Paula Rego

Paula Rego, “Dog Woman” (Mulher Cão), 1994

� Paula Rego surgiu numa altura em que existiam poucas artistas femininas

e em que homens desenhavam belas mulheres nuas. Ela, por sua vez,

como mulher, pintava o ser feminino de uma forma contrária.

� A obra foi produzida num período em que a mulher já tinha os seus direitos

como garantidos. Não veio interferir com as ideias do Estado Novo em que

a mulher era dedicada ao lar e submissa ao homem, mas sim apresentar

uma outra noção de mulher.

� Não se pode identificar uma corrente artística específica no

trabalho de Paula Rego, pelo facto de ser uma pintora

contemporânea.

� A sua obra é influenciada pelo surrealismo e pelo

expressionismo.

� Na Mulher-cão, Paula Rego utiliza pastel de óleo sobre tela.

� Esta mulher tem uma aparência feroz, cuja natureza visceral e sexual é altamente realçada.

� Podemos observar uma mulher só, num canto, contra a parede, que não pode fugir, mas que arreganha o dente e que morde.

� Esta obra representa inúmeras facetas de ser e estar no mundo como mulher. Estas obras da série mulher-cão são imagens que revelam a relação da artista com a realidade do seu tempo.

Esta história falava sobre uma mulher que vivia sozinha com

os seus animais numa casa enorme, perdida algures no

meio das dunas. Quando o vento soprava, a mulher ouvia a

voz de uma criança na chaminé, que lhe dizia para matar

todos os animais. Enlouquecida pelo vento, a mulher põe-se

de cócoras, abriu a boca e engoliu todos os animais.

A série da Mulher-Cão surgiu quando a pintora compreendeu uma estranha história de

que ouviu falar.

� Paula Rego utilizou como inspiração a história que ouviu.

� A escassa existência de artistas femininas.

� Desejo de revelar o que não é contado sobre as mulheres.

� A mulher-cão é sobre o amor e conta a sua história: submissão, paixão, desvario, castigo, vingança.

� Não pretende rebaixar a mulher, pelo contrário, nesta série todas as mulheres são poderosas.

� É exposto o lado animal e físico da mulher que não tem de ser necessariamente mau. Todas as actividades relacionadas com as sensações são positivas, comer, rosnar…

� Pretende transmitir que “imaginar a mulher como um cão éperfeitamente credível”.

� Aborda a humilhação, a lealdade e um certo masoquismo das mulheres, no amor e na traição.

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� Estas mulheres não são apenas personagens passivas que

se queixam da fatalidade de um mundo adverso.

� Não deixa de estar presente em vários destes rostos a força

altiva de um olhar de determinação, de desafio e de

dignidade, sublinhada nas cores vivas de um vestido ou de

um lenço de cabeça.

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� Apesar de Paula Rego querer transmitir uma ideia de força e

perseverança, há quem pense que a imagem transmite algo

contrário. Angústia, sofrimento, incapacidade e

dependência. “Parece estar à espera que alguém a

alimente.”

� Na generalidade dos quadros da Mulher-Cão, é retratado o lado

animalesco, sensorial da mulher, resultando em imagens

perturbadoras que provocam o surgimento de emoções e

pensamentos.

� De entre as várias características desta obra em particular, a que

provoca em nós maior impacto é a expressão na cara da mulher

representada. Interpretamos a emoção presente como sendo fúria,

um instinto de auto-preservação.

A mulher-cão pode ser enquadrada em várias teorias da arte:

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