1
O Pandeiro Não sou grande apreciadora do silêncio, na maior parte das vezes. Porque acho que o som faz falta à alma, e por isso não o devemos anular com um silêncio. Queria algo que fizesse um som que pudesse facilmente encaixar- se nos outros, sem perder relevância. A mim sempre me disseram que um som mal enquadrado não pode ser de verdade, apesar de sempre ter pensado que todos os sons se enquadram em alguma circunstância à sua simples maneira. Pensei em fazer um tambor, mas como já se tinha especulado na aula fazer-se esse instrumento, decidi pensar um pouco mais. Depois de ter riscado vários papéis com ideias que me pareceram insuficientes, achei a feitoria de um pandeiro boa que chegasse. A sua base seria um prato de um vaso e caricas seriam o seu chocalho perfeito. Depois de muito martelar caricas - por vezes até os próprios dedos por “engano” - , cortar fendas no plástico para depois prender as caricas com uma linha, o meu instrumento ficou pronto. O meu irmão fez questão de ser o primeiro a pôr em prática o pandeiro, e com dois abanões logo as caricas a chocalhar se fizeram ouvir. Mais dois abanões e umas gargalhadas à mistura foram suficientes. Certo é que nenhuma sinfonia de Beethoven se toca com o meu pandeiro, e o seu aspecto também não é magnífico, mas para mim o que importa é o som, que à sua simples maneira, soltando apenas notas, faz vibrar multidões. É isso que importa no som do pandeiro. A simplicidade. Inês Mestre 8º F

O pandeiro 2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O pandeiro 2

O PandeiroNão sou grande apreciadora do silêncio, na maior parte das vezes. Porque acho que o som faz falta à alma, e por isso não o devemos anular com um silêncio. Queria algo que fizesse um som que pudesse facilmente encaixar-se nos outros, sem perder relevância. A mim sempre me disseram que um som mal enquadrado não pode ser de verdade, apesar de sempre ter pensado que todos os sons se enquadram em alguma circunstância à sua simples maneira.Pensei em fazer um tambor, mas como já se tinha especulado na aula fazer-se esse instrumento, decidi pensar um pouco mais. Depois de ter riscado vários papéis com ideias que me pareceram insuficientes, achei a feitoria de um pandeiro boa que chegasse. A sua base seria um prato de um vaso e caricas seriam o seu chocalho perfeito. Depois de muito martelar caricas - por vezes até os próprios dedos por “engano” - , cortar fendas no plástico para depois prender as caricas com uma linha, o meu instrumento ficou pronto. O meu irmão fez questão de ser o primeiro a pôr em prática o pandeiro, e com dois abanões logo as caricas a chocalhar se fizeram ouvir. Mais dois abanões e umas gargalhadas à mistura foram suficientes. Certo é que nenhuma sinfonia de Beethoven se toca com o meu pandeiro, e o seu aspecto também não é magnífico, mas para mim o que importa é o som, que à sua simples maneira, soltando apenas notas, faz vibrar multidões.É isso que importa no som do pandeiro. A simplicidade.

Inês Mestre8º F