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Gêneros e Tipologias textuais Prof. Éric Antonio dos Santos

Nivelamento aula 2 (gêneros e tipologia textual)

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Gêneros e Tipologias textuais

Prof. Éric Antonio dos Santos

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Definindo

Existem duas correntes principais em se tratando de textos: uma de Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) e outra de Luiz Carlos Travaglia (UFUberlandia/MG).

Marcuschi – gêneros textuais (cartas, receitas, crônicas, parágrafo argumentativo, etc.)

Travaglia – tipologia textual (narração, descrição e dissertação)

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Tipologia - Narração

O texto narrativo é um dos primeiros que a pessoa aprende a produzir. A narração enuncia FATOS e envolve os seguintes elementos: quem, onde, quando, como.

A maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto são VERBOS DE AÇÃO (“Fizemos isso, encontramos aquilo...”).

ENREDO

PERSONAGENS

ESPAÇO

TEMPO

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QUEM RI DO QUÊ?Depois do almoço, que foi mesmo uma grande festa, Ângelo

voltou ao trabalho e Eulália foi dormir sua sesta habitual da tarde.

Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácara com Irene.

— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene! — coment Sílvia, maravilhada diante dos canteiros de rosas e hortênsias.

— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custo agüentar a Vera me chamando de “tia” o tempo todo. Meu nome é Irene. “Dona” Irene ou, pior, “Professora Doutora” Irene, eu cobro só de quem não gosto.

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Todas sorriem. Irene prossegue:— Agradeço os elogios para o jardim, só que

você vai ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das flores. Eu sou um fracasso na jardinagem. A Eulália, não, acho que tem um “dedo verde”. Basta alisar uma planta murchinha para ela ficar toda brejeira, verdinha e viçosa. Uma coisa impressionante.

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália.

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Tipologia - Descrição

2) DESCRIÇÃO

Descrever é enumerar as características das pessoas ou dos lugares, particularizando-os em relação aos demais elementos de mesma espécie.

Ao contrário da narração, em que os fatos são apresentados sucessivamente, na descrição o relato é estanque, podendo até promover uma interrupção na narrativa para apresentar os detalhes físicos do lugar e das pessoas.

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Segundo Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem.“

Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a descrição faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto.

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Por todo o atelier pairava o aroma intenso das rosas e quando a branda aragem estival corria por entre as árvores do jardim, entrava pela porta a fragrância carregada do lilás, ou ainda o perfume delicado do espinheiro de floração rósea. Estendido no divã de bolsas de seda persas, a fumar, como era seu costume, cigarro após cigarro, Lord Henry Wotton só conseguia vislumbrar do seu canto as flores adocicadas e cor de mel de um laburno, cujos ramos trémulos pareciam mal poder suportar o peso de beleza

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tão fulgurante. De vez em quando, através dos cortinados de tussor de seda que cobriam a enorme janela, via passarem velozes as sombras fantásticas das aves, que produziam como que um momentâneo efeito japonês, o que o levava a pensar naqueles pintores de Tóquio, de rostos cor de jade e pálidos, que, servindo-se de uma arte que é necessariamente imóvel, procuram transmitir a sensação de rapidez e movimento. O zumbido lento das abelhas, que abriam caminho por entre a relva

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crescida, ou voavam com monótona insistência à volta das hastes douradas e poeirentas de uma madressilva desgarrada, parecia tornar o silêncio mais opressivo. Ao longe, os vagos ruídos de Londres soavam como o bordão de um órgão longínquo.

No centro do atelier, afixado a um cavalete vertical, estava o retrato em corpo inteiro de um jovem de beleza invulgar. À sua frente, sentado a uma certa distância, estava o autor, Basil Hallward, cujo desaparecimento súbito, há alguns anos, havia provocado, na altura, grande alvoroço e dera origem às mais surpreendentes conjecturas.

WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray.

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Tipologia - Dissertação

3) DISSERTAÇÃO

Neste tipo de texto, o foco é a IDEIA. A função da dissertação é discutir, debater, questionar, apresentar pontos de vista ou teses do autor. Pode ser dividido em categorias: argumentativo ou expositivo.

A argumentação: apresentar ou defender uma tese.

A exposição: expõem-se conceitos.

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Na elaboração de uma dissertação, o autor deve ter em mente quatro aspectos:

OBJETIVIDADE

CLAREZA

COERÊNCIA

COESÃO

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Exemplo de texto expositivo

O telefone celular

A história do celular é recente, mas remonta ao passado –– e às telas de cinema. A mãe do telefone móvel é a austríaca Hedwig Kiesler (mais conhecida pelo nome artístico Hedy Lamaar), uma atriz de Hollywood que estrelou o clássico Sansão e Dalila (1949).

Hedy tinha tudo para virar celebridade, mas pela inteligência. Ela foi casada com um austríaco nazista fabricante de armas. O que sobrou de uma relação desgastante foi o interesse pela tecnologia.

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Já nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, ela soube que alguns torpedos teleguiados da Marinha haviam sido interceptados por inimigos. Ela ficou intrigada com isso, e teve a idéia: um sistema no qual duas pessoas podiam se comunicar mudando o canal, para que a conversa não fosse interrompida. Era a base dos celulares, patenteada em 1940.

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Exemplo de texto argumentativo

Afinal, mais que torcedores, somos cidadãos, embora sempre nos esqueçamos disso. Essa “gente bronzeada”, como é sabido, tem memória fraca. Tão fraca que se esquece do hino, ou das poucas partes de que dele tenha aprendido, e em quem votou na última eleição. E assim, cegos e amestrados, vibramos com a seleção que não escolhemos e criticamos o país que não ajudamos a melhorar.

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Porém, acredita-se que o brasileiro seja, sobretudo, um guerreiro munido de fé. Trabalha-se de sol a sol sem se questionar a ordem pública, pois, afinal, seu governo lhe dá o pão e a seleção o espetáculo. Todo o país é um Coliseu em que a elite assiste de camarote, a classe média ovaciona na platéia enquanto o proletariado é atirado aos leões.

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Tipologia – Texto injuntivo

É aquele no qual predomina a função conativa/ apelativa, e tenta convencer o receptor (quem ouve) a tender a vontade do emissor (quem fala).

O "texto injuntivo" usa função da linguagem chamada conativa ou apelativa. Visa a convencer o ouvinte a obedecer a uma vontade do emissor (quem fala), seja ordenando ou pedindo gentilmente.

Os verbos imperativos são amplamente utilizados no texto injuntivo.

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Exemplo de texto injuntivo

Instalando os cartuchos HP na impressora.

Verifique o conteúdo da caixa. Após conectar o cabo de instalação, ligue

a impressora. Carregue papel branco comum.

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Pressione o botão ligar. Abra a porta dos cartuchos e verifique se

o carro de impressão está no centro. Remova as fitas adesivas dos cartuchos. Segure os cartuchos com o logotipo para

cima.

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Insira-os nos slots, certificando-se de empurrá-los até ouvir um “clic”.

Feche a porta dos cartuchos de impressão.

Aguarde alguns instantes até que a página de alinhamento seja impressa.

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Coloque-a voltada para baixo no vidro da impressora e feche a tampa.

Pressione o botão “digitalizar”. Aguarde até que a luz verde pare de

piscar. A impressora está pronta para o uso!

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1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas

Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia;

São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa;

Os gêneros textuais surgem situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem e caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais

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2. Novos gêneros e velhas bases

As novas tecnologias, ou seja, a intensidade do uso das tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais, formas inovadoras. Fato já notado por Bakhtin(1997) quando falava na transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos.

Exemplos: a) conversa -> telefonemab) bilhete -> carta -> e-mail

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Os limites entre a oralidade e a escrita tornam-se menos visíveis, a isto chama-se hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a visão dicotômica.

Os gêneros híbridos permitem observar melhor a integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento.

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Definição de tipo e gênero textual

É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto.

Esta visão segue a noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva, privilegia a natureza funcional e interativa. A língua é tida como uma forma de ação social e histórica e que, ao dizer, também constitui a realidade sem contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Neste contexto os gêneros textuais se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo.

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Texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual.

Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos.

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Domínio Discursivo

Uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. Não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, discurso político, etc.

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TIPOS TEXTUAIS

definiçãoEspécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição(aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)

abrangem

• narração• argumentação• exposição• descrição• injunção

são

Constructos

teóricos por

propriedades

lingüísticas

intrínsecas

constituem

Seqüências

lingüísticas

ou de

enunciados

no interior

dos gêneros

e não são

textos

empíricos

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Gêneros textuais

Realizações lingüísticas concretas definidas por propriedades sócio-

comunicativas.

Textos empiricamente

realizados cumprindo funções em situações comunicativas

Abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de

designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo,

composição e função.

Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo,

receita culinária, lista de compras, cardápio,

instruções de uso, outdoor, resenha, inquérito policial, conferência, bate-papo

virtual, etc