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O BARROCO NA LITERATURA
Características e exemplificação com o “Sermão de Santo António ao Peixes” do Padre António Vieira
O que é o Barroco?
◦Barroco é o nome dado ao estilo artístico que progrediu entre o final
do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália,
difundindo-se em seguida pelos países católicos, gradualmente.
◦É considerado como o estilo correspondente ao Absolutismo e
à Contrarreforma, distinguindo-se pelo seu esplendor exuberante
◦A literatura barroca caracteriza-se pelo uso da linguagem dramática
expressa no exagero dos recursos de retórica, como adjetivação
valorativa, metáforas e antíteses.
O estilo de Vieira:Recursos de Retórica
O sermão vieiriano tentava
persuadir o auditório. O
deslumbramento do ouvinte é
conseguido por uma serie de
processos linguísticos que,
para além de conferirem
expressividade ao discurso,
reforçam a intensidade
dramática e a eficácia
argumentativa de que o
sermão se reveste.
Adjetivação valorativa
Em alguns casos, a adjetivação
superlativada veicula o
posicionamento subjetivo do
pregador – “sempre com
doutrina muito clara, muito
sólida, muito verdadeira” [Cap.
I];
Noutros casos, é a sucessão de
adjetivação que revela a
subjetividade do orador – “[a
água] sempre é clara, diáfana e
transparente” [Cap. V];
Alegoria
Com a sucessão de alegorias das naus, o
orador consegue concretizar os diversos
vícios dos homens, simplificando a sua
argumentação – “Quantos correndo
fortuna na nau Soberba (…) se iam
desfazer nos baixos (…)? Quantos,
embarcados na nau Vingança (…) corriam
enfunados a dar-se batalha, onde se
queimariam ou deitariam a pique (…)?
Quantos, navegando na nau Cobiça,
dariam nas mãos dos corsários com perda
do que levavam e do que iam buscar (…)?
Quantos, na nau Sensualidade, (…) se
iriam perder cegamente (…)?” [Cap. III];
Enumeração
Exprime a infinidade das riquezas
esbanjadas – “Não o levam os coches, nem
os liteiras, nem os cavalos, nem os
escudeiros, nem os pajens, nem os lacaios,
nem as tapeçarias, nem as pinturas, nem as
baixelas, nem as joias” [Cap. IV];
A sucessão de nomes sublinha e enaltece, de
forma positiva, a atuação de Santo António –
“o mais puro exemplar da candura, da
sinceridade e da verdade, onde nunca houve
dolo, fingimento ou engano.” [Cap. V];
Gradação
Os segmentos textuais sublinhados
assinalam uma enumeração de atitudes
comportamentais que evidenciam uma
clara sequência crescente do grau de
arrependimento; com esta gradação, o
orador pretende demonstrar o poder e
a eficácia das palavras de Santo
António – “e as palavras do Santo os
fizeram tremer a todos de sorte que
todos, tremendo, se lançaram a seus
pés, todos, tremendo, confessaram
seus furtos, todos, tremendo,
restituíram o que podiam (…) todos
enfim mudaram de vida e de oficio e se
emendaram.” [Cap. III];
Interjeição e Exclamação
As interjeições seguidas de exclamações
reforçam a emotividade do discurso – “Oh
maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que
criou o mar e a terra!” [Cap. I];
“Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos
pudera agora dizer neste caso!” [Cap. III];
“Oh quão altas e incompreensíveis são as
razoes de Deus, e quão profundo o abismo de
seus juízos!” [Cap. III];
“Ah peixes, quantas invejas vos tenho a essa
natural irregularidade!” [Cap. VI];
Ironia
Com o exemplo apresentado,
o orador faz questão de
sublinhar, como se os
ouvintes disso se pudessem
esquecer, que noa se dirige
aos homens, mas sim aos
peixes – “Oh que boa doutrina
era esta para a terra, se eu
não pregara para o mar!”
[Cap. V];
Metáfora
O orador recorre à metáfora da arte de
pescar para desenvolver a sua critica à
exploração do homem pelo homem e,
simultaneamente, recorre a uma
sucessão de imagens, “varas”,
“bengalas”, “bastões” e “cetros”, como
representação dos diversos tipos do
poder abusivo – “No mar, pescam as
canas, na terra pescam as varas (…);
pescam as bengalas, pescam os bastões
e até os cetros pescam, e pescam mais
que todos, porque pescam cidades e
reinos inteiros.” [Cap. III];
Antítese
No exemplo que se apresenta, o
orador reforça a virtude do peixe, a
partir da ambivalência demonstrada
– “a virtude daquele peixezinho tão
pequeno no corpo e tão grande na
força e no poder” [Cap. III];
Numa outra passagem, o orador
sublinha a agitação da vida urbana,
através da diversidade dos gestos e
comportamentos dos homens –
“vedes aquele subir e descer as
calçadas, vedes aquele entrar e sair
sem quietação nem sossego?” [Cap.
IV].
Fontes:◦ Sermão de Santo António aos Peixes, Padre António Vieira – Coleção Resumos
◦ Barroco: http://pt.wikipedia.org/wiki/Barroco
◦ Literatura Barroca: http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_barroca; http://www.infoescola.com/literatura/barroco-na-literatura/