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Universidade do Estado da Bahia UNEB Departamento de Educação - Campus XIV Colegiado de Letras: Habilitação Língua Inglesa DÉBORA ARAÚJO DA SILVA FERRAZ Chegadas e partidas: fidelidade, invisibilidade e influências interculturais no processo tradutório Conceição do Coité 2013

Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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Page 1: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação - Campus XIV

Colegiado de Letras: Habilitação Língua Inglesa

DÉBORA ARAÚJO DA SILVA FERRAZ

Chegadas e partidas: fidelidade, invisibilidade e influências

interculturais no processo tradutório

Conceição do Coité

2013

Page 2: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

DÉBORA ARAÚJO DA SILVA FERRAZ

Chegadas e partidas: fidelidade, invisibilidade e influências

interculturais no processo tradutório

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Departamento de Educação – Campus XIV, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, como requisito avaliativo para obtenção do Grau de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua Inglesa.

Orientador: Prof. Raulino Batista Figueiredo Neto

Conceição do Coité

2013

Page 3: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

Débora Araújo da Silva Ferraz

Chegadas e partidas: fidelidade, invisibilidade e influências

interculturais no processo tradutório

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação – Campus XIV, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, como requisito avaliativo para obtenção do Grau de Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua Inglesa.

Aprovação em: 11/12/2013

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Orientador: Raulino Batista Figueiredo Neto Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

_________________________________________ Profª do TCC: Neila Santana

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

________________________________________ Prof.ª Convidado: Fernando Sodré

Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

Conceição do Coité

2013

Page 4: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

Dedico este trabalho a todos os profissionais da

educação, em especial os professores de Língua Inglesa,

que encontrem neste trabalho uma ferramenta de estudo e

também de prática de trabalho, e porque não dizer, uma

metodologia diferente para trabalhar este assunto tão

amplo que é o campo da tradução.

Page 5: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

AGRADECIMENTOS

A Deus, autor da vida e fonte de toda sabedoria, pelo seu amor sem

medidas e pelo seu cuidado especial comigo, presente em todas as etapas e

momentos de minha vida. A Ele devo toda sabedoria, minha vida, tudo que

tenho e tudo que sou.

A minha mãe, grande companheira e que tanto me ajudou nesta etapa

tão difícil, minhas irmãs, meus primos, minhas avós e toda a família, pelo

incentivo, disponibilidade e compreensão aos períodos de isolamento e

dedicação aos estudos, por suas orações e todo apoio a mim dispensado,

vocês são essenciais e a base de tudo.

A meu esposo João Netto, meu grande companheiro de todos os

momentos, por sua compreensão e por sempre entender e me apoiar nos

momentos de preocupações e urgências da Universidade e, de modo especial,

meu filho Deodato Netto, razão de meus dias, que nasceu em meio a esta

rotina árdua de minha vida acadêmica, pela distância e pouco tempo

dispendiado a ele, mas que com certeza entenderá futuramente o valor que a

falta de tempo pra ele, terá pra minha formação profissional, amo vocês!

A meu avô Francisco (in memorian) que me deixou um grande legado de

amor e do sentimento amar e ser amado, por todo orgulho que sempre teve em

mim, saudades eternas.

Ao Professor Raulino Batista Figueiredo Neto, meu orientador, que com

muita sabedoria, inteligência, paciência, competência e prazer me ajudou no

desenvolvimento deste trabalho. Sou grata em especial, por, mesmo a

distância, não ter desistido de minha orientação, sempre me ajudar também

com seu carinho e com suas conversas até mesmo de cunho pessoal, que

sempre me colocava para cima em meio aos períodos de baixo astral, por todo

afeto a mim transmitido, muito obrigado!

Aos professores do Campus XIV, especialmente do Curso de Letras com

Habilitação em Língua Inglesa e funcionários deste Colegiado, que de maneira

significativa contribuíram para minha formação profissional e pessoal, e pelos

que com amizade e companheirismo me impulsionavam a seguir adiante em

momentos difíceis.

Page 6: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

Aos professores que passaram pelo nosso curso e se tornaram

inesquecíveis, cada um a sua maneira e com suas particularidades: Flávia

Aninger, Paulo de Tarso, Plínio Oliveira, Cristina Carvalho, Letícia Telles,

Edsom Barreto, Irenilza Oliveira, Líbia Gertrudes, Juliana Bastos, Ivana

Libertadoira, Mônica Veloso, Emanoel Nonanto, Fernando Sodré, Neila

Santana, Rita Sacramento, Ludimilia Silva, Anna Karina, Margarete Barbosa e

Raulino Batista, meu carinho, agradecimento e meu muito obrigado.

Aos colegas, que com imenso carinho, ultrapassaram os limites formais

de um grupo com afinidade acadêmica e ensejos profissionais convergentes e

se tornaram grandes amigos, desde os que começaram e desistiram aos que

de maneira descemestralizada passaram por nossa turma e os que

permaneceram e de modo muito especial a minha equipe de trabalho: Láisa

Dioly, Ana Zilá, Kelly Tainan, Deise Lima e Josiélia Oliveira, grandes amigas,

companheiras de todos os momentos e que vitoriosas chegamos juntas a este

grande momento, amo vocês.

Aos amigos, que de maneira especial contribuíram com minha trajetória,

compartilhando do dia a dia, das dificuldades, sorrisos e lágrimas,

preocupações e diversões e que de certa forma também entenderam a

ausência e o período de isolamento, sem estes a vida não teria sentido.

A direção e todos os funcionários do Departamento em especial

Margarete Reis e Railton Baldoino, que passaram pelo Colegiado neste

período e sempre nos prestaram grande apoio em tudo o que foi necessário e

aos colegas de outros semestres, também do Curso de Letras Com Habilitação

em Língua Inglesa, que contribuíram de maneira significativa na realização

deste trabalho.

Page 7: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

Sem a curiosidade que move, que me inquieta, que

me insere na busca, não aprendo nem ensino. Me

movo como educador, porque primeiro me movo

como gente.

Paulo Freire

Page 8: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

RESUMO

Este trabalho pretende analisar questões como fidelidade, invisibilidade e influências interculturais no processo tradutório, descrevendo sua execução mediante observação, para posterior discussão acerca dos elementos comparativos envolvidos. Tem como objetivos: 1) analisar os procedimentos usados no trabalho tradutório, no que tange aos conceitos de fidelidade e invisibilidade; 2) mapear as dificuldades enfrentadas pelo tradutor, no que concerne a invisibilidade na tradução de textos; 3) discutir os procedimentos ligados a fidelidade e legibilidade entre o texto traduzido e o texto original; e 4) apontar as contribuições da interculturalidade na relação entre a língua de partida e a língua de chegada. Este estudo tem como pressuposto teórico-metodológico a Pesquisa de cunho etnográfico. Para a análise, foram feitas observações e comparações acerca das traduções obtidas e a tradução original, considerando fatores como fidelidade, invisibilidade e influências interculturais. Os resultados mostram que é impossível para quem traduz neutralizar-se diante do processo tradutório, tendo em vista que muitas de suas marcas, vivências e conhecimentos acabam sendo atrelados a estas, bem como seus desejos e intepretações, inviabilizando a ideia de que a tradução seja meramente um trabalho transcodificado entre línguas. Trabalhos desta natureza se constituem como um importante veículo de conhecimento e reflexão em torno do empreendimento da tradução, na medida em que observa sua influência no “estar entre línguas”, sendo este um processo que se materializa quando nos pomos a traduzir.

Palavras-Chave: Tradução. Interculturalidade. Fidelidade e Invisibilidade.

Page 9: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

ABSTRACT

This work intends to analyze issues such as fidelity, invisibility and cross-cultural influences in the Translational process, describing its implementation through observation, for further discussion about the comparative elements involved. Aims at: 1) analyzing the procedures used in translational work, with regard to the concepts of fidelity and invisibility; 2) mapping the difficulties faced by the translator, regarding the invisibility in translation of texts; 3) discussing the procedures linked to fidelity and legibility between the translated text and the original text; and 4) pointing out the contributions of interculturality in the relationship between the source language and the target language. This study has as theoretical-methodological assumption of ethnographically research. For the analysis, comparisons and observations were made about the translations obtained and the original translation, considering factors such as fidelity, invisibility and cross-cultural influences. The results show that it is impossible for anyone who translates neutralize before the Translational process, considering that many of its brands, experiences and knowledge end up being linked to these, as well as their desires and interpretations, precludes the idea that translation is merely a work transcoded between languages. Works of such nature constitute an important vehicle of knowledge and reflection around the translation endeavor, to the extent that notes his influence on "being between languages", this being a process that materializes itself when we translate. Keywords: Translation. Interculturality. Fidelity and invisibility.

Page 10: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

SUMÁRIO

INTRODUCAO 10

1 O TEXTO ORIGINAL REDEFINIDO: PALÍMPSESTO 14

1.1 A QUESTÃO DO AUTOR NO PROCESSO DA TRADUÇÃO 16

1.2 FIDELIDADE, INVISIBILIDADE E LEGIBILIDADE ENTRE 19

O TEXTO TRADUZIDO E O TEXTO ORIGINAL

1.3 AS INFLUÊNCIAS INTERCULTURAIS ENTRE TEXTOS DE 20

PARTIDA E DE CHEGADA

2 METODOLOGIA 25

2.1 MÉTODO 25

2.1.1 Lócus 27

2.1.2 Sujeitos 28

2.1.3 Instrumentos 28

3 ANÁLISE DE DADOS 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

REFERENCIAS 40

ANEXOS

Page 11: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

10

INTRODUÇÃO

O campo da tradução é laborioso, sobretudo quando o relacionamos, a

questões de “fidelidade” e “legibilidade”, associando-os aos aspectos culturais.

Muitos são os estudiosos que vêm dedicando seus trabalhos aos processos

tradutórios como mediadores das relações interculturais. Nesse sentido vemos

como é constante a busca por um posicionamento unificado quanto à definição

de tradução e, por conseguinte, de uma teoria aceita por todos.

Nas duas últimas décadas, os Estudos de Tradução têm tomado outro

rumo, de forma que a preocupação exclusiva com os aspectos linguísticos vem

dando lugar a problemas de ordem intercultural. Sabemos, hoje, que algo

indispensável à Tradução Intercultural é a influência dos Estudos Culturais, os

quais, embora não constituam nosso objeto de pesquisa, instituem-se como os

meandros constitutivos dos códigos/línguas em jogo, isto é, a cultura e as

relações interculturais decorrentes dessa relação entre línguas-culturas.

Há, em meio a essa multiplicidade teórica, a necessidade de discutir e

comparar abordagens recentes de alguns teóricos de tradução, e de tradutores.

No entorno dos conceitos de tradução vislumbramos dois dos aspectos

fundamentais do processo tradutório, a saber: a noção de “fidelidade” entre o

texto traduzido e o texto de partida, e a “invisibilidade”, elemento que é, para

muitos, o responsável pelo “silenciamento” da voz do tradutor, isto é, pela

despersonalização daquele que traduz1.

Nesse sentido, o objetivo principal do tradutor deveria ser o de torna-se

o mais “fiel” ao original em sua totalidade ascendendo à “invisibilidade” no texto

traduzido, haja vista que o objetivo fundamental da tradução convencional seria

a “reprodução” do “original” em outro código. Outrossim, entendemos que a

tradução, muito mais do que buscar uma fidelidade desmedida e por vezes

inatingível, deveria centrar-se não mais num processo unicamente

intralinguístico, mas, sim, num processo intercultural, no qual as relações entre

línguas-culturas, se alojam.

1 O posicionamento idealista adotado por alguns autores, não reflete aquilo em que acredito. E

é exatamente isso que está presente em minha escrita (a não conformidade com o ideal utópico da invisibilidade).

Page 12: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

11

Todo texto é único e é, ao mesmo tempo, a tradução de outro texto.

Nenhum texto é completamente original porque a própria língua em sua

essência já é uma tradução (PAZ). No trabalho tradutório, a tentativa de

“transferir o sentido de cada palavra” corresponde a “invisibilidade” do tradutor,

tornando o texto traduzido, uma consequência lógica e “fiel” ao texto original.

No entanto, observações vêm sendo feitas acerca desse ideal de fidelidade, o

que nos permite julgar como inócua a fidelidade utópica aos elementos

linguístico-culturais.

Assim, admitimos que estes elementos não sejam facilmente

transportados de um código para outro, numa mera transposição

intralinguística. Isto posto, entendemos que apesar da impossibilidade da

fidelidade tradutória no que compete aos aspectos idiossincráticos da língua-

cultura de partida e da língua-cultura de chegada, é possível a instauração da

fidelidade estilística, já que esta é representativa da historicidade e da ideologia

presentes na obra do autor da língua-cultura de partida.

Desse modo, entendemos que por se tratar de algo intrínseco ao texto

de partida, a fidelidade estilística, muito mais do que algo desejável, deve

figurar como condição para uma tradução adequada ao público leitor do texto

de chegada. Mediante tais observações, faz-se necessário um estudo sobre o

ideal da fidelidade e da invisibilidade do tradutor, já que segundo o que nos

indica Bohunovsky,

[...] a partir de uma visão essencialista, ou logocêntrica, qualquer tradução será sempre infiel, em algum nível e para algum leitor, sempre menor, sempre insatisfeito, em comparação a um original idealizado e, por isso mesmo, inatingível (BOHUNOVSKY, 2001, p. 04).

No esforço por delinear estas questões e no ensejo de entender tais

processos, verificando elementos como estilo, fluência, legibilidade e cultura

nos processos tradutórios, questiona-se: de que modo é possível estabelecer a

ideia do texto original sem incorrer na invisibilidade/anulação dos elementos

linguístico-culturais apenas encontrados na língua-cultura de partida/chegada?

Partindo da necessidade de responder tal questionamento, procura-se

levar em consideração os objetivos que analisam os procedimentos usados no

Page 13: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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trabalho tradutório e seus conceitos de fidelidade e invisibilidade, ao mesmo

tempo em que busca-se mapear as dificuldades enfrentadas pelo tradutor,

discutindo os procedimentos ligados à fidelidade e legibilidade entre os textos e

apontando as contribuições da interculturalidade na relação entre a língua-

cultura de partida/chegada.

Assim, este trabalho justifica-se em verificar se os ideiais da fidelidade e

da invisibilidade sempre acarretam a imagem do trabalho tradutório como

imperfeito, incoerente, apresentando as características culturais que o

influenciam, podendo proporcionar à professores e estudantes um

entendimento sobre a questão da fidelidade e do “respeito” ao texto original e

como os aspectos culturais podem influenciar no ato da tradução, contribuindo

assim para uma visão mais ampliada sobre esta questão tão debatida.

Esta pesquisa se estrutura em três capítulos: O teórico, o metodológico

e a análise de dados. O primeiro capítulo aborda a invisibilidade, fidelidade e

interculturalidade dos textos traduzidos com aquilo que os unifica: o

Palimpsesto. Assim, é estabelecendo as inter-relações “palimpsésticas”, isto é,

o "reescrever por cima" que o tradutor empreende o seu ofício, traduzindo o

outro num outro idioma. Em outras palavras, esse tradutor que trouxemos para

a cena é aquele que trai qualquer alvitre de invisibilização e que ,ao mesmo

tempo, torna possível a aceitação/decodificação do texto primeiro (original), no

contexto sociocultural da língua de chegada. Visto por essa perspectiva, o

tradutor é ,em todas as instâncias, o catalisador e, por isso mesmo, (re)

definidor dos signos e sentidos transpostos de uma língua para a outra.

No segundo capítulo, apresenta-se a metodologia que foi utilizada e que

foi realizada através de uma pesquisa de cunho etnográfico com

procedimentos de um Estudo de Caso. A metodologia empreendida visou a

análise dos procedimentos que são utilizados, bem como as influências

culturais de estudantes de diferentes localidades no processo tradutório de um

abstract em inglês, já previamente traduzido pelo autor. Diante disto foram

utilizados instrumentos de observação, questionário e métodos de comparação,

para que no capítulo seguinte, o de análise de dados, pudéssemos sistematizar

as informações, bem como as percepções, mediante todas as comparações,

observações e estudo analítico dos questionários.

Page 14: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

13

Esta análise, permitiu entender os processos empregados na tradução,

estabelecendo a ideia do texto original sem incorrer na invisibilidade/anulação

dos elementos linguístico-culturais apenas encontrados na língua de partida.

Assim, foi possível verificar se os ideais da fidelidade e da invisibilidade sempre

acarretam a imagem do trabalho tradutório, como imperfeito, incoerente e

apresentar a questão das características culturais como influência nos

trabalhos de tradução. Na próxima seção discutiremos mais aprofundadamente

a questão do texto original e da escrita/reescrita palimpséstica.

Page 15: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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1 O TEXTO ORIGINAL REDEFINIDO: PALÍMPSESTO

“Translation is not a matter of words only: it is a matter of making intelligible a whole culture”. (Anthony Burgess)

Dentre os muitos temas debatidos pelos teóricos da tradução, a

Fidelidade e a Invisibilidade do tradutor tomaram espaço importante nas

discussões, tanto teóricas quanto práticas. Para tanto, podemos associar esses

temas a algo, que mediante sua definição, unifica-os: o Palimpsesto. Segundo

os dicionários, o substantivo masculino palimpsesto, do grego palimpsesto

(“raspado novamente”), refere-se ao “antigo material da escrita, principalmente

o pergaminho, usado, em razão de sua escassez ou alto preço, duas ou três

vezes [...] mediante raspagem do texto anterior (ARROJO, 2003, p. 23)”.

O que se pode reiterar mediante as observações de Arrojo, quando

associamos a tradução de textos ao Palimpsesto, são as inter-relações

estabelecidas e o "reescrever por cima" que o tradutor empreende e ao mesmo

tempo decodifica, no contexto sociocultural da língua de chegada, (re)

definindo signos e sentidos transpostos de uma língua para outra. Um

palimpsesto é um pergaminho onde sua escrita inicial foi raspada para que

outra seja feita, de modo que a leitura da primeira não irá sobrepor a original.

Assim, no sentido figurado, entenderemos por palimpsestos obras que foram

transformadas ou passaram por algum processo de imitação.

Ou seja, nessa leitura refeita não serão reconhecidos os seus territórios,

lamentavelmente, porém, o texto sempre revelará novas possibilidades de

compreensão e de ressignificação, haja vista que quanto mais variados forem

os seus leitores, maior será a profusão palimpséstica. Este meu proposto, não

foge à regra, isto é, sempre será feito dele o mesmo processo de

leitura/releitura até que, na medida em que isto for acontecendo, quem ler por

último, lerá melhor.

Genette (2006) apropria-se desses aspectos, afirmando que “o

hipertexto é, na verdade, o texto originário de um primeiro texto”; essa relação

é estabelecida por processos diretos e imitação. Segundo ele, a Eneida e

Page 16: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

15

Ulisses são exemplos de hipertextos oriundos de um mesmo hipotexto2: a

Odisseia.

A transformação que conduz a Odisséia a Ulisses pode ser descrita como uma transformação simples, ou direta: aquela que consiste em transportar a ação da Odisséia para Dublin do século XX. A transformação que conduz da Odisséia a Eneida é mais complexa e mais indireta, pois Virgílio não transpõe de Ogígia a Cartago e de Ítaca ao Lácio, a ação da Odisséia: ele conta uma outra história completamente diferente, mas, para fazê-lo, se inspira no modelo estabelecido por Homero na Odisséia, imitando-o (GENETTE, 2006, p.03).

Nessa conjuntura, a imitação provoca uma constituição prévia de um

modelo que se reproduziu de forma mimética, isto é, idêntica ao texto anterior.

Entendemos que a visibilidade do tradutor está, desde a primeira linha,

associada à obra que traduz, haja vista que nenhum escritor é o autor principal

do texto que escreve, pois cada leitor e/ou tradutor faz uma leitura, uma

interpretação diferente, mediante suas inter-relações com outras traduções e

outros textos, seu contexto social e local, seu conhecimento de mundo, o que

se opõe frontalmente à ideia que dá conta do processo tradutório como se este

fosse uma mera substituição ou, numa visão flagrantemente reducionista, um

transporte de significados de um texto para outro, de uma língua para outra, de

um código para outro:

Portanto, não se sabe ao certo o que o autor passa em sua mensagem, tendo em vista que só ele sabe defini-la, sendo a tradução uma “produção ativa de um texto que se assemelha ao original, mas que mesmo assim o transforma e que sofre intervenção ativa do tradutor.” (VENUTI, 1995, p.112).

O ato de traduzir não pode ser visto unicamente como transportador de

significados entre línguas, pois muitas vezes, o significado de uma palavra ou

de um texto em sua língua de partida, não poderá ser determinante na outra,

isto só será possível, supostamente, após uma sequência de leituras. Arrojo,

(1996), corrobora com essa consideração, afirmando que neste sentido:

2 Termo sinônimo de subtexto ou texto marginal ao texto principal, normalmente ocupado por

notas de rodapé, posfácio, referências bibliográficas, etc.

Page 17: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

16

[...] O que acontece não é uma transferência total de significado, porque o próprio significado do ‘original’ não é fixo ou estável e depende do contexto em que ocorre, o texto deixa de ser a representação ‘fiel’ de um objeto estável e passa a ser uma máquina de significados em potencial. (ARROJO, 1996, p. 23)

A imagem do texto original, portanto, deixa de parecer-se com vagões,

que meramente contêm uma carga resgatável, que pode ser transportada para

ser a do palimpsesto que aqui proponho.

Desta forma, o palimpsesto passa a ser o texto que foi apagado, mas ao

mesmo tempo resgatado de cada comunidade cultural e de cada época, para

dar lugar à outra escritura (ou interpretação, ou leitura, ou tradução) do mesmo

texto. Assim, como nos ilustrou Genette, com a fábula Odisséia, o que é

possível ter são suas muitas leituras, suas muitas interpretações – seus muitos

palimpsestos. “A tradução, como a leitura, deixa de ser, portanto, uma atividade

que protege os significados originais de um autor, e assume sua condição de

produtora de significados; mesmo porque protegê-los seria impossível”.

(ARROJO, 2006, p. 24).

1.1 A QUESTÃO DO AUTOR NO PROCESSO DA TRADUÇÃO

Muitos teóricos referenciam à questão da intervenção do tradutor no

texto traduzido, pois mesmo que este pretenda manter-se invisível na maioria

das vezes é impossível não deixar suas marcas, seus pensamentos, seu

desejo na escrita, pois “o tradutor, implícita ou explicitamente, impõe ao texto

que traduz os significados inevitavelmente forjados a partir de seus próprios

interesses e circunstâncias”. (ARROJO, 1993, p.81).

Em qualquer tradução das mais simples às mais complexas, haverá a

presença do tempo que foi escrita, da sua trajetória (de quem a traduziu), das

circunstâncias feitas e principalmente dos objetivos e perspectivas (desejos) de

seu realizador. Por si só, a tradução mostra sua originalidade, sendo sempre

uma leitura ou releitura de quem a fez.

Quando um leitor produz um texto, sua interpretação não deve ser

somente sua, da mesma forma que o escritor não é soberano do texto que

escreve. Este ir e vir constante do processo tradutório nos remete uma imagem

Page 18: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

17

de transporte, de trânsito, de movimento (aqui pontuo e volto a me remeter à

ação tradutória como um palimpsesto), como assinala Arrojo (1986):

[...] o tradutor traduz, ou seja, transporta a carga de significados dos textos, porém traduzir não pode ser meramente o transporte, ou transferência de significados estáveis de uma língua para outra, porque o próprio significado de uma palavra, ou de um texto, na língua de partida, somente poderá ser determinado, provisoriamente, através de uma leitura (ARROJO, 1986, p. 13).

Aquele que traduz, não consegue se eximir daquilo que é feito. É

impossível passar na integra as intenções, os desejos e o universo de um

autor, exatamente porque essas intenções, esses desejos e esse universo

serão de forma inevitável, nossa visão daquilo que possam ter sido. Mesmo

que o tradutor consiga repetir totalmente um determinado texto, esta tradução

feita nunca recuperará seu original; Mais uma vez, de maneira inevitável, será

refeita uma leitura, uma interpretação desse texto “que, por sua vez, será,

sempre, apenas lido e interpretado, e nunca totalmente decifrado ou

controlado” (COUTO; KELLER; MOURA, 2010, p. 07).

Levando-se em conta a questão do autor/tradutor e seu papel no ato

tradutório, em torno de fidelidade, equivalência e o original na tradução, é

quase impossível não falar em traição e no que nos remete este termo tão

pejorativo. Em meados dos anos 80, estudos comprovam que a ideia de

“traição” pressupunha o fato de que a tradução passa pelo tempo, pela cultura

e de que era feita como uma operação matemática, mediada pelos dicionários,

onde essa transposição de palavras seria a tradução perfeita.

Levando em conta que a maioria, das traduções não apresenta esses

aspectos de exatidão matemática, é compreensível o fato de concepções mais

essencialistas relegarem muitas dessas traduções a uma operação duvidosa,

como um trabalho menor. Assim, diante dessa visão, as traduções às quais nos

referimos acabam não preenchendo o requisito da exatidão, da fidedignidade

de que falam os puristas. Desse modo, as traduções nos moldes do que

viemos tratando acabam sendo rotuladas como inexatas, imperfeitas, traidoras.

Curiosamente, e contrariando essa visão, encontramos no romano Cícero

(século I a.C.) um alinhamento à uma compreensão mais aproximada de nossa

proposta. Segundo ele o que pesa no ato tradutório “[...] é tentar ser fiel tanto

Page 19: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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quanto possível, não reproduzindo palavra por palavra aquilo que não pode ser

transposto para a língua de chegada”. Ainda segundo o famoso orador:

Não traduzi como intérprete, mas como orador, com os mesmos pensamentos e suas formas bem como com suas figuras, com palavras adequadas ao nosso costume. Para tanto, não tive necessidade de traduzir palavra por palavra, mas mantive o gênero das palavras e sua força. Não considerei, pois, ser mister enumerá-las ao leitor, mas como que pesá-las. [...] Se, como espero, eu tiver assim reproduzido os discursos dos dois servindo-me de todos os seus valores, isto é, com os pensamentos e suas figuras e na ordem das coisas, buscando as palavras até o ponto em que elas não se distanciem de nosso uso... (CÍCERO, 1996, p. 38; 40; V, 14; VII, 23).

Nesse sentido, defende-se que a traição não deva ser tratada como um

desrespeito ao texto e ao que foi escrito, mas como uma liberdade e uma

fidedignidade maior ao texto traduzido, de acordo com o contexto no qual foi

feito e de quem a fez. É impossível traduzir sem respeitar o texto original e,

paradoxalmente, sem desrespeitá-lo, no ensejo de lhe captar melhor o espírito

do traduzido.

Dito isto, mesmo que nosso objetivo seja o de manter as intenções

originais de um autor, o que podemos conseguir, somente, é expressar através

de nossa visão, das leituras e dos processos utilizados as intenções deste

autor. Nessa conjuntura, pode-se corroborar que “quando um leitor ‘produz’ um

texto, sua interpretação não pode ser exclusivamente sua, da mesma forma

que o escritor não pode ser o autor soberano do texto que escreve” (ARROJO,

2003, p. 41).

Na tentativa de problematizar a traição e a (in) fidelidade associada à

atividade do tradutor, dialoga-se com a necessidade de ser o mais fiel possível

ao texto original ou às intenções do autor, para isto na lenda de Homero,

norteia-se esta discussão sobre (in) fidelidade como uma questão “homérica”,

ou seja, pautada em uma hipótese que permanece em discussão:

Não se pode afirmar ao certo se Homero existiu de fato, ou, ainda, se a autoria dos cânones Odisséia e Ilíada devem ser atribuídas a ele, constituindo, por essa razão, uma lenda. A lenda da tradução ou do tradutor como infiel e endividado, pode ser analisada semelhantemente, isto é, como uma missão impossível - questão homérica de difícil solução -, já que os efeitos das soluções podem comprometer todo o pensar contemporâneo sobre o que é a tradução e sua representação, nos mais diferentes contextos, especialmente

Page 20: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

19

no da literatura, pois, assim como a Odisséia e a Ilíada de Homero influenciaram toda a literatura ocidental, também a tradução tem constituído as diversas literaturas e seus respectivos leitores (OLHER, 2010, p. 10).

A fidelidade, apesar de sempre questionável, transforma-se num objeto

desejado e idealizado pelo enunciador, na tentativa de que o termo “o mais”

fiel, expresse esse desejo, o da fidelidade plena, mediante à relação que

perpasse entre o possível e o realizável. E é justamente esta situação que nos

acena para a questão intrínseca a qualquer tradução: o estar entre línguas.

Assim, a questão homérica que se apresenta pode ser percebida, na ótica

daquele que enuncia. Isto é, segundo essa perspectiva, o ato tradutório

representaria uma provável imitação do autor, exercício hercúleo, pois

representa uma flagrante ilusão no que diz respeito a uma semelhança plena

de homogeneidade linguístico-cultural.

1.2 FIDELIDADE, INVISIBILIDADE E LEGIBILIDADE ENTRE O TEXTO

TRADUZIDO E O TEXTO ORIGINAL

“Todo ser humano é situado numa comunidade linguística, social,

política e ideológica que o faz escolher entre este ou aquele modo de

reproduzir o texto original” (VENTUROTTI, 2008, p. 24). É inviável pensar que

é cabido traduzir de maneira neutra em qualquer texto, simplesmente porque

não somos pessoas neutras. Para tanto, os conceitos de fidelidade e

invisibilidade pouco se aplicam a trabalhos tradutórios e não são mais

conceitos representantes para as discussões neste campo.

Se o trabalho tradutório se relaciona com o subjetivo e suas concepções

de mundo, conclui-se que cada tradutor é fiel as suas concepções e

individualidades, como sugere Arrojo:

[...] uma transformação: uma transformação de uma língua em outra, de um texto em outro

3. Mas, se pensamos a tradução como um

processo de recriação ou transformação, como poderemos falar em fidelidade? Como poderemos avaliar a qualidade de uma tradução? (ARROJO, 2003, p. 42).

3 In: DERRIDA, J. apud SPIVAK, G. C. Prefácio do tradutor. In: DERRIDA, J. Of Grammatology.

Baltimore, The Johns Hopkins University, 1980. p. 87.

Page 21: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

20

A questão da “fidelidade” na tradução, portanto, é relativa e dificilmente

se conseguirá reproduzir todas as ideias do autor, em um texto a ser traduzido,

da mesma forma, que a tradução seria fiel às convenções estabelecidas

levando-se em consideração as complexidades que aparecem e, dependendo

da comunidade cultural e da época que estão inseridas e foram produzidas.

Em outras palavras, a tradução de um texto, seja ele qual for, será fiel a

nossa concepção, a nossa interpretação e mais uma vez mediada por nossa

vontade, nossos desejos, conhecimento de mundo e o meio ao qual estamos

inseridos. Deste modo, assumimos o papel, traçamos os objetivos, os

propósitos e reavaliamos o que conseguimos entender por fidelidade.

Questionar-se acerca do que traduzir, para quê, para quem, por que, de que

forma, são perguntas importantes para estabelecer uma direção, e redefinir a

tão discutida fidelidade: o tradutor sempre será fiel a si mesmo e às suas

próprias concepções, juízos e crenças.

Para além de uma fidelidade à nossa idéia de tradução, esta, deve

estabelecer, também, uma relação de conformidade/fidelidade aos propósitos

de que lança mão, considerando que o texto fonte está sujeito a inúmeras

interpretações e particularidades de cada leitor, sendo ele mesmo infiel ao

autor do texto.

Assim, existem traduções de obras “originais”, que nunca foram

revisadas e tampouco passaram por quaisquer tipos de modificação. Além

disso, há também inúmeras traduções de um mesmo texto, que foram feitas

por diferentes tradutores, em contextos, espaços e épocas diferentes, e, aqui,

mais uma vez faço menção a influência cultural de cada tradutor. Nessa

conjuntura, “seria impossível que uma tradução de um texto fosse definitiva e

unanimemente aceita por todos, em qualquer época e em qualquer lugar. As

traduções, não podem deixar de ser mortais” (ARROJO, 2003).

1.3 AS INFLUÊNCIAS INTERCULTURAIS ENTRE TEXTOS DE PARTIDA E

DE CHEGADA

Page 22: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

21

Outro fator importante a se ressaltar é a questão cultural existente no

campo tradutório. Tânia Carvalhal (2003, p. 219) pondera que “essa concepção

de tradução enquanto ato criativo fez com que ela passasse a ser percebida

como ato de comunicação e de intermediação entre culturas, além de conceder

um outro status ao seu tradutor e a ela própria”. Nesta conjuntura, a principal

função da tradução (e, consequentemente, de quem traduziu) é propiciar a

propagação de um texto longe de sua origem, disseminando e transferindo

para a contemporaneidade, independente de sua língua e da época em que foi

escrita.

Em suma, começa-se a perceber o tradutor como mediador das

peculiaridades culturais provenientes do texto traduzido. É o responsável pelas

trocas entre culturas alimentando sua própria produção e promovendo o

intercâmbio entre as línguas envolvidas no processo. Partindo destas

concepções, no que infere as trocas culturais no processo tradutório remeto-me

novamente à Carvalhal (2003, p. 230) quando acrescenta que “a tradução tem

um papel decisivo na transmissão das influências literárias, pois ela traz

sempre alguma coisa de novo para o sistema literário”.

Nesse sentido, observamos de modo flagrante que a questão da

interculturalidade é algo inescapável para os autores que trabalharam na

execução de processos tradutórios. Ratificando esse posicionamento, Bassnet

(1991, p. 13), afirma: “um dos critérios extralinguísticos que envolvem

certamente a questão da tradução, é o componente cultural”. É a definição de

um texto mediante a culturalidade e seu contexto social, geográfico, ideológico

e cronológico em acordo com quem a traduziu. Para questões como estas,

Faria (2010), corrobora que:

Quando um texto é traduzido para outra língua, porém, outras variáveis entram em ação: as diferenças culturais, o nível de domínio da língua de partida por parte de quem traduz a constante evolução das línguas, além das particularidades e características de cada uma das línguas em questão etc. (FARIA, 2010, p. 07).

Mediante essas observações, é indispensável reiterar que tanto o leitor

como o tradutor não conseguem ficar distantes de sua tradução, pois

perpassam pela influência de sua(s) própria(s) realidade(s), mediados pelas

Page 23: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

22

circunstâncias, concepções e pelo contexto histórico e social nos quais estão

inseridos. A história pessoal e social de cada envolvido será determinante para

o que analisarmos como uma tradução verdadeira. Nesse sentido, “é a história

que dá à luz a verdade, e não a verdade que serve de modelo para a história”

(ARROJO, 2003, p. 43).

Observa-se que os textos e suas traduções sempre divergem, mesmo

quando fazem parte da mesma obra, pois a tradução realizada vincula sua

época de produção, a suas concepções de mundo e realidades vividas. Esse

caráter único do que é escrito está sujeito ao tempo e aos costumes sociais,

que são na maioria das vezes mutáveis, pois em cada período são produzidos

outros significados, novos modelos sociais, que com o tempo, tornam-se

obsoletos, caem no desuso, passando a ser necessário o surgimento e/ou

criação de novos significados que visem referencias novas realidades.

Consequentemente, quando a tradução está posta entre culturas

diferentes, surge uma multiplicidade de fenômenos4 entre elas e o tempo em

que foram elaboradas. Portanto, evidencia-se que esta diferenciação mediada

pela tradução pressupõe que se tenha um ótimo conhecimento de ambas as

línguas envolvidas no processo, que seja um excelente observador de suas

culturas e minuciosidades, e, também que se propicie estratégias ao traduzir,

com um bom planejamento, refletindo também sobre a necessidade de estar

sempre renovando as traduções, como exemplifica Landers:

A tradução de 1629 que Thomas Hobbes fez de Tucídides é praticamente impossível de ser lida pelo falante moderno de inglês, pois está repleta dos pronomes thee e thou e de sentenças complexas e barrocas. A tradução de R. Crawley, de 1874, é muito mais fácil de compreender, todavia, seu vocabulário um pouco ultrapassado deixa no ar um cheiro leve de naftalina. Somente a tradução de 1952 de Rex Warner transmite fluência, precisão e modernidade, falando a língua contemporânea do leitor de maneira direta e eficaz. (LANDERS, 2001, p.11)

O autor considera à familiarização do leitor contemporâneo com a língua

utilizada: é um inglês com upgrade. A tradução vem cumprindo seu papel na

época determinada e no tempo estipulado. Pode-se inferir assim, que as

4 Entre os fenômenos no processo tradutório podemos mencionar as questões relacionadas à

idiomaticidade, por exemplo.

Page 24: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

23

realizações humanas, que vem pautada por um determinado período da

história, estão sempre à disposição de um tempo ao qual vem sendo expostas,

mudando e transformando, dando sempre que possível uma nova moldagem

de significados, mediadas por questões temporais. Cabe aqui salientar que a

língua e tudo o que lhe envolve está sempre se renovando, se modificando e

se propiciando novos olhares.

De acordo com o que foi apresentado podemos concluir que a tradução

desempenha um papel fundamental e contínuo na integração e intermediação

de culturas, o que contraria uma afirmativa de Ruth Bohunovsky que defende

uma visão tradicional/essencialista, ou seja, “a visão de que o processo de

tradução seria um mero transporte de significados” (BOHUNOVSKY, 2001, p.

52). Neste ponto de vista, a tarefa do tradutor é meramente “transportar” o

significado do texto original, o que comprovaria que este é totalmente incapaz

de interferir, de interpretar de maneira criativa, expondo suas concepções, ao

texto ao qual foi exposto.

A partir destas leituras, acredito ter sido possível evidenciar algumas das

partes mais importantes dos processos que intermediam o ato tradutório,

atividade esta que perpassa por divergentes e contraditórias formas de

ampliação da visão do processo de tradução, desmistificando a suposição de

que seja apenas uma atividade de transferência, transporte ou transcodificação

entre línguas, onde, em concordância com J.C. Catford, há uma “substituição

do material textual de uma língua pelo material textual equivalente em outra

língua”. E, assim, “ele (o texto) passa a ser, na mais simples definição, uma

tentativa de recriação do original” (ARROJO, 1986, p. 41).

Em suma, considera-se então, a tradução como um processo (re)

criativo, influenciável e caracterizado por contextos sócio históricos

transplantados de uma cultura para outra e, por isso mesmo,

recontextualizados, quando da atividade tradutória.

Assim, entendemos o jogo tradutório como estando constitutivamente

associado ao intercâmbio de culturalidades distintas, mas que viabiliza o

entendimento e a apreensão do texto traduzido com seus matizes e

peculiaridades. O trânsito intercultural presente nesse jogo tradutório, ao invés

de implicar no distanciamento sígnico do texto traduzido, lhe serve de esteio

Page 25: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

24

para a produção de uma tradução antimimética e, portanto, aberta à ação do

tradutor. Nesse sentido, admitimos que as noções estanques de fidelidade e

invisibilidade, sujeitas ao trânsito entre culturas a que fizemos referência,

precisam ser repensadas e/ou depostas do trabalho tradutório.

Page 26: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

25

2 METODOLOGIA

Segundo Demo (2000, p. 161), “o trabalho científico leva o aluno a

aprender melhor e a tornar-se um profissional capaz de usar a pesquisa como

processo permanente de aprender, de renovar sua competência”. Por isso, o

incentivo a pesquisa tanto na universidade quanto em qualquer setor da

sociedade deve ser uma prática constante.

Para tanto, este capítulo apresenta a estrutura de realização deste

trabalho, como pesquisa de cunho etnográfico, destacando o método, o lócus

pesquisado, os sujeitos envolvidos e os instrumentos utilizados em sua

execução.

2.1 MÉTODO

“A investigação é um processo educativo não apenas pelo que se descobre acerca dos outros, mas pelo que se descobre acerca de

nós mesmos.” (Peter Woods)

Partindo do pressuposto dos processos que levam a tradução, buscando

mapear as dificuldades do tradutor, discutindo e apontando as influências da

interculturalidade, fez-se necessário uma pesquisa de cunho etnográfico para

analisar a problemática deste trabalho, a partir de uma técnica que está

fundamentada numa pesquisa qualitativa, onde “o pesquisador vai a campo

buscando “captar” o fenômeno em estudo a partir das perspectivas das

pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes.”

(GODOY, 1995, p. 21)

Os estudos de cunho etnográfico provêm de uma técnica das disciplinas

de Antropologia Social, que estudam a vivência direta da realidade de um

objeto, comunidade, espaço, onde estes estejam inseridos, permitindo uma

análise social de seus componentes e do desempenho de suas tarefas numa

dada organização, instância, comunidade, que se propiciem e estejam na

“busca a compreensão das manifestações culturais, do comportamento e da

vida social do homem” (MARCONNI e PRESOTTO, 2007, p. 02).

As pesquisas que se efetuam com o objetivo de realizar estes estudos

resultam numa grande quantidade de vantagens, de informação, através de

Page 27: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

26

apontamentos, gravações de áudio e vídeo e um conjunto de objetos que

fazem parte das culturas, que deverá ser gerida com toda a atenção para que a

sua análise e processamento não se prolonguem excessivamente.

Umas das vantagens dos estudos de cunho etnográfico é a ampliação

de visões fornecidas por este, que fornece ao mesmo tempo uma integração

acerca de uma unidade social mais complexa à uma mais simples e

diversificada. Outra vantagem é a capacidade de mostrar situações diárias,

vivenciadas sem complexidade e de maneira bastante natural, sem prejuízo

algum ao item pesquisado.

Nesta conjuntura, a etnografia tem uma proposta voltada para muitos

métodos, que se assemelham ao estudo de caso: com observações (sejam

elas com a participação do observador ou não); entrevistas; análise

documental. A maneira de recolher dados da realidade que o pesquisar se

propôs a observar, na maioria das vezes resume-se em observar, escutar e

anotar fatos, fenômenos e contextualização da realidade estudada.

Especificamente, nas palavras de Vieira e Pereira (2005, p. 227):

As principais técnicas de coleta de informações de que se utiliza o método etnográfico são as entrevistas em profundidade e a observação participante. Já para a análise do material coletado, a análise do discurso dos informantes e a análise de imagens são as principais técnicas utilizadas. (VIEIRA E PEREIRA, 2005, p.227)

A pesquisa deste trabalho foi realizada entre os alunos do curso de

Letras com Inglês da Universidade do Estado da Bahia, Campus XIV, de

diferentes locais e semestres, analisando as diferentes traduções feitas por

eles de um Abstract já previamente traduzido pelo autor do artigo e assim

verificou-se seu desempenho tradutório mediante o trabalho de tradução,

partindo das influências culturais de cada um. O método utilizado para coleta

da pesquisa foi uma ficha de tradução, onde constou o texto original para ser

traduzido e os dados com nome, semestre cursado e local de origem de cada

estudante.

A análise foi feita mediante observação da forma como os textos foram

traduzidos, os métodos utilizados como apoio e mediante comparação das

traduções obtidas com a original feita pelo autor do artigo, do qual o “Abstract”

Page 28: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

27

foi escolhido, observando e analisando dados como fidelidade, legibilidade, (in)

fidelidade e (inter) culturalidade dos estudantes tradutores.

2.1.1 Lócus

O Lócus desta pesquisa é a Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Campus XIV. Esta foi escolhida tendo em vista a proposta deste trabalho e

suas contribuições para futuros professores de língua estrangeira e estudantes.

A Universidade cria um ambiente propício ao estudo, já que neste espaço

encontram-se futuros pesquisadores e docentes que, neste momento,

enquanto estudantes, forma submetidos a esta análise onde posteriormente,

seus resultados poderão contribuir em sua prática.

O Departamento de Educação do Campus XIV da UNEB foi implantado

em 1992 e está localizado na Avenida Luís Eduardo Magalhães, nº. 988, bairro

da Jaqueira, Conceição do Coité. A Universidade conta com 64 Docentes, 26

funcionários e 625 discentes, distribuídos entre seus 04 cursos oferecidos, 04

turma de Comunicação Social, 03 turmas de História, 04 turmas de Língua

Inglesa e 04 turmas de Letras Vernáculas, além de 02 turmas de Pós-

graduação em Literatura Baiana e Linguística.

A Universidade tem uma boa estrutura para atender a demanda dos

cursos, conta com onze salas de aula equipadas, onde cinco destas possuem

projetores extras, guardados no Laboratório de Informática, além de

retroprojetores, aparelhos de TV, aparelho de DVD e micro-sistem portátil,

destinados à utilização durante as aulas. Tem muitos projetos vinculados entre

estes, o Projeto tecnológico Curso de Informática Básica para senhores e

senhoras da terceira idade, vinculada ao projeto Universidade Aberta à

Terceira Idade (UATI) e a coordenação do Projeto Universidade Para Todos.

2.1.2 Sujeitos

Os sujeitos desta pesquisa são os alunos do IV Semestre do Curso de

Letras com Inglês do turno vespertino, na aula da prof.ª Juliana Bastos que

ministra o componente de Produção do texto Oral e Escrita, os do VI Semestre

Page 29: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

28

do mesmo curso, noturno, na aula da prof.ª Rita Sacramento que ministra a

disciplina de Estudos Comparativos da Língua Estrangeira e Língua Materna,

03 alunas do VIII Semestre, noturno e 02 alunas recém-formadas.

Na turma do VI Semestre, 12 alunos foram pesquisados e esta se

mostrou bastante agitada durante a aplicação da pesquisa, o que propiciou

uma distração constante e um elevado tempo de conclusão da aplicação da

atividade pesquisada. A professora não se envolveu no momento da pesquisa,

propiciando assim observar e analisar claramente que tudo foi feito unicamente

pelos mesmos sem interferência docente.

No que tange a segunda turma pesquisada, a do IV Semestre, com 15

alunos participantes, esta demonstrou interesse imediato na atividade e sua

execução foi muito mais rápida que na turma anterior. Nesta também por

algumas vezes a professora em sala foi consultada algumas vezes.

Também foram pesquisadas 03 alunas que estão concluindo o VIII

Semestre e 02 alunas recém-conclusas e no exercício da prática docente. Em

todos os casos houve tranquilidade no momento do processo, creditando-se

que não acontecerá nenhum prejuízo a intenção do que será pesquisado.

O objetivo era analisar como a atividade seria realizada, o que foi

consultado e quais as marcas ou influências culturais próprias de cada um

foram deixadas pelos pesquisados. Na análise de dados serão exemplificados

as observações e resultados alcançados mediante a aplicação desta

abordagem.

2.1.3 Instrumentos

Esta pesquisa buscou verificar elementos como estilo, fluência,

legibilidade e cultura nos processos tradutórios empregados. Foram aplicados

31 atividades de tradução de um abstract já previamente traduzido pelo autor e

através da análise destes, constrói-se o arcabouço de sustentação desta

pesquisa no que tange as questões tradutórias.

Por conseguinte, optou-se também pelo método de observação, em

todas as turmas pesquisadas, no ensejo de perceber os métodos utilizados, o

comportamento mediante o ato tradutório e as influências presentes no

Page 30: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

29

processo. Esta observação fez-se necessária para possibilitar uma melhor

visualização das ações dos discentes enquanto realizavam o trabalho da

pesquisa e qual o resultado das atividades aplicadas, corroborando com Ludke

e André (1986), quando afirmam que:

Usada como o principal método de investigação ou associada a outras técnicas de coleta, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que representa uma série de vantagens. (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p. 26)

As observações foram muito importantes nesta pesquisa, pois se a

investigação não passasse por esse processo seria impossível diagnosticar se

algum método, recurso e/ou colaboração foram utilizadas na execução da

atividade de tradução. Além disso, para dar sustentação a este trabalho,

também foi coletado ao fim de cada tradução, o nome, semestre ao qual

pertencia e a localidade de cada participante, para que assim pudesse ser

analisada a questão das influência intercultural de cada um.

Page 31: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

30

3 ANÁLISE DE DADOS

Esta análise é fundamentada na metodologia descrita anteriormente, as

reflexões que serão apresentadas nesta pesquisa são submetidas à análise,

embasada nos pressupostos teóricos levantados no primeiro capítulo deste

trabalho. No que concerne ao procedimento de análise, os dados obtidos na

pesquisa de campo foram interpretados segundo o embasamento teórico

apresentado neste trabalho, objetivando sustentar as conclusões que se

extraem deste estudo.

Por isso, ao longo deste capítulo, podem-se perceber as características

dos sujeitos envolvidos, visando refutar ou confirmar o problema em questão,

analisando os procedimentos usados no trabalho tradutório, no que tange aos

conceitos de fidelidade, invisibilidade e elementos linguístico-culturais dos

participantes desta pesquisa5.

Assim, optou-se por analisar primeiro as dificuldades enfrentadas pelo

tradutor, em cada grupo, no que concerne a invisibilidade na tradução de

textos, discutindo os procedimentos ligados à fidelidade e legibilidade entre o

texto traduzido e o texto original. Em seguida apontar as contribuições da

interculturalidade na relação entre a língua de partida e a língua de chegada.

No que tange a questão da observação dos procedimentos, iniciada as

atividades de tradução entregues na turma do VI Semestre noturno, pode-se

observar de maneira primordial a insatisfação por parte da maioria ao observar

que se tratava de um trabalho de tradução, mesmo assim mostraram-se

predispostos a começar a atividade. Percebeu-se também, certa dificuldade por

parte da turma em realizar a tradução sem a utilização de algum suporte.

Mesmo tentando ao máximo traduzir o texto proposto, após 10 minutos de

iniciada a atividade alguns alunos já se utilizavam de dicionário.

Após mais um certo tempo, os alunos já demonstravam um desinteresse

em continuar e uma dispersão geral na turma, neste momento cabe colocar

que algumas traduções foram entregues incompletas, pois com tantas

conversas paralelas entre eles, perderam o sentido da atividade.

5 As atividades de tradução aplicadas aos alunos estão nos anexos deste trabalho.

Page 32: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

31

Na segunda turma aplicada, a do IV semestre, a turma demonstrou de

imediato interesse na execução da atividade, porém divergindo da turma

anterior, de imediato fizeram uso de dicionários onlines e depois de um certo

tempo deixaram estes, para se utilizarem dos dicionários manuais. O tempo

inteiro pediam ajuda, fizeram em dupla, trio e grupo e solicitaram por varias

vezes o auxílio da professora.

Aqui, cabe salientar, que estes mesmos alunos, enquanto universitários

e posteriormente futuros docentes, ainda se prendem aos mesmos métodos da

educação básica, que trazem os dicionários como os grandes aliados das aulas

de língua estrangeira.

As alunas do VIII semestre e as alunas conclusas executaram as

atividades utilizando unicamente seus conhecimentos, sem intervenção de

outrem e sem utilização de nenhum mecanismo.

Este primeiro momento da observação da aplicação da pesquisa permite

concluir que atividades de tradução não chamam a atenção e nem aguçam o

interesse de estudantes, mesmo de segunda língua, onde o foco maior de

estudo talvez fosse este, tendo em vista as múltiplas visões e a vasta linha de

estudo. Percebe-se ainda porque os dicionários, sejam estes eletrônicos ou

manuais, continuam sendo os fortes aliados das aulas de inglês, tendo em vista

que os futuros docentes ainda se prendem na aprendizagem desta forma,

dificultando assim o entendimento do vocabulário, já que entre línguas há uma

grande disparidade vocabular, gramatical,

A falta de concordância entre distintas disciplinas linguísticas no âmbito da pedagogia do vocabulário, tal como a ausência de uma metodologia clara para definir e delimitar a aquisição do mesmo contribuíram para ignorar os dicionários como ferramentas indispensáveis na aprendizagem e ensino de línguas estrangeiras (VAZQUEZ, 2010, p. 109).

Porém é preciso considerar também o fato de que se um estudante

durante uma leitura vê no dicionário um apoio para aprender vocabulário, esse

livro passa a ser uma referência totalmente necessária para a aprendizagem de

uma segunda língua.

No que concerne a questão da fidelidade e invisibilidade dos estudantes

enquanto tradutores, pode-se ratificar os estudos de Arrojo (1986) acerca de

Page 33: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

32

textos traduzidos, pois estes tendem sempre a marcar o texto traduzido com os

significados impostos a partir de seus próprios interesses e circunstâncias,

deixando suas marcas, pensamentos e desejos na escrita.

Nenhuma das traduções analisadas refletem na íntegra a original, pois

todos traduzem de acordo a seus próprios conhecimentos, ou mesmo com

auxílio de algum recurso tradutor, está implícito seu conhecimento de mundo e

as circunstâncias do momento da tradução.

Na turma do VI Semestre, algumas pessoas desistiram sem concluir a

atividade, pois estavam tentando traduzir palavra por palavra com auxilio de

dicionários, outros ao entregarem a atividade disseram que tentaram fazer com

suas próprias palavras e seus conhecimentos.

A turma do IV semestre também utilizou de seus próprios conhecimentos

e durante a observação isso foi confirmado, tendo em vista que todos

comentavam estar tentando executar a atividade utilizando de seus

conhecimentos.

As traduções dos alunos do VIII Semestre e das que já concluíram se

aproximam bem da original, porém existem marcas dos tradutores, que são

visíveis ao analisarmos, em seu contexto.

Estas constatações refletem acerca do que foi fundamentado

anteriormente a respeito daquele que traduz, pois este não consegue se eximir

do que é feito, tendo em vista a impossibilidade de passar totalmente suas

intenções, seus desejos e o universo de quem escreveu, pois todas estas

questões serão inevitavelmente sua visão a despeito do que podiam ter sido.

Não é concebível pensar em tradução de maneira neutralizada, sem

envolvimento daquele que traduz, pois estes não são pessoas neutras.

Pode-se concluir nesta parte da ánalise que o contexto tradutório

também pode influenciar nos resultados de uma tradução, pois em todas as

turmas os alunos demonstraram um interesse maior quando foi explicado o

ensejo da pesquisa e a aplicação de seus resultados, como se cada tradutor

quisesse tentar fazer o melhor, por se tratar de uma pesquisa acadêmica,

deixando claro, assim, que a questão da “fidelidade” na tradução, é relativa a

quem traduz como foi fundamentado e dificilmente podera-se-á reproduzir as

Page 34: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

33

ideias do autor, do mesmo jeito que esta, sempre será fiel às suas convenções

considerando suas complexidades.

Para esta questão, em outras palavras, a tradução de um texto será

sempre baseada no que acreditamos, na interpretação que fizermos, mediada

por nossas vontades, desejos, conhecimento de mundo e o meio ao qual

estamos inseridos, traçando os objetivos, os propósitos e as reavaliações que

conseguirmos entender por fidelidade.

Para tanto, analiso ainda a questão cultural de cada estudante envolvido

nesta pesquisa, partindo do pressuposto de que quando culturas começam a

interagir, sendo que um grupo não sobreponha o outro e possa-se favorecer a

integração e a convivência, dá-se lugar a interculturalidade.

Essas relações interculturais perpassam pela diversidade, tornando

inevitável o surgimento de alguns conflitos, que na questão textual pode ser

acentuada se predominar o respeito e o diálogo entre texto de partida e texto

de chagada. Em se tratando de um conceito recente, investigado por muitos

pesquisadores da comunicação, da antropologia, da sociologia e até mesmo do

marketing, a interculturalidade busca se distinguir do multiculturalismo da

relação entre culturas.

É inevitável e ao mesmo tempo, é o cume desta analise, a questão

cultural tendo em vista que em todas as atividades de tradução, pode- se

comprovar a intervenção cultural de cada um. Isto é observado a partir do

modo de falar, de costumes diários de cada local, que de maneira implícita e

explícita, os estudantes manifestaram nas traduções.

A pesquisa contou com a participação de estudantes de todas as turmas

envolvidas, de diversos locais, sendo estes 1 de Riachão do Jacuípe, 1 de

Seabra, 1 de Santa Luz, 1 de Salvador, 1 de Retirolândia, 1 de Barrocas, 1 de

Queimadas, 4 de Valente, 7 de Serrinha e 13 de Conceição do Coité, sendo 10

moradores da Sede e 3 da zona rural.

Um ponto desfavorável encontrado nesta pesquisa, diz respeito às

traduções dos moradores da zona rural de Conceição do Coité, pois estas são

as que menos se aproximam da original e todas foram entregues incompletas,

sustentando assim, que talvez ainda seja bastante deficiente o ensino de língua

Page 35: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

34

inglesa na zona rural, já que estes não demonstraram interesse na pesquisa e

na língua que estudam.

É preciso admitir que a interculturalidade depende de diversos fatores, e

estes talvez sejam cruciais nesta pesquisa, como é o caso das concepções

culturais, dos obstáculos na comunicação, da necessidade de políticas

governamentais mais fortes nos setores educacionais, das hierarquias e das

diferenças econômicas. Isto posto, pode-se comprovar, pelo fato de que

algumas traduções se distanciam da original por problemas de origem

educacional, ou seja, mesmo concluídas, as marcas de quem as fez estão

presentes, sendo algumas completas, mas “infiéis” ou diferentes da original,

com elementos bastante próximos, como apresenta o gráfico abaixo.

Gráfico 1: Quantitativo de atividades que se aproximaram e distanciaram do texto original e das incompletas.

Cabe aqui salientar, que o gráfico sintetizou a quantidade de alunos que

traduziram não de maneira igualitária, mas os que mais se aproximaram do

texto original (14 estudantes), os que mais apresentaram infidelidade com

Page 36: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

35

relação ao texto original (14 estudantes) e a quantidade de traduções

incompletas em comparação ao texto original (03 estudantes). É importante

também explicitar que alguns dos autores destas traduções, no caso, os

discentes em questão, já fizeram ou fazem curso de língua inglesa, não se

limitando unicamente ao ambiente da Universidade e nem ao que foi aprendido

na educação básica.

Questões culturais também perpassam pelo lugar onde o tradutor está

inserido e seu contato com meios eletrônicos, internet, rádio, televisão, com

forte influência em trabalhos de tradução. Principalmente na turma do IV

Semestre e do VIII, estes meios eletrônicos, contribuem bastante pois em sua

maioria utilizaram-se de iphones, notebooks e tablets como auxílio na

atividade.

É relevante retomar ao capítulo anterior, para confirmar o que foi

apontado por Faria, 2010, acerca de muitas variáveis envolvidas nos processos

de tradução e nas questões culturais, comprovadas nesta pesquisa, pois

quando entram em ação as diferenças culturais, o nível de domínio da língua

de partida, a evolução de ambas as línguas envolvidas no processo e as

particularidades de cada língua e de cada tradutor, fica evidente que é

impossível para quem traduz não deixar suas marcas e suas interpretações

acerca do que foi traduzido.

Na análise das traduções dos alunos de Salvador e Seabra, por

exemplo, marcas de linguagem e expressões são bem evidentes, sendo estas

características destes locais, propiciando comprovar que relações quotidianas ,

cultura, expressões locais e a dinâmica do conhecimento de mundo de cada

um é um fator relevante e de forte influência no que tange a questões textuais e

processos entre línguas.

Assim, como foi citado no primeiro capítulo, quando uma tradução é

colocada entre culturas diversas, surgem muitas divergências entre elas, o

tempo e o espaço em que foram elaboradas, evidenciando-se que esta

diferenciação mediada pela tradução, necessita de um conhecimento amplo

acerca de ambas as línguas envolvidas no processo, de uma excelente

observação de suas culturas e o que de mais minucioso pertencer a estas, até

mesmo as estratégias para o ato tradutório.

Page 37: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

36

Portanto, os dados analisados comprovam que os processos que geram

a tradução isentam o tradutor da invisibilidade dos elementos linguístico-

culturais acarretando a impossibilidade de ser fiel, pois as características

culturais influenciam de maneira intensa nestes trabalhos. Desta maneira,

intensifica-se o pressuposto de que qualquer tradução sempre será infiel, já

que de alguma maneira, não será possível estabelecer a ideia do texto original

sem atentar-se a todas estas questões que permeiam o processo tradutório.

Page 38: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou uma reflexão em torno do empreendimento da

tradução na medida em que tratou de aspectos culturais que podem influenciar

na constituição de uma compreensão menos “engessada” do processo de

transcodificação sígnica envolvido no “estar entre línguas”, processo que se

materializa quando nos pomos a traduzir.

Assim contribuindo para uma visão mais ampliada sobre trabalhos

tradutórios, esta pesquisa buscou propiciar a professores e estudantes uma

reflexão acerca dos ideais da tradução, tratados neste trabalho, como uma

ferramenta de estudo e também de prática de trabalho, e porque não dizer,

uma inovação nas metodologias utilizada, ampliando a multiplicidade de

ensinos deste assunto tão amplo que é o campo da tradução.

Considerando os problemas no ensino de língua inglesa, quanto ao uso

de dicionários como aliado das aulas e as atividades de tradução, seja no

âmbito da educação básica ou na academia, vale salientar que quando

relacionamos estes trabalhos a questões de “fidelidade” e “legibilidade”,

associando-os aos aspectos culturais vemos como é constante a busca por um

ideal de tradução perfeita, sendo esta uma variável não aceitável, já que esta

pesquisa prova que traduzir vai bem além de todas estas questões, pois cada

tradução traz em si as particularidades de quem a fez.

Este trabalho configurou-se como pesquisa qualitativa que permitiu o

conhecimento aproximado da realidade investigada, pois buscou “captar” o

fenômeno em estudo a partir das vivências dos envolvidos. O desafio desta

pesquisa era analisar a possibilidade de estabelecer a ideia do texto original

sem incidir na invisibilidade/anulação dos elementos linguístico-culturais

encontrados somente na língua de partida. Na observância dos objetivos

traçados para os procedimentos usados no trabalho tradutório, no que tange

aos conceitos de fidelidade e invisibilidade, pode-se comprovar a dificuldade

enfrentada pelo tradutor nestas questões, tendo em vista que as questões

culturais se sobrepõem, dificultando a originalidade e discutindo a

impossibilidade de que vivências, marcas, desejos e interpretações de quem

traduz não façam parte do processo.

Page 39: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

38

Com os resultados deste trabalho, conclui-se ter sido possível evidenciar

parte do processo ou dos processos que regem o ato tradutório, os quais

envolvem técnicas, tempo, espaço, conhecimento de mundo, sendo esta uma

atividade sempre permeada por divergentes e contraditórias formas de

entendimento e de significação que ampliam a visão de todo o seu processo,

refutando a idéia de que a tradução seja apenas uma atividade de transferência

ou transcodificação de uma língua para outra.

Vale ressaltar que é necessário, em etapas posteriores, retomar esta

pesquisa em um plano mais profundo, no que concerne às estratégias e

consequências das aplicações em certas traduções e os efeitos destas

traduções “infiéis”, no que tange a visão do autor original, pois esta amostra foi

simples, rápida, sucinta e restrita a um grupo de Universitários, com o ensejo

de desconstruir alguns possíveis ideais acerca da “tradução perfeita”.

O descompasso entre semestre letivo da Universidade (UNEB) e alguns

prazos de entrega de trabalhos, comprometem um aprofundamento maior

desta pesquisa, no sentido de ampliá-la a educação básica e a professores de

língua inglesa em atuação, pois em se tratando de uma pesquisa empírica,

teríamos inúmeras formas de análises a serem feitas, o que permitiria um

trabalho de talho contrastivo galgado em um campo mais amplo de estudo para

subsidiar a discussão da temática.

Entretanto, acreditamos que a presente pesquisa poderá contribuir para

futuras reflexões sobre a temática proposta, além de sugerir uma abordagem

de trabalho a futuros professores de língua estrangeira e estudantes, sob a

lógica de quão rica e vasta é a área de estudo da tradução, dialogando com o

universo onde ambos, professores e estudantes, estão inseridos, já que estas

estão permeadas pela interculturalidade e vivências de cada um.

Em suma, todos os conceitos e ideias apresentadas aqui redimensionam

nossa visão acerca do que se conceituava como tradução para uma visão

maior do papel desempenhado pelo tradutor, pelos processos envolvidos em

trabalhos deste tipo, visto que, todo contexto tradutório também ocorre em um

contexto sócio-cultural, já que a língua é a maior ferramenta de comunicação

entre os homens, a tradução garante progressivamente seu status, pois a

Page 40: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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língua não é estática, sobretudo em tempos de globalização e interação

sociocultural.

Page 41: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

40

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Page 42: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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Page 44: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

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Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação – Campus XIV Colegiado de Letras/Inglês

Pesquisa do TCC

UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS TIPOS DE ERROS ORAIS DE

ALUNOS NOVATOS DE LÍNGUA INGLESA—LE

Thatiany Goularth Carneiro

Marcia Regina Pawlas Carazzai

Resumo: O presente artigo reporta os resultados de um estudo que investigou os

tipos de erros orais que seis aprendizes de língua inglesa mais cometiam. Para tal, foram

gravadas em áudio e transcritas dez aulas de uma turma composta por seis alunos de

nível Novice High, em uma escola de idiomas no interior do estado do Paraná. Os

resultados indicaram que, dos 154 erros identificados, os que mais apareceram foram os

Intralinguais, totalizando 141 erros. Os erros Interlinguais apareceram quatorze vezes e

os erros ambíguos foram os que menos surgiram – somente uma vez. Finalmente, os

erros induzidos apareceram quatro vezes durante as aulas, o que indica que, talvez a

professora deva tomar mais cuidado com o modo de apresentar a língua estrangeira aos

seus alunos.

Abstract: The present article reports on the results of a study that investigated

the most common types of oral errors/mistakes some English language students

committed. To this end, ten classes were recorded in audio and transcribed. The group

observed was composed of six students in Novice High level, at a language school, in

the interior of Paraná. The results indicate that, from 154 identified errors/mistakes, the

intralingual erros/mistakes were the most recurrent ones, in a total of 141. The

interlingual errors/mistakes appeared fourteen times and the ambiguous errors/mistakes

were the least common – appearing only once. Finally, the induced errors appeared four

times during the classes, which indicates that the teacher could pay more attention to the

way she presents the foreign language to her students.

Page 45: Monografia de Débora Araújo da Silva Ferraz

44

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus XIV

Colegiado de Letras/Inglês

Pesquisa Etnográfica para avaliação do TCC

Texto a ser traduzido:

UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS TIPOS DE ERROS ORAIS DE

ALUNOS NOVATOS DE LÍNGUA INGLESA—LE

Thatiany Goularth Carneiro

Marcia Regina Pawlas Carazzai

The present article reports on the results of a study that investigated the most

common types of oral errors/mistakes some English language students committed. To

this end, ten classes were recorded in audio and transcribed. The group observed was

composed of six students in Novice High level, at a language school, in the interior of

Paraná. The results indicate that, from 154 identified errors/mistakes, the intralingual

erros/mistakes were the most recurrent ones, in a total of 141. The interlingual

errors/mistakes appeared fourteen times and the ambiguous errors/mistakes were the

least common – appearing only once. Finally, the induced errors appeared four times

during the classes, which indicates that the teacher could pay more attention to the way

she presents the foreign language to her students.

Translation:

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