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Período interbíblico

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ESTUDO BIBLICO

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Período InterbíblicoA Expressão “400 Anos de Silêncio”, frequentemente empregada para descrever o período entre osúltimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. não é correta nem apropriada.Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. jáestivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmoposterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para a vinda de Cristo ea proclamação do Seu evangelho.

Desenvolvimento Político

A Supremacia Persa

Por cerca de um século depois da época de Neemias, o império Persa exerceu controle sobre aJudéia. O período foi relativamente tranquilo, pois os persas permitiam aos judeus o livre exercíciode suas instituições religiosas. A Judéia era dirigida pelo sumo sacerdotes, que prestavam contas aogoverno persa, fato que, ao mesmo tempo, permitiu aos judeus uma boa medida de autonomia erebaixou o sacerdócio a uma função política. Inveja, intriga e até mesmo assassinato tiveram seupapel nas disputas pela honra de ocupar o sumo sacerdócio. Joanã, filho de Joiada (Ne 12:22), éconhecido por ter assassinado o próprio irmão, Josué, no recinto do templo.

A Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos durante este período, e a Judéia, situadaentre os dois impérios, não podia escapar ao envolvimento. Durante o reino de Artaxerxes III muitosjudeus engajaram-se numa rebelião contra a Pérsia. Foram deportados para Babilônia e para asmargens do mar Cáspio.

Alexandre, o Grande

Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 a.C.), Alexandre marchou para a Síriae Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul,em direção ao Egito. Diz a lenda que quando Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumosacerdote Jadua foi ao seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais oexército grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério pelos historiadores, mas éfato que Alexandre tratou singularmente bem aos judeus. Ele lhes permitiu observarem suas leis,isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 a.C.),estimulou os judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditosgregos.

A Judéia sob os Ptolomeus

Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo a Antígono, umdos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor. Subsequentemente, caiu sob ocontrole de outro general, Ptolomeu I (que havia então dominado o Egito), cognominado Soter, oLibertador, o qual capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 a.C. Ptolomeu foi bondoso paracom os judeus. Muitos deles se radicaram em Alexandria, que continuou a ser um importante centroda cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeusde Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, i.e., o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seriaposteriormente conhecida como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (maisexatamente 72 – seis de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente inspirados para produziruma tradução infalível. Nos subsequentes todo o Antigo Testamento foi incluído na Septuaginta.

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A Judéia sob os Selêucidas

Depois de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos Ptolomeus, Antíoco III(o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina aos Ptomeus do Egito (198 a.C.). Os governantessírios eram chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os escombros do império deAlexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator).

Durante os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdotecontinuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram conflitos entre opartido helenista e os judeus ortodoxo. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicoupara o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom e que estimulava o culto aHércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos por uma rebelde chamadoMenaém (cujo nome grego era Menelau). Quando partidários de Jasom entraram em luta com os deMenelau, Antíoco marcho contra Jerusalém, saqueou o templo e matou muitos judeus (170 a.C.). Asliberdades civis e religiosas foram suspensas, os sacrifícios diários forma proibidos e um altar aJúpiter foi erigido sobre o altar do holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os judeusforam forçadas a comer carne de porco, o que era proibido pela Lei. Uma porca foi oferecida sobreao altar do holocausto para ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus.

Os Macabeus

Não demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua causa. Quando osemissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros a oeste de Jerusalém,esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo umsacrifício pagão. Ele, porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu apóstata junto ao altar eo oficial sírio que presidia a cerimonia. Matatias fugiu para a região montanhosa da Judéia e, com aajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios. Embora os velho sacerdotenão tenha vivido para ver seu povo liberto do jugo sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa.Judas, cognominado “o Macabeu”, assumiu a liderança depois da morte do pai. Por volta de 164 a.C.Judas havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Poucodepois das vitórias de Judas, Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e osreis selêucidas continuaram por quase vinte anos.

Aristóbulo I foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de “Rei dos Judeus”. Depoisde um breve reinado, foi substituído pelo tirânico Alexandre Janeu, que, por sua vez, deixou o reinopara sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente pacífico. Com a sua morte, umfilho mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho. A essa altura, Antípater, governadorda Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a ameaça de guerra civil. Consequentemente,Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões, buscando um acertoentre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II tentou defender Jerusalém do ataque dePompeu, mas os romanos tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia,não tocou nos tesouros do templo.

Roma

Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio Cesar e da morte deAntípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro governante da Judéia, Antígono, osegundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reina emJerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoiode Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano, ofereceu um elo com os governantesMacabeus.

Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável Hircano (31

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a.C.) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois filhos. No seu leito de morte,ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras, Herodes é conhecidocomo o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Reidos Judeus.

Grupos Religiosos dos Judeus

Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do Oriente Médio,alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus pais, ao passo queoutros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas ideias que emanavam da Grécia. Por fim, ochoque entre o helenismo e o judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas.

Os Fariseus

Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado contra oshelenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”, foi provavelmente dado a eles porseu inimigos, para indicar que eram não-conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnioporque sua severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhospagãos. A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essasperversões do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro destegrupo ortodoxo do judaísmo de sua época. (Fp 3:5).

O nome é dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C.. Opositores dossaduceus, criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição dasinagoga. Com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu suainfluência dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico.

Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos ehipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem àofensa “fariseu”, comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados comoreligiosos aparentes.

Os Saduceus

O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Sadoc, o sumo sacerdoteescolhido por Salomão (I Rs 2:35), negava autoridade à tradição e olhava com suspeita paraqualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não criamna existência de anjos ou espíritos (At 23:3). Eram, em sua maioria, gente de posses e posição, ecooperavam de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T. controlavam o sacerdócio eo ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos fariseus. Os Saduceuscompreendem a designação da segunda escola filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus.

Também para esta seita ou partido é difícil determinar a origem. Sabemos que existiu nos últimosdois séculos do Segundo Templo, em completa discórdia com os fariseus. Como citamos, o nomeparece proceder de Sadoc, hierarca da família sacerdotal dos filhos de Sadoc, que segundo oprograma ideal da constituição de Ezequiel devia ser a única família a exercer o sacerdócio na novaJudéia. De modo que, dizer saduceus era como dizer “pertencentes ao partido da estirpe sacerdotaldominante”. Diferiam dos fariseus por não aceitarem a tradição oral. Na realidade, parece que acontrovérsia entre eles foi uma continuação dessa hostilidade que havia começado no templo dosmacabeus, entre os helenizantes e os ortodoxos. Com efeito, os saduceus, pertencendo à classedominadora, tendo a miúdo contato com ambientes helenizados, estavam inclinados a algumasmodificações ou helenizações. O conflito entre estes dois partidos foi o desastre dos últimos anos daJerusalém judia.

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Suas doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos. A Bíblia afirmaque eles não criam na ressurreição, tendo até tentado enlaçar Jesus com uma pergunta ardilosasobre esse conceito. Com muita probabilidade, ainda que rechaçando a tradição farisaica, possuíramuma doutrina relativa à interpretação e à aplicação da lei bíblica. O único que nos oferece algunsdados sobre suas doutrinas é Flávio Josefo que, por ser fariseu e por haver escrito para o públicogreco-romano, não é digno de muita confiança.

Parece provável que as divergências entre saduceus e fariseus foram mais que dogmáticas, foramjurídicas e rituais. Com a queda de Jerusalém, a seita dos saduceus extinguiu-se. Ficaram porémsuas marcas em todas as tendências anti-rabínicas dos primeiros séculos (d.C.) e da época medieval.

Os Essênios

O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mundanismo dos saduceus.Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato. Davam atenção à leitura eestudo das Escrituras, à oração e às lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eramconhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias aseus princípios.

O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto foramencontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio de estudo no deserto daJudéia. Os rolos indicam que os membros da comunidade haviam abandonado as influênciascorruptas das cidades judaicas para prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé noMessias que viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.

Os Essênios constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve sua existência por volta de 150a.C. até 70 d.C. Estavam relacionados com outros grupos religioso-políticos, como os saduceus. Onome essênio provém do termo sírio “Asaya”, e do aramaico Essaya, todos com o significado demédico.

Durante o domínio da Dinastia Hasmonéa, os essênios foram perseguidos. Retiraram-se por isso parao deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei mosaica, bem como da dosProfetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabemos a seu respeito por Flávio Josefo (historiadoroficial judeu) e por Fílon de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos judeus doSegundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e Essênios. Os Essênios eram umgrupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monásticaascética que se isolou no deserto. Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento dojudaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício doSumo Sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar a situação edenunciaram os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4000membros do grupo, espalhados por aldeias e povoações rurais.

Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus:

A comida era sujeita a rígidas regras de purificação;■

Aboliam a propriedade privada;■

Contrários ao casamento;■

Eram vegetarianos;■

Tomavam banho antes das refeições;■

Vestiam-se sempre de branco.■

Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de purezaespiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem.

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Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos quelevam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto.Segundo Christian Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores doCristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espiritual,remetem ao ideal essênio de vida espiritual. A prática da banhar-se com frequência, segundo algunshistoriadores, estaria na origem do ritual cristão do Batismo, que era ministrado por São JoãoBatista, às margens do Rio Jordão, próximo a Qumram.

Os Escribas

Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma profissão. Eram,em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados autoridades quanto às Escrituras, e porisso exerciam uma função de ensino. Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com osquais aparecem frequentemente associados no N.T.

O escriba ou escrivão era a pessoa na Antiguidade que dominava a escrita e a usava para, a mandodo regente, redigir as normas do povo daquela região ou de uma determinada religião.

Nos livros sagrados para os cristãos e judeus, o termo escriba refere-se aos chamados doutores emestres (Mt 22:35 e Lc 5:17), ou seja, homens especializados no estudo e na explicação da lei ouTorá. Embora o termo apareça pela primeira vez no livro de Esdras, sabe-se que tinham grandeinfluência e eram muito considerados pelo povo, tendo existido escribas partidários de diferentescorrentes, tais como os fariseus (a maioria), saduceus e essênios.

A classe começa a atuar ainda nos tempos do Antigo testamento, em que a figura do profeta perde oseu valor. Já no Novo testamento, é possível verificar que a maioria dos escribas se opõe aosensinamentos de Jesus (Mc 14:1 e Lc 22:1), que os critica duramente por causa do seu procederlegalista e hipócrita (Mt 23:1-36 / Lc 11:45-52 / 10:46-47), comparando-o ao dos fariseus, a correntede escribas que representava a maioria.

Após o desaparecimento do templo de Jerusalém no ano 70, seguido do desaparecimento da figurado sacerdócio judaico, sua influência passaria a ser ainda maior.

Alguns escribas ficariam famosos, tais como Hillel e Sammai (pouco antes de Jesus Cristo), tendosido ambos líderes de tendências opostas na interpretação da lei, liberal o primeiro e rigoroso osegundo.

Gamaliel, discípulo de Hillel, foi mestre de Paulo (At 22:3), tendo existido também outros escribassimpatizantes com os cristãos (At 5:34).

Os Herodianos

Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com osromanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina em suaépoca. Os herodianos eram mais um partido político que uma seita religiosa.

A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas nas reaçõessectárias dentro do judaísmo pré-cristão forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio aomundo. Frustrações e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na“plenitude do tempo” (Gl 4.4).

Charles F. Pfeiffer [ “From Malachi to Matthew” ]