Preconceito Linguístico

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  1. 1. Marcos Bagno vem se tornando conhecido por sua luta contra a discriminao social por meio da linguagem. Para ele, o preconceito lingustico precisa ser reconhecido, denunciado e combatido, porque uma das formas mais sutis e perversas de excluso social. Por causa desta militncia, Bagno vem recebendo amplo apoio de todos aqueles que desejam construir uma sociedade verdadeiramente democrtica, governada pelo respeito s diferenas e pelo acesso aos bens culturais de prestgio. marcosbagno.com.br Disponvel em: googleimagem.com.br acessado em: 04/11/2012
  2. 2. Biografia Marcos Bagno nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 21 de agosto de 1961. Depois de ter vivido em Salvador, no Rio de Janeiro, em Braslia e no Recife, transferiu-se em 1994 para So Paulo. Voltou a se fixar em Braslia em 2002, quando se tornou professor do Departamento de Lingustica da Universidade de Braslia. Diplomou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, onde tambm obteve o ttulo de mestre em Lingustica. Obteve o ttulo de Doutor em Lngua Portuguesa pela Universidade de So Paulo e iniciou como professor do departamento de Lingustica da Universidade de Braslia em julho de 2002. Como escritor, Bagno iniciou sua carreira em 1988, ao receber o IV Prmio Bienal Nestl de Literatura pelo livro de contos A Inveno das Horas. Sua produo literria soma mais de 30 ttulos. Desde 1997, tem se dedicado produo de obras voltadas para a educao. Suas obras no campo da lingustica se concentram principalmente nas questes relativas crtica do ensino da lngua portuguesa nos moldes tradicionais.
  3. 3. Principais obras *BAGNO (Org.) . Lingstica da norma. So Paulo: Edies Loyola, 2002. v. 1. 356 p. *BAGNO . Dramtica da lngua portuguesa. So Paulo: Edies Loyola, 2000. 327 p. *BAGNO . A Lngua de Eullia. 6. ed. So Paulo: Editora Contexto, 1997. v. 1. 215 p. *BAGNO . Portugus ou brasileiro? Um convite pesquisa. So Paulo: Parbola Editorial, 2001. *BAGNO . Preconceito lingstico: o que , como se faz. So Paulo: Edies Loyola, 1999. v. 1 *BAGNO, Marcos. Nada na lngua por acaso: por uma pedagogia da variao lingstica. So Paulo, Parbola, 2007. *BAGNO, Marcos. A norma oculta: lngua & poder na sociedade brasileira. So Paulo, Parbola, 2003.
  4. 4. Viso Geral Preconceito qualquer opinio ou sentimento, quer favorvel, concebido sem exame crtico; ideia, opinio ou sentimento desfavorvel formado a priori, sem maior conhecimento, ponderao ou razo. Dicionrio Houaiss Entende-se como preconceito lingustico o julgamento depreciativo contra determinadas variedades lingusticas. Segundo a linguista Marta Scherre, o "julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da prpria fala" geralmente atinge as variedades associadas a grupos de menor prestgio social. Wikipdia
  5. 5. Preconceito Lingustico Marcos Bagno Disponvel em: googleimagem.com.br acessado em: 02/11/2012
  6. 6. Em Preconceito Lingustico, Marcos Bagno desconstri oito mitos enraizados cultura brasileira sobre a lngua do Brasil
  7. 7. Mito 01- A lngua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente O maior e mais srio dentre os outros mitos, por ser prejudicial educao e no reconhecer que o portugus falado no Brasil bem diversificado, mesmo a escola tentando impor a norma lingustica como se ela fosse de fato comum a todos os brasileiros As diferenas de status social em nosso pas, explicam a existncia do verdadeiro abismo lingustico.
  8. 8. Mito-02- Brasileiro no sabe portugus / S em Portugal se fala bem o portugus refletem o complexo de inferioridade, o sentimento de sermos at hoje uma colnia dependente de um pas mais antiga e mais civilizado. (p. 20) Conclui-se que nenhum dos dois mais certo ou mais errado, mais bonito ou mais feio: so apenas diferentes um do outro e atendem s necessidades lingusticas das comunidades que os usam, necessidades lingusticas que tambm so diferentes.
  9. 9. Mito 03- Portugus muito difcil Consiste na obrigao de termos de decorar conceitos e fixar regras que no significam nada para ns fora de sala. A regncia verbal caso tpico de como o ensino tradicional da lngua no Brasil no leva em conta o uso brasileiro do portugus.
  10. 10. Mito 04- As pessoas sem instruo falam tudo errado Isso se deve simplesmente a um questo que no lingustica, mas social e poltica as pessoas que dizem Crudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que no tem acesso educao formal e aos bens culturais da elite, e por isso a lngua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas, ou seja, sua lngua considerada "feia", "pobre", "carente", quando na verdade apenas diferente da lngua ensinada na escola.
  11. 11. Assim, o problema no est naquilo que se fala, mas em quem fala. Neste caso, o preconceito lingustico decorrncia de um preconceito social. Disponveis em: facebook.com/pages/Preconceito-Lingustico-Marcos-Bagno Acessado em: 05/11/2012 s 08:00
  12. 12. Mito 05- O lugar onde melhor se fala o portugus no Brasil no Maranho No Maranho a populao costuma utilizar o pronome TU seguido das formas verbais clssicas com a terminao em S. (Ex: Tu vais / Tu queres); Porm no Maranho tambm comum o uso de expresses como: Esse um bom livro para ti ler em vez da forma correta, Esse um bom livro para tu leres.
  13. 13. Mito 06- O certo falar assim porque se escreve assim TEATRO: Carioca: Tchi-atru Paulista: T-atru Pernambucano: T-atru
  14. 14. E agora? Quem est certo? Ora, todos esto igualmente certos. O que acontece que em toda comunicao lingustica do mundo existe um fenmeno chamado variao, isto , nenhuma lngua falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a prpria lngua de modo idntico o tempo todo. (p.68)
  15. 15. Afinal, a lngua falada a lngua tal como foi aprendida pelo falante em seu convvio com a famlia e com a comunidade, logo nos primeiros anos de vida. o instrumento bsico de sobrevivncia. Um grito de socorro tem muito mais eficcia do que essa mesma mensagem escrita. A lngua escrita, por seu lado, totalmente artificial, exige treinamento, memorizao, exerccio, e obedece regras fixas, de tendncia conservadora, alm de ser uma representao no exaustiva da lngua falada. (p.71)
  16. 16. Disponvel em: googleimagem.com.br acessado em: 03/11/2012
  17. 17. Mito 07- preciso saber gramtica para falar e escrever bem Este mito um dos mais difundidos. To comum esta afirmao que faz com que a cobrana do estudo da gramtica seja feita. O autor lana mo de vrios exemplos que nos mostram o contrrio. Um deles simples e direto e fala que, se a afirmao fosse verdadeira, todos os gramticos seriam excelentes escritores, e vice-versa.
  18. 18. NO MEIO DO CAMINHO No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas to fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra -Carlos Drummond de Andrade
  19. 19. Mito 08- O domnio da norma culta um instrumento de ascenso social Se o domnio da norma-padro fosse realmente um instrumento de ascenso na sociedade, os professores de portugus ocupariam o topo da pirmide social (p. 89) O domnio da norma-padro de nada vai adiantar a uma pessoa que no tenha todos os dentes, que no tem casa decente para morar, gua encanada... (p. 90)
  20. 20. O Crculo vicioso do preconceito lingustico A Gramtica Tradicional inspira a prtica de ensino, que por sua vez provoca o surgimento da indstria do livro didtico, cujos autores recorrem Gramtica Tradicional como fonte de concepes e teorias sobre a lngua.
  21. 21. O livro que ensina a falar errado