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A economia portuguesa durante o século XVIII
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“O AntigO Regime PORtUgUÊS:
Um Regime De COntRASteS e mUDAnÇAS”.
D. Luiz da cunha – Tomo a liberdade de me pôr com a mais humilde e reverente submissão aos seus reais pés, e lembrando-lhe que sou o mais antigo ministro que o senhor rei D. Pedro, heróico avô de Vossa Alteza no ano de 1600 tirou da casa da Suplicação para o servir no Ministério Estrangeiro; e assim me aproveito Vossa Alteza, com a felicidade que lhe desejo, as rédeas do governo dos seus reinos e dilatados conquistas, para o bem dos seus fiéis vassalos, lhe dar alguns conselhos.
D. José I – E o que me aconselhas tu, D. Luiz.
D. Luiz da cunha – Como sabeis, é certo os grandes danos que o Tratado assinado entre nós e a Inglaterra nos trouxe; foi a permissão dada aos ingleses para meterem em Portugal os seus lanifícios, principalmente, os panos, até então as nossas manufacturas iam-se aperfeiçoando. Não há dúvida que a extração dos nossos vinhos cresceu, contudo esta grande exportação de vinhos não é tão útil como se imagina, porque os particulares converteram em vinhas as terras de pão, tirando assim delas maior lucro, mas em desconto a generalidade padece maior falta de trigo.
D. José I – Estou certo disso, D. Luiz, mas o que aconselhais vós?
D. Luiz da Cunha – Deixo à consideração dos vossos ministros fazer renovar a pragmática do Senhor rei D. Pedro, proibindo a entrada de todas as fazendas que contribuíram ao luxo, e que em Lisboa não rodem coches que não sejam feitos no país.
Quem nos impede a nós de que se façam as lãs e as sedas que vêm de Inglaterra, da França e da Holanda. pois já a tivemos e se arruinaram pelas razões que Vossa Alteza conhece.
D. José I – O que propões?
D. Luiz da Cunha – Convirá que se proiba com rigorosas penas a saída de lãs de Portugal. E é necessário, também, que se introduzam as manufacturas, novamente, no reino e é preciso entender que estas no princípio se podem fazer logo tão perfeitas como as estrangeiras, nem vender pelos mesmos preços; mas não importa que sejam mais caras, pois os particulares ao comprarem mais caro o que se fabrica no reino, quando nele fica o dinheiro, que deve ser sempre o principal objectivo.
QUAl A SitUAÇãO De
PORtUgAl nA 1ª metADe DO
SéCUlO XViii?
Nos finais do século XVII, chegaram a Portugal as primeiras remessas de ouro provenientes do Brasil.
Na 1ª metade do século XVIII, no reinado de D. João V (1706-1750), ocorreu o período de maior afluxo de ouro do Brasil para os cofres do Estado.
Permitiu:Sustento de uma corte faustosa (luxuosa)Proteção das artes e das letras;Construiu grandes monumentos: Palácio de Mafra, Aqueduto das Águas Livres de Lisboa, Palácios Igrejas e Conventos.
Convento de MafraAqueduto das Águas Livres
O Tratado de Methuen (1703) e a abundância do ouro brasileiro, na 1ª metade do século XVIII, contribuíram para a falência das primeiras medidas mercantilistas em Portugal, iniciadas no reinado de D. Pedro II.
Evolução das Remessas do Ouro Brasileiro
D. JOSÉ I
0 REFORMADOR
REINADO: 1750-1777
No reinado de D. José I teve quatro fases :
1ª fase: 1750-1755 – Consolidação do poder; reforço da posição de Sebastião de Carvalho e Melo.
2ª fase: 1755-1764 – Reconstrução da cidade de Lisboa; submissão das ordens privilegiadas; reformas.
3ª fase: 1764-1770 – Crise económica.
4ª fase: 1770-1777 – Fomento manufactureiro e ultramarino.
SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO
CONDE DE OEIRAS (1759)
MARQUÊS (1769)
MARQUÊS DE POMBAL
COmO Se CARACteRizA A
eCOnOmiA PORtUgUeSA nA 2ª
metADe DO SéCUlO XViii?
Acho absolutamente necessário reunir todo o comércio deste reino e das suas colónias em Companhias e então todos os mercadores serão obrigados a entrar nelas ou então a desistir de comerciar, por que posso assegurar-lhes com toda a certeza que conheço melhor do que eles os seus interesses.
Marquês de Pombal, 1756, cit. Por C.R. Boxer, em Império Colonial Português, Lisboa, Edições 70, 1977.
O Fomento da Indústria
Com o ano de 1770, começou um período ditoso de oito anos incompletos que foi o século de ouro da nossa indústria e principalmente das manufacturas de seda em Lisboa e na província, em que se deu o aumento da produção com proporcionado consumo, o aperfeiçoamento de manufacturas, a introdução de algumas que anteriormente se não fabricavam, o melhoramento do método de dar goma e lustro aos tecidos, o desenvolvimento da plantação de amoreiras e da criação de sirgo (bicho-da-seda).
Acúrsio das Neves, Cit. In J. Borges de Macedo, Problemas da História da Indústria
Portuguesa no Século XVIII (adaptado).
Numa 1ª fase, o Marquês de Pombal, procurou criar grandes Companhias comerciais que detivessem o monopólio do comércio colonial:
Companhia do Grão-Pará e Maranhão (1755)
Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756)
Companhia de Pernambuco e Paraíba (1759)
Companhia da Ásia para o comércio com o Oriente.
Numa 2ª fase, o Marquês de Pombal, desenvolveu um intenso programa manufatureiro, através de medidas proteccionistas que pretendiam relançar a produção nacional:
Criação e renovação de muitas manufacturas Concessão de subsídios e privilégios (isenção de impostos, exclusivo da produção)Recrutamento de técnicos estrangeiros para melhorar a produção.
em QUe COnSiStiU O
DeSPOtiSmO eSClAReCiDO?
O governo monárquico é aquele em que o supremo poder reside todo inteiramente na pessoa de um só homem, o qual, ainda que se deva conduzir pela razão, não reconhecendo outro poder superior que não seja o mesmo Deus.
Sebastião José de Carvalho e Melo, Cartas e outras obras selectas do Marquês de Pombal, Lisboa, Typographia D. Marques
Leão, 1823.
O Despotismo Esclarecido baseava-se nos seguintes princípios:
Reforço do poder absoluto do rei que, regendo-se pela razão devia governar em prol do progresso e bem-estar do reino;
Criação de uma nova nobreza, educada de acordo com os novos ideais, e de uma burguesia mais poderosa;
Combate a desigualdades sociais (abolição de certos privilégios, promoção de alguns estratos sociais).
O Marquês de Pombal para implantar o DESPOTISMO ESCLARECIDO teve de reforçar o aparelho do Estado com novos órgãos da administração pública:
Erário Régio (1761) uma espécie de Ministério das Finanças,
Real Mesa Censória (1758) para vigiar as publicações.
Junta do Comércio (1755) para controlar a actividade comercial e subsidiar a indústria.
Intendência Geral da Polícia (1760) cujo objectivo era “manter a segurança e tranquilidade pública”.
QUe mUDAnÇAS OCORReRAm nA
SOCieDADe PORtUgUeSA nO
temPO DO mARQUÊS De POmbAl?
Pombal começou por afastar os Jesuítas do seu lugar de confessores da família real. Quando o Papa protestou, Pombal ameaçou cortar todas as relações com o Vaticano e criar uma igreja nacional, segundo um modelo semiprotestante. A perseguição aos Jesuítas foi aumentando até que os seus mosteiros e colégios foram encerrados, as suas possessões nas colónias confiscadas e todos os seus padres acabaram por ser expulsos do território português. David Birmingham, História de Portugal, Uma Perspectiva Mundial, Terramar, 1998.
O ataque à nobreza começou em 1758, quando foi anunciado que o rei estava indisposto e que a rainha assumiria a regência.
Uns meses mais tarde, a indisposição do rei foi apresentada ao público pela propaganda do governo com o resultado de uma conspiração para o assassinar, levada a cabo por aristrocatas (…). Pombal dirigiu a sua vingança, em primeiro lugar, contra o duque de Aveiro, cujo palácio foi queimado (…).
Em seguida, virou-se para a família Távora (…)
Quebraram-lhe os ossos na roda, ao estilo medieval, enquanto a marquesa de Távora foi obrigada a assistir à execução dos próprios filhos (…). Quando o terror se espalhou, mil ou mais supostos inimigos do rei e do seu ministro foram encarcerados em masmorras.
David Birmingham, História de Portugal, Uma Perspectiva Mundial, Terramar, 1998.
Cena de execução dos sentenciados (1759) acusados de terem participado no atentado a D. José.
Decapitação da Marquesa de Távora.
O Marquês de Pombal procurou criar uma nova sociedade, de acordo com os ideais do despotismo esclarecido.
Abateu a Nobreza tradicional e os Jesuítas
Promoveu socialmente um Burguesia enriquecida com o comércio metropolitano e ultramarino
Procurou estabelecer uma sociedade mais nivelada, pondo termo a certos privilégios e desigualdades – acabou com a distinção entre cristão-novo e cristão- velho.
SÍNTESE
PORTUGAL NO SÉCULO XVIII
ANTIGO REGIME
UMA ECONOMIA COM DIVERSAS ORIENTAÇÕES
1703- 1753-1759
Criação de1769-1776
Fomento
SÍNTESE
PORTUGAL NO SÉCULO XVIII
ANTIGO REGIME
UMA ECONOMIA COM DIVERSAS ORIENTAÇÕES
1703- Tratado de Methuen (subordinação da economia nacional aos interesses ingleses
1753-1759
Criação de companhias comerciais
privilegiadas e protegidas por
Pombal
1769-1776
Fomento das manufacturas
PORTUGAL NO SÉCULO XVIIIANTIGO REGIME
Uma politica centralizadora e absolutista mas tendente à modernização do Estado
D. João V (1706-1750)
Governo
Corte
D. José I (1750-1777)
Reforço
Governo ao serviço
PORTUGAL NO SÉCULO XVIIIANTIGO REGIME
Uma politica centralizadora e absolutista mas tendente à modernização do Estado
D. João V (1706-1750)
Governo absolutista
Corte luxuosa e de grande ostentação
D. José I (1750-1777)
Reforço do poder e da autoridade da Coroa
Governo ao serviço do progresso e do bem-estar do Reino (despotismo esclarecido ou iluminado)
PORTUGAL NO SÉCULO XVIIIANTIGO REGIME
Uma sociedade em evolução
1ª metade do séc. XVIII
Alto clero e grande nobreza
Grande burguesia
Favorecimento de uma elite social
Quebra definitiva dos poderes e da importância
PORTUGAL NO SÉCULO XVIIIANTIGO REGIME
Uma sociedade em evolução
1ª metade do séc. XVIII
Alto clero e grande nobreza favorecido pela
coroa
Grande burguesia enriquecida com os negócios do ouro do
Brasil
Favorecimento de uma elite social esclarecida (burguesia pombalina/nobreza culta)
Quebra definitiva dos poderes e da importância do clero e da nobreza tradicionais (submissão total à coroa)