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O Segredo do Bambueiro- Deolino Pedro Baldissera -
Todos conhecem pés de bambu. Os bambus nunca vivem sozinhos. Se você planta uma muda só, logo, logo, ela cria outros rebentos
e aos poucos forma uma touceira.
Nas touceiras, existem hastes de diferentes tamanhos, espessuras, idades e todas segundo suas proporções, balançam ao sabor do vento com leveza ou com grunhidos quando uma toca na outra, mas sempre na direção do céu.
Há hastes que crescem, engrossam mais que outras, mas todas encontram seu
espaço vital desfrutam de claridade suficiente para se desenvolver e
na medida em que crescem naturalmente
vão soltando seus revestimentos que
envolvem seus gomos.
Com o passar do tempo aqueles que nasceram primeiro, vão
secando e dando lugar aos outros
que vão nascendo e assim o
bambueiro vai se eternizando.
Eles sempre se renovam, o verde está sempre presente e é bonito olhar os
bambus, embora eles se tornem muitos, todos convivem bem, apesar do vento que
causa de vez em quando uma certa choradeira entre eles, mas passada a
ventania, eles voltam a sua paz e seguem seu ciclo vital.
Há porém um segredo que os mantém vivos e
ele se esconde sob suas raízes! Dizem que
os bambus quando nascem
espontaneamente, eles nascem em solos onde
há água nas suas subjacências.
Eles precisam muito dela para viver e isto é um segredo que eles passam de geração em
geração, longe da água eles vivem menos tempo e não ficam tão viçosos.
Perto dela, eles vingam melhor e preservam suas origens e sempre crescem em direção
ao céu, embora olhando para a terra!
Fico imaginando que os bambus em muitos
aspectos se assemelham aos
humanos! Como eles, nós também não
vivemos sós. Aliás, se alguém quiser viver
só, logo, logo, se estafa, se deprime,
fica triste e adoece.
Porque nós humanos somos feitos para viver
juntos, como famílias, como grupos, como sociedade.
Como os bambueiros, precisamos aceitar a convivência entre tamanhos e idades
diferentes e como eles, também sofremos de vez em quando atritos e revezes
causados pelos contratempos.
E nesse ponto temos algo a mais para aprender dos bambus! Entre nós
humanos temos dificuldade de lidar com os conflitos,
quando as ventanias da vida fazem balançar o
equilíbrio que existia.
Os bambus retornam à paz tão logo o vento cesse,
nós humanos costumamos
guardar rancores e falar mal uns dos
outros, criando um ambiente onde a paz desaparece.
Somos muito ambiciosos, queremos as coisas só para
nós e aí criamos um individualismo e subjetivismo
danados.
É difícil viver sem paz, a vida se torna pesada e fechada, os horizontes ficam
estreitos e cada um no seu mundinho fica reclamando de suas insatisfações.
Nos bambueiros é normal que cada um ceda espaço
para o outro e perca um pouco
de suas proteções.
Suas cascas caem na medida em que eles vão
ficando maiores e mostram sem vergonha
seus meses e seus anos, vivendo intensamente
seus dias.
Nós humanos, queremos conservar nossas aparências e resistimos em nos desfazer daquilo que não serve mais,
perder nossas cascas, nossas proteções infantis e por isso nem sempre
crescemos para a maturidade como poderíamos e os horizontes ficam
menores.
Os bambus são espertos, eles nunca se afastam das fontes de água que os alimenta.
Nós humanos às vezes, somos tão auto-suficientes, que
achamos que podemos viver ser a força que sustenta a vida,
que não está dentro de nós, mas precisamos acolhê-la para que se torne nossa força interna
e nos faça crescer em transcendência, como os bambus que crescem em
direção ao céu, alimentados pelo segredo da vida que está
em suas raízes!
A propósito qual é o segredo de sua vida.
Que tipo de fonte alimenta a sua vida?
Se já sabe, não se afaste dela, porque corre o risco da sua própria ruína!
Se não a descobriu ainda, investigue, sem ela você não tem futuro, nem eternidade! Olhe o segredo do bambueiro!