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REFUGIADOS DO GOLPE MILITAR CHILENO: ESTUDO DE CASOS OS DILEMAS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL MARCIA CRISTINA HERNÁNDEZ BRIONES Orientadora: Profª Me. Susana Gib Azevedo Porto Alegre, 2 de julho de 2010.

OS DILEMAS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL: ESTUDO DE CASOS DE REFUGIADOS DO GOLPE MILITAR CHILENO

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REFUGIADOS DO GOLPE MILITARCHILENO: ESTUDO DE CASOS

OS DILEMAS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

MARCIA CRISTINA HERNÁNDEZ BRIONES

Orientadora: Profª Me. Susana Gib Azevedo

Porto Alegre, 2 de julho de 2010.

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TEMA E DELIMITAÇÃO

TEMA: OS DILEMAS DA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

Adaptação na nova cultura.

Como foi deixar seu país e migrar para um local desconhecido.

Tornar-se um cidadão residente com forma ideologicamente

igualitária

a dos novos conterrâneos.

DELIMITAÇÃO: ESTUDO DE CASOS DE REFUGIADOS

DO GOLPE MILITAR CHILENO

Análise dos processos de mudança vividos por exilados chilenos

que foram acolhidos por diversos países, através das diversas culturas

em que se refugiavam.

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JUSTIFICATIVA + OBJETIVOS

RRPP: Projeção para a área internacional.

Área de estudo atual: o mundovive as diferenças sociaise compartilha culturas.

Aspecto familiar e coletivoda autora.

Compreender os processos de

mudança e os fatos ocorridos.

Identificar a adaptação sob o

aspecto das diferentes

percepções.

Estudar o processo

intercultural.

Vislumbrar o contexto político: a

Comunicação e as RRPP.Reconhecimento cultural, social e

econômico

Nova família;características

sociais diferentes

Hibridismocultural

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

HISTÓRIA DA HUMANIDADE

RELAÇÕES PÚBLICAS

RELAÇÕES INTERCULTURAIS

OS ENFOQUES DO ESTUDO

Dimensões básicas do estudo:

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REFERENCIAL TEÓRICO

1 COMUNICAÇÃO CONTEXTUAL: OS CENÁRIOSComunicação e seus processos, variações e adaptações para a contextualização dos cenários tratados.

2 A ADMINISTRAÇÃO DAS DIFERENÇAS Exposição da comunicação intercultural e definições de cultura.

3 AS RELAÇÕES INTERCULTURAIS NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃOParalelo da diversidade intercultural e o refúgio e a atividade de Relações Públicas como mediadora.

4 REFÚGIO, EXÍLIO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃONomenclaturas e como ocorrem estas denominações.

5 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIALDefinições, cenários geográficos e temporais, os principais fatores de mudança, o choque cultural ao recomeçar a vida em um novo país / reconhecimento da pátria ao retorno.

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PESQUISA DE CAMPO

6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

• Estudos de caso: 5 entrevistados.

• Fatos sobre a situação política e econômica do Chile.

• Mudanças sócio-culturais causadas pelo golpe militar.

• Consequências na sociedade.

• Processo de adaptação e readaptação.

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Pesquisa exploratória.

Observação participante.

Realização:

Roteiros com perguntas

semi-abertas e abertas.

Uso da internet.

Envio de roteiro, com 17

questões, a 5 refugiados do

golpe militar chileno.

Período de convivência.

6 categorias / 17

subcategorias + 3

categorias para os

depoimentos.

METODOLOGIA + PROCEDIMENTOS

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria I

Percepções

A percepção das pessoas após o golpe mudou: consciência da ação proposital.

Sensação ao fim do golpe: dividida.

O sentimento de que um novo Chile estava por vir X às injustiças que foram cometidas naquele período.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria II

Adaptação

Traumas: Divisão do social. Medo. Privação da liberdade. Não ter a oportunidade de lutar democraticamente.

Idioma: TV. Livros. Vivência.

Choque Cultural: Diferenças no comprometimento. Contato com pessoas que viveram algo parecido.

Lugar para morar: Segurança. Salvar a vida. Ir para um país com estrutura.

O que mantêm uma pessoa lá: um lugar livre de discriminações.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria III

Trabalho

Funções diferentes até atingir a mesma posição.

Sem a situação legalizada, o contrato informal tinha outra remuneração.

Quem não possuía formação profissional no Chile, trabalhava onde as organizações de apoio aos refugiados os colocavam.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria IV

Sociedade

As reações esboçadas: solidariedadee aceitação.

A população do novo país foi descrita como calorosa, gentil e cooperadora.

Ao saberem que a saída do Chile ocorreu em função do golpe e/ou regime militar, a reação foi de indignação e ao mesmo tempo emotiva.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria V

Interculturalidade

Saída: forma peculiar para cada um dos refugiados.

Ao ingressar no novo país, contaram com o apoio de organizações (na Europa).

Sensação de ser estrangeiro na própria terra.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Categoria VI

Refúgio

Contatos profissionais, políticos, órgãos internacionais e amigos.

Ampla oferta de manifestações culturais.

Mais liberdade para a mulher, alegria, aproveitar a vida ao ar livre, confiança, crenças.

Dificuldades: orientar-se, idioma, adaptar-se e aceitar a idiossincrasia do país sem perder as suas raízes, outro tipo de clima.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

PROCESSO DE EXÍLIO MORAL:O REFÚGIO

Jaime Albarrán → Porto AlegreRoberto Bunster → Santos

Essa denominação surgiu pois formalmente não lhes foram quitados os documentos, mas lhes foi vetada a permanência no país.

“Ao percorrer os povoados ao longo do país, tudo traz lembranças, é como devolver um pedaço da vida que estava perdida; lembranças da infância e juventude se fazem presentes.”

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

PROCESSO DE EXÍLIO POLÍTICO

Jaime Marquez → ParisNo Illapu, que realizava turnês mundiais, relatava aos povos o que estava acontecendo no Chile.

Gladys Córdova → BruxelasSeu marido, foi torturado na base aérea e ao conseguir escapar, conseguiram partir em exílio para a Bélgica.

Enrique Navarrete → SantiagoFoi perseguido e preso. Emigrou com identificação trocada.

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6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

PROCESSO DE “AUTO-EXÍLIO”

Mesmo com o fim do regime militar, alguns refugiados optaram por não retornar.

Jaime Marquez → Parisna França teve maiores oportunidades, além de contar com a estrutura que o país oferece.

Gladys Córdova → Bruxelaspôde realizar-se profissionalmente como artista plástica, obtendo reconhecimento.

Jaime Albarrán → Porto AlegreFixação com o crescimento da família.

Roberto Bunster → Santoso processo repetiu-se e ainda não garante que o tempo de mudanças tenha estancado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Registro da fragilidade e da força do ser humano ao lutar por um mundo ideologicamente sem fronteiras.

O resgate do que vivenciaram foi marcante e dividido: recordar o povo chileno, as opções políticas, o ir ou ficar, o ficar feliz ou triste.

Esse sentimento ambíguo, que mistura a alegria com a revolta, é relatado com emoção numa forma de registrar a história de cada um, sempre repleta de orgulho – este, sim, sem divisões.

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Muito Obrigada!

Jaime Albarrán

Enrique Navarrete

Gladys Córdova

Jaime Marquez

Isabel Briones

Roberto Bunster

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• Comunicação trata do elo que conecta pessoas, organizações, mídia.

• O significado deste processo é tão amplo e a sua realidade tão essencial que possibilita agregarmos novas ciências, novos estudos e, assim, complementar e direcionar este processo.

• A contextualização dos cenários a serem abordados necessita de um processo potente como a comunicação, que, realocada em outra dimensão, torna-se um agente integrador entre cultura e comunicação intercultural.

1 COMUNICAÇÃO CONTEXTUAL:OS CENÁRIOS

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1 COMUNICAÇÃO CONTEXTUAL:OS CENÁRIOS

Indivíduos como meio para interação das culturas. Fonte: A Autora (2010).

Evolução do sistema de comunicação para um sistema de comunicação intercultural:

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2 A ADMINISTRAÇÃO DAS DIFERENÇAS

COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

Abriga fatores existentes na cultura individual ou coletiva.

A interação dos fatores existentes para um indivíduo com outro, causam a fusão de culturas que designamos como interculturalidade.

CULTURA E INTERCULTURALIDADE

A cultura não é parte apenas de uma sociedade, mas também é um distintivo de uma nacionalidade, uma organização, um grupo social.É uma representação do real significado do coletivismo.

Compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua particularidade.

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3 AS RELAÇÕES INTERCULTURAISNO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO

DIVERSIDADE CULTURAL

E O REFÚGIO

Cada grupo vivencia essa experiência de maneira diferente, assim como cada pessoa reage de formas distintas para cada situação.

Assim como o estrangeiro experimenta a relação intercultural, assim o é para o nativo que interage com este indivíduo e sua cultura.

RELAÇÕES PÚBLICAS COMO MEDIADOR

Segundo Kunsch (2002), “a comunicação é um instrumento vital e imprescindível para que as relações públicas possam mediar relacionamentos organizacionais com a diversidade de públicos, a opinião pública e a sociedade em geral.”

A essência das Relações Públicas está na necessidade do equilíbrio entre o individual e o coletivo (FERRARI, 2003, p. 8).

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3 AS RELAÇÕES INTERCULTURAISNO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO

Analogia ao modelo de Shannon e Weaver e do sistema fundamental de comunicação. Fonte: A Autora (2010).

A cultura que um indivíduo leva consigo, em uma situação migratória, precisa relacionar-se com a cultura que o recebe, através de outro indivíduo:

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4 REFÚGIO, EXÍLIO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO

REFÚGIO

-Fora do país de origem-não podem ou não querem usufruir da proteção dessa nação -não tem uma nacionalidade e encontram-se fora desse país em consequência dos acontecimentos-não possam ou tenham receio de retornar.

EXÍLIO

Assim como o refúgio, caracteriza a situação do país de origem para o passado daquele indivíduo que passou por essas experiências.

Pode ser esclarecido como uma formalização do estado de refúgio, através de um decreto oficial.

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4 REFÚGIO, EXÍLIO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO

IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO

Movimentos que prioritariamente decorrem de mudança geográfica, e não necessariamente estão conectados a um motivo específico do país de origem ou de destino.

Decorrentes desses movimentos – imigração, ao entrar em um território, e emigração, ao sair – novos fatos surgem, pois as pessoas estão circulando pelo planeta, compartilhando culturas e evoluindo para uma sociedade cada vez mais homogênea.

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POR QUE REFUGIADOS:

ESTEREÓTIPO

Podem impedir a comunicação em pelo menos quatro formas: crença coletiva a respeito de algo (ex.: nacionalidade); associação de uma característica específica a todo um grupo; o estereotipado sente-se inferior; e, quando o estereótipo concretizado leva a interpretação de que esse comportamento pertence ao coletivo (JANDT, 2001 apud MARTINELLI, 2008).

IDENTIDADE

É um movimento de construção, aliado à personalidade e com temporalidade ilimitada.

É algo em constante evolução que é semeada involuntariamente dia após dia, mesmo no passado mais longínquo de cada ser humano, talvez mesmo desde a concepção do embrião.

4 REFÚGIO, EXÍLIO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL

A SITUAÇÃO NO CHILE NO ANO DE 1973

Salvador Allende fora eleito através de eleições democráticas, ou seja, realização efetiva da transformação política, social e econômica do país.

O apoio dos Estados Unidos ao golpe militar ocorreu por meio desse incentivo financeiro: pagavam parte da população para não trabalhar, numa forma de corroer o governo socialista.

A junta militar não restringiu sua revolução somente aos acadêmicos – sociólogos, filósofos, atores, músicos, artistas. Também foram interditados os partidos políticos de esquerda, os conservadores entraram em recesso, o congresso foi dissolvido.

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL

A SITUAÇÃO NO CHILE NO ANO DE 1973

Os líderes da Junta estavam convencidos de que haviam “salvo” o Chile e que os anticomunistas em todo o mundo estariam lhe dando apoio e não censurando.

Somente em 1998 Augusto Pinochet foi preso por ter violado os direitos humanos.

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL

Jandt (2001 apud MARTINELLI, 2008)

O CHOQUE CULTURAL

Euforia inicial

Impacto da novidade, onde as similaridades entre a cultura materna e a apresentada são exaltadas, afirmando o conforto da nova experiência.

Irritação e hostilidade

O foco passa para as diferenças entre o país de origem e a nova cultura. Pode manifestar sintomas físicos e psicológicos como fadiga, insônia, depressão, raiva e solidão, reflexo do isolamento.

Ajuste gradual

Quando sem mais escolhas, a pessoa se ajusta a sua nova realidade e trata de desfrutá-la como lhe parece melhor.

AdaptaçãoPlenamente adaptado, passa a conviver naturalmente em ambas as culturas, caracterizando nesse estágio, o hibridismo cultural.

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5 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL

RECOMEÇO EM UMNOVO PAÍS

Na ida para o novo país, o refugiado leva consigo uma esperança de uma vida melhor, apesar de ter consigo a resistência de querer estar no seu país e não poder.

Assim, cria expectativas a respeito do trabalho que irá ter, do idioma que terá que aprender, da nova vida que lhe é oferecida.

RECONHECIMENTO DA PÁTRIA AO RETORNO

Imagina como seria sua vida se não precisasse mudar seus rumos, surgindo assim a necessidade de reencontro com o solo natal tantas vezes postergado.

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METODOLOGIA

Pesquisa exploratória. É feita quando o tema é pouco explorado e complexo para formular resultados precisos. (GIL, 1999).

Entrevistas qualitativas, através de roteiros, e observação participante, que incide na inclusão e interação do pesquisador com o objeto de estudo (BARROS; DUARTE, 2006).

Nas entrevistas serão utilizados roteiros com perguntas semi-abertas e abertas, enviadas por e-mail, podendo ser respondidos por escrito e sem a presença do entrevistador (MARCONI; LAKATOS, 2002).

A respeito do uso da internet, visto que os entrevistados estão inacessíveis por outros meios, torna-se uma maneira prática de realização (BARROS; DUARTE, 2006).

6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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PROCEDIMENTOS

Foi enviado um roteiro, contendo 17 questões, a cinco refugiados do golpe militar chileno. As mensagens foram enviadas de 25 a 29 de abril de 2010 e as entrevistas retornaram no período de 8 a 15 de maio de 2010.

Envolvidos neste estudo de caso estão: Jaime Marquez. Exílio Oficial Gladys Córdova. Exílio Oficial Jaime Hernández Albarrán. Exílio Voluntário Roberto Bunster. Exílio Voluntário Enrique Jaime Navarrete Anguita. Exílio Voluntário

6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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Pessoalmente, os depoimentos foram coletados nas datas que seguem:Jaime Marquez - em 09 de abril de 2009, em Paris, na França.Gladys Córdova - em 26 de junho de 2009, em Bruxelas, na Bélgica.Enrique Navarrete - em 01 de fevereiro de 2010, em Santiago do Chile.

No entanto, por volta dessas datas houve um período de convivência de aproximadamente duas semanas com cada um desses três casos de refúgio, o que proporcionou a coleta de dados em forma de observação.

Ainda pessoalmente, no entanto com maior ênfase na observação participante, foi resgatado o depoimento de Jaime Albarrán e sua esposa Isabel Briones, que, por serem pai e mãe da autora, proporcionaram anos de relatos durante a convivência familiar.

6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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Para registrar os depoimentos, as análises serão segmentadas em três categorias:

Exílio Moral: o refúgio - Trata-se de um exílio voluntário, em que o indivíduo sai do país por falta de recursos básicos de sobrevivência, como alimentação e trabalho. Inclui-se nesta categoria: Jaime Albarrán e Roberto Bunster.

Exílio Político - É o caso de exílio oficial, quando lhe é proibida a permanência e vetada a nacionalidade. Nesta categoria serão incluídos: Jaime Marquez, Gladys Córdova e Enrique Navarrete.

“Auto-Exílio” - Trata-se da opção por não retornar ao país de origem. Inclui-se nesta categoria: Jaime Marquez, Gladys Córdova, Jaime Albarrán e Roberto Bunster.

6 A PESQUISA: REFÚGIO, ADAPTAÇÃO E COMUNICAÇÃO