações formativas dos educandos, no caso da pesquisa,

apontados como cidadania e ética profissional.

A comparação com o aprendizado social virtual9 é uma forma

interessante de compreender a Educomunicação, uma vez que, ela permite a

tomada de conscientização dos agentes sociais na comunidade escolar. De

acordo Araújo (2010) esse aprendizado deve ser adequado à realidade

tecnológica a qual os alunos estão inseridos atualmente:

O modo como a escola está organizada atualmente não está mais se adequando ao perfil da geração net; este público se envolve em várias atividades simultâneas, tem interesse em vários campos do saber; nos conteúdos que estudam, nas atividades que realizam no dia-a-dia da escola só consideram significativas as atividades, conteúdos, disciplinas, avaliações, etc.,nas quais percebem que estão sendo contemplados em relação a essa multiplicidade de interesses e várias dimensões que compõem sua personalidade, sua integralidade enquanto seres (ARAÚJO, 2010, p.04).

A autora, com a referida citação, afirma que os educandos da geração

atual necessitam de um ambiente escolar compatível com a dinamicidade típica

dos mesmos. Desse modo, os alunos da chamada "geração net10" são capazes

de desenvolver diversas atividades ao mesmo tempo. Por estarem

9 A expressão "aprendizado social virtual" é próprio da área de Educomunicação e refere-se a

uma forma de aprendizagem onde os educandos irão adquirir, através da experiência com a interação com os outros, um novo olhar sobre as relações sociais. 10

Trata-se de um neologismo utilizado para designar as crianças e jovens que já nasceram vivenciando os avanços tecnológicos e da informação, e que desse modo possuem, em alguns casos, uma afinidade maior do que outros grupos de diferentes faixas etárias.

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mergulhados em uma sociedade altamente midiática e informatizada,

necessitam de atividades pedagógicas que realmente o instiguem e que sejam

totalmente integradas à sua realidade tecnológica.

Na escola clássica com a educação tradicional, o exercício de debates

na resolução de determinados empecilhos ocorre, porém, em alguns casos é

bastante reduzido. Entretanto, nas práticas educomunicativas todos os sujeitos

envolvidos precisam ser instigados ao debate, afim de, criticamente

encontrarem uma solução para o problema. Portanto, a equalização de direitos

e deveres, deveria ser uma prática comum a todos os ambientes de ensino,

quer utilizem ferramentas tecnológicas ou não. Uma vez que, promoveria a

consciência do grau de organização e importância de cada função dentro do

ambiente escolar. Sobre a reciprocidade na prática da Educomunicação,

Utiamada (2011), pontua:

Dentro dos fundamentos, a Educomunicação é pertinente à comunidade escolar, pois oportuniza a comunicação, o diálogo, desenvolvendo a autoconfiança e a expressão comunicativa. Este fundamento também busca valorizar o relacionamento entre professores, alunos, equipe de trabalho, na busca pela formação de cidadãos autônomos, conscientes, capazes de transformar suas realidades e como sujeitos de seu processo, contribuam para o desenvolvimento da sociedade (UTIAMADA, 2011, p.27).

Segundo exposto acima, a cidadania não é um valor imaterial, alcançado

somente a partir da participação político-eleitoral, entretanto, dentro de um

ambiente comunicativo, existe a probabilidade de edificação de cidadania,

através da experiência de combinação, de trocas e de intervenção no espaço

maior, comunitário.

Oferecer voz ao educando e ao educador; colocá-los nos debates

comunitários, são exercícios educomunicativos adequados para se ampliar a

formação cidadã. Moacir Gadotti (2007) alega que outro mundo é plausível de

ser estabelecido, sem que para isso precisemos modificar o Estado – “não se

toma o poder para abolir o poder” (GADOTTI, 2007, p. 130), mas na reinvenção

do presente, no cotidiano da sociedade, no dia a dia da escola.

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3.2 AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Na sociedade contemporânea a tecnologia ganhou um espaço

considerável na vida humana, já que, se faz uso dos recursos tecnológicos a

todo o instante, e em alguns momentos de forma inconsciente. A evolução da

espécie humana possibilitou um grande avanço em diversas áreas, e assim

existem inúmeros artefatos que contribuíram para melhorar a qualidade de vida

do homem. Kenski (2007) afirma o seguinte sobre o impacto das tecnologias:

As tecnologias invadem as nossas vidas, ampliam a nossa memória, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capacidades naturais do ser humano. Somos muito diferentes de nossos antepassados e nos acostumamos com alguns confortos tecnológicos - água encanada, luz elétrica, fogão, sapatos, telefone - que nem podemos imaginar como seria viver sem eles (KENSKI, 2007, p. 19).

Infere-se, portanto que as tecnologias já são partes integrantes do modo

de vida do homem moderno, de tal forma que é inimaginável conceber a ideia

de viver sem nenhum desses "confortos", embora, estes sejam relativamente

recentes, e que o homem viveu milhares de anos sem utilizá-los. O Dicionário

da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda (2009, p.1756), define o

vocábulo “tecnologia” como “um conjunto de conhecimentos, especialmente,

princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade”.

Portanto, percebe-se com o referido conceito, que tecnologia e ciência

estão intimamente interligadas, de modo, que foi a busca incessante pelo

conhecimento que propiciou a humanidade um grande progresso científico e,

por conseguinte, tecnológico.

Diante do contexto moderno de uma sociedade dominada pela

tecnologia e dinamismo da informação, surgiram as tecnologias de informação

e comunicação conhecidas pela sigla TICs, que conforme Kenski (2007), está

relacionado ao processo de produção e o uso dos meios baseados na

linguagem oral, e da escrita e na síntese da imagem, do som e do movimento.

As tecnologias de informação e comunicação são empregadas nas mais

diversas áreas humanas, no entanto, elas vêm favorecendo bastante a área

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educacional, Kenski (2007), descreve o seguinte sobre o impacto das TICs na

educação:

As novas tecnologias da comunicação (TICs), sobretudo a televisão digital e o computador, movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno, e o conteúdo veiculado. A imagem, o som e o movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. Quando bem utilizadas, provocam a alteração dos comportamentos de professores e alunos, levando-os ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do conteúdo estudado. As tecnologias comunicativas mais utilizadas em educação, porém, não provocam ainda alterações radicais na estrutura dos cursos, na articulação entre conteúdos e não mudam a maneira como os professores trabalham didaticamente com seus alunos. Encaradas como recursos didáticos, elas estão ainda muito longe de serem usadas em todas as suas possibilidades para uma melhor educação (KENSKI, 2007, p.45).

Intui-se com a citação da autora que as tecnologias de informação e

comunicação trouxeram uma grande contribuição à educação no sentido de

proporcionar um ensino-aprendizagem com mais recursos e dinamismo, já que

as novas possibilidades de acesso à informação proporcionam aos educandos

experiências bem mais reais, se comparado ao formato tradicional de ensino.

Porém, alerta-se para o fato de que esses recursos pedagógicos inovadores

ainda não estão sendo usados de modo a provocar na educação uma mudança

substancial.

As tecnologias de informação e comunicação ainda necessitam ser

incorporadas pedagogicamente, ou seja, é necessário que ocorra o respeito às

características inerentes existentes na educação e na própria tecnologia, no

intuito de garantir que sua utilização realmente faça a diferença. Sobre esse

aspecto, Girardi (2011), afirma que:

Ao se utilizar tecnologias educacionais, deve atentar-se para os objetivos pedagógicos, pois os recursos tecnológicos não podem substituir o objetivo fundamental do processo de ensino-aprendizagem que é a construção do conhecimento. O educador deve almejar um domínio contínuo e crescente das tecnologias, sem perder o foco da educação, cuja ação deve submeter o aluno a busca de conhecimento cultural, pedagógico, dentro de padrões curriculares, tendo a tecnologia como recurso facilitador para a democratização e construção do conhecimento (GIRARDI, 2007, p.07).

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Desse modo, entende-se que os recursos tecnológicos devem ser

aliados do professor durante o processo de ensino-aprendizagem, mas não

devem ocultar o papel principal que existe na educação, que é o de formar o

indivíduo para a aquisição do conhecimento e para o pleno exercício da

cidadania. O educador também precisa conhecer o contexto o qual estão

inseridos os seus alunos, uma vez que haverá alguns que não possuirão o

mesmo amadurecimento em relação ao uso das tecnologias.

A realidade das escolas também é algo que deve ser levado em

consideração, visto que, existe uma grande diferença no uso das tecnologias

entre as instituições públicas e privadas. Em relação a esse aspecto, Barsi

Lopes (2012) afirma:

Ao contrário, entretanto, do que acontece no contexto dos colégios particulares, onde há recursos financeiros disponíveis e interesse (além de educacional, mercadológico, em virtude da concorrência) para investir na presença das mídias digitais em sala de aula, no cenário das escolas públicas, estaduais e municipais, infelizmente, todo esse potencial que se abre a partir do uso e das apropriações das tecnologias da comunicação e informação ainda não tem atingido os alunos, que continuam, em sua grande maioria, excluídos dos avanços tecnológicos no ambiente formal da instituição de ensino. Mas, isso, não quer dizer em absoluto, que esses jovens não tenham acesso às mídias digitais (BARSI LOPES, 2012, p.25-26).

Embora, o contexto das instituições privadas se mostre bem avançado

em relação ao uso das mídias digitais na educação, isso não significa que

estas escolas apresentem uma educação de melhor qualidade do que as

outras, ou que as escolas públicas se encontram atrasadas por não fazerem

uso pleno das TICs em seu ensino. É preciso analisar cada caso, pois, nem

sempre o uso da tecnologia remete a um ensino eficaz. O empenho dos

gestores e educadores, também possui um papel significativo nesse processo,

visto que, existem escolas públicas com uma ótima qualidade de ensino, e

instituições particulares que deixam a desejar nesse parâmetro, mesmo

apresentando uma boa infraestrutura física e tecnológica.

O fato de alunos de classes sociais menos favorecidas não terem o

acesso à educação digital, não demonstra o seu desconhecimento perante as

tecnologias, uma vez que, os mesmos o fazem através de computadores

localizados em lan houses, ou ONGs que ofereçam acesso a atividades de

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informática, no entanto, o que ocorre é que eles não absorveram a noção

completa de como aproveitar as novas tecnologias para adquirem

conhecimento.

Rezek (2011) aborda o seguinte sobre a importância do educador no

processo de construção do conhecimento através das TICs:

(...) na escola a introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação pode ajudar o professor na melhoria de sua prática pedagógica, como também ajudar o aluno na construção do conhecimento. Para que essa construção seja efetiva é necessário que o professor seja um orientador muito mais do que um transmissor de conhecimentos. Um orientador deve realizar as mediações e estimular uma busca constante, entendendo que a educação ocorre num processo contínuo. A escola não consegue acompanhar as mudanças, as descobertas e atividades e acontecimento humanos sem o apoio das Tecnologias de Informação e Comunicação. Assim o aluno pode encontrar sentido e novas significações para a busca do conhecimento que deve se estender para além dos muros da escola e durar por toda a vida (RESEK, 2011, p.08).

Percebe-se com a referida citação que a escola precisa das tecnologias

de informação e comunicação principalmente devido ao dinamismo que ocorre

em virtude das mudanças bruscas e rápidas, que se desenvolvem no ambiente

social globalizado na qual as instituições de ensino estão inseridas. O educador

com o uso das TICs passa a ser mais do que um mero transmissor de

informações pré-estabelecidas nos livros e conteúdos pedagógicos, mais sim

um orientador, cooperando com o educando na construção do conhecimento

que através das TICs, pode transmitir ao aluno a necessidade de ultrapassar

as barreiras do âmbito escolar e cultivar um saber que irá ajudá-lo nos mais

diversos momentos de sua existência.

Ainda, sobre o processo abrangendo as tecnologias de informação e

comunicação no ambiente educacional, Resek (2011) ressalta:

As mudanças significativas vão acontecer se associados aos recursos tecnológicos forem acrescentados aos conteúdos e informações trabalhadas de forma contextualizadas e dinâmicas, valores, para que os alunos percebam que as tecnologias são recursos que podem enriquecer os conteúdos e conceitos trabalhados pelo professor. O que muitas vezes não acontece nas escolas, é a articulação que o professor precisa utilizar para dinamizar as suas aulas. Os recursos em si não motivam os alunos, é preciso acrescentar a eles metodologias e abordagens que estimulem o aluno a prestar atenção, aprender, querer fazer, e querer participar, o que é fundamental quando o assunto em questão é o

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desenvolvimento de projetos, é preciso que alunos e professores participem juntos, não pode ser ações desenvolvidas unilateralmente (RESEK, 2011, p.19-20).

Portanto, percebe-se que as tecnologias de informação e comunicação

por si só não resolvem o problema da educação, no sentido de essa ser

atraente e considerada importante para o aluno, embora, geralmente o mesmo

tenha grande fascínio pelos dispositivos tecnológicos. É necessário que o

educador utilize os recursos tecnológicos como ferramentas aliadas no

desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, e que o mesmo como

detentor de metodologias pedagógicas possa adequá-las com criatividade, e

competência da melhor maneira possível ao universo do aluno, para que as

aulas ministradas possam ser enriquecedoras e levem valores como:

criticidade, autonomia e solidariedade aos educandos.

Um dos grandes benefícios que as TICs podem proporcionar à

educação, também está no fato de que esta pode conectar a todos os

envolvidos nos mais diferentes espaços, o desenvolvimento das redes, tendo a

internet como principal representante possibilitou essa revolução sobre essa

realidade, Kenski (2007) discorre:

Em relação à educação, as redes de comunicações trazem novas e diferenciadas possibilidades para que as pessoas possam se relacionar com os conhecimentos e aprender. Já não se trata apenas de um novo recurso a ser incorporado à sala de aula, mas de uma verdadeira transformação que transcende até mesmo os espaços físicos em que ocorre a educação. A dinâmica e a infinita capacidade de estruturação das redes colocam todos os participantes de um momento educacional em conexão, aprendendo juntos, discutindo em igualdade de condições, isto é revolucionário (KENSKI, 2007, p.47).

Portanto, as tecnologias de informação e comunicação ampliaram

consideravelmente as possibilidades que a educação possui em transpor

obstáculos, visto que, o ambiente físico da sala de aula já não é o único a

comportar um sistema de ensino baseado em metodologias educomunicativas.

Com o advento das TICs surgiram, então, o conceito de educação à distância,

que possibilita a criação de espaços virtuais de ensino que abrangem um

grande número de indivíduos em busca de algo em comum: o conhecimento.

Sobre a educação à distância ou EAD, Belloni (2008), aborda que:

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Sem dúvida, a educação à distância, por sua experiência de ensino com metodologias não presenciais, pode vir a contribuir inestimavelmente para a transformação dos métodos de ensino e da organização do trabalho nos sistemas convencionais, bem como para a utilização adequada das tecnologias de midiatização da educação. Existe já nesse campo todo um conhecimento acumulado sobre a especificidade pedagógica e didática da aprendizagem de adultos, as formas de midiatização do ensino e as estruturas de tutoria e aconselhamento fundamentais em uma concepção da educação como um processo de autoaprendizagem, centrado no sujeito aprendente, considerado como um indivíduo autônomo, capaz de gerir seu próprio processo de aprendizagem (BELLONI, 2008, p.06).

A educação à distância, então amplia o processo de utilização das

tecnologias midiáticas na educação, visto que, para que ela ocorra é

necessário que se utilize diversas mídias com acesso remoto, especialmente a

internet e a televisão. É indispensável, também, o uso de dispositivos como

computadores ou qualquer outro que tenha acesso ao ciberespaço. A EAD

também propõe uma maior autonomia ao educando, já que, este ao fazer uso

das metodologias de educação à distância precisa de uma organização e

comprometimento maior com o aprendizado, cumprindo com responsabilidade

as atividades propostas, daí a importância da tutoria que ajuda o aluno na

melhor condução deste processo.

Para Peters (apud BELLONI, 2008), a EAD é uma forma de ensino-

aprendizagem complementar à era industrial e tecnológica, e, portanto o

ensinar à distância é um processo industrial de trabalho. Ou seja, o autor expõe

o caráter inovador desse modelo educacional, que surgiu na nova configuração

econômica e social em que se encontra a humanidade, e que por isso adequou

também a esfera educativa. Essa adaptação propõe um ensino prático, direto e

que possa ser construído democraticamente por um número maior de pessoas

ao mesmo tempo, uma vez que, a nova organização do trabalho requer que os

profissionais estejam em constante aprendizado, e isso deve se dar de maneira

rápida e em um curto período.

A educação à distância, embora em alguns momentos ocorra fora do

ambiente real da escola, e nem sempre permita a interação física entre os

próprios educandos, e entre estes e o professor, possui como característica

principal a interatividade. Em relação a isso, Tori (2010), assim pondera:

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Inevitável é perceber que o processo comunicacional da educação à distância sempre contou com a produção e a participação dos alunos. Mediados pelas TICs, ajudou a instaurar um grau de interatividade nunca dantes experimentada. Essa forma de organizar o mundo através de critérios próprios assegura que os alunos definam o que é importante ou não, segundo a inteligência e critérios de cada um, multiplicando o potencial de compartilhamento e a produção coletiva de conhecimento. Dessa forma redes sociais, jogos on-line, sites de compartilhamento de vídeo (entre outros), obrigam-nos a lidar com a inovação tanto de conteúdos quanto de forma. Equipamentos como iPods e telefones celulares fazem parte da cultura dos alunos (TORI, 2010, p.10-11).

Os educandos, no processo de construção do conhecimento, auxiliados

pelas tecnologias de informação e comunicação, agregam cada vez mais

valores ao conteúdo ministrado, deste modo, percebe-se que há uma grande

interatividade e compartilhamento de informações entre todos os envolvidos. O

professor não é mais visto como o único detentor do saber, mas um

intermediador que deve estar apto para lidar com as inovações repentinas e

constantes do mundo tecnológico. Além disso, é preciso compreender que

novos dispositivos digitais estão fazendo parte da cultura dos educandos, mas

que estes no ambiente educacional devem ser utilizados com moderação

quando não utilizados para fins pedagógicos.

Ainda para Tori (2010), as atividades educacionais desenvolvidas no

espaço físico da sala de aula, continuam a possuir uma série de vantagens, a

principal, segundo o autor, é que facilitam a interação entre aluno e professor, e

entre os próprios alunos. Ademais, propicia ao professor a obtenção

instantânea e contínua de um retorno auditivo, visual e emocional por parte do

aluno, algo difícil de ocorrer em um ambiente virtual.

Outro ponto importante a ser considerado, é que em atividades ao vivo o

educador possui maior facilidade em monitorar as ações e reações de seus

alunos, adotando em tempo real as decisões metodológicas mais coniventes

para se conduzir a aula, enquanto na atividade à distância isso é mais difícil de

ser mensurado. Sobre essas diferenças existentes na socialização permitida

entre ambas as modalidades de ensino, Tori (2010), ressalta:

Enquanto as atividades ao vivo propiciam maior contato entre os participantes, feedback instantâneo e emocional, entre outras vantagens do "estar junto", as atividades virtuais podem

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complementar a aprendizagem e reduzir a necessidade de encontros ao vivo, além de permitir um monitoramento detalhado da participação e do desempenho de cada aluno ou da turma toda. Se na modalidade presencial é mais fácil engajar o aluno, socializar a turma e colher diversos tipos de feedbacks, nas atividades remotas, ou com apoio de recursos virtuais, é possível atender a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e aumentar a produtividade do professor e do aprendiz (TORI, 2010, p.34).

Percebe-se, portanto, que embora existam inúmeras diferenças entre as

modalidades: presencial e à distância de ensino-aprendizagem, com suas

referidas peculiaridades, pontos negativos e positivos. Ambos possuem

também inúmeras características similares, que se completam e que

atualmente vem despertando o interesse de alguns pesquisadores, como

Graham (2005), para a realidade existente da convergência das duas formas.

Tabela 1- Principais diferenças entre o ensino presencial e a distância

ASPECTOS MODALIDADE A DISTÃNCIA MODALIDADE PRESENCIAL

Aulas On-line ou via satélite Presenciais

Avaliação Provas presenciais(Mesmo a Provas presenciais

distância o Ministério da Edu-

cação exige que as avaliações

sejam feitas na Instituição)

Horários Flexíveis Fixos

Frequência Contabilizada por atividades e traba- Contabilizada pela presença

lhos do aluno em sala

Custos Aluno economiza entre 10 a 15% Além da mensalidade aluno precisa

nas mensalidades gastar com transporte e alimentação

Fonte: Guia do Estudante Educação a Distância 2ª ed.

Kenski (2007), afirma que a maioria das tecnologias utilizada para fins

educacionais servem apenas como suporte para o processo de ensino-

aprendizagem. Segundo a autora, elas não são nem o objeto, nem a

substância, nem a sua finalidade, que em potencial deve ser sempre o

aprendizado do aluno de forma satisfatória.

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O uso das TICs em sala de aula apresenta também alguns aspectos

preocupantes, visto que, já que o aluno possui acesso à internet e a outras

ferramentas para entretenimento, como jogos on-line e outros aplicativos, como

o educador pode mediar esse processo? Como ele, o professor poderá criar

um diálogo que permita ao aluno compreender as diferenças existentes entre

os recursos digitais de aprendizagem e os voltados apenas para

entretenimento?

A coordenação do espaço e do tempo influi bastante durante o uso das

tecnologias da informação e comunicação no que se refere à educação.

Conforme Kenski (2007):

Da mesma forma, a organização do espaço, do tempo, do número de alunos que compõe cada turma e os objetivos do ensino podem trazer mudanças significativas para as maneiras como professores e alunos irão utilizar a tecnologia em suas aulas. A escolha de determinado tipo de tecnologia altera profundamente a natureza do processo educacional e a comunicação entre os participantes. Uma classe cheia de alunos, a aula dada em anfiteatros exigem alguns recursos tecnológicos- microfones, projetores, etc. - muito diferente dos utilizados para o ensino dos mesmos conteúdos para grupos pequenos, em interação permanente (KENSKI, 2007, p.45).

Vê-se, com a citação da autora, que inúmeros fatores influenciam

durante o processo educacional envolvendo uso de tecnologias, dessa maneira

não basta o professor procurar inovar em suas aulas, propondo o uso dos

dispositivos tecnológicos, contudo, o mais importante é que o mesmo saiba

conduzir bem a comunicação e afetar positivamente os alunos, instigando-os a

buscarem o conhecimento. Uma classe com muitos alunos, em geral, não

oferece uma interação mais intensa do que uma turma com um número menor

de estudantes, daí a importância de se organizar em grupos menores no uso

das tecnologias na educação.

Kenski (2007) aborda também a importância do repertório do aluno e o

seu interesse em adquirir o conhecimento, segundo ela esses fatores são mais

importantes do que o uso de qualquer tecnologia:

Mais importante que as tecnologias, que os procedimentos pedagógicos mais modernos, no meio de todos esses movimentos e equipamentos o que vai fazer diferença qualitativa é a capacidade de adequação do processo educacional aos objetivos que levaram você, pessoa, usuário, leitor, aluno, ao encontro desse desafio de aprender.

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A sua história de vida, os conhecimentos anteriores, os objetivos que definiram a sua participação em uma disciplina e a sua motivação para aprender este ou aquele conteúdo, desta ou daquela maneira, são fundamentais para que a aprendizagem aconteça. As mediações feitas entre o seu desejo de aprender, o professor que vai auxiliar você na busca dos caminhos que levem à aprendizagem, os conhecimentos que são a base desse processo e as tecnologias que vão lhe garantir o acesso e as articulações com esses conhecimentos configuram um processo de interações que define a qualidade da educação (KENSKI, 2007, p.46).

A educação como um processo genuinamente humano, envolve então

uma série de fatores psíquicos, físicos e até emocionais, não há como os

recursos tecnológicos, que são máquinas, dominarem amplamente e fazerem

com que haja uma eficácia totalmente satisfatória nos resultados. É preciso,

antes de tudo, que professor e aluno tenham consciência de seus papéis

durante o processo: o docente como intermediador e colaborador, e o

educando como agente motivado e participativo. A qualidade do processo com

uso das TICs, portanto, só se alcança com a participação conjunta de todos os

elementos e com a interação constante dos mesmos entre si e o ambiente

virtual.

3.3 REDES SOCIAIS NA INTERNET: ESPAÇOS VIRTUAIS DE INTERAÇÃO

E APRENDIZAGEM

Atualmente, o tema redes sociais e sua influência na sociedade

globalizada, está sendo amplamente discutido, o termo, embora já tenha sido

vastamente utilizado há várias décadas, ganhou uma nova ressignificação na

era da informação e tecnologia. Tomáel, Alcará e Dichiara (2005) assim

definem a revolução na interatividade promovida pelas redes sociais:

(...) As redes sociais são, portanto uma grande revolução na maneira como o ser humano interage um com os outros. Trata-se de uma das estratégias subjacentes utilizadas pela sociedade para o compartilhamento da informação e do conhecimento, mediante as relações entre atores que as integram (TOMÁEL; ALCARÁ; DICHIARA; 2005, p.93).

Para Lisbôa, Junior e Coutinho (2009, p.06) "o conceito de rede social é

tão antigo quanto a história da humanidade. Ele está associado aos

movimentos sociais que usam as conexões interpessoais para atingirem

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objetivos econômicos, sociais, políticos." Assim, infere-se que o termo rede

social é uma apropriação do mundo "off-line11" quando este vocábulo é

empregado no ambiente on-line para designar uma rede social na internet,

visto que qualquer grupo de pessoas que possuam as características

anteriormente citadas pode ser rotulado com o referido termo, mesmo não

estando na web.

Desse modo, diante da confusão existente entre a caracterização do

significado de rede social como algo que ocorre tanto nos ambientes off-line

como on-line. Existe, também, o termo mídia social, que de acordo com

Kietzmann et al, (2011) emprega tecnologias móveis e de Internet para criar

plataformas altamente interativas por meio das quais indivíduos e comunidades

compartilham, co-criam, discutem e modificam conteúdos gerados por

usuários, portanto, diferentemente das redes sociais, é algo próprio e exclusivo

do ambiente on-line.

Mídias sociais introduzem mudanças substanciais e permanentes na

forma como organizações, comunidades e os indivíduos se comunicam.

Portanto para efeitos de compreensão por parte do leitor e para evitar

ambiguidades, optou-se por utilizar o termo "rede social na internet", para

designar um grupo social quando este for exclusivo do ambiente digital.

Ainda em relação à significação de redes sociais, Tomaél (2005, p.17)

define como “uma das estratégias subjacentes utilizadas pela sociedade para o

compartilhamento da informação e do conhecimento, mediante as relações

entre atores que as integram”. Segundo o autor as redes podem possibilitar um

desenvolvimento em termos de socialização, colaboratividade e saber para

todos os envolvidos.

Para Marteleto (2001) as redes sociais são um conjunto de participantes

autônomos unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses

compartilhados. Boyd e Ellison (2007) partem para uma definição mais técnica

e definem uma rede social na internet como serviços baseados na Web 2.0 que

permitem aos indivíduos construir perfis públicos ou semipúblicos dentro de um

11

Offline (ou off-line) é um termo da língua inglesa, cujo significado literal é “fora de linha” e

também pode qualificar alguma coisa que está desligada ou desconectada. É habitualmente usado para designar que um determinado usuário da internet ou de uma outra rede de computadores não está conectado à rede. Assim o vocábulo está ligado à realidade cotidiana, fora da web.

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sistema fechado, elencar outros usuários com os quais pode compartilhar

conexões, ver e pesquisar as listas de conexões destes, bem como aquelas

feitas por outros usuários dentro do sistema.

Já Lima Junior (2009) define uma rede social na internet da seguinte

forma:

[...] forma de comunicação mediada por computador com acesso à internet, que permite a criação, o compartilhamento, comentário, avaliação, classificação, recomendação e disseminação de conteúdos digitais de relevância social de forma descentralizada, colaborativa e autônoma tecnologicamente. (LIMA JUNIOR, 2009, p. 97).

Recuero (2009) afirma que uma determinada rede é uma metáfora que

visa observar os padrões de conexões de um grupo social, ela aborda ainda

em sua obra, a teoria dos grafos12 para designar a conformação das mesmas:

Um grafo é assim, a representação de uma rede, constituído de nós e arestas que conectam esses nós. A teoria dos grafos é uma parte da matemática aplicada que se dedica a estudar as propriedades dos diferentes tipos de grafos. Essa representação de rede pode ser utilizada como metáfora para diversos sistemas (RECUERO, 2009, p.20).

A autora usa o termo "metáfora" para designar as redes sociais, já que

originariamente o vocábulo "rede" expõe o significado original conforme o

Dicionário Aurélio (2009): de um conjunto emaranhado de fios, cordas, cordéis,

arames, etc., com aberturas regulares, afixadas por malhas e nós, constituindo

uma espécie de tecido aberto ou fechado, destinado a algumas aplicações

específicas como pesca e caça, por exemplo. A similaridade com as redes

propriamente ditas com seus nós e ligações é que promove essa comparação.

Além disso, existem inúmeros tipos de redes, utilizadas em outras atividades

como a navegação, telefonia, aviação, biologia, etc.

Na área da comunicação, foi Paul Baran (1964) quem qualificou dois

tipos principais de redes13, segundo suas estruturas, em Centralizadas e

Distribuídas. As Centralizadas se apresentam como uma composição que

12

A Teoria de Redes usa o formalismo matemático da Teoria dos Grafos. Geralmente, métodos estatísticos são utilizados para se caracterizar a estrutura de conexões da rede. Ferramentas e métodos da Mecânica Estatística e Computação também são muito utilizados para criar modelos e analisar a estrutura das redes. A cada elemento de uma rede é associado um nó (ou vértice) e a ligação entre os nós se dá por meio de uma aresta. 13

No capítulo 4 será abordada a divisão das redes conforme outras especificidades, como participação dos atores sociais, finalidade, interatividade, etc. proposta na obra de Raquel Recuero (2009) com base em outros teóricos.

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eleva um ponto (nó) a um nível de importância elevado, sendo que é essencial

a sua presença para a conexão entre outros nós. Ou seja, se o nó central for

extinto comprometerá toda a rede.

Figura 2- Esquema representando a estrutura de uma rede Centralizada

Fonte: http://escoladeredes.net/. Acesso em 25/11/2013.

As Distribuídas são redes cuja constituição configura-se em uma

"malha", os nós apresentam o mesmo valor entre si, e para alcançar um deles

há várias possibilidades. Significa que a supressão de um ponto não

comprometerá substancialmente a composição da rede, ao contrário das

centralizadas.

Figura 3- Esquema representando a estrutura de uma rede Distribuída

Fonte: http://escoladeredes.net/. Acesso em 25/11/2013

De acordo com Recuero (2009), não há como abordar o tema redes

sociais na internet levando em consideração exclusivamente os aspectos

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tecnológicos, esquecendo-se das pessoas que interagem umas com as outras

para concentrar-se sobre a mediação tecnológica.

Para a autora as redes sociais são definidas como: o conjunto de dois

elementos que são os atores, representados pelas pessoas, instituições ou

grupos, e as suas respectivas conexões, conceituadas pelas suas interações

ou laços sociais. Recuero (2009), assim define o conceito de atores em uma

rede social:

Os autores são o primeiro elemento de uma rede social, representado pelos nós (ou nodos). Trata-se das pessoas envolvidas na rede que se analisa. Como partes do sistema, os autores atuam de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais. Por causa do distanciamento entre os envolvidos na interação social, principal característica da comunicação mediada por computador, os autores não são imediatamente discerníveis (RECUERO, 2009, p.25).

Intui-se, portanto, que na atual configuração da internet e no tipo de

comunicação que se configura a partir do computador, não há como

desvincular a figura do ator social, visto que, ele é o elemento base para que a

internet possa existir, já que ela é constituída através dele e para ele. Assim,

todo o usuário da rede virtual é considerado um ator social, embora cada

indivíduo demonstre sua atuação de forma e intensidade diferentes.

É importante ressaltar também que, mesmo as instituições que fazem

uso da internet na divulgação e captação de informações, o fazem a partir de

pessoas. Consequentemente, percebe-se que mesmo a máquina sendo o meio

por onde se desenvolve a internet, o caráter humano, responsável pelo

desenvolvimento da tecnologia e dependente da comunicação, se sobressai.

Já as conexões são assim definidas por Recuero (2009):

Em termos gerais, as conexões em uma rede social são constituídas dos laços sociais, que por sua vez, são formados através da interação social entre os atores. De um certo modo, são as conexões o principal foco de estudo das redes sociais, pois é sua variação que altera as estruturas desses grupos. Essas interações, na Internet, são percebidas graças à possibilidade de manter os rastros sociais dos indivíduos, que permanecem ali. Um comentário em um weblog, por exemplo, permanece ali até que alguém o delete, ou o weblog saia do ar. Assim acontece com a maioria das interações na mediação do computador (RECUERO, 2009, p.30).

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61

Compreende-se, então, que a interação é a palavra-chave para que

ocorram as conexões entre os diversos atores sociais presentes no

ciberespaço. Assim, as pessoas desenvolvem suas ações no mundo "on-line14"

de um modo diferente do que o faz no "mundo real" ou "off-line", devido às

características específicas da comunicação mediada pelo computador, o ator

social pode não ser identificado instantaneamente e até mesmo mudar sua

identidade alterando consideravelmente sua postura verdadeira.

Por outro lado, nas redes sociais na internet, onde geralmente o intuito

principal é promover sua autoimagem e interagir uns com os outros, o ator

social, em geral, faz questão de mostrar suas opiniões e divulgar o seu modo

específico de ser, moldados por seus comentários, postagens e fotos exibidas

na rede. Os rastros sociais, criados por ele ao longo de sua atuação no

ciberespaço, oferecerão pistas para que se identifique o ator ou atores a partir

de suas próprias construções midiáticas.

Existem quatro fatores fundamentais enumerados por Assis (2009) que

fazem com que as pessoas tenham interesse em aderir às redes sociais na

internet que são os seguintes:

-Interatividade: as redes permitem que os seus usuários adotem um

postura colaborativa e atuante, onde podem falar e ao mesmo tempo serem

ouvidos diante de algumas de suas explanações. Como exemplo, temos as

empresas que cada vez mais usam os ambientes virtuais para desenvolver

uma relação harmônica com o consumidor e dessa forma, compreender seus

anseios, além de perceber qual a visão que os mesmos possuem da empresa.

Há a possibilidade de uma comunicação bidirecional, no qual tanto os

emissores como os receptores, podem se expressar livremente.

-Auto-expressão: refere-se ao anseio humano de expressar-se em

sociedade. É de sua natureza a vontade de querer compartilhar ideias,

conhecimento, opiniões e informações. No universo das redes sociais os

14

O termo on-line é o oposto de off-line e se refere ao mundo virtual, ou seja, todas as ações ocorridas no universo digital sejam da internet ou de qualquer outra rede acessada por meio de computador ou dispositivo eletrônico com tal capacidade.

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internautas encontram no ciberespaço um local ideal para desempenhar sua

auto-expressão, mesmo que os julgamentos, em algumas ocasiões possam ser

negativos, assim como no ambiente off-line. É importante ressaltar também,

que em alguns países, onde há um controle maior do estado e da religião, essa

auto-expressão, por vezes é comprometida.

-Entretenimento: na sociedade moderna existe uma gama de

possibilidades de entretenimento, principalmente no que se refere aos

ambientes virtuais. Assim, as redes sociais na internet, de algum modo, adquire

esse caráter de distração que os usuários, em determinado momento de seu

cotidiano procuram, a fim de se desvincular de certos problemas enfrentados

no convívio diário.

- Livre acesso: a maioria das redes sociais na internet como o Twiter e o

Facebook permite o acesso gratuito de seus usuários, embora em alguns

casos, como na divulgação publicitária, sejam realizadas cobranças

financeiras. Além disso, com a convergência midiática15, há a possibilidade de

acesso a essas redes através de celulares, tablets, i-pads e outros dispositivos

tecnológicos móveis.

A rede mundial de computadores, enfim, continua se expandido

vertiginosamente, e possui centenas de milhões de usuários nos mais diversos

recantos do planeta. Observa-se gradualmente desde meados dos anos

noventa uma grande difusão dos computadores nos lares brasileiros e, por

conseguinte, da internet. Surgiu também a partir da rede virtual o conceito de

ciberespaço que Lévy (2000), conceitua do seguinte modo:

“(…) espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de rede hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distintiva do ciberespaço. Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de

15

Convergência Midiática é um conceito que designa uma tendência que os meios de comunicação estão aderindo para poder se adaptar a internet, consiste em usar este suporte como canal para distribuição de seu produto.

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63

comunicação e de simulação. A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do próximo século (LÉVY, 2000, p. 92-93).

Percebe-se, através da abordagem do teórico, que a definição do termo

ciberespaço é bem abrangente e complexo, e de certa forma, o mesmo é uma

continuação do "ambiente real" ou off-line, porém, possui um âmbito e uma

linguagem totalmente digitais com suas características e interações próprias.

A rede mundial de computadores vem ganhando rapidamente uma nova

configuração, e já no início do século XXI recebeu a denominação de web 2.0,

ampliou-se também o acesso às redes sociais na internet e aos aparelhos

portáteis como i-phones, tablets, i-pads, entre outros. Sobre a definição do

termo web 2.0, Costa (2008) afirma que o mesmo teve origem com o estouro

da bolha pontocom16 em 2000. Houve a mudança de sites estáticos para outros

com maior interação e dinamismo.

O autor afirma, ainda, que os internautas, muitos dos quais sequer

sabem o significado da expressão "internet das pessoas", são o coração da

segunda geração da internet, sendo que é a opinião coletiva que determina a

popularidade de sites, serviços e programas.

Tori (2010, p.214) diz que o "conceito de web 2.0 é uma tentativa de

identificar e caracterizar um novo paradigma de internet" Tal paradigma implica

em mudanças no modo como as pessoas utilizam, interagem e se comunicam

através da internet.

Martha Gabriel (2010, p.80) alega através de uma definição mais

didática do que conceitual que a web 2.0, é caracterizada pela "explosão de

conteúdos" e pela explosão das redes sociais na internet. Se na web 1.0, o

usuário era geralmente um mero visitante de sites, que consumia informações

16

Foi uma bolha especulativa criada no final da década de 1990, caracterizada por uma forte alta das ações das novas empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) baseadas na Internet. Essas empresas eram também chamadas "ponto com" (ou "dot com"), devido ao domínio de topo ".com" constante do endereço de muitas delas na rede mundial de computadores.

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64

produzidas por diversas empresas e instituições, com a web 2.0 ele passa a ter

mais autonomia e liberdade.

A internet, ao entrar em uma nova fase de profundo dinamismo e

interação, ganhou uma nova identidade, antes os usuários eram apenas meros

receptores de conteúdo, usando a internet apenas para adquirir informação ou

realizar algum serviço. A web 2.0 possibilita uma capacidade maior de

interação entre os usuários que podem também agir como construtores do

ciberespaço, dependendo assim da vontade de cada indivíduo em expor suas

opiniões e promover determinado conteúdo. O exemplo mais famoso a ser

destacado é o sistema Wiki17, onde Blattmann e Silva (2007) conceituam sua

interatividade da seguinte forma:

O que distingue o sistema Wiki é que, diferentemente de outras páginas da internet, o conteúdo pode ser editado e atualizado pelos usuários constantemente sem haver a necessidade de autorização do autor da versão do anterior. Esse sistema permite corrigir erros e inserir novas informações, ou seja, ninguém é autor proprietário de nenhum texto e o seu conteúdo é atualizado devido à possibilidade

de ser reformulado (BLATTMANN E SILVA, 2007, p.202).

Dessa forma, embora o sistema Wiki promova grande possibilidade de

interação e trocas mútuas de informações, não pode ser considerado como

uma base confiável para captação de dados principalmente no âmbito

cientifico, que requer fundamentação teórica e fidedignidade. Devido ao grande

número de autores e artigos, torna-se praticamente impossível avaliar o teor

verídico de cada uma das informações encontradas nos respectivos portais

eletrônicos.

É importante, portanto, que os usuários sejam capazes de questionar as

fontes de informações, os interesses de seus elaboradores e o modo como ele,

enquanto ator social, representa o mundo. Para que assim entendam como o

desenvolvimento tecnológico está relacionado a forças sociais, políticas e

econômicas mais extensas.

17

O termo wiki provém de um dialeto havaiano e significa "rápido, ligeiro, veloz". Na web o vocábulo é utilizado para identificar um tipo específico de coleção de documentos em hipertexto ou um software colaborativo usado para criá-lo.

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65

O aparecimento veloz de provedores de acesso e portais de serviços on-

line colaborou para o crescimento vertiginoso da rede mundial de

computadores. A internet passou a ser usada por múltiplas hierarquias sociais.

Os educandos passaram a procurar informações para pesquisas escolares,

enquanto jovens aproveitam a rede de computadores para mera distração em

sites de jogos virtuais ou para interagir nas redes sociais.

O uso das redes sociais na educação ainda é pouco expressivo, visto

que a principal finalidade desses ambientes virtuais, conforme Juliani (2012)

continua sendo o entretenimento. Entretanto, o conhecimento entre os

educadores das possibilidades que o uso dessa ferramenta tecnológica pode

proporcionar à educação, pode aumentar sua utilização nas salas de aula.

Juliani et al. (2012) afirma que é necessário que sejam considerados uma série

de fatores na hora de utilizar as redes sociais para fins pedagógicos:

O planejamento para a utilização das redes sociais como suporte a educação exige compreender a estrutura e cultura organizacional da instituição de ensino visando adequá-la aos aspectos técnicos das ferramentas existentes para fins educacionais, além de questões de privacidade, ética e políticas de apoio da direção que devem ser contempladas (JULIANI ET AL. 2012, p.03).

Por conseguinte, adequar as metodologias pedagógicas através do uso

das redes sociais ainda é um grande desafio, que envolve questões

administrativas e culturais dos ambientes educacionais. No entanto, percebe-se

que no Brasil com o desenvolvimento das práticas educomunicativas nas

escolas, uma série de educadores e pesquisadores das referidas áreas:

educação/comunicação discutem estratégias para promover essa utilização da

melhor maneira possível, visando uma construção eficaz do aprendizado.

Nota-se também, um aumento considerável de publicações que possuem

como tema: o uso das redes sociais na educação. É preciso ponderar que essa

visão não deve ser ufanista, no sentido de que as redes sociais sejam a

solução definitiva para os problemas de ensino-aprendizagem. Essa

adequação deve ser realizada com cautela, respeitando as características

técnicas e estruturais existentes na educação. Além disso, a educação

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66

tradicional, com suas peculiaridades, deve continuar sendo considerada

benéfica e eficaz, por isso, não precisa ser substituída, mas complementada.

As redes sociais digitais são atualmente um dos elementos mais

empregados na comunicação entre os jovens e adolescentes. Providos de

dispositivos mobile, tablets e computadores, eles interagem e trocam

informações e conhecimentos sobre a agenda escolar e compartilham as

atividades dos grupos de estudos.

A internet, e sua ilimitada capacidade de conexões, está transformando o

panorama de como os jovens criam, modificam e compartilham a informação e

o saber. Intui-se que os educandos estão sendo agraciados em relação a essa

pluralidade de interesses e diversas extensões que constitui sua

individualidade e seu caráter. Junior et al. (2011), assim aborda a importância

das redes sociais para o desenvolvimento de uma educação dinâmica e

facilitadora para o educando.

As redes sociais facilitam a comunicação, proporcionam aprendizagem colaborativa e oferecem oportunidade para exercitar a ética e a cidadania digital. Essa é a mais importante, porque o aluno já está na rede, o que leva a escola a ter que incorporar um novo papel, que está dentro das competências do século XXI. Talvez a escola nunca tenha tido uma ferramenta que facilitasse tanto a comunicação aluno – aluno, aluno – professor. Por exemplo, há uma dinâmica única para a discussão histórica no Twitter, ferramenta que está mais próxima do dia a dia do aluno, que faz com que ele reflita sobre o que está escrevendo. Ou seja, quando a escola adere às redes, ela cria espaço e oportunidade para um uso crítico, nisso ela exerce a função de formar ética e criticamente o aluno (JUNIOR ET AL., 2011, p.34).

Gardner (2000) acredita que não existe uma única inteligência,

entretanto várias inteligências humanas, ou seja, que nós temos a aptidão de

nos instruirmos e expor capacidades em relação a diversos campos do saber.

As instituições educacionais precisam diversificar seus modos de desempenho

das práticas pedagógicas, tendo como enfoque não apenas as ciências da

linguagem ou do saber lógico-matemático, mas diversificando a gama de

debates e exercícios para que ocorra uma incitação nos mais diferentes modos

de inteligência e aptidão que se possa despontar.

Deste modo, uma expectativa que se desenvolve para a educação é a

de empregar as tecnologias em suas metodologias, e uma maneira competente

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67

de proporcionar isso é inserir para os educandos, aprendizados, conteúdos,

exercícios e demais atividades da escola, que sejam permeados o uso das

redes sociais, uma vez, que estas desempenham tanto interesse dentre este

público. Todavia, o emprego das redes sociais na escola ainda é um debate

carregado de contradições, porém algo a ser ponderado é:

Os impactos deste processo (o uso da web e seus recursos, como as redes sociais) na capacidade de aprendizagem social dos sujeitos têm levado ao reconhecimento de que a sociedade em rede está modificando a maioria das nossas capacidades cognitivas. Raciocínio, memória, capacidade de representação mental e percepção estão sendo constantemente alteradas pelo contato com os bancos de dados, modelização digital, simulações interativas, etc. (BRENNAND, 2006, p.202).

Assim como qualquer ferramenta que surge enquanto opção a ser

empregada no ambiente educativo, a utilização das redes sociais, sobretudo

aquela focalizada em relações virtuais por meio do ciberespaço, pode originar

subsídios e progressos ao cenário pedagógico moderno.

Cabe aos profissionais da educação compreender que essas relações

atualmente são inevitáveis, mas que elas não podem de nenhum modo

substituir por completo, a presença e interação social físicas, que sempre

continuarão sendo elementos indispensáveis para a formação do educando.

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68

4 REDES SOCIAIS NA INTERNET:CLASSIFICAÇÕES E EXEMPLOS

No presente capítulo será discorrido sobre as tipologias que caracterizam

as redes sociais na internet. Além disso, serão discutidas também sobre as

comunidades virtuais, que por sua vez, possuem suas características próprias,

embora, em geral, essas sejam filiações das redes sociais na internet.

Por fim, como forma de ilustração, serão abordadas de modo sucinto as

características de algumas redes sociais bastante conhecidas pelo público

brasileiro, dentre elas o Facebook.

4.1TIPOS DE REDES SOCIAIS NA INTERNET

Existem inúmeros tipos de redes sociais na internet, que possuem

aspectos singulares e se destinam as mais distintas finalidades. Algumas

apenas visam à mera socialização entre as pessoas, propondo a interatividade

mútua e o entretenimento. Outras, além de possuírem características de

sociabilidade, possuem, também, finalidades científicas, como é o caso de

redes específicas que agregam pesquisadores e cientistas de diversos lugares

do mundo, no intuito de discutirem assuntos da área acadêmica. É possível

encontrar, também, redes sociais com foco na música, nas artes, na imagem,

no audiovisual, etc.

Com base nas especificidades encontradas nas mais diversas redes,

dividem-se as redes sociais em dois grandes grupos, denominados por redes

emergentes ou redes de filiação ou associativas. Recuero (2009) afirma que

ambos os formatos podem estar presentes em uma mesma rede analisada,

dependendo da visão do observador em relação às suas características

singulares.

4.1.1 Redes sociais emergentes

Para Recuero (2009), as redes emergentes são aquelas desenvolvidas a

partir das interações entre os atores sociais. Ou seja, é aquela que está "viva"

e atuante, sendo construída e modificada enquanto as interações ocorrem.

Desse modo, uma rede emergente necessita de ferramentas específicas para

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permitir aos seus usuários uma interatividade constante e que possa ser

atualizada a qualquer momento.

As mídias sociais Facebook e MySpace possuem algumas dessa

características, visto que, através das mesmas, é possível interagir com os

demais atores através de postagens de vídeos, informações, mensagens,

imagens, etc. As redes emergentes podem auxiliar o observador a perceber

alguns elementos, como a influência de um ator perante os demais, e sua

capacidade em gerar uma resposta em relação a uma mensagem recebida.

4.1.2 Redes sociais de filiação ou associativas

Esse tipo de rede é definido por Recuero (2009) da seguinte forma:

Redes de filiação são um tipo já abordado por alguns teóricos nas questões das redes sociais. Nas redes de filiação há apenas um conjunto de atores, mas são redes de dois modos porque é estudado um conjunto de eventos aos quais um determinado ator pertence. Chama-se de rede de dois modos porque são medidas duas variáveis: além dos atores indivíduos são observados os eventos. Cada um desses eventos, é ainda, um elemento de conexão de um conjunto de atores. As redes de filiação seriam, assim, constituídas de dois tipos de nós; os atores e os grupos. Esses nós se relacionariam por conexões de pertencimento (RECUERO, 2009, p.97).

Assim, percebe-se que essas redes são derivadas de determinadas

conexões "estáticas" existentes no ambiente virtual e que são forjadas por

intermédio dos mecanismos de associação ou filiação existentes nas próprias

redes. Um exemplo são as listas de amigos adicionados no Facebook, nas

quais é possível adicionar centenas de pessoas, onde a interação, em alguns

casos, é mínima ou praticamente nula. Segundo Recuero (2009), essas redes

podem ser muito grandes, pelo fato de que manter os laços ali estabelecidos

não possui custo nenhum para os autores. Eles permanecerão ali até o

momento em que forem excluídos ou que a rede seja extinta.

Existem outras topologias propostas por diferentes autores para

classificar as redes sociais. No entanto, com base nos objetivos propostos para

a referida pesquisa, o autor achou conveniente focar na divisão explicada

resumidamente neste tópico.

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70

4.2 COMUNIDADES EM REDES SOCIAIS NA INTERNET

O termo comunidade virtual, assim como a própria internet, diz respeito a

um conceito recente, embora o uso do termo comunidade seja bastante

remoto, uma vez que o ser humano, ao longo de sua história, em vários

momentos, procurou organizar-se desta forma. Com o surgimento dos

ambientes digitais e da comunicação mediada pelo computador, o vocábulo

"virtual" foi agregado, dando um novo sentido e formato às comunidades

desenvolvidas no universo online. Sartori e Roesler (2003) definem esses

ambientes do seguinte modo:

As comunidades virtuais são espaços formados por agrupamentos humanos no ciberespaço. Seu funcionamento está diretamente ligado, num primeiro momento, às redes de conexões proporcionadas pelas tecnologias de informação e comunicação e, num segundo momento, à possibilidade de, neste, pessoas com objetivos comuns, se encontrarem, estabelecerem relações, e desenvolverem novas subjetividades (SARTORI E ROESLER, 2003, p.03).

Para Vilches (2003), as comunidades virtuais são definidas como:

São redes fechadas, auto-suficientes. [...] Se auto-regulam. Têm uma dimensão ética e subjetiva, regem-se pela interdependência de interesses e afinidades e não têm objetivos políticos, nem desejos de intervir na sociedade, ou competir com os meios massivos. (VILCHES, 2003, 52).

A definição do autor, diante do contexto dinâmico que possui as redes

sociais, se mostra contraditória e incompleta, visto que, dependendo da

situação, as comunidades virtuais também podem possuir interesses e

objetivos políticos. Isso é visualizado recentemente no Brasil e em outras

nações, nos inúmeros grupos existentes em redes sociais que visam promover

manifestações políticas que se iniciam no ambiente virtual e em alguns

momentos ganham as ruas com a adesão de inúmeros participantes.

Um exemplo que ilustra os objetivos políticos que também permeiam os

ambientes virtuais foram as manifestações ocorridas no Brasil no mês de

Junho de 2013. Tais manifestações tiveram o ambiente virtual como espaço

principal de influência, além de servir para debates entre os participantes e

ponto de encontro, para que os mesmos pudessem se organizar na ida às

manifestações no espaço off-line.

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71

As concepções para o termo comunidade virtual são inúmeras e

complexas. No entendimento coletivo dos usuários da internet compreende-se

que essas comunidades são grupos existentes dentro de uma rede social, onde

o individuo pode aderir à mesma por interesse ou por sugestão de determinado

conhecido. Porém, foi o escritor estadunidense Howard Rheingold, o primeiro

autor a propagar o conceito de comunidade virtual, em 1993. Ele define tal

ambiente como uma associação cultural formada pelo encontro sistemático de

um grupo de pessoas no ciberespaço. Este tipo de grupo é caracterizado pela

co-atuação de seus participantes, os quais compartilham interesses, valores,

objetivos e estilos de cooperação mútua, por meio de influências recíprocas no

ambiente digital.

Através da definição de Rheingold (1993), percebe-se que as

comunidades virtuais, assim como as associações existentes nos ambientes

off-line, são elaboradas com o propósito principal de reunir pessoas em busca

de um interesse, que em menor ou maior grau atinja cada um de seus

partícipes. Tais interesses podem ser das mais diversas ordens: como cultural,

político, econômico, etc. As atuações também dependerão do grau de

comprometimento de cada ator, bem como a veemência e a disponibilidade de

tempo em atuar na rede virtual.

Nota-se, também, que a diferença entre essa interatividade é

influenciada, principalmente, pelo caráter de distanciamento entre os indivíduos

envolvidos. Enquanto nas comunidades constituídas nos espaços off-line há a

possibilidade de uma interação social física, através da observação do

comportamento fisionômico e sensorial dos participantes. Nos ambientes

virtuais essa interatividade ocorre de modo mais distanciado, sendo que nem

sempre é possível ver em tempo real como o outro membro do grupo está

reagindo diante de alguma situação.

Segundo Recuero (2009), os principais aspectos a serem considerados

na formação da comunidade virtual seriam: as discussões públicas, ou seja, as

pessoas que se encontram e reencontram com frequência, ou que se

encontram ocasionalmente, mantendo contato em alguns momentos apenas

através da internet (no intuito de levar adiante a discussão); o tempo, que no

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ciberespaço é diferente, visto que devido à distância que se encontram os

atores, pode haver diferença significativa nos horários reais vivenciados pelos

mesmos; e o sentimento, uma vez que por ser uma associação de pessoas, há

a forte influência desse aspecto no andamento do grupo.

É importante salientar, também, que embora esses espaços sejam

constituídos no mundo virtual, eles não são desconectados do ambiente

concreto, ou seja, das interações face a face, mas se constituem como uma

continuidade do mesmo. Entretanto, é no ciberespaço que as relações são

construídas, já que nem sempre o distanciamento permite que haja uma

aproximação maior. Acredita-se que a comunicação mediada pelo computador

facilita a intimidade e aproximação entre os atores. De fato, sabe-se que, em

geral, pessoas com dificuldades em falar em público conseguem se expressar

melhor através dos espaços virtuais.

Wellman e Giulia (apud RECUERO, 2009) explicam que os interesses

em comum que os participantes das comunidades virtuais possuem podem

promover uma forte empatia, entendimento mútuo e sensação de

pertencimento nos referidos grupos. Dessa forma, os grupos onde os atores

sociais possuem maior coesão, em geral são mais homogêneos e duradouros.

Também se observa que as comunidades virtuais, pelo fato de serem

construções existentes dentro de outro agrupamento, denominado rede social,

podem ser estimuladas. Sobre esse aspecto, Silva (2003) ressalta:

Se pensarmos as comunidades virtuais como espaços de agrupamentos humanos, oportunizados pelas tecnologias de informação e comunicação, é possível afirmar que existe estimulação imaginal. Isto porque, num primeiro momento, as pessoas têm o sentimento de pertencer a algo e, num segundo momento, pelos engendramentos comunicacionais estabelecidos neste espaço realiza-se um processo de assimilação, apropriação e partilha dos sentidos. A tecnologia neste sentido é um dispositivo de “intervenção, formatação, interferência e construção de `bacias semânticas’ que determinarão a complexidade dos `trajetos antropológicos’ de indivíduos ou grupos” (SILVA, 2003, p.20).

Percebe-se, com a citação do autor, que as comunidades virtuais, em

geral, criam nos indivíduos que fazem parte das mesmas uma sensação de

que eles precisam intervir de algum modo na troca de informação, interagindo e

assimilando o conteúdo divulgado no grupo, pois só assim irão desenvolver o

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73

sentimento de pertencimento. O termo "estimulação imaginal" refere-se à

possibilidade de o autor ser instigado pelas tecnologias, a reconstruir,

reinterpretar e reconfigurar o universo cultural e social, seu e de todo o grupo.

Da mesma forma que as redes sociais, as comunidades virtuais também

possuem suas classificações especificas baseadas em características próprias,

e que por vezes, se confundem com as topologias das redes sociais. De

acordo com Recuero (2009), essas divisões são: as comunidades emergentes,

as comunidades de associação ou filiação e as comunidades híbridas.

4.2.1 Comunidades emergentes

Em comunidades emergentes as interações entre os atores criam uma

interação que vai se tornando forte ou fraca de acordo com o grau de conexão

dos mesmos. Recuero (2009) afirma que em comunidades virtuais as relações

vão se estreitando à medida que os laços sociais18 vão se aproximando do

núcleo, que seria a parte onde haveria uma maior quantidade de nós na

comunidade. Quando os laços são mais fracos as relações se afastariam

ficando na região denominada de periferia.

Figura 4- Esquema representando uma Comunidade virtual emergente

Fonte: http://www.raquelrecuero.com/arquivos/2009/03/redes-sociais-d.html. Acesso em:

18/11/2013.

18

O laço social é uma conexão estabelecida entre atores sociais, que se formam através de interações. Esses laços são constituídos em relações específicas, como proximidade, contato frequente, fluxos de informação, conflitos ou suporte emocional. o laço social também poderia ser formado através de uma associação, por uma ligação entre o indivíduo e uma instituição ou grupo.

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As interações ocorridas em comunidades virtuais emergentes se

baseiam nas interações recíprocas entre os atores, uma vez que existe troca

social. Granovetter (apud RECUERO, 2009) afirma que a força que o laço

social irá possuir nas relações das comunidades emergentes se determinará

pela intimidade (confiança), reciprocidade e intensidade emocional. Conforme o

autor, as conexões entre os atores não seriam simétricas, ou seja, igualitárias.

Seriam então, assimétricas, visto que um laço pode possuir valores e

composição diferenciada entre os atores.

4.2.2 Comunidades de associação ou filiação

Diferentemente das comunidades emergentes, os grupos de associação

são bem menos conectados entre si, se constituindo em atores mais isolados

em tríades, ou seja, em subgrupos. Desse modo, nesse tipo de comunidade, é

difícil fazer uma análise subdividindo-a em centro e periferia, como ocorre nas

comunidades emergentes.

As interações nas comunidades de associação ocorrem, portanto, de

forma bem menos intensa. Conforme Recuero (2009), o que acontece,

principalmente, é uma interação social reativa, ligada ao vínculo de

pertencimento que se sobrepõe ao vínculo interacional. As conexões existentes

entre os atores aparecem mais na condição de participantes identificados com

o ideal que um grupo apresenta do que propriamente em relações de

interatividade mútua de opiniões e conteúdo.

Figura 5- Esquema representando uma Comunidade virtual de associação

Fonte: http://www.raquelrecuero.com/arquivos/2009/03/redes-sociais-d.html. Acesso em:

18/11/2013.

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75

Exemplificando, seria um grupo fictício X que visa debater sobre os

distúrbios alimentares, onde a maioria dos atores estaria presente

principalmente pelo interesse em relação ao tema, e não para promover

divulgação de conteúdo, ou trocar informações sobre o assunto. Isso, em geral,

ficaria concentrado em um pequeno grupo de atores, que podem ser os

próprios criadores da comunidade ou conhecedores mais aprofundados do

tema, entre outros.

Granovetter (apud RECUERO, 2009) afirma que em grupos associativos

os laços não possuem reciprocidade, intimidade e intensidade emocional,

seriam, portanto, laços associativos. Embora, possam existir laços com

relações mais intensas e com interações mútuas, como nas comunidades

emergentes, estes são, porém, bem mais fracos.

4.2.3 Comunidades híbridas

Essas comunidades, como o próprio nome sugere, possuem

características das duas anteriormente citadas. Elas apresentam uma estrutura

também diferenciada. A interação social em comunidades híbridas fica, em

geral, concentrada em seu núcleo, onde é possível encontrar laços mais fortes

e mais fracos.

Figura 6- Esquema representando uma Comunidade virtual híbrida

Fonte: http://www.raquelrecuero.com/arquivos/2009/03/redes-sociais-d.html. Acesso em:

18/11/2013.

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76

Além disso, conforme Recuero (2009), as conexões não são todas

baseadas em interações mútuas, mas em reativas também. Ou seja, as

abordagens nem sempre ocorre de ator para ator, mas podem ocorrer de um

ator para vários outros atores.

4.3 EXEMPLOS DE REDES SOCIAIS

Atualmente uma parte considerável dos milhões de usuários da internet,

no Brasil e no mundo, possui seu próprio perfil ou página pessoal em pelo

menos uma das centenas de redes sociais existentes na web. São redes

sociais variadas, que possuem em geral o intuito de proporcionar interatividade,

principal pilar desses ambientes virtuais.

No entanto, pesquisas recentes elaboradas por empresas especializadas

na área de tecnologia da informação mostram que há uma enorme

concentração em apenas dez redes, sendo que o Facebook lidera de forma

significativa o número de acessos no mundo inteiro. A tabela a seguir mostra

as dez redes sociais mais acessadas ao redor do globo. Os dados foram

captados pela empresa norte-americana Alexa19, especializada em

informações sobre a web:

Tabela 2-Colocação das redes sociais mais acessadas no mundo

Rede Social Acessos mensais estimados Posição Geral

Facebook 750.000,000 1º

Twitter 250.000,000 2º

LinkedIn 110.000,000 3º

Pinterest 85.500,000 4º

MySpace 70.500,000 5º

Google Plus+ 65.000,000 6º

DeviantArt 25.500,000 7º

LiveJournal 20.500,000 8º

Tagged 19.500,000 9º

19

Fonte: Alexa, Abril, 2013. Disponível em: http://www.ebizmba.com/articles/social-networking-websites. Acesso em 07/10/2013.

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Tabela 2-Colocação das redes sociais mais acessadas no mundo

Orkut 17.500,000 10º

Fonte: Alexa, 2013.

Em se tratando do Brasil, o Facebook também lidera o número de

acessos. A lista de redes sociais mais utilizadas em nosso país, entretanto, se

apresenta de modo diferente. Na tabela a seguir que possui os dados

coletados pela Serasa Experian20 (Junho, 2013), vê-se a porcentagem das dez

maiores redes sociais em número de acessos em nosso país:

Tabela 3-Porcentagem de acessos das dez redes sociais mais usadas no Brasil

Rede Social Porcentagem de acessos Colocação

Facebook 68,23% 1º

YouTube 16,07% 2º

Ask.fm 1,86% 3º

Twitter 1,75% 4º

Orkut 1,73% 5º

Yahoo Respostas Brasil 1,55% 6º

Badoo 1,08% 7º

Bate-Papo UOL 0,82% 8º

Google Plus 0,74% 9º

Skype 0,48% 10º

Fonte: Serasa Experian, 2013.

Fazendo uma análise breve em relação às duas tabelas é possível

perceber uma diferença significativa nas redes sociais na internet mais

utilizadas no Brasil e no mundo. Vê-se que algumas redes que são acessadas

em outros países não fazem parte da lista das mais acessadas no Brasil e vice-

20

Fonte: Serasa Experian, Junho, 2013. Disponível em: http://www.trianons.com.br/lista-de-redes-sociais-utilizadas-no-brasil/ Acesso em: 07/10/2013.

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78

versa. A colocação de algumas redes também é um fator bem interessante. O

Orkut, por exemplo, ainda aparece em quinto lugar no número de acessos em

nosso país, embora com uma porcentagem pouco significativa, uma vez que o

Facebook lidera, abrangendo quase 70 por cento no número de acessos às

redes sociais.

Observa-se, também, que no Brasil há uma grande procura por redes

sociais voltadas principalmente, para o entretenimento, troca de informações, e

socialização. Isso é visível devido ao fato de haver a predominância de sites de

redes sociais de vídeos como o YouTube, de perguntas e respostas como o

Ask.fm e YahooRespostas e de outros de socialização como é o caso do

Badoo, Twitter, Skype, entre outros.

A seguir será apresentada uma descrição sucinta de quatro redes

sociais, as mesmas foram escolhidas por serem, atualmente, as mais

conhecidas do público brasileiro. Além disso, as características peculiares

existentes em cada uma delas ajudará a compreender o funcionamento e

finalidade de uma rede social, de modo mais abrangente.

4.3.1- Facebook

O Facebook é um site e serviço de rede social que foi lançado na internet

em 4 de fevereiro de 2004, operado e de propriedade privada da empresa

norte-americana Facebook Incorporation. O nome original dessa rede social foi

Thefacebook. O nome do sistema é proveniente do nome informal para o livro

dado aos estudantes no início do ano letivo por algumas instituições

universitárias nos Estados Unidos, para ajudar os alunos a conhecerem uns

aos outros.

O Facebook aceita como membro do site qualquer usuário que afirme

possuir ao menos 13 anos de idade, criando seu próprio perfil. Foi fundado

por Mark Zuckerberg e por seus colegas da Universidade de Havard; Eduardo

Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes. A estrutura e a utilização do site foi

primeiramente limitada, pelos fundadores, aos estudantes da Universidade de

Harvard, todavia foi expandida para outras faculdades da região onde se

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79

localizava a instituição de ensino. Em 4 de outubro de 2012 o Facebook atingiu

a marca de 1 bilhão de usuários ativos em todo o mundo21.

Em relação a sua interface, o site faz questão de frisar que a inscrição no

mesmo é gratuita, assim os usuários precisam fazer o registro antes de utilizá-

lo. Após isso, podem criar um perfil pessoal, adicionar outros membros como

amigos e trocar mensagens, incluindo notificações automáticas quando

atualizarem o seu perfil. Os usuários também podem participar de grupos de

interesse comum com outros participantes, organizados por escola, ambiente

profissional ou faculdade, ou outras particularidades, e segmentar seus amigos

em listas como "as pessoas do trabalho" ou "amigos pessoais".

Os membros dessa rede social também podem publicar postagens de

outros sites, com conteúdos que acharem relevantes, ou publicações com

autoria própria, além de imagens, vídeos, notícias, etc. Essas postagens ficam

expostas na área do perfil do usuário, denominada de "linha do tempo", e pode

ser visualizada por outros usuários conforme a vontade de cada membro. Do

mesmo modo, as postagens podem ser compartilhadas através do recurso

"compartilhar", por outro usuário, promovendo, portanto, uma difusão em rede

de um determinado conteúdo.

O Facebook possui outros recursos bem peculiares, como o botão

"curtir", a partir do qual os usuários podem demonstrar publicamente que

gostaram de certos conteúdos, tais como atualizações de status, fotos,

comentários, compartilhamentos de amigos e propagandas. Além disso, é

possível escrever comentários sobre essas publicações, que, assim como em

outras redes sociais voltadas para a socialização, promove a interatividade e a

troca de opiniões.

Do mesmo modo que o Twitter é possível enviar mensagens privadas

para determinado usuário. Também há a ferramenta voltada para o bate-papo,

onde os usuários podem conversar entre si instantaneamente. Caso o usuário

opte por falar com um membro específico, basta escolher com quem deseja

interagir. No perfil pessoal os usuários podem expor fotos, imagens e divulgar

21

FOLHA DE SÃO PAULO. "Facebook mostra o raio-x de 1 bilhão de usuários", Folha de São Paulo, 04 de outubro de 2012. Página visitada em 25 de outubro de 2013.

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informações sobre sua biografia. No recurso "status" é possível que os

usuários informem aos seus amigos e membros das comunidades nas quais

participam temas de seu interesse, que incluem gostos musicais, filmes, livros,

etc.

Figura 7- Exemplo de página de perfil pessoal no Facebook

Fonte: FACEBOOK. Disponível em: <http://www.facebook.com/>. Acesso em: 18/10/2013.

Figura 8- Exemplo do recurso "status" no Facebook

Fonte: FACEBOOK. Disponível em: <http://www.facebook.com/>. Acesso em: 18/10/2013.

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81

Uma possibilidade interessante, que dá ao usuário dessa rede social

uma grande liberdade, é a criação de páginas ou comunidades virtuais voltadas

para determinado interesse. De tal modo que qualquer membro pode criar uma

página para divulgar determinado produto, empresa, ou tema relevante, bem

como um grupo virtual com um interesse específico. O usuário pode aproveitar

os recursos disponíveis e produzir conteúdos relevantes. Para promover a

divulgação e proporcionar a participação e o engajamento de outros usuários é

possível criar "convites", que são enviados especificamente para algum amigo

ou outros membros, bastando aceitá-los para participar do grupo ou receber

informações de determinada página.

Devido à vasta possibilidade de interação social, recursos digitais

disponíveis e amplitude do Facebook em termos de números de usuários e

acessos, uma comunidade virtual específica, existente nessa rede, foi

escolhida para ser o objeto de estudo da referida pesquisa. No capítulo

seguinte será detalhada a metodologia utilizada, o objeto analisado e a análise

dos dados.

4.3.2-YouTube

Foi criado em fevereiro de 2005 por três precursores do PayPal, um

famoso site da internet ligado para gerenciamento de transferência de recursos

financeiros. Trata-se de um site, no qual os usuários podem carregar, assistir e

compartilhar vídeos em formato digital.

O YouTube faz uso dos formatos digitais Adobe Flash22 e HTML523 para

disponibilizar o conteúdo. É o mais conhecido e utilizado site da categoria de

vídeos, segundo dados de 2013 do grupo norte-americano Alexa. O mesmo

figura em terceiro lugar na colocação mundial na lista dos sites mais visitados.

22

É um software primariamente de gráfico vetorial - apesar de suportar imagens bitmap e vídeos - utilizado geralmente para a criação de animações interativas que funcionam embutidas num navegador web e também por meio de desktops, celulares, smartphones, tablets e televisores. 23

Trata-se de uma linguagem para estruturação e apresentação de conteúdo para a World Wide Web e é uma tecnologia chave da Internet originalmente proposto por Opera Software. É a quinta versão da linguagem HTML. Esta nova versão traz consigo importantes mudanças quanto ao papel do HTML no mundo da Web, através de novas funcionalidades como semântica e acessibilidade.

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Devido à possibilidade de hospedar quaisquer vídeos, exceto materiais com

direitos autorais reservados (apesar de ser possível encontrá-los), há uma

grande diversidade de filmes, videoclipes e materiais caseiros.

O material encontrado no YouTube pode ser compartilhado em blogs e

sites pessoais através de mecanismos digitais elaborados pelo site. Em 9 de

outubro de 2006 o site de pesquisas Google adquiriu o YouTube pela quantia

de US$1,65 bilhão em ações24, sendo considerada a segunda maior aquisição

do grupo.

O YouTube é considerado um site voltado principalmente para o

entretenimento, visto que a maioria dos seus vídeos possui esse aspecto. No

entanto, há a possibilidade, também, de encontrar uma grande quantidade de

materiais voltados para a educação, como documentários, programas e aulas

audiovisuais expositivas. O uso do YouTube para essa finalidade, todavia,

ainda é pouco explorado.

É visto como uma rede social, já que permite ao usuário criar seu próprio

perfil, chamado de canal, para interagir com os demais usuários. Com este

perfil é possível que se possa enviar vídeos, colocar informações pessoais,

adicionar outros canais, entre outras funcionalidades. Um dos recursos que

promove maior interatividade entre os atores sociais do YouTube, é a opção

"comentar", que permite que os usuários possam dar sua opinião sobre

determinado vídeo assistido, criando, assim, amplas discussões, pois é

possível uma resposta por parte de outro usuário.

4.3.3-Twitter

O Twitter foi criado em 2006 pelos norte-americanos Jack Dorsey, Evan

Williams e Biz Stone. Inicialmente a ideia dos fundadores era a de que o

Twitter fosse uma espécie de "SMS25 da internet", com a limitação de

caracteres de uma mensagem de celular, no caso o número exato de 140. O

primeiro nome foi Twttr (sem vogais), depois, para facilitar a pronúncia, o

24

Disponível em: http://money.cnn.com/2006/10/09/technology/googleyoutube_deal/index.htm.

Acesso em 08/10/2013. 25

É um serviço disponível em telefones celulares digitais que permite o envio de mensagens curtas com até 160 caracteres.

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vocábulo passou para Twitter, que em inglês, significa gorjear, piar. Dessa

forma, o Twitter se assemelha bastante a um microblog26. No entanto, o Twitter

é considerado uma rede social porque possui características

predominantemente voltadas para a interatividade, socialização e

compartilhamento de informações e interesses em comum, atributos inerentes

a estes tipos de sites da internet. Ademais, o mesmo apresenta as figuras dos

atores sociais, com suas atuações e dinamismo constantes.

O sistema é estruturado em dois tipos de atores sociais, que são os

seguidores e as pessoas a seguir, em que cada membro pode escolher quem

deseja seguir e por quem quer ser seguido. Existe, também, a possibilidade de

se enviar mensagens privativas para outros usuários, contudo, em geral, a

maioria das mensagens possui caráter público. Assim, as mensagens que a

pessoa publica e que podem ser visualizados por todos ficam expostas para

que os demais usuários que o seguem possam ver e, desse modo, possam

opinar ou dar uma resposta, conforme o caso.

Outras características importantes da rede social Twitter são os trending

topics e as hashtags. O primeiro se refere às frases mais publicadas no Twitter

em tempo real, e que, deste modo, ganham maior visibilidade. Já as hashtags

se referem ao tema desses assuntos que estão sendo mais comentados, e é

simbolizado pelo caractere "cerquilha" (#). O interessante é que a ferramenta

hashtag também foi assimilada por outras redes sociais, como o Facebook e o

Instagram.

4.3.4- Orkut

A rede social Orkut surgiu em 24 de Janeiro de 2004, e possui

características típicas de um sistema, cujo principal objetivo é ajudar seus

filiados a conhecer pessoas e manter relacionamentos. Seu nome se deve ao

26

Trata-se de uma forma de publicação de blog que permite aos usuários que façam atualizações breves de texto (geralmente com menos de 200 caracteres) e publicá-las para que sejam vistas publicamente ou apenas por um grupo restrito escolhido pelo usuário. Estes textos podem ser enviados por uma diversidade de meios tais como SMS, mensageiro instantâneo, e-mail, MP3 ou pela Web.

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fundador, Orkut Büyükkökten, engenheiro turco do Google, portal eletrônico de

pesquisa, o qual a rede pertence.

O público-alvo inicial do Orkut era os Estados Unidos, no entanto, a

maioria dos usuários atualmente é do Brasil e da Índia. No Brasil a rede social

chegou a possui cerca de 30 milhões de usuários ativos27, porém, foi superada

pelo líder mundial no segmento, o Facebook. Na atualidade o número de

usuários brasileiros é muito pequeno, sendo que uma pesquisa realizada em

2013 pela Serasa Experian apontou que em três anos o Orkut perdeu cerca de

95,6% em número de acessos28. Na Índia ele também é a segunda rede social

mais visitada. O Orkut tem mais de 33 milhões de usuários ativos no mundo,

porém esse número é bem maior se forem descontados os perfis que se

encontram fora de uso.

Possui características típicas de sites de redes sociais voltados para a

socialização, como criação de perfis individuais, a criação de comunidades

virtuais baseados em um interesse comum, interação entre os usuários através

de postagens de vídeos, imagens, mensagens, etc.

27

Disponível em: http://www.alexa.com/siteinfo/orkut.com. Acesso em 11/10/2013. 28

Disponível em: http://canaltech.com.br/noticia/orkut/Orkut-perde-956-dos-acessos-no-Brasil-em-tres-anos-afirma-pesquisa/. Acesso em 11/10/2013.

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85

5 METODOLOGIA, OBJETO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo serão apresentadas de forma mais detalhada a

metodologia que norteou a seguinte pesquisa, bem como o delineamento do

objeto avaliado e a análise dos dados, obtidos através da observação feita por

meio de um estudo de caso de uma comunidade virtual de aprendizagem.

5.1 METODOLOGIA

A pesquisa posiciona-se dentro do campo da pesquisa qualitativa, visto

que se espera constatar elementos não quantificáveis, mas sim

comportamentais, com relação aos indivíduos analisados, diante de sua

postura perante o objeto de estudo, que, no caso, é uma comunidade virtual

criada na rede social Facebook. Tais comunidades são comuns no cotidiano de

algumas instituições de ensino, e são assim definidas por Sartori e Roesler

(2003, p. 07):

Dentre as comunidades virtuais, encontramos comunidades voltadas para a educação, para a formação on-line, ou seja, as comunidades virtuais de aprendizagem. Estas são criadas a partir de objetivos definidos, principalmente o de desenvolver habilidades e competências e de formação geral ou profissional em determinado grupo, agrupando e oferecendo dispositivos de informação e comunicação para seus integrantes travarem relações com o objetivo comum de aprender.

Ainda segundo as autoras, esses espaços visam principalmente

promover a educação, a cultura e a comunicação, viabilizando, dessa maneira,

a sociabilidade, uma vez que os participantes encontram-se envolvidos em

uma lógica de compartilhamento, busca pelo conhecimento e projetos de vida.

As ferramentas e as técnicas utilizadas foram escolhidas no sentido de

proporcionar ao pesquisador um contato mais próximo com o objeto de estudo,

visando, dessa forma, uma maior confiabilidade dos resultados.

Trata-se de um estudo de caso, que é assim definido por Gil (2002, p.

54): "Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de

maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente

impossível mediante outros delineamentos já considerados."

Portanto, o estudo de caso está totalmente inserido na metodologia que

foi desenhada para esta pesquisa, uma vez que foram adotados procedimentos

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que tiveram como foco um caso específico: a relação dos educandos no

processo de ensino-aprendizagem em um ambiente virtual inserido em uma

determinada rede social. A análise se deu tanto a partir de um questionário

aplicado a quatro membros-participantes contendo três perguntas subjetivas,

bem como através da observação detalhada das características, histórico e

métodos do grupo virtual.

O trabalho também se construiu a partir de uma pesquisa bibliográfica,

visto que se torna praticamente impossível desenvolver qualquer tipo de

pesquisa acadêmica sem consultar o material bibliográfico já elaborado sobre o

assunto a ser estudado, que se constituem principalmente por livros, artigos,

monografias e demais recursos literários. Sobre esse aspecto Gil (2002, p. 44)

afirma:

Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente mediante fontes bibliográficas.

Ainda no contexto da pesquisa bibliográfica, o uso da internet, que se

insere como importante recurso na coleta de dados, foi imprescindível para o

enriquecimento do trabalho, devido ao tema escolhido. O uso da internet como

forma de pesquisa é cada vez mais frequente na investigação acadêmica. De

acordo com Yamaoka, Duarte e Barros (2008), a internet é rica em fonte de

informação. Os populares mecanismos de busca, tais como o Google e Yahoo,

dependendo da palavra-chave que se pesquisar, apresentarão como resultado

milhões de páginas de diversos idiomas, culturas e assuntos ao alcance do

usuário. Contudo, verificar a confiabilidade da fonte é sempre indispensável.

Quanto à classificação com base em seus objetivos a pesquisa é do tipo

exploratória. Essa modalidade de pesquisa se caracteriza, principalmente, pelo

seu objetivo principal, que é o aprimoramento de ideias ou a descoberta de

intuições, o que a torna bastante flexível, uma vez que permite a consideração

dos mais diversos aspectos sobre o fato estudado.

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87

Devido ao tema escolhido ainda ser pouco explorado, foi importante

utilizar este tipo de pesquisa, já que, para Gil (2002), é o tipo mais

recomendado para temas com este tipo de enfoque.

Ainda em relação à metodologia, devido ao fato da pesquisa se

desenvolver em grande parte em um ambiente virtual, surge, assim, uma nova

concepção de investigação, que visa abranger e compreender essa nova

realidade, que até algumas décadas atrás não fazia parte do mundo

acadêmico.

Para se compreender a cultura, o sujeito, os valores e os novos grupos

formados no universo virtual surgiu o conceito de "netnografia", ou etnografia

virtual. O neologismo é definido por Rebs (2011) como a finalidade de

aproximar-se das mesmas propriedades do método etnográfico (ou seja,

estudos de práticas sociais, de artefatos que instituem a cultura), com a

aplicação principal para o estudo de práticas, interações, usos e apropriações

de meios por grupos e comunidades situadas no universo virtual.

Assim, a pesquisa se pautou em alguns conceitos inovadores dessa

nova modalidade de metodologia aplicada à pesquisa no ambiente digital, sem

descaracterizar o rigor acadêmico tradicional necessário para o

desenvolvimento da mesma.

5.2-OBJETO DE ESTUDO

O objeto de estudo escolhido para a referida monografia foi um grupo

virtual criado na rede social Facebook, com o intuito de ser uma ferramenta de

auxílio a uma determinada disciplina de curso superior, denominada "Semiótica

das Mídias". A mesma faz parte da grade curricular de um curso de

Comunicação Social de uma determinada instituição de ensino superior de

Fortaleza.

No caso, a comunidade virtual foi criada pela professora, sendo

considerada como um grupo fechado, ou seja, reservado exclusivamente para

pessoas que fossem convidadas pelo fundador e que estivessem matriculados

na disciplina. Dessa forma, a professora chamou os alunos a participarem por

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meio de convites29 virtuais. Ainda em relação à classificação da comunidade

em seus aspectos de interação e dinamismo, segundo Recuero (2009) pode-se

inseri-la no conjunto das comunidades emergentes. Portanto, conforme visto

anteriormente, esses ambientes possuem como principal característica a

interação intensa entre os atores sociais, porém, desequilibrada e desigual,

pois, tende a ser mais próxima somente entre membros com maior afinidade.

O grupo pesquisado foi de alunos situados na faixa etária (aproximada)

compreendida entre 17 e 32 anos, composta por jovens e adultos que, em

geral, pertencem às classes sociais A, B e C. Em relação ao gênero, a

comunidade virtual se dividiu em 38 usuários do sexo masculino e 42 do

gênero feminino, incluindo a professora.

O motivo da escolha do mencionado grupo se deu pelo fato de que o

mesmo foi criado no ambiente digital, com o intuito de ser uma ferramenta

complementar de ensino-aprendizagem. Dessa forma, de acordo com Mussoi

et al. (2007, p. 06), em relação aos comportamentos dos indivíduos nesses

ambientes virtuais é importante destacar que:

As comunidades virtuais de aprendizagem realizam comunicações interativas, onde as normas, os valores e os comportamentos são definidos na própria comunidade. A aprendizagem é cooperativa e todos os sujeitos têm o mesmo direito de participação. O sujeito assume o papel ativo na construção do seu conhecimento de acordo com o tema da comunidade e o educador tem o papel de orientador.

O fato de ter sido criado no Facebook, que atualmente é considerada a

rede social com o maior número de acessos, também foi importante, visto que

essa rede possibilita a criação de comunidades virtuais livremente. Um fator

decisivo para a escolha também foi o fato de que o objeto de estudo precisava

ser uma ferramenta educomunicativa, ou seja, que agregasse aspectos da

comunicação com propósitos educativos. Kenski (2007) postula que toda ação

desenvolvida em um ambiente virtual para propósitos de ensino-aprendizagem,

é uma ação educomunicativa. Dessa maneira, a comunidade virtual escolhida

cumpriu com essa função.

29

Trata-se de um recurso próprio de algumas redes sociais virtuais de socialização como o Facebook, onde é possível convidar determinada pessoa a participar de determinada comunidade, evento ou até mesmo adicioná-la a sua lista de amigos.

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89

Além disso, o grupo virtual foi bastante expressivo em termos numéricos,

contando, na época, com 80 membros, sendo que 79 eram alunos e uma era a

educadora. Desse modo, com um número considerável, foi possível que

houvesse uma interação maior e mais intensa entre os atores sociais, dando,

assim, maior dinamicidade à comunidade. Conforme Recuero (2009),

comunidades virtuais na internet com um número maior de atores sociais

possibilita ao observador resultados mais abrangentes, já que, as interações

podem ou não ocorrer com frequência e intensidade distintas.

As ferramentas disponíveis no grupo virtual também foram motivos

importantes no momento da escolha, visto que o Facebook oferece recursos

interessantes para que seus usuários possam interagir entre si, como as

opções "curtir", "comentar" e "compartilhar", que foram abordadas

anteriormente.

No caso, a ferramenta "publicar", que em geral foi a mais utilizada,

possibilitou que os membros do grupo publicassem informações relevantes

sobre o tema da disciplina. Com esse recurso, os alunos também puderam

enviar vídeos, imagens, informações, comentários, indagações, textos – ou

qualquer outro arquivo interessante que mantivesse alguma ligação com o

conteúdo estudado pelos discentes – que ficavam abertos para que todos do

grupo pudessem interagir. Assim sendo, percebe-se que, baseado nas ideias

de Recuero (2009), a interação se constrói a partir de uma troca mútua entre os

atores sociais, que pode ser feita utilizando os mais diferentes recursos.

As publicações se davam por ordem cronológica e também de acordo

com as postagens mais "curtidas", iniciando da mais antiga até a mais recente.

Sempre que havia a publicação de uma nova postagem todos os membros do

grupo recebiam uma mensagem em seu "e-mail" cadastrado, alertando para

que o mesmo visualizasse a atualização. Os alunos, em geral, visualizavam e

em alguns momentos comentavam algum tópico interessante.

A ferramenta "foto/vídeo" possibilitava que os membros do grupo

publicassem álbuns exclusivos de imagens relacionados com a "Semiótica das

Mídias". O recurso denominado "perguntar" proporcionou a possibilidade de

algum membro do grupo criar uma determinada enquete, a fim de saber a

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opinião dos demais usuários acerca de determinada questão. Para isso, se

criava a pergunta com uma quantidade "x" de itens, onde quem quisesse

pudesse marcar a resposta que achasse mais interessante, tendo a

oportunidade de comentá-la, caso quisesse.

Havia também o recurso "evento", em que algum membro do grupo

podia expor algum acontecimento interessante que poderia ocorrer no

ambiente físico da sala de aula ou em outro lugar. Por fim, a ferramenta

"arquivo" dava a oportunidade de o aluno expor algum conteúdo próprio sobre

o tema a partir do seu computador. Devido ao fato de ser possível também

"enviar" arquivos pessoais na ferramenta "publicar", esse recurso nunca foi

utilizado.

O grupo foi criado em janeiro de 2013, embora seu "funcionamento"

tenha começado em fevereiro, mês que deu início ao semestre letivo da

instituição de ensino na qual os alunos-membros estavam matriculados. A

interatividade do grupo se deu, principalmente, nos meses em que decorreram

as aulas no ambiente presencial de ensino, ou seja, em fevereiro, março, abril,

maio e junho.

Desta maneira, no tópico seguinte serão detalhadas as principais

interações ocorridas em cada um dos referidos meses, focando,

principalmente, nos aspectos que envolveram os processos de ensino e

aprendizagem, bem como na autonomia dos usuários em utilizarem a

comunidade virtual para darem continuidade à construção do conhecimento.

Geralmente, baseado em Kenski (2007), esse processo se inicia no ambiente

físico da sala de aula das instituições de ensino.

Será abordada também, a análise das repostas dadas ao questionário

aplicado a quatro alunos do grupo, no intuito de compreender suas relações

com a comunidade e com o processo de ensino-aprendizagem por meio das

redes sociais. Sendo que este procedimento de coleta de dados pode ser

qualificado conforme Mattar (2008), como questionário auto-preenchido, no

qual o pesquisado lê o instrumento e o responde livremente sem a interferência

do entrevistador.

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91

5.3-ANÁLISE DOS DADOS

Alguns comentários foram selecionados para ilustrar a interatividade

entre os atores sociais da comunidade. No entanto, para preservar a identidade

dos mesmos, eles serão identificados simplesmente pelos termos: "professora

X" e "alunos", os quais estarão acompanhados por letras aleatórias do alfabeto,

conforme o caso. O grupo analisado, "Semiótica das Mídias", foi criado no dia 7

de Janeiro de 2013 pela professora "X". Entretanto, foi no dia 1 de Fevereiro

que a educadora deu as boas-vindas aos alunos e postou o seguinte

comentário, especificando a finalidade para o qual o grupo foi criado:

Sejam bem-vindos ao grupo da nossa disciplina de Semiótica das mídias. Neste espaço teremos uma nova forma de interação, facilitando o acesso aos conteúdos abordados em sala de aula, orientando vocês com datas e programações, além de servir para trocarmos ideias e compartilharmos dúvidas e sugestões. Vocês poderão contar com notícias, textos, avisos, informações e materiais para aprimorar seus conhecimentos sobre os temas debatidos em sala de aula. Como também, a partir daqui, serão executadas tarefas a serem cumpridas no decorrer do semestre. Desejo a todos um ótimo começo de semestre e bons estudos (Professora X).

Assim, com o comentário da educadora, é possível perceber que a

mesma procurou criar a comunidade virtual para auxiliar no processo de

ensino-aprendizagem dos alunos, uma vez que a professora apontou que, por

meio do grupo, os alunos poderiam interagir entre si, tirando suas dúvidas e

propondo sugestões para o enriquecimento do conteúdo ministrado. Ainda

sobre essa percepção, Sartori e Roesler (2003) afirmam que através das

comunidades virtuais de aprendizagem, "é possível agenciar novas práticas

educativas, novas práticas comunicacionais, novas práticas culturais, como

objeto de ação dos seus membros, como fruto de novas sociabilidades e

subjetividades".

É interessante notar, também, que a professora deixou claro que o grupo

da disciplina serviria, principalmente, como suporte, afim de que os alunos

aprimorassem a construção do conhecimento. O grupo pode ser considerado

como uma extensão do ambiente físico da sala de aula, ou espaço off-line,

onde acontecem as interações sociais físicas. Enquanto o ambiente digital,

sendo um espaço on-line, teria o potencial de ajudar os alunos, aumentando

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ainda mais a possibilidade de interação por meio de recursos extras como;

vídeos, textos, notícias, avisos e outros materiais. Sobre esses aspectos, que

pautam as diferenças dos ambientes físicos e virtuais de aprendizado. Mussoi

et al (2007, p. 07) conceitua que,

A tradicional concepção de sala de aula, com alunos-expectadores enfileirados diante de um professor-especialista detentor da informação, deve ser modificada tanto nos ambientes presenciais, semi-presenciais ou não presenciais. A interação, entre os participantes de uma comunidade virtual de aprendizagem, cria espaços que privilegiam a co-construção do conhecimento e, também, a consciência da ética ao interagir no conhecimento de outra pessoa. Isto significa uma nova concepção de aprendizagem.

No mês de fevereiro ocorreram interações significantes, embora tenham

sido poucas. Uma explicação para esse fato se deve, provavelmente, à

necessidade de adaptação que os alunos precisaram para começarem a

interagir entre si na comunidade virtual recém-criada. Além disso, esse mês,

em geral, é mais curto do que os demais. As principais postagens foram

relacionadas a um vídeo abordando a relação entre "Semiótica e design",

postado por um dos alunos. A professora também utilizou o grupo para divulgar

um texto em formato "PDF30", que deveria ser lido pelos alunos e comentado

em classe.

Os conteúdos também foram disponibilizados pela educadora na

comunidade por meio de slides, que foram utilizados também na sala de aula.

Foi possível avaliar no primeiro mês da interação do grupo que, embora a

educadora fosse a principal divulgadora de conteúdos, os alunos começaram a

se sentir motivados a participar, visto que, começaram a publicar assuntos

relevantes sobre o tema. Além de utilizarem bastante as opções "curtir" e, em

menor grau, a opção "comentar". Em relação à influência da educadora na

comunidade, baseando-se nas ideias de Recuero (2009), a mesma foi o núcleo

das conexões, uma vez que, por exercer maior "autoridade" sobre os atores

sociais, também conduziu o rumo das interações ocorridas no espaço virtual.

30

O PDF (Portable Document Format) é um formato de arquivo, desenvolvido pela Adobe Systems em 1993. Um arquivo PDF pode descrever documentos que contenham texto, gráficos e imagens num formato independente de dispositivo e resolução.

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93

No mês de março as interações começaram a se intensificar um pouco

mais. Os alunos passaram a ter mais autonomia na construção do

conhecimento e na troca de conteúdo e informações. Um aluno usou a

comunidade para tirar uma dúvida em relação a uma atividade que a

professora havia passado, postando o seguinte comentário: "Galera, alguem

sabe me explicar como é o fichamento que a professora quer? Nunca fiz

fichamento na vida, estava olhando aqui na internet, existem três tipos. Vlw!".

É interessante observar, na transcrição da indagação do respectivo

aluno, o uso predominante da linguagem informal, própria dos ambientes

digitais, com abreviações de palavras, falta de acentuação gráfica e uso de

gírias. Tal recurso linguístico predominou na comunicação escrita dos

educandos do grupo virtual. Todavia, não comprometeu em nenhum momento

a interação entre os membros da comunidade, pelo contrário, proporcionou

uma maior espontaneidade nas respostas e um maior dinamismo dentro do

grupo.

Sobre o uso desse tipo de linguagem no espaço virtual, Ravaneda (2010)

concorda que ela acelera a comunicação digital, derruba barreiras, entretanto,

precisa ser utilizada com muita regra e controle, já que, sempre deve ser feita a

adequação ao público ao qual se dirige a mensagem.

O questionamento do aluno obteve oito comentários de outros membros.

Uma aluna sugeriu que o mesmo procurasse em um fórum virtual "X", pois ele

continha dicas de como elaborar este tipo de texto. Os demais comentários, em

geral, também foram indagações sobre a data de entrega e as páginas que

deveriam ser lidas. Porém, a própria professora tratou de esclarecer a dúvida

do aluno, postando uma explicação sucinta e clara sobre fichamento, e como

este deveria ser elaborado. A professora, no decorrer do mês, continuou como

a maior divulgadora de conteúdos na comunidade, esta postou vídeos,

gráficos, imagens, informações sobre datas de entregas de atividades e

notícias sobre eventos relacionados à área.

Contudo, outros alunos também participaram de modo intenso, postando

conteúdos e comentários relacionados ao tema da comunidade virtual, além do

esclarecimento de dúvidas e, até mesmo, de avisos de que não poderiam

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comparecer à aula no ambiente físico da instituição por algum motivo. No

segundo mês foi notado que os alunos já estavam se sentindo mais à vontade

para interagir no grupo virtual. A professora foi peça fundamental para que

houvesse essa maior interação entre os alunos, visto que a mesma continuou

instigando os educandos, para que utilizassem o grupo virtual da maneira como

foi proposta. Mussoi et al (2007) afirma que, o papel e a presença do educador

é indispensável para o sucesso do uso das comunidades virtuais na educação.

No mês de abril a professora solicitou uma atividade educomunicativa na

qual o recurso audiovisual foi bastante utilizado. Os alunos teriam que escolher

uma música específica e criar um vídeo com recortes de imagens que tivessem

uma ligação com a letra da canção e a semiótica. Dessa forma, os educandos,

após produzirem e apresentarem o vídeo em sala de aula, também postaram

na comunidade virtual, com a finalidade de compartilharem com os demais

membros do grupo.

A interação durante esse mês construiu-se, basicamente, através da

publicação dos referidos vídeos e dos comentários que os alunos fizeram entre

si. As outras interações foram provocadas principalmente pela educadora, já

que a mesma divulgou informações sobre o tema, os vídeos e os textos.

A autonomia dos alunos na construção do conhecimento foi observada,

pois estes tiveram a atitude de postar os vídeos que foram apresentados e

debatidos no ambiente off-line da sala de aula, no espaço virtual. Assim, os

estudantes puderam continuar no grupo virtual uma discussão acerca da

experiência que eles tiveram ao produzirem os vídeos.

Uma aluna gostou da ideia e disse que foi bem mais fácil para ela dar

seu depoimento no ambiente digital, pois tinha dificuldades de falar em público.

Kenski (2007) afirma que, em geral, os ambientes virtuais, por não possuírem a

presença física dos participantes, ajuda aos estudantes mais tímidos a

expressarem melhor suas opiniões, e a tirarem as dúvidas que não foram

indagadas em sala de aula por vergonha do estudante em se expor em público.

No mês de maio houve um grande aumento do número de postagens de

conteúdos em relação aos meses anteriores. O número de atores sociais que

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passaram a publicar também aumentou, já que em outros momentos alguns

educandos ficavam apenas comentando, ou dando seu apoio às publicações

através da opção "curtir".

Contudo, as postagens foram mais dispersas e estavam relacionadas,

principalmente, ao compartilhamento de vídeos, textos, notícias sobre eventos,

imagens e reportagens que os alunos encontraram em outros ambientes

virtuais sobre o tema da disciplina. Mais uma vez, a autonomia dos educandos

ficou evidenciada, pois estes procuraram na internet descobrir novas fontes de

informações sobre a semiótica, e quiseram compartilhá-las com todo o grupo

virtual.

De acordo com Mussoi et al.(2007) as comunidades virtuais

proporcionam uma aprendizagem com maior autonomia e independência, do

que no ambiente tradicional. Porém, a figura do educador é fundamental para

que o educando saiba utilizá-la de modo a não dispersar o principal objetivo,

que é a construção do conhecimento.

A professora continuou colaborando com os educandos na construção

do conhecimento e incentivando os alunos a aumentarem ainda mais a sua

autonomia em relação ao compartilhamento de conteúdos relevantes com todo

o grupo. A educadora proporcionou aos alunos hiperligações31 de páginas

virtuais interessantes, nas quais os discentes poderiam encontrar livros

digitalizados, filmes e artigos sobre o tema da disciplina. Por fim, a professora

publicou um aviso no grupo reforçando detalhes sobre o desenvolvimento e a

apresentação de seminários que serviriam como nota final para a segunda

etapa da matéria.

Foi possível notar que no mês de maio os educandos passaram a

aproveitar mais os recursos existentes na comunidade virtual, para a interação

na troca de conteúdos, opiniões e ideias. Recuero (2009) aborda a importância

das ferramentas das redes sociais como facilitadoras das trocas de

31

Uma hiperligação, um liame, ou simplesmente uma ligação (também conhecida em português pelos correspondentes termos ingleses, hyperlink e link), é uma referência dentro de um documento em hipertexto a outras partes desse documento ou a outro documento. Um programa informático utilizado para visualizar e criar esse documento chama-se um sistema de hipertexto, normalmente um usuário pode criar uma hiperligação ou simplesmente uma ligação. Um usuário que siga as ligações está a navegar o hipertexto ou a navegar a web.

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informações e dinamismo das conexões entre os atores sociais. A docente,

mais uma vez, foi peça fundamental para o desenvolvimento dos alunos em

relação a esse processo de autonomia no ensino-aprendizagem.

Em junho, último mês de semestre letivo e de observação, as interações

foram menos intensas que no mês anterior e terminaram mais rapidamente,

devido ao início das férias escolares. As principais interações estiveram

relacionadas ao envolvimento dos alunos no seminário, atividade proposta pela

professora no mês de maio. Dessa forma, os alunos trocaram experiências

sobre as apresentações dos grupos em sala de aula. Estes expuseram suas

visões e opiniões sobre os diferentes temas expostos por cada equipe. Sobre a

importância da experiência em conjunto, Sihler (2011, p. 07) diz que:

A experiência em conjunto é a grande responsável pela democratização da informação e do conhecimento, levando a humanidade a uma evolução tecnológica e científica cada vez mais rápida. Os grupos, através de comunidades virtuais de aprendizagem, interagem e constroem uma inteligência coletiva e que se inserem nas novas profissões geradas pela era digital.

A última postagem do grupo foi da educadora, que desejou boas férias

aos alunos. Alguns estudantes agradeceram a professora através de

comentários e disseram ter gostado da experiência que tiveram na comunidade

virtual. Após isso não houve mais nenhuma interação entre os atores da

respectiva comunidade, o que evidenciou certa efemeridade destes espaços

virtuais.

Com isso foi possível concluir que, em geral, os grupos virtuais criados

na rede social Facebook são transitórios quando criados para suprir uma

necessidade de complementação do ensino-aprendizagem off-line, já que os

atores sociais enxergam nestes uma finalidade apenas para determinado

período. Em relação a esse fato, Recuero (2009), diz que em redes sociais, é a

relevância dos conteúdos e o grau de comprometimento dos atores sociais

que, geralmente definem a continuidade ou não de uma determinada

comunidade virtual. Mussoi et al. (2007) afirma que o tempo de uso, que pode

ser permanente ou transitório, determinará a duração de um grupo de

aprendizagem na internet.

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Para complementar a pesquisa de observação realizada foi elaborado

um questionário contendo três perguntas subjetivas e enviado para quatro

alunos responderem, sendo dois indivíduos de cada gênero, escolhidos assim,

por representarem a visão diferenciada de homens e mulheres sobre o tema.

A análise de algumas respostas serve como ilustração para verificar como os

atores sociais lidaram com a experiência na comunidade virtual "Semiótica das

Mídias". Os entrevistados serão identificados pelas letras A, B, C e D.

A primeira pergunta foi a seguinte:

- Como o grupo virtual Semiótica das mídias contribuiu para que você

adquirisse conhecimento sobre o tema?

As respostas selecionadas foram dos informantes A e C. A informante A

respondeu assim:

Foi bacana a construção desse grupo, pois era mais fácil difundir novas ideias com as pessoas inseridas, mesmo não sendo em horário de aula. Podia-se postar vídeos, fotos, textos que nos servissem para um novo questionamento, uma nova discussão

(INFORMANTE A).

Desse modo, é possível compreender que os educandos perceberam a

importância do grupo como forma complementar no processo de ensino-

aprendizagem. A aluna destacou, também, que o ambiente virtual criado

proporcionou a oportunidade de novos questionamentos, visando, portanto, a

uma maneira de os alunos tirarem suas dúvidas pendentes, que não puderam

ser esclarecidas no espaço físico da sala de aula.

Kenski (2007) concorda que esses ambientes colaboram bastante para a

elucidação de temas que os educandos não conseguiram, por algum motivo

esclarecer anteriormente, já que o acesso, muitas vezes imediato, às novas

tecnologias contribui para o contato entre o aluno e a informação.

O informante C respondeu do seguinte modo: "Sim, ajudou bastante,

pois todos contribuíam com os temas apresentados em sala de aula, com

novas informações que conseguiam on-line e compartilhavam com os outros

alunos".

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Com a resposta, o educando procurou focar a importância da

sociabilidade e da coesão do grupo, ressaltando que todos os participantes, de

alguma forma, participaram na aquisição e na construção do conhecimento,

através da utilização dos recursos disponíveis na comunidade virtual. Sihler

(2011, p. 05) aborda o seguinte sobre esse processo dentro da comunidade

virtual:

As comunidades virtuais de aprendizagem priorizam a interação social, a aprendizagem colaborativa e o trabalho cooperativo. Nesta perspectiva, a própria comunidade se legitima, por constituir-se a partir de afinidades de interesses, de conhecimentos, de projetos mútuos e valores de troca, estabelecidos no processo de cooperação. Nestas comunidades há a oportunidade de uma aprendizagem ativa, onde o indivíduo tem papel principal na construção de seu conhecimento, quando este cria significados por meio de vivências, exploração, manipulação e interação.

O segundo questionamento foi:

- Qual (is) ponto(s) positivo(s) e negativo(s) você destacaria no uso das

redes sociais na educação?

A aluna informante A elaborou a seguinte resposta:

A facilidade em se obter novas fontes de pesquisa é uma das maiores vantagens que eu considero que as redes sociais possuem, pois pessoas de diferentes posicionamentos políticos e cultural nos servirão para um novo apanhado de consultas para tornar o objeto de estudo não superficial, mas da mesma forma que amplia, nos escraviza nos tornando presos a esta forma de pesquisa, sem generalizar muitos se esquecem de procurar em livros e pesquisas de campo (caso seja possível). Não devemos também considerar o que vemos nas redes sociais como a certeza absoluta, mesmo que o mesmo seja rico em informação e debates, deve-se fazer uma pesquisa prévia do assunto (INFORMANTE A).

Na resposta dada pela educanda, é possível perceber que esta

considera como ponto positivo a relevância do uso das redes sociais e da

internet em geral, como uma importante ferramenta de auxílio de pesquisa e

apoio ao aprendizado do aluno. Contudo, ela destaca como ponto negativo o

fato de que muitos estudantes se apoiam apenas no ambiente virtual como

forma de se obter informações, esquecendo-se dos métodos tradicionais, que

para ela também são importantes.

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Kenski (2007) afirma que na utilização de recursos tecnológicos na

educação, o elemento humano deve ser considerado como o mais importante

e, portanto, as práticas tradicionais de ensino, que também são muito

importantes para o desenvolvimento do aluno. Estas não devem ser extintas,

mas sim adequadas à realidade contemporânea e dinâmica do ensino-

aprendizagem.

O informante D respondeu do seguinte modo à questão: "Pontos

positivos: maior troca de informações e interação entre alunos e professores.

Pontos negativos: é uma forma de perder tempo e o foco, pois tem bastantes

distrações".

Pode-se intuir através da resposta do informante D, que para ele a

interação, típica das comunidades virtuais, foi de fundamental importância para

o alcance da eficácia no processo de ensino-aprendizagem entre os

envolvidos. Mas este também ressalta que as redes sociais podem desviar a

atenção dos educandos, prejudicando o seu uso na educação, visto que elas

ainda possuem como finalidade principal promover entretenimento. Por fim, a

terceira e última indagação feita aos estudantes foi a seguinte:

- O que você achou do uso do Facebook como ferramenta

complementar de ensino-aprendizagem?

A informante B respondeu da seguinte forma à indagação: "Uma

ferramenta agregadora, já que se trata de uma rede social onde as relações

ficam mais próximas, contribuindo para uma solução de um ensino mais

eficaz." Logo, a aluna mostrou-se satisfeita com a experiência de utilizar a rede

social Facebook como ferramenta auxiliar em seu aprendizado. Ela ressaltou

que se trata de um instrumento agregador, ou seja, que não deve ser a

principal forma de se obter conhecimento, porém, pode ser complementar e

contribuir na educação, para que esta se torne mais eficaz e proveitosa para

todos os envolvidos.

Em relação a esse fato, Kenski (2007), diz que, embora os ambientes

virtuais promovam um grande fascínio entres os educandos, os mesmos ainda

não sabem, utilizá-los para fins de aprendizagem, visto que, procuram

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principalmente o entretenimento nesses espaços digitais. A autora observa

ainda, que os alunos necessitam perceber as redes sociais como ferramenta

complementar, e não como principal fonte de informação.

A informante A respondeu do seguinte modo: "Facilitou a interação

aluno-aluno e aluno-professor. Tirar dúvidas, compartilhar e debater novos

assuntos referentes à cadeira estudada foi uma ótima forma de manter o

interesse dos alunos na sala de aula". Por fim, Mussoi et Al. (2007, p. 07), ao

avaliar o êxito das comunidades virtuais de aprendizagem afirma que:

Neste contexto, a interação ativa, envolvendo conteúdo e comunicação social; aprendizagem colaborativa; significados construídos socialmente e evidenciados pela concordância ou questionamento, com a intenção de chegar a um acordo; compartilhamento de recursos entre os alunos; expressões de apoio e estímulo; vontade de avaliar criticamente o trabalho dos colegas são os indicativos de que a comunidade on-line formou-se de fato, obteve sucesso e integrou-se ao grupo.

Percebe-se, com a explanação da informante, e através do referencial

teórico abordado na análise, que a comunidade virtual cumpriu com a função

proposta inicialmente pela educadora, visto que, conseguiu facilitar a

interatividade entre os atores sociais, criando o maior interesse entre os alunos

e proporcionando uma experiência enriquecedora em relação à construção do

conhecimento.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da Educomunicação no processo de ensino-aprendizagem é uma

realidade nesta sociedade globalizada e em constantes mudanças. A

ampliação do conceito de mundo virtual pautando a vida humana, quer através

da internet ou de quaisquer outros recursos tecnológicos, tem possibilitado

novas metodologias de aprendizagem, que se relacionam com o dinamismo da

comunicação humana contemporânea.

Assim, as redes sociais na internet como uma ferramenta complementar

no processo de ensino-aprendizagem ainda é algo bastante recente e que

requer estudos mais aprofundados, com a finalidade de permitir um

aproveitamento pedagógico maior. Desse modo, essas tecnologias de

informação e comunicação podem se aproximar mais do ambiente escolar,

contribuindo para o enriquecimento das práticas pedagógicas.

Percebe-se que as tecnologias são uma nova forma para a abordagem

do ensino-aprendizado. Entretanto, a inserção dos recursos tecnológicos pode

não ser uma garantia plena de aprendizagem, uma vez que, a mesma

necessita de planejamento e um maior conhecimento em relação às suas

práticas por parte dos educadores e educandos, para que seus resultados

sejam positivos e realmente colaborem para a construção do conhecimento.

A partir da análise da comunidade virtual foi possível concluir que o

processo de ensino-aprendizagem empregando as redes sociais como

ferramenta é promovido, principalmente, através do compartilhamento e do uso

da informação para propósitos educativos, os quais, como resultado,

possibilitam novas contribuições, onde, convém destacar, a aquisição de novos

conhecimentos e habilidades, e a atuação da interatividade como protagonista

desse processo.

As redes sociais, que constituem ambientes em que o compartilhamento

da informação e do conhecimento é dinâmico e natural, são espaços também

de aprendizagem e, assim, tornam-se um ambiente para o desenvolvimento

dos educandos e para a inovação. As interações entre as pessoas interferem

diretamente nesses novos processos, e são essas interações que permitem e

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instigam a aprendizagem, fortalecendo as relações e os benefícios sobrevindos

delas.

Outra constatação interessante foi o reconhecimento da rede social em

questão como um espaço facilitador das conexões, de acesso a links de

interesse, concebendo um sistema flexível de gestão eficiente da

aprendizagem. Em outras palavras, as ações de pesquisa e escolha de

conteúdos relacionados à proposta da disciplina a qual a comunidade virtual

estava interligada foram beneficiadas pela arquitetura da rede social, que

admite concentrar e organizar, em suas páginas, as referentes ligações.

Ainda de acordo com o caso analisado, foi possível perceber que a

Educomunicação, e, especificamente, sua vertente na mídia eletrônica

(internet, celulares, videogames, etc.), apresenta grande potencial para a

ampliação do acesso às informações pedagógicas mais substanciais, e para a

criação de novos espaços de interação social.

A Educomunicação pode cooperar com a promoção da participação dos

atores sociais, no caso educador e educandos, tanto no âmbito escolar como

no contexto de espaços socioculturais. Todavia, as análises revelaram

dificuldades no desenvolvimento de novas interações educomunicativas e a

manutenção da motivação dos atores ao longo do tempo na comunidade

virtual, uma vez que após o término do semestre letivo estes deixaram de

promover compartilhamentos no ambiente virtual.

As ferramentas comunicacionais empregadas pela Educomunicação e,

por conseguinte, pelas redes sociais, sejam elas virtuais, ou não, são capazes

de tornar a participação na esfera social mais acessível e promovem uma

maior facilitação e democracia na discussão das problemáticas apresentadas

em grupo.

No entanto, pôde-se concluir, também, que os espaços sociais, quer em

ambientes on-line ou off-line, constituídos espontaneamente não

necessariamente têm maiores índices de participação social entre os

envolvidos, embora, a princípio, ofereçam uma identificação comunitária maior,

o que poderia provocar maior legitimação perante os participantes.

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Portanto, intui-se que os espaços informais de educação exibem

limitações semelhantes aos espaços criados pelas instituições tradicionais de

educação, no caso as salas de aula e demais espaços físicos de

aprendizagem. Isso está ligado à realidade ainda existente no processo de

ensino-aprendizagem, na qual as relações de poder entre os atores ainda é

bastante concentrada na figura de um único detentor do saber, no caso o

professor, e não na mobilização contínua dos atores em construir o

conhecimento mutuamente.

Por fim, diante do exposto na referida monografia, faz-se importante

cultivar a criação no ambiente escolar de um espaço que favoreça práticas

educomunicativas com acesso à informação e ao conhecimento através das

intervenções midiáticas. Contribuindo para a construção de uma educação

mais próxima da realidade dos alunos, inseridos atualmente no dinamismo e na

interatividade do mundo globalizado e altamente influenciado pelo digital e pelo

tecnológico.

Vale mais uma vez ressaltar que, a tecnologia não é, e nem nunca será,

a solução principal para os problemas educacionais e da sociedade em geral,

mas, que cabe a todos os envolvidos se conscientizarem da importância de

cada um na construção ativa do conhecimento, com o objetivo de valorizarem

tanto os aspectos técnicos quanto os humanos, que devem ser pautados na

ética, no respeito mútuo e na cidadania.

O tema, por ser relativamente ainda pouco explorado pelo âmbito

acadêmico, não se extingue neste trabalho, mas, pelo contrário, abre-se um

leque de muitos outros pesquisas e questionamentos como, por exemplo:

- A utilização de uma comunidade virtual de aprendizagem como didática altera

os papéis tradicionais do aluno e do professor?

-Quais as principais dificuldades para a implementação da Educomunicação?

-A Educomunicação pode constituir um importante fator de democratização da

educação? Essas e muitas outras questões necessitam de atenção que

precisam ser estendidos em outros estudos.

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104

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