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Módulo Formação Docente UNIVERSIDADE COLUMBIA DEL PARAGUAY CURSO: MESTRADO EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO ACADÊMICOS: ELIANA SILVA GALVÃO CLARICE FERREIRA NOGUEIRA ELISABETE TOLEDO DO COUTO JOSEANE SILVA DE MELO MARQUES MARINEIDE SOUSA CARVALHO MARLY SANTANA NERIS FABRÍCIO SOBRE O PODER DO PROFESSOR Trabalho apresentado como cumprimento às exigências da Universidade del Columbia no curso Mestrado em Ciência da Educação, como parte do conteúdo da disciplina de Formação Docente. Orientação: Professora. Dra. Maria Cristina Peralta Dra. Maria Cristina Peralta

O poder do professor

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UNIVERSIDADE COLUMBIA DEL PARAGUAY

CURSO: MESTRADO EM CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

ACADÊMICOS: ELIANA SILVA GALVÃO CLARICE FERREIRA NOGUEIRA ELISABETE TOLEDO DO COUTO JOSEANE SILVA DE MELO MARQUES

MARINEIDE SOUSA CARVALHO MARLY SANTANA NERIS FABRÍCIO

SOBRE O PODER DO PROFESSOR

Trabalho apresentado como cumprimento às exigências da Universidade del Columbia no curso Mestrado em Ciência da Educação, como parte do conteúdo da disciplina de Formação Docente.Orientação: Professora. Dra. Maria Cristina Peralta

Asunción - PY Janeiro 2016

Dra. Maria Cristina Peralta

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SOBRE O PODER DO PROFESSOR

INTRODUÇÃO

O professor anda perplexo com tudo aquilo que vem acontecendo com ele, com a escola

e com a sociedade. Há uma profunda mudança na relação Escola-Sociedade e ainda não nos

damos conta disso. A produção do homem é algo que, em tese, cabe à sociedade como um

todo fazer.

O que tem ocorrido é que paulatinamente esta função tem sido transferida para uma

instância particular: a escola! Há um movimento progressivo: a aprendizagem de condutas e

de saberes passa das famílias e das comunidades à escola (desde os hábitos educacionais

elementares: escovar dente, amarrar sapato, respeitar os mais velhos etc.). 

Em entrevista a revista Educação AMARAL AMARAL & FRANCK. (2009), declara

que hoje o professor está órfão de pai (Estado — que representa os interesses da classe

dominante) e de mãe (Sociedade Civil): de pai, porque o Estado já não precisa tanto dele para

a formação de mão-de-obra e para a inculcação ideológica, e de mãe, porque a Sociedade, a

Comunidade, não identifica o professor como um aliado, uma vez que “já não se fazem

professores como antigamente”. 

Vivemos, pois, este paradoxo: nunca se precisou tanto do professor e nunca se deu tão

pouco a ele, tanto do ponto de vista da formação, quanto da remuneração e das condições de

trabalho. O melhor desempenho do sistema educacional, não resulta apenas no poder de

mudança do professor, pois é compreensível que o que se deve mudar não é tão somente,

trabalhar novas formas e métodos pedagógicos. O profissional necessita de aparatos, de

motivações, mas estas estão suprimidas por um arruinado sistema que também necessita de

reestruturação, reestruturação por exemplo quanto a qualidade desses profissionais, mas

também de outros dados importantes como: resgatar a valorização do professor, seja em

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A escola depende, mais que de leis, mais que do aluno, mais que da própria família deste, de um elemento capaz de modificar todos estes

pela sua ação consciente, pela sua visão geral da vida, pela sua disposição de constante devotamento a um ideal, ainda sabendo-o de

realização tardia, sentindo-o cumprir-se muito depois da sua ansiedade e do seu labor. A escola depende, antes de tudo, do mestre. Cecília

Meireles, 1930 Cecília Meireles, 1930

Vasconcellos, Celso dos Santos, 1956

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âmbito sócio econômico, político e até mesmo enquanto ser humano digno de sua profissão.

Mais do que nunca, é o momento do resgate do professor como sujeito histórico de

transformação, se comprometendo com a alteração das condições de seu trabalho, tanto do

ponto de vista objetivo, quanto subjetivo e articulando um novo Projeto Político-Pedagógico.

DESENVOLVIMENTO

O professor reconhece que há problemas, mas também o desejo de intervir, quais são

suas possibilidades de ação? Quais suas reais chances de mudança? De poder?

Estamos falando o tempo todo de mudança, de transformação, o que para acontecer será

preciso disponíbilizar, fazer circular e exercer o poder. Como? Com a sensação de impotencia

a que os profesores convievem. A experiência do poder é praticamente inerente às relações

sociais. Na escola há uma manifestação bem concreta do jogo de poder, das forças em

presença.

Há diferentes usos da palavra poder: poder político, poder econômico, pátrio poder,

poder da mídia, poder dos argumentos, poder de Estado, três poderes da República, poder da

imaginação, poder de polícia, poder militar, poder da verdade, poder divino, poder do

exemplo, e outros. As vezes em uma conotação negativa, associada à ideia do poder central,

do poder do governante, exercido de forma autoritária.

É importante rever esta concepção, pois, caso se queira com efeito mudar a realidade,

vai ser preciso poder para tal. Nem todo poder significa abuso, dominação, constrangimento,

negação do outro. Poder no sentido positivo da palabra significado ser capaz de agir, produzir

efeitos, contribuir com resultados pela ação direta ou influência sobre a ação do outro. Poder é

a capacidade de fazer valer a própria vontade numa relação social.

Poder deriva da palabra “potente “ o fazedor, aquele que tem a permissão e é capaz de fazer, aquele que tem a faculdade pragmática de realizar qualquer coisa, o realizador, o atuante, o gestor concreto das coisas, aquele que faz as coisas. BOBBIO, (1989: 47). 

Pensando então no poder, como um critério para sua produção e canalização: a serviço

de que e de quem se coloca?

O Poder tem duas bases: O saber (conceitual, procedimental e atitudinal) e o ter

(condições materiais e políticas)

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Não há poder que, de alguma forma, não se apóie em objetos ou lugares ocupados,

assim como não existe relação de poder sem a constituição de um correlato campo de signos,

representações, valores. Dimensões da existência subjetiva e objetiva.

Há aí uma relação complexa, uma vez que o ser humano vai se constituíndo, vai

construíndo sua subjetividade, por sua relação com o mundo.

Contribuições de Marx: mostra a orígem social e, mais, mostra que as ideias dos

indívíduos, sua maneira de perceber, sentir, pensar, está diretamente relacionada ao lugar que

ocupa na sociedade, e com o tempo ele é capaz de se distanciar do mundo, se diferenciar e

nele intervir, modificando-o e se modificando em consequência. O estado de ingenuidade, de

alíenação, corresponde a esta fusão síncrétíca com a realidade, com a incapacidade de

diferenciar-se. 

Assim, o processo de constituíção do poder é fruto desta relação entre objetividade e

subjetívidade do poder do sujeito, tendo nascido de sua relação com o meio (objetos,

discursos dísponíveís) passa necessariamente pela esfera subjetiva (desejo, convicção, clareza

teórica, geração de sistemas de crenças, coerência, etc.) e vai se manifestar na esfera objetiva,

seja enquanto exercicio, seja como dispositivos para tal exercício (leis, recursos, instrumentos,

etc.)

O tempo todo vamos estar envolvidos nesta dialética objetividade— subjetividade; cada

vez que ela é rompida, podemos desandar seja exagerando os limites da realidade ou na

crença em nossas capacidades.

I - POSTURAS QUANTO AO PODER DE lNTERVENÇÃO

A primeira aproximação do professor diante da questão do poder, da percepção que tem

do seu poder pessoal e coletivo é a intervenção na realidade para transformá-la. Podemos

citar trés marcos de posicionamentos:

1 - Voluntáristos:

Papel central à subjetividade, à vontade, ao desejo; o sujeito tende a ser muito otimista,

a querer fazer tudo, a considerar que só a boa vontade resolve, que “querer é poder”, que

dependede cada um fazer sua parte em detrimento dos limites, das condições materiais e

históricos presentes na realidade. Compreende-se que bastaria ter idéias “claras e distintas”

para que a mudança aconteça

O resultado disso já conhecemos: uma grande empolgação inicial, a dificuldade de

concretizar e por fim, o desânimo.

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2 - Deterministas:

Papel fatalista - “leis eternas”, onde o sujeito tende a ser muito pessimista, a considerar

que não adianta fazer nada, pois tudo está determinado por forças (naturais, sociais,

psicológicas) maiores que ele: “o problema é estrutural, é do sistema, enquanto não mudar o

sistema, não adianta; resta esperar; repetir”. Enfoque nas posibilidades do que já existe

esquecendo-se da vontade, da ação intencional e coletiva. Tende também à generalização de

que “ninguem colabora”. FREIRE (1981 b: 71), destaca bem esse comportamento com a

célebre frase: “Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros.

Homens espectadores e não recriadores do mundo”.

É uma atitude conformista, de resignação, de aceitaçâo passiva da sítuação, “sempre foi

assim; é assim mesmo, fazer o qué‘? Paciência; temos que aprender a convíver com isto”,

portanto, conservadora. No final um sentimento de impotencia, desânimo, falta de entusiasmo

pelo trabalho.

3 – Díaléticos:

Existe, entretanto, uma outra maneira de se posícionar frente a problemática, na qual

consegue-se perceber a complexidade contraditória do real, seus limites e suas posibilidades.

Apresentar uma postura crítica e desvendar o funcionamento do real, captar sua gênese e

tendências de desenvolvimento, e postura transformadora, interferir no seu processo, de

forma a redirecioné-lo com vistas a mudanças. O que se visa é construir a práxis, entendida

como capacidade de intervenção, de emancipação. O conceito de práxis exprime precisamente

o poder que o homem tem de transformar o ambiente externo, tanto natural como social”

BOBBIO (1999, v. 2: 988), lembrando que ao transformar, se transforma. 

II – DIALÉTICA ENTRE CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS

O poder do professor não é algo estático, que está dado de uma vez para sempre. Pode

ser ampliado, mantido ou reduzido; pode ser redirecionado. A alteração do poder docente

pode se dar tanto por fatores objetivos (recursos, hierarquias, burocracia, leis, estruturas),

quanto por subjetivos (ideias, procedimentos, atitudes). 

A escola está inserida em uma sociedade globalizada, que está em constantes

mudanças tecnológicas e o professor como parte desta sociedade não pode ater a essa

realidade.

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O cotidiano de uma sala de aula exige do profissional de ensino dinamismo,

criatividade e inovação. Objetivando a formação integral do educando como ser que pensa,

conhece e age criticamente na sociedade em que vive.

O baixo rendimento escolar alcançados pelos alunos, como vem demonstrando o

resultado das avaliações externas AVALIE, PROVA BRASIL, vem apontar a presença de

algum problema na qualidade do ensino, tão sério que sugere que a forma como está sendo

geridas as escolas é ineficaz.

VASCONCELLOS, afirma que o trabalho do professor está sendo desviado com

outros problemas; sobrevivência, burocracia, remoção, baixo salário, sobrando pouco tempo

para pensar e desenvolver novos recursos pedagógicos. Esta triste realidade contribui para a

deficiência da educação. Quando se tiram as condições de humanização de um profissional

que tem de sobreviver em uma sociedade em constantes transformações sua condição de

trabalho é comprometida.

E preciso considerar que uma educação significativa deve partir das condições

concretas de existência, o educador, enquanto articulador e coordenador do processo precisam

ter um bom conhecimento da realidade com a qual vai trabalhar; alunos, escola, comunidade,

sociedade, assim como a ciência que vai ministrar.

Com relação aos alunos, é importante que conheça suas necessidades, interesses,

representações, valores, experiências, expectativas, problemas que se colocam, etc.,

Para desempenhar esse trabalho o professor precisa ter condição para desenvolver. A

sociedade muda, as informações renovam, a tecnologia avança, e ao profissional da educação

não é dado o suporte necessário para acompanhar esse desenvolvimento. A carga horária do

professor em sala de aula continua a mesma, os trabalhos burocráticos extraclasse aumentam,

abalo na segurança e autoconfiança do professor com relação aos conteúdos que mudam

constantemente. Além desses, conduzir as novas gerações a um futuro em que priorizam as

virtudes em detrimento dos vícios e prejuízos morais, da violência, a um futuro mais

promissor. São esses alguns desafios enfrentados pelo professor que na maioria das vezes não

sabe como amenizá-los.

Segundo a UNESCO (2001 p.13), estabelecer política de valorização dos profissionais

da educação em cada rede ou sistema de ensino é fundamental para que a política educacional

se fortaleça. Quanto mais sustentáveis forem as carreiras e quanto mais integradas forem as

decisões relativas à formação, mais ampliadas serão as perspectivas da equidade na oferta

educacional.

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É de fundamental importância a contribuição da escola para a sociedade. Uma

sociedade que prioriza a educação terá como conseqüência um desenvolvimento cultural,

econômico, social e tecnológico. Quando observamos historicamente o acesso da classe

trabalhadora à escola, constatamos que nunca esta grande maioria da população teve tanto

acesso ao ensino conforme acontece atualmente

DEMO (2004) em uma reportagem para a revista Profissão Mestre, afirma que ser

profissional da educação hoje é acima de tudo saber continuamente renovar sua profissão.

Entende-se então que o professor como profissional deve ser um eterno aprendiz, capaz de

refletir sobre sua prática diária, não só no trabalho, mas em todos os aspectos da vida.

“A mudança de mentalidade não se dá pelo simples acesso a novas idéias; exige certas bases objetivas para que possa ocorrer ( estruturas, formas de organização, recursos, etc), caso contrário ele fica com a concepção que tinha antes, por não ter como enraizar a nova a que teve acesso “ VASCONCELLOS (2003, p.87).

A formação continuada dos profissionais da educação é um mecanismo primordial, no

qual são desencadeadas mudanças significativas na prática educativa. Através dela, muitos

docentes podem não apenas discutir temas e solucionar problemáticas, que implicam

diretamente em sua atuação, mas ressignificar suas concepções sobre a educação como um

todo.

Segundo VASCONCELLOS (2003, p.89). ... Se o sujeito não estiver aberto, se não se

comprometer, não haverá salário ou formação que o faça mudar, todavia, o que estamos

querendo evitar é exatamente a dicotomização entre as condições objetivas e subjetivas para a

mudança da realidade”. No entanto, a formação profissional não de faz antes da mudança de

postura do docente, pois cada educador deve ser responsável por sua ação educativa, e esta

mudança ocorre aos poucos, justamente durante o processo de reflexão dos saberes que vão

sendo recontextualizados. O profissional da educação deve estar preparados para admitir que

não domina todas as informações e saberes, que necessita de informações, de orientação, de

aprender a aprender. Condições desfavoráveis limitam a ação, porém não a impedem de forma

inexorável; não se pode ficar imaginando condições ideais de trabalho. VASCONCELLOS

(2003, p.90)

O Sistema Educacional precisa ser revisto para dar condição aos professores viverem

de forma consciente, critica e humana na atual sociedade da informação. È importante criar

alternativas, gerar ânimo, superar a impotência, resgatar a alegria do trabalho e da vida. O

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professor é um ser humano que tem valores e precisa cultivar esses valores morais e éticos

que o mundo tanto precisa, mas para isso é preciso ter condição, segurança e determinação.

III – ESVASIAMENTO DO PODER DO PROFESSOR

Segundo FOLCAULT (1981: XII; 1977: 29) o poder não é uma coisa, um ser que se

pega ou se deixa escapar, mais uma dimensão constituinte das relações, ou seja uma prática

social constituída historicamente. Não existe poder se ao lado daquele indivíduo que o exerce

outro indivíduo que é induzido a comportar- se tal como aquele deseja. BOBBIO, (1999).

O que fortalece o poder do outro é a negação do meu. Não há domínio sem algum grau

de aceitação, a servidão voluntária muitas vezes acontece na esperança de ganhar alguma

vantagem de contrapartida.

Há também outro aspecto que segundo a antropologia ou a psicologia social a

necessidade de pertencer, no sentido de inclusão, o indivíduo acaba se submetendo a uma

serie de exigências e até mesmos padrões de comportamento. Quando o outro tem algo que

desejo passa a exercer algum tipo de influência sobre mim, dando- me conta ou não, estou a

lhe dar poder e corro sérios risco de alienar a ele. A postura do dominador não é ostensiva,

nas suas reais intenções, ao contrário tem todo um conjunto de estratégias sutis para quebrar a

eventual resistência ao seu controle.

O problema é que diante o grande sistema educacional, se não sabermos articular o

coletivo da escola este sistema fica grande demais e nós vamos diminutos. A preocupação é

que se não conseguirmos articular essa dimensão de potencial pessoal frente a este sistema,

podemos amesquinhar tanto que acabamos desistindo.

Tendo em conta estas reflexões, fica difícil sustentar nossa situação de vítimas

inocentes, é preciso considerar o quanto a autolimitação do professor pode ser um fator de

enfraquecimento de seu poder de intervenção e de manutenção da situação.

1- Autonegação

Não temos a menor dúvidas quanto ao limite imposto pela realidade, o professor vem

sendo vítimas de certas representações marcadas por equívocos. O poder docente pode ser

afetado por ideias (ideologias) procedimentos (falta de método de trabalho) ou

atitudes( comodismo) há limites na condição de trabalho, porém há também limite no próprio

sujeito, fazendo com que o professor nem se quer chegue aos reais limites de sua realidade.

2 – Condições internas as escolas

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Muitas queixas de professores, são queixas sem fundamento, aparecem como vítimas

de um contexto educacional sem muito a lhes proporcionar. Argumenta que seus alunos

apresentam falta de interesse pelos estudos, que a Família não tem participação ativa no

desenvolvimento do aluno, que televisão só aliena, que o sistema educacional não ajuda, tanto

em remuneração quando na formação docentes e assim seguem em sua jornada educacional,

lamentando e se queixando sobre como deveria ser melhor.

Quando pensa-se na realidade do ensino, vemos que não existe um educação perfeita.

Isto é fato! Mas o que é realmente importante discutir não é a questão do desinteresse do

aluno ou por que sua família não participa. O foco deveria estar em o que devo fazer perante

tal realidade? que soluções devo propor para que haja algum tipo de melhoria? A grande

verdade é que o professor não apresenta algo que aguce o interesse dos alunos, esta mais

preocupado em cumprir seu programa dentro de seu cronograma do que atingir propriamente

o aluno. Professores sabem diagnosticar muito bem os problemas existentes no ambiente

educacional, mas não propõem soluções algumas, pois argumentam que não ganham o

suficiente para tal.

O professor tem o poder nas mãos para construir ou destruir um individuo, e na prática

muitas vezes utilizam sua autoridade em sala de aula para exercerem o autoritarismo, que em

muitos casos chegam em tom de ameaça. Se você não fizer tal coisa não terá nota! utilizando

a nota não como uma medalha o qual os alunos deveriam almeja-la como estímulo, mas

utilizam como arma de manipulação para os alunos alcance seu objetivo, objetivos esses do

próprio professor neste caso.

O que nos resta agora é questionar. O professor é comprometido ou não com a

educação?

De fato não podemos negar que existem professores comprometidos, que lutam em

formar para a cidadania, que não culpam ninguém pelo deserolar da educação, mas seguem

em frente, propondo propostas e empenhando para melhorar cada vez mais o seu trabalho. Em

contrapartida existem também aqueles que estão preocupados apenas em cumprir programas

meramente burocráticos, esquecendo de formar cidadãos críticos e reflexivos que tendo o

mundo precisa.

IV - O PODER DO PROFESSOR PARA MUDANÇA

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O poder do professor não está nas armas e nem no poder econômico e sim nas ideias.

Esse poder deve ser algo intencional, consciente e voluntário e não fruto de uma ação

rotineira e irreflexiva.

Pespectivas fundamentais para um novo posicionamento do profesor frente ao seu

poder:

1 – Crença

É preciso que o professor, acima de tudo acredite em sua influência sobre a sociedade

que está inserido. Para que ocorrá mudança, é necessário a esperança, o apetite da alma que

insere no docente, a de um ser inacabado, que busca aprimorar-se. Transformar a realidade é

difícil, más é possível. É necessário ter fé na vida.

De modo geral os professores assumem, em sua maioria, que é possível que mudanças

aconteçam. É preciso se perceber e acreditar ser agente histórico de transformação, para que

as transformações realmente aconteçam e a realidade mude.

Uma forma de encorajar as atitudes para mudança, é se colocar diante de ações que

tiveram bons resultados, para despertar coragem e credibilidade em suas próprias ações.

É Fundamental resgatar a crença do papel do homem, como agente histórico na

sociedade ese torna mais significativo, quando se está no papel de professor.

Alguns sinais de esperança, já apontam para mudanças em muitos professores:

Estão descontentes, precisam mudar:

Muitos querem as mudanças;

Para mudar é necessário ter agentes concretos;

Existe um movimento social em curso;

Existem práticas educativas de qualidade e bons resultados, só precisam ser mais

valorizadas;

A sociedade civil se coloca favorável a educação;

Escolas estão incentivando e apoiando práticas democráticas dentro da escola;

Os alunos estão exigindo qualidade de ensino e bons profissionais, através de

atitudes e ações.

2 - Fortalecimento

Tem se falado no resgate da autoestima do professor, através de apoio emocional, com o

objetivo de resgatar seu potencial.É necessário se apoderar do poder, se apropriar e ampliar.

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Existem casos que o professor não se dá conta do poder que tem, ou não expande suas

potencialidades.

3 - Poder simbólico:

O poder das palavras é forte, pode chegar em todos os lugares, é papel decisivo para

representar a cultura dos seres humanos. É a marca de nossa profissão, o Homem precisa de

palavras para comer.

As palavras dos professores deixam marcas em seus alunos. Tem poder por favorecer o

acesso as palavras, imagens e criação.

A escola tem a arma da persuasão e não da dissuasão, que existe na sociedade. As

palavras do professor formam o aluno no ponto de vista de conteúdos e o induz a ter

perspectivas, para suprir seu empobrecimento de ideais, na juventude.

A -Poder da rede:

Geralmente o professor acha que suas mudanças não irão se propagar, pois são ações

locais, mas essas podem ter repercussão maiores.

Aquilo que parece estar muito longe e fora de nossa influência de mudança, não é o que

parece, é necessário começar no local para atingir o global.

Quem tem o poder é o professor, pois é através de sua determinação e mediação na sala

de aula que as ações se concretizam. Seu poder é real, ainda que limitado.

Participação na mediação Sistema – Realidade local

1 - Tecendo a rede:

A rede é necessária, unindo pessoas buscando o mesmo objetivo, a força e ações tornam

se efetivas. Precisa ser direcionada e planejada.

É necessário formar aliados, na escola, na comunidade e na sociedade. Participar do

sistema educacional, cabe ao professor identificar os espaço e tendências para tecer as redes.

2 - Poder de autocrítica

A auto avaliação é necessária, para identificar as dificuldades e buscar como supera-las.

“Conhece-te a ti mesmo”, com autocrítica.

SUPERAR ARGUMENTOS INIBIDORES

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Muitos professores se inibem para as mudanças, argumentando o não agir. Uma das

justificativas mais citadas é o pouco tempo que se fica com o aluno diariamente. Se o profesor

ficar pelo menos um ano com o aluno, sua contribuição para a Formação é continua,

direcionada e planejada. A contribuição para formação do aluno vai além dos conteúdos,

acompanha a contibuição na formação moral, pois as famílias estão desorientadas e solicitam

de ajuda do profesor.

O contato direto com o aluno, possibilita altíssima interatividade, resultando numa

influência crítica sobre a sociedade e as mídias.

Para o sucesso do exercício do poder, é necessárionão permitir que certos discursos

abaixem o poder de intervenção, isso ocorre quando o profesor entregá-se ao jogo de hiper-

ampliação do poder do “mundo lá fora”, subestimando o poder do outro.

A autoridade aplicada de forma real e correta torna o outro autor.

Como pode o professor ter autoridade, se já chega em sala de aula com a espinha

quebrada?

Superar a idealização das Alternativas

As ideias precisam ser locais e não fora da realidade, como uma ação bonita, mas

distante e impossível de ser concretizada. O idealismo precisa contribuir e não desviar as

ações efetivas.

É preciso ter cuidado com as críticas que apenas faz com que o outro deixe de agir, pois

quem crítica precisa trazer soluções e ações. Muitos só ficam no discurso e desencorajam

aqueles que tem novas ideias.

Mecanismos de Controle do poder:

Aumentar o poder do professor é valorizar sua ação docente, valorizando também o

aumento do poder do aluno e da escola para que essa seja humanizadora, mostrando caminhos

para que o mesmo atua através de mecanismos de movimentos sociais de liberação.

É preciso ter cuidado para que esse poder seja bem usado, sem opressão e violência. O

aumento do poder não deve estar desvinculado a responsabilidade e auto determinação

pessoal e social.

Quem sabe faz a hora

O professor não tem super poderes, más é a partir do seu contexto que ele começa a

fazer a diferença, atuando onde lhe é possível. O profesor precisa usar o poder para interfir na

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realidade transformansdo a sociedade. Segundo BRANDÃO é através de uma prática de

mudança em relação a educação alienada, que o professor exerce seu poder, garantindo a

efetiva aprendizagem e desenvolvimento de todos, tendo como referência um projeto de

libertação humana.

CONCLUSÃO

Empoderamento é a capacidade do indivíduo realizar, por si mesmo, as mudanças

necessárias para evoluir e se fortalecer. Empoderar-se é um processo emancipatório, onde o

indivíduo dá poder a si mesmo para viver a vida que escolheu. Quando a pessoa escolhe por

se empoderar, ela é consciente das decisões que toma para a sua vida, conhece suas

capacidades e suas possibilidades de contribuição para o mundo. Dessa forma, se tornam mais

criativas e produtivas, o que para a sociedade é ótimo, pois aumentando a capacidade

produtiva dos seus cidadãos, alavancamos nosso crescimento econômico. O indivíduo

empoderado vive de forma plena seus valores e tem alto senso de pertencimento e

reconhecimento, tornando-se mais engajado socialmente e menos suscetível a manipulação.

O profesor que reconhece seu poder transforma a sociedade e atua sobre, reconhecendo

sempre que poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e permanece

em existência apenas na medida em que o grupo conserva-se unido. Quando dizemos que

alguém está no poder, na realidade nos referimos ao fato de que ele foi empossado por um

certo número de pessoas para agir em seu nome (ARENDT, p.36 – Sobre a Violência). E diz

ainda: “A violência pode destruir o poder, mas é incapaz de criar o poder”. Libertar-se dos

medos e das culpas é fundamental para viver a alegria, a paz e o amor. Só assim somos

verdadeiramente empoderados.

REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade: por uma teoria geral da política. Tradução Marco Aurélio Nogueira. São Paulo. Paz e terra, 1990.

DEMO, Pedro. Revista Profissão Mestre. Curitiba, Paraná, ano 6. n° 61. p. 18- 26. Out. 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necassários à prática eduacativa. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1997b.

http://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/. Acesso em 21/01/16

Novos arranjos - Revista Educação [...] (AMARAL, D & FRANCK. 2009).

Dra. Maria Cristina Peralta

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Planejando a Próxima Década - Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. MEC/ SASE), 2014. Acesso em www.mec.com.br em 19/01/16

UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. 2001. P.13

VASCONCELOS, Celso dos S. Para Onde vai o Professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. 8ª EDIÇÃO. Subsídios pedagógicos do Libertad. Centro de Pesquisa. Formação e acessória.

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