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Atividade 2: Estudo dos usos políticos da História Questionário sobre uma notícia de jornal lida em sala 1º Bimestre Data: ____/_____/________ Componentes do Grupo Turma: __________ NOTÍCIA 4 Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar Jornal El País Brasil. http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/10/politica/1418212909_598291.html O Brasil reescreve sua história mais recente e mais amarga e estabelece para sempre um compêndio oficial do qual ninguém poderá prescindir a partir de agora. A Comissão Nacional da Verdade divulgou nesta quarta-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, três décadas após o fim da ditadura militar, seu relatório final. Arrola pela primeira vez os nomes dos 377 agentes do Estado, pelo menos 190 deles ainda vivos, acusados de crimes contra os direitos humanos no período, para os quais pede punição ou seja, que para eles não valha a Lei da Anistia, de 1979. A comissão não tem caráter deliberativo e o fim da Anistia é um objetivo considerado difícil de alcançar na corte máxima de Justiça, mas, para além das recomendações concretas, o volume de informações sobre as mortes de 434 vítimas e depoimentos tem voltagem suficiente para provocar mal-estar nas Forças Armadas e em setores civis coniventes com as violações à época. Nas mais de 1.300 páginas entregues à presidenta Dilma Rousseff, ela própria presa e torturada pelos militares e ouvida no documento, o texto detalha, além dos métodos de tortura, execuções, ocultação de cadáveres, detenções ilegais e desaparecimentos forçados que, “dada a escala e a sistematicidade com que foram cometidos, constituem crimes contra a humanidade, e não são passíveis de anistia”. Pelo relatório desfilam depoimentos de mulheres violentadas; de mães que perderam os filhos; de militantes políticos que perderam seus companheiros; (...) de assassinos que descrevem como matavam impiedosamente. Descrevem- se ainda os lugares de tortura, as celas, as empresas envolvidas e as ramificações internacionais da repressão brasileira, entre outros capítulos dessa época pavorosa. "Conhecer a história é condição imprescindível para conhecê-la melhor […]. A verdade não significa revanchismo. A verdade liberta todos nós daquilo que ficou por dizer. Liberta tudo aquilo que permaneceu oculto”, disse Dilma, enviando mensagem às Forças Armadas. A presidenta chorou durante o discurso. Com a conclusão dos trabalhos da comissão, o Brasil encerra um capítulo que os vizinhos Argentina e Chile, que também atravessaram regimes militares, completaram há alguns anos, antes de começar a julgar violadores. Dilma avança na agenda que começou com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o hoje opositor que em seu primeiro ano decretou a reparação de vítimas, e seu mentor e antecessor, Lula (2003- 2010), que estabeleceu comissão para relatar o caso de mortos e desaparecidos. (...). Na prática, a punição aos torturadores parece distante: o Supremo Tribunal Federal mais alta corte do país já julgou uma ação de inconstitucionalidade contra a Lei de Anistia em 2010, e considerou que ela se aplica mesmo para casos de tortura e crimes comuns cometidos por agentes do Estado. Um recurso da Ordem dos Advogados do Brasil ainda está pendente de julgamento e deve ser analisado pelo tribunal em breve. (...) De acordo com Marcelo Figueiredo, professor de direito constitucional da PUC-SP, o Congresso Nacional poderia mudar esta situação editando uma nova lei que suspenda o efeito da anterior. Atualmente dois projetos de lei que cancelam a anistia irrestrita estão parados no Parlamento. (...)

Notícia 4 - Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar

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Page 1: Notícia 4 - Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar

Atividade 2: Estudo dos usos políticos da História

Questionário sobre uma notícia de jornal lida em sala

1º Bimestre – Data: ____/_____/________

Componentes

do Grupo

Turma:

__________

NOTÍCIA 4

Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar

Jornal El País Brasil. http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/10/politica/1418212909_598291.html

O Brasil reescreve sua história mais recente e mais amarga e estabelece para sempre um compêndio

oficial do qual ninguém poderá prescindir a partir de agora. A Comissão Nacional da Verdade divulgou nesta

quarta-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, três décadas após o fim da ditadura militar, seu relatório

final. Arrola pela primeira vez os nomes dos 377 agentes do Estado, pelo menos 190 deles ainda vivos,

acusados de crimes contra os direitos humanos no período, para os quais pede punição – ou seja, que para eles

não valha a Lei da Anistia, de 1979. A comissão não tem caráter deliberativo e o fim da Anistia é um objetivo

considerado difícil de alcançar na corte máxima de Justiça, mas, para além das recomendações concretas, o

volume de informações sobre as mortes de 434 vítimas e depoimentos tem voltagem suficiente para provocar

mal-estar nas Forças Armadas e em setores civis coniventes com as violações à época.

Nas mais de 1.300 páginas entregues à presidenta Dilma Rousseff, ela própria presa e torturada pelos

militares e ouvida no documento, o texto detalha, além dos métodos de tortura, execuções, ocultação de

cadáveres, detenções ilegais e desaparecimentos forçados que, “dada a escala e a sistematicidade com que

foram cometidos, constituem crimes contra a humanidade, e não são passíveis de anistia”. Pelo relatório

desfilam depoimentos de mulheres violentadas; de mães que perderam os filhos; de militantes políticos que

perderam seus companheiros; (...) de assassinos que descrevem como matavam impiedosamente. Descrevem-

se ainda os lugares de tortura, as celas, as empresas envolvidas e as ramificações internacionais da repressão

brasileira, entre outros capítulos dessa época pavorosa. "Conhecer a história é condição imprescindível para

conhecê-la melhor […]. A verdade não significa revanchismo. A verdade liberta todos nós daquilo que ficou

por dizer. Liberta tudo aquilo que permaneceu oculto”, disse Dilma, enviando mensagem às Forças Armadas.

A presidenta chorou durante o discurso.

Com a conclusão dos trabalhos da comissão, o Brasil encerra um capítulo que os vizinhos Argentina e

Chile, que também atravessaram regimes militares, completaram há alguns anos, antes de começar a julgar

violadores. Dilma avança na agenda que começou com Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o hoje

opositor que em seu primeiro ano decretou a reparação de vítimas, e seu mentor e antecessor, Lula (2003-

2010), que estabeleceu comissão para relatar o caso de mortos e desaparecidos. (...). Na prática, a punição aos

torturadores parece distante: o Supremo Tribunal Federal – mais alta corte do país – já julgou uma ação de

inconstitucionalidade contra a Lei de Anistia em 2010, e considerou que ela se aplica mesmo para casos de

tortura e crimes comuns cometidos por agentes do Estado. Um recurso da Ordem dos Advogados do Brasil

ainda está pendente de julgamento e deve ser analisado pelo tribunal em breve. (...) De acordo com Marcelo

Figueiredo, professor de direito constitucional da PUC-SP, o Congresso Nacional poderia mudar esta situação

editando uma nova lei que suspenda o efeito da anterior. Atualmente dois projetos de lei que cancelam a anistia

irrestrita estão parados no Parlamento. (...)

Page 2: Notícia 4 - Brasil reescreve a sua história ao revelar detalhes da ditadura militar

QUESTÕES SOBRE O TEXTO:

1

A Comissão Nacional da Verdade não tem caráter deliberativo – isto é, não pode acusar criminalmente

aquelas pessoas que ela averiguou que cometeram crimes. Qual era o objetivo desta Comissão, então?

2

Quais são os argumentos jurídicos a favor e contra o julgamento dos agentes do Estado que cometeram

crimes durante a Ditadura Militar?

3

Qual a importância de se discutir os crimes cometidos por agentes do Estado durante a Ditadura

Militar?