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Profa. Elisa Tonon
CICLOS DE LITERATURA E
CINEMA
IFSC/UFSC
23/05 – Obra; autor; enredo; contexto [no Labtexto]
30/05 – Contexto; panorama cultural e político; efeitos da
narrativa [no Labtexto]
16/06 – exibição do filme O que é isso, companheiro?, de
Bruno Barreto, 1997, 110 min [no Auditório]
18/06 – mesa de debates com os professores Elisa Tonon,
Aglair Bernanrdo (Cinema – UFSC) e Fernanda Müller
(Colégio Aplicação – UFSC) [no Auditório]
BEM VINDOS!!!
Publicada em 1979;
texto biográfico, escrito em 1a pessoa (romance-depoimento);
Mistura de autobiografia e ficção;
Grande sucesso de vendas na época do seu lançamento, com mais de 250 mil unidades vendidas em mais de 40 edições;
é o primeiro de uma trilogia, composta ainda por “O crepúsculo do macho” (1980) e “Entradas e bandeiras” (1981);
Venceu o prêmio Jabuti em 1980.
1941, Juiz de Fora, MG
vive no Rio de Janeiro desde 1963
escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro (1998-2010), nascido em 1941,
É pai de duas filhas: Tami e Maya.
Trabalhou como jornalista, e no início da carreira atuou no Jornal do Brasil de 1964 a 1968.
No final dos anos 60, ingressou na luta armada contra a ditadura militar.
Foi preso e exilado.
Em dez anos de exílio, esteve em vários países: Argélia, Chile e Suécia;
Em 1986, candidatou-se ao governo do estado do RJ pelo Partido Verde
Inaugurou uma nova forma de militância política: os tradicionais comícios e passeatas, sisudos e cinzentos, ganharam uma nova estética, como a passeata Fala, Mulher, e o Abraço à Lagoa Rodrigo de Freitas, produzindo um dos momentos de maior força simbólica e plástica da cena política brasileira.
Em 2010, foi candidato a Governador e terminou a disputa em segundo lugar, com 20% dos votos.
Frases curtas e linguagem informal;
diálogos com o leitor, tom de conversa e confissão, marcado por brincadeiras e trocadilhos
16 capítulos (14 menores e 2 maiores)
Os primeiros 14 parecem flashes cinematográficos que se encadeiam numa intensidade crescente (tom de crônica de jornal)
Nos últimos dois a narração desacelera ao tratar de um material “mais denso” (tom de ficção romanesca)
É como se os primeiros apenas preparassem para o ponto culminante: o sequestro e a prisão
1. Homem correndo da polícia
2. Fica conosco
3. Engolindo sapos
4. Desamando uns aos outros
5. Caparaó, a guerrilha sobe o morro
6. O buraco é mais embaixo, Monsieur
7. Somos todos cosmonautas?
8. Sangue, gases e lágrimas
9. Um dia vão entender
10. O ritual de iniciação
11. Ser mãe
12. Retrato de família, com os homens
13. As histórias da O.
14. Visita, só aos domingos
15. Babilônia, Babilônia
ano de 1969
AI – 5 iniciou em 13/12/1968, considerado “o golpe dentro do golpe”, é a entrada nos “anos de chumbo”
Boa parte dos integrantes da esquerda entra pra luta armada e muitos foram fazer treinamento em Cuba
Buscava-se realizar ações contra a ditadura
O país estava sendo governado por uma junta militar, pois Costa e Silva afastou-se da presidência por motivos de saúde
de 1968 com o AI-5 até 1974 com o final do governo Médici
O período se destaca pelo feroz combate entre a extrema-esquerda versus a extrema-direita;
o aparelho repressivo policial-militar do Estado (apoiado por organizações paramilitares e grandes empresas);
Guerra Fria;
desaparecimento e morte de centenas de militantes civis e ativistas envolvidos em atividades consideradas subversivas pelo governo militar ditatorial;
Outros foram viver na clandestinidade ou pedir asilo político em outros países.
a liberdade de imprensa, de expressão e manifestação foram cerceadas.
Os "Anos de Chumbo" foram também os anos do chamado milagre econômico brasileiro, período de intenso crescimento econômico e de posterior endividamento.
De 1968 a 1973 o PIB do Brasil cresceu acima de 10% ao ano, em média, apesar da inflação, que oscilou entre 15% e 20% ao ano, e da grande concentração de renda, com redução dos salários reais, acentuação da desigualdade social e aumento da pobreza.
O sequestro do embaixador foi planejado para a semana da pátria para desmoralizar e prejudicar a ação do Exército
foi realizado pelo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro) nome adotado pelo grupo Dissidência da Guanabara, com ajuda da ALN de Carlos Marighella
A ação tinha a finalidade de servir como moeda de troca para a libertação de um grupo de presos políticos, dentre eles Vladimir Palmeira, o mais visado líder estudantil, preso nos cárceres da ditadura (e também José Dirceu)
O plano é realizado com sucesso, mesmo sem que o grupo tivesse muitos recursos; ele é encarado como uma afronta à ditadura e ao governo norte-americano, maior potência imperialista
Eles enviam um manifesto e exigem que ela seja divulgado
a população passa a acompanhar os fatos com interesse
Grupo de libertados em troca do embaixador americano, momentos antes do embarque rumo ao México, em 1969
negociaram a “entrega” do embaixador nas proximidades do Maracanã, em dia de jogo concorrido;
cativaram parte da população que torcia pelo seu sucesso, acompanhando os fatos pelo rádio, jornais e TV;
isso dá um caráter de seriado policial aos fatos (e do qual Gabeira tira partido em sua narrativa);
Os 15 presos são levados ao México,país que lhes dá asilo;
Gabeira que passara a viver na clandestinidade é preso alguns meses depois;
Relata sua vida na prisão e sucessivas transferências;
Relata a tortura vivenciada por companheiros da prisão, o relacionamento com guardas e torturadores;
É libertado em junho de 1970, com o sequestro do embaixador alemão, e levado até a Argélia.
Sequestro do embaixador alemão: Ehrenfried Von Holleben foi seqüestrado em 11 de junho de 1970. No comando da operação estava Carlos Lamarca,
líder da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Aquela geração de jovens políticos tinha uns dez anos menos
que eu. Minha revolta se curtiu no triângulo familiar, nas lutas para ter
os amigos que quisesse, escolher a carreira que me parecesse melhor,
chegar em casa mais tarde. Esses jovens se chocam na adolescência
com um problema inédito para nós: a ditadura militar. Nos tempos de
secundarista, combatíamos uma política educacional elitista, mas num
quadro de um governo democrático.
Essas diferenças foram pesando muito nas formações que se
defrontavam ali, diante de uma atividade comum. Para eles, tudo era
política partidária. Alguns não tinham tido nem sua primeira
namoradinha e já estavam inscritos numa organização. Lembro-me de
Dominguinho, o mais doce e inteligente de todos, que vinha com sua
sacolinha de plástico, às vezes com um revólver calibre 38, às vezes
com um conjunto de documentos sobre o foco guerrilheiro.
"Dominguinho, por que é que você não compra um álbum
e não vai colecionar figurinhas? Por que você não arranja uma
namoradinha e vai acariciá-la num banco de jardim?" "O
que é isso, companheiro?" O que era isso, companheiro? Até
hoje tento explicar a causa de nossas desconfianças mútuas. Os
de minha idade já estavam colocados, já tinham empregos bem
remunerados e gastaram grande parte de sua vida tentando
entender as relações interpessoais. Eles, os da nova geração, não
colocavam esse problema na ordem do dia. Eram capazes de
localizar todas as intenções escondidas num discurso político,
apontar as causas económicas de uma certa vida histórica. No
entanto, faziam uma leitura linear dos sentimentos. (p.49-50)
Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou
O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou
Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou
Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não
Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento Eu vou
Eu tomo uma Coca-Cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou
Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou
Por que não, por que não Por que não, por que não Por que não, por que não Por que não, por que não
FILMES – DOCUMENTÁRIO
Jango (Silvio Tendler, 1984)
Tempo de resistência (André Ristum, 2003)
Hércules 56 ( Sílvio Da-Rin, 2006)
O Dia que Durou 21 Anos (Camilo Tavares, 2013)
Dossiê Jango (Paulo Henrique Fontenelle, 2013)
FILMES – FICÇÃO Pra frente Brasil (Roberto Farias, 1982) Nunca fomos tão felizes (Murilo Salles, 1984) Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1985) Corpo em delito (Nuno César Abreu, 1990) Ação entre amigos (Beto Brant, 1998) Araguaya, a conspiração do silêncio (Ronaldo Duque, 2004) Cabra cega (Toni Venturi, 2005) Batismo de sangue (Helvécio Ratton, 2006) O ano em que meus pais saíram de férias ( Cao Hamburger,
2006) Hoje (Tata Amaral, 2011) A memória que me contam (Lúcia Murat, 2013) Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013)
Joaquim Alves de Aguiar. “O astro da anistia” In: revista Alceu.
Jane Dutra Sayd. “50 anos do golpe de 1964. Um depoimento”. In: Instituto humanitas Unisinos.
Vário autores. Versões e ficções: o sequestro da história. São Paulo: Editora da Fundação Perseu Abramo, 1997.
http://gabeira.com.br/