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O novo perfil de professor e as novas responsabilidades exigidas pelas instituições educacionais particulares no Brasil.
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UNIASSELVI – CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
RICARDO DA SILVA
O NOVO PERFIL DO PROFESSOR NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE
ENSINO: O PROFESSOR-GESTOR
Rio do Sul (SC)
2011
UNIASSELVI – CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
RICARDO DA SILVA
O NOVO PERFIL DO PROFESSOR NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE
ENSINO: O PROFESSOR-GESTOR
Monografia apresentada ao curso de especialização em Administração Escolar, Supervisão e Orientação como requisito parcial à obtenção do grau de especialista em Administração Escolar.
Uniasselvi – Centro Universitário Leonardo Da Vinci
Orientador: Prof.ª Vânia Elisabeth Carbonera
Rio do Sul (SC)
2011
RICARDO DA SILVA
O NOVO PERFIL DO PROFESSOR NAS INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE
ENSINO: O PROFESSOR-GESTOR
Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de especialista em administração escolar, supervisão e orientação e aprovada pela Uniasselvi.
Prof:Uniasselvi – Centro Universitário Leonardo Da Vinci
Prof:Uniasselvi – Centro Universitário Leonardo Da Vinci
Prof: Uniasselvi – Centro Universitário Leonardo Da Vinci
Às escolas particulares em que leciono, pois
confiam no meu trabalho como professor e
aos meus alunos que me motivam a
continuar estudando para que eu seja um
profissional melhor nesta tão respeitosa
profissão.
RESUMO
Apesar de pouca coisa ter fisicamente se modificado na educação ao longo do tempo, falando especificamente da educação particular, as exigências para com o professor vêm se modificando continuamente devido às mudanças nas características da nova geração de pais e consequentemente uma nova geração de alunos que demanda maiores competências dos professores para lidar com questões de dentro e também de fora de sala de aula. O seguinte trabalho irá elencar essas novas características desse novo professor, chamado de professor-gestor. As novas exigências, as novas responsabilidades junto às instituições particulares que esses professores representam. Focalizando os novos papeis desse novo profissional que habitualmente se vê obrigado a se atualizar para que possa continuar seu trabalho de uma forma cada vez mais competente e segura, enxergando a necessidade de lidar com o novo e cada vez mais rápido fazendo com que essas mudanças e atualizações pessoais precisem ser cada vez melhores e mais eficazes. Tentando demonstrar a ansiedade desse profissional que parece nunca estar realmente preparado para o trabalho que antes era o de gestor de alunos em sala de aula e que atualmente se amplia para gestor de tudo o que se encontra no ambiente escolar ou institucional relacionado aos alunos ou a instituição que defendem; tanto como o nome quanto a história dessa instituição. E o papel da escola com relação a esse professor? Com que olhos os gestores da escola precisam observar esse professor e como e o que podem exigir de seu profissional professor-gestor. Os professores devem se amparar na lei de diretrizes e bases da educação brasileira quando estiverem sendo exigidos demais? Lei que determina qual o verdadeiro papel do professor? E a escola? Essa não tem o direito de querer um profissional com as características que preencha as necessidades ao cargo? A nova gestão educacional tem como foco o professor e a importância que este profissional possui dentro de uma instituição particular onde o lucro tem papel fundamental em seu planejamento e missão. A nova geração de professores está sendo desafiada a estar cada vez mais preparada para lidar com novas situações e exigências que o mercado de trabalho necessita junto com o contexto social em que se encontram. Portanto, a monografia seguinte irá apontar e discutir o novo perfil do professor desejado pelas instituições particulares, o professor-gestor.
Palavras-chave: Gestão Escolar; Professor; Particular; Responsabilidades; Exigências.
ABSTRACT
Although few things have physically changed in education over time, speaking specifically about private education, the requirements to be a teacher are changing continuously due to changes in the characteristics of the new generation of parents and consequently a new generation of students who demand from the teachers greater aptitudes to deal with issues from inside and also from outside the classroom. The following paperwork will list these new features from this new teacher, so called the manager-teacher. The new hassles, the new responsibilities in the private institutions those teachers represent. Focusing on the new roles of this new professional who is usually forced to upgrade in order to continue their work in an increasingly competent and safe way, seeing the need to deal with the new, faster and faster making these personal changes and updates become much better and more effective. Trying to demonstrate the anxiety that professionals suffer because their never seem to be really prepared for the work that before was the management of students in the classroom and currently extends to manage everything surrounding the institutional environment. As the institution’s name as its history. What about the role of the schools relating the teacher’s need? How do the school managers need to observe that teacher and what they may require from their professional manager-teacher. Do the teachers must protect themselves according to the Brazilian education guidelines? Law that determines what the true role of the teachers is? The new educational management focuses on the teacher and the importance that these professionals have within a particular institution where the profit is in its initial planning and mission. The new generation of teachers is being challenged to be more prepared to deal with new situations and requirements that their work needs with the social context in which they are nowadays. Therefore, this paperwork will point out and discuss the new profile of the teacher that the private institutions wish, the manager-teacher.
Keywords – School Management; Teacher; Private; Responsibilities; Demanding
LISTA DE TABELA
Figura 1 – O professor antenado...............................................................................17
Quadro 1 – Gestão de desempenho dos professores...............................................18
Gráfico 1 – Média da relação candidato por vaga para licenciaturas nas
universidades brasileiras............................................................................................19
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO...........................................................................................................8
2.OS NOVOS PAPÉIS DO PROFESSOR NA VISÃO DAS ESCOLAS E INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE ENSINO............................................................9
3.AS CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR-GESTOR...........................................10
1Na instituição/escola: ............................................................................................. 13
2Em sala de aula: .................................................................................................... 14
3No uso das novas tecnologias: .............................................................................. 15
4.EXEMPLO DE INDICADORES DE DESEMPENHO DOS PROFESSORES EM UMA INSTITUIÇÃO PARTICULAR.............................................................................16
5.A VALORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO AO PROFESSOR-GESTOR........................18
4O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR-GESTOR ............... 19 5.1.1 Formação de uma equipe...........................................................................195.1.2 Investir em uma formação continuada efetiva e prática.............................195.1.3 Investir no professor....................................................................................205.1.4 Implantar o sistema de meritocracia na educação.....................................21
6.CONCLUSÃO...........................................................................................................21
7.REFERÊNCIAS........................................................................................................26
8
1. INTRODUÇÃO
"estamos num momento histórico em que o mundo é palco de inovações científicas e tecnológicas fundamentais, de mudanças nos domínios da economia e da política, e de transformação de estruturas demográficas e sociais. Estas alterações que irão com certeza acelerar-se no futuro criam tensões enormes, em especial no campo da educação, a qual terá que dar respostas a necessidades crescentes e enfrentar novos desafios de um mundo que muda rapidamente. Para fazer face às exigências do nosso tempo é preciso revelar ao mesmo tempo criatividade, coragem, uma vontade firme de operar mudanças reais e de estar à altura das tarefas que nos esperam”. (AL-MUFTI, In' AM, 2004)
Vivemos na sociedade da informação, uma sociedade nova e que se
modifica e cria novos paradigmas velozmente e que possui como professores muitos
profissionais que foram formados sob características diferentes das atuais se vêem
sendo desafiados a cada vez mais dentro da profissão pelos novos modelos de
gestão e administração que se moldam a essa nova sociedade e suas novas
características. O profissional professor é, naturalmente, de extrema importância
para o futuro de nossa sociedade. Sem entrar no mérito da valorização financeira e
pensando no professor enquanto profissional da educação, seu valor tem sido
reconhecido pela sociedade do conhecimento. Buscando conceitos, definimos o
professor como é o profissional do ensino. O conceito mais comum encontrado em
vários dicionários é: “Professor é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma
arte, uma técnica, uma disciplina”. A gestão escolar atual acrescenta um novo
adjetivo à palavra professor. O professor- gestor. Gestor vem do verbo gerir, ou seja,
Segundo o conceito clássico desenvolvido por Henry Fayol, o gestor pode ser
definido pelas suas funções no interior da organização: é a pessoa a quem compete
à interpretação dos objetivos propostos pela organização e atuar, através
do planeamento, da organização, da liderança ou direção e do controle ou
verificação, a fim de atingir os referidos objetivos.
Mas, qual o verdadeiro papel do professor na educação atual? Será que o
novo professor tem, além de gerir uma sala de aula, responsabilidades maiores
como a de fazer parte na gestão escolar ao ponto de ser parte principal com relação
ao crescimento de alunos/clientes da mesma? De acordo com a visão de alguns
9
profissionais que geram as principais escolas particulares da cidade de Rio do Sul a
resposta é positiva e vem acompanhada diretamente da visão administrativa ou
didática desse profissional que atualmente administra essas instituições. Ao decorrer
sobre as principais características desse professor-gestor apresentaremos a visão
da escola (gestora de educação) e do professor (gestor de ensino/aprendizagem)
desta forma balanceando os pontos positivos e negativos com relação ao que é
esperado das novas competências e responsabilidades do professor, profissional
esse que está sempre em evolução e que nunca se aquieta e sem deixar de ser um
aprendiz, um eterno estudante, pois sendo a educação ponto de partida para o
desenvolvimento das sociedades o professor possui as maiores responsabilidades
para o acontecimento desse processo e sendo assim precisa se atualizar modificar e
se adaptar a essas mudanças que com mais freqüência e rapidez ocorrem no
mundo ocidental capitalista.
2. OS NOVOS PAPÉIS DO PROFESSOR NA VISÃO DAS ESCOLAS E INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE ENSINO
"O educador não é mais aquele que vende seu tempo para a escola, mas sim um detentor de competências que agregam valor para o alcance dos objetivos institucionais" (Marcelo Freitas).
O “novo” professor atualmente possui papel fundamental para que as
instituições de ensino possam alcançar seus objetivos, sejam eles quais forem. As
escolas particulares se preparam e se modificam cada vez mais para os novos
alunos que ali entram e consequentemente necessitam de profissionais que
possuam um perfil de transformação e atualização para afrontar a concorrência das
outras escolas que buscam também uma atualização e possuem também o mesmo
objetivo de se atualizar para o atual mercado da educação e consequentemente
melhorar e se desenvolver. Para que isso se torne possível, o profissional contratado
dessas escolas/instituições possui papel importante nessa nova gestão escolar. O
professor que recebe um adjetivo em seu cargo ou posição profissional e junto
desse adjetivo a necessidade de se adaptar a novas exigências e responsabilidades
necessitadas pelas escolas atuais.
10
Desta forma, de acordo com as exigências das escolas/instituições o
professor-gestor antes de tudo deverá trabalhar em rede. Uma rede de
funcionamento que passa por cada um dentro da escola, tudo isso para alcançar
suas metas. Desde a recepção do aluno até sua saída para o tão desejado e
aguardado vestibular; tanto pelos os alunos como para os pais desses alunos, os
verdadeiros clientes.
De acordo com Bordoni (2009), além dos saberes técnicos advindos de seu
curso de formação, o professor deve possuir uma base sólida e ir além dos saberes
cognitivos, buscando conhecimento em: legislações, teorias educacionais e de
aprendizagem, conhecimentos específicos na sua área, português, língua
estrangeiras, filosofia, informática e novas tecnologias, planejamento, administração,
metodologia, relações interpessoais, liderança, marketing e criatividade. O professor
necessita de uma visão ampliada da escola, percebendo sua importância para além
da sala de aula, se percebendo como peça chave de conjunto maior, consciente de
que cada ação sua irá influenciar diretamente em todo o andamento da escola. O
professor tem a competência para a gestão da sala de aula e tem também a visão
do gestor educacional, percebendo a escola como um todo para que os objetivos
institucionais possam ser alcançados. Esse novo profissional da educação é
chamado de professor-gestor
3. AS CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR-GESTOR
Segundo Perrenoud (2002, p.89) “as reformas atuais confrontam os professores com dois desafios de envergadura: reinventar sua escola enquanto local de trabalho e reinventar a si próprios enquanto pessoas e membros de uma profissão”.
Estamos no século XXI, se a escola não obteve grandes transformações
físicas e até filosóficas o perfil da nova geração de alunos mudou, e muito. É
simplesmente impensável, nos dias de hoje, para um professor, concentrar e limitar
seu trabalho ao quadro negro e a sala de aula. As exigências a um professor para
lidar com as novas gerações chamadas Y ou Z dentro de uma sala de aula são
bastante grandes e, além disso, o profissional necessita enxergar a escola como um
11
todo, ter a visão também direcionada para fora da sala de aula, um completo gestor
para que possa ser desejado e valorizado pelas instituições particulares de ensino
onde o profissional é mais bem remunerado e valorizado profissionalmente, porém
consequentemente mais cobrado e exigido. Essa valoração e cobrança têm
instigado o professor a buscar padrões de capacitação no intuito de aperfeiçoar e
valorizar seu potencial e é neste sentido que começa a surgir um novo professor: o
professor gestor.
A gestão do conhecimento na prática docente, a educação tecnológica e a
aprendizagem colaborativa, despontam como uma das principais tendências
didático/pedagógicas adequadas à complexa educação contemporânea, tendo em
vista a existência de diversas possibilidades, alternativas metodológicas e
tecnológicas para a realização e produção de conhecimento, de forma coletiva,
colaborativa e inovadora. O professor, gestor do conhecimento deve ter como
finalidade ir além de ser um repassador de informações sob a justificativa de
promover o aprendizado. Ele deve desenvolver no aluno a capacidade de aprender
e de interagir na busca pela construção do conhecimento desejado, e assim, como
um gerente de grandes organizações empresariais, ele tem como uma das suas
principais características, ser um especialista em pessoas, estando capacitado a
mobilizar, reconhecer, organizar e entender sua equipe.
O artigo 13 da LDB cita como função dos professores:
Artigo 13 - Os docentes incumbir-se-ão de:
I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III. zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV. estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento;
V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.
12
Nota-se que o papel do professor, segundo a LDB, está muito além da simples
transmissão de informações. Dentro do conceito de uma gestão escolar
democrática, ele participa da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino, isto é, decide solidariamente com a comunidade
educativa o perfil de aluno que se quer formar, os objetivos a seguir, as metas a
alcançar. E isso não apenas com relação a sua própria disciplina, mas toda a
proposta pedagógica da escola. A LDB discorre sobre a elaboração e o cumprimento
do plano de trabalho, trazendo à tona a organização do professor e a objetividade no
exercício de sua função. No tocante à aprendizagem dos alunos, fala em zelo no
sentido de acompanhamento dessa aprendizagem, que se dá de forma
heterogênea, individual. Zelar é mais do que avaliar, é preocupar-se, comprometer-
se, buscar as causas que dificultam o processo de aprendizagem e insistir em outros
mecanismos que possam recuperar os alunos que apresentem alguma espécie de
bloqueio para o aprendizado.
A revista Nova Escola aponta as seis características do professor do século
21 em reportagem sobre o novo perfil do professor:
1° - Ter boa formação – onde a revista aponta o mestrado com caminho
para o profissional ter ferramentas para solucionar os novos problemas e
indagações que surgem a cada dia.
2° - Utilizar as novas tecnologias – como ferramenta e recurso para
apresentar os conteúdos de uma forma mais eficaz e próxima a realidade do aluno.
3° - Atualizar-se nas novas didáticas – como técnicas e estratégias de sala
de aula, pois a graduação não prepara completamente para a sala de aula, onde a
formação continuada tem papel fundamental na preparação do professor. Tanto a
oferecida pelos sindicatos e particulares quanto pela escola com foco no
aprendizado dos conteúdos em sala de aula.
4° - Trabalhar bem em equipe – com a troca de ideias todos ganham. Planejar
atividades, compartilhar informações e analisar o que funcionou ou não é uma forma
mais eficaz de ensinar. Facilitando o trabalho de todos dentro da equipe. Ter os pais
como aliados também é de suma importância Nas reuniões de pais, explicar a
concepção de trabalho para que entendam como diferentes atividades favorecem o
ensino da leitura, entre outras habilidades. Quando todos - família, professores e
gestores - se envolvem, a criança sempre ganha.
13
5° - Planejar e avaliar sempre - usar meios avaliativos para checar o que de
verdade os alunos aprenderam e, com isso, verificar a qualidade e a consistência
das estratégias de ensino para reorientar o trabalho em sala. A escola precisa ter um
currículo bem estruturado, pois somente assim os professores e alunos podem
saber quais são as expectativas de aprendizagem para cada conteúdo.
6° - Ter atitude e postura profissional - a sala de aula, assim como todos os
lugares também têm normas de convivência; tanto para alunos como para
professores. Todos, independentemente de seu histórico e comportamento, têm a
capacidade e o direito de aprender e, por isso, deve sempre esperar o melhor de
cada um. Todo docente deve analisar cada caso, olhar para as dificuldades de
convivência, pensar em estratégias para sanar os problemas e criar o melhor
ambiente para a aprendizagem. O que ocorre na sala de aula é reflexo da Educação
como um todo
Na sequência serão elencados as principais características do professor-
gestor em três ambientes específicos segundo especialistas:
1 NA INSTITUIÇÃO/ESCOLA:
Segundo Bordoni (2009) são papéis do professor-gestor na instituição:
• Ser pró-ativo;
• Buscar atualização, em diversas áreas, constantemente;
• Ser participativo e comprometido com a escola e seus alunos;
• Planejar suas ações, prevendo suas conseqüências;
• Comunicar-se bem e manter a todos bem informados sobre o seu trabalho -
do porteiro ao diretor;
• Ser corresponsável pela captação e fidelização de alunos;
• Manter contato com os ex-alunos, e com outras pessoas interessantes para a
escola;
• Estimular e utilizar as tecnologias disponíveis na escola;
14
• Envolver pais, alunos e os outros professores com os seus projetos para a
escola;
• Fundamentar suas ações a partir do PPP e da realidade da escola;
• Estabelecer, com os alunos, metas de curto, médio e longo prazo e criar
instrumentos para acompanhamento;
• Descobrir o que os alunos, pais, diretores, supervisores e os diversos
públicos de interesse valorizam;
• Compreender o ambiente escolar e o cenário externo e interno; Conhecer a
cultura da escola e sentir o seu pulsar.
2 EM SALA DE AULA:
Ainda Segundo Bordoni (2009) são papéis do professor-gestor em sala de
aula:
• Gerenciar o tempo e os processos;
• Contextualizar o ensino;
• Possuir uma postura interdisciplinar;
• Estimular e utilizar as tecnologias disponíveis na escola;
• Trabalhar pautado na realidade e na sociedade atual;
• Adotar metodologia de pesquisa e separar a ideia de competência de
conteúdos;
• Promover o trabalho em grupo e com projetos;
• Não trazer para os alunos respostas para perguntas que eles não fizeram e
sim, formular com eles novas perguntas, incentivando novas descobertas;
• Valorizar os alunos. Saber que até os "com mais dificuldades" têm
características positivas e habilidades diversas que podem suscitar o
recebimento de elogios que melhoram a sua autoestima;
• Promover a colaboração. Saber que não é detentor único do saber;
• Reconhecer nos conflitos uma oportunidade para o crescimento e
amadurecimento da turma;
15
• Utilizar os meios burocráticos e tradicionais do ensino para facilitar, não para
constranger.
3 NO USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS:
"O computador nunca substituirá o professor. Por mais evoluída que seja a máquina, por mais que a robótica profetize evoluções fantásticas, há um dado que não pode ser desconsiderado: a máquina reflete e não é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista de cada aluno. Isso é um privilégio humano." (Grabriel Chalita, 2003)
Tedesco (2004) diz que experiências em atualização de professores para o uso
das novas tecnologias demonstram que como para a grande maioria dos professores
são necessários bem mais do que um ou dois cursos, e ainda, que os professores levam
de três a quatro anos para desenvolver os conhecimentos necessários para integrar, de
maneira proveitosa, as tecnologias às suas tarefas docentes. O professor também
necessita de atualização permanente, buscar sempre informações, saber o que está
acontecendo, estar consciente da relação entre os diferentes saberes. Saber
somente sobre a sua área de atuação não é mais suficiente para atender as
necessidades dos alunos. Isto não quer dizer que o professor precise saber tudo,
mas sim, saber o que o aluno quer conhecer. O processo educativo precisa estar
vinculado ao contexto social, em que o sujeito - aluno - está inserido. Isso irá
implicar em conhecer e utilizar a tecnologia disponível, bem como outros recursos
pedagógicos.
O professor possui a sua disposição uma série de ferramentas, que podem
ser utilizadas através do computador, internet e celular. Portanto é necessário que o
profissional tenha conhecimento técnico para a utilização das tecnologias
disponíveis aos alunos e que busque esse conhecimento necessário para a
utilização eficaz das ferramentas em questão e que possa em sala de aula ou até
mesmo fora dela utilizar as que estão a sua disposição e que fazem parte da vida do
aluno desde muito cedo. Para as novas gerações (X e Z) o uso de tecnologias e
novos gadgets eletrônicos são praticamente obrigatórios para obtenção de sua
atenção e consequentemente poder demonstrar a relevância de determinado
assunto ou conteúdo.
16
A revista Veja na reportagem A Escola do Futuro de 25/03/2009 projeta o
novo professor e o uso das tecnologias em sala da aula:
FIGURA 1 – O PROFESSOR ANTENADOFONTE: Revista Veja - 25/03/2009
4. EXEMPLO DE INDICADORES DE DESEMPENHO DOS PROFESSORES EM UMA INSTITUIÇÃO PARTICULAR
Como exemplo, na página seguinte está os indicadores de desempenho do
Colégio Dom Bosco de Rio do Sul – SC que são cobrados dos professores onde os
mesmos são avaliados com uma pontuação ao final do ano letivo com o objetivo de
17
se manter um padrão de qualidade entre os profissionais da escola. Os indicadores
em questão possuem como características principais serem semelhantes aos das
instituições de ensino superior.
1. PPD (Projeto Pedagógico Disciplinar) - planejamento anual;2. PROJETOS - Utilização de projetos de trabalho - especialmente os projetos
indicados pelo livro da SER;
3. SISTEMA PREVENTIVO - iniciativas a cerca da pedagogia salesiana;
4. AÇÃO EVANGELIZADORA - uso da pedagogia salesiana em mensagens: na
reunião, BOM DIA, BOA TARDE;
5. PPSA (Projeto Pedagógico de Sala de Aula) - planejamento que pode ser:
semanal/mensal/bimestral;
6. PLANEJAMENTO DE INFORMÁTICA - Precisa constar no PPSA e formulário
no quadro da sala dos professores;
7. EDUCAÇÃO CONTINUADA - presença nas reuniões de 2ª feira (17h45min às
18h45min);
8. ASSESSORIA PEDAGÓGICA – presença;
9. USO DE MÍDIAS: retro-projetor - vídeo - DVD - estação multimídia = Registro
nos formulários de sala de aula/recepção/sala dos professores;
10. PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS;
11. PRESENÇA NA REUNIÃO DE PAIS;
12. VISIBILIDADE DO TRABALHO - feiras, mostras, olimpíadas, mural no
corredor, texto no site, apresentação para outras salas, apresentação para pais.
QUADRO 1 - GESTÃO DE DESEMPENHO DOS PROFESSORESFONTE: Colégio Dom Bosco – Rio do Sul - SC
Podemos ter uma visão clara dos papéis exigidos por esta escola particular
para com seus professores-gestores. Onde suas responsabilidades são ampliadas
para fora da sala de aula e pontuadas avaliando-se individualmente cada
profissional com relação à organização mais completa às atividades programadas
para a sala de aula. Podemos ver as exigências com relação à organização,
preparação, trabalho em rede, conhecimento filosófico da escola, utilização das
tecnologias, educação continuada, manter todos informados sobre seu trabalho, ou
18
seja, podemos enxergar as características exigidas ao professor-gestores que
citamos anteriormente.
5. A VALORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO AO PROFESSOR-GESTOR
Sim, o professor é fundamental para a sociedade e exerce um trabalho importante,
nobre, gratificante e de muita responsabilidade. Mas, não, obrigado, não queremos ir
para a sala de aula. É isso que diz a maior parte dos jovens brasileiros hoje.
Na pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC) e da Fundação Carlos Chagas (FCC),
apenas 2% dos estudantes do terceiro ano apontaram a Pedagogia ou algum tipo de
Licenciatura como primeira opção de carreira.
Esse resultado bate com o panorama dos maiores vestibulares do país. De acordo
com o Censo da Educação Superior de 2009, Pedagogia, Licenciaturas e outros
cursos ligados à formação de professores têm uma relação candidato/vaga bastante
desfavorável de acordo com o gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Média da relação candidato por vaga para licenciaturas nas
universidades brasileiras
FONTE: Censo da Educação Superior 2009.
Na média das universidades brasileiras e no maior vestibular do país, a relação
candidato/vaga dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas é uma das mais baixas.
19
Devido a essa falta de mão de obra, as escolas precisam se investir na formação do
e na valorização do profissional desejado, para que se crie uma atratividade dessas
vagas existentes nas escolas particulares e se transforme o profissional professor
em professor-gestor. Para que suas características possam se desenvolver é
preciso alguns fatores que serão discutidos no próximo tópico.
4 O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR-GESTOR
5.1.1 Formação de uma equipe
Perrenoud (2002) nos diz que trabalhar em conjunto torna-se uma necessidade mais
ligada à evolução do ofício do que uma escolha pessoal, mas ao mesmo tempo há
os que desejam trabalhar em equipe visando a níveis de cooperação. Julgamos
assim que o trabalho em equipe é para quem busca excelência. Partindo do ponto
em que "cada indivíduo traz para o grupo sua personalidade que já é uma
combinação de fatores" e de que, portanto o próprio fato de trabalhar em equipe é
um processo formativo porque é desse trabalho que surgem as inovações, visto que
a personalidade de um membro da equipe e assim o professor precisa enxergar a
necessidade de fazer parte da equipe e dividir seus receios, preocupações e
conquistas com a equipe onde se encontra. Mas, Ter uma equipe altamente eficaz é
mais do que ter um grupo de pessoas, visto que o trabalho em equipe precisa ser
planejado, elaborado. Portanto, a escola precisa elaborar uma equipe e organizá-la
para que esta tenha um padrão de regras, comportamento e qualidade ao defender
seu trabalho junto à escola.
5.1.2 Investir em uma formação continuada efetiva e prática
As ações para formação continuada de professores no Brasil intensificaram-se a
partir da década de 1980 (SEF, 1999). No entanto, só na década de 1990, a
formação continuada passou a ser considerada como uma das estratégias
fundamentais para o processo de construção de um novo perfil profissional do
professor (VEIGA, 1998). Investir na inteligência e na formação continuada do
professor e dar sentido à necessidade da equipe. Somente a gestão não é o ideal,
ser professor é algo que necessita de sensibilidade e atualização constante e é
20
papel da escola abrir espaços para que essa atualização aconteça. A formação
continuada de professores, deve incentivar a apropriação dos saberes pelos
professores, rumo à autonomia, e levar a uma prática crítico-reflexiva, abrangendo a
vida cotidiana da escola e os saberes derivados da experiência docente. Fazer com
que isso aconteça ao dar sentido real e valorizar a formação continuada é um dos
desafios a ser enfrentados pela coordenação da escola.
5.1.3 Investir no professor
Com os rendimentos atuais dos professores não basta a vontade do educador em
capacitar-se, é necessário um investimento sério da escola, não só em nível
financeiro, mas na concessão de espaços e tempos de formação. Uma das maiores
necessidades do educador, junto com o fator econômico, é tempo disponível para
dedicar a si mesmo e a reflexão da sua prática. Não se pode inovar quando se
segue o turbilhão das grandes águas. Aqui não cabem cursos de férias porque o
educador, como qualquer outro profissional, precisa de férias, afinal ele não é um
filantropo, um religioso consagrado à humanidade, à educação. É imperativo dar ao
educador gestor a oportunidade de participar e financiar cursos dirigidos à sua
prática e, mais do que isso, abrir-se à inovação que essa formação trará à escola.
Não se pode ser hipócrita ao proporcionar ao educador uma formação e tornar,
depois, inviável as mudanças de posturas e atitudes que essa formação sugere. A
escola geralmente investe bastante em infraestrutura, em tecnologia, isso é
importante, mas, mais do que esses instrumentais, ela precisa investir nas pessoas,
pois são elas que determinam o sucesso ou o fracasso da escola; são as pessoas
que determinam o futuro da escola através da visão e do perfil que imprimem à
mesma. Quando a escola investe no professor-gestor ela investe no
desenvolvimento das competências que vão abrir portas para novas oportunidades
no futuro, bem como a descoberta de novos modelos para as situações atuais.
A escola deve, para isso, levar em consideração as funções específicas que o
profissional deve desempenhar e o desenvolvimento de capacidades para assumir
seu lugar na educação com convicção e segurança.
21
5.1.4 Implantar o sistema de meritocracia na educação
Valorizar e premiar os melhores profissionais com avaliações individuais.
Meritocracia na educação é premiar com promoção e aumento de salário os
professores que formam mais alunos capazes de atingir boa colocação em disputas
acadêmicas. Cada profissional merece ter uma avaliação e valorização individual
como regra básica de respeito ao indivíduo e tratamento ao profissional que presta
serviço a uma instituição que preza pelo crescimento intelectual e pessoal das
pessoas que passam por suas portas. Essas instituições avaliam seus educadores
da forma que lhes é mais conveniente, mas estas não podem deixar de avaliar de
uma forma justa e individual tanto com relação aos deveres quanto aos seus direitos
de serem recompensados por cumprirem seus papéis de uma forma correta e
profissional. Com as avaliações individuais os professores se sentem confortáveis
para buscarem uma melhora nos pontos fracos e estar sempre em movimento para
que seus pontos fortes se desenvolvam. Discutir a questão da meritocracia
direcionada aos profissionais da educação na escola é o pontapé inicial da questão.
6. CONCLUSÃO
Dificilmente encontraremos um professor perfeito tecnicamente falando,
aliás, aquele que se acha perfeito, e, portanto nada mais tem a aprender, acaba se
transformando num risco para a escola em que se encontra. Por mais que o diretor
ou o coordenador pedagógico tenham boa intenção, nenhum projeto será eficiente
se não for aceito, abraçado pelos professores porque é com eles que os alunos têm
maior contato.
A parceria escola/família, escola/comunidade é vital para o sucesso do
educando. Sem ela a já difícil compreensão do mundo por parte do aluno se torna
cada vez mais complexa. Juntas, sem denegar responsabilidades, a família, a
escola, a comunidade podem significar um avanço efetivo nesse novo conceito
educacional: a formação do cidadão. Tem se a certeza de que não se admite mais
um professor mal formado ou que pare de estudar e se informar sobre o mundo a
sua volta.
22
O professor somente conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele
próprio continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é, indiscutivelmente,
diretamente proporcional à capacidade de aprendizado dos professores.
Sendo assim, se alguma escola particular pretende que seu professor se
“transforme” em um professor-gestor ela terá que se organizar e preparar para que
isso possa acontecer de uma forma justa e correta, investir na inteligência,
formação, atualização e no sentido de equipe, valorizar seu trabalho com
“comissões” ou aumento do valor hora de acordo com seu desempenho nos
indicadores adotados. Os professores abaixo do rendimento esperado poderão
receber algo tipo de “punição”. Muito se é cobrado do professor, mas no final das
contas existe a injustiça com relação ao valor/hora pago no papel de professor que
recebe sobre as horas de sala de aula, mas acaba não recebendo no momento em
que este é cobrado como gestor, onde necessita utilizar horários diferentes daqueles
ditos de trabalho para deixar de viver sua vida e deixar suas próprias
responsabilidades como pai ou mãe de família, esposo, esposa e amigo para
defender uma escola e que acaba não sendo remunerado e valorizado da forma
justa, como se o professor tem o dever de estar sempre à disposição da escola
como que de plantão.
Existe a cobrança do professor fora de sala de aula, mas a aula em si muitas
vezes é deixada para segundo plano. As preocupações sobre o andamento correto
do ensino/aprendizagem e a caminhada para se chegar ao objetivo didático
delimitado é dificultado por todas as cobranças que são feitas com relação ao pré-
aula e pós-aula, ou seja todo um retrabalho desnecessário que existe com relação a
atividades não relevantes ao real aprendizado do aluno. Um bom planejamento
sempre foi o ponto principal de uma aula, mas existem exageros atualmente com o
tempo necessitado para a organização deste planejamento dentro de um ambiente
virtual de aprendizagem e o retrabalho de escrever o mesmo manualmente para que
fique arquivado em algum lugar empoeirado. Anotações para o acompanhamento
dos pais e marcações de tarefas cumpridas ou não acabam tomando um tempo
essencial na busca pelo real sentido do aprender, da concentração necessária da
uma turma para com o professor e para com o aprendizado. Além do problema
gerado pela administração escolar voltada ao lucro que é a superlotação das salas,
com muitos alunos dificultando o bom andamento da aula com paradas para
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organização de disciplina ou até mesmo com relação ao espaço da sala. A
necessidade de utilizar todas as tecnologias que a escola tem a disposição muitas
vezes direciona o professor a preparar aulas sem sentido real ou continuidade pela
falta de objetivo que a má utilização de certas tecnologias pode ocasionar.
Portanto, a escola particular deve sim ter no professor o ponto principal na
busca de seus novos clientes, mas preferivelmente tendo como foco a sala de aula,
seu devido lugar de trabalho como profissional professor. Se a instituição particular
deseja que o além da sala aconteça, deve-se valorizar o profissional da forma mais
justa possível e não permitindo que este profissional defenda várias bandeiras com
ideologias diferentes simplesmente porque necessita trabalhar em três turnos para
alcançar um salário que lhe permita gozar do conforto e segurança que deseja para
ele e sua família.
E o profissional professor, o que pensa sobre o assunto? Quais são as
consequências que o acumulo de tarefas que o papel do gestor pode causar a rotina
e vida familiar do professor. Talvez seja tema para uma próxima pesquisa
acadêmica sobre o assunto.
Como ilustração do pensamento desse autor segue abaixo um texto de Frei
Betto escritor e filósofo bastante citado e utilizado por escolas e professores como
uma visão utópica, mas possível da formação da escola atual. Particular ou não.
A Escola dos meus Sonhos
Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar,
consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de
instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de
construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho,
pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano
integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de
trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem
como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à
superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança,
informação e alimentação.
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Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com
abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade,
sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a
Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das
privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de
jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a
Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a
Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de
policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores -
índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc. Na escola dos meus sonhos, a
interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se
complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada
a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de
meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das
expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala
do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do
espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há
periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da
Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos
treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência,
comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é
uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam
democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.
Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos
de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do
iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a
fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os
fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é
destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação
animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham
os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola,
família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As
eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por
ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os
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políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e
comparados às suas práticas. Não há provas baseadas no prodígio da memória
nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de
Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de
Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a
classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos,
aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o
curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo
de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que
instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à
elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos
cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece
conexões com o noticiário da mídia. Na escola dos meus sonhos, os professores
são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem
manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas
direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.
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7. REFERÊNCIAS
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tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2004. 9ª
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