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Que a chuva venha Que a chuva venha, Caia e lave os meus passos As pegadas de terra que deixo Por detrás das minhas costas Que lave e leve o rasto Para que a minha alma não o siga E não me encontre novamente Porque sem alma o meu corpo vagueia Sem saber, sem sentir Livre, leve, solto E eu caminho Com passos decididos, destemidos Inconsciente do sofrimento Que lhe causará cada erro meu Que a chuva venha, Me lave o rosto Que cada gota de água Se confunda com as lágrimas Que me caem pela cara Que a tempestade Se confunda com os meus soluços Os torne inaudíveis Irreconhecíveis… Que a chuva venha, E distraia os meus olhos No seu contorno aquoso E enquanto eu estiver aqui Escondida e expectante Me leve na frieza do seu conforto Que a chuva venha e caia… Prémio do Concurso Nacional ”Faça lá um poema” 2015 Ensino Secundário Joana Serrano, 12º 1

Poema vencedor menções_honrosas

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Page 1: Poema vencedor menções_honrosas

Que a chuva venha

Que a chuva venha, Caia e lave os meus passos As pegadas de terra que deixo Por detrás das minhas costas Que lave e leve o rasto Para que a minha alma não o siga E não me encontre novamente Porque sem alma o meu corpo vagueia Sem saber, sem sentir Livre, leve, solto E eu caminho Com passos decididos, destemidos Inconsciente do sofrimento Que lhe causará cada erro meu Que a chuva venha, Me lave o rosto Que cada gota de água Se confunda com as lágrimas Que me caem pela cara Que a tempestade Se confunda com os meus soluços Os torne inaudíveis Irreconhecíveis… Que a chuva venha, E distraia os meus olhos No seu contorno aquoso E enquanto eu estiver aqui Escondida e expectante Me leve na frieza do seu conforto

Que a chuva venha e caia…

Prémio do Concurso Nacional ”Faça lá um poema” – 2015 – Ensino Secundário

Joana Serrano, 12º 1

Page 2: Poema vencedor menções_honrosas

MADRUGADA

Madrugada

O meu peito rasga-se

E a minha alma cega

Vislumbra o suicídio da noite,

Uma vez mais.

Não vem só.

Saboreio-lhe receosa no vento

Uma tristeza estranha

De um acordar monótono e rotineiro.

Duas lágrimas cristalinas

Ainda ousam percorrer

Desertos frios, vazios e fatais,

São somente fruto de uma natureza fraca e humana.

Corroem as minhas feridas abertas, antigas.

Cosem-nas mais um pouco.

Mas não sinto já essas agulhas impiedosas,

Já não as peço. Já não me libertam.

Não são já minhas.

Contemplo insipidamente

O meu reflexo gasto e desconhecido,

Uma vez mais.

Vejo por fim a amarga inocência de quem

Apenas só soube sacrificar o coração,

E a dolorosa consciência de quem

Só o viu tornar-se desperdícios inúteis

Em mãos grosseiras, gretadas e frias.

Deito-me novamente entre cobertores

Que parecem mais negros do que antes

Esperando por um melhor acordar.

Talvez chegue. Mais tarde.

Se assim a madrugada

O desejar.

Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso “Faça lá um poema”- 2015

Soraia Sofia Morgado, 12º 15ª

Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa

Page 3: Poema vencedor menções_honrosas

EMOÇÕES E CONCLUSÕES

Tudo aquilo que sou.

Tudo aquilo que és.

Tudo aquilo que somos,

Discutido sobre cafés.

A minha falta de fé.

A tua fé que nunca falta.

Uma das coisas que nos distingue.

Mas os opostos atraem-se.

Se os opostos se atraem.

Porque é que estamos tão longe?

Não devíamos estar um ao lado do outro?

De mentalidades juntas pela rua?

Mas tudo o que eu quero

E tudo o que eu posso,

Difere do que tu queres;

Difere do que tu podes.

Porque tudo o que eu quero é mais do que tu

E tudo o que eu posso é muito menos.

Porque eu estou limitada por mim própria

E tu podes voar sozinho.

Enquanto tu podes voar;

Podes andar;

Podes correr;

Eu tenho de ficar onde estou.

Porque cada passo que eu dou hoje,

Posso não dar amanhã.

Ou depois,

Ou depois.

Não me poder mexer

pode ser curado.

Mas o medo de me mover

passa-te ao lado.

Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015

Beatriz Cunha Portinha, 12º 03ª

Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa

Page 4: Poema vencedor menções_honrosas

Poesia é escrever

O que se quer dizer

É do sabor da alma

Saber tirar toda a sua calma

A poesia não é pensada

É sentida

É ouvida

É dizer tudo de forma calada

É rimar sem sentido

É inventar o próprio sentido

É viajar noutro mundo

É pensar tanto num segundo

É emoção que não se pode conter

É em tão pouco muito prometer

É ver aquilo que ninguém vê

Para fazer ver quem lê

É querer exprimir o que não tem expressão

É querer lavar toda a solidão

Pedra dura que magoa

Pedaço de algodão que voa

Faz crescer e crescer

E sentir inferior

É o falar do interior

É um modo de viver

Menção honrosa da fase de seleção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015

Bárbara Enes Pinheiro, 12º 02ª

Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa

Page 5: Poema vencedor menções_honrosas

O SANGUE DERRAMA LIVROS

O sangue derrama livros

E parte lombadas

E quebra folhas

Escritas em branco.

O sentimento

Canta gritante no

Silêncio da melodia

Que arrepia e corrompe

E faz pensar que talvez

Não esteja no sítio certo.

Memórias evocam

Danças e histórias

E poemas e rabiscos

Que se desenham no

Meu ser e pintam

A minha alma.

Sonhando sempre mais alto

Do que a realidade ausente permite

E desejando sempre algo diferente,

Sempre outra coisa,

Mais real e menos verdadeira.

Sonhando que tenho

Pés e coração e sonhos

Que não tenho,

Apesar de os ter sempre tido.

Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015

Madalena Ventura, 12º 15ª

Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa

Page 6: Poema vencedor menções_honrosas

Amanhã é outro dia

E amanhã é outro dia

Outro dia em que o sol nascerá

No horizonte

Belo, brilhante

Outro dia em que o mar baterá

Nas rochas

Revolto, vibrante

E as aves voarão

O vento irá soprar

As vinte e quatro horas passarão

Num ciclo que nunca se irá quebrar

Pouco de novo, muito de velho

Sempre o mesmo sofrimento

Sempre o mesmo motivo

As mesmas queixas, as mesmas deixas

As mesmas dores e amores

E a cada rosto rotineiro que beijas

Reconhece-lhes os mesmos sabores

E a vida torna-se uma roda

Que gira e roda

E que de tempo a tempo

Passa pelo mesmo ponto

Sem nenhum truque de magia

E amanhã será, igualmente, outro dia.

Menção honrosa da fase de selecção, por escola, do Concurso ”Faça lá um poema” - 2015

Joana Serrano, 12º 1

Agrupamento de Escolas Pioneiros da Aviação Portuguesa