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O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS NO BRASIL Simone Helen Drumond Ischkanian O Direito à educação é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Constituição Federal de 1988, artigo 205. A Constituição Brasileira garante o direito ao acesso à educação no país, que se inicia com o ingresso na escola e só se concretiza e se torna completo se o sistema educacional propiciar às crianças e jovens matriculados competências essenciais para seu desenvolvimento intelectual. De modo a verificar se o direito à educação no país vem sendo plenamente atendido, o Estado tem o dever de realizar periodicamente avaliações sobre o desempenho de aprendizado dos estudantes matriculados no sistema educacional brasileiro com o objetivo de melhorá-lo. Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada, o atendimento à infância ocupou um lugar diferenciado no campo das políticas públicas. A partir dessa premissa e tendo sempre em foco a busca pela manutenção do status de dignidade da pessoa humana, é possível vislumbrar a evolução do direito da criança à educação enquanto direito humano fundamental e justificar a sua necessária e graciosa prestação através de uma efetividade ditada por políticas públicas que a contemplem, sobretudo, em razão do princípio da prioridade absoluta de que se reveste. O aspecto da política educacional concernente aos direitos da criança, no Brasil, tem experimentado significativas mudanças no decorrer dos últimos vinte anos, marcadas

O direito a educação das crianças no brasil

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Artigos Ensino Infantil Simone Helen Drumond

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O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS NO BRASIL

Simone Helen Drumond Ischkanian

O Direito à educação é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais,

que têm como inspiração o valor da igualdade entre as pessoas.

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a

colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.” Constituição Federal de 1988, artigo 205.

A Constituição Brasileira garante o direito ao acesso à educação no país, que se inicia

com o ingresso na escola e só se concretiza e se torna completo se o sistema

educacional propiciar às crianças e jovens matriculados competências essenciais

para seu desenvolvimento intelectual. De modo a verificar se o direito à educação no

país vem sendo plenamente atendido, o Estado tem o dever de realizar

periodicamente avaliações sobre o desempenho de aprendizado dos estudantes

matriculados no sistema educacional brasileiro com o objetivo de melhorá-lo.

Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada, o

atendimento à infância ocupou um lugar diferenciado no campo das políticas públicas.

A partir dessa premissa e tendo sempre em foco a busca pela manutenção do status

de dignidade da pessoa humana, é possível vislumbrar a evolução do direito da

criança à educação enquanto direito humano fundamental e justificar a sua

necessária e graciosa prestação através de uma efetividade ditada por políticas

públicas que a contemplem, sobretudo, em razão do princípio da prioridade absoluta

de que se reveste.

O aspecto da política educacional concernente aos direitos da criança, no Brasil, tem

experimentado significativas mudanças no decorrer dos últimos vinte anos, marcadas

não apenas pelos movimentos sociais organizados, reivindicadores de creches e

educação infantil, mas inclusive pela promulgação da Constituição Federal de 1988

(CF/88), na qual a criança é reconhecida em sua cidadania. Nesse contexto a

Constituição Federal evidencia de forma imprecisa que a criança é um ser único e

indivisível, completo e dinâmico, em intensa relação com as pessoas e com o meio

social onde está inserida. A C.F./88, em seu artigo 208-IV, determinou que é dever do

Estado com a educação das crianças, porém esse direito só será efetivado mediante

garantia de atendimento em creche e educação infantil.

AS INDICAÇÕES DA LDB QUANTO O DIREITO

DA CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS

A Lei n.º.9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB), em seu artigo 4º-IV, confirmou, mais uma vez, que o atendimento gratuito em

creche e pré-escola é dever do Estado. Deixou claro, também, que o atendimento a

essa faixa etária está sob a incumbência dos municípios (art.11-V), determinando que

todas as instituições de Educação Infantil, públicas e privadas, estejam inseridas no

sistema de ensino. Como parte integrante da primeira etapa da educação básica.

A Educação Infantil foi dividida em creche (zero a três anos) e pré-escola (quatro a

seis anos), conforme artigo 30-I e II da LDB/96.

Não colocou a Educação Infantil como ensino obrigatório, como no caso das crianças

a partir dos sete anos de idade, mas reconheceu a sua importância ao defini-la como

a primeira etapa da educação básica e como direito de toda a criança de zero a cinco

anos de idade, sempre que seus pais ou responsáveis assim o desejarem ou

necessitarem.

A dimensão desse direito é universal, independente de classe social, diversidade

cultural ou diferenças regionais.

No contexto da Educação Infantil e do ponto de vista legal, social e educacional,

novas diretrizes e parâmetros de ação foram determinados, indicando a necessidade

de um reordenamento na estrutura funcional e organizacional dessas instituições.

Estudiosos e pesquisadores, vinculados principalmente às áreas de ciências humanas

e sociais tendo como base essa legislação e a contribuição trazida pelas descobertas

e conhecimentos realizados a respeito da criança de zero a cinco anos, debruçaram-

se sobre esse tema buscando não apenas compreender esse contexto de mudança

em todas as suas nuanças, mas contribuir para a construção de uma política nacional

de Educação Infantil inclusiva, educativa e profissional. Isto é, aquela a que todas as

crianças tenham acesso, prevalecendo as funções de cuidar e educar, integradas,

complementares e interdependentes, realizada por profissionais com capacitação

específica para atuarem na Educação Infantil.

A educação é também um dever da família. Em muitas regiões do Brasil, as crianças

trabalham para ajudar no sustento da casa e, por isso, não recebem incentivo familiar

para se dedicarem à escola. Todas as crianças têm direito à igualdade de condições

para o acesso e a permanência na escola, que deve garantir o pluralismo de ideias e

de concepções pedagógicas, o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Congresso Nacional. Constituição de 1998. Constituição da República

Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988.

.______. Lei N.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases

da Educação e dá outras providências. Brasília, D.F., 1996.

DRUMOND, Simone Helen Ischkanian. O lúdico jogos brinquedos e brincadeiras na

construção do processo de aprendizagem na educação infantil. Disponível em

http://www.slideshare.net/SimoneHelenDrumond/o-ldico-jogos-brinquedos-e-

brincadeiras-na-construo-do-processo-de-aprendizagem-na-educao-infantil-simone-

helen-drumond