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O financiamento da educação e o novo Plano Nacional Paulo Rubem Santiago Prof. da UFPE / Deputado Federal PDT-PE Natal, RN, 13 -10-2009 UPE, Recife, 23-10-2009 Palmas, Tocantins, 5-11-2009 Garanhuns,UPE, PE, 9 de novembro de 2009 Recife, 2 de março de 2010

O financiamento da educação e o novo Plano Nacional

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O financiamento da educação e o novo Plano Nacional

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O financiamento da educação e o novo Plano Nacional

Paulo Rubem SantiagoProf. da UFPE / Deputado Federal PDT-PE

Natal, RN, 13 -10-2009UPE, Recife, 23-10-2009

Palmas, Tocantins, 5-11-2009Garanhuns,UPE, PE, 9 de novembro de 2009

Recife, 2 de março de 2010

Page 2: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

Um dos capítulos mais importantes a ser analisado nas relações

“Estado e Sociedade”

Page 3: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

Sociedade e Estado

1. Por que a sociedade financia o Estado ?

2. Como a sociedade financia o Estado ?3. Como se caracterizam os impostos e

contribuições existentes ?4. Como o Estado faz retornar à sociedade os

impostos e contribuições recolhidos ?5. Qual a natureza desse retorno ?

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Artigo 205 da CF 1988

“ A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”.

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A educação na Constituição e na legislação infra-constitucional no Brasil

1. O dever de cada ente e a aplicação mínima de recursos

2. As diretrizes constitucionais3. As sub-vinculações de

receitas para a educação básica e os valores per-captas

das matrículas4. O Piso Salarial Nacional e as

Carreiras5. O Fim da DRU na Educação. O

Fundo Social do Pré-Sal

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PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Lei 10.172 de 2001 ( 2001-2010 )

Elevação Global do Nível de Escolaridade

Melhoria da Qualidade do Ensino

Redução das Desigualdades Sociais e Regionais no tocante ao acesso, permanência e sucesso escolar

Democratização da Gestão do Ensino Público

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Desigualdade na Escolarização (Dhesca , 2007)

Taxa de Frequência de 0 a 3 anos

Preta / Parda – 14,9% Branca – 19,4%Rural – 6,4 % Urbana – 19,6%

Norte- 7,5% Sudeste- 22,0%

20% + pobres – 10,2% 20% + ricos – 36,2%

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Desigualdade na Escolarização(Dhesca,2007)

Taxa de Frequência 4 e 5 anosBrasil – 70,1%

Preta e Parda – 68,2% Branca – 72,5%Rural – 54,9% Urbana – 73,8%Sul – 56,9% Nordeste -76,8 %

20% + pobres – 61,9 % 20% + ricos – 89,4%

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Calamidade Pública e Dívida Social

“Só metade dos alunos conclui a 8ª. Série”

Nordeste- 42,8% (EF) e 44,6% (EM)

Sudeste- 70,9% (EF) e 59,7% (EM)Sul- 62,6% (EF) e 46,9% (EM)

Norte- 28,7% (EF) e 45,2% (EM)

Brasil – 53,7% (EF) e 50,9% (EM)

Fonte : Relatório Unicef, 10/06/2009, “Folha de São Paulo”

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Por que ?

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A educação e as elites no País“ O Brasil nunca teve um estado

essencialmente provedor da educação, saúde, saneamento básico etc. ”

“ Em pleno século XXI (...) as elites nacionais não têm essa sensibilidade e o Estado sempre se negou a assumir essa

tarefa.”

Tânia Bacelar

“A Máquina da Desigualdade”

Le Monde Diplomatique BRASIL, No. 04, Nov. 2007

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Quatro causas e heranças perversas

Financiamento Insuficiente

Má Gestão da Educação

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EscravidãoEconomia Primária

/ Monoculturas

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1988 – CF : Princípios, Competências e Financiamento

1996 – LDB - Diretrizes e Bases

2001 – Lei 10.172, Plano Nacional de Educação

FUNDEF / FUNDEB– EC 14 e Lei 9424 de 1996/ EC 53 e Lei 11.494 de 2007

16 de julho de 2008 - Lei do Piso Salarial Nacional

O Fim da DRU na Educação e o Fundo Social do Pré-Sal

As ferramentas para um Sistema Nacional de Educação Básica com Qualidade

Page 15: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

O que aconteceu nesse período?

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Por trás da educação : A Síndrome de Carolina

“ (...) O tempo passou na janela e só Carolina não

viu. “

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O que passou na janela ? Os tempos mudaram

( para não cairmos em análises ingênuas )

De 1945 até 1973 A economia predominante no mundo era a

economia da produção com o estado atuando junto aos movimentos e interesses privados

Após 1973 , sobretudo após 1980, cresce a multiplicação das riquezas divorciada da produção.

Os interesses de grupos em concederem empréstimos e comprarem títulos que rendem

juros e em conseguirem isenções tributárias tomam proporções enormes nas relações centro-periferia

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A voracidade do mercado pelos juros

“ As regras destrutivas das finanças são capazes de apagar o sol e as estrelas porque não

pagam dividendos. ”

( John Maynard Keynes, 1933 )

Citado por Belluzzo em “As voragens da História”, Carta Capital , 16 de abril de

2003

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Desigualdade de Renda e Riqueza Comunicado da Presidência No. 14 do IPEA

Entre 2000 e 2007 foram gastos pelo tesouro nacional os seguintes

quantitativos:

Juros – R$ 1,267 trilhão de reaisSaúde– R$ 315 bilhões

Educação – R$ 149 bilhõesInvestimentos- R$ 93 bilhões

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Brasil 1994 /2000/ 20101. 16 anos de estabilidade inflacionária

2. Elevação Progressiva da carga tributária e da dívida pública em relação ao PIB

3. Ampliação da dívida em títulos públicos

4. Brutal e prioritária transferência de receitas do tesouro para os encargos da dívida e seus credores ( LRF não regulamentada desde 2000

para despesas federais )

5. Relação entre o aumento do endividamento e as políticas macroeconômicas

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Empréstimos e Dívida Pública

A evolução da dívida (..) deixa clara sua subordinação à política das taxas de juros.

A dívida saiu de 29,2 % para 42,6% do PIB entre 1994 e 1998

No total, no período, subiu de 11,54% para 35,4% do PIB o montante da dívida em títulos públicos

Sicsu, J. e Vidotto,C. – “A administração fiscal no Brasil e a Taxa de Juros” in “Arrecadação, de onde vem ? Gastos Públicos ,

para onde vão ? ”, Boitempo, SP, 2007

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Carga Tributária e Gastos com Juros x Investimentos Sociais

"A carga tributária no Brasil cresceu na última década porque as despesas públicas com juros

cresceram demasiadamente, apesar das privatizações dos anos

1990, que foram justificadas, porque seriam utilizadas para reduzir a

dívida pública."

João SicsúProf. UFRJ e Diretor IPEA

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O contexto por trás da educação1988 –CF : A financeirização da economia está se

consolidando no mundo1994- Plano Real e até 2002 – Privatizações, Crise

Cambial, Elevação dos Juros, Livre Circulação de Capitais, Isenções Tributárias, Explosão Dívida Pública

1999- Acordo com FMI = Saques em Dólar + Regras Duras de Controle de Gastos = Pagamento dos compromissos

da dívida pública

2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal2001 – PNE com Metas e Objetivos ( como ?????? )

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É a luta de interesses que vai definir como serão divididos os recursos(PLOA 2010)

Demais Despesas Financeiras

3,95%

Transferências a Estados e Municípios

8,15%Pessoal e Encargos

Sociais9,74%

Benef. Previd. e Assist.17,13%

Desp Discricionárias - Todos Poderes

9,97%

Demais Despesas Obrigatórias

1,08%Reserva de

Contingência Primária0,27%

Juros e Encargos da Dívida6,35%

Amortização da Dívida43,55%

3

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Projeto de Lei para o Orçamento de 2010

PAC14,1%

Demais35,9%

Bolsa Família7,9%

Educação12,7%

Saúde29,4%

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Renúncias tributárias a favor da renda do capital

Isenção do IR da remessa de lucros e dividendos ao exterior ( artigo 10o., da Lei 9249 de 1995 ).

Em 2005, segundo o BC, essas remessas das multinacionais somaram US$ 12,7 bilhões, maior

montante desde 1947;

US$ 12,7 bi x R$ 2,34 ( Câmbio 30/12/2005) representariam R$ 29,7 bilhões. Com 15% de IR teríamos

R$ 4,5 bilhões de arrecadação

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FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

Um dos desafios mais importantes a ser enfrentado para um projeto

de Sociedade

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A Educação na Constituição Federal (1)

Art. 212. A União aplicará (...) nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco

por cento, no mínimo (...) na manutenção e desenvolvimento do ensino.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual (...)

I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

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A Educação na Constituição Federal ( 2 )

Emenda Constitucional nº 14, de 1996 ( Criação do FUNDEF ) “ADCT - Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta

Emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério.

§ 6° A União aplicará na erradicação do analfabetismo e na manutenção e no desenvolvimento do ensino fundamental, inclusive na complementação a que se refere o § 3°, nunca menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal.

Page 30: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

Educação na CF ( 3 ) : EMENDA CONSTITUCIONAL 53, de 20 de DEZEMBRO DE 2006 - FUNDEB

Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal (...)

II - os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos (... )

Page 31: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

Mais FUNDEB

V - a União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o inciso II do caput deste artigo sempre que, no Distrito Federal e em cada Estado, o valor por aluno não alcançar o

mínimo definido nacionalmenteVI - até 10% (dez por cento) da complementação da União prevista

no inciso V do caput deste artigo poderá ser distribuída para os Fundos por meio de programas direcionados para a melhoria da

qualidade da educação, na forma da lei a que se refere o inciso III do caput deste artigo;

VII - a complementação da União de que trata o inciso V do caput deste artigo será de, no mínimo:

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Tarefas Preliminares da Sociedade ( 1 )

1. Censo Escolar com acompanhamento social2. Fortalecer o Conselho do FUNDEB

3. Manter equipe de acompanhamento dos gastos em educação via Conselhos

4. Construir Conselhos Escolares e Fórum5. Construir Conferências deliberativas

6. Construir Planos Municipais e Estaduais de Educação com metas e mecanismos de

avaliação regular (com PNE)7. Monitorar a educação no PPA, na LDO e na

LOA

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Tarefas da Sociedade ( 2) para um novo PNE 2011-2020

Metas de inclusão e qualidade com responsabilidade penal e mínimo de 10% do PIB para a educação.

Revisão da LRF – Os gastos de pessoal em educação podem exceder % da receita corrente líquida para universalização com

qualidade

Comitês Nacional, Estaduais e Municipais de Avaliação de metas e resultados. Dia 27 de maio ( LC 131-Transparência )

Nova macroeconomia, para o desenvolvimento de políticas de pleno emprego e infra-estrutura

Sistema de gestão democrática a partir da CF, da LDB, Constituições Estaduais e Municipais

Page 34: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

Referências

(1) SALVADOR, Evilásio – “A distribuição da carga tributária : Quem paga a conta”, p.79-98, in “Arrecadação:de onde vem,

Gastos Públicos : para onde vão” – SICSU, João (organizador), Boitempo Editorial, São

Paulo , 2007.

Page 35: O  financiamento da educação  e o novo Plano Nacional

Sites para Consulta

www.paulorubem.com.brwww.ipea.gov.br

www.cartamaior.com.brwww.inesc.org.br

www.camara.gov.brwww.mec.gov.br

www.rumosdobrasil.org.br

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