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NOÇÕES BÁSICAS DE PSICOFARMACOLOGIA I NEUROCIÊNCIA Disciplina de PSICOFARMACOLOGIA Prof. Dr. Alfredo Cardoso Lhullier

Noções básicas de psicofarmacologia i

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NOÇÕES BÁSICAS DE PSICOFARMACOLOGIA I

NEUROCIÊNCIADisciplina de PSICOFARMACOLOGIA

Prof. Dr. Alfredo Cardoso Lhullier

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NEUROANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO

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NEUROFISIOLOGIA Estudo do funcionamento do SN

1. Qual é o propósito do SN?

2. Como o SN trabalha?

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PROPÓSITO Em termos simples, realiza três tarefas:

SensaçãoProcessamentoExecução

Sensação – provê o “input” de dados ao sistemaExterior: cinco sentidos Interior: monitora várias funções, como

pressão sanguinea, glicemia, nível de oxigenio no sangue, etc...

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Processamento – o que faz com as informações recolhidas; muitas vezes fora de participação conscienteP.ex. pressão sanguínea, que ocorre nas

regiões inferioresPensamentos e emoções também são

“processamento”, mas ocorrem nas regiões superiores, onde a informação é processada em larga escala com participação consciente

Nestes vários níveis, você pode entender e planejar respostas à informação recebida pelo cérebro

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Execução - À medida em que a informação é recebida e e você decide o que significa, seu sistema nervoso coordena uma resposta.Este loop (sensação -> processamento -> execução) pode ocorrer em vários níveis, o mais simples seria o ato reflexo (p. ex. reflexo patelar), completamente fora de envolvimento do cérebro. O mesmo loop ocorre em todos os níveis de interação e pode se tornar extremamente complexo (p. ex. encontro com alguém conhecido).

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A sequencia “sensação – processamento – execução” pode ser muito simples ou até muito complexa.

Em última análise, o propósito do SN é bem simples: é integrar informação e coordenar suas reações na relação com o meio ambiente.

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MECANISMOS DO SN Como funciona o SN?

Através da transmissão de sinais, chamados impulsos nervosos. O neurônio é uma célula altamente excitável, que uma vez estimulada dispara o potencial de ação. Uma vez realizado, este se espalha em ondas através dos dendritos até o corpo celular e deste até os axônios e aos seus terminais, onde é transmitido à célula seguinte. Este processo é chamado neurotransmissão.

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A neurotrasmissão é o processo sobre o qual vão atuar os psicofármacos, e que vai nos ajudar a explicar tanto os efeitos terapêuticos como os efeitos adversos.

Os psicofármacos possuem pouco ou nenhum efeito sobre o potencial de ação em si, por outro lado interferem ou aumentam a “conversa” entre um neurônio e outro (neurotransmissão) neste fino espaço que os separa, que se chama sinapse.

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É a neurotransmissão química que é modulada pelos psicofármacos. Em termos simples ela se dá em 3 passos: produção do neurotransmissor, excreção do neurotransmissor e ação do neurotransmissor em receptores específicos.

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Produção do neurotransmissorSão substâncias relativamente simples, que

nosso corpo fabrica em maioria. A célula nervosa recebe um precursor (aminoácidos), e o processa quimicamente, formando o neurotransmissor, que é armazenado em vesículas dentro do neurônio. Estas vesículas se depositam nos terminal axonal.

Liberação do neurotransmissorQuando o neurônio é estimulado e o

potencial de ação chega ao terminal, as vesículas ancoradas à membrana liberam o neurotransmissor na sinapse

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Ligação do neurotransmissorO neurotransmissor livre na sinapse se

difunde em todas as direções, algumas chegando aos receptores da célula adjacente na sinapse. Cada neurotransmissor tem seu receptor específico. Assim o sinal passa à célula seguinte. Há neurotransmissores que disparam o potencial

de ação da célula seguinte – são excitatórios; outros inibem a possibilidade de descarga, são inibitórios; e outros disparam processos químicos dentro do neurônio, através de segundos mensageiros. Os dois primeiros são receptores ionotrópicos, o terceiro é um receptor metabotrópico.

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Interrupção da neurotransmissão A cessação do estímulo é fundamental para

a comunicação entre os neurônios. ´Se não acontece o neurônio pós-sináptico pode ser gravemente danificado e até morrer. (AVC)

Em geral o processo de interrupção atua impedindo a chegada do neurotransmissor à célula adjacente, e existem 5 mecanismos pelos quais ocorre:

1. Difusão – sai da sinapse, se difundindo no meio extra-celular

2. Desativação na sinapse – Há enzimas na sinapse (COMT) que rompem a molécula do neurotransmissor, alterando sua forma

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3. Feedback negativo – o neurotransmissor se difunde até receptores que existem no corpo do neurônio que o liberou, chamados autoreceptores que comunicam à célula para cessar de liberá-lo.

4. Recaptação – Existem sítios de recaptação na superfície da célula que o liberou, específicos para cada tipo de neurotransmissor. Atuam como aspiradores, recolocando o neurotransmissor para dentro da célula, reciclando-o para novo uso.

5. Desativação dentro do terminal axonal – enquanto não é novamente empacotado em vesículas, o neurotransmissor livre no interior do citoplasma pode ser desativado por enzimas que atuam do mesmo modo que no exterior da célua, mudando seu formato e destruindo sua função (MAO).

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Circuitos cerebrais Semelhante a um computador, o cérebro se

estrutura em circuitos, mas à diferença deste estes circuitos estão em constante mudança. Outra diferença é que no primeiro os circuitos possuem apenas duas condições: ON e OFF, enquanto os circuitos cerebrais, que podem usar mais de um neurotransmissor, produzem gradientes de ativação. Existem mais de 100 neurotransmissores identificados, mas os mais comuns são dopamina, serotonina, noradrenalina, GABA, glutamato e acetilcolina, assim como uma nova categoria intitulada neuropeptideos.

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Cada um destes circuitos serve a um

propósito particular e trabalha em integração com outros circuitos.

Atualmente começamos apenas a conhecer as funções de alguns destes circuitos através de novas tecnologias.

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PATOFISIOLOGIA Embora ainda se saiba pouco a respeito,

a suspeita de que anormalidades nos receptores e enzimas que interagem com um receptor sejam as principais causas subjacentes às principais doenças mentais tem se confirmado.

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O que pode dar errado?1. Pouco neurotransmissor: neurodegeneração,

com morte de neurônios (Alzheimer)2. Muito neurotransmissor: hiperatividade de

alguns circuitos (psicoses – hiperestimulação dopaminérgica na via mesolímbica). As vezes a excitação é tão grande que mata a célula (excitotoxicidade), como na epilepsia.

3. Disparos errados ou atrazos no desenvolvimento: circuitos com conexões erradas (desordens desenvolvimentais como autismo, algumas formas de retardo mental e esquizofrenia)

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4. “Timing” anormal de neurotransmissão: alguns hormonios obedecem as variações do ritmo circadiano, o que se deteriora gerando doenças como narcolepsia, insônia.

5. Neurotransmissão desbalanceada: A maioria das regiões cerebrais atua secretanto varios neurotransmissores, que atuam de forma balanceada. Quando isso se desregula produz doenças como Parkinson, ou como os efeitos adversos de alguns antipsicóticos.

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Porque está errado? Fatores Genéticos – a chance de um gêmeo

idêntico ter esquizofrenia é de 50%, caso o outro apresente. As doenças mentais, entretanto, não se explicam pela anormalidade ou ausência de genes únicos. A teoria predominante é a dos “dois toques”: herança genética de vulnerabilidade + desencadeamento da doença por estressores ou traumas ambientais

Neurodegeneração – doenças que resultam de morte neuronal. São mais comuns em idosos, e pioram progressivamente com a morte de mais células ( Alzheimer, Parkinson); a esclerose lateral amiotrófica ataca a medula, resultando em paralisia e morte

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Desenvolvimento cerebral anormal – anormalidades cromossomiais, deficiencias nutricionais, infecções pré-natais, exposição a toxinas. Aparecem com o nascimento ou na infância precoce, quando as conexões cerebrais se estabelecem. As mais conhecidas são a fenil-cetonúria, paralisia cerebral e transtornos autistas. A esquizofrenia, embora surja na adolescência, na maioria dos casos apresenta um período prodrômico com alterações (personalidade pré-mórbida) desde a infância, e é considerada uma enfermidade neurodegenerativa, como a demência, entretanto alguns a consideram um transtorno do desenvolvimento. O final da adolescência é um período de grande formação de sinapses e apoptoses; considera-se que problemas nestes processos podem desempenhar um papel fundamental na esquizofrenia

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