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Introdução aos Estudos Literários I Professora Carla Souto

Plano de aula

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Passo a passo de como fazer um plano de aula para a leitura, comentário, análise e interpretação do poema A Valsa, de casimiro de Abreu.

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  • 1. Introduo aos Estudos Literrios I Professora Carla Souto

2. PLANO DE AULA O objetivo desta aula discutir a construo de um Plano de Aula para comentar, analisar e interpretar um poema com alunos do ensino mdio a partir do suporte terico desenvolvido durante a disciplina Introduo aos Estudos Literrios I. 3. Tema Neste tpico voc vai delimitar o assunto a ser trabalhado em 2 aulas de 45 min (1h30min). 4. Exemplo de Tema O tema desta aula o poema A valsa, de Casimiro de Abreu. 5. Pr-requisitos Aqui voc vai identificar o nvel de ensino para o qual planejou a aula (esta aula ser proposta para turmas de Ensino Mdio, mas voc pode escolher a srie). Vai descrever os conhecimentos prvios que o aluno deve ter para realizar as atividades que sero propostas (lembre-se de que ter apenas 1h30min para desenvolver a aula). Vai enumerar as competncias e/ou as habilidades necessrias para iniciar o trabalho. Para escolh-las, voc deve consultar o material do INEP (a competncia referente Literatura a de nmero 5, com as habilidades: H15, H16 e H17). 6. Exemplo de pr-requisitos Esta aula ser proposta para alunos de 2 srie do ensino mdio. Para realizar as atividades propostas, o ideal que j tenham ocorrido aulas de introduo ao Romantismo no Brasil, nas quais tenham sido trabalhadas as geraes romnticas (1, 2 e 3). Tambm j devem ter sido trabalhados os aspectos sonoros, morfo-sintticos e semnticos da construo potica. As competncias que sero mobilizadas para iniciar o trabalho so analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens. 7. Objetivos Aqui voc vai explicitar o(s) objetivo(s) da aula. Vai enumerar as habilidades que ir trabalhar durante a aula (aquelas que buscar desenvolver com os alunos). 8. Exemplo de Objetivo(s) O objetivo desta aula trabalhar com os alunos o comentrio, a leitura, e a anlise do poema A valsa, de Casimiro de Abreu, por meio de uma sequncia de atividades, para que eles possam chegar a uma interpretao vlida deste e posteriormente recriar o poema na forma de um texto narrativo em prosa cujo narrador o eu-lrico e outro cujo narrador a moa que valsa. As habilidades que se pretendem desenvolver so a de relacionar informaes sobre concepes artsticas e procedimentos de construo do texto literrio e a de estabelecer relaes entre o texto literrio e o momento de sua produo, situando aspectos do contexto histrico, social e poltico. 9. Desenvolvimento do tema Sequncia de Atividades: Aqui voc vai enumerar o passo a passo de como ser a aula, colocando em ordem cronolgica todas as etapas da aula, do incio at o fim. Tente propor atividades pertinentes em relao ao tempo de aula proposto e s habilidades que pretende desenvolver. 10. Sequncia de atividades Leitura desarmada: mister fazer abstrao de todos os conhecimentos anteriores que possumos ou acreditamos possuir acerca do texto e do escritor em questo(...) cumpre considerar somente o texto propriamente dito e observ-lo com uma ateno intensa, sustentada, de modo que nenhum dos movimentos da lngua e do fundo nos escape. (CANDIDO, 1993) 11. Exemplo de Sequncia de Atividades Leitura Desarmada A valsa (Casimiro de Abreu) 12. A valsa (Casimiro de Abreu) Tu, ontem, Na dana Que cansa, Voavas Co'as faces Em rosas Formosas De vivo, Lascivo Carmim; Na valsa To falsa, Corrias, Fugias, Ardente, Contente, Tranqila, Serena, Sem pena De mim! 13. A valsa (Casimiro de Abreu) Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... No negues, No mintas... Eu vi!... 14. A valsa (Casimiro de Abreu) Valsavas: Teus belos Cabelos, J soltos, Revoltos, Saltavam, Voavam, Brincavam No colo Que meu; E os olhos Escuros To puros, Os olhos Perjuros Volvias, Tremias, Sorrias, P'ra outro No eu! 15. A valsa (Casimiro de Abreu) Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... No negues, No mintas... Eu vi!... 16. A valsa (Casimiro de Abreu) Meu Deus! Eras bela Donzela, Valsando, Sorrindo, Fugindo, Qual silfo Risonho Que em sonho Nos vem! Mas esse Sorriso To liso Que tinhas Nos lbios De rosa, Formosa, Tu davas, Mandavas A quem ?! 17. A valsa (Casimiro de Abreu) Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... No negues, No mintas... Eu vi!... 18. A valsa (Casimiro de Abreu) Calado, Sozinho, Mesquinho, Em zelos Ardendo, Eu vi-te Correndo To falsa Na valsa Veloz! Eu triste Vi tudo! Mas mudo No tive Nas galas Das salas, Nem falas, Nem cantos, Nem prantos, Nem voz! 19. A valsa (Casimiro de Abreu) Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... No negues, No mintas... Eu vi!... 20. A valsa (Casimiro de Abreu) Na valsa Cansaste; Ficaste Prostrada, Turbada! Pensavas, Cismavas, E estavas To plida Ento; Qual plida Rosa Mimosa No vale Do vento Cruento Batida, Cada Sem vida. No cho! 21. A valsa (Casimiro de Abreu) Quem dera Que sintas As dores De amores Que louco Senti! Quem dera Que sintas!... No negues, No mintas... Eu vi!... 22. Sequncia de atividades Comentrio O comentrio pode conter toda sorte de coisas: explicaes de termos difceis; resumos ou parfrases do pensamento do autor; remisses a outras passagens onde o autor diga algo de parecido; referncias a outros autores que falaram do mesmo problema ou empregaram um torneio de estilo semelhante; (CANDIDO, 1993) 23. Exemplo de Sequncia de Atividades - Comentrio Casimiro de Abreu (1837-1860) foi um poeta brasileiro. Autor de "Meus Oito Anos", um dos poemas mais populares da literatura brasileira. Pertence segunda gerao do romantismo. Enviado para Lisboa, com apenas 16 anos, inicia sua vida literria. nesse perodo que escreve a maior parte dos poemas de seu nico livro Primaveras. Escreve a pea Cames e o Jau, que aplaudida no Teatro D. Fernando, em Lisboa. Casimiro patrono da cadeira n 6 da Academia Brasileira de Letras. (E-BIOGRAFIAS, 2013) 24. Exemplo de Sequncia de Atividades - Comentrio Casimiro de Abreu escreveu pouco. Seu lirismo tinha como temas o amor, a tristeza da vida, a saudade da Ptria e da infncia, o que o tornou um poeta muito popular aps a sua morte. Seu poema "Meus oito anos", escrito em Lisboa em 1857, retrata bem a nostalgia da infncia: Oh! que saudades que tenho/Da aurora de minha vida,/Da minha infncia querida/Que os anos no trazem mais!/Que amor, que sonhos, que flores,/Naquelas tardes fagueiras/A sombra das bananeiras,/Debaixo dos laranjais!. (E-BIOGRAFIAS, 2013) 25. Exemplo de Sequncia de Atividades - Comentrio Algumas palavras podem comprometer o entendimento do texto. O ideal perguntar aos alunos que palavras eles no compreenderam e estar preparado para esclarecer as dvidas de vocabulrio: Lascivo sensual; Carmim vermelho; Perjuro juramento falso Volvias, verbo volver dirigir(-se) para outra direo, virar(-se), voltar(-se) Silfo esprito elementar do ar, segundo os cabalistas Gala grande fartura; riqueza, abundncia, fausto, conjunto de ornamentos ricos, preciosos Prostrada abatida (fsica ou psiquicamente); alquebrada, debilitada, sem nimo, sem foras; derrubada, desanimada Turbada preocupada, aflita, agoniada, transtornada Cismavas, verbo cismar ficar absorto em pensamento; andar preocupado Cruento cruel, ferino, pungente 26. Exemplo de Sequncia de Atividades - Comentrio O ttulo em si elucidativo e referencial ao assunto tratado no poema, uma composio musical e um tipo de dana especficos. comum na literatura brasileira essa ocorrncia em relao aos ttulos. Temos, por exemplo, Quadrilha, do Drummond (1979), Cano do exlio, de Gonalves Dias (1952), Ladainha, de Cassiano Ricardo (1972). (REIS; CAMPOS, 2007) 27. Exemplo de Sequncia de Atividades - Comentrio Embora se tenha notcia da valsa como gnero desde o sculo XV, ligada histria das danas alems deutsche e lnder, ela teve ampla aceitao europia no incio do sculo XIX, como uma das danas de salo mais valorizadas no Ocidente, mesmo tendo em vista as muitas oposies feitas, algumas bastante curiosas, como a dos mdicos, que achavam prejudicial a velocidade com que os danarinos rodopiavam pelo salo e tambm objees morais, pois foi o primeiro gnero que se danou estando os pares enlaados, em abrao muito estreito (SADIE,1994, p.977). (APUD: REIS; CAMPOS, 2007) 28. Sequncia de atividades Anlise Explorar os aspectos sonoros Ritmo simetria ou assimetria; Metrificao; Estrofao; Rimas; Figuras de efeito sonoro (Assonncia, Aliterao, Repetio de palavras, Onomatopia) Poemas de forma fixa; 29. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos sonoros 1- Quantas estrofes temos no poema? 2- Quantos versos temos em cada estrofe? 3- Quantas slabas poticas temos em cada verso? 4- Observem quais so as slabas fortes e fracas de cada verso. H alguma mudana de uma estrofe para a outra? 5- H rimas no poema? Quais so? De que tipos so? 6- H aliteraes e assonncias no poema? 7- H repeties de palavras no poema? Quais? 30. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos sonoros O poema A valsa composto por 155 versos breves, com mtrica dissilbica e acento regular, divididos em estrofes combinadas, quatro de vinte versos cada uma, alternadas com um refro de onze versos que se repete quatro vezes e a 7 e 8 estrofes de dez versos combinadas com um refro que se divide em uma estrofe (9) de seis versos e outra (10) de cinco versos. 31. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos sonoros H uma frequncia considervel de rimas as mais variadas, toantes, consoantes, assonantes e aliteraes que no obedecem a nenhum esquema fixo. Em conjunto com os versos curtos, que acentuam o ritmo, e as demais alternncias, sobretudo a mtrica e o acento sugerem uma leitura em compasso ternrio. Tu,/ on/ tem, Quebra do ritmo com: fraca/ forte/ fraca eu/ vi Na/ dan/ a fraca/ forte Que/ can/ sa, Vo/ a/ vas 32. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos sonoros Rimas ricas e consoantes: dana (substantivo) e cansa (verbo usado como adjetivo cansativa); rosas (substantivo) e formosas (adjetivo). Repetio das palavras rosa, formosa, valsa, falsa, olhos, plida, etc. Repetio de uma estrofe, funcionando como refro. 33. Sequncia de atividades Anlise Explorar os aspectos morfo-sintticos Nvel lexical Nvel sinttico (paralelismo; encadeamento ou enjambement) 34. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos 1- H enjambement ou cavalgamento de versos no poema? 2- H repetio de estruturas sintticas no poema? Quais? 3- H paralelismos no poema? Quais? 4- Localize os verbos do poema e indique o sujeito e o tempo verbal de cada um. 5- Localize os adjetivos ou locues adjetivas do poema e a que palavra eles se referem. 35. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos H vrios enjambements, conforme se pode ver em: Teus belos / cabelos / j soltos. H repetio de estruturas sintticas: Saltavam, / Voavam, / Brincavam ou Valsando, / Sorrindo, / Fugindo (trs versos seguidos formados por verbos). H paralelismo em: Nem falas, / Nem cantos, / Nem prantos, / Nem voz!. 36. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos Verbos com sujeito TU: voavas, corrias, fugias, sintas, no negues, no mintas, valsavas, volvias, tremias, sorrias, eras, tinhas, davas, mandavas, cansaste, ficaste, pensavas, cismavas, estavas. Verbos com sujeito EU: senti, vi, tive. Verbos com outros sujeitos: saltavam, voavam, brincavam (teus cabelos); nos vem (silfo risonho). 37. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos Verbos no pretrito imperfeito do indicativo: voavas, corrias, fugias, valsavas, volvias, tremias, sorrias, eras, tinhas, davas, mandavas, pensavas, cismavas, estav as, saltavam, voavam, brincavam. Verbos no pretrito perfeito do indicativo: cansaste, ficaste, senti, vi, tive. Verbos no imperativo negativo: no negues, no mintas. Verbo no presente do subjuntivo: sintas. Verbo no presente do indicativo: vem. 38. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos Para o substantivo faces: em rosas, formosas, carmim. Para o substantivo rosas, rosa: formosas, formosa, plida, mimosa, batida, cada, sem vida, no cho (advrbio com sentido de adjetivo). Para o adjetivo carmim: de vivo, lascivo. Para o pronome tu: ardente, contente, tranquila, serena, sem pena, bela, donzela, falsa, prostrada, turbada, plida. Para o substantivo donzela: bela. Para o substantivo cabelo: belos, soltos revoltos. Para o substantivo olhos: escuros, to puros, perjuros. 39. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos morfo-sintticos Para o pronome eu: louco, calado, sozinho, mesquinho, em zelos, triste, mudo. Para o substantivo silfo: risonho. Para o substantivo riso: liso. Para o substantivo lbios: de rosa. Para o substantivo vento: cruento. Para o substantivo dana: que cansa. Para o substantivo valsa: veloz. 40. Sequncia de atividades Anlise Explorar os aspectos semnticos Figuras de similaridade; Figuras de contiguidade; Figuras de oposio; 41. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos semnticos 1- H sindoques ou metonmias no poema? Quais? 2- H comparaes no poema? Quais? 3- H metforas no poema? Quais? 4- H antteses ou oposies no poema? Quais? 42. Exemplo de Sequncia de Atividades Anlise de aspectos semnticos Sindoque: teus cabelos saltavam, voavam, brincavam. Comparao: eras bela qual silfo risonho, plida qual rosa mimosa. Oposio: eu-lrico - EU esttico em oposio ao movimento da moa que valsava TU; tudo o que pertencia ao eu-lrico (que meu) era dado a outro (no eu), sequncia de negativas ligadas ao eu-lrico. 43. Sequncia de atividades Anlise Selecionar os dados que articulam fundo e forma Como o critrio a articulao, nem todos os dados analisados so selecionados. 44. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema Alm da indicao do prprio ttulo, A Valsa, a mtrica e o acento sugerem uma leitura em compasso ternrio, que causa um deslizamento na leitura, apontando para o fato de que h uma relao motivada da forma com o contedo do poema a imagem coreogrfica e o tempo da valsa. (REIS; CAMPOS, 2007) 45. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema Dois motivos guiam a melodia do poema: a 2 pessoa, o tu, que est em movimento e a 1, um eu lrico esttico e lastimoso, voz centralizadora, cujo conflito colocado no apenas uma vez, mas em refro, repetindo- se no percurso temporal demarcado nos versos o desejo de que a amada sinta o cime que ele, intensamente louco-, sentiu, por ela ter valsado com outro no dia anterior, e denuncia a traio com o imperativo negativo, de acusao, e afirmativo, de ter testemunhado o fato, em discurso direto exclamativo no negues, / no mintas/ - Eu vi!.... (REIS; CAMPOS, 2007) 46. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema A repetio mostra o crescente desespero do eu lrico, cuja situao no se resolve, o que j estava previsto pelo uso da subordinada volitiva quem dera/que sintas/as dores/de amores. O refro aparece alternado com as estrofes, que apresentam sinedoquicamente o eu feminino, o tu, suas faces, cabelos, colo, olhos, boca (sorriso), lbios, com uma beleza pintada em cores romnticas e, por isso, divina, fluida - voavas. (REIS; CAMPOS, 2007) 47. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema A primeira estrofe traz a situao temporal, ontem, scio-espacial, na dana expresso que se alarga para indicar a ao vivida pelos sujeitos. O verbo imperfeito voavas uma prolepse, uma antecipao da fala enciumada do eu masculino para dizer que h um distanciamento na relao amorosa. O tom acusativo se mantm em todos os versos revelando- se, inclusive, de modo impressionista no qualificativo das faces do eu lascivo/carmim. (REIS; CAMPOS, 2007) 48. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema O eu masculino vai reconhecendo o desabrochar de uma donzela, no para ele, mas para outro/outros, o que faz aumentar a sua beleza e a sensualidade e a intensidade da paixo, expressas em fartas enumeraes de verbos, adjetivos, substantivos, num percurso similar em cada estrofe: o eu apresenta a jovem mulher faces/em rosas/ formosas, eras bela/donzela; afirma a traio to falsa/corrias/fugias, os olhos perjuros, e fala do desprezo manifesto em relao a ele sem pena/de mim, sorrias/pra outro/no eu. (REIS; CAMPOS, 2007). 49. Exemplo de Sequncia de atividades Articulao entre fundo e forma no poema O poema se encerra cumprindo o que foi vaticinado no incio (3 verso da 1 estofe), Tu, ontem, /na dana/que cansa. Esse tu resta prostrada, pelos excessos da dana,com um comparativo qual plida rosa/cada/sem vida/ no cho, uma desqualificao do eu feminino, que jaz sem valor, aps ter desrespeitado a si mesma num movimento exaustivo e ficado com outros, preterindo aquele que lhe dedicava to grande sentimento, segundo a viso dominadora e ferida do eu masculino. (REIS; CAMPOS, 2007). 50. Sequncia de atividades Interpretao Elabore um texto coerente, articulando a primeira leitura desarmada aos dados do comentrio e aos da anlise. A partir da, articule sua construo rea com a qual voc tem maior afinidade, por exemplo, Histria, Sociologia, Filosofia, Psicanlise, entre outras. 51. Exemplo de Sequncia de atividades - Interpretao O poema A valsa, de Casimiro de Abreu, artista da 2 gerao romntica no Brasil, traduz algumas caractersticas fundamentais do pensamento romntico no Brasil. Inspirados nas obras dos poetas Lord Byron, Goethe, Chateaubriand e Alfred de Musset, os autores dessa gerao tambm so conhecidos como "byronianos". As principais caractersticas da gerao so: o individualismo, egocentrismo, negativismo, dvida, desiluso, tdio e sentimentos relacionados fuga da realidade, que caracterizam o chamado ultrarromantismo. George Gordon Byron foi um poeta romntico ingls que influenciou toda uma gerao de escritores com sua poesia ultrarromntica. A ele esto associados termos como o spleen, que significa tdio, mau humor e melancolia, geralmente causados por amores no correspondidos ou pela descrena na vida em razo da aproximao da morte, temticas comuns na poesia ultrarromntica. 52. Exemplo de Sequncia de atividades - Interpretao O poema A valsa mistura elementos lricos, narrativos e dramticos para compor uma cena em que o eu-lrico, devastado pelo cime, constata o desabrochar da beleza da sua amada, que no corresponde aos seus sentimentos. A construo desta beleza que causa tanto sofrimento feita por meio de sindoques e adjetivaes: faces, cabelos, olhos, sorrisos e lbios da amada so comparados em cor e beleza com rosas vermelhas, formosas e sensuais. O eu-lrico deseja o tempo inteiro que a amada sofra como ele est sofrendo a cada giro da valsa que ela est danando, o que constatado pela repetio do refro, quase uma maldio que ele joga sobre ela. Em tom acusatrio, ele se coloca como uma testemunha ocular que se sente paralisada pela dor de constatar que tudo o que ele deseja direcionado para outro, ficando sem fala, sem canto, sem pranto, sem voz. 53. Exemplo de Sequncia de atividades - Interpretao A escolha da valsa, uma dana de salo em que um casal enlaado rodopia pelo salo em um compasso ternrio com a conduo do cavalheiro faz oposio com a ideia de passividade deste eu-lrico, incapaz de tomar a iniciativa e exteriorizar suas emoes, enquanto a donzela, que deveria ser conduzida na dana e na vida, de acordo com os parmetros sociais da poca, demonstra os seus sentimentos por outro, que no o eu-lrico. O ritmo da valsa quebrado a cada acusao no final do refro: Eu vi!..., fazendo um contraste entre o movimento da donzela e a imobilidade do eu-lrico, como se a cada giro dela quem perdesse o flego fosse ele. A figura feminina tem uma beleza quase demonaca, que enfeitia, paralisa, deixa o eu-lrico sem ao, desejando-a, ao mesmo tempo em que deseja o seu mal. A distncia entre eles se d muito mais pela no correspondncia amorosa do que pela idealizao de uma figura feminina pura, santa e inatingvel, j que a outro e no a ele ela devota o seu amor, alm dos traos da sua beleza serem sensuais e provocantes. 54. Exemplo de Sequncia de atividades - Interpretao Ao final do poema, como se todo o mal que o eu-lrico desejou donzela se concretize. Exausta pelos movimentos da valsa ela fica prostrada, turbada, plida, batida, cada, sem vida, no cho. Ao mesmo tempo, os verbos pensavas e cismavas sugerem a ideia de que ela possa estar sentindo o mesmo que o eu-lrico sentiu, ao ver que o seu amor tambm no era correspondido. Este poema corresponde fase ultrarromntica do romantismo brasileiro, mostrando a exacerbao dos sentimentos de um eu-lrico egocntrico e egosta que sofre tanto por um amor no correspondido a ponto de desejar transferir para a mulher amada todo este sofrimento que o imobiliza, o que ocorre no final do poema no qual o movimento da donzela cessa e ela fica prostrada e sem vida, cada no cho. como se o eu-lrico sugasse a vida, a cor e a beleza da donzela, por no suportar que ela no lhe pertencesse. 55. Modo de avaliar o aprendizado Aqui voc ir explicitar detalhadamente quais atividades sero desenvolvidas ao final da aula, ou propostas para casa, com o intuito de avaliar de que forma o aluno desenvolveu as habilidades mobilizadas e se o contedo foi bem assimilado. 56. Exemplo de Modo de Avaliar o Aprendizado Proposta de produo textual: Reescreva o poema transformando o texto em versos em um texto narrativo em prosa. Agora reescreva o poema como um texto narrativo em prosa mudando o foco narrativo para mostrar o ponto de vista da moa que valsava. 57. Referncias bibliogrficas Aqui voc ir explicitar todas as obras consultadas para montar este plano de aula, seguindo as normas de apresentao j estudadas. 58. Exemplo de Referncias Bibliogrficas ABREU, Casimiro de. Obras De Casimiro De Abreu. Belo Horizonte: Itatiaia, 1999. AUERBACH, Erich. Introduo aos estudos literrios. Trad. Jos Paulo Paes. So Paulo: Cultrix, 1972. CANDIDO, A. Na sala de aula: caderno de anlise literria. 2ed. So Paulo: tica, 1986. __________. O estudo analtico do poema. So Paulo: FFLCH-USP, 1993. CUNHA, Celso e CINTRA, Lus F. L. Nova Gramtica do Portugus Contemporneo. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. DONOFRIO, Salvatore. Poema e Narrativa: Estruturas. So Paulo: Duas Cidades, 1978. 59. Exemplo de Referncias Bibliogrficas E-BIOGRAFIAS. Casimiro de Abreu. Disponvel em: http://www.e- biografias.net/casimiro_abreu/ Acesso em: 04 out. 2013. GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. 13 ed. So Paulo: tica, 2003. KAYSER, Wolfgang. Anlise e interpretao da obra literria. 7 ed. Rev. Paulo Quintela.Coimbra: Armnio Amado, 1985. MARTINS, Nilce S. Introduo estilstica: a expressividade na lngua portuguesa. So Paulo: TAQ e EDUSP, 1989. PIGNATARI, Dcio. Comunicao potica. 2 ed. So Paulo: Cortez & Moraes, 1978. REIS, C. M. D. R.; CAMPOS, M. D. Entre o poema e a partitura: A Valsa de Casimiro de Abreu. Per Musi: Belo Horizonte, n.15, 2007, p. 55-66.